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Aspectos Filosóficos e Conceituais da Ética Profissional

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Ética Profissional
Adriana Marques
Revisão 1
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Capítulo I : aspectos filosóficos e conceituais sobre a ética profissional atrelado a prática profissional do Assistente social 
Segundo Valls (1986, p.7) a ética pode ser entendida 
[...] como um estudo ou uma reflexão, científica ou filosófica, e eventualmente até teológica, sobre os costumes ou sobre as ações humanas. A ética pode ser o estudo das ações ou dos costumes, e pode ser a própria realização de um tipo de comportamento. 
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Vamos ver exemplos
A ética seria apenas um comportamento adequado aos costumes e valores de determinada época, determinada região e determinado contexto. 
(1) O que se considera ético entre os índios, por exemplo, devido aos seus costumes e a sua realidade muitas vezes pode não ser considerado ético na sociedade capitalista contemporânea.
(2) O mesmo raciocínio pode-se aplicar ao Ocidente em relação ao Oriente. Costumes regidos principalmente por crenças religiosas, tornam-se opostos e ambíguos.
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O que é ético ou não. O contexto, a situação faz a ética?
Não são apenas os costumes que variam, mas também os valores que os acompanham, as próprias normas concretas, os próprios ideais, a própria sabedoria, de um povo a outro. (VALLS, 1986, p. 13)
Ao questionarmos a existência ou não de uma ética absoluta, pode-se sugerir que talvez o cristianismo tenha-a trazido, válida acima de todas as fronteiras do tempo e do espaço. 
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Mas...
dentro do próprio cristianismo, Max Weber mostra que essa ética não era unânime, pois os protestantes, principalmente os calvinistas, sempre valorizaram muito mais o trabalho e a riqueza, enquanto os católicos valorizavam mais a abnegação, ao espírito de pobreza e de sacrifício.
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A liberdade é inerente a ética...
se o homem não for livre para agir conforme seus preceitos, ou mesmo se não for livre para formulá-los, não há sentido ético em sua vivência pessoal ou coletiva. 
A liberdade é um princípio ético fundamental em busca de uma sociedade mais justa, mais humana, uma vida melhor para todos.
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Conduta profissional 
Segundo Korte (1999) os Códigos de Ética por si só não têm o poder de tornar melhores os profissionais, nem tão pouco garantir os direitos dos usuários de seus serviços, na verdade, têm a função de apresentar princípios e orientações para o comportamento do profissional.
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Também não é o limite para atuação consciente
É necessário que o profissional adote uma postura durante o exercício da profissão baseada na reflexão ética, que lhe permita extrapolar a prescrição literal contida no Código de Ética profissional, 
passando a compreender e vivenciar a razão básica das determinações nele apresentadas. 
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A visão do Serviço Social
O Serviço Social, enquanto categoria profissional, tem priorizado no decorrer de sua trajetória histórica no Brasil:
a discussão e a reflexão acerca dos princípios filosóficos e as perspectivas éticas que embasam a visão de Homem e mundo norteadora de sua compreensão da realidade e, consequentemente, sua ação profissional.
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Sendo assim, a elaboração e consequentes reformulações de seus Códigos de Ética profissional
têm buscado responder à expectativa social para sua ação profissional, 
atender às instâncias mais específicas da profissão, o que, muitas vezes, pode significar o enfrentamento de confrontos e conflitos internos. 
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Por quê?
Uma vez que, enquanto sujeito coletivo, a categoria profissional é composta por sujeitos individuais que, ao discutir a fundamentação ético-filosófica da profissão, trazem consigo diferentes motivações, interesses e valores, que se fazem presentes na atuação profissional.
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No contexto contemporâneo, é recorrente, na literatura do Serviço Social...
o registro dos desafios postos à efetivação dos rumos éticos e políticos do trabalho dos assistentes sociais, dentre os quais a defesa dos princípios éticos na cotidianidade do trabalho, evitando:
que se transformem em indicativos abstratos e descolados do processo social. 
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Como destaca Konder (2010):
“se não enxergarmos o todo, podemos atribuir um valor exagerado a uma verdade limitada (transformando-a em mentira), prejudicando a nossa compreensão de uma verdade mais geral.”
Para evitar o imediatismo...
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Como observa Marilena Chauí (1995, p. 13),
“em nossa cultura e em nossa sociedade, costumamos considerar que alguma coisa só tem direito de existir se tiver alguma finalidade prática, muito visível e de utilidade imediata”.
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1º Código de Ética profissional
Foi promulgado em 1947, trata dos deveres fundamentais do Assistente Social; dos deveres para com o beneficiário do Serviço Social.
Deveres para com os colegas e dos deveres para com a organização onde trabalha. 
Cria-se o Conselho de Ética Profissional da Associação Brasileira dos Assistentes Sociais (ABAS) – Secção de São Paulo tendo promulgado seus Estatutos. 
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Fortes influências nesse período
Governo de Getúlio Vargas se inicia em 1930 com a marca do populismo, que se consolida, sobretudo após a Segunda Guerra e vai continuar presente nos governos seguintes.
Estado forte e centralizador, teve como exigência para sua realização uma aliança com as massas populares e com o movimento operário, ou seja, a cooperação de classe é vital para o populismo.
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Instauração de uma nova ordem econômica internacional, com a criação de um vasto e forte sistema de comércio livre e a existência de câmbio livre.
Ao final da Segunda Grande Guerra Mundial (1939-1942), em 1945, foi criada a ONU (Organização das Nações Unidas), que nasce voltada principalmente para resolver os problemas dos países arruinados pela Segunda Guerra Mundial.
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Atuação do Serviço Social ligado à atuação da Igreja Católica, a serviço de sua ideologia.
O neotomismo foi o inspirador da visão da pessoa humana e de mundo que impregna o primeiro Código de Ética Profissional do Serviço Social, logo na introdução traz os conceitos sobre moral e ética fundantes do exercício profissional daquele tempo, como apresentado a seguir:
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I – “Moral ou ética, pode ser conceituada como a ciência dos princípios e das normas que se devem seguir para fazer o bem e evitar o mal”.
II – “A moral aplicada a uma determinada profissão recebe o nome de ética profissional; relacionada está com o Serviço Social, pode ser chamada de Deontologia do Serviço Social”.
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III – “A importância da Deontologia do Serviço Social provém do fato de que o Serviço Social não trata apenas de fator material, não se limita à remoção de um mal físico, ou a transação comercial ou monetária: trata com pessoas humanas desajustadas ou empenhadas no desenvolvimento da própria personalidade”.
IV – “A observância dos princípios da Deontologia do Serviço Social exige da parte do Assistente Social, uma segura formação em todos os ramos da Moral” (Cf. Introdução do Código de Ética profissional dos Assistentes Sociais de 1947).
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Nota-se que é impregnado pela doutrina cristã, pois, a primeira obrigação do assistente social é a obediência a Deus.
É dever do Assistente Social:
1. Cumprir os compromissos assumidos, respeitando a lei de Deus, os direitos naturais do homem, inspirando-se sempre, em todos seus atos profissionais, no bem comum e nos dispositivos da lei, tendo em mente o juramento prestado diante do testemunho de Deus (conf. Código de Ética de 1947).
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E, nessa mesma linha, estabelece como dever para com os beneficiários:
 
É dever do Assistente Social:
1. Respeitar o beneficiário do Serviço Social a dignidade da pessoa humana, inspirando-se na caridade cristã.
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Código de ética profissional dos assistentes sociais de 1965
Após a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos passaram a assumir o comando – a grande potência mundial capitalista. 
A Segunda Guerra Mundial foi substituída pelachamada “Guerra Fria”, um conflito ideológico, político e econômico marcado pelos antagonismos e hostilidade entre: países capitalistas, liderados pelos Estados Unidos, e o de países socialistas, liderados pela União Soviética. Cada lado contava com vários países membros, articulados entre si com ajuda financeira e militar.
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No Brasil
Juscelino Kubitschek (JK) assume a presidência em 1956 e inicia um período marcante na história brasileira – o desenvolvimentismo, enfatizando o desenvolvimento pela industrialização. 
Conseguiu mobilizar as massas por meio de uma política conciliatória e obteve um grande surto industrial com a entrada de capital estrangeiro - modelo neoliberal.
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Governo de Goulart termina com o golpe militar em 31 de março de 1964 - interdependência com os interesses econômicos do capitalismo ocidental e a estrutura de poder autocrático que, com a pseudo justificativa de combater o comunismo e a subversão, acaba se constituindo objetivamente num instrumento de liquidação das expressões políticas.
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Na profissão
Os assistentes sociais começam a tomar consciência da realidade brasileira e realizam um esforço de integração no processo de desenvolvimento nacional. 
A ideologia desenvolvimentista marcou o Serviço Social e este se liga ao movimento de desenvolvimento de comunidade, com forte influência norte-americana 
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