Buscar

02 Influencias

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Para	
  uso	
  acadêmico	
  apenas	
  
	
   1	
  
 Abril.com !Revista Exame 06/05/2005 12:38 
Lições da 2a Guerra 
para os negócios 
Em janeiro de 1933, quando se tornou chanceler 
alemão, Adolf Hitler já havia publicado sua plataforma 
política. Esse livro -- !Mein Kampf (Minha Luta) -- era um 
best-seller em 1933, com mais de 1 milhão de 
exemplares vendidos. Nele, estavam claras as ideias do 
novo chanceler a respeito da supremacia da raça 
alemã, assim como seu ódio pelos judeus e seu 
desprezo por burgueses e intelectuais. Estava claro, 
também, o que ele julgava ser o destino da Alemanha: 
conquistar territórios na Europa. Principalmente na 
União Soviética. Os chefes políticos europeus tiveram a 
oportunidade de ler uma tradução para o inglês. Se o 
fizeram, não o levaram a sério. Um erro. Herr Hitler fez 
tudo o que prometeu. E tornou-se um dos personagens 
centrais de um episódio que mudaria, para sempre, a 
configuração do planeta. 
Há 60 anos, em 8 de maio de 1945, as Forças Armadas 
alemãs assinaram sua rendição. Haviam lutado na 
Europa e na África por mais de cinco anos. Em 2 de 
setembro de 1945, os japoneses renderam-se a bordo 
do encouraçado americano Missouri, ancorado na baía 
de Tóquio. Era o fim de uma luta que se iniciara em 
meados de 1937, na China, expandindo-se mais tarde 
para praticamente todo o Pacífico. É impossível calcular 
o volume de perdas econômicas causadas pela guerra. 
Quanto à perda de vidas, há uma estimativa, embora 
longe de ser exata. Morreram cerca de 50 milhões de 
pessoas, fardadas ou não. Uma média de 8,3 milhões 
Para	
  uso	
  acadêmico	
  apenas	
  
	
   2	
  
por ano de luta. Tomada em seu conjunto, a Segunda 
Guerra Mundial é um fato sem paralelo na história. 
Nunca tantos países haviam se envolvido num conflito 
armado. Nunca se produziu tanto armamento. 
Raramente se aplicou tanta pesquisa e dinheiro no 
desenvolvimento de equipamentos militares. A guerra 
começou numa época em que os exércitos ainda 
usavam cavalos. Quando terminou, os caças a jato já 
voavam. No final da década de 30, as armas mais 
destrutivas ainda eram os canhões de grande calibre. 
Meia dúzia de anos mais tarde o planeta tomava contato 
com as armas nucleares e com os mísseis balísticos. 
O mundo não poderia ser o mesmo após o término da 
Segunda Guerra Mundial. O evento -- com toda a sua 
enorme carga de tragédia humana -- marca o início de 
uma nova era na ciência, na tecnologia, na política, na 
economia e nos negócios. Os dias posteriores a 8 de 
maio de 1945 assistiram ao florescimento das grandes 
corporações mundiais e ao apogeu 
 
 
http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/842/noticias/licoes-da-2a-guerra-para-os-
negocios-m0055496 1/5 
11/14/2015 Lições da 2a Guerra para os negócios | EXAME.com 
da administração, ao desenvolvimento de novos 
mercados, à definitiva incorporação da mulher às linhas 
de produção, à supremacia da informação como 
instrumento de poder, à arrancada tecnológica que 
anos mais tarde levaria o homem à Lua e transformaria 
o planeta numa pequena aldeia ligada pela internet. Em 
todos os seus lances, a Segunda Grande Guerra é um 
manancial quase infindável de lições para o mundo dos 
negócios -- lições sobre o que se deve e sobre o que 
não se deve fazer. Seus comandantes são exemplos da 
liderança que dá certo -- e também daquela que leva 
todo um grupo à ruína. Estudamos Winston Churchill, 
Para	
  uso	
  acadêmico	
  apenas	
  
	
   3	
  
Adolf Hitler, Frank Delano Roosevelt, George Patton, 
Douglas McArthur, Joseph Stalin para compreender 
nossos próprios passos à frente do trabalho. É 
impossível não estabelecer paralelos entre a 
competição pelo mercado e o campo de batalha. O 
linguajar corporativo continua impregnado de termos 
militares. A organização da mão-de-obra em muitas 
companhias ainda se assemelha à dos exércitos - - 
embora esse seja um modelo em franca decadência. A 
arrogância continua a afundar empresas como fez com 
os exércitos da Alemanha e do Japão. Os mais rápidos 
são, como num con flito, aqueles que costumam levar a 
melhor. É por isso que a história que envolve a Segunda 
Guerra Mundial -- seja ela a dos vencedores ou a dos 
perdedores -- continua a encantar o mundo dos 
negócios. 
A guerra é uma fonte inestimável de aprendizado 
porque testa de forma extrema os limites do homem. 
Quando se analisa o perfil dos vencedores da Segunda 
Guerra Mundial, sobretudo russos e americanos, 
percebe-se que foram eles que planejaram suas ações 
de forma mais flexível. Adaptaram-se melhor a situações 
adversas. Eram mais objetivos. Tinham um sentido mais 
apurado de oportunidade. Olhando em perspectiva, 
tinham outra qualidade. Não eram românticos. Não 
possuíam grandes tradições militares a cultuar. Não 
acreditavam que a cor de sua farda fosse, por si só, 
uma garantia de vitória. Acontecia o contrário com 
japoneses e alemães. O japonês queria combater como 
um samurai em pleno século 20, o que obviamente não 
dava certo. Um exemplo dessa atitude: o alvo prioritário 
dos submarinos japoneses eram navios de guerra. Os 
submarinos americanos preferiam afundar os navios 
mercantes. Conseqüência: por falta de barcos de 
transporte, o soldado japonês ficou isolado em suas 
ilhas, sem cartuchos, sem arroz e sem saquê. 
Para	
  uso	
  acadêmico	
  apenas	
  
	
   4	
  
A Wehrmacht -- o Exército alemão -- padeceu do 
mesmo narcisismo. Tinha sua origem na Ordem dos 
Cavaleiros Teutônicos e nos guerreiros prussianos -- a 
quinta-essência do militarismo. Um complexo de 
superioridade que provocou muitas decisões 
irracionais. Era difícil para o comandante alemão 
ordenar um recuo tático. O inimigo logo percebeu que 
essa rigidez lhe dava vantagem, pois tornava mais fácil 
uma manobra de cerco. Foi assim, aos poucos, 
explorando cada erro, que os inexperientes russos e 
americanos chegaram a Tóquio e a Berlim. Não é difícil 
encontrar paralelos na história das grandes empresas. 
Podemos ficar em dois exemplos. A arrogância e o 
imobilismo quase levaram à bancarrota potências como 
a IBM, nos Estados Unidos, e o grupo Pão de Açúcar, 
no Brasil. 
A Primeira Guerra Mundial baseou-se principalmente 
em soldados de infantaria e em canhões. Foi uma 
guerra estática. Os exércitos, enterrados em trincheiras, 
praticamente não se movimentavam. Não houve, por 
isso, grandes lances táticos ou estratégicos nem muitas 
necessidades logísticas. Em 1939, as coisas eram bem 
diferentes. Quando entraram na Polônia, os alemães 
apresentaram uma forma de combate para a qual seus 
opositores estavam despreparados. Era a Blitzkrieg, 
"guerra relâmpago". Consistia no seguinte: primeiro, a 
Força Aérea amolecia a tropa inimiga com seus caças-
bombardeiros. 
Em seguida, os tanques rompiam as linhas do inimigo. E 
só então chegava a infantaria 
http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/842/noticias/licoes-da-2a-guerra-para-os-
negocios-m0055496 2/5 
11/14/2015 Lições da 2a Guerra para os negócios | EXAME.com 
Em seguida, os tanques rompiam as linhas do inimigo. E 
só então chegava a infantaria para consolidar a 
Para	
  uso	
  acadêmico	
  apenas	
  
	
   5	
  
conquista. Na França, apesar do barulho dos nazistas, o 
Exército estava tranquilo. Embora a guerra já estivesse 
em curso, os oficiais gastavam até 3 horas em almoços 
regados a vinho. Haviam construído um sistema de 
casamatas e fortificações ao longo da fronteira com a 
Alemanha, conhecida como Linha Maginot. Em maio de 
1940 os alemães contornaram as casamatas francesas, 
invadindo a Bélgica e Luxemburgo, e logo depois 
marchavam a passo de ganso pelo Arco do Triunfo. Um 
general francês, que se rendeu ao lendário Erwin 
Rommel, cumprimentou-o com o seguinte elogio: "Vocês 
são rápidos demais". Enquanto o Exército francês sedesintegrava, os ingleses que estavam na França 
escapavam do desastre pela praia de Dunquerque, 
largando suas armas na areia. Hitler, que ainda tinha 
esperança de firmar um acordo com a Inglaterra, 
mandou que seus tanques parassem a 24 quilômetros 
da praia. Um erro de cálculo. Os ingleses voltariam à 
França quatro anos mais tarde pelas praias da 
Normandia. 
A guerra relâmpago criava oportunidades e dificuldades 
que não existiam em 1914-1918. Tanques e aviões são 
armas caras e difíceis de produzir. Máquinas que se 
desgastam rapidamente, o que implica um sistema 
complicado de manutenção e um suprimento constante 
de peças de reposição. Sem contar o fato de que só 
funcionam com gasolina. Ou seja: para que a tropa 
continue a ganhar batalhas são necessários pla 
nejamento, produção industrial, profissionais de 
manutenção, combustível e linhas de transporte seguras 
para sustentar combates a grandes distâncias. Durante 
algum tempo a Alemanha dispôs de tudo isso, mas o 
sistema começou a fraquejar assim que seus soldados 
passaram a combater em regiões muito distantes da 
mãe-pátria. 
Para os especialistas em estado-maior, que pensam a 
Para	
  uso	
  acadêmico	
  apenas	
  
	
   6	
  
guerra em termos de equações e teoremas, esse 
fenômeno se chama "lei da distensão estratégica". Entre 
outras coisas, isso quer dizer que, quanto mais um 
exército se afasta de sua fonte de suprimento, mais 
difícil e arriscado se torna o combate. É curioso que os 
alemães tenham cometido esse engano, porque foram 
eles que criaram o estado-maior e boa parte da ciência 
da guerra. 
Não cometeram apenas esse, mas vários outros 
equívocos. A indústria alemã, seus engenheiros, seus 
projetistas estavam entre os melhores do mundo. Se é 
que não fossem os melhores. A questão é que essa 
indústria funcionava como se não houvesse uma guerra 
em curso, como se os portos alemães não estivessem 
bloqueados pela Marinha inglesa, como se existisse 
tempo e matéria-prima em quantidades infinitas. 
Seus tanques alemães eram pérolas da engenharia. O 
problema é que, pelo preço de um tanque alemão, os 
americanos fabricavam quatro ou cinco tanques mais 
simples. A melhor metralhadora portátil era alemã. Pelo 
preço dessa metralhadora, os russos fabricavam várias 
metralhadoras mais baratas e bem mais fáceis de 
operar. 
A indústria aeronáutica alemã foi dirigida durante muito 
tempo por um ás da aviação da Primeira Guerra 
Mundial, o general Ernst Udet, um boêmio que entendia 
tudo de acrobacias aéreas e nada de planejamento 
industrial. Embora produzisse bons aviões, a indústria 
aeronáutica virou uma desordem. Udet foi demitido (e 
suicidou-se) em 1941, mas já era tarde. Boa parte dos 
aviões alemães havia sido destruída pelos ingleses na 
Batalha da Inglaterra, e a Luftwaffe perdeu 
definitivamente o domínio dos ares. Hoje, 60 anos após 
o fim do conflito, os erros alemães parecem básicos. 
Por que, então, pequenas e grandes empresas 
continuam a colocar no mercado produtos tecnicamente 
Para	
  uso	
  acadêmico	
  apenas	
  
	
   7	
  
maravilhosos, mas 
indesejados pelos consumidores? 
http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/842/noticias/licoes-da-2a-guerra-para-os-
negocios-m0055496 3/5 
11/14/2015 Lições da 2a Guerra para os negócios | EXAME.com 
indesejados pelos consumidores? 
A Segunda Guerra deixou lições duradouras para 
vencidos e vencedores. No caso da Alemanha provou-
se que exército nenhum, por mais competente que seja, 
sobrevive a um comando irracional ou a projetos 
delirantes. Franceses e ingleses se acomodaram com 
as glórias de 1918 e se esconderam atrás da Linha 
Maginot. Tinham força, em 1935, para deter o nazismo, 
mas perderam a oportunidade. Os soviéticos tentaram 
comprar a paz, pactuando com a Alemanha e 
entregando-lhe matéria-prima em abundância. 
Esqueceram- se do fato de que Hitler não cumpria 
contratos. O caso dos japoneses é mais fácil. 
Aprenderam que vontade, honra e ímpeto são 
qualidades importantes, mas não ganham guerras. 
Quanto aos americanos há o seguinte. Desde meados 
da década de 30 eles viam a expansão militar japonesa 
pelo Pacífico. Viam o crescimento das tensões na 
Europa. Não foi o bastante para que se mexessem. No 
dia 7 de dezembro de 1941, data do ataque japonês à 
base naval americana de Pearl Harbor, tinham em seus 
estoques munição para apenas alguns dias de 
combate. A guerra -- como os negócios -- é cheia de 
armadilhas. Analisar os erros e os acertos do passado 
pode ser de grande valia no presente. Nas páginas a 
seguir, o leitor conhecerá muitas das lições que a 
Segunda Guerra Mundial legou aos negócios. 
 
Para	
  uso	
  acadêmico	
  apenas	
  
	
   8	
  
Muito além da Revolução - Francisco Renato Silva Collyer 
Muito além da Revolução. os aspectos políticos e sociais da 
maior revolução da idade moderna 
Publicado em 08/2014. Elaborado em 07/2014 
(http://jus.com.br/artigos/31268 
) 
O presente estudo pretende analisar o cenário sócio-político da Revolução 
Industrial bem como suas implicações para a sociedade pós-moderna. 
Resumo: Antes de representar uma mudança no processo de produção de 
mercadorias e, posteriormente, na industrialização deste processo, a 
Revolução Industrial trouxe uma verdadeira mudança nas relações sociais 
e no modo de se viver na Europa Ocidental a partir do século XVIII. O 
trabalho, antes feito de modo artesanal, praticamente familiar, em que o 
patrão mais se assemelhava a um pai do que propriamente um patrão, 
ganhou ares totalmente adversos. Agora, a jornada de trabalho se fixava no 
tempo e o relógio passou a ser utilizado de forma quase que escravista. As 
antigas corporações de ofício perderam a vez para as grandes fábricas e os 
trabalhadores, que antes tinham a noção de todo o processo de produção e 
que, até certo ponto, tinham um modo de produção bastante flexível, 
passaram a ficar alienados e escravos da produtividade. Se antes os 
indivíduos trabalhavam de acordo com sua disponibilidade, com a 
Revolução Industrial a vida social ficaria em segundo plano, e a vida 
laboral dava lugar a uma grande massa de trabalhadores cada vez mais 
dependentes dos capitalistas, os donos dos meios de produção. O presente 
estudo analisa o contexto histórico-social da Revolução Industrial e os 
impactos que ela trouxe para a vida da coletividade da época. A História é a 
ciência do presente, pois parte da análise e da compreensão do passado 
para que possamos entender melhor nosso agora e, a partir disso, construir 
um futuro melhor. 
Palavras-chave: Revolução Industrial, Política, Sociedade, Luta de 
Classes INTRODUÇÃO 
Entre meados do século XVIII e a segunda metade do século XIX, a Europa 
Ocidental passou por um processo de grandes transformações econômicas, 
tecnológicas e, principalmente, sociais. Iniciadas na Inglaterra, essas 
transformações assumiram um caráter revolucionário, embora tenham 
ocorrido sem derramamento de sangue e sem a derrubada de governos. 
O conjunto dessas mudanças ficou conhecido como Revolução Industrial e 
Para	
  uso	
  acadêmico	
  apenas	
  
	
   9	
  
seu impacto foi tão grande na Europa e no mundo que transfigurou não 
somente a sociedade inglesa, mas também a face do planeta, alterando até 
mesmo as relações entre o ser humano e a natureza. 
Do ponto de vista econômico, a Revolução foi, sobretudo, a passagem de 
um sistema de produção marcadamente agrário e artesanal para outro de 
cunho industrial, dominado pela fábrica e pela maquinaria. Uma de suas 
características básicas foram as sucessivas inovações tecnológicas 
verificadas nesse período, dentre elas, o aparecimento de máquinas 
modernas rápidas, regulares e precisas, que substituíram o trabalho de 
milhares de homens e mulheres, antes realizado à mão; utilização do vapor 
como fonte deenergia para acionar as máquinas, em substituição à energia 
hidráulica, eólica, humana e animal; novas formas de se utilizar as 
matérias-primas de origem mineral, que deram impulso à metalurgia e à 
indústria química. 
Essas inovações tiveram lugar inicialmente na Inglaterra, devido a uma 
série de condições favoráveis ligadas ao processo do feudalismo ocorrido 
na Europa Medieval. Foi durante a fase do capitalismo mercantil, nos 
séculos XV ao XVIII, que tais condições se concentraram e aceleraram, 
com a Revolução Comercial, a conquista da América, a formação de um 
mercado mundial e a exploração de ouro e prata em grande quantidade nas 
terras americanas. 
Esse novo cenário permitiu à burguesia acumular riquezas e aplicá-las na 
produção manufatureira. Ao mesmo tempo, ocorreu na Inglaterra o 
processo de cercamentos, levando à liberação de mão-de-obra de origem 
rural e sua concentração nas cidades cada vez em crescimento. Isso faria 
surgir a maior parte da classe trabalhadora fabril, fundamental para a 
formação do chamado capitalismo industrial. Reunindo os capitais 
proporcionados pela expansão comercial dos séculos anteriores, a 
burguesia pôde mobilizar a mão-de-obra disponível para lançar-se ao 
empreendimento industrial de grande escala a partir do século XVIII. 
Uma das características da Revolução Industrial foi a substituição em 
grande escala do trabalho humano pelas máquinas. Como reação a isso e às 
relações sociais baseadas exclusivamente no dinheiro, surgiu na Europa o 
Romantismo, um movimento estético que propunha a liberdade de 
expressão, o predomínio da emoção sobre a razão e o retorno a formas 
comunitárias de vida, semelhante às da aldeia medieval. Em pouco tempo, 
a nova tendência empolgou artistas e escritores. Alguns deles idealizavam a 
Idade Média e a monarquia, contrapondo-as à sociedade burguesa e à 
República. Outros se tornaram críticos ferozes do capitalismo e das 
desigualdades sociais. 
Para	
  uso	
  acadêmico	
  apenas	
  
	
   10	
  
O CONTEXTO HISTÓRICO DA REVOLUÇÃO 
O desenvolvimento agrícola ocorrido a partir do século XVI, com os 
cercamentos dos campos deu a esse setor da economia inglesa 
características diferentes do sistema até então em vigor, que era baseado 
na produção autossuficiente e de baixo nível técnico nas pequenas 
propriedades independentes de cultivo familiar. 
Os cercamentos, na maioria dos casos, eram destinados para criação de 
ovelhas para a obtenção de lã, que, por sua vez, era utilizada como matéria-
prima na manufatura dos tecidos. O surgimento desse processo levou à 
diminuição das áreas cultivadas para dar mais espaço às pastagens. A 
partir de 1688, após a Revolução Gloriosa, os cercamentos foram 
legalizados pelo Parlamento, o que deu ainda mais força aos senhores de 
terras. 
Enquanto isso, nas áreas cultivadas, os grandes proprietários começaram a 
investir em métodos novos e mais eficazeis de plantio. A partir daí foram 
pouco a pouco introduzindo algumas melhorias técnicas, que levariam à 
substituição do trabalho braçal pela energia mecânica, empregando as 
máquinas no processo. 
Com esse processo, os trabalhadores rurais foram duplamente 
pressionados a abandonar os campos. Sem ter para onde ir, esses homens e 
suas famílias migraram em massa para áreas urbanas. Uma vez nas 
cidades, ficavam à disposição de empresários capitalistas, sujeitando-se a 
baixos salários e a condições sub-humanas de vida. 
Ao mesmo tempo, a pecuária também se desenvolveu, pois o cultivo de 
forrageiras evitou que, por falta de áreas de pastagens, grande parte do 
rebanho fosse abatida durante o inverno. Isso garantiu a melhora 
qualitativa da alimentação da população em geral, possibilitando o 
crescimento demográfico pela queda da tava de mortalidade. 
Dessa forma, a agricultura estava em condições de cumprir duas funções 
fundamentais para a industrialização: aumentar a produção e a 
produtividade para baratear o preço dos alimentos, suprindo a crescente 
demanda das áreas urbanas e fornecer mão-de-obra abundante e barata 
para o trabalho industrial. 
Nos primeiros anos da Era Moderna as atividades agrícolas eram 
complementadas pela produção doméstica de tecidos de lã por meio de 
uma longa cadeia de operações. A lã era escolhida, depois limpa e, por 
último, fiava-se. Essas tarefas, muitas vezes, eram feitas por mulheres e 
Para	
  uso	
  acadêmico	
  apenas	
  
	
   11	
  
crianças. Os demais serviços, como penteação, tecelagem, tingimento, 
pisoagem, estiragem, desbaste e corte eram tarefas destinadas aos homens. 
O negócio de tecidos de lã era bastante lucrativo para os comerciantes. Em 
pouco tempo, eles passaram a investir parte de seus lucros nos 
equipamentos e instalações, passando a concentrar os principais processos 
de produção. 
Além de estimular a produção de mercadorias, o capital mercantil 
acumulado durante a etapa do capitalismo comercial acelerou o processo 
de divisão social do trabalho, gerando maior especialização. Assim, a partir 
de certo momento, cada trabalhador passou a realizar apenas uma etapa na 
elaboração do produto. Essa especialização levou à ampliação do sistema 
produtivo. 
O desenvolvimento do setor têxtil acelerou-se após o surgimento da 
indústria do algodão, que suplantou em importância a manufatura de lá 
durante a Revolução Industrial. De fato, depois dos Atos de Navegação de 
1651, o comércio ganhou impulso, enquanto o mercado se expandia com a 
conquista, pela Inglaterra, de novas áreas coloniais. Uma dessas áreas era a 
Índia, região produtora de algodão e altamente consumidora dos tecidos 
fabricados com essa matéria-prima. 
Em decorrência disso, os empresários do setor têxtil começaram a investir 
mais na indústria algodoeira do que na produção de tecidos de lá. Mais 
leves e mais baratos, os panos de algodão tinham ampla aceitação nas 
regiões de clima tropical e eram utilizados como parte do pagamento na 
compra de escravos africanos. 
Para aumentar a produção, os fabricantes passaram a estimular o 
desenvolvimento tecnológico, utilizando máquinas cada vez mais rápidas e 
complexas. Isso acabou por transformar a estrutura da indústria. Não 
apenas a indústria têxtil, mas também a de máquinas e equipamentos. 
Além da indústria têxtil. Dois outros setores da economia se destacaram no 
processo da Revolução Industrial na Inglaterra: o da extração de minerais, 
como ferro e carvão e o da fundição de ferro. 
No início do século XVIII, surgiu a primeira tentativa vitoriosa de obter 
ferro fundido em grande escala, com a utilização do carvão-de-pedra, 
riqueza natural do solo inglês. Em 1783, a invenção da pudlagem e da 
laminação possibilitou a fabricação de ferro quase sem impurezas. Até essa 
data, o metal era fabricado com o uso de carvão vegetal e as máquinas 
ainda eram quase todas de madeira. 
Para	
  uso	
  acadêmico	
  apenas	
  
	
   12	
  
A obtenção de ferro com grau mínimo de impurezas foi um dos pré-
requisitos para a expansão da metalurgia. Obtido por pudlagem, o metal foi 
pouco a pouco aperfeiçoado, até se chegar ao aço em uma etapa posterior. 
No curso desse processo, ele passou a ser utilizado de forma crescente na 
construção de pontes e na fabricação dos mais diferentes objetos, o que 
contribuiu para a melhoria das estradas e dos meios de transporte. 
CONDIÇÕES POLÍTICAS DA REVOLUÇÃO 
No início do século XVIII, a Inglaterra possuía certa estabilidade política e 
havia se tornado Reino Unido da Grã-Bretanha, com a incorporação da 
Escócia, no ano de 1707. Nesse período, o governo inglês reforçou suas 
ligações com as colônias americanas, o que garantiu a obtenção de 
matérias-primas e a exportação de produtos manufaturados, segundo o 
princípio de comprar barato e vender caro. Ao mesmo tempo, as guerras 
contra a França possibilitaram a expansão doimpério britânico e dos 
mercados ultramarinos na Índia e no Canadá. 
A existência de interesses comuns entre a nobreza rural e os empresários 
do comércio e da indústria representou uma das condições para essa 
política. Essa união de interesses foi favorecida pela monarquia 
parlamentar, que estabilizou a moeda, protegeu as indústrias da 
concorrência estrangeira e estabeleceu medias especiais para desenvolver a 
navegação e o comércio ultramarino, bem como a indústria têxtil. 
A burguesia, classe dominante no Parlamento, órgão responsável pelas 
questões tributárias, além de todos os benefícios que já tinha, não era 
cobrada por impostos muito pesados. Em função dessa cobrança bastante 
branda, teve condições de acumular capitais mais rapidamente, 
permitindo-lhe investir de forma maciça em inovações técnicas, 
possibilitando a eclosão da Revolução Industrial. 
A SUBSTITUIÇÃO DO HOMEM PELA MÁQUINA E A 
DIVISÃO DO TRABALHO 
A introdução de máquinas do processo produtivo foi responsável pelo 
aprimoramento técnico dos demais equipamentos. Como exemplo, 
podemos citar a invenção da lançadeira volante, em 1733, ao qual sua 
implantação na indústria têxtil aumentou a capacidade de tecelagem, 
levando ao desenvolvimento da máquinas que aceleraram a produção de 
um maior número de fios. 
Com essas inovações, a ferramenta e a própria energia humana foram 
substituídas pela máquina e a energia mecânica. Assim, a partir de 
Para	
  uso	
  acadêmico	
  apenas	
  
	
   13	
  
melhorias sucessivas na etapa de fiação, que culminaram na obtenção de 
grande número de fios finos e resistentes, foi necessário um novo estímulo 
na etapa de tecelagem, levando à invenção do tear mecânico. 
Para agilizar o processo e baratear os custos de produção, os empresários 
começaram a concentrar os equipamentos e as atividades especializadas, 
como o tingimento e a tecelagem em unidades fabris, onde podiam 
racionalizar a produção. 
Na oficina artesanal, o trabalhador se encarregava de todas as etapas da 
produção. Com o surgimento da fábrica, a produção tornou-se cada vez 
mais parcelada, passando cada trabalhador a realizar apenas uma parte do 
processo. O patrão e seus representantes mais próximos articulavam 
racionalmente a produção, visando a uma maior produção, com custos 
mais baixos. Dessa forma, assumiram o controle sobre o processo de 
trabalho e eliminaram os antigos núcleos domésticos de produção. 
Com o tempo, as inovações tecnológicas da industria têxtil, especialmente 
do algodão, e das indústrias siderúrgicas possibilitaram melhorias nos 
transportes e nas comunicações, fatores importantes para a integração dos 
mercados. 
A REVOLUÇÃO SOCIAL 
Uma das consequências da Revolução Industrial foi a integração, em escala 
internacional, dos vários fatores de produção, ou seja, capital, matérias-
primas, recursos naturais e mão-de-obra. Essa integração favoreceu a 
expansão do mercado mundial, pela crescente necessidade de escoamento 
dos excedentes da produção e de acesso a fontes de matérias-primas. 
Surgiu, assim, uma nova articulação econômica entre os países 
industrializados e as regiões menos desenvolvidas do planeta, conhecida 
como divisão internacional do trabalho. 
De acordo com essa divisão, as colônias tenderam a se concentrar na 
exploração de seus recursos naturais, especializando-se no cultivo e 
extração de produtos primários. Dessa forma, elas foram integradas ao 
sistema capitalista de um modo peculiar. Sem condições para 
industrializar-se no mesmo ritmo dos países mais desenvolvidos, fixaram-
se como produtoras de matérias-primas e mercados consumidores de 
produtos manufaturados. 
Ao mesmo tempo, nos países engajados na revolução, o capital se 
concentrava cada vez mais nas mãos da minoria burguesa, enquanto 
cresciam a miséria e a pobreza entre os trabalhadores. Destituídos dos 
Para	
  uso	
  acadêmico	
  apenas	
  
	
   14	
  
meios de produção, estes últimos sobreviviam apenas com a venda de sua 
força de trabalho, sujeitando-se a salários degradantes, a condições de vida 
sub-humanas e às severas normas de disciplina impostas pelos 
contramestres nas fábricas. 
Entretanto, os trabalhadores não se contentaram em assistir passivamente 
à degradação de suas condições de vida e de trabalho. Na Inglaterra, essa 
situação provocou inúmeras manifestações de revolta entre a classe 
trabalhadora, como a quebra de máquinas e a depredação de instalações 
industriais pelo movimento ludita. 
Entre os anos de 1811 a 1813, o movimento ludita responsabilizava as 
máquinas pelas condições de miserabilidade e desemprego dos 
trabalhadores. Em função disso, semeavam o terror nos distritos 
industriais do centro da Inglaterra, destruindo máquinas indepdentemente 
do lugar onde estivessem. Os luditas foram ferozmente reprimidos pelo 
governo, com julgamentos sumários que terminaram em enforcamentos e 
deportações. 
A Revolução Industrial permitiu que o capitalismo, com base na 
transformação técnica, atingisse seu processo específico de produção, 
caracterizado pela produção em larga escala, realizada nas fábricas. Nesse 
modo de produção, consolidado com a revolução industrial, há uma radical 
separação entre o trabalho e o capital. O trabalhador dispõe apenas da 
força de trabalho, enquanto o capitalista detém a propriedade dos meios de 
produção. 
A MORAL DA BURGUESIA 
A moral da classe burguesa, no que diz respeito à sexualidade, nos séculos 
XVIII e XIX, apresentou um comportamento duplo, bem próximo ao que 
ainda pode ser percebido em algumas sociedades atualmente, é dizer, as 
mulheres solteiras tinham que permanecer sob o manto da castidade e as 
casadas, fiéis aos seus maridos. Em contrapartida, para os jovens 
burgueses solteiros era permitido ter muitas mulheres e o adultério era 
tolerável para os casados. Entretanto nada poderia colocar em risco a 
estabilidade da família ou da propriedade burguesa. 
Durante o século XIX, a classe média, que era constituída pelos 
profissionais liberais, homens de negócios e funcionários públicos, cresceu 
e prosperou. A classe burguesa se abriu para aqueles que possuíam 
escolaridade e talento para os negócios. Suas casas não eram somente o 
lugar que abrigava o núcleo familiar; eram também “o repouso do 
guerreiro” e o local de onde o empreendedor operava, sob o olhar de 
Para	
  uso	
  acadêmico	
  apenas	
  
	
   15	
  
admiração da mulher e dos filhos, embevecidos pela sua capacidade de 
produzir riquezas e conforto. 
Para a massa expropriada os bairros pobres, desprovidos de saneamento 
básico, iluminação e outros serviços públicos era o que lhes restava. Esse 
contexto de miserabilidade contribuiu para o surgimento de críticas à 
condição degradante do trabalhador e de movimentos operários de 
intensidades diferentes. 
O TRABALHO NA ERA INDUSTRIAL 
A industrialização na Inglaterra foi muito mais do que o fruto de uma 
revolução técnica e científica. Ela representou uma mudança social 
profunda na medida em que transformou a vida dos indivíduos, 
implicando elevados custos sociais e, até mesmo, ambientais. 
Uma das transformações sociais mais notáveis se refere ao próprio 
significado da palavra trabalho. O que antes significava o castigo divino 
pelo pecado original de Adão e Eva, apregoada pela Igreja Católica 
Medieval, implicando dor e humilhação, passou a designar uma condição 
básica para a salvação diante de Deus, que poderia propiciar riqueza e 
dignidade. O trabalho passou a dignificar o homem e a qualificá-lo, 
tornando-se um indicador de posição social. 
Outro ponto que merece destaque é o controle técnico do processo de 
produção, que passou a se concentrar nas mãos do capitalista, no momento 
em que se instituiu a divisão do trabalho. O resultado foi uma verdadeira 
alienação do trabalhador em relaçãoao seu trabalho, cada vez mais 
afastado do produto final do seu esforço. Ou seja, o trabalhador perdeu 
totalmente a visão do processo de produção como um todo, tendo 
conhecimento apenas do seu serviço individualizado. 
A revolução também deu origem a uma espécie de “robotização do 
trabalhador”. O operário passou a servir a uma máquina, se transformando 
num operário que desempenhava atividades cotidianas totalmente 
cansativas. Também se transformou num trabalhador mais vulnerável a 
acidentes de trabalho devido à própria condição de suas atividades. 
Para baratear os custos da produção, os industriais passaram a buscar o 
trabalho feminino e infantil. A industrialização rapidamente passou a 
englobar todos membros da família, submetendo-os ao poder do 
empresário capitalista. Certas funções femininas, como as tarefas 
domésticas, o aleitamento e a educação das crianças, foram quase 
totalmente suprimidas, causando um considerável descontrole familiar. 
Para	
  uso	
  acadêmico	
  apenas	
  
	
   16	
  
Sem contar que os salários das mulheres e das crianças eram bem menores 
do que os dos homens. 
A cidade também mudou de fisionomia, em virtude da concentração de 
grandes multidões nas áreas fabris. Até o início da industrialização, eram 
centros comerciais de dimensões relativamente reduzidas, voltadas para a 
administração, o comércio e todo tipo de prestação de serviços. Nelas 
viviam funcionários públicos, artesãos, mercadores e etc. 
A indústria modificou os núcleos urbanos, em que pobres habitavam 
bairros populosos com péssimas condições de habitação. A burguesia 
morava nos bulevares, alamedas largas, com suas suntuosas e caras 
habitações, porém funcionais, na medida em que o mundo burguês 
procurava basear-se na praticidade e na beleza. 
A PROPAGAÇÃO DA REVOLUÇÃO 
De 1760 a 1830, a Revolução se limitou praticamente somente à Inglaterra. 
Era proibido exportar máquinas e técnicas de produção industrial. Mas não 
foi possível conter por muito tempo os interesses dos fabricantes de 
equipamentos industriais, desejosos em exportas as máquinas para terem 
ainda mais lucro. 
No ano de 1807, dois ingleses criaram uma fábrica de tecidos em Liège, na 
Bélgica. Seu desenvolvimento foi bastante rápido, facilitado pela existência 
de carvão e de ferro nessa região. A França que estivera mergulhada na 
Revolução Francesa desde 1789, em função disso, teve seu 
desenvolvimento retardado. Mais tarde, sua tradição de pequena indústria 
e de produção de artigos de luxo dificultou a concentração industrial e a 
acumulação de capitais que permitissem a continuidade do 
desenvolvimento. 
Na Alemanha, o progresso veio apenas depois da unificação política, em 
1870. O progresso foi devido à existência de ferro e cartão no país. No final 
do século XIX, a Alemanha superava a Inglaterra no tocante à produção de 
aço de produtos químicos. Nesta mesma época se dava a industrialização 
na Rússia, em virtude de investimento de capitais estrangeiros, 
principalmente franceses. 
Na América, os Estados Unidos foram o único país que passaram pela 
Revolução Industrial, no final do século XIX. Nesse período, os americanos 
já eram grandes produtores de artigos manufaturados, superando até 
mesmo a pioneira Inglaterra e a Rússia. 
Concentrou-se no Japão a principal industrialização da Ásia, que num 
Para	
  uso	
  acadêmico	
  apenas	
  
	
   17	
  
certo período de tempo conseguiu implantar a revolução graças à 
exploração do baixo custo dos salários e das medidas governamentais. 
Após a Revolução Meiji, em 1868, surgiu um programa sistemático de 
industrialização do país, visando tornar o Japão uma grande potência pela 
assimilação da técnica ocidental. 
Como um todo, a Revolução Industrial deu condições para uma revolução 
também nos transportes que, por sua vez, acentuaram ainda mais o 
processo de industrialismo. Depois do surgimento da locomotiva a vapor, 
no ano de 1830, as estradas de ferro se multiplicavam. As primeiras foram 
construídas nos Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha e Bélgica. Na 
França a primeira estrada de ferro foi construída em 1831, mas somente 
após 1870 elas foram expandidas. 
O comércio internacional fez surgir uma especialização mundial da 
produção, em que os países mais avançados se especializaram na produção 
industrial e os mais atrasados da Europa, América e Ásia concentraram 
seus esforços no setor primário, fornecendo alimentos e matérias-primas 
para os países industrializados. A Europa passou a ser o centro do capital, 
exigindo novos setores para investimentos, em que foram canalizados para 
diversos países estrangeiros sob a forma de empréstimos, e utilizados na 
implantação de vias férreas ou outros empreendimentos semelhantes. 
Um outro importante fenômeno que surgiu com a Revolução foi o 
desenvolvimento do imperialismo, em que o processo de industrialização 
criou para os países capitalistas uma série de problemas cuja solução 
dependia da manutenção do ritmo de desenvolvimento industrial. 
As potências capitalistas necessitavam de mercados externos que servissem 
de escoadouro para seu excedente de mercadorias. Precisavam também de 
minérios e matérias-primas que, muitas vezes, não existiam em seu próprio 
território e que eram extremamente necessários para produção de artigos 
industriais, além de mão-de-obra barata e de áreas favoráveis ao 
investimento seguro e lucrativo de seus capitais. 
Tais necessidades fizeram com que os países capitalistas desenvolvessem, 
na segunda metade do século XIX, uma política de expansão externa que 
ficou conhecida como imperialismo. A expansão imperialista atingiu, 
principalmente, a Ásia, África e América Latina. Esses continentes foram 
divididos em colônias ou áreas de influência das grandes potências 
industriais. Na passagem do século XIX para o XX a expansão do 
imperialismo provocou uma série de rivalidades entre as grandes potências 
pela divisão do mercado mundial, que desencadearam, em 1914, a I Guerra 
Mundial. 
Para	
  uso	
  acadêmico	
  apenas	
  
	
   18	
  
A expansão tecnológica não teve fim com a Revolução Industrial. Ao 
contrário, na sociedade capitalista atual, ela ainda é vista como um dos 
fatores que dividem o mundo entre os países chamados “desenvolvidos” e 
os “subdesenvolvidos”. 
Se, por um lado, o desenvolvimento tecnológico trouxe inovações 
importantes para a sociedade como os avanços na medicina, nas 
telecomunicações, nos transportes e na produção de bens de consumo, por 
outro trouxe também o chamado “desemprego estrutural”. Milhares de 
trabalhadores, no mundo inteiro, estão sendo substituídos por máquinas 
ou por operários multifuncionais – isto é, por aqueles que desempenham 
múltiplas funções no sistema produtivo. Mais uma vez, grupos sociais 
inteiros vão sendo historicamente colocados à margem dos benefícios 
gerados pelo desenvolvimento econômico. 
A REVOLUÇÃO URBANA 
A Europa ocidental já possuía uma antiga, porém, significativa, rede 
urbana, mas boa parte das cidades ainda estava limitada por suas muralhas 
medievais. Com o aumento da população e a expansão das indústrias, essa 
cidades cresceram e já na metade do século XIX algumas se tornaram 
verdadeiras metrópoles, como Londres e Paris. 
Sem nenhum planejamento e organização, essas cidades ofereciam duras 
condições de vida às pessoas por elas atraídas, geralmente originárias do 
campo. Sem infra-estrutura de saneamento básico e higiene, tornavam-se 
também focos de doenças e epidemias. 
Nas cidades, o modo das pessoas verem o mundo, a natureza e os seres 
humanos começou a mudar também. Lentamente, o distanciamento da 
natureza foi se concretizando. O tempo diário passou a ser medido pelo 
relógio, que regrava o tempo do trabalho e da vida. As atividades 
comerciais e culturais e as comodidades urbanas semultiplicaram; o 
acúmulo de conhecimento e a rapidez das informações tendiam a se 
concentrar nas cidades; estas começaram a mudar cada vez mais rápido. 
A vida social fora das fábricas era difícil. Nos bairros populares dos centros 
urbanos em crescimento, o preço da moradia era alto, não havia 
saneamento básico nem higiene, muito menos lazer. Em condição social 
diferente, a burguesia, formada pelos proprietários das fábricas, dos 
estabelecimentos comerciais e financeiros, também ampliou sua presença 
na sociedade, ocupando lentamente o lugar político e econômico da antiga 
nobreza. 
Para	
  uso	
  acadêmico	
  apenas	
  
	
   19	
  
A REVOLUÇÃO E AS NOVAS IDEOLOGIAS 
O rápido processo de industrialização gerou uma grande repercussão em 
vários aspectos da vida social, fazendo gerar um vívido debate sobre a 
Revolução Industrial e suas consequências para a sociedade. No centro 
desse debate, estavam trabalhadores e empresários, que tinham interesses 
totalmente divergentes. Os operários estavam desejosos por condições 
dignas de trabalho, enquanto do lado oposto a burguesia desejavam 
somente aumentar seus lucros e fazer crescer ainda mais seus negócios. 
A crescente polêmica deste conflito de interesses contribuiu para a 
elaboração de várias teorias sociais. Algumas dessas teorias justificavam os 
novos rumos da nova e crescente sociedade industrial capitalista, outras, 
que se identificavam com os anseios dos operários, denunciavam a 
exploração do trabalho e pregavam uma sociedade menos injusta e mais 
livre. 
A situação de extrema exploração na qual se encontravam os 
trabalhadores, além de resultar no nascimento do movimento operário, fez 
surgirem teorias que condenavam o sistema capitalista e as desigualdades 
sociais trazidas por ele e propunham novas formas de organização da 
sociedade. O conjunto dessas teorias ficou conhecido como socialismo. 
Entre os criadores das primeiras correntes socialistas modernas, 
destacaram-se os teóricos franceses conde de Saint-Simon e Pierre-Joseph 
Proudhon e o britânico Robert Owen. 
Saint-Simon criticou o liberalismo econômico e a desumana exploração dos 
trabalhadores pelos proprietários dos meios de produção. Defendia a 
extinção das diferenças de classe e a construção de uma sociedade em que 
cada um ganhasse de acordo com o real valor de seu trabalho. Proudhon 
afirmava que a propriedade privada era um roubo. Pregava a igualdade e a 
liberdade para todos os indivíduos, que passariam a viver numa sociedade 
harmônica, sem a força do Estado. Owen acreditava na organização da 
sociedade em comunidades cooperativas compostas de operários, em que 
cada um receberia de acordo com as suas horas de trabalho. 
Já os pensadores alemães Karl Marx e Friedrich Engels desenvolveram 
posteriormente a corrente socialista do socialismo científico, também 
conhecida como marxismo. De acordo com essa concepção, depois de 
tomar o poder, a classe operária deveria por um fim na propriedade 
privada dos meios de produção e de troca e criar uma sociedade baseada na 
associação autônoma dos trabalhadores e em formas coletivas de 
propriedade. Essa doutrina atribuía ao proletariado a missão histórica de 
Para	
  uso	
  acadêmico	
  apenas	
  
	
   20	
  
destruir o capitalismo e conduzir a humanidade para uma sociedade 
igualitária. 
REFERÊNCIAS 
COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral: Volume 2 – 1a edição – 
São Paulo, Saraiva, 2010. 
KARNAL, Leandro. Estados Unidos: da Colônia à Independência. São 
Paulo, Contexto, 1999. 
JAGUARIBE, Hélio. Um Estudo Crítico da História – São Paulo, Paz e 
Terra, 2001. 
HOBSBAWM, Eric. A Era das Revoluções. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 
1982. 
THOMPSON, E. P. Costumes em Comum. São Paulo: Companhia das 
Letras, 1998. 
PETTA, Nicolina Luiza de. e OJEDA, Eduardo Aparício Baez. História, uma 
abordagem integrada. São Paulo: Moderna, 2002. 
ARRUDA, José Jobson de A. e PILETTI, Nelson. Toda a História. 4 ed. São 
Paulo: Ática, 2000. DA MATTA, Roberto. Relativizando: Uma Introdução à 
Antropologia. Petrópolis: Vozes, 1997. CARDOSO, Ruth. A Aventura 
Antropológica. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996. DIVALTE, Garcia 
Figueira. História (volume único). São Paulo: Ática, 2006. 
 
 
Autor 
Informações sobre o texto Como citar este texto (NBR 
6023:2002 ABNT) 
COLLYER, Francisco Renato Silva. Revolução Industrial: aspectos políticos 
e sociais da maior revolução da idade moderna. Revista Jus Navigandi, 
Teresina, ano 20, n. 4242, 11 fev. 2015. Disponível em: 
<http://jus.com.br/artigos/31268>. Acesso em: 14 nov. 2015. 
 
 
Para	
  uso	
  acadêmico	
  apenas	
  
	
   21	
  
 
 
sábado, 3 de novembro de 2012 
O Mito da Revolução Industrial – Marcelo Centenaro 
(http://marcelocentenaro.blogspot.com.br/2012/11/o-mito-da-revolucao-industrial.html) 
 
A Revolução Industrial, iniciada por volta de 1750 na Inglaterra, 
provocou um imenso avanço tecnológico e econômico no mundo. 
Ninguém discute isso. Porém, existe um mito sobre seus efeitos 
sobre a população mais pobre. 
 
Há uma crença generalizada de que o preço desse progresso foi a 
opressão das classes trabalhadoras pelos capitalistas. Sem 
restrições governamentais, as grandes corporações teriam tido 
liberdade de arrochar os salários, cortar custos negligenciando a 
segurança do ambiente de trabalho e multiplicar suas já imensas 
fortunas às custas da miséria da classe trabalhadora, que foi 
reduzida a uma virtual escravidão. 
 
Friedrich Engels escreveu que o trabalhador típico do período pré-
industrial vivia "uma vida justa e pacífica em toda piedade e 
probidade e sua posição material era muito melhor que a dos 
trabalhadores que o sucederam". 
 
No início do século XX, seria clara a necessidade de salvar a classe 
trabalhadora da vitimização inerente ao sistema capitalista. O 
movimento de reforma social teria conseguido que fossem 
estabelecidos programas para proteger os desfavorecidos, impostas 
regulações mais rígidas sobre as empresas, dadas chances de que 
os trabalhadores se sindicalizassem e impedida a tendência natural à 
criação de monopólios que seria inerente ao capitalismo. A luta em 
defesa do homem comum continuaria até hoje, liderada pelos 
partidos progressistas, com o objetivo de, um dia, atingirmos a 
igualdade ecônomica que uma sociedade livre deseja. 
 
É uma história convincente, que apela aos instintos humanos de 
proteger os oprimidos e lutar contra a injustiça. Os princípios básicos 
deste mito inspiraram grandes obras de literatura, desde Charles 
Dickens, com Um Conto de Natal e Oliver Twist. É extremamente 
popular em todo o mundo e é a crença política e econômica básica 
Para	
  uso	
  acadêmico	
  apenas	
  
	
   22	
  
da maioria dos atores e jornalistas. Mais importante, esse mito 
norteia todas as políticas públicas no Brasil, pelo menos desde 
Getúlio Vargas. O problema é que nada disso é verdade. 
 
A qualidade de vida dos trabalhadores melhorou drasticamente e 
continuamente com a Revolução Industrial. Durante todo o 
Feudalismo, da queda do Império Romano até o final do século XVI, 
era comum que pessoas fossem vendidas em leilões, submetidas a 
todo tipo de trabalho penoso e degradante, praticamente sem 
remuneração. Às vésperas da Revolução Industrial, entre 1730 e 
1749, 75% das crianças inglesas morriam antes de completar 5 anos 
de idade. Entre 1750 e 1850, a população da Grã-Bretanha triplicou. 
A expectativa de vida aumentou tremendamente, mas houve também 
uma migração em massa do continente para as Ilhas Britânicas, de 
trabalhadores buscando condições melhores. 
 
O advento da produção em massa fez com que, pela primeira vez na 
história, o alvo dos produtores de bens não fosse a camada mais rica 
da população, mas o homem comum. A explosão da produção 
provocouuma queda generalizada de preços. Uma miríade de 
produtos baratos se tornou disponível: sabão, roupas de baixo, chá, 
café, açúcar, chapéus, tecidos. As pequenas lojas se espalharam por 
toda parte e surgiram empregos no comércio. Os assalariados da 
indústria e do comércio passaram a ser consumidores. A dieta de 
uma família pobre deixou de ser uma tigela de farinha com batatas e 
passou a incluir carne fresca, bacon, pão de trigo, manteiga, chá. 
 
Os trabalhadores trocaram péssimos empregos na agricultura por 
péssimos empregos na indústria. Porém, passaram a comer melhor, 
vestir-se melhor, ter mais saúde e produzir mais. 
 
A inovação tecnológica era feita por pessoas que tivessem 
capacidade intelectual de criá-la, independentemente de sua origem. 
George Stephenson, criador da locomotiva a vapor, havia sido 
vaqueiro. O engenheiro Telford, que construiu 1200 pontes e mais de 
1500 quilômetros de estradas, era filho de um pastor de ovelhas e 
começou como aprendiz de pedreiro. Joseph Bramah, inventor da 
prensa hidráulica, foi aprendiz de carpinteiro. Frederich König, 
imigrante alemão, inventor de uma impressora de alta velocidade, 
Para	
  uso	
  acadêmico	
  apenas	
  
	
   23	
  
era filho de um camponês e foi aprendiz numa gráfica. Como estes, 
há incontáveis outros exemplos. 
 
Friedrich Hayek disse que o Mito da Revolução Industrial sobrevive 
porque os historiadores estão contaminados pelo marxismo. Como 
acreditam que o capitalismo produz miséria, procuram e encontram 
supostas provas dessa crença. Antes da Revolução Industrial, a 
miséria dos pobres era considerada um fato imutável da vida. Com o 
progresso, as pessoas passaram a tolerar cada vez menos a 
pobreza que restou. Isso fez com que aumentassem as críticas à 
situação dos mais pobres e não o fato de essa situação estar 
piorando. 
 
Ludwig von Mises argumentou que os donos das fábricas não tinham 
nenhum poder de obrigar alguém a se tornar operário contra sua 
vontade. Só podiam contratar quem aceitasse o emprego 
voluntariamente, nas condições oferecidas e pelo salário tratado. Os 
salários eram muito, muito baixos e as condições de vida eram 
muito, muito ruins. Mas eram melhores que a alternativa. Fora das 
fábricas, as mulheres mal tinham o que dar de comida a seus filhos. 
As fábricas literalmente os salvaram da fome. Portanto, é verdade 
que o capitalismo criou o proletariado. Não no sentido de Marx e 
Engels, mas no sentido de que esse enorme contingente de pessoas 
não teria sobrevivido se não houvesse surgido o capitalismo. Von 
Mises escreveu: "O que há de notável na Revolução Industrial é que 
ela iniciou uma era de produção em massa para atender as 
necessidades das massas. Os assalariados não são mais pessoas 
que trabalham exaustivamente apenas pelo bem-estar de outras 
pessoas. Eles próprios são os principais consumidores dos produtos 
saídos das fábricas. Não existe, nos Estados Unidos de hoje, 
nenhum ramo de grandes empresas que não tente satisfazer as 
necessidades das massas. O princípio essencial do 
empreendedorismo capitalista é fornecer produtos ao homem 
comum. [...] Não há outra maneira, numa economia de mercado, de 
se adquirir e preservar riqueza, exceto suprir as massas, da maneira 
melhor e mais barata, de todos os bens que elas pedirem." 
 
A Revolução Industrial foi um processo evolutivo, realizado por 
tentativa e erro. Para haver um avanço em uma área era necessário 
que houvesse outro avanço paralelo em outras áreas. O processo 
Para	
  uso	
  acadêmico	
  apenas	
  
	
   24	
  
que resultou nas grandes invenções aconteceu sem nenhum 
planejamento central. Aconteceu com cada pessoa buscando seus 
próprios interesses particulares. Aconteceu porque as pessoas eram 
motivadas pelo lucro. Não poderia ter ocorrido por meio de uma 
mente humana tentando planejá-lo. Não aconteceria se as pessoas 
fossem movidas por razões altruísticas. Também não aconteceria se 
as pessoas não vislumbrassem a perspectiva de vantagens pessoais 
como resultado de suas ações. 
 
Um ponto essencial do Mito da Revolução Industrial diz respeito ao 
trabalho infantil. Em primeiro lugar, é necessário dizer que o trabalho 
infantil sempre existiu. As condições de trabalho para crianças 
também eram muito ruins, o trabalho era pesado, perigoso e 
insalubre. Um dos estímulos para os pais buscarem trabalhos em 
fábricas é que o trabalho para seus filhos era mais leve e menos 
perigoso. Com a melhoria do padrão de vida, os pais puderam 
prescindir da renda resultante do trabalho infantil, e as crianças 
passaram a ficar em casa. Não foi a Revolução Industrial que criou o 
trabalho infantil, ele sempre existiu antes. Foi a Revolução Industrial 
que acabou com o trabalho infantil. 
 
Também é importante diferenciar o que se chamava, na Inglaterra, 
de "free-labour children" e "parish-apprentice children". "Free-labour 
children" eram crianças que tinham uma família e trabalhavam junto 
com seus pais em uma fábrica. Um dono de empresa não tinha como 
subjugar uma dessas crianças e obrigá-la a trabalhar em condições 
com as quais seus pais não concordassem. "Parish-apprentice 
children" eram crianças órfãs ou abandonadas (como Oliver Twist), 
submetidas à autoridade e supervisão de funcionários do Estado. 
Quando os historiadores narram casos de crianças submetidas aos 
tipos mais cruéis de trabalhos, quase sempre as situações envolvem 
exclusivamente essas crianças. 
 
Sobre os monopólios, só existe uma maneira de manter um 
monopólio numa economia de mercado: ter um produto tão melhor 
que o da concorrência, a um preço tão baixo, que todos os 
consumidores escolham comprá-lo. Se, em virtude dessa posição de 
monopólio, a empresa resolver subir os preços ou descuidar da 
qualidade, os concorrentes vão fatalmente aparecer e ocupar uma 
Para	
  uso	
  acadêmico	
  apenas	
  
	
   25	
  
fatia cada vez maior do mercado. Numa economia livre, a 
competição nunca é eliminada. Não tem como ser eliminada. 
 
Outra coisa completamente diferente é o monopólio estatal. Se o 
governo impede a competição, a empresa ou as empresas 
monopolistas podem cobrar preços absurdos e entregar produtos e 
serviços ruins. Se alguém quiser trabalhar (ou continuar trabalhando) 
nesse específico ramo de atividade, terá de se sujeitar às condições 
de trabalho que essas empresas impuserem. Existem dois tipos de 
monopólio estatal. O monopólio clássico é aquele em que leis 
proíbem que existam competidores. O outro tipo, mais comum 
atualmente, é aquele em que o governo impede que surjam novos 
competidores por meio do excesso de regulação. Poucas grandes 
empresas dominam o mercado. Elas competem entre si, mas são 
protegidas de concorrentes inovadores porque o custo de adequar-
se às regras é proibitivo. 
 
O padrão de vida das pessoas só se eleva e as condições de 
trabalho só melhoram por meio de investimentos de capital e da 
produção de mais bens, de melhor qualidade. É exatamente isso que 
foi a Revolução Industrial. E é exatamente disso que os países mais 
pobres e anticapitalistas do mundo precisam para prosperarem. 
 
Este texto é um pastiche traduzido dos artigos abaixo: 
 
http://www.blupete.com/Literature/Essays/BluePete/IndustRev.htm 
 
http://www.thefreemanonline.org/features/a-myth-shattered-mises-
hayek-and-the-industrial-revolution/ 
 
http://www.fff.org/freedom/0993c.asp 
 
http://tommullen.hubpages.com/hub/The-Populist-Myth-of-the-19th-
Century

Continue navegando