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PROPRIEDADES DA BIOMASSA PARA A GERAÇÃO DE ENERGIA Prof. Juliana Ceccato Ferreira, Mestranda em Bioenergia – UFPR Orientadora: Dra. Prof. Graciela Inês Bolzon de Muñiz Co-Orientadora: Dra. Prof. Martha Andréia Brand DENSIDADE – MASSA ESPECÍFICA A condução dos povoamentos florestais destinados a fornecer material para os diferentes setores industriais só é possível através do controle da qualidade da madeira produzida, a qual é feita principalmente pela avaliação da massa específica básica (MEB) da madeira, que está diretamente correlacionada com o rendimento em peso, com as propriedades físico-mecânicas da madeira e com a composição celular A MEB é uma característica complexa, resultante da interação de fatores físicos, químicos e anatômicos. Sofre variações em função da idade fisiológica da planta, procedência, local de origem, espaçamento, taxa de crescimento, entre gêneros, espécies, árvores da mesma espécie e dentro da mesma árvore no sentido base-topo e medula-casca ASPECTOS IMPORTANTES Quantidade de massa contida em um determinado volume de material. Usado em cálculos econômicos; Custo de transporte Para grande peso requer grande volume. Material destinado à geração de energia: Quanto maior a quantidade de massa por volume, menor o espaço disponível para o armazenamento de água. MÉTODO DE DETERMINAÇÃO Método da balança gravimétrica, segundo a norma NBR 11941 da ABNT. O método é gravimétrico (Método da Balança Hidrostática) e se baseia no deslocamento da água quando a amostra, completamente saturada é imersa na mesma. Usado para madeira sólida ou cavaco. DETERMINAÇÃO DA MEB MEB= Ps/Vs MEB= Massa específica básica (kg/m³); Ps= peso absolutamente seco (0% u) do material (103oC) (kg); Vs= Volume saturado do material (m³). VARIAÇÃO DA MASSA ESPECÍFICA BÁSICA (MEB) DA MADEIRA AO LONGO DO TRONCO, PARA POVOAMENTOS DE PINUS TAEDA, COM 11, 24 E 32 ANOS DE IDADE. MASSA ESPECÍFICA BÁSICA (MEB) PARA CAVACOS DE DIFERENTES ESPÉCIES FLORESTAIS (g/cm³) MASSA ESPECÍFICA BÁSICA E PODER CALORÍFICO SUPERIOR DE ESPÉCIES FLORESTAIS Espécie PCS (kcal/kg) MEB (kg/m³) Brosimun rubescens (Pau- marfim) 4798 910 Carapa guianensis Aubl. (Andiroba 4633 430 Cedrela odorata (Cedro) 4707 380 Dipteryx odorata Willd. (Cumaru) 4866 1080 Luehea sp. (Açoita cavalo) 4836 719 Eugenia sp. (Goiaba) 4599 707 Fonte: Brand, 2010. MASSA ESPECÍFICA BÁSICA E PODER CALORÍFICO SUPERIOR DE ESPÉCIES FLORESTAIS Espécie PS (kcal/kg) MEB (kg/m³) Cavacos de casca de pinus 5116 260 Cavacos de casca de eucalipto 4432 284 Cavacos de pinus com casca 4806 307 Cavacos de pinus sem casca 4766 314 Cavacos de eucalipto com casca 4595 398 Cavaco de eucalipto sem casca 4600 425 Serragem de pinus 4772 185 Fonte: Brand, 2010. VARIAÇÃO DA DENSIDADE BÁSCIA DOS RESÍDUOS DE MADEIRA DE PINUS AO LONGO DA PROFUNDIDADE, EM DIFERENTES PERÍODOS DE AMRAZENAMENTO Fonte: Brand et al. s.d. PODER CALORÍFICO VOLUMÉTRICO MEB= kg/m³ PCS= kcal/kg Ex: 3500 kcal ------- 1 kg 450 kg ------- 1 m³ x kcal ------- 1m³ 1575000 kcal (1575 Mcal/m³)---- 1 m³ Fonte: Brand, 2010. PCS volumétrico (kcal/m³) RELAÇÃO ENTRE MEB (kg/m³) E PCS VOLUMÉTRICO (Mcal/m³) DE CAVACOS DE PINUS E EUCALIPTO COM CASCA PCS vol. PCC (y = 4,9082x - 31,111) R2 = 0,9891 PCS vol. ECC (y = 4,7225x - 50,459) R2 = 0,9742 1000 1300 1600 1900 2200 2500 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 Massa específica básica (kg/m3) Pod er c alo rífi co vol um étri co (M cal/ kg) PCS volumétrico PCC PCS volumétrico ECC Linear (PCS volumétrico PCC) Linear (PCS volumétrico ECC) Tipo de biomassa PCS (kcal/kg) MEB (kg/m³) PCS volumétrico (Mcal/m³) Cavaco de casca de pinus 5116 260 1329 Cavaco de casca de eucalipto 4432 284 1260 Cavaco de Pinus taeda com casca 4806 307 1475 Cavaco de Pinus taeda sem casca 4766 314 1498 Cavaco de Eucalyptus dunnii com casca 4595 398 1830 Cavaco de Eucalyptus dunnii sem casca 4600 425 1953 Fonte: Brand, 2010. MASSA ESPECÍFICA APARENTE Influenciada pelo teor de umidade do material e granulometria MEap= massa específica aparente em um dado teor de umidade (g/cm³); Mu%= massa de biomassa em um dado teor de umidade (g); Vu%= volume de biomassa em um dado teor de umidade (cm³). Determinação auxilia na seleção ideal da granulometria do cavaco a ser produzido, em caso de venda por tonelada ou metro cúbico. % % Vu Mu MEap RELAÇÃO ENTRE TEOR DE UMIDADE E MASSA ESPECÍFICA APARENTE PARA DIFERENTES BIOMASSAS Tipo de biomassa ME aparente (kg/m³) TU na base verde (%) Cavaco de eucalipto com casca 301 42 Cavaco de pinus com casca 319 58 Serragem de pinus 323 56 Bagaço de cana-de- açúcar 200 50 Fonte: Brand, 2010. DENSIDADE A GRANEL 3 2 1 3 2 1 Velocidades de corte do picador 1- 10 m/s 2- 25,5 m/s 3- 45 m/s DENSIDADE A GRANEL BIODEGRADAÇÃO Processo que causa a perda de material na biomassa. Decomposição causada por micro-organismos e processos de oxidação química. Os agentes físicos e químicos atuam em conjunto com os biológicos na madeira, acelerando o processo de deterioração. Destes agentes, os biológicos são os de maior importância, sendo os fungos os responsáveis pela maior proporção de danos causados à madeira, uma vez que eles ocorrem com maior freqüência neste tipo de material. ARMAZENAMENTO DO MATERIAL EM PILHAS Aumento do aquecimento interno da pilha, liberação de CO2 e H2O Degradação física e química Oxidação de ácidos graxos voláteis; Oxidação da celulose e lignina. Ataque por micro-organismos Deterioração física: Mudanças de cor, Aspereza superficial, Rachaduras, Fissuras. Deterioração química: Sequência de reações de radicais livres, Quebra da estrutura da lignina, Mudanças de cor. BIODEGRADAÇÃO – ATAQUE POR AGENTES FÚNGICOS Os fungos são os agentes biológicos que atacam a madeira em maiores proporções, pois ocorrem em praticamente quase todos os nichos ecológicos onde a madeira é utilizada. Fungos produtores de esporos que agem na colonização do material. Alta taxa de reprodução possíveis reações alérgicas. BIODEGRADAÇÃO – ATAQUE POR AGENTES FÚNGICOS Estocagem de material: Fonte de alimento – Matéria orgânica – lignina, celulose, hemicelulose, extrativos (fenólicos, acúcares, amido); Temperatura – 24-32oC; pH – 4,5 a 5,5; Oxigênio; Teor de umidade – de 20 a 80%. BIODEGRADAÇÃO – ATAQUE POR AGENTES FÚNGICOS Nível de biodegradação por ataque fúngico Superficial: uso dos açúcares livres presentes na madeira Fungos emboloradores ou manchadores. Ação destrutiva: uso dos constituintes químicos estruturais (celulose e polioses) e sub-estruturais (lignina). BIODEGRADAÇÃO – ATAQUE POR AGENTES FÚNGICOS Podridão branca O fungo da podridão branca concentra o seu ataque na lignina do interior da célula e tem o efeito de desintegrar os componentes da madeira. A podridão branca normalmente deixa as fibras da madeiracom a aparência de filamentos esbranquiçados. Lignina – amarelo claro a marrom escuro. Celulose – branca. BIODEGRADAÇÃO – ATAQUE POR AGENTES FÚNGICOS Podridão parda e podridão mole – Consumo de celulose e hemicelulose e permanência da lignina. Aumento do teor de lignina aumento no PCS Aumento do teor de cinzas redução do PCS Podridão parda Podridão mole DANOS DA BIODEGRADAÇÃO Decomposição da madeira mudança nas proporções de constituintes redução da qualidade do material para geração de energia. Afeta a massa específica do material; Poder calorífico superior e líquido; Nível de eficiência de queima. ANÁLISE - SOLUBILIDADE DA MADEIRA EM HIDRÓXIDO DE SÓDIO A 1% A solução de álcali aquecido (NaOH a 1%) extrai carboidratos de baixo peso molecular, constituídos basicamente de polioses e celulose degradada. A solubilidade da madeira pode indicar o grau de degradação por fungos, calor, luz, oxidação, entre outros, sendo que na madeira degradada, a porcentagem de materiais solúveis em álcali aumenta. ANÁLISE - SOLUBILIDADE DA MADEIRA EM HIDRÓXIDO DE SÓDIO A 1% Adicionar 2,00±0,1 mg de amostra absolutamente seco + 100 ml de NaOH em bequer de 500 ml. Bequer tampado em banho-maria por 1h, agitando o conteúdo do bequer após 10, 15, 25 minutos do início. Transferir o conteúdo do bequer para um cadinho filtrante, com peso previamente definido. Lavagem com água destilada quente, 50 ml de ácido acético a 10% e água destilada quente. Segagem do cadinho com o material em estufa a 103 ± 2oC, por 48 h. ANÁLISE - SOLUBILIDADE DA MADEIRA EM HIDRÓXIDO DE SÓDIO A 1% Porcentagem de produtos solubilizados: %E= (P-P’)/P x 100 E= Porcentagem de produtos solubilizados (%); P= Peso inicial da amostra A.S. (mg); P’= Peso da amostra após o ensaio (mg). Ensaios em duplicata: variação inferior a 5%. VARIAÇÃO DA SOLUBILIDADE EM HIDRÓXIDO DE SÓDIO DOS RESÍDUOS DE MADEIRA AO LONGO DA PROFUNDIDADE, EM DIFERENTES PERÍODOS DE AMRAZENAMENTO Fonte: Brand et al., s.d. ALTERNATIVAS PREVENTIVAS Controle de umas das variáveis necessárias ao desenvolvimento dos fungos. Necessidade de análise de viabilidade econômica para determinadas medidas. Redução da temperatura; Redução do teor de umidade; Eliminação do oxigênio; Alteração do pH; Aplicação de substâncias tóxicas. GRANULOMETRIA Para materiais com dimensões geométricas variadas, de difícil determinação do volume através de medição simples. Fundamental no uso energético da biomassa Densidade; Ocorrência de biodegradação; Tipo de grelha; Velocidade de queima; Armazenamento e manuseio. ÁREA SUPERFICIAL ESPECÍFICA Cubo maior (a) cada lado possui 64 cm de área superficial. O cubo tem seis lados, com área superficial total de 384 cm² (6 lados x 64 cm). Cubo menor divisão do mesmo cubo em cubos menores (b) cada um com 2 cm de lado representado por 64 cubos pequenos (4 x 4 x 4). Cada lado do cubo pequeno tem 4 cm² (2 x 2) de área superficial, resultando em 24 cm² de área superficial (6 lados x 4 cm). Logo, possui área superficial total de 1536 cm² (24 cm x 64 cubos). A área superficial do cubo B é quatro vezes maior do que a do cubo A. ÁREA SUPERFICIAL ESPECÍFICA A superfície específica é definida como a área superficial de uma unidade de peso comumente expressada em unidades de cm²/g e m²/kg. A área superficial de interesse neste caso é exclusivamente composta pela soma das áreas superficiais externas de cada partícula. Influenciada por Tamanho da partícula afeta atrito, adsorção, tensão superficial; Forma da partícula; Natureza da partícula: ↑ASE, ↑decomposição ÁREA SUPERFICIAL ESPECÍFICA Quanto menor as partículas Maior será a superfície específica exposta; Maior é a taxa de aquecimento interno; Maior a facilidade de ignição; Mais rápido é o processo de queima da biomassa; Necessidade de alimentação contínua da caldeira; Possível perda de temperatura no final do processo de queima. DIMENSÕES DAS PARTÍCULAS Dimensões das partículas A partir de 12,5 mm até acima de 50 mm Cavaco Entre 0,85 e 12,4 mm Serragem Abaixo de 0,85 mm Pó Fonte: Brand, 2010. DIMENSÕES DAS PARTÍCULAS CAVACOS PARA ENERGIA Cavaco de madeira pequenos pedaços de madeira oriundos da picagem, com um comprimento variável entre 5 e 50mm, contendo ainda partículas mais longas e uma razoável percentagem de finos. A qualidade do cavaco depende da matéria-prima e da tecnologia utilizada na sua produção. É comum encontrar três tipos diferentes de cavacos de madeira. CAVACOS PARA ENERGIA Cavacos de resíduos da floresta com valor comercial reduzido. Contém uma percentagem de umidade na ordem dos 50%, o seu tamanho varia desde partículas de pó até cavaco e contêm casca e folhas. Combustível adequado para as caldeiras que se encontram nas grandes centrais de produção de calor ou de produção de energia elétrica, como Centrais Termoeléctricas a Resíduos Florestais. CAVACOS PARA ENERGIA Cavacos produzidos nas serrarias porcentagem de umidade entre 40-50%, que é usada, por exemplo, na indústria de pasta e papel ou no fabrico de aglomerados e outros painéis. Cavaco com melhores propriedades de combustão, mas é ainda muito úmida para as caldeiras pequenas, a não ser que seja seca antes de picada. CAVACOS PARA ENERGIA Cavacos provenientes de cortes de árvores, sem ramos e folhas, deixada secar por aproximadamente 4-6 meses antes do seu destroçamento ou picagem. Este cavaco contém cerca de 30% de umidade e deve ser uniforme em qualidade e tamanho. Este combustível é adequado para as caldeiras instaladas em edifícios residenciais ou de serviços. Neste caso, os pedaços de madeira de maior dimensão podem causar problemas operacionais, devendo ser removidos durante a produção. GRANULOMETRIA RECOMENDADA PARA TIPOS DE GRELHA Tipo de leito para combustão da biomassa Granulometria recomendada (mm) Leito em movimento 50-100 Queima em suspensão < 6,0-7,0 Leito fluidizado borbulhante 20-30 Leito fluidizado circulante < 6,0-7,0 Fonte: Brand, 2010. METODOLOGIA Classificação das peneiras Posição da peneira no agitador Abertura da tela (mm) ASTM Topo do agitador 50,00 2” 37,50 1.1/2” 25,00 1” 12,50 ½” 6,30 ¼” 3,35 6 Base do agitador (panela fechada) Abaixo de 3,35 - Fonte: Brand, 2010. METODOLOGIA Classificação das peneiras Posição da peneira no agitador Abertura da tela (mm) ASTM Topo do agitador 3,35 6 2,00 10 0,85 20 0,60 30 0,425 40 0,25 60 Base do agitador (panela fechada) Abaixo de 0,25 - Fonte: Brand, 2010. METODOLOGIA Pegasem das peneiras vazias - Ppeneira; Montagem das peneiras sobre o agitador; Preenchimento com material sobre a primeira peneira não totalmente cheia. Ligar agitador – agitação máxima – 10 min. Pesar cada peneira com o material - Ppeneira+material; Amostra P 6 P 10 P 20 P 30 P 40 P 60 Base Σpeso (g) Peso vazio (g) -- 1 2 3 METODOLOGIA Cálculo para granulometria (%) por peneira Peso de material= (Ppeneira+material)-Ppeneira Granulometria (%)= Pmaterial/ΣP * 100 DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DA GRANULOMETRIA EM RELAÇÃO AO TEMPO DE ARMAZENAMENTO PARA MATERIAL COM PREDOMINÂNCIA DE CAVACOS Fonte: Brand et al. s.d.
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