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Manifesto de repudio a PUC Campinas

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Informação para fazer a cabeça 
 
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Manifesto de Repúdio ao racismo presente na PUC Campinas 
 
O racismo é uma violência que mata, adoece, incapacita. É dever de toda 
instituição educacional não apenas entender mas garantir que o lugar do negro 
seja dentro da sala de aula como estudantes, professores e pesquisadores. Essa 
inclusão deve ser quantitativa e prezar pela qualidade, pela promoção de um 
ambiente seguro onde cada estudante negro possa desenvolver todo seu 
potencial acadêmico. 
Negar o racismo é mais uma estratégia de manutenção do racismo. Num país 
como o nosso, onde o racismo é um elemento estruturante dessa sociedade, 
não se pode fechar os olhos para quando atitudes assim acontecem. O dever de 
uma instituição de ensino é promover o debate, fomentar a discussão e, acima 
de tudo, não ser conivente com tais práticas. Não pode incorrer em violentar 
duplamente quem está sendo a vítima. 
Necessário e urgente perceber que a população negra vem sendo há séculos 
violentada e tendo seu acesso à cidadania negado por conta desse sistema 
ideológico que visa mantê-la à margem da sociedade. Logo, quando uma 
denúncia é feita, está se combatendo esse sistema e não pessoas. Pessoas que 
sentem ofendidas com determinadas denúncias são as mesmas que estão sendo 
privilegiadas há gerações por esse mesmo sistema. Questionar privilégios é o 
primeiro passo para se combater o racismo. 
Como entender que uma instituição universitária que se diz compromissada 
com valores como solidariedade, compromisso social, pró atividade, 
responsabilidade com a formação integral da pessoa humana possa aceitar que 
atitudes racistas sejam repetidas vezes apresentadas por seus alunos? E, diante 
 
Informação para fazer a cabeça 
 
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das denúncias deste racismo, argumentar cinicamente que aqueles que estão 
sendo denunciados estão se sentido prejudicados? Como essas pessoas podem 
se dizer ofendidas pelo fato de uma aluna negra denunciar o racismo que sofre? 
Por que se ofendem com a denúncia e não com o racismo que violenta? Estes 
são questionamentos necessários para quem diz querer combater esse mal. 
Stephanie Ribeiro, mulher, negra, feminista, única estudante de Arquitetura e 
Urbanismo numa turma com outros 200 não negros teve sua liberdade de 
expressão cerceada quando seus comentários nas redes sociais sobre o racismo 
sofrido se tornaram conversas nos corredores da instituição. Logo em seguida, 
alguém e sentiu confortável o bastante para pixar em seu armário uma frase 
que em retrospecto parece profética - “Não ligamos para as bostas que você 
posta no Facebook”. Essa também tem sido a resposta própria PUC Campinas 
que, além de não verificar as denúncias sobre as violências a que tem sido 
submetida a estudante e providenciar a devida assistência agora compactua 
para a promoção do racismo ao retirar a jovem da sala de aula e submetê-la a 
uma reunião com diretores da instituição, onde foi informada de que Pais, 
Alunos e Professores estão se sentindo prejudicados por suas denúncias. 
Racismo jamais é um mal entendido da parte de quem o sofre, a preocupação 
destas pessoas e da própria PUC Campinas deveria ser com a existência de 
tamanha violência dentro da instituição, ao invés de possuírem a necessidade 
de mascará-lo com o argumento de que somos todos humanos e desta forma 
tratados da mesma maneira. 
Utilizar a desculpa de que somos todos humanos só encoberta a questão do 
racismo, não se pode invocar o conceito de igualdade abstrata quando na 
prática, o que se verifica é a desigualdade; a começar pelo número de 
estudantes negros e negras e do corpo docente. Apenas dizer “somos todos 
humanos”, é mais uma forma de manutenção de poder e das opressões, porque 
 
Informação para fazer a cabeça 
 
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sabemos que socialmente uns são mais humanos do que outros. Que somos 
tratados desigualmente. 
Negar o racismo é ser conivente com ele. Exigimos que as denúncias feitas 
sejam averiguadas e que Stephanie Ribeiro tenha salvaguardado seu direito de 
frequentar a universidade sem ser hostilizada e intimidada. 
Repudiamos as atitudes racistas sofridas por Stephanie Ribeiro e 
consequentemente a inércia da instituição PUC Campinas ao não tomar uma 
atitude condizente com o enfrentamento do racismo, ser conivente com ele. 
Não admitiremos que mais uma vítima seja silenciada, que mais um relato seja 
deslegitimado e que um crime seja tratado com a naturalidade de um sistema 
que cerceia direitos e violenta pessoas. Não aceitaremos que a hegemonia 
branca atinja e prejudique nosso direito a uma educação digna. Exigimos que as 
denúncias de racismo sejam apuradas bem como a integridade física e 
psicológica da aluna seja garantida. 
 
São Paulo, 09 de Maio de 2014 
 
SUBSCREVEM ESTE DOUMENTO 
 
Entidades, organizações e movimentos sociais: 
Blogueiras Negras – blogueirasnegras.org; 
FPLP-SP – Fórum de Promotoras Legais Populares de São Paulo; 
FME-SP – Fórum Municipal de Educação de São Paulo; 
 
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Mapô - Núcleo de Estudos Interdisciplinar em Raça, Gênero e Sexualidade da 
UNIFESP - Guarulhos; 
Coletivo Negro da UNIFESP - Guarulhos; 
Coletivo de Mulheres da Baixada Santista; 
Moce você é Racista – fb.com/ pages/Moçe-Você-É-Racista/586164718067661; 
 
Juristas, professores/as e personalidades:

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