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PODERES DO ESTADO, FORMAS DE ESTADO E FORMAS DE GOVERNO

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PODERES DO ESTADO, FORMAS DE ESTADO E 
FORMAS DE GOVERNO. 
 
Fernando Mendes Passaes* 
Ivani Ribeiro da Silva** 
José Juarez Tavares Lima*** 
Maria Eliane da Costa Limer **** 
Manoel Fernando Passaes***** 
Mônica Machado Alonso****** 
 
 
RESUMO 
O Presente trabalho traz uma análise da teoria da separação dos poderes do 
Estado e suas respectivas funções, discute as formas de Estado e a Avaliação do Regime 
Federativo e aponta as principais características do Estado federal, além de discutir 
sobre as formas de governo e a análise comparativa entre as experiências parlamentares 
e presidencialistas. 
Palavras chave: Estado, Poderes do Estado, Formas de Governo e Estado Federal. 
 
 
ABSTRACT 
The present paper presents an analysis of the theory of separation of state 
powers and their functions, discusses the forms of state and Federalism Assessment 
Scheme and outlines the main features of the federal state, besides discussing the forms 
of government and comparative analysis presidential and parliamentary experiences. 
Key Words: State, State Powers, Forms of Federal and State Government. 
 
 
Teoria da Separação dos Poderes do Estado 
 
A teoria da separação dos poderes do Estado, também conhecida como 
teoria das funções do Estado, tem gerado divergências entre os tratadistas do Direito 
Público. Deixaremos de lado os pontos polêmicos para nos deter nos pontos 
coincidentes. Em primeiro lugar, temos que o poder do Estado é uno e indivisível, ou, 
no dizer de Dallari: 
 
“Embora seja clássica a expressão separação de poderes, que alguns autores 
desvituaram para divisão dos poderes, é ponto pacífico que o poder do Estado é uno e 
indivisível. É normal e necessário que haja muitos órgãos exercendo o poder soberano 
 
do Estado, mas a unidade do poder não se quebra por tal circunstância. Outro aspecto 
importante a considerar é que existe uma relação muito estreita entre as idéias de 
poder e de função do Estado, havendo mesmo quem sustente que é totalmente 
inadequado falar-se numa separação de poderes, quando o que existe de fato é apenas 
uma distribuição de funções. 1 
 
 
A versão mis antiga da teoria da separação dos poderes do Estado é 
encontrada em Aristóteles, ao demonstrar a sua preocupação em atribuir-se a apenas um 
só indivíduo o exercício do poder e, sobretudo com a impossibilidade prática de que um 
só homem previsse tudo o que nem a lei pode especificar. Segundo Aristóteles, na 
organização da Estado há três partes, que devem merecer especial cuidado: a assembléia 
dos cidadãos, que é o corpo deliberante, o verdadeiro soberano; a magistratura, que são 
os funcionários designados pela assembléia para desmpenhar algumas funções e; o 
corpo judiciário.2 
É Montesquieu quem traça o perfil definitivo dessa teoria no capítulo VI 
do livro I de sua obra De l’esprit des lois, publicada em 1748: “Em todos os Estados 
existem três espécies de poder público: o poder legislativo, o executivo para assuntos 
exteriores e o executivo para a política interna. Pelo primeiro o príncipe ou a autoridade 
elabora novas leis para um certo tempo ou para sempre e aperfeiçoa ou derroga as leis 
antigas. Pelo segundo declara a paz ou a guerra, envia e recebe embaixadas, vela pela 
segurança e se previne de ataques inimigos. Pelo terceiro castiga os crimes e dirime os 
litígios civis.” 
A exigência da separação dos poderes do Estado fica evidente na 
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, aprovada na França em 1789, que em 
seu artigo XVI declara: 
 
Art. XVI. Toda sociedade na qual a garantia dos direitos não está 
assegurada, nem a separação dos poderes determinada, não tem constituição. 
 
A teoria da separação dos poderes, adotada nas constituições da quse 
totalidade dos países, na atualidade, está associada à idéia de Estado democrático, 
sendo, pois uma intrincada constituição doutrinária denominada de freios e contrapesos 
 
* Professor e Coordenador do Curso Tecnológico em Logística da Faculdade Don Domênico. Engenheiro e Mestre em Educação. 
** Professora da Faculdade Don Domênico. Doutora em Comunicação Social pela USP. 
*** Professor e Coordenador do Curso de Geografia da Faculdade Don Domênico. Cientista Político. Mestre e Doutor em 
Geografia Humana pela USP. 
**** Professora da Faculdade Don Domênico. Mestre em Educação. 
*****Professor e Diretor da Faculdade Don Domênico. Mestre em Educação e Doutor em Letras pela USP. 
******Professora e Coordenadora Institucional e de Pós Graduação da Faculdade Don Domênico. Mestre em Educação. 
1
 DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de Teoria Geral do Estado. São Paulo Sariva, 1991, p. 48. 
2
 ARISTÓTELES. A Política. Rio de Janeiro, ed. Tecnoprint, livro III, cap. XI. 
 
(checks and controls). Segundo essa teoria, os atos praticados pelo Estado podem ser de 
duas espécies: ou são atos gerais ou são atos especiais. Segundo Dallari: 
 
“Os atos gerais, que só podem ser praticados pelo Poder Legislativo, 
constituem-se a emissão de regras gerais e abstratas, não se sabendo, no momento de 
serem emitidas, a quem elas irão atingir. Dessa forma, o Poder Legislativo, que só 
pratica atos gerais, não atua concretamente na vida social, não tendo meios para 
comenter abusos de poder nem para beneficiar ou prejudicar a uma pessoa ou a um 
grupo em particular. Só depois de emitida a norma geral é que se abre a possibilidade 
de atuação do Poder Executivo, por meio de atos especiais. O Executivo dispõe de 
meios concretos para agir, mas está igulmente impossibilitado de atuar 
discricionariamente, porque todos os seus atos estão limitados pelos atos gerais 
praticados pelo legislativo. E se houver exorbitância de qualquer dos poderes surge a 
ação fiscalizadora do poder judiciário, obrigando cada um a permanecer nos limites 
de sua respectiva esfera de competências”.3 
 
 
Feita estas considerações temos que poder do Estado é um poder único e 
unitário, cuja definição aponta um poder supremo, produto de um processo de 
concentração de faculdades. No Estado de direito, próprio de toda constituição liberal 
burguesa, fala-se em distinção e divisão de poderes como um princípio orgânico que 
assegura, quando posto em prática, a moderação, o equilíbrio e o controle de todos os 
órgãos com poder do Estado. 
Com a finalidade de alcançar um alto grau de freios e contrapesos no poder 
do Estado, passa-se a diferenciar as três modalidades ou espécies de funções que se 
verifica no Estado contemporâneo: a função Legislativa, a função executiva e a função 
judiciária. 
• Função Legislativa. Expressa o poder do Estado no qual reside a 
faculdade de fazer as leis e reformá-las, sendo, pois, a primeira função do Estado em 
que o poder se manifesta sob a forma de normas gerais e obrigatórias para todos os 
habitantes do território do Estado, é a função legislativa, ou o Poder Legislativo. Assim 
como nos organismos vivos em que cada órgão desempenha uma função, no Estado a 
função específica de fazer Leis é desempenhada por um órgão peculiar, o órgão 
legislativo. Muito freqüentemente, este órgão legislativo recebe a denominação de 
parlamento, Câmara, Assembléia Nacional, Congresso Nacional. Cada país tem sua 
denominação. Entretanto, quando tiverem por objetivo específico a elaboração da 
Constituição do Estado, chama-se Assembléias Constituintes. 
• Função executiva. A Segunda grande função do Estado não diz respeito 
à promulgação da lei que regula a vida social, mas sim aos atos singulares, visando 
 
3
 DALLARI, Dalmo de Abreu. Ob. Cit. P.185. 
 
objetivos concretos, particulares, como a nomeação de funcionários, a execução de 
serviços públicos, arrecadação de impostos, etc. A esta função estatal se dá o nome de 
função executivaou função administrativa, e é desempenhada pelo órgão executivo, 
também denominado Poder executivo. 
A verdadeira natureza do Poder Executivo está em ser ele o motor da vida 
pública do país, dotado, portanto de uma clara e evidente personalidade política, embora 
os mesmos órgãos tenham atribuições puramente executiva de índole administrativa. A 
esse respeito Agesta argumenta que: 
 
“...Antes de ser processo político, o Estado é ação política. Ação política 
intimamente ligada à definição dessas normas jurídicas e à sua aplicação, mas ação 
política que tem o valor de um fenômeno próprio a ser analisado separadamente. Por 
isso, junto ao esquema das funções jurídicas, temos que construir um novo quadro de 
funções políticas... Em termos gerais, é uma atividade propulsora, coordenadora e 
defensora da ordem, cuja característica mais peculiar é uma enorme discricionaridade 
com base na natureza política dos seus atos e em referência imediata à constituição, 
como definição fundamental da unidade de ordem. Casuisticamente, cabe enumerar 
como atos incluídos nessa função aqueles que se referem às relações entre os órgãos 
supremos do Estado, como seja a escolha de membros do judiciário, adissolução de 
uma assembléia etc.; os de direção e desenvolvimento da ordem interna especialmente 
a iniciativa da lei; os que afetam a política exterior e as relações internacionais, em 
que se considera o Estado como unidade ativa; a defesa da ordem nas situações de 
exceção e a adoção de medidas em casos de necessidade, como guerras, calamidades, 
desordens públicas etc., bem como os atos relativos ao comando do exército na guerra 
e na paz.”4 
 
 
• Função judiciária. Consiste no exercício de uma atividade específica do 
Estado: a de aplicar a lei aos casos concretos, de índole litigiosa e controversa, mediante 
os mecanismos da interpretação. Assim, terceira função do Estado é aquela voltada para 
a resolução de conflitos entre os cidadãos em razão da aplicação da lei. Esta função 
aparece quando o Estado julga e pune os infratores das leis por ele editadas. O órgão 
judiciário é formado por juízes e tribunais cuja função precípua é a de interpretar e 
aplicar a lei nos dissídios surgidos entre os cidadãos ou entre os cidadãos e o Estado. 
Convém lembrar que nem toda a função jurisdicional do Estado está a cargo do Poder 
Judiciário. O Executivo também exerce funções jurisdicionais em processos 
administrativos e, em muitos Estados, o Legislativo desempenha a função de processar 
e julgar o Presidente da República e Ministros de Estado. 
 
 
 
4
 AGESTA, L. Sánchez. Gobierno y responsabilidad. In: Experiencias políticas del mundo actual. 
Madrid, 1962, p. 80. 
 
Formas de Estado e a Avaliação do Regime Federativo 
Os Estados podem assumir várias formas sendo as mais importantes: 
• soberanos e semi-soberanos. Diz-se que um Estado é soberano quando 
é reconhecida a plena autonomia política, administrativa, juridíca e econômica no plano 
da atividade interna e externa, isto é, nas suas relações internacionais. Já o Estado semi-
soberano é aquele que goza de relativa autonomia política e administrativa. São 
também denominados Estados protegidos e protetorados. É pois, a situação de um 
Estado estrangeiro que é colocado sob autoridade de outro Estado, principalmente no 
que concerne às relações exteriores e à segurança: a Tunísia e o Marrocos foram 
protetorados franceses. 
• Unitários e federais. Diz-se que um Estado é unitário quando esta 
subordinado apenas a uma esfera de Direito Público, que é o goveno nacional. Como 
exemplo, a Bélgica, a França, a Itália e Portugal. Já o Estado federal é dotado de duas 
esferas de Direito Público, a nacional e a provincial, caracteriza-se pela aliança política 
de Estados, que constitui, no Direito internacional, uma unidade estatal superior aos 
Estados membros e detentora exclusiva da soberania externa. 
•Simples e compostos. Como Estado simples temos o Estado unitário. O 
Estado composto assume a forma de três tipos: a Confederação, a União pessoal e a 
união real. 
• Confederação. Caracteriza-se pelo contrato segundo o qual dois ou mais 
Estados independentes se unem para fins de defesa externa e interna, sendo, pois, um 
elo com base no serviço militar para melhor atender a sua defesa. É a união de Estados 
que, conservando governo próprio, se submetem a um poder central, no qual quase 
todas as decisões são tomadas por consentimento dos Estados confederados. Pode ter o 
significado de aliança de várias nações para realização de um objetivo comum. 
• União pessoal. Caracteriza-se pela união precária em função de um 
governo comum, isto é, quando dois ou mais Estados soberanos passam a ser 
governados por um só chefe de Estado. Esta forma era comum nas monarquias 
hereditárias, quando um rei podia ser herdeiro de duas coroas, tal como ocorreu entre 
Espanha e Portugal, entre 1580 e 1640. 
• União real - ocorre quando os Estados distintos na sua organização 
interna apresentam-se sob uma mesma unidade nas relações internacionais, como, por 
exemplo, a Grã-Bretanha, União formada entre Inglaterra, Escócia e Irlanda, em 1707. 
 
Quanto à forma federativa de Estado, temos que os Estados-membros não 
são, a rigor, verdadeiros Estados, uma vez que não gozam de autonomia absoluta, 
caracterizando-se pela simples posição de província ou subestado. Ademais, a legislação 
dos estados-membros só vigora quando não fere algum princípio da Constituição 
Federal. 
Convém salientar a posição dos adeptos de Montesquíeu, ou, mais 
recentemente, da escola francesa, que preconiza o principio da soberania una, não 
cabendo, portanto, a sua distinção entre o Estado federal e os Estados-membros da 
Federação. Entretanto, há de se ressaltar que, mesmo os Estados-membros não sendo 
soberanos na acepção da palavra, são, no mínimo, autônomos, sendo de sua 
competência tudo aquilo que não for atribuído expressamente ao Estado Federal. Assim, 
ao Estado federal cabe zelar pela soberania e atribuir a competência, fixando o limite do 
poder atribuído aos Estados-membros, cabendo a estes participação no poder federal, 
como bem argumenta Paupério: 
 
Dentro dos limites fixados pela Constituição federal, os Estados-membros 
gozam da faculdade de aut~rganizaçáo. Onde falta esta não há Estado federal e, sim, 
Estado unitário. Não há federalismo sem autonomia dos Estados-membros, mas estes 
também devem concorrer para a formação da vontade federal, participando do poder 
central.5 
 
O Estado federal surgiu em 1787, nos Estados Unidos da América, com a 
convenção da cidade de Filadélfia, momento em que houve a conversão da 
confederação dos Estados americanos articulada com a declaração de independência de 
1776. 
 
Características do Estado federal 
As características fundamentais do Estado federal são: 
• a União faz nascer um novo Estado, e aqueles que aderem à federação 
perdem a condição de Estado; 
• na federação não existe direito de sucessão, isto é, um Estado não pode 
retirar-se da federação por meios legais; 
• só o Estado federal tem soberania; 
• no Estado federal as atribuições da União e dos Estados-membros são 
fixadas na Constituição mediante distribuição de competência; 
 
5
 PAUPÉRIO, A. Machado. Teoria do Estado Resumida. Rio de Janeiro, Fritas Bastos, 1985. P.117. 
 
• a cada esfera de competência se atribui renda própria; 
•o poder politico é compartilhado pela União e pelos Estados-membros; 
•o cidadão, ao aderir à federação, adquire a cidadania do Estado federal e 
perde a anterior. 
 
Aspectos favoráveis à forma de Estado federal 
Podemos destacar alguns aspectos favoráveis á forma de Estado federal, 
que têm determinado a tendência atual para a organizaçãofederativa. 
• Impedir ou ao menos dificultar a formação de governos totalitários uma 
vez que impede a acumulação do poder em apenas um órgão, isto é, dificulta a 
concentração do poder. 
• Permitir a defesa da democracia, ao aproximar os governantes e 
governados pela participação do povo nos órgãos do poder local e, através deles, influir 
no Governo central. 
• Preservar as características locais e regionais, ao passo que promove a 
integração, reserva uma esfera de ação autónoma a cada Estado-membro, ou seja, o 
Estado que integrar a federação conserva os seus valores e suas características 
peculiares. 
• Aumentar o poder dos Estados. A conjugação de esforços fomentada pela 
federação propicia a integração dos Estados em unidades que são naturalmente mais 
fortes, em todos os sentidos. 
 
Formas de Governo e a Análise Comparativa Entre as Experiências 
Parlamentares e Presidencialistas 
 
A mais antiga classificação das formas de governo é a de Aristóteles, 
apresentada em sua obra A política: 
 
As palavras constituição e governo significam a mesma coisa, pois o 
governo é a autoridade suprema nos Estados, e que necessariamente essa autoridade 
suprema deve estar nas mãos de um só, de vários ou da multidão, segue-se que quando 
um só, ou vários ou a multidão usam da autoridade tendo em vista o interesse geral, a 
Constituição é pura e sã: e que, se o governo tem em vista o interesse particular de um 
só, de vários ou da multidão, a Constituição é impura e corrompida.6 
 
Modernamente, a classificação de Aristóteles pode ser explicada da 
 
6
 ARISTÓTELES. A Política. Rio de Janeiro, Ed. Tecnoprint, 1965, livro III, Cap. V. 
 
seguinte forma: se o governo é exercido por um só, visando o bem comum, é a 
monarquia, ou a realeza; se o governo é exercido por um só, mas no próprio interesse, 
oprimindo os governados, é a tirania ou despotia, que, como se observa, é a forma 
corrupta ou anónima da monarquia; se o governo é exercido por uma minoria 
privilegiada, é dizer, pela nobreza, em beneficio de todos os governados, é a 
aristocracia; se o governo for exercido por essa minoria mas em proveito próprio, temos 
a forma corrupta ou degenerada da aristocracia, denominada oligarquia; se o governo é 
ou pode ser exercido por todos os cidadãos, visando o bem comum, é a democracia; se 
o governo é exercido pelas multidões revoltadas, ou se estas influenciam diretamente os 
governantes, oprimindo os governados, temos a forma impura da democracia, que é 
denominada demagogia. 
Maquiavel, na sua obra Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio, 
apresenta a sua teoria de ciclos de governo. Partindo de um estado anárquico, que 
existiu no início da vida em sociedade, os homens, para se defender, escolheram como 
chefe o mais robusto. Após várias escolhas, perceberam que aqueles atributos não 
indicavam um bom chefe, passando a escolher o mais justo e sensato. Essa monarquia 
eletiva foi transformada em hereditária, que foi degenerada pelos próprios herdeiros, 
surgindo a tirania. Os mais ricos e nobres conspiraram, apoderando-se do governo, 
instituindo a aristocracia voltada para o bem comum. Os seus descendentes esqueceram 
os males da tirania e passaram a governar em proveito próprio, transformando a 
aristocracia em oligarquia. O povo, revoltando-se contra a oligarquia, destituiu os 
oligarcas, instaurando o governo popular ou democrático. O próprio povo degenerou a 
democracia, ao utilizar o governo para fins próprios, gerando a anarquia, voltando-se ao 
ponto de partida do ciclo de governo. 
Com a publicação da obra De l'espírit des lois, por Montesquieu, surgiu a 
classificação que agrupa os governos em três grupos distintos: o Republicano, o 
Monárquico e o Despótico. Segundo esse autor, estas formas de governo possuem as 
seguintes características: 
 
O governo republicano é aquele em que o povo, como um todo, ou somente 
uma parcela do povo, possui o poder soberano; a monarquia é aquele em que um só 
governa, mas de acordo com as leis fixas e estabelecidas, enquanto no governo 
despótico, uma só pessoa, sem obedecer a leis e regras, realiza tudo por sua vontade e 
seus caprichos.7 
 
 
7
 MONTESQUIEU, Apud DALLARI. Ob. Cit. P.190. 
 
Nos Estados modernos os tipos mais comuns de governo são a república e 
a monarquia. As repúblicas são classificadas em aristocráticas e democráticas. Nas 
repúblicas aristocráticas, o direito de eleger os órgãos do poder é exercido por uma 
classe privilegiada, excluindo-se a “classe popular”. Já na república democrática o 
direito de eleger e ser eleito é exercido por todos, sem distinção de classe, observando-
se apenas as exigências legais quanto à capacidade civil para praticar atos jurídicos. 
Modernamente, duas são as formas de governo: 
• Monarquia - cuja definição pode ser dada como o sistema político em 
que o cargo de chefe do Poder Executivo é vitalício, hereditário e sem responsabilidade. 
A definição comumente utilizada coloca que monarquia é o sistema de governo em que 
o poder político está concentrado nas mãos de uma só pessoa, o qual é exercido por ela 
ou por delegação dela. A monarquia pode ser absoluta ou constitucional. Na monarquia 
absoluta o poder político é exercido pelo monarca e a sua vontade deve ser 
juridicamente a mais alta, não depende de nenhuma outra; o Estado é o rei. Na 
monarquia constitucional, o monarca não tem poder absoluto, os seus poderes emanam 
da Constituição. A monarquia constitucional pode ser parlamentar, quando é adotado o 
regime parlamentar, em que o governo é desempenhado por um gabinete fiscalizado 
pelo Parlamento, ou, representativa, quando junto ao monarca funciona uma assembléia 
constituída pelo povo. 
Monarquia é, pois, o Estado cuja organização política estabelece a 
existência de um só governante, ou ainda, Estado dirigido por um rei ou um imperador, 
geralmente sob o regime de governo hereditário. Pode existir soba forma de Monarquia 
absoluta, aquela em que o poder do monarca não é controlado por nenhum outro; 
Monarquia constitucional, aquela em que a autoridade do príncipe é limitada por uma 
constituição ou; Monarquia parlamentar, monarquia constitucional na qual o 
governante é responsável perante o Parlamento. 
• República - consiste no sistema político em que os cargos de chefe do 
Poder Executivo e dos membros do Poder Legislativo são eletivos, temporários e 
responsáveis. A república pode ser parlamentar e presidencialista. Na república 
parlamentar o Poder Executivo é exercido pelo gabinete e não pelo Presidente da 
República. Na república presidencialista, o Poder Executivo é exercido pelo Presidente 
da República. É o governo de um Estado no qual o povo exerce a soberania diretamente 
ou por meio de representantes eleitos. 
 
 
Regime de Governo 
Podemos identificar dois regimes de governo cada qual caracterizado pelas 
relações entre os poderes Legislativo e Executivo: o regime presidencialista e o regime 
parlamentarista. Para Queiroz Lima: 
 
“As formas representativas de governo podem ser divididas em dois grandes 
ramos - regime presidencial e regime parlamentar - conforme a natureza e o grau das 
relações entre o Poder Legislativo e o Executivo. Enquanto o regime presidencial é 
exclusivamente aplicável nos estados republicanos, o regime parlamentar se estende, 
hoje, com igual propriedade a monarquias e repúblicas.”8 
 
Seguindo este mesmo sentido de análise, temos, em Dallari, as seguintes 
observações: 
 
“(...)E preciso lembrar que, não obstante ter nascido na Inglaterra, onde 
coexistem a monarquia e o sistema bipartidário, o parlamentarismo foi implantado 
também em Estados que têm governo republicano e sistema bipartidário, o que 
obrigou a certas adaptações, indispensáveispara possibilitar o funcionamento do 
sistema”.9 
 
Nos sistemas que adotam o bipartidarismo, o Primeiro Ministro é indicado 
pelo partido que detém o maior número de representantes no Parlamento. Já nos 
sistemas pluripartidários, em que é quase impossível que um partido obtenha a maioria 
dos representantes no Parlamento, existe, pois, a necessidade de coalisão para compor a 
maioria parlamentar. Dessa coalizão é que sai a escolha do primeiro ministro, que nem 
sempre é um membro do maior partido. 
 
Características do Regime Parlamentarista 
Regime Parlamentarista de governo é o Regime democrático fundado na 
separação e colaboração dos poderes, no qual o governo, exercido por um gabinete 
sobre a chefia de um Primeiro-ministro, é coletivamente responsável perante o 
Parlamento. 
A partir das considerações acima, podemos traçar as características do 
regime parlamentarista da seguinte forma: 
•••• Distinção entre chefe de Estado e chefe de Governo - o monarca ou 
presidente, enquanto chefe de Estado, não participa das decisões políticas, cabendo-lhe 
a função de representação do Estado e, por isso, recebe a denominação de chefe de 
 
8
 LIMA, Euzébio Queiroz. Princípios de Sociologia Jurídica. Rio de Janeiro, Freitas Bastos, 1941, p.331. 
9
 DALLARI. Ob. Cit. P.198. 
 
Estado. Já o chefe de Governo é figura central do parlamentarismo, uma vez que é ele 
quem exerce o Poder Executivo. E indicado pelo chefe de estado, tornando-se primeiro 
ministro após a aprovação da maioria parlamentar. 
•••• Chefia de governo com responsabilidade política - dois fatores podem 
ocasionar a demissão do primeiro ministro ou a queda do governo: a perda da maioria 
parlamentar ou o voto de desconfiança. E de se notar que o chefe de Governo é 
escolhido para mandato sem prazo determinado, e quando o partido ao qual pertence 
perde a maioria parlamentar, ou quando um parlamentar, desaprovando a política 
desenvolvida pelo Governo, propõe ao Parlamento um voto de desconfiança, se aceito, 
o primeiro ministro deve demitir-se. 
•••• Possibilidade de dissolução do Parlamento - característica importante 
do sistema inglês. Ocorre quando o primeiro ministro percebe que só conta com uma 
pequena maiona e acredita que a realização de eleições gerais irá resultar numa 
ampliação dessa maioria. Ou, então, e isto se aplica mais aos sistemas pluripartidários, 
quando o Primeiro Ministro recebe um voto de desconfiança, mas entende que o 
Parlamento é que se acha em desacordo com a vontade popular. Nesses casos, ele pode 
pedir ao chefe de Estado que declare extintos os mandatos e, pelo mesmo ato, convoque 
novas eleições gerais. 
 
Características do Regime Presidencialista 
O Regime presidencialista de Governo é Regime político em que a chefia 
do governo cabe ao presidente da república, mantendo-se a independência e a harmonia 
entre os três poderes do Estado: executivo, legislativo e judiciário. Segundo Calmon, 
este regime é uma adaptação, ao governo republicano, da influência pessoal dos antigos 
reis. O primeiro regime presidencialista foi o da América do Norte: exatamente as 
constituintes quiseram revestir o alto magistrado com o poder de resistir ao Congresso, 
como Jorge III resistia ao Parlamento inglês. O Presidente da República, eleito direta ou 
indiretamente pelo povo, representa o povo e o Congresso Nacional. O seu mandato é 
irrevogável; não pode dissolver a Assembléia; exerce o mandato com autoridade própria 
e responsável; imprime, aos acontecimentos, a sua marca pessoal. 
Neste mesmo sentido, é o argumento de Azambuja, ao dizer: 
 
“O traço fundamental do sistema presidencial é que o Poder Executivo é 
exercido de maneira autônoma pelo Presidente da República, que é um órgão do 
Estado, um órgão representativo, como o Parlamento, pois, como este, é eleito pelo 
 
voto. E o Presidente, chefe do Estado e chefe do Executivo, traçando a política geral 
e dirigindo a administração, com inteira autonomia em relação ao Legislativo. Os 
Ministros são seus auxiliares, por ele nomeados e demitidos livremente, e não têm 
política própria, e sim a do Presidente”.10 
 
 
A partir dessas colocações, podemos traçar as características gerais do 
regime presidencialista: 
•••• O Presidente da República é escolhido por um prazo determinado - o 
Presidente é escolhido para governar por um prazo fixo e determinado; existem, porém, 
alguns países em que a escolha é feita por disposição constitucional: um colégio 
eleitoral que o faz. 
•••• O Presidente da República é escolhido pelo povo - quem escolhe o 
Presidente da República, de forma direta ou indireta, é o povo. No primeiro caso, temos 
a eleição direta, em que o povo vota diretamente para a escolha do Presidente. No 
segundo caso, temos a eleição indireta, em que se atribui a um colégio eleitoral a 
competência para eleger o Presidente da Republica em nome do povo. 
•••• A chefia do Executivo é exercida de forma unipessoal - quem fixa as 
diretrizes do Poder Executivo é o Presidente da República, que pode lançar mão de um 
corpo de auxiliares diretos, os Ministros, que não são responsabilizadas pelos atos de 
governo, sendo demissíveis a qualquer momento. Mesmo o Vice-presidente não recebe 
qualquer atribuição, só tomando ciência dos atos de governo quando estes são públicos 
ou quando o Presidente da República permitir. 
•••• O Presidente da República assume a chefia do Estado e do Governo - 
o Presidente exerce o papel de vínculo moral do Estado e de representação 
conjuntamente com as funções executivas, exercendo, inclusive, atribuições políticas de 
grande envergadura, caracterizando a chefia de governo. 
•••• O poder de veto - o Presidente da República tem poder de veto, isto é, 
tem o poder de interferir nas atividades legislativas. As leis aprovadas pelo Legislativo 
são submetidas à sanção do Presidente da República que, se considerar o projeto 
inconstitucional ou inconveniente, veta-o, negando-lhe sanção e comunicando sua 
decisão ao Poder Legislativo, que deve apreciar o veto do Presidente mediante votação 
especial, podendo rejeitá-lo ou aprová-lo. 
 
Avaliação entre experiências Parlamentares e Presidencialistas 
 
10
 AZAMBUJA, Darcy. Ob. Cit. P.271-272 
 
Tendo como base as características dos regimes parlamentaristas e 
presidencialistas acima citadas, podemos apresentar a seguinte avaliação entre 
experiências parlamentaristas e presidencialistas: 
1- No que se refere às experiências parlamentaristas, temos que os seus 
defensores apontaram maior nacionalidade e menos personalismo, uma vez que existe a 
atribuição da responsabilidade política ao chefe do Executivo, sendo que a política do 
Estado é transferida ao Parlamento, órgão representativo das grandes tendências do 
povo. 
2- Como ponto negativo, podemos apontar a sua fragilidade e instabilidade 
ao sujeitar-se passivamente ao jogo das relações sociais, constituindo-se mero vigilante 
destas. Aliás, a história tem provado a necessidade de um Estado atuante, com 
participação ativa na organização da vida social: o do precisa de maior dinamismo e 
mais energia acima daqueles proporcionados pelo parlamentarismo. 
Quanto às experiências presidencialistas, segundo Dallari: 
 
“O regime presidencial tem sido preferido nos lugares e nas épocas em que 
se deseja o fortalecimento do Poder Executivo, sem quebra da formal separação dos 
Poderes ... A rapidez no decidir e no concretizar as decisões, a unidade de comando e 
a energia na utilização dos recursos do Estado, é considerado altamente vantajoso 
numa época em que se procura aumentar a eficiência do Estado, não enfraquecê-lo.”11 
 
Segundo este mesmo autor, o principal argumento utilizado contra o 
regime presidencialista é o de que ele constitui,na prática, uma ditadura a prazo fixo, 
pois o Presidente da República, eleito por tempo certo e sem efetiva responsabilidade 
política, pode agir contra a vontade do povo ou do Congresso, sem que existam meios 
normais de afastá-lo do poder. Aliás, o impeachment previsto nos sistemas 
presidencialistas é uma figura de Direito Penal, que só permite o afastamento do 
Presidente se este cometer crime. 
 
Considerações Finais 
A doutrina sempre apontou dificuldades tanto quanto à conceituação de 
Estado federal e como ao regime federativo. Todavia, hoje é consenso que o Estado 
federal é fruto de um acordo normativo, abandonando-se a idéia de uma união de 
Estados sob um contrato. 
É de se notar que, na prática, o Poder Executivo tem-se apresentado mais 
 
11
 DALLARI, Dalmo de Abreu. Ob. Cit. P.206-207. 
 
forte do que o Poder Legislativo, obtendo deste o que quer agindo como um verdadeiro 
ditador pelo uso da caneta. No sistema bicameral, em que existe a necessidade de 
votação em duas câmaras e em dois turnos, a prática tem demonstrado que, se um 
projeto de interesse do Poder Executivo é derrotado em primeira votação, na segunda 
dificilmente o é, porque o Poder Executivo age como um verdadeiro ditador, ameaçando 
parlamentares, ou mesmo distribuindo verbas ou cargos públicos, nesse ponto vence o 
fisiologismo. 
 
Referências Bibliográficas 
AGESTA, L. Sánchez. Gobierno y responsabilidad. In: Experiencias políticas del 
mundo actual. Madrid, 1962. 
ARISTÓTELES. A Política. Rio de Janeiro: Editora Tecnoprint. 
DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de Teoria Geral do Estado. São Paulo: 
Editora Saraiva, 1991. 
LIMA, Euzébio Queiroz. Princípios de Sociologia Jurídica. Rio de Janeiro: Editora 
Freitas Bastos, 1941. 
PAUPÉRIO, A. Machado. Teoria do Estado Resumida. Rio de Janeiro: Editora Freitas 
Bastos, 1985.

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