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peça 3 penal

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EXCELENTISSIMO SR JUIZ DA VARA DE VIOLENCIA DOMESTICA E FAMILIAR DA COMARCA DE RONDONÓPOLIS/MT
GABRIEL MATOS, já qualificado nos autos em epigrafe que lhe promove a justiça pública, por seu defensor... advogado regularmente inscrito na OAB... sob o n ... com escritório na rua ... n ... bairro ... cep ... cidade/estado, vem respeitosamente por meio do seu procurador abaixo assinado, propor o seguinte:
RESPOSTA Á ACUSAÇÃO
Nos termos do art. 396 e 396-A código de processo penal, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos.
l-DOS FATOS
Narra a peça acusatória que em 03 de março de 2018, aproximadamente ás 20h00 min, no bar do mendes, situado na avenida amazonas, n 310, desta comarca, o denunciado ameaçou causar mal injusto e grave contra Maria, com a qual é casado há 12 (doze) anos.
Na data e local da ocorrência dos fatos, o denunciado teria encontrado sua esposa acompanhada por um desconhecido, quando questionada a indentidade do mesmo, a vítima revelou que se tratava de Marcos, o qual ela mantinha um relacionamento extra conjugal há (oito) anos e pretendia se separar do denunciado.
Diante das revelações, o denunciante disse em alto e bom tom que jamais aceitaria separação.
Segundo informações prestadas pela própria vítima aos policiais, o denunciado estaria bastante irritado com a situação (depoimento fls. 07/09), após o ocorrido, o denunciado evadiu-se do local.
Ás 23h00min. Do mesmo dia, a vítima retorna a residência do casal acompanhada por policiais militares, que ao tomarem conhecimento do fato narrado pela mesma, conduziram o denunciado para a delegacia mais próxima em ato de suposto flagrante.
Em razão disso, o ministério público do estado de Mato Grosso apresentou denúncia pela pratica de crime de ameaça nos termos do artigo 147 do Código Penal.
Recebida a denúncia, o denunciado foi citado em 02/04/2018.
ll- DO MÉRITO
Verificando a peça acusatória, somada as provas produzidas na fase policial, é possível vislumbrar que a medida que se impõe é a edição do decreto absolutório sumario.
A-DA INÉPCIA DENUNCIA
A1-AUSENCIA DE JUSTA CAUSA
A ausência de justa causa tem previsão no art. 395,lll do CPP]
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
I - for manifestamente inepta; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008)
 
A doutrina procurou conceituar o que vem a ser justa causa que segundo carvalho é
Uma clausula de encerramento, que concretiza, no âmbito processual penal, os preceitos constitucionais da dignidade, da proporcionalidade, além de exercer todas aquelas outras funções antes referidas, ela concretiza a legitimidade de submeter alguém a um processo criminal sob todas as perspectiva exigidas pela ordem constitucional´´ (CARVALHO et al, 2004,0. 105)
Maria Thereza Rocha de Assis Moura entende que a justa causa teria um papel garantidor constitucional contra o abuso do ``ìus ut procedatur´´, ou seja, do direito de acusar do ministério público, ao aduzir que:
Que ajusta causa é um verdadeiro ponto apoio todos para toda a estrutura da ação processual penal, uma inegável condição da ação penal, que para além disso, constitui um limite ao abuso do ius ut procedatur, ao direito de ação, considerando a instrumentalidade constitucional do processo penal, conforme explicamos anteriormente, o conceito de justa causa acaba por constituir numa condição de garantia contra o uso abusivo do direito de acusar (ASSIS MOURA, pud JUNIOR, 2009, P .361)
Aury Lopes Júnior 2009, mormente quanto ao princípio da proporcionalidade a no que se refere ao controle processual do caráter fragmentário da intervenção penal, vê a justa causa como a base constitucional para a proibição do excesso de intervenção penal, ao aduzir que:
´´quando se fala em justa causa, está se tratando de exigir uma causa de natureza penal que possa justificar o imenso custo do processo e as diversas penas processuais eu ele contém, inclusive se devidamente considerado o princípio da proporcionalidade visto como proibição de excesso de intervenção pode ser visto como a base constitucional da justa causa. Deve existir, no momento em eu o juiz decide se recebeu ou rejeita da denúncia ou queixa, uma clara proporcionalidade entre os elementos que justificam intervenção penal e processual, de um lado, e o custo do processo penal do outro. (JUNIOR, 2009, p. 362 e 363)
O STJ tem o seguinte entendimento acerca da justa causa no processo penal:
PENAL E PROCESSUAL PENAL HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ORDINARIO ART. 171, CAPUT,DO CÓDIGO PENAL, TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL AUSENCIA DE JUSTA CAUSA. INÉPCIA DA DENUNCIA INOCORRENCIA. ALEGAÇÃO DE OCORRENCIA DE MERO INADIMPLEMENTO CONTRATURAL FRAUDE CIVIL E FRAUDE PENAL L.l- O TRANCAMENTO DE AÇÃO POR FALTA DE JUSTA CAUSA, NA VIA ESTREITA DO WRIT, SOMENTEÉ VIAVEL DESDE QUE SE COMPROVE, DE PLANO, A ATIPICIDADE DA CONDUTA A INCIDENCIA DE INDICIOS DE AUTORIA OU DE PROVA SOBRE A MATERIALIDADE DO DELITO, HIPOTESES NÃO OCORRENTES NA ESPECIA (PRECENDETES)
Sendo o fato um caso atípico é possível o trancamento da ação penal por ausência de justa causa, esse é o entendimento.
Caso em questão e um fato atípico como se mostrara no próximo tópico.
A2-AUSENCIA DE TIPICIDADE
De acordo com Nucci, 2016 ameaçar, significa procurar intimidar alguém, anunciando-lhe a ocorrência de mal futuro, ainda que próximo. Ainda segundo o autor, (sério, verossímil e com capacidade de gerar temor). Portanto, não sendo injusto e grave, a conduta do agente seria atípica
Os simples dizeres do denunciado jamais aceitaria a separação por si só não configura crime de ameaça, o mal injusto e grave são elementos normativos do tipo penal, sendo dessa forma, requisitos legais que o mal prenunciado seja injusto e grave, pois, a sua ausência acarreta a atipicidade da conduta, ou seja, o fato não se amolda ao tipo penal, portanto, diante do exposto requer o denunciante a absolvição sumaria nos termos do Art 397, lll do CPP
lll- DO PEDIDO
Diante do exposto, requer:
Provar o alegado por todas as provas em direito admitidas, como por exemplo a testemunhal, pericial, documental:
Que seja decretada a absolvição sumária do denunciado, haja vista tratar-se caso de um fato atípico nos termos do art.397, lll do CPP:
Não sendo acolhida a tese de absolvição sumaria requer a rejeição da denúncia, nos termos do Art. 395,l do CPP
ROL de testemunhas:
1 nome, endereço
2-nome, endereço
3- nome, endereço
Pede deferimento
Rondonópolis,... de ... 2018
OAB/MT

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