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ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DO SUS AULA 02

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MÓDULO – FUNDAMENTOS DE SAÚDE 
DISCIPLINA - ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DO SUS 
AULA 02 – BASES CONSTITUCIONAIS E LEGAIS DO SUS 
PROFESSORA: TANIA MARIA SANTOS PIRES 
 
 
Introdução: 
O sistema Único de Saúde (SUS) criado pela constituição de 1988, sob forte influência 
dos movimentos sociais, necessitava da construção de uma base legal para que 
pudesse se consolidar na condição de sistema oficial de saúde. Nesta aula vamos 
estudar as principais leis que embasam o SUS e a sua estrutura operacional, discutindo 
os seus princípios e diretrizes. 
 
Contextualizando: 
Quando se fala atualmente sobre os direitos dos cidadãos aos serviços de saúde, 
ninguém questiona esta afirmação. É óbvio que as pessoas tem o direito de acessar um 
serviço público de assistência à saúde quando estão doentes, fragilizadas pela perda 
de sua saúde, e que este sistema de saúde consiga prover as condições necessárias 
para que o cidadão recupere a sua saúde e sinta-se seguro. Porém o que é “obvio” 
hoje, não o era há pouco tempo atrás. A bandeira “saúde como direito do povo e 
dever do Estado” defendida pelos idealizadores do SUS, não era reconhecido como 
legítima pelas linhas capitalistas dominantes e seus representantes no Congresso 
Nacional. Frases como “isto é impossível” ou “vocês querem quebrar o país” foram 
ouvidas das tribunas dos parlamentares. 
 
Os grandes capitais estrangeiros atrelados à saúde privada também tinham planos 
para o Brasil e temiam que a mudança da ideologia da saúde interferisse nos seus 
lucros. O sistema de saúde vigente até então, se baseava no modelo norte americano, 
que se pauta até hoje no sistema de operadoras de saúde, associadas às 
multinacionais farmacêuticas e empresas produtoras de equipamentos de alta 
tecnologia para os grandes hospitais. 
Reconhecer a saúde como um direito foi a maior conquista que o povo brasileiro teve 
na construção do sistema único de saúde. Significa que o cidadão mesmo sendo pobre, 
não sendo contribuinte do sistema previdenciário, sem emprego formal ou até 
desempregado, poderia acessar o sistema de saúde para atende-lo em suas várias 
necessidades de saúde e isto não seria caridade, mas um dever do estado. 
Para que esta mudança se consolidasse, havia a necessidade do arcabouço jurídico-
legal que expressou-se na Lei Federal nº 8.080/90 que inicia-se mostrando logo no seu 
artigo primeiro, na disposição preliminar, a abrangência da atuação do novo sistema 
de saúde: 
“Esta lei regula em todo o território nacional as ações e serviços de saúde executados 
isolada ou conjuntamente, em caráter permanente ou eventual, por pessoas naturais 
ou jurídicas, de direito público ou privado” (BRASIL, 1990). 
 
Isto significa que mesmo o setor privado da saúde está sob o ordenamento do estado 
brasileiro. Se quiser conhecer melhor o texto da Lei Federal nº 8.080/90, você pode 
consulta-la na íntegra em: 
http://ftp.medicina.ufmg.br/osat/legislacao/Lei_8080_12092014.pdf. 
 
Agora pense no quanto esta lei é importante e no quanto ela impacta as nossas vidas. 
De vez em quando sabemos pelos noticiários que planos de saúde se recusam a pagar 
determinados tratamentos aos seus segurados, sob várias alegações . No final da 
década de 90, vimos as negativas dos planos de saúde quanto a custear os 
tratamentos de pacientes com AIDS. Alguns tratamentos para câncer são também 
questionados e negados, porque significam alto custo para os provedores. Estes 
usuários recorrem judicialmente e tem seus direitos reconhecidos porque a lei 
orgânica da saúde concede ao estado o direito de regular, legislar e ordenar sobre 
todas as ações de saúde, sejam elas públicas ou privadas em todo o território nacional. 
 
Em seus artigos: 2º e 3º, a Lei Federal nº 8.080/90, declara ser a saúde um direito do 
cidadão e dever do Estado e esclarece que este dever terá que ser cumprido mediante 
politicas sociais e econômicas que possam garantir o acesso das pessoas aos serviços. 
Ao mencionar no artigo terceiro os condicionantes e determinantes sociais da saúde, a 
lei reconhece que a saúde não se faz de forma isolada, mas os setores sociais 
relacionados, com as suas politicas próprias, também interferem na produção da 
saúde, como é o caso do setor educação, emprego e renda, infra estrutura e moradia. 
 
A Lei, determina ainda sobre todas as atuações do SUS, seus princípios e diretrizes, 
organização da direção e da gestão, competências e atribuições, financiamento, 
serviços privados de assistência à saúde e serviços complementares, como também 
sobre a captação de recursos humanos para o setor saúde. 
 
Apesar de constar na Lei Federal nº 8.080/90 um capítulo intitulado “Princípios e 
Diretrizes”, a discussão sobre estes princípios aconteceu em um momento posterior a 
promulgação da mesma. Como todas as estruturas e sistemas em formação, a 
legislação da saúde necessitava de amadurecimento para se consolidar e isto se 
demonstra na definição dos princípios doutrinários do SUS. 
 
Mas antes de prosseguir, eu gostaria que você refletisse sobre o que vem a ser um 
principio? ...e uma doutrina ? Por definição do termo principio, entende-se como 
atributos morais e éticos que embasam o caráter de uma pessoa. A doutrina é um 
conjunto de princípios, crenças, que servem de base a um sistema, seja ele politico, 
religioso ou filosófico. 
Todas as pessoas tem suas bases doutrinarias e os sistemasnão são diferentes, já que 
são construídos por pessoas. Por analogia podemos dizer que os princípios são a alma , 
o sentido verdadeiro das doutrinas. Se a letra da lei fosse o corpo, o principio da lei 
seria a alma que dá sentido e vida ao corpo, por este motivo, os 3 princípios 
doutrinários do SUS se revestem de significado quando entendidos na sua essência 
doutrinária. 
 UNIVERSALIDADE – versa sobre o direito de todas as pessoas acessarem o 
sistema de saúde em qualquer ramo de sua atuação , sem sofrer qualquer tipo 
de discriminação. Este princípio também traduz muito do comportamento 
acolhedor do povo brasileiro. Os vários estrangeiros que moram no nosso 
território também acessam o serviço de saúde sem restrição. 
 INTEGRALIDADE – versa sobre as relações entre as várias ações executadas no 
âmbito do SUS. Pode-se incluir neste principio as ações de promoção, proteção 
e recuperação da saúde, como também as ações de vigilâncias epidemiológicas, 
sanitárias e assistenciais. Todas estas ações não mais seriam dissociadas, como 
acontecia anteriormente , mas estariam sob o mesmo teto de gestão. A 
importância deste principio na prática se demonstrou recentemente em 2009, 
quando o Ministério da Saúde se mobilizou para conter a epidemia do vírus 
H1N1. As ações de vigilância epidemiológica, associadas às ações de assistência 
à saúde, foram fundamentais para conter o surto que se iniciou no sul do país. 
Passados os momentos iniciais, vacinas foram colocadas à disposição da 
população. A integralidade das ações foi fundamental para o resultados 
positivos alcançados. 
 EQUIDADE – versa sobre o ordenamento de prioridades de acordo com as 
necessidades apresentadas. Diz-se da equidade que ela é a “justiça justa” ou 
discriminação positiva. O principio da equidade cabe não apenas na assistência, 
mas também no ordenamento de recursos na gestão. Tome como exemplo um 
secretário de saúde que tem recursos para construir uma unidade de saúde, 
mas tem várias solicitações de vereadores para atender. Como ele deve decidir 
onde construir? Ele deve tomar o principio da equidade como base e 
argumento. A unidade de saúde deverá ser construída onde houver maior taxa 
de mortalidade infantil, onde houver maior numero de analfabetos, maior 
numero dedesempregados, enfim, onde houver maior necessidade e 
vulnerabilidade social. 
 
Após as definições do sentido da lei, resta saber como aplicar a lei? Para isto há 
necessidade de estratégias operacionais que se traduziram nos princípios operacionais 
do SUS. Todos os idealizadores do SUS concordaram que o grande problema 
operacional de qualquer sistema de saúde no país seria a centralização, haja visto a 
experiência com o INAMPS. Todas as estratégias operacionais defendiam meios de 
descentralizar a gestão, tornando-a mais ágil, leve e próxima do cidadão, para isso ela 
teria que ser exercida no âmbito municipal, o que também implicaria na transferência 
de recursos financeiros aos estados e municípios . 
Para normalizar estas ações foi elaborada a norma operacional de assistência a saúde - 
NOAS 1-2002 que define as competências das várias esferas de gestão , estabelecendo 
os princípios da descentralização , hierarquização e regionalização. 
A descentralização é considerada de suma importância para a operacionalização do 
sistema, porque além dela permitir maior comprometimento de todas as esferas 
governamentais, cada um na sua adequada dimensão, ela também permite maior 
controle do cidadão , que pode acessar o principal gestor que é o governo municipal, 
cobrando o secretário de saúde, prefeito e vereadores os compromissos assumidos 
com a saúde. 
A participação da população no processo é fundamental e foi regulamentada através 
da Lei Federal 8.142/91. Esta lei estabelece a formação dos conselhos de saúde, que 
são de caráter, deliberativo, consultivo e normativo, e representam os vários 
segmentos da sociedade. Se o município for grande, a estrutura pode se estabelecer a 
partir de conselhos locais de saúde, nas áreas de abrangências dos serviços básicos de 
saúde, depois nos distritos sanitários de saúde, que por sua vez se expressam no 
Conselho Municipal de Saúde, que orienta as ações de saúde do município. 
Para saber mais sobre os conselhos de saúde, recomendo leitura do artigo MARTINS.P 
et al. CONSELHOS DE SAÚDE E A PARTICIPAÇÃO SOCIAL NO BRASIL – MATIZES DA 
UTOPIA – Phisys – Revista de Saúde Coletiva, vol 18 – 2008 no endereço eletrônico: 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
73312008000100007&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt 
 
Pesquisa 
 Estamos falando da construção do SUS, mas de fato esse processo não 
terminou e depende da nossa participação como cidadãos para se consolidar de 
maneira séria e coerente com as necessidades de saúde da população. Nesse sentido, 
pesquise sobre as deliberações do Conselho Municipal de Saúde de sua cidade. Veja 
quais foram as propostas apresentadas na ultima conferencia de saúde de sua cidade e 
veja se o gestor cumpriu com os compromissos assumidos. Certamente no site do seu 
município haverá um link para o Conselho Municipal de Saúde. 
Trocando Ideias 
 O exercício de cidadania e democracia é algo ainda novo no nosso país. Poucas 
são as pessoas que assumem compromissos com a coletividade. Se você mora em 
condomínio, faça um exercício democrático e participe das reuniões do seu 
condomínio, da sua igreja e da associação do seu bairro. 
Você frequenta restaurantes e cabeleireiros ? Perceba a presença do SUS nestes 
estabelecimentos. Procure pelo alvará da vigilância sanitária. 
 Troque ideias com os seus colegas sobre a experiência. 
 
Síntese 
 Na aula de hoje estudamos que O SUS é uma conquista social e um 
direito do cidadão garantido por leis. 
 As leis orgânicas da saúde são as Leis 8.080/90 e 8.142/90. Elas formam 
a principal base legal do SUS. 
 Os princípios doutrinários do SUS traduzem o seu sentido ético e são 
coerentes com a sua proposta social. São eles a UNIVERSALIDADE, A 
INTEGRALIDADE E A EQUIDADE. 
 Os princípios operacionais do SUS tem como foco a descentralização das 
ações de saúde, deixando-as mais próximas do cidadão que deve 
participar da gestão de saúde através dos conselhos de saúde. 
 
Compartilhando 
 Conheça os equipamentos de saúde que estão próximos de você. Visite uma 
unidade básica de saúde, um hospital que atende pelo SUS e que atenda também 
planos de saúde. Verifique como acontecem os atendimentos. 
Procure saber se a Unidade de Saúde do seu bairro está se organizando para a 
conferencia de saúde e participe junto com a sua família.

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