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Aula 02 Direito Empresarial Completo

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DIREITO EMPRESARIAL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
 
Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 1 
 
Aula 1 – Direito Empresarial 
Prof. Antonio Nóbrega 
 
Prezado candidato, após as considerações tecidas no nosso primeiro 
encontro, quando foi abordado o tema “estabelecimento”, iremos dar início a nossa 
aula de hoje. 
Seguindo os moldes da aula passada, com teoria e exercícios comentados, 
trataremos de dois temas — fundamentos do Direito Empresarial e registro de 
empresa — que se subdividem nos subtópicos, conforme o quadro abaixo. 
É preciso registrar que matéria é extensa e envolve um grande conjunto de 
diplomas legais. Será fundamental que o candidato leia atentamente todos eles, 
cujos links para as fontes oficiais encontram-se no site 
http://www.planalto.gov.br/ (toda vez que uma lei aparecer pela primeira vez, em 
nossa aula, sua indicação irá conter o link). Apresentaremos, aqui, uma síntese, 
com ênfase nos tópicos fundamentais que tem mais chance de serem cobrados 
pela banca. 
Caso reste alguma dúvida, não hesite na utilização do nosso fórum de 
perguntas. 
 
 
ROTEIRO DA AULA – TÓPICOS 
1. Fundamentos do direito empresarial. 
 1.1. Origem e evolução histórica, autonomia, fontes e 
características. 
 1.2. Teoria da empresa e empresário: conceito, caracterização, 
inscrição, capacidade; empresário individual. 
 1.3. Nome empresarial. 
 1.4. Escrituração. 
 1.5. Prepostos do Empresário. 
 1.6. Microempresa e empresa de pequeno porte (Lei Complementar 
nº 123/2006). 
2 Registro de empresa. 
 2.1 Empresário irregular, empresário rural e pequeno empresário. 
 2.2 Órgãos de registro de empresa. 
 2.3 Atos de registro de empresa. 
 2.4 Processo decisório do registro de empresa. 
 2.5 Inatividade da empresa. 
3. Exercícios. 
 
DIREITO EMPRESARIAL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
 
Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 2 
 
 
1. Fundamentos do Direito Empresarial 
1.1. Origem e evolução histórica, autonomia, fontes e 
características. 
 
Primeiramente, caro concursando, por que Direito Empresarial e não 
Direito Comercial? Esta pergunta só pode ser respondida quando entendermos a 
história de nosso objeto de estudo. Ambos os termos estão corretos e, inclusive, 
há vários livros clássicos que tratam do tema como Direito Comercial. Contudo, 
atualmente, Direito Empresarial é considerado mais adequado. 
A razão disso encontra-se na evolução deste ramo do Direito — que deve 
ser entendido como um só e não como dois ramos distintos: o comercial e o 
empresarial —, pois, durante muito tempo, seu aspecto mais importante era o 
comércio. 
Esta atividade, caro amigo, é tão antiga que não podemos precisar 
quando começou. Antes da escrita o ser humano já realizava trocas, mesmo que 
em espécie, o que já se pode caracterizar um comércio. Porém, este ramo do 
Direito começou sua história autônoma na segunda metade da Idade Média, 
quando as populações urbanas voltaram a crescer e muitas cidades tornaram-se 
centros comerciais importantes. 
Por isso, prezado candidato, se nos permitir uma breve digressão, muito 
se fala da autonomia do Direito Comercial/Empresarial. A razão disto é sua 
origem distinta de nosso Direito Civil. Este tem sua grande influência no Direito 
Romano, o qual não distinguia o Direito Civil do Comercial (e muito menos 
possuía qualquer noção de Direito Empresarial, nos termos de hoje). 
Assim, além da menção expressa na Constituição, que, em seu artigo 22, 
I, destaca o Direito Comercial — “Compete privativamente à União legislar 
sobre: [...] I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, 
marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho” —, um fator relevante para 
caracterizar a autonomia do Direito Comercial/Empresarial é a sua história. 
O Direito Comercial, em sua origem, era bastante fechado, privilegiando 
certo grupo de pessoas que podiam praticar o comércio: era a época das 
corporações de ofício. Com o fortalecimento dos Estados nacionais, os seus 
monarcas também passaram a apropriar-se da atividade comercial, tornando o 
privilégio de ser um comerciante algo ainda mais restrito. 
DIREITO EMPRESARIAL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
 
Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 3 
Com a Revolução Francesa, há um fortalecimento da corrente que defende 
o fim de todos os privilégios que vinham tanto dos tempos feudais como do 
absolutismo mercantilista. Assim, foi criada uma teoria chamada de “atos do 
comércio”. Foi Napoleão Bonaparte que editou o Código Comercial Francês, 
em 1808, logo após a edição do Código Civil Francês, em 1804, e inaugurou 
esta nova forma de regulação da atividade comercial. 
Os Atos de Comércio podem ser conceituados como todos os atos de 
intermediação de bens, realizados de forma habitual/profissional, com o intuito 
de lucro. 
Observem que o conceito passou a ser objetivo, ou seja, calcado nas 
características da atividade comercial, e não apenas na figura do comerciante. 
Qualquer pessoa que se enquadrasse neste conceito poderia ser considerada 
comerciante. Se praticasse algum ato da lista dos atos de comércio seria 
considerado como tal. Assim, a atividade não era mais restrita a um grupo de 
privilegiados. 
O Código Comercial Brasileiro de 1850 adotou esta Teoria Francesa dos 
atos de comércio na sua 1ª Parte, pois trouxe a figura do comerciante (pessoa 
física) e da sociedade comercial (pessoa jurídica), os quais pressupunham: 
� Habitualidade. 
� Finalidade lucrativa. 
� Atos de comércio (o Regulamento 737/1850 trazia os atos de 
comércio, tais como: compra e venda de bens móveis; seguro; frete 
marítimo; atividade bancária, etc.). 
O problema é que esta lista acabou ficando obsoleta diante da 
complexidade social. Exemplo: as imobiliárias, que vendiam bens imóveis, não 
tinham tal direito, pois não praticavam atos de comércio (e, portanto, não eram 
consideradas sociedades comerciais). Por conta dessa dificuldade, passou-se a 
adotar a teoria da empresa (italiana), revogando-se os atos de comércio. 
Com base na teoria italiana, Empresa passou a ser vista como atividade 
econômica organizada. Este fator serve ainda mais para caracterizar a 
autonomia do Direito — agora — Empresarial. Não mais tratando apenas do 
comércio em si, podemos dizer que este ramo regula as diversas atividades do 
empresário — tanto individual como em sociedade —, pois trata de sua 
constituição, de sua regularização, de sua forma de organizar-se — Direito 
Societário — e de sua extinção — Direito Falimentar, quando o empresário 
torna-se insolvente. 
DIREITO EMPRESARIAL 
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Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 4 
Em suma, o Direito Empresarial trata de certas relações jurídicas dos 
empresários com o Estado, entre si e internamente, quando se organizam em 
sociedade. Nisto constitui sua autonomia. Não trata de todas as relações do 
empresário com o Estado, pois certos fatos são da alçada do Direito Tributário e 
do Direito Administrativo — como no caso das licitações. Também não trata da 
relação do empresário com o consumidor final, pois, como se pode deduzir, 
neste caso estaremos no âmbito do Direito do Consumidor. 
Enfim, como define o Código Civil, em seu artigo 966, é empresário 
(individual ou societário) quem exerce profissionalmente atividade econômica 
organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Esta 
definição, cujos detalhes veremos mais adiante, é muito importante que o 
candidato tenha em mente. 
A partir do momento em que o CC/02 adotou aludida teoria, revogou-se a 
parte primeira do Código Comercial (Lei 556/1850), consoante art. 2.045 do 
Código Civil. Hoje, portanto, ainda está em vigor a segunda parte do Código 
Comercial, que trata docomércio marítimo, encontrando-se as demais 
revogadas (porém, o Direito Marítimo não faz parte dos nossos estudos). 
Isto pode parecer paradoxal, pois frisamos a autonomia do Direito 
Comercial/Empresarial e seu código foi praticamente todo revogado pelo Código 
Civil. Porém, o Código Comercial era muito antigo — dos tempos do Império — 
e boa parte dele já se encontrava em desuso, pois boa parte do Direito 
Empresarial encontrava-se regulada por leis especiais. Este é um fato que ainda 
se mantém, pois temos, em institutos distintos, a Lei de Falências e 
Recuperação de Empresas (Lei 11.101/2005), Lei das Sociedades Anônimas (Lei 
6.404/76), Lei da Propriedade Industrial (Lei 9.279/96), além de várias leis 
sobre distintos títulos de crédito e contratos mercantis, entre outros assuntos. 
Porém, o Código Civil regula, de forma geral, o Direito Empresarial, além 
de dispor sobre todas as outras sociedades, exceto as sociedades anônimas e as 
cooperativas. De qualquer forma, mesmo com sua autonomia, o Direito 
Empresarial não pode prescindir do Direito Civil, em seu sentido mais amplo, 
pois, quando houver lacuna, este é o instituto que as supre, além de dispor de 
forma geral sobre pessoas, bens, propriedade, obrigações e contratos, todos 
institutos fundamentais para o Direito Empresarial, assim como para vários 
outros ramos do Direito. 
Fora estas legislações, também é preciso ressaltar que são considerados 
fontes do Direito Empresarial os usos e costumes comerciais. Os usos e 
costumes surgem quando se verificam alguns requisitos básicos: exige-se que a 
prática seja (i) uniforme, (ii) constante, (iii) observada por certo período de 
DIREITO EMPRESARIAL 
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tempo, (iv) exercida de boa fé e (v) não contrária a lei. É da competência das 
Juntas Comerciais, conforme o disposto no artigo 8º, IV, da Lei 8.934/94, “o 
assentamento dos usos e práticas mercantis”. 
 
1.2. Teoria da empresa e empresário: conceito, caracterização, 
inscrição, capacidade; empresário individual. 
 
Vimos que o Código Civil considera como sendo empresário (individual 
ou societário) quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada 
para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Como esta definição é 
importantíssima, achamos relevante repeti-la. 
Esta definição é o cerne da Teoria da Empresa, que é o novo paradigma do 
Direito Empresarial e acarretou a sua nova definição, substituindo a antiga, que 
era Direito Comercial. Com esta teoria, este ramo do Direito passou a não se 
preocupar somente com atos definidos como atos de mercância, mas com a 
atividade mercantil em si: a empresa. 
A empresa, para o Direito Empresarial, distingue-se do conceito de 
empresário: 
1. Empresa – atividade econômica organizada com a finalidade de fazer 
circular ou produzir bens ou serviços; pensar que não é algo físico, mas 
abstrato, é uma atividade. 
2. Empresário – é quem exerce empresa, é o sujeito de direito que exerce 
profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a 
circulação de bens ou de serviços. O empresário pode ser pessoa física 
(empresário individual) ou pessoa jurídica (sociedade empresária). 
 Contudo, os dois conceitos estão intimamente relacionados e, se 
entendermos todos os elementos que definem a empresa, entenderemos o 
conceito de empresário, pois, como já dito, este é a pessoa que exerce a 
empresa. Vejamos estes elementos, que estão no artigo 966 do Código Civil: 
I. Profissionalmente – habitualidade, continuidade. Profissionalismo é 
aquilo que é habitual. É preciso, portanto, a continuidade da atividade. 
II. Atividade econômica significa lucro. 
III. Organização significa a reunião dos 4 (quatro) fatores de produção, 
quais sejam: 
1. mão-de-obra (contratada ou prestadores de serviço); 
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2. matéria prima; 
3. capital (investimentos); 
4. tecnologia (não precisa ser tecnologia de ponta). 
IV. Produção ou circulação de bens ou serviços. 
Exceto pelo item III.2 — matéria prima —, faltando um desses fatores 
de produção, não se fala mais em organização, exemplo: vendedor de frutas 
na praia; cabeleireiro que trabalha sozinho etc. No passado, a matéria prima 
era considerada elemento essencial. Porém, com o surgimento de um setor 
de serviços de caráter empresarial que, muitas vezes, prescinde da utilização 
de matérias primas, não se pode mais considerar que este seja um elemento 
fundamental para caracterizar a organização empresarial. Isto fica claro pelo 
item IV. 
A organização destes fatores de produção é considerada pela 
doutrina como o principal elemento da atividade empresarial. Os outros dois 
elementos — profissionalismo e lucro —, embora fundamentais, não são 
exclusivos da atividade empresarial, já que, como veremos na aula sobre 
Direito Societário, há as chamadas sociedades simples de profissionais 
liberais que, embora possuam o profissionalismo e o fim lucrativo, não se 
organizam como empresas, ou seja, não organizam fatores de produção. 
A organização pode ser apenas para circular os bens, não necessitando 
de nenhuma produção — mais uma vez, prescindindo de matéria prima —, 
mas será importante a organização empresarial. Uma transportadora é uma 
sociedade empresária, mas alguém que utilize seu próprio transporte para 
levar bens de um local para outro — como um caminhoneiro autônomo —, 
não é. Da mesma forma, como a circulação não envolve apenas o transporte, 
alguém que possua uma sociedade empresarial voltada para o comércio 
varejista — sem produzir nenhum bem — realiza uma empresa, mas um 
vendedor autônomo, não é. 
Com estas observações, podemos perceber que a organização da mão 
de obra é um fator importantíssimo para caracterizar a atividade empresarial, 
pois, aquele que a organiza para a atividade fim, é um empresário, mas o 
profissional liberal autônomo que realiza a própria atividade, não é. O 
conceito de atividade fim também é relevante: mesmo que o profissional 
liberal autônomo contrate auxiliares, como uma secretária, um contínuo ou 
um estagiário, não será um empresário. Só será se ele, mesmo praticando 
também pessoalmente a atividade fim, organizar a mão de obra de outros 
profissionais desta mesma atividade de forma empresarial. 
DIREITO EMPRESARIAL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
 
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Esta caracterização de empresa é uma questão de fato: se alguém a 
realiza, será um empresário. Porém, a Lei veda que algumas atividades sejam 
caracterizadas como empresariais, como ocorre com a advocacia. O Estatuto 
da OAB, em seu artigo 16, determina que: 
 
Não são admitidas a registro, nem podem funcionar, as sociedades 
de advogados que apresentem forma ou características mercantis, 
que adotem denominação de fantasia, que realizem atividades estranhas à 
advocacia, que incluam sócio não inscrito como advogado ou totalmente 
proibido de advogar. 
 
O mesmo ocorre com as cooperativas, às quais é determinado pelo Código 
Civil, no parágrafo único do artigo 982, que: 
Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a 
sociedade por ações; e, simples, a cooperativa. 
O gráfico abaixo sintetiza o que vimos até aqui sobre o conceito de 
atividade empresarial, ou seja, empresa: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sintetizando o que foi ventilado nas linhas anteriores, empresa é atividade 
econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços 
e, por consequência, empresário é quem exerce este tipo de atividade. Quanto 
a este, ele é tanto o empresário individual quanto a Sociedade Empresária. 
� Empresárioindividual – é aquele que sozinho organiza uma 
atividade empresarial (organiza individualmente). 
� Sociedade Empresária – é a Pessoa Jurídica, uma união em 
coletividade de sócios. 
Habitualidade, 
Continuidade 
Atividade 
Econômica, Lucro 
Organização: mão-
de-obra, matéria-
prima, capital e 
tecnologia 
Elementos da 
Atividade 
Empresarial 
 
Produção ou 
circulação de bens ou 
serviços 
DIREITO EMPRESARIAL 
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Os tipos de sociedades empresárias serão tratados quando estudarmos o 
Direito Societário e enfatizaremos, neste momento, o empresário individual. 
Porém, muito do que falaremos aqui também se aplica às sociedades 
empresárias, e quando falarmos simplesmente empresário, estaremos tratando 
tanto da pessoa física quanto da pessoa jurídica. 
O empresário individual, embora não seja muito comum, é um tópico 
importante, pois é um assunto muito cobrado pelas bancas examinadoras. 
Desta forma, não podemos menosprezar o estudo desta matéria. 
Como já dito anteriormente, o empresário individual é a pessoa física 
que exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a 
produção de bens ou serviços. 
O assunto mais importante com relação a este tipo de empresário é sua 
capacidade. Isto porque as sociedades empresárias são naturalmente incapazes 
— de fato, de agirem por si sós —, e precisam ser representadas por seus 
administradores ou por quem mais seus atos constitutivos dispuserem. Já 
quanto ao empresário individual, sua capacidade se confunde com a do próprio 
agente e, se este não for mais capaz, não poderá exercer a atividade 
pessoalmente, ao contrário de uma sociedade empresária que poderia apenas 
escolher novo administrador. 
Da mesma forma, certas pessoas não podem exercer atividades 
empresárias, mas nada as impede, conforme o caso, que sejam sócias de 
sociedades empresárias. São os chamados impedimentos legais. Tudo isto que 
falamos encontra-se no art. 972 do Código Civil: 
 
Art. 972. Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em 
pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos. 
 
Aquele que for impedido e exercer atividade empresária, responderá 
pessoalmente pelas obrigações que contrair: 
 
Art. 973. A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de 
empresário, se a exercer, responderá pelas obrigações contraídas. 
 
Assim, temos dois tipos de vedações ao exercício de empresa: a 
incapacidade e os impedimentos legais. Quanto a estes, o Código Civil, ao 
contrário do Código Comercial de 1850, não arrolou os diversos casos de 
DIREITO EMPRESARIAL 
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impedimento. Apenas o §1º do art. 1.011 menciona impedimentos à 
administração de sociedades empresárias, que a doutrina estende aos 
empresários individuais: 
 
Não podem ser administradores, além das pessoas impedidas por lei 
especial, os condenados a pena que vede, ainda que temporariamente, 
o acesso a cargos públicos; ou por crime falimentar, de prevaricação, 
peita ou suborno, concussão, peculato; ou contra a economia popular, 
contra o sistema financeiro nacional, contra as normas de defesa da 
concorrência, contra as relações de consumo, a fé pública ou a 
propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da condenação. 
 
Além disso, por regra, quem exerce cargo público ou é militar não pode 
ser empresário individual, como, por exemplo: 
� Servidores públicos federais — art. 117, X, da Lei 8.112/1990. 
� Magistrados — art. 36, I, da LC 35/1979. 
� Membros do Ministério Público — art. 44, III, da Lei 8.625/1993. 
� Militares — art. 29 da Lei 6.880/1980. 
 
Veja que estas pessoas não podem ser empresárias individuais, 
mas podem ser sócias de sociedades empresárias, contanto que estas 
sejam de responsabilidade limitada e elas não exerçam funções de 
administração ou gerência. Em síntese, deverão ser sócios investidores, 
cujos detalhes veremos nas aulas de Direito Societário. 
Quanto à incapacidade, esta é a incapacidade civil que o prezado 
Candidato deve ter visto no curso de Direito Civil, e o que é mais relevante 
para nós — ou seja, para o Direito Comercial — é a exceção à regra: quando 
o incapaz pode continuar exercendo a empresa, obviamente, sendo 
representado: 
 
Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente 
assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por 
seus pais ou pelo autor de herança. 
§ 1º Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após exame 
das circunstâncias e dos riscos da empresa, bem como da conveniência 
DIREITO EMPRESARIAL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
 
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em continuá-la, podendo a autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos os 
pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem 
prejuízo dos direitos adquiridos por terceiros. 
§ 2º Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já 
possuía, ao tempo da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao 
acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvará que conceder a 
autorização. 
 
 O Código é bastante didático, nestes artigos. A regra é que um incapaz não 
pode exercer atividade empresarial e, por isso, não pode iniciar uma empresa. 
Porém, é possível que possa tornar-se incapaz — sendo interditado — ou, quando 
ainda incapaz — menor —, receba uma empresa de herança. Nestes casos, caso 
o Juiz considere interessante e importante para o incapaz — como informa o §1º 
—, ele poderá autorizar a continuidade da empresa. 
Ou seja, o magistrado irá ponderar as vantagens e os riscos e decidirá se a 
empresa deverá continuar ou não. Continuando, os bens que o incapaz possuía 
antes de receber a empresa, se forem estranhos ao seu acervo, não responderão 
pelas obrigações que o empresário venha adquirir. É o que diz o §2º. 
 
1.3. Nome empresarial. 
 
Assim como toda pessoa física possui um nome, tanto os empresários 
individuais quanto as sociedades empresárias devem possuir um. O “nome 
empresarial é aquele sob o qual o empresário e a sociedade empresária 
exercem suas atividades e se obrigam nos atos a elas pertinentes” (art. 1º, 
caput, da IN/DNRC 116/2011). 
É preciso não confundir o nome empresarial com outros elementos 
identificadores da atividade empresária, como a marca, nome de fantasia, nome 
de domínio e sinais de propaganda. 
A marca é um signo visualmente perceptivo, objeto do Direito da 
Propriedade Industrial que será tratado na nossa penúltima aula. É um bem 
intangível que pode ser alienado livremente, ao contrário do nome empresarial, 
que é, segundo a doutrina majoritária, um direito personalíssimo, não podendo 
ser objeto de alienação (art. 1.164 do Código Civil). 
Nome de fantasia, também conhecido como título de estabelecimento, é o 
nome pelo qual um empresário ou sociedade empresária é conhecido pelo 
DIREITO EMPRESARIAL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
 
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público, mas não há proteção jurídica específica, em nosso ordenamento, a este 
tipo de identificação. Alguns doutrinadores reclamam desta lacuna, mas, a 
nosso ver, esta proteção seria inócua, já que o empresário pode obter o mesmo 
resultado registrando seu nome fantasia como uma marca. 
O nome de domínio é o endereço eletrônico dos sites dos empresários na 
internet. Seu registro, no Brasil, atualmente, é feito pela FAPESP, no endereço 
http://registro.br/. 
 Já os sinais de propaganda são quaisquer slogans ou outra forma de 
chamar a atenção do consumidor, quando se anuncia um produto. A nova Lei de 
PropriedadeIndustrial também não confere proteção específica a este sinal 
identificador. 
Uma boa forma de o prezado colega entender estas diferenças é ir a 
qualquer casa de lanches e realizar uma refeição. Quando receber sua nota 
fiscal, perceberá que o nome que consta na nota é diferente do nome que 
consta no letreiro da lanchonete. Por exemplo, digamos que realizou um lanche 
na Lanches Saborosos, mas na nota veio o nome Fulano Lanchonete Ltda. 
Lanches Saborosos é o nome de fantasia ou título de estabelecimento, enquanto 
Fulano Lanchonete Ltda é o nome empresarial. 
Lanches Saborosos pode ter sido registrado como marca e ter proteção 
especial, mas não são apenas os títulos de estabelecimento que podem ser 
registrados como marcas, mas o nome de qualquer produto, como, por 
exemplo, o Cheese Sabor, um sanduiche vendido na Lanche Saborosos. Esta, 
por sua vez, possui o endereço eletrônico — nome de domínio — 
lanchesaborosos.com.br. 
Entendido isto, devemos entender que tudo o que puder ser registrado 
como marca, terá a proteção da Lei de Propriedade Industrial, a ser vista 
posteriormente. O domínio possui proteção pelo simples registro, já que não 
poderá ser registrado novamente. A proteção da prioridade de registro para 
quem possui a marca de mesmo nome será vista na mesma aula supra. 
Já o nome empresarial possui proteção específica, como veremos a seguir. 
Porém, primeiramente, veremos os princípios que norteiam sua formação e os 
dois tipos existentes. 
Os princípios que norteiam a formação do nome empresarial são o 
princípio da veracidade e o princípio da novidade. O Código Civil só trata 
explicitamente deste último princípio, quando informa que: 
 
DIREITO EMPRESARIAL 
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Art. 1.163. O nome de empresário deve distinguir-se de qualquer outro já 
inscrito no mesmo registro. 
 
Já o princípio da veracidade é mais bem descrito na Instrução Normativa 
nº 116 de 2011 do DNRC (Departamento Nacional do Registro do Comércio), 
cujos principais trechos reproduziremos. Repare na utilização dos termos 
firma e denominação, que são os dois tipos de nome empresarial 
existentes no Direito Brasileiro: 
 
Art. 2º Firma é o nome utilizado pelo empresário individual, pela sociedade 
em que houver sócio de responsabilidade ilimitada e, de forma facultativa, 
pela sociedade limitada e pela empresa individual de responsabilidade 
limitada. 
Art. 3º Denominação é o nome utilizado pela sociedade anônima e 
cooperativa e, em caráter opcional, pela sociedade limitada, em comandita 
por ações e pela empresa individual de responsabilidade limitada. 
Art. 4º O nome empresarial atenderá aos princípios da veracidade e da 
novidade e identificará, quando assim exigir a lei, o tipo jurídico da 
empresa individual de responsabilidade limitada ou da sociedade. 
Parágrafo único. O nome empresarial não poderá conter palavras ou 
expressões que sejam atentatórias à moral e aos bons costumes. 
Art. 5º Observado o princípio da veracidade: 
I - o empresário e o titular da empresa individual de responsabilidade 
limitada só poderão adotar como firma o seu próprio nome, aditando, se 
quiser ou quando já existir nome empresarial idêntico ou semelhante, 
designação mais precisa de sua pessoa ou de sua atividade, devendo o 
titular acrescer a sigla EIRELLI; 
II - a firma: 
a) da sociedade em nome coletivo, se não individualizar todos os sócios, 
deverá conter o nome de pelo menos um deles, acrescido do aditivo “e 
companhia”, por extenso ou abreviado; 
b) da sociedade em comandita simples deverá conter o nome de pelo 
menos um dos sócios comanditados, com o aditivo “e companhia”, por 
extenso ou abreviado; 
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c) da sociedade em comandita por ações só poderá conter o nome de um 
ou mais sócios diretores ou gerentes, com o aditivo “e companhia”, por 
extenso ou abreviado, acrescida da expressão “comandita por ações”, por 
extenso ou abreviada; 
d) da sociedade limitada, se não individualizar todos os sócios, deverá 
conter o nome de pelo menos um deles, acrescido do aditivo “e companhia” 
e da palavra “limitada”, por extenso ou abreviados; 
III - a denominação é formada com palavras de uso comum ou vulgar na 
língua nacional ou estrangeira e ou com expressões de fantasia, com a 
indicação do objeto da sociedade ou empresa individual de 
responsabilidade limitada, sendo que: 
a) na sociedade limitada, deverá ser seguida da palavra “limitada”, por 
extenso ou abreviada; 
b) na sociedade anônima, deverá ser acompanhada da expressão 
“companhia” ou “sociedade anônima”, por extenso ou abreviada, vedada a 
utilização da primeira ao final; 
c) na sociedade em comandita por ações, deverá ser seguida da expressão 
“em comandita por ações”, por extenso ou abreviada; 
d) na empresa individual de responsabilidade limitada deverá ser seguida 
da expressão “EIRELI”; 
e) para a empresa individual de responsabilidade limitada e para as 
sociedades limitadas enquadradas como microempresa ou empresa de 
pequeno porte, inclusive quando o enquadramento se der juntamente com 
a constituição, é facultativa a inclusão do objeto; 
f) ocorrendo o desenquadramento da empresa individual de 
responsabilidade limitada ou da sociedade da condição de microempresa ou 
empresa de pequeno porte, é obrigatória a inclusão do objeto respectivo no 
nome empresarial, mediante arquivamento da correspondente alteração do 
ato constitutivo ou alteração contratual. 
§ 1º Na firma, observar-se-á, ainda: 
a) o nome do empresário ou do titular da empresa individual de 
responsabilidade limitada deverá figurar de forma completa, podendo ser 
abreviados os prenomes; 
b) os nomes dos sócios poderão figurar de forma completa ou abreviada, 
admitida a supressão de prenomes; 
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c) o aditivo “e companhia” ou “& Cia.” poderá ser substituído por expressão 
equivalente, tal como “e filhos” ou “e irmãos”, dentre outras. 
§ 2º O nome empresarial não poderá conter palavras ou expressões que 
denotem atividade não prevista no objeto da sociedade ou empresa 
individual de responsabilidade limitada. 
 
Como deve ter ficado claro no texto da Instrução Normativa, o princípio 
da veracidade significa que o nome empresarial deve apenas conter 
informações verdadeiras, ou seja, não deve confundir aqueles com quem o 
empresário ou a sociedade empresária tratar. 
A firma é formada pelo nome do empresário ou, no caso das sociedades 
empresárias, de pelo menos um deles, com o sobrenome por extenso e os 
outros nomes, opcionalmente, abreviados. Também opcionalmente, poderá 
utilizar na firma algum apelido ou descrição da atividade. Sendo assim, são 
firmas válidas: Fulano da Silva, B. Silva, Beltrano Silva & Cia, C. da Silva & 
Cia. Produtores de Eventos, Sicrano da Silva Bigodudo & Cia Reformas. 
Por óbvio, segundo o princípio da veracidade, os nomes dos 
sócios constantes na firma deverão corresponder à realidade, assim 
como qualquer outra descrição, por exemplo, a atividade. 
Já a denominação é muitas vezes confundida com a marca, pois se 
utiliza, ao invés do nome dos sócios, de uma expressão de uso comum (ou 
vulgar, aqui, no sentido de coloquial) ou expressões fantasiosas (ou seja, 
originais). Porém, como já dito, não devem ser confundidas. 
Vejamos o nosso exemplo da Lanches Saborosos: esta expressão pode 
ser o nome de fantasia, assim como uma marca registrada. Todavia, nada 
impede que a expressão também conste no nome empresarial, como uma 
denominação, na forma Lanches Saborosos Refeições Ltda. As duas primeiras 
palavrasformam a expressão de uso comum, a terceira indica o objeto e a 
quarta o tipo societário. Embora semelhantes, o nome de fantasia e o nome 
empresarial continuam distintos, considerando que o primeiro é uma forma 
reduzida do segundo. 
Na denominação, a expressão pode ser qualquer uma que não seja 
ilegal (não atente contra a moral e os bons costumes) e não confunda o 
consumidor ou qualquer um que venha tratar com a sociedade empresária — 
pois só sociedades empresárias (e somente algumas delas, como se pode ver 
no texto da IN 116, art. 3º) podem ter denominação. O objeto, obviamente, 
deve indicar a atividade de forma verídica. 
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Há uma diferença importantíssima entre a firma e a 
denominação: quando o empresário usa firma, ele a assina ao contratar. 
Isto é, a firma serve de assinatura para o empresário. No caso da 
denominação, não. O representante utilizará sua própria assinatura ao 
realizar os contratos em nome da sociedade empresarial. 
Quanto à proteção conferida, ela se dá automaticamente com o registro 
do nome na Junta Comercial, porém, é preciso observar que esta proteção e 
limitada ao estado da competência da Junta, como dita o Código Civil: 
 
Art. 1.166. A inscrição do empresário, ou dos atos constitutivos das 
pessoas jurídicas, ou as respectivas averbações, no registro próprio, 
asseguram o uso exclusivo do nome nos limites do respectivo Estado. 
Parágrafo único. O uso previsto neste artigo estender-se-á a todo o 
território nacional, se registrado na forma da lei especial. 
 
Como se vê, existe uma previsão de proteção nacional, contudo, esta lei 
especial nunca foi editada, havendo lacuna legal. A única solução, por enquanto, 
é o empresário pedir proteção de seu nome empresarial em cada junta da 
federação em que possuir interesse. 
 
1.4. Escrituração. 
 
Caro candidato, vamos tratar agora de uma obrigação importantíssima de 
todo empresário: a escrituração de seus livros empresariais. O Código Civil 
dispõe que: 
 
Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir 
um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na 
escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a 
documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial 
e o de resultado econômico. 
 
Isto significa que todo empresário deve, além de realizar o balanço 
patrimonial e o de resultado econômico anuais, manter um sistema de 
escrituração contábil periódico, ou seja, um sistema que indique todas as 
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suas entradas e saídas financeiras. O termo livro não significa que seja 
exatamente um livro, podendo ser substituído por fichas, no caso de 
escrituração mecanizada ou eletrônica (art. 1.180 do Código Civil). O que 
importa é que este sistema registre seu movimento financeiro. 
Este livro obrigatório chama-se diário, e sua manutenção é tarefa de um 
profissional específico, devidamente inscrito no seu órgão regulamentador, cujo 
nome é contabilista, também conhecido como contador (art. 1.182 do Código 
Civil). Somente se não houver profissional habilitado na localidade que o próprio 
empresário ou outro profissional poderá realizar a tarefa da escrituração. 
Outros livros poderão ser utilizados pelo empresário, a seu critério. 
Ressalte-se, todavia, que o único que o Código Civil obriga é o diário. Outros 
livros, porém, podem ser exigidos, como o registro de duplicatas, para os 
empresários que trabalhem com este título de crédito; o livro de registro de 
atas da assembléia e o livro de registro de transferência de ações nominativas 
para as sociedades anônimas; e outros livros exigidos em virtude do exercício 
de alguma profissão. 
Estes livros são protegidos pelo sigilo, como dispõe o Código Civil: 
 
Art. 1.190. Ressalvados os casos previstos em lei, nenhuma autoridade, 
juiz ou tribunal, sob qualquer pretexto, poderá fazer ou ordenar diligência 
para verificar se o empresário ou a sociedade empresária observam, ou 
não, em seus livros e fichas, as formalidades prescritas em lei. 
Art. 1.191. O juiz só poderá autorizar a exibição integral dos livros e 
papéis de escrituração quando necessária para resolver questões relativas 
a sucessão, comunhão ou sociedade, administração ou gestão à conta de 
outrem, ou em caso de falência. 
 
 Como se vê, o sigilo não é absoluto, podendo, por determinação 
judicial, ser quebrado total ou parcialmente. O rol dos casos de quebra de sigilo 
total é taxativo e é o que consta no art. 1.191 supra. 
Observemos que o sigilo não abrange a fiscalização fazendária, podendo 
esta examiná-los “no exercício da fiscalização do pagamento de impostos, nos 
termos estritos das respectivas leis especiais” (art. 1.193 do Código Civil). 
Caso o empresário recuse-se a apresentar os livros, após 
determinação do Juiz, este ordenará a apreensão daqueles ou, no caso 
de pedido de exibição parcial em medida cautelar, considerará como 
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verdadeiro o alegado pela parte contrária o que se pretendia provar 
pelos livros (art. 1.192 do Código Civil). 
Observe-se, porém, que esta quebra de sigilo só pode ocorrer por 
provocação de alguma parte contrária ao empresário, não podendo o Juiz ou 
qualquer outra autoridade determinar que seja averiguado se o empresário 
possui os livros ou se os preenche corretamente: 
 
Art. 1.190. Ressalvados os casos previstos em lei, nenhuma autoridade, 
juiz ou tribunal, sob qualquer pretexto, poderá fazer ou ordenar diligência 
para verificar se o empresário ou a sociedade empresária observam, ou 
não, em seus livros e fichas, as formalidades prescritas em lei. 
 
Observemos, também, que no caso das sociedades anônimas, como 
determina a Lei 6.404/76: 
 
Art. 105. A exibição por inteiro dos livros da companhia pode ser 
ordenada judicialmente sempre que, a requerimento de acionistas que 
representem, pelo menos, 5% (cinco por cento) do capital social, sejam 
apontados atos violadores da lei ou do estatuto, ou haja fundada suspeita 
de graves irregularidades praticadas por qualquer dos órgãos da 
companhia. 
 
Um aspecto importante da escrituração dos livros comerciais é o aspecto 
probatório. Este se divide em provas a favor do empresário e provas contra o 
empresário. 
 Como dispõe o art. 378 do Código de Processo Civil, os livros provam 
contra o seu autor, ou seja, há presunção de veracidade. Porém, nada impede 
que o empresário elida estas provas por meio de outros documentos: a 
presunção é relativa. 
 Já no aspecto favorável ao empresário, também há a presunção de 
veracidade relativa (art. 379 do CPC), mas os livros devem estar preenchidos 
regularmente. Esta regularidade tem aspectos intrínsecos e extrínsecos. Os 
primeiros são previstos no Código Civil: 
 
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Art. 1.183. A escrituração será feita em idioma e moeda corrente 
nacionais e em forma contábil, por ordem cronológica de dia, mês e ano, 
sem intervalos em branco, nem entrelinhas, borrões, rasuras, emendas ou 
transportes para as margens. 
 
Quanto aos aspectos extrínsecos, estes são: 
� Existência de um termo de abertura e de um termo de encerramento. 
� Autenticação da Junta Comercial. 
 
1.5. Prepostos do empresário. 
 
Como o prezado candidato deve saber, seria impossível um empresário 
atuar no mundo competitivo de hoje em dia sem a ajuda de auxiliares. Estes 
são chamados de prepostos.O Código Civil regula dois especificamente — o gerente e o contabilista —, 
além de dispor regras gerais sobre quaisquer prepostos, sejam estes ou 
quaisquer outros auxiliares. 
Como regras gerais, temos a obrigação do preposto não poder se fazer 
substituído na função que lhe foi conferida: 
 
Art. 1.169. O preposto não pode, sem autorização escrita, fazer-se 
substituir no desempenho da preposição, sob pena de responder 
pessoalmente pelos atos do substituto e pelas obrigações por ele 
contraídas. 
 
Outra vedação é a regra que proíbe o preposto de fazer concorrência com 
o seu preponente — aquele que lhe confere a preposição — sem autorização do 
mesmo: 
 
Art. 1.170. O preposto, salvo autorização expressa, não pode negociar por 
conta própria ou de terceiro, nem participar, embora indiretamente, de 
operação do mesmo gênero da que lhe foi cometida, sob pena de 
responder por perdas e danos e de serem retidos pelo preponente os 
lucros da operação. 
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A terceira regra geral considera que quaisquer papeis, bens ou valores 
entregue ao preposto é válida, se este não reclamar o contrário: 
 
Art. 1.171. Considera-se perfeita a entrega de papéis, bens ou valores ao 
preposto, encarregado pelo preponente, se os recebeu sem protesto, 
salvo nos casos em que haja prazo para reclamação. 
 
A última regra consagra a teoria da aparência, que implica na 
responsabilidade do preponente pelos atos do preposto. É importante frisar 
que o Código Civil apenas consagra esta teoria como absoluta dentro do 
estabelecimento do empresário (aqui, por falha de redação legislativa, no 
sentido coloquial, de lugar onde se realiza a empresa). Fora do 
estabelecimento, a presunção de veracidade da preposição é minimizada: 
 
Art. 1.178. Os preponentes são responsáveis pelos atos de quaisquer 
prepostos, praticados nos seus estabelecimentos e relativos à atividade 
da empresa, ainda que não autorizados por escrito. 
Parágrafo único. Quando tais atos forem praticados fora do 
estabelecimento, somente obrigarão o preponente nos limites dos 
poderes conferidos por escrito, cujo instrumento pode ser suprido pela 
certidão ou cópia autêntica do seu teor. 
 
Esta responsabilidade é minimizada, também, no caso de atos dolosos 
praticados pelos prepostos. Esta norma consta em parágrafo único do artigo 
que trata da responsabilidade dos atos praticados pelo contabilista. Aquela 
regra deveria ter um artigo próprio, mas, novamente por erro de técnica 
legislativa, tornou-se parágrafo de outra. 
A regra específica do contabilista dispõe que, salvo má fé, o que for 
lançado nos livros será de responsabilidade do preponente, ou seja, do 
empresário. Em seguida, no parágrafo único, temos a regra geral que 
implica responsabilidade solidária em qualquer ato doloso praticado por um 
preposto: 
 
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Art. 1.177. Os assentos lançados nos livros ou fichas do preponente, 
por qualquer dos prepostos encarregados de sua escrituração, 
produzem, salvo se houver procedido de má-fé, os mesmos efeitos 
como se o fossem por aquele. 
Parágrafo único. No exercício de suas funções, os prepostos são 
pessoalmente responsáveis, perante os preponentes, pelos atos 
culposos; e, perante terceiros, solidariamente com o preponente, pelos 
atos dolosos. 
 
Por último, trataremos do preposto mais importante, pois é aquele que 
possui poderes de chefia: o gerente. Neste caso, é claro, estamos tratando do 
gerente empregado, pois, é possível que um administrador sócio, atue na 
gerência da empresa. Porém, na grande maioria dos negócios mais complexos, 
a figura de um gerente não sócio é necessária. 
O Código Civil considera o gerente aquele que possui poderes amplos: 
 
Art. 1.172. Considera-se gerente o preposto permanente no exercício da 
empresa, na sede desta, ou em sucursal, filial ou agência. 
Art. 1.173. Quando a lei não exigir poderes especiais, considera-se o 
gerente autorizado a praticar todos os atos necessários ao exercício dos 
poderes que lhe foram outorgados. 
Parágrafo único. Na falta de estipulação diversa, consideram-se solidários 
os poderes conferidos a dois ou mais gerentes. 
 
Assim, para que os atos do gerente não obriguem o empresário perante 
terceiros, esse tem que tornar as restrições públicas, e o meio para isso é o 
registro das vedações aos gerentes na Junta Comercial: 
 
Art. 1.174. As limitações contidas na outorga de poderes, para serem 
opostas a terceiros, dependem do arquivamento e averbação do 
instrumento no Registro Público de Empresas Mercantis, salvo se provado 
serem conhecidas da pessoa que tratou com o gerente. 
Parágrafo único. Para o mesmo efeito e com idêntica ressalva, deve a 
modificação ou revogação do mandato ser arquivada e averbada no 
Registro Público de Empresas Mercantis. 
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Como em um contrato de comissão, os atos que o gerente praticar em 
próprio nome, mas à conta do preponente, obrigam-no também: 
 
Art. 1.175. O preponente responde com o gerente pelos atos que este 
pratique em seu próprio nome, mas à conta daquele. 
 
E, por último, é possível que o gerente atue em juízo, representando o 
empresário, nas questões relativas à sua função: 
 
Art. 1.176. O gerente pode estar em juízo em nome do preponente, pelas 
obrigações resultantes do exercício da sua função. 
 
1.5. Microempresa e empresa de pequeno porte. 
 
A Constituição determina que as microempresas e empresas de pequeno 
porte tenham tratamento diferenciado, medida que busca incentivar o 
empreendedorismo, relacionado à livre iniciativa, que é fundamento da 
República: 
 
Art. 179. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios 
dispensarão às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim 
definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las 
pela simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias, 
previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por 
meio de lei. 
 
Para isto, foi edita a Lei Complementar 123/2006, conhecida como o 
Estatuto da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. 
A LC 123/2006 define a Microempresa e a Empresa de Pequeno Porte em 
termos de receita bruta: 
 
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Art. 3º Para os efeitos desta Lei Complementar, consideram-se 
microempresas ou empresas de pequeno porte, a sociedade empresária, a 
sociedade simples, a empresa individual de responsabilidade limitada e o 
empresário a que se refere o art. 966 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro 
de 2002 (Código Civil), devidamente registrados no Registro de Empresas 
Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, 
desde que: 
I - no caso da microempresa, aufira, em cada ano-calendário, receita 
bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais); e 
II - no caso da empresa de pequeno porte, aufira, em cada ano-
calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta 
mil reais) e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos 
mil reais). 
§ 1º Considera-se receita bruta, para fins do disposto no caput deste 
artigo, o produto da venda de bens e serviços nas operações de conta 
própria, o preço dos serviços prestados e o resultado nas operações em 
conta alheia, não incluídas as vendas canceladas e os descontos 
incondicionais concedidos. 
 
Estes valores,todavia, podem ser atualizados pelo Comitê Gestor do 
Simples Nacional, vinculado ao Ministério da Fazenda. 
No §4º deste mesmo artigo, a LC veda várias pessoas jurídicas de se 
beneficiarem das disposições deste instrumento legal: 
 
I - de cujo capital participe outra pessoa jurídica; 
II - que seja filial, sucursal, agência ou representação, no País, de pessoa 
jurídica com sede no exterior; 
III - de cujo capital participe pessoa física que seja inscrita como 
empresário ou seja sócia de outra empresa que receba tratamento jurídico 
diferenciado nos termos desta Lei Complementar, desde que a receita 
bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso II do caput deste 
artigo; 
IV - cujo titular ou sócio participe com mais de 10% (dez por cento) do 
capital de outra empresa não beneficiada por esta Lei Complementar, 
desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso II 
do caput deste artigo; 
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V - cujo sócio ou titular seja administrador ou equiparado de outra pessoa 
jurídica com fins lucrativos, desde que a receita bruta global ultrapasse o 
limite de que trata o inciso II do caput deste artigo; 
VI - constituída sob a forma de cooperativas, salvo as de consumo; 
VII - que participe do capital de outra pessoa jurídica; 
VIII - que exerça atividade de banco comercial, de investimentos e de 
desenvolvimento, de caixa econômica, de sociedade de crédito, 
financiamento e investimento ou de crédito imobiliário, de corretora ou de 
distribuidora de títulos, valores mobiliários e câmbio, de empresa de 
arrendamento mercantil, de seguros privados e de capitalização ou de 
previdência complementar; 
IX - resultante ou remanescente de cisão ou qualquer outra forma de 
desmembramento de pessoa jurídica que tenha ocorrido em um dos 5 
(cinco) anos-calendário anteriores; 
X - constituída sob a forma de sociedade por ações. 
 
Um conceito importante, no que tange as MEs e as EPPs, é o de 
enquadramento. Uma empresa já constituída, antes da LC, atendendo seus 
requisitos, deverá pedir o seu enquadramento como ME ou EPP, conforme o 
caso, adicionando em seu nome empresarial esta condição, por extenso ou de 
forma abreviada. 
Igualmente, poderá constituir-se como tal, devendo comunicar à Junta 
Comercial esta condição ao arquivar seus atos constitutivos. A doutrina 
considera que este ato é uma mera comunicação, não cabendo à Junta julgar a 
situação. 
É possível, também, uma empresa passar a auferir renda bruta maior ou 
menor do que auferia quando se enquadrou, podendo passar de ME para EPP e 
vice versa, ou até perder os benefícios da LC, caso sua receita extrapole os 
limites estabelecidos no instrumento legal. 
Passando esta etapa de enquadramento, a LC confere às MEs e EPPs 
alguns privilégios, como no caso da participação em licitações. Como 
exemplo, temos o art. 42 que exige a comprovação de regularidade fiscal destes 
empresários somente na assinatura do contrato. 
Conforme o art. 43, eles não estão isentos de apresentar a documentação 
necessária para participar do certame, mas, mesmo que haja irregularidades, 
elas poderão ser sanadas até a assinatura do contrato. 
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Outra regra mais favorável é que prevê a preferências das MEs e EPPs, 
caso haja empate. Norma estampada no art. 44 da LC. 
Além disso, o art. 46 prevê que as MEs e EPPs poderão emitir cédulas de 
crédito quando a Administração Pública não pagar, em trinta dias, valores 
referentes a empenhos liquidados de titularidade das mesmas. 
A LC ainda prevê algumas simplificações quanto aos encargos trabalhistas, 
dispostas em seu art. 51: 
 
Art. 51. As microempresas e as empresas de pequeno porte são 
dispensadas: 
I - da afixação de Quadro de Trabalho em suas dependências; 
II - da anotação das férias dos empregados nos respectivos livros ou 
fichas de registro; 
III - de empregar e matricular seus aprendizes nos cursos dos Serviços 
Nacionais de Aprendizagem; 
IV - da posse do livro intitulado “Inspeção do Trabalho”; e 
V - de comunicar ao Ministério do Trabalho e Emprego a concessão de 
férias coletivas. 
 
A LC também simplifica certas regras empresariais, como, por exemplo, 
no que concerne às deliberações sociais, como prevê o art. 70: 
 
Art. 70. As microempresas e as empresas de pequeno porte são 
desobrigadas da realização de reuniões e assembléias em qualquer das 
situações previstas na legislação civil, as quais serão substituídas por 
deliberação representativa do primeiro número inteiro superior à metade 
do capital social. 
 
As MEs e EPPs também recebem tratamento diferenciado quando tiverem 
títulos protestados (art. 73), no que concerne o acesso à Justiça (art. 74) e, 
principalmente, na questão tributária, pois são beneficiadas pelo regime do 
Simples Nacional, um sistema unificado de impostos e contribuições, em 
conformidade com o que dispõe o parágrafo único do art. 146, d, da 
Constituição. 
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Além disso, as MEs e EPPs possuem um tipo especial de recuperação 
judicial, que será tratado na aula de Direito Falimentar. 
 
2. Registro de empresa. 
 
A inscrição do empresário na Junta Comercial, caro candidato, é uma 
obrigação importantíssima a todos que pretendem exercer a atividade 
empresarial. Tanto que o Código Civil impõe essa dever expressamente: 
 
Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de 
Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua 
atividade. 
 
Isto parece contradizer-se com o que falamos anteriormente: que a 
empresa é uma situação de fato. Porém, a não observação desta obrigação não 
descaracteriza a atividade empresária, mas qualifica o empresário como 
irregular. É o que dispõe o enunciado 199 do CJF, aprovado na III Jornada de 
Direito Civil: 
 
A inscrição do empresário ou sociedade empresária é requisito delineador 
de sua regularidade, e não da sua caracterização. 
 
Sendo assim, antes de adentrarmos nos principais aspectos do registro da 
empresa, caro amigo, faz-se mister tecermos alguns comentários, 
primeiramente, sobre o empresário irregular. 
 
2.1. Empresário irregular, empresário rural e pequeno empresário. 
 
O empresário irregular, que aqui trataremos, é tanto individual quanto o 
societário não inscrito na junta comercial. Uma sociedade empresária também 
pode ser irregular e possui até um nome específico: sociedade em comum. 
Porém, trataremos especificamente deste tópico nas aulas sobre direito 
societário enquanto, agora, trataremos dos aspectos gerais, enfatizando o que 
concerne o empresário individual. 
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Como já dito, a falta de inscrição não descaracteriza a atividade 
empresária, mas impõe algumas restrições ao empresário. Há vários exemplos 
dispersos em várias leis sobre várias matérias. No que tange ao Direito 
Empresarial, o mais relevante é a impossibilidade do empresário requerer 
recuperação judicial ou autofalência, o que será visto na aula sobre Direito 
Falimentar. 
Uma questão que dizia apenas respeito às sociedades irregulares era a 
falta de limitação da responsabilidade, ou seja, os sócios respondiam com todo 
o seu patrimônio pelas obrigações adquiridas pela sociedade irregular. O 
empresário individual, pela Lei Brasileira, tinha sempre 
responsabilidade ilimitada. Todavia, a Lei 12.441/2011 criou a figura do 
empresário individualde responsabilidade limitada (EIRELI). 
Este tipo empresarial não consta no programa do presente concurso, 
porém, é sempre bom o prezado candidato estar atento às inovações 
legislativas, tanto para poder recorrer, caso caia matéria não constante no 
edital, como para ter mais conhecimento, pois pode vir a prestar outro exame 
que necessite desta matéria. 
O EIRELI deverá ser um tipo empresário bastante comum no Brasil. Várias 
“sociedades empresariais”, hoje em dia, possuem um sócio majoritário e outro, 
apenas aparente, na maioria dos casos, com 1% de participação societária, 
apenas para ter os benefícios da limitação patrimonial. A instituição do EIRELI 
visa regular este fato, não sendo mais necessárias estas “sociedades” que, na 
verdade, são apenas um empresário atuando sozinho com uma fachada jurídica 
de sociedade. 
Pois bem, para receber os benefícios da limitação patrimonial e ser um 
EIRELI, o empresário deverá inscrever-se na Junta Comercial, caso contrário 
será um empresário irregular, respondendo com todo o seu patrimônio pelas 
obrigações que contrair enquanto empresário. 
Outras sanções que atingem o empresário irregular são de natureza fiscal 
e administrativa: o empresário não poderá requerer suas inscrições no CNPJ e 
no INSS. Não podendo obter CNPJ, o empresário fica restrito ao universo da 
economia informal, limitando suas atividades empresariais. 
Uma exceção à obrigatoriedade da inscrição é o caso do empresário rural: 
 
 
 
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Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal 
profissão, pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e 
seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas 
Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará 
equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro. 
 
Como o artigo supra dispõe que o empresário rural poderá requerer a 
inscrição, aduziu-se que este não estava obrigado a inscrever-se, podendo 
opcionalmente fazê-lo. Como o artigo 970 equipara o pequeno empresário ao 
empresário rural, assegurando tratamento favorecido na inscrição, alguns 
doutrinadores afirmavam que o pequeno empresário também estava dispensado 
da inscrição. 
Há um problema, porém. A expressão pequeno empresário foi 
equiparada a microempreendedor individual pela LC nº123/2006 e, como já 
vimos, para receber os benefícios fiscais, o pequeno empresário deverá 
inscrever-se na junta comercial. 
 
2.1.2. Órgãos de registro de empresa. 
 
Os órgãos de registro de empresa foram instituídos pela Lei de 
Registro Público de Empresas Mercantis (Lei 8.934/1994) que, em seu artigo 
3º, criou o SINREM (Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis): 
 
Art. 3º Os serviços do Registro Público de Empresas Mercantis e 
Atividades Afins serão exercidos, em todo o território nacional, de 
maneira uniforme, harmônica e interdependente, pelo Sistema 
Nacional de Registro de Empresas Mercantis (SINREM), composto pelos 
seguintes órgãos: 
I - o Departamento Nacional de Registro do Comércio, órgão central 
Sinrem, com funções supervisora, orientadora, coordenadora e 
normativa, no plano técnico; e supletiva, no plano administrativo; 
II - as Juntas Comerciais, como órgãos locais, com funções executora 
e administradora dos serviços de registro. 
 
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Como se vê, o SINREM é composto pelo DNRC, como órgão central e 
superior, e as várias Juntas Comerciais estaduais. O DNRC é um órgão 
federal e, por isso, qualquer ação em que faça parte será da competência da 
Justiça Federal. 
As Juntas, por sua vez, possuem uma situação peculiar: são órgãos 
estaduais, mas submetidos a um órgão federal, no que tange os seus 
assuntos técnicos. Por isso, o STJ decidiu que, quando se tratar de matéria 
administrativa, a competência para apreciar as ações em que as Juntas 
sejam parte será da Justiça Estadual, mas quando se tratar de matérias 
técnicas, a competência será da Justiça Federal. 
 
2.1.3. Os atos de registro de empresa. 
 
Conforme o artigo 32 da Lei 8.934/1994, os atos de registro praticados 
pelas Juntas Comerciais são: 
� Matrícula. 
� Arquivamento. 
� Autenticação. 
A matrícula é um ato pela qual as Juntas registram alguns profissionais 
auxiliares do comércio, como intérpretes, tradutores públicos, leiloeiros, etc. 
O arquivamento trata do ato no qual são registrados os atos 
constitutivos dos empresários individuais e das sociedades empresárias, entre 
outros. Nas alíneas do art. 32, II, da Lei 8.934/1994, vemos que o 
arquivamento compreende trata: 
� Dos documentos relativos à constituição, alteração, dissolução e 
extinção de firmas mercantis individuais, sociedades mercantis e 
cooperativas. 
� Dos atos relativos a consórcio e grupo de sociedade de que trata a 
Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. 
� Dos atos concernentes a empresas mercantis estrangeiras 
autorizadas a funcionar no Brasil. 
� Das declarações de microempresa. 
� De atos ou documentos que, por determinação legal, sejam 
atribuídos ao Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades 
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Afins ou daqueles que possam interessar ao empresário e às 
empresas mercantis. 
Já a autenticação diz respeitos aos livros empresariais, que devem ser 
autenticados para serem considerados regulares, como vimos no tópico 
supra, nesta mesma aula. 
O registro inicial é um ato de arquivamento e, no que tange ao 
empresário individual, ele deverá requerê-lo por meio de uma petição que 
contenha, como determina o art. 968 do Código Civil, as seguintes 
informações: 
� O nome do empresário, nacionalidade, domicílio, estado civil e, se 
casado, o regime de bens. 
� A firma, com a respectiva assinatura autógrafa. 
� O capital. 
� O objeto e a sede da empresa. 
Como a competência das Juntas Comerciais é estadual, decidindo 
abrir filial em outro Estado da Federação, o empresário precisa inscrever 
a atividade empresarial também no Registro Público de Empresas deste novo 
Estado, provando tal registro na inscrição inicial. É o que dispõe o art. 969 do 
Código Civil. 
Sobre a inscrição das sociedades empresárias, veremos este assunto 
nas aulas de Direito Societário. 
 
2.4. Processo decisório do registro de empresa. 
 
O art. 36 da Lei 8.934/1994 determina que “os documentos referidos no 
inciso II do art. 32 deverão ser apresentados a arquivamento na junta, 
dentro de 30 (trinta) dias contados de sua assinatura, a cuja data retroagirão 
os efeitos do arquivamento; fora desse prazo, o arquivamento só terá eficácia 
a partir do despacho que o conceder”. 
A partir daí, a Junta Comercial irá decidir sobre o ato de registro, em 
regra, por decisão singular e, excepcionalmente, de forma colegiada, nos 
seguinte atos, conforme o art. 41 da Lei: 
� No arquivamento: 
♦ Dos atos de constituição de sociedades anônimas, bem como 
das atas de assembléias gerais e demais atos, relativos a 
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essas sociedades, sujeitos ao Registro Público de Empresas 
Mercantis e Atividades Afins. 
♦ Dos atos referentes à transformação, incorporação, fusão e 
cisão de empresas mercantis. 
♦ Dos atos de constituição e alterações de consórcio e de 
grupo de sociedades, conforme previsto na Lei nº 6.404, de 
15 de dezembro de 1976. 
� No julgamento do recurso previsto nesta lei. 
Conforme o art. 43 da Lei, osatos sujeitos a decisão singular devem ser 
decididos em dois dias, enquanto que os sujeitos a decisão colegiada, em 
cinco. 
Cabe às Juntas Comerciais analisar a formalidade dos atos sem adentrar 
questões de mérito. Quando houver vício sanável, o processo será colocado em 
exigência, podendo a parte suprir o vício em trinta dias. Somente quando o vício 
for insanável que o pedido será indeferido. 
O art. 44 da Lei prevê três tipos de recursos: 
� Pedido de Reconsideração. 
� Recurso ao Plenário; 
� Recurso ao Ministro de Estado da Indústria, do Comércio e do Turismo. 
O Pedido de Reconsideração é cabível nos casos em que o requerimento é 
colocado em exigência, devendo ser apresentado no mesmo prazo que haveria 
para sanar o vício, sendo apreciado em três dias, nos casos das decisões 
singulares, e cinco dias, nos casos das colegiadas (art. 45). 
O Recurso ao Plenário é cabível nos casos de indeferimento, tendo dez dias 
de prazo para apresentação e trinta dias para a apreciação (art. 46). 
O Recurso ao Ministro, que é a última instância administrativa, é cabível contra 
as decisões proferidas pelo plenário da Junta, nos mesmos prazos supra (art. 47). 
 
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Atos de
Registro de
Empresa:
- Matrícula
- Arquivamento
- Autenticação
Decisão
da Junta
Comercial
Vício sanável:
exigência
Vício insanável:
indeferimento
Sem vícios:
deferimento
Pedido de
Reconsideração
Recurso ao
Plenário
Recurso ao
Ministro
 
2.5. Inatividade da empresa. 
 
A inatividade da empresa ocorre quando o empresário deixa de arquivar 
qualquer ato por um período de dez anos. Ocorrido este lapso temporal, é dever 
do empresário comunicar a continuidade da empresa, pois, caso contrário, a 
Junta Comercial cancelará o registro e, se o empresário continuar atuando, será 
considerado irregular. O art. 60 da Lei 8.934/1994 regula o assunto: 
 
Art. 60. A firma individual ou a sociedade que não proceder a qualquer 
arquivamento no período de dez anos consecutivos deverá comunicar à 
junta comercial que deseja manter-se em funcionamento. 
§ 1º Na ausência dessa comunicação, a empresa mercantil será 
considerada inativa, promovendo a junta comercial o cancelamento do 
registro, com a perda automática da proteção ao nome empresarial. 
§ 2º A empresa mercantil deverá ser notificada previamente pela junta 
comercial, mediante comunicação direta ou por edital, para os fins deste 
artigo. 
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§ 3º A junta comercial fará comunicação do cancelamento às autoridades 
arrecadadoras, no prazo de até dez dias. 
§ 4º A reativação da empresa obedecerá aos mesmos procedimentos 
requeridos para sua constituição. 
 
Este último tópico foi breve, mas a matéria foi bastante extensa. Assim, 
considerando a necessidade de consolidar o conhecimento aventado na aula de 
hoje, recomendo a revisão e a leitura da Legislação abordada. 
Por ora, me despeço, esperando vê-los em breve na nossa próxima aula. 
Forte abraço e bons estudos. 
 
3. Exercícios 
 
1. (OAB-Nacional - OAB - II Exame 2007 CESPE) Considerando o atual 
estágio do direito comercial (ou empresarial) brasileiro, assinale a opção 
correta. 
 
a) O Código Civil de 2002, assim como o Código Comercial de 1850, adotou a 
teoria da empresa. 
b) O Código Civil de 2002 não revogou a antiga legislação sobre sociedades por 
quotas de responsabilidade limitada. 
c) O Código Civil de 2002 revogou totalmente o Código Comercial de 1850. 
d) A Constituição da República estabelece a competência privativa da União para 
legislar sobre direito comercial (ou empresarial). 
 
2. (IRB – Advogado ESAF 2006) A recepção do instituto empresa pelo 
Código Civil resultará em: 
 
a) retornar a discussão sobre ato de comércio como intermediação na circulação 
de mercadorias. 
b) realçar a idéia de atividade sobre a de ato. 
c) incorporar novos ofícios e profissões ao campo do direito mercantil. 
d) extremar atividades empresariais e não empresariais. 
e) criar novo sistema de análise da atividade econômica. 
 
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3. (SEFAZ - RJ - Fiscal de Rendas FGV 2010) Segundo o art. 966 do Código 
Civil, é considerado empresário: 
 
a) quem é sócio de sociedade empresária dotada de personalidade jurídica. 
b) quem é titular do controle de sociedade empresária dotada de personalidade 
jurídica. 
c) quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a 
produção ou a circulação de bens ou serviços. 
d) quem exerce profissão intelectual de natureza científica, literária ou artística. 
e) quem assume a função de administrador em sociedade limitada ou sociedade 
anônima. 
 
 
4. (SEFAZ-CE - Analista Jurídico ESAF 2006) Qualificar uma pessoa como 
empresária depende de: 
 
a) a pessoa exercer atividade econômica. 
b) a pessoa organizar a atividade que é exercida por outrem. 
c) a pessoa aceitar os riscos derivados de participar de um mercado como 
consumidor. 
d) ser aceita sua inscrição como empresária. 
e) adotar uma das formas societárias previstas para o exercício da empresa. 
 
5. (SEFAZ - RJ - Fiscal de rendas FGV 2009) Pela teoria da empresa, 
adotada pelo novo Código Civil, pode-se afirmar que o principal elemento da 
sociedade empresarial é: 
 
a) o trabalho. 
b) o capital. 
c) a organização. 
d) o ativo permanente. 
e) o maquinário. 
 
6. (SEFAZ - ES - Auditor Fiscal da Receita Estadual CESPE 2009) Acerca 
do direito da empresa, julgue os itens a seguir: 
 
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De acordo com a legislação civil, considera-se empresário aquele que exerce 
profissionalmente atividade de natureza econômica organizada, para a produção 
ou circulação de bens ou serviços. No entanto, não se considera empresário, o 
médico que exerce pessoalmente sua atividade profissional, ainda que contando 
com a colaboração de uma secretária e de um assistente. 
 
7. (SEFAZ - ES - Auditor Fiscal da Receita Estadual CESPE 2009) Julgue o 
item a seguir: 
 
Considere que antes do início de sua atividade, determinado empresário 
procedeu à inscrição no registro público de empresas mercantis da respectiva 
sede, situada no estado do Espírito Santo. Após dois anos de atividade, e 
considerando o crescimento da empresa, decidiu abrir filial no estado de São 
Paulo. Nessa situação, o empresário não precisa inscrever-se junto ao registro 
público da nova jurisdição, bastando, para a abertura de filial, a prova da 
inscrição originária. 
 
8. (SEFAZ - ES - Auditor Fiscal da Receita Estadual CESPE 2009) Julgue o 
item a seguir: 
 
Suponha que João, empresário casado com Maria em regime de comunhão 
universal de bens, procedeu a venda de bem imóvel integrante do patrimônio da 
empresa, sem a autorização da esposa. Nessa situação, a alienação é válida, 
porquanto não há a necessidade de outorga conjugal para dispor de bens que 
integrem o patrimônio da empresa. 
 
9. (Antonio Nóbrega – Ponto dos Concursos/2012) Considerando as 
afirmativas abaixo, relativas à exibição dos livros comerciais, marque a opção 
correta: 
 
I – o sigilo dos livros comerciais não pode ser oposto às autoridades fiscais. 
II – o empresário só é obrigado a apresentar os livros comerciais diante de 
ordem judicial. 
III – para que as autoridades fiscais tenham acesso aos livros comerciais, é 
necessária autorizaçãojudicial. 
IV – o Código Civil não consagrou o princípio do sigilo dos livros comerciais, 
sendo possível qualquer autoridade administrativa ter acesso a tais 
documentos. 
 
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a) apenas a alternativa I está correta. 
b) apenas as alternativas II e III estão corretas. 
c) todas as alternativas estão incorretas. 
d) apenas a alternativa IV está correta. 
e) apenas as alternativas I e IV estão corretas. 
 
10. (Antonio Nóbrega – Ponto dos Concursos/2012) – Em relação à 
regularidade da escrituração, aponte a afirmativa incorreta: 
 
a) a escrituração deverá obrigatoriamente ser feita em português. 
b) não é possível a utilização de códigos de números ou abreviaturas, ainda que 
constem de livro próprio, regularmente autenticado. 
c) é proibida a existência de intervalos ou espaços em branco na escrituração. 
d) a escrituração deverá ser feita em moeda corrente. 
e) a escrituração deverá ser feita por ordem cronológica de dia, mês e ano. 
 
 
Gabarito 
 
Questão 1 – D 
 
Questão 2 – B 
 
Questão 3 – C 
 
Questão 4 – D 
 
Questão 5 – C 
 
Questão 6 – C 
 
Questão 7 – E 
 
Questão 8 – C 
 
Questão 9 – A 
 
Questão 10 – B 
 
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Comentários 
 
Questão 1 
A questão exige do candidato o conhecimento acerca da história do Direito 
Empresarial/Comercial, especialmente quanto aos Atos de Comércio e a 
Moderna Teoria de Empresa. 
 Respondendo aos itens: 
a) apenas o Código Civil de 2002 adotou a teoria da empresa, enquanto que o 
Código Comercial de 1850 adotou a teoria dos atos de comércio; 
b) e c) o Código Civil de 2002 revogou parcialmente o Código Comercial de 
1850, apenas a sua 1ª parte, na qual estava incluída as sociedades por quotas 
de responsabilidade limitada, vigorando ainda a sua 2ª parte, referente ao 
comércio marítimo; 
d) Conforme dispõe o art. 22, I, da CF-88, de fato, compete privativamente à 
União legislar sobre Direito Comercial, assim a alternativa “d” está correta. 
 
Questão 2 
 Como já colocado, com base na teoria italiana (Teoria da Empresa), a 
Empresa passou a ser vista como atividade econômica organizada. Repise-
se: foco na atividade e não no ato de comércio. 
 É o que dispõe o art. 966 do Código Civil de 2002: “Considera-se 
empresário (individual ou societário) quem exerce profissionalmente 
atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de 
serviços.” 
 Portanto, o instituto empresa recepcionado pelo Código Civil de 2002 
realçou a atividade sobre o ato de comércio, o que indica que a alternativa “b” é 
a correta. 
 
 
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Questão 3 
A questão não demanda um conhecimento muito aprofundado da matéria, 
sendo necessário somente o conhecimento do texto legal insculpido no art. 966 
do Código Civil, que dispõe que “considera-se empresário aquele que exerce 
profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou 
circulação de bens ou serviços.” 
 Evidencia-se, assim, que a alternativa correta é a letra “c”. 
 
Questão 4 
 Outra questão que demanda o conhecimento literal de artigo do Código 
Civil. Segundo o art. 967, “É obrigatória a inscrição do empresário no Registro 
Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua 
atividade”. 
 Assim, é certo que a opção correta é a letra “d”. 
 
Questão 5 
 Como já colocado, o principal elemento da atividade empresarial apontado 
pela doutrina é a organização. Até porque, os outros elementos dispostos na 
questão nem fazem parte dos requisitos da sociedade empresarial: 
a) Profissionalmente; 
b) Atividade econômica; 
c) Organização 
d) Produção ou circulação de bens ou serviços. 
 Assim, denota-se que a opção correta é a letra “c”. 
 
 
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Questão 6 
 A simples contratação por um médico de secretárias, faxineiras, etc, não 
ensejaria ser sua atividade empresária. É preciso um plus, o de que esta 
atividade seja elemento de empresa: a atividade do médico ser mais um 
elemento de empresa. Exemplo: uma clínica com 10 médicos contratados na 
especialidade Dermatologia. Neste caso, a atividade exercida por cada médico 
constitui um dos elementos de empresa. 
 
Questão 7 
 A inscrição foi realizada corretamente, conforme dispõe o art. 967 do 
Código Civil, antes do início da atividade. Contudo, decidindo abrir filial em 
outro Estado (Estado de São Paulo), o empresário precisa inscrever a atividade 
empresarial também no Registro Público de Empresas deste novo Estado, 
provando tal registro na inscrição inicial do Espírito Santo. Assim, o item está 
incorreto. 
 É isso o que dispõe o art. 969 do CC-02, vejamos: 
 
Art. 969. O empresário que instituir sucursal, filial ou agência, 
em lugar sujeito à jurisdição de outro Registro Público de 
Empresas Mercantis, neste deverá também inscrevê-la, com a 
prova da inscrição originária. 
Parágrafo único. Em qualquer caso, a constituição do 
estabelecimento secundário deverá ser averbada no Registro 
Público de Empresas Mercantis da respectiva sede. 
 
Questão 8 
 Esta questão desperta uma premissa basilar no Direito Empresarial e 
Societário, qual seja: a separação do patrimônio da Empresa e do Empresário. 
João é Empresário, no entanto o patrimônio de sua empresa não se confunde 
com seu patrimônio pessoal. Assim, o patrimônio da empresa não se comunica 
com o patrimônio do casal (João e Maria). Portanto, João, com o comando da 
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atividade empresarial, poderá alienar livremente os bens que integram o 
patrimônio da empresa. 
 É isso o que preleciona o art. 978 do CC-02: “Art. 978. O empresário 
casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o 
regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da 
empresa ou gravá-los de ônus real”. Portanto, assertiva correta. 
 
Questão 9 
A questão versa sobre o sigilo dos livros comerciais, princípio consagrado 
pelo art. 1.190 do Código Civil. 
Contudo, tal princípio admite exceções, já que não pode ser oposto à 
ordem judicial ou contra autoridades fiscais, de acordo com o texto estatuído 
nos arts. 1.191 e 1.193. 
Assim, é certo que a afirmativa I é a única que encontra respaldo em 
nosso ordenamento jurídico. Note, ainda, que a assertiva apresentada no item 
II está incorreta, já que limita à exibição dos livros comerciais aos casos onde 
ocorra determinação judicial. 
A utilização dos livros comerciais em processos judiciais é um relevante 
instrumento à disposição da autoridade judicial. Muitas vezes, para que um fato 
possa ser esclarecido em juízo, é necessária a análise desses livros, os quais 
retratam a vida empresarial de uma sociedade com fidelidade, 
consubstanciando-se em um importante meio de prova. Assim, ocorre uma 
perícia contábil, com a produção de laudo técnico, que servirá para fundamentar 
a decisão a ser exarada pelo juiz. 
No caso das autoridades fazendárias, deve-se enfatizar que, para que 
tenham acesso aos livros comerciais, devem estar atuando no exercício da 
fiscalização do pagamento de impostos, não havendo tal permissão legal para o 
exercício de outras funções administrativas. 
 
 
 
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