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A solicitação de exames laboratoriais é uma das grandes aliadas do nutricionista para que seja realizada a prescrição dietética fidedigna e para acompanhamento clínico dos seus pacientes, de acordo com a Lei Federal nº 8.234/1991 e com a Res CFN nº306/2003. Compete ao nutricionista a solicitação de exames laboratoriais necessários à avaliação, à prescrição e à evolução nutricional do cliente-paciente, lembrando que o nutricionista, ao solicitar exames laboratoriais, deve avaliar adequadamente os critérios técnicos e científicos de sua conduta, estando ciente de sua responsabilidade frente aos questionamentos técnicos decorrentes. Como atividade privativa do nutricionista, a assistência dietoterápica hospitalar, ambulatorial e a nível de consultórios de nutrição e dietética, prescrevendo, planejando, analisando, supervisionando e avaliando dietas para enfermos, o CFN atribuiu também ao nutricionista, competência para a solicitação de exames laboratoriais necessários ao acompanhamento dietoterápico. O que são Exames Bioquímicos? Exames bioquímicos são exames complementares que possibilitam averiguar a individualidade bioquímica de cada indivíduo, em conjunto com os sinais clínicos e avaliação dietética. A utilização de exames laboratoriais na prática clínica possibilita a detecção de deficiências nutricionais, risco cardiovascular, controle glicêmico, dentre outras situações clínicas que o nutricionista poderá intervir com o planejamento dietético. Principais Exames Bioquímicos Solicitados por Nutricionistas Exame O que é e qual objetivo da solicitação Valores de referência Glicose • A determinação da glicemia de jejum deve ser feita periodicamente, de acordo com a idade do indivíduo e a presença de fatores de risco para diabetes mellitus. Assim, indivíduos acima de 45 anos deverão realizar testes de glicemia em cada três a cinco anos, utilizando a glicose plasmática de jejum. • Um rastreamento mais frequente (menos de três anos) ou mais precoce (antes dos 45 anos) deve ser efetuado nas seguintes situações: – Na presença de dois ou mais componentes da síndrome plurimetabólica (obesidade, HDL- colesterol baixo, triglicerídeos elevados, hipertensão arterial e doença cardiovascular aterosclerótica); – Em mulheres com história de diabetes gestacional prévio; – Em indivíduos que estejam com mais de 45 anos e apresentem dois ou mais dos fatores de risco abaixo: ▪ História familiar de diabetes em parentes de primeiro grau (pais, filhos e irmãos); ▪ Sedentarismo; ▪ Mulheres com história de abortos de repetição, macrossomia ou mortalidade perinatal; ▪ Uso de medicações hiperglicemiantes (corticosteróides, tiazídicos, betabloqueadores). • AMOSTRA: Sangue (tubo sem anticoagulante). • VR: <100mg/dL em adultos. Insulina • É um peptídeo sintetizado pelas células beta das ilhotas de Langerhans do pâncreas, e sua secreção é controlada pelos níveis de glicemia, estímulos nervosos e hormonais. • Diversas formas de resistência à insulina, por diferentes mecanismos, vêm sendo descritas. A causa mais conhecida é a que acompanha a obesidade, com níveis de insulina elevados e resposta exagerada após a sobrecarga glicídica. Nestes casos, há elevação da insulinemia diante de níveis normais ou altos de glicemia. • AMOSTRA: Sangue (tubo sem anticoagulante). • VR: 2,6 a 25,0mcU/mL Para avaliação da resistência insulínica pode ser utilizado o índice HOMA-IR: HOMA: glicose de jejum (mmol/L) x insulina de jejum (µU/mL) / 22,5 HOMA-IR Feminino 1,36 a 2,44 Masculino 1,54 a 2,66 • A dosagem da insulinemia se altera com a presença de anticorpos anti-insulina; nesses casos, a dosagem do peptídeo C pode ser usada para o estudo de secreção da insulina. Colesterol total • O colesterol é um componente estrutural importante da membrana celular, precursor para biossíntese de ácidos biliares e hormônios esteróides. • Compreende todo o colesterol encontrado em várias lipoproteínas: cerca de 60% a 70% transportados pela LDL-lipoproteína; 20% a 35% pela HDL-lipoproteína; e 5% a 12% pela VLDL-lipoproteína. • AMOSTRA: Sangue (tubo sem anticoagulante). • VR: <190mg/dL é considerado desejável para adultos (SBC, 2017). HDL • Tem relação inversa com o risco de aterosclerose: para cada 1mg/dL de HDL reduzido, o risco para DARC se eleva de 2% a 3%. Isso se deve ao fato de a HDL- lipoproteína estar envolvida no chamado transporte reverso do colesterol a ser metabolizado no fígado, sítio de sua maior excreção. • O colesterol HDL pode ser subdividido em duas classes maiores: HDL 2 e HDL 3, que variam em densidade, tamanho e quantidade de colesterol esterificado. • O HDL 2 é maior, menos denso e com maior efeito protetor. Já o HDL 3 é menor, mais denso e tem menor efeito protetor para doença arterial coronariana (DARC). • Valores de C-HDL dependem de sexo e idade, com tendência a decrescer temporariamente após infarto agudo do miocárdio. • Em doenças da tireóide, seus valores não devem ser usados como estimativa de risco de aterosclerose, uma vez que o • AMOSTRA: Sangue (tubo sem anticoagulante). • VR: >40mg/dL é considerado desejável para adultos (SBC, 2017). hipotireoidismo aumenta e o hipertireoidismo diminui seus níveis. • A terapia de reposição hormonal em mulheres na menopausa aumenta seus índices, reduzindo o risco de DARC. • Preconiza-se uma dieta estável nas três semanas que antecedem a coleta. A variação individual para o HDL é de 3,6% a 12,4%. LDL • A LDL é a maior lipoproteína carreadora de colesterol no plasma e a molécula lipídica mais aterogênica no sangue. Seus valores estão diretamente associados ao prognóstico de risco de DARC. • Vários estudos têm mostrado maior correlação do LDL com o risco de aterosclerose do que o colesterol total. Sua dosagem tem sido a base para decisões sobre início de terapias e dietas. • Pacientes com níveis maiores ou iguais a 160mg/dL são considerados de alto risco para doença coronariana e devem ser submetidos a tratamento para redução de colesterol. • Pacientes borderline (níveis entre 130mg/dL a 159mg/dL) também devem ser tratados se já tiverem dois outros fatores de risco para DARC ou doença aterosclerótica. • MÉTODO: Cálculo pela fórmula de Friedewald, se triglicerídeos menores que 400mg/dL. • AMOSTRA: Sangue (tubo sem anticoagulante). • VR: <130mg/dL para pacientes de baixo risco, <100mg/dL para pacientes de risco intermediário, <70mg/dL para pacientes de alto risco e <50mg/dL para pacientes de altíssimo risco (SBC, 2017). Triglicerídeos • Os triglicerídeos são ésteres de glicerol. Provenientes da dieta, sofrem digestão no duodeno e no íleo proximal. São hidrolisados a glicerol e ácidos graxos livres pela ação de lipases e ácidos biliares. Após a absorção, eles são novamente sintetizados nas células epiteliais intestinais e combinados com colesterol e apolipoproteínas para formar quilomícrons, que, por sua vez, são transportados via ducto torácico para a circulação. • O aumento de triglicerídeos no plasma é indicativo de distúrbios metabólicos. Apesar da controvérsia de seu papel na doença arteriosclerótica, essa elevação, • AMOSTRA: Sangue (tubo sem anticoagulante). • VR: <150mg/dL é considerado desejável para adultos (SBC, 2017). concomitante com níveis de colesterol elevados, é considerada fator de risco para DARC. • Valores altostambém são detectados no diabetes mellitus, na síndrome nefrótica, na pancreatite, em doenças coronarianas e na arteriosclerose. Acima de 2.000mg/dL, eleva o risco de pancreatite aguda. • Também pode elevar-se em consequência do uso de certos medicamentos, como a prednisona Transaminase oxalacética – TGO ou AST • Enzima encontrada no miocárdio, fígado, musculatura esquelética, rim e cérebro, a dosagem de seus níveis auxilia no diagnóstico de doenças cardíacas, hepáticas e musculares. • No infarto do miocárdio, sua atividade eleva-se nas primeiras 12 horas, atingindo um pico em 24 horas e retornando ao normal por volta do quinto dia. Pequenas elevações são observadas durante a gravidez. • Aumenta de forma significativa na necrose hepática, anemias hemolíticas, pancreatite aguda, cirrose hepática, hepatites, icterícia obstrutiva, mononucleose, hipotireoidismo, trauma e infarto cerebral, dermatomiosites, queimaduras severas, distrofias musculares, lesões da musculatura esquelética, cateterismo e angioplastia cardíaca. • Inúmeras drogas comumente usadas podem elevar os níveis de AST (isoniazida, eritromicina, progesterona, esteróides anabólicos etc.), o que a torna útil na monitoração de terapias com substâncias hepatotóxicas. • AMOSTRA: Sangue (tubo sem anticoagulante). • VR: <35U/L. Gama- glutamil- transpeptidase (GGT) • É uma enzima originada principalmente do sistema hepatobiliar, com a função de transferir o ácido glutâmico através das membranas celulares. • Eleva-se em especial nas colestases intra ou extra-hepáticas. • AMOSTRA: Sangue (tubo sem anticoagulante). • VR: Homens até 60U/L Mulheres até 43 U/L • Nas neoplasias hepáticas primárias ou nas alterações do parênquima hepático por metástases, a GGT encontra-se frequentemente alta. • O uso agudo ou crônico de álcool também pode ser diagnosticado pela dosagem desta enzima hepática, que se eleva em pelo menos duas vezes o seu valor de referência após a ingestão. • A liberação da GGT no soro reflete o efeito tóxico do álcool e de outras drogas na estrutura microssomal nas células hepáticas. Anticonvulsivantes, como fenitoína, fenobarbital e ácido valpróico, induzem seu aumento sérico. Fosfatase Alcalina • É uma enzima com ótima atividade in vitro, em pH próximo de 10, presente em muitos tecidos, particularmente no epitélio intestinal, túbulo renal, osteoblastos, fígado e placenta. • A forma presente no soro de adultos normais origina-se principalmente no fígado e no esqueleto e é acentuadamente dependente da idade. Sua função precisa no metabolismo ainda não está de todo compreendida; parece estar associada ao transporte lipídico no intestino e a processos de calcificação óssea. • Sua dosagem é de interesse na investigação de doenças hepatobiliares e ósseas, associadas à hiperatividade osteoblástica. • Observam-se níveis elevados de fosfatase alcalina na doença de Paget; e mulheres no terceiro trimestre de gravidez podem apresentar aumentos em torno de duas a três vezes do intervalo normal, devido à adicional fração placentária. Na osteomalacia, pode-se encontrar aumentos moderados, que diminuem lentamente em resposta à terapia por vitamina D. Visto elevar-se em metástases ósseas e do fígado, esta enzima pode funcionar como marcador tumoral. • AMOSTRA: Sangue (tubo sem anticoagulante). • VR: 38 a 126U/L
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