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Texto 04 - Tratados da UE

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UNIÃO EUROPEIA - Origem
O fenômeno da integração européia teve a sua origem depois da II Guerra Mundial, quando se teve que reconstruir uma Europa arruinada por guerras e evitar assim novos confrontos entre os povos que partilham uma realidade histórica e geográfica, mas conservam sua entidade, seu idioma e a sua cultura.
Com este propósito, a que hoje conhecemos como União Européia teve as suas origens no estabelecido em quatro instrumentos fundamentais:
O Tratado da Comunidade Européia do Carvão e do Aço (TCECA) 
O Tratado da Comunidade Econômica Européia (TCEE) 
O Tratado da Comunidade Européia da Energia Atômica (TCEEA) 
O Tratado da União Européia (TUE) 
Estes quatro tratados, estabelecem as bases para uma convivência pacífica entre os países membros, que compreenderam que o futuro e o progresso de cada um passa pela integração.
A União está dotada dos meios necessários para o exercício das suas competência e para a realização dos seus objetivos, entre os quais:
Promover a unidade da Europa 
Melhorar as condições de vida e de trabalho dos seus cidadãos 
Fomentar o desenvolvimento econômico, o comércio equilibrado e a livre concorrência 
Reduzir as desigualdades econômicas entre as regiões 
Ajudar os países em vias de desenvolvimento 
Garantir a paz e a liberdade
A realização destes objetivos requerem a livre circulação de pessoas, mercadorias, serviços e capitais, e para isso, os estados membros colaboram solidariamente entre si e com as instituições da união, que são as seguintes:
Parlamento Europeu 
Conselho da União 
Comissão Européia 
Tribunal de Justiça das Comunidades Européias 
Tribunal de Contas Europeu 
Tratado da Comunidade Européia do Carvão e do Aço (CECA)
Este mercado comum do carvão e do aço devia permitir experimentar uma fórmula que pouco a pouco se estendeu a outros sectores econômicos e que finalmente conduziu à construção de uma Europa política.
O 9 de Maio de 1950 é considerado pelos historiadores como o dia chave para o inicio da criação das comunidades européias. Nesse dia, Robert Schuman, Ministro dos Assuntos Externos francês, propôs a criação de uma autoridade comum para regular a industria do carvão e do aço na Alemanha Ocidental e em França como forma de acabar com a rivalidade entre os dois países.
A idéia estendeu-se também a outros países da Europa Ocidental, como a Bélgica, Itália, Luxemburgo e Holanda, de tal forma que os seis formaram em 18 de Abril de 1951 o Tratado de Paris no qual se criou a CECA (Comunidade Econômica do Carvão e do Aço), centrando-se assim esta primeira experiência num âmbito específico da atividade econômica, que era de vital importância na época.
Este mercado comum do carvão e do aço devia permitir experimentar uma fórmula que pouco a pouco se estendeu a outros sectores econômicos e que finalmente conduziu à construção de uma Europa política.
O tratado entrou em vigor em 25 de Julho de 1952 e permitiu estabelecer as bases da arquitetura comunitária a criar:
uma "Alta Autoridade", designada na sequência ( a Comissão) 
uma Assembléia Parlamentar (o Parlamento Europeu) 
um Conselho de Ministros (Conselho) 
um Tribunal de Justiça e 
um comitê Consultivo que assista a Comissão. 
Em 23 de Julho de 2002, o tratado caduca com a aproximação da sua data de extinção, a comissão deu a conhecer uma série de propostas em que tem previsto assumir a responsabilidade tanto de I&D (investigação e desenvolvimento), como de financiamento da CECA. O plano propõe que todos os ativos e passivos sejam transferidos para a comissão e que sejam administrados de forma independente atendendo ao objetivo original de fortalecer a competitividade, o crescimento e o emprego nas industrias do carvão e do aço. Para o que seria necessário:
a livre circulação de produtos e o livre acesso às fontes de produção 
a vigilância permanente do mercado para evitar disfunções que tornassem necessárias quotas de produção 
o respeito das regras de concorrência e da transparência de preços, 
o apoio à modernização do sector e a sua reconversão. 
Tratado Constitutivo da Comunidade Econômica Européia (TCEE)
Os estados outorgantes do mesmo estavam "determinados a estabelecer os fundamentos de uma união sem fissuras e mais estreita, entre os países europeus".
Juntamente com o Tratado Constitutivo da Comunidade Européia da Energia Atômica (EURATOM), em 25 de Março de 1957, é também assinado, em Roma, o Tratado Constitutivo da Comunidade Econômica Européia (CEE), ambos conhecidos como os Tratados de Roma, que surgiram da necessidade de seguir em frente no processo de integração européia. Assim, no preâmbulo do TCEE estabelecia-se que os estados outorgantes do mesmo estavam "determinados a estabelecer os fundamentos de uma união sem fissuras e mais estreita, entre os países europeus".
O TCEE prevê entre outros assuntos:
o desenvolvimento de relações mais estreitas entre os estados membros, 
a criação de um Banco Europeu de investimento, 
a constituição de um Fundo Social Europeu, 
o estabelecimento de uma política comum no sector agrícola e nos transportes, 
o estabelecimento de uma barreira aduaneira comum. 
Na prática, o que foi criado foi a união aduaneira, que face ao maior intercâmbio comercial e o seu correspondente êxito econômico, em Julho de 1968 levou à supressão das barreiras internas entre os estados membros. Estabelecendo-se assim uma barreira aduaneira comum para todos aqueles produtos que viessem de países terceiros.
Este incipiente mercado comum devia permitir:
A livre circulação de mercadorias e de trabalhadores, 
A livre prestação de serviços e a 
Liberalização do movimentos de capitais. 
O mais importante é realmente a livre circulação de bens, o que não acontecia até à aparição do Ato Único em 1997, quando se estabeleceram os passos a seguir para resolver os problemas que impediam a consolidação do mercado comum. O ato único estabelecia finalmente um mercado único de bens, capitais e serviços, e a garantia da livre circulação de cidadãos europeus dentro da comunidade.
Outro dos aspectos essenciais reconhecido pelo tratado, foi o estabelecimento da PAC (Política Agrícola Comum), que referia a livre circulação dos produtos agrícolas dentro da CEE, assim como a adoção de fortes políticas protecionistas, para que os agricultores comunitários conseguissem quotas suficientes através de subvenções aos preços agrícolas, evitando assim a concorrência de produtos provenientes de países terceiros.
Por este motivo criou-se em 1962 o FEOGA (Fundo Europeu de Orientação e Garantia Agrícola), no entanto este sistema foi tema de continuas discussões desde então, e é um dos pontos que prestam a uma maior reforma.
Junto a estes temas, o TCEE também consagrou algumas políticas comuns em matéria de transportes e proibição de monopólios, delimitou a ação legislativa das instituições comunitárias, iniciando um caminho para uma união política através da progressiva integração econômica (como resultado das disposições gerais do Tratado de Roma para conseguir a União Econômica, acordou-se implantar em 1967 um imposto comum, o IVA, o imposto sobre o valor acrescentado, que começou a ser aplicado a partir de 1972).
Tratado da Comunidade Européia da Energia Atômica (EURATOM)
Tinha como objetivo o desenvolvimento de uma industria nuclear européia, mediante a criação de um mercado comum de equipamentos e materiais nucleares, assim como o estabelecimento de normas básicas de segurança e proteção da população.
Em 25 de Março de 1957 assina-se em Roma, juntamente com o tratado que dava origem à Comunidade Econômica Européia (CEE), o da Comunidade Européia da Energia Atômica (EURATOM).
Este tratado, entre seis países que constituíam o núcleo original da União Européia, entrou em vigor em 1 de Janeiro de 1958 e tinha como objetivo o desenvolvimento de uma industria nuclear européia, mediante a criação de um mercado comum de equipamentos e materiais nucleares, assim como o estabelecimento de normas básicas de segurança e proteção da população.
Devidoao caráter complexo do sector nuclear, que corresponde a interesses vitais dos estados membros tais como a defesa e independência, tal Tratado teve que limitar as suas aspirações.
Tratado da União Européia
O tratado da União Européia (TUE), o Tratado de Maastricht, é um elo fundamental para a criação de uma Europa unificada. Altera o Tratado de Paris, os Tratados de Roma e o Ato Único Europeu, e estabelece de maneira oficial o nome de União Européia em substituição de Comunidade Européia.
Este tratado, assinado em 7 de Fevereiro de 1992 na cidade holandesa de Maastricht, e que entrou em vigor em 1 de Novembro de 1993, deu uma nova dimensão ao processo de integração européia.
A estrutura da União é composta por:
1. Um pilar central comunitário
É nele que as decisões se tomam, por maioria, sendo fundamental o papel das instituições.
É deste pilar comunitário que o TUE estabelece importantes avanços para a criação de uma união européia:
Produz-se uma ampliação da noção de cidadania aos cidadãos da EU, dando-lhes novos direitos, como o voto e participar nas eleições locais e européias, o direito de petição, o recurso ao defensor do povo europeu, etc. 
O Fundo de Coesão é criado para tentar o equilíbrio econômico e social das diferentes regiões e países da União. 
São tratados temas relativos à formação profissional e à educação em geral, estabelecendo-se ainda que os diferentes estados tenham responsabilidade exclusiva em relação à organização dos seus sistemas educativos, a política da União em relação a esta questão que deve facilitar a cooperação entre estados, sendo um complemento ao estabelecido por cada país. 
O TUE também prevê alterações nas instituições européias: 
Novos poderes do Parlamento Europeu, Tribunal de Justiça, Tribunal de Contas e ao Comitê Econômico e Social, 
a partir de agora o Conselho de Ministros passará a Conselho da União Européia, 
a comissão passa a dominar-se oficialmente Comissão das Comunidades Européias, 
é criado o Comitê das Regiões e 
prevê-se a futura criação de um Banco Central Europeu, durante a terceira fase da união econômica e monetária. 
Também serão introduzidas alterações : 
na política industrial, 
nos transportes, 
no meio ambiente, 
na proteção aos consumidores, 
em matéria de cooperação e 
na investigação e desenvolvimento tecnológico. 
Haverá um ponto fundamental pelo qual o TUE será recordado, é por marcar o início do processo da união monetária, que congrega em torno dele os Estados membros que forma capazes de demonstrar que se encontram em condições de cumprir uma série de critérios econômicos. Assim mesmo, acordou-se em criar uma moeda única, estabelecendo-se para isso um processo dividido em três fases.
2. Dois pilares intergovernamentais
Nas instituições que têm competência mínimas, há as que são exercidas através da cooperação entre os governos.
Política Externa e Segurança Comum (PESC) : permite empreender ações comuns no âmbito da política externa, sendo o Conselho Europeu, o que define os princípios gerais. 
Justiça e Assuntos Internos (JAI) : ocupa-se de temas de vital importância para todos e cada um dos estados que integram a União, tal como o terrorismo, o tráfico de drogas, as alfândegas, a cooperação judicial, a imigração clandestina, a delinquência internacional ou o asilo político. A Europol, base para uma futura política européia, foi criada dentro do âmbito do JAI. 
Em conclusão, podemos dizer que o TUE reflete a intenção da EU de ampliar o âmbito da união econômica e monetária, e de começar a criar uma série de políticas comuns em matérias de grande importância para o futuro da União.
Critérios de Convergência
São variáveis que sirvam para expressar, de forma suficiente, o grau de homogeneização das economias.
Para que com a UME o crescimento dos países que a formam seja sustentável, é indispensável que previamente tenha existido um alto grau de homogeneização das suas economias relativamente às principais características e a este procedimento de homogeneização denomina-se de convergência.
O TCE estabelece que a integração da 3ªfase da UME dependia do cumprimento dos critérios de convergência nominal, legal e da própria vontade dos países. Em relação a este ponto, no TCE incluía-se a denominada cláusula em exclusão, pelo que certos países podiam sair da UME se assim decidissem apesar de cumprir os critérios de convergência.
Os critérios de convergência nominal são os seguintes:
Inflação: a taxa de inflação não pode ser maior do que 1.5% sobre a média dos três Estados Membros que tenham melhor comportamento em matéria de preços. 
Taxas de Juro: os países pretendem aceder ao euro não podem ter uma taxa de juro média nominal a longo prazo superior a 2 pontos sobre a média a longo prazo dos três Estados Membros de menor inflação. 
Déficit público: o déficit público não poderá exceder os 3% do seu Produto Interno Bruto (PIB) a preços de mercado. 
Divida pública: os países aspirantes devem ajustar a sua divida pública para que não seja superior a 60% do seu PIB. Se não for assim, podem-se abrir exceções para os países que tenham uma divida decrescente e que se aproximem a um ritmo adequado á percentagem estabelecida. 
Taxas de cambio: as diferentes moedas dos países que aderem ao euro deverão permanecer pelo menos durante dois anos antes da sua admissão, dentro dos limites de flutuação normais do SME. 
Todas as variáveis que servem para expressar de forma suficiente o grau de homogeneização das economias, se bem que o seu cumprimento dentro das margens estabelecidas não implica que haja uma convergência real, deve refletir-se através das taxas de desemprego, rendimento per capita, despesas públicas, etc.
Por convergência legal entendemos a adaptação das legislações nacionais e dos Estatutos dos Bancos centrais dos países membros da UE de forma que sejam compatíveis com o estatuto do SEBC. Em geral, esta convergência engloba questões como a independência dos bancos centrais nacionais e a integração destes no SEBC.
Convergência real seria a relativa à equiparação dos níveis de vida, o que a Comissão chama de "coesão econômica e social". As suas variáveis seriam a taxa de desemprego, a estrutura da balança de pagamentos, o rendimento per capita e a despesa pública. Todas elas necessitam para a sua equiparação muito mais tempo do que as variáveis nominais, cujo cumprimento afeta de forma benéfica as reais , de forma que com a implantação do euro e a existência de uma política monetária comum na União, os níveis de rendimento devem-se ir igualando.
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