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30 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO: ELABORAÇÃO DO PLANO OPERATIVO NA CENTRAL DE ABASTECIMENTO FARMACÊUTICO DE UM MUNICÍPIO DE PERNAMBUCO STRATEGIC PLANNING: OPERATING PLAN IN PREPARATION OF A PHARMACEUTICAL SUPPLY CENTER PERNAMBUCO CITY PLANIFICACIÓN ESTRATÉGICA: PREPARACIÓN DE UN PLAN DE FUNCIONAMIENTO EN LA CENTRAL DE SUMINISTRO DE PRODUCTOS FARMACÊUTICOS DE UNA CIUDAD DE PERNAMBUCO RESUMO A gestão no setor público, se caracteriza muitas vezes pela falta de planejamento, pelo improviso na resolução de problemas e falta de articulação. Com isso, esse trabalho tem como objetivo desenvolver o Planejamento Estratégico Situacional na Central de Abastecimento Farmacêutico de um município do Estado de Pernambuco. Para tanto, realizou-se uma pesquisa de natureza qualitativa a partir de um caso e a aplicação de diversas ferramentas orientadas para o planejamento estratégico situacional. Os resultados demonstram que o planejamento estratégico situacional conseguiu mobilizar o gestor municipal da importância da estruturação da assistência farmacêutica como fator positivo na resolução dos problemas apontados contribuindo para a credibilidade dos serviços farmacêuticos, a continuidade nos processos de trabalho, a construção de uma imagem positiva, bem como a continuidade dos serviços administrativos e farmacêuticos prestados à população. O estudo contribuiu para a gestão pública ao levar os funcionários desempenharem suas atividades de forma estratégica, reduzindo o viés político, e orientada para a melhor gestão do bem público, e fazendo com que o cliente que é a sociedade seja melhor beneficiada pela administração eficiente e eficaz dos recursos da Central de Abastecimento Farmacêutico. Palavras-chave: Planejamento Estratégico Situacional, Plano Operativo, Central de Abastecimento Farmacêutico. José Orlando Sousa da Silva Universidade Federal de Pernambuco jorlandosousa@gmail.com Taciana de Barros Jerônimo Universidade Federal de Pernambuco taciana.barros@gmail.com Fagner José Coutinho de Melo Universidade Federal de Pernambuco fagnercoutinhomelo@gmail.com Joás Tomaz de Aquino Universidade Federal de Pernambuco joastomaz@outlook.com Submetido em: 06/10/2016 Artigo aceito em: 07/03/2017 DOI: http://dx.doi.org/10.21450/rahis.v13i4.3711 31 ABSTRACT Management in the public sector is often characterized by lack of planning, improvisation in solving problems, and lack of articulation. With this, this work aims to develop the Situational Strategic Planning in the Center of Pharmaceutical Supply of a city in the state of Pernambuco. For that, a qualitative research was carried out from a case and the application of several tools oriented to the situational strategic planning. The results demonstrate that the strategic situation planning managed to mobilize the municipal manager of the importance of structuring the pharmaceutical assistance as a positive factor in solving the problems pointed out contributing to the credibility of the pharmaceutical services, the continuity in the work processes, the construction of a positive image, As well as the continuity of the administrative and pharmaceutical services provided to the population. The study has contributed to public management by having employees perform their activities strategically, reducing political bias, and oriented towards better management of the public good, and making the client who is the society better benefited by efficient and Resources of the Pharmaceutical Supply Center. Keywords: Situational Strategic Planning, Operational Plan, Pharmaceutical Supply Center. RESUMEN La gestión en el sector público a menudo se caracteriza por la falta de planificación, la improvisación en la solución de problemas y la falta de coordinación. Por lo tanto, Este trabajo tiene como objetivo desarrollar la Planificación Estratégica Situacional en el Centro de suministro farmacéutica de una ciudad en el estado de Pernambuco. Por lo tanto, llevamos a cabo una investigación cualitativa de un caso y la aplicación de diversas herramientas orientadas a la planificación estratégica situacional. Los resultados muestran que la planificación estratégica situacional capaz de movilizar el administrador municipal de la importancia de la estructuración de la atención farmacéutica como un factor positivo en la resolución de estos problemas que contribuyen a la credibilidad de los servicios farmacéuticos, la continuidad de los procesos de trabajo, la construcción de una imagen positiva, y la continuidad de los servicios administrativos y farmacéuticos prestados a la población. El estudio contribuyó a la gestión pública para que los empleados realizan sus actividades estratégicamente, lo que reduce el sesgo político y orientados a la mejor buena gestión pública, y haciendo que el cliente que la compañía está mejor beneficiados por la gestión eficiente y eficaz de los recursos del Centro de suministro farmacéutica. Palabras-clave: Planificación Estratégica Situacional, Plan Operativo, central de suministro de productos farmacéuticos. INTRODUÇÃO A gestão do setor público, se caracteriza muitas vezes pela falta de planejamento, pelo improviso na resolução de problemas, pela falta de articulação, escassez e ajustamento na implementação das políticas públicas e de um gerenciamento na rotina das instituições públicas (MATUS, 1993). Diante deste cenário, é oportuno e justificável o uso e implementação do planejamento nas instituições públicas. O planejamento estratégico na administração pública constitui uma inovação gerencial (POISTER; STREIB, 2005; JERÔNIMO; MELO; AQUINO, 2016). Muitas vezes o planejamento estratégico da gestão pública tem sido aplicado por administrações locais em esfera mínima, apenas com o objetivo de realizar marketing das cidades, para competir com outras cidades e para a atração de novos e maiores investimentos financeiros. Nesse contexto, ressalta-se a importância da utilização de uma metodologia de planejamento que seja adequado para as especificidades das instituições públicas. A abordagem proposta por Matus (1993), que é o Planejamento Estratégico Situacional – PES, ele pode ser utilizado como uma oportunidade de aprofundamento da discussão do gerenciamento em longo prazo e pela elaboração de um planejamento adequado para a administração pública. Considerando o gerenciamento adequado dos medicamentos e Produtos para Saúde (PS), como um dos principais fatores influentes na qualidade, credibilidade e legitimidade das ações da 32 assistência farmacêutica, faz-se necessário o desenvolvimento do Planejamento na CAF pela grande diversidade de atividades tais como: seleção, aquisição, armazenamento e distribuição dentro de padrões e normas técnicas específicas dos medicamentos e dos PS’s (ABBAS; LEONCINE, 2013; ANDREOLI; DIAS, 2015; MELO et. al., 2016). Em decorrência da morosidade das atividades administrativas e farmacêuticas desenvolvidas na CAF gerando a descontinuidade nos processos de trabalho e atraso no cronograma mensal de entrega dos insumos farmacêuticos (medicamentos e PS’s ) e a interrupção das atividades logísticas: entradas, saídas, gerenciamento dos estoques etc., originou a necessidade de realizar o presente estudo. Assim, este estudo tem por objetivo geral desenvolver o Planejamento Estratégico Situacional na Central de Abastecimento Farmacêutico de um município do Estado de Pernambuco. Para o alcance deste objetivo geral, foram definidos os objetivos específicos são eles: 1- Demonstrar a situação atual pelo Diagrama de Causa e Efeitoa de peixe; 2- Utilizar a análise de prioridades estratégicas; e 3- Elencar estratégias prioritárias para o enfrentamento dos problemas na CAF. REFERÊNCIAL TEÓRICO Neste Capítulo será apresentado o referencial teórico no que diz respeito ao Planejamento Estratégico Situacional e ao Planejamento na Administração Pública. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO SITUACIONAL Os gastos frequentes com o setor saúde vêm preocupando os países cuja atenção à saúde é garantida pelo setor público (SANTOS, 2010). Os problemas que aumentam as receitas precisam ser identificados pelos gestores para que os mesmos não estejam se arriscando a tratar apenas os sintomas ou resolvê-los parcialmente, sem abolir e mitigar suas principais causas, podendo acarretar um enorme desperdício de tempo e de recursos. Em decorrência do dimensionamento errado de um problema, muitos gestores passam a maior parte do tempo cuidando apenas de problemas de forma emergencial, mas desta forma nenhum problema consegue ser realmente solucionado (REIS, 2007). A superação destas visões foi feita por meio dos pilares que sustentam o Planejamento Estratégico Situacional por ser um método mais flexível, pois trabalha com a complexidade dos problemas sociais (SILVEIRA; HELLER; REZENDE, 2013). Para problemas complexos de cunho administrativo, econômico e social, é necessário usar modelos adequados, capazes de espelhar essa complexidade, como exemplo: o Planejamento estratégico Situacional. Neste método, o futuro não é determinístico e a realidade deve ser continuamente e sistematicamente acompanhada e revisada, qando houver uma mudança da situação ou no cenário. O PES foi desenvolvido por Carlos Matus, pesquisador chileno, que durante os anos de 1970 e 1973 em sua atuação como Ministro da Economia, no governo do Presidente Chileno Salvador Allende, dedicou seus estudos e suas críticas às metodologias “tradicionais” de planejamento. Ele incorpora e aprofunda a discussão sobre alguns dos pressupostos nos quais estavam à concepção latino-americana de planejamento até aquele momento, e também da análise de outras experiências de planejamento normativo ou tradicional cujos fracassos e obstáculos, o instigaram a um profundo questionamento sobre os enfoques e métodos utilizados (ARTMANN, 33 2000). Dessa forma, Matus (1972, p.6) lança as raízes do Planejamento Estratégico Situacional, conforme expressa o texto abaixo: “Um reexame dos pressupostos [...] e uma posição mais modesta frente às aspirações de controlar o processo social até determinados objetivos. Ainda que pareça paradoxal, essa maior modéstia traz consigo a necessidade de aplicar métodos muito mais complexos para permitir a síntese entre o político e o econômico. Essa conclusão não deve ser considerada desalentadora, mas sim um desafio para abordá-la com métodos mais eficazes” (MATUS, 1972, p.6) Para Matus, o PES pode ser uma forma de governo ou um método de alta complexidade e potência, que se destaca por propor e acompanhar a construção de viabilidade para um problema estratégico, detectado por meio da construção de um plano com apoio de diferentes atores sociais (ARTMANN, 2000). Ele é um processo técnico e político resultante do jogo de atores em interação, conflito, cooperação e alianças, os quais têm suas próprias estratégias e sua particular visão da realidade. O planejamento é deste modo, uma atividade de cunho nitidamente político (BELCHIOR, 1999). Nesse sentido, o PES é um cálculo que antecede e preside a ação com o objetivo de instituir um futuro e não de predizê-lo, acompanhando permanentemente a realidade, avaliando as decisões e verificando se os resultados produzidos seguem a mesma direção dos resultados esperados (MATUS, 1993). É importante ressaltar que o PES é um método de planejamento por problemas e trata, principalmente daqueles mal estruturados e complexos, para os quais não existe solução previamente conhecida. Embora se possa partir de um campo ou setor específico, os problemas são sempre abordados em suas várias dimensões, sejam elas: política, econômica, social, cultural, dentre outras, a partir da interação de diversos atores (ARTMANN, 2000). De acordo com Giovanella (1990), o referido método tem como objetivo otimizar os ganhos econômicos obtidos com saúde e/ou diminuir os custos da atenção em alternativas estratégicas que não sejam as prioritárias para uma organização. A escolha das prioridades é feita a partir da relação custo/benefício e a formulação do plano iniciava com um diagnóstico. A partir desse diagnóstico é realizada uma seleção de prioridades, projetando-se as ações e definindo-se os recursos, de forma a alcançar mais eficiência nas ações de saúde. O planejamento não deve ser confundido com o plano, pois o plano é um dos amplos processos de análise, indicando para onde uma organização quer conduzir o sistema e como ela pretende agir para o alcance das metas; enquanto a riqueza do planejamento está no processo em si, de analisar o ambiente e chegar a definir o que a organização quer e como ela fará para alcançar as metas, devendo ser permanentemente revisado para se manter atual (TANCREDI; BARRIOS; FERREIRA, 2002). Contudo, é imprescindível a existência do plano, uma vez que é preciso documentar e especificar as atividades previstas através do detalhamento das rotinas e tarefas e a direção das atividades previstas no planejamento (TANCREDI; BARRIOS; FERREIRA, 2002). Para o processamento técnico e político dos problemas, Matus (1993) prevê quatro momentos em que representam uma visão dinâmica do processo de planejamento, a saber: os momentos explicativo, normativo, estratégico e tático-operacional. Enquanto os três primeiros são momentos de acúmulo de conhecimentos pelo ator planejador, o quarto momento é o da ação propriamente dita. Salienta-se ainda que, embora enumerados, os momentos não devem ser vistos como consecutivos, pois, se a realidade é mutável, o plano também é, devendo o planejamento ser visto como “diário”, e a todo instante sendo revisto 34 nos quatro momentos ao mesmo tempo (RIEG; ARAÚJO FILHO, 2002).Durante o momento explicativo busca-se compreender a realidade identificando os problemas pelos atores que planeja, havendo sempre a necessidade de atualizar constantemente a explicação do problema (BELCHIOR, 1999). Selecionados os problemas, passa-se à descrição dos mesmos através de descritores que devem defini-lo com clareza, precisando ser necessários e suficientes para expressar o problema sem confundi-lo com outros ou com suas próprias causas e consequências. Durante a definição dos atores é importante definir quem serão os descritores, (eles possuem a função de facilitador, pois descrevem quali e quantitativamente todo o processo de elaboração do PES) mas nem sempre é possível usar somente descritores quantitativos. É importante lembrar que o descritor não explica o problema, mas o caracteriza e expressa através de “sintomas” que o definem (ARTMANN, 2000). Durante o momento normativo estabelecem-se as operações e ações necessárias para provocar uma mudança na situação inicial, ou seja, do que se deseja alcançar, a partir da situação inicial apresentada no momento explicativo. As causas identificadas na espinha de peixe, método que identifica as causas pela análise dos efeitos de um problema, revelam qual a ação a serem realizadas para alcançar o resultado esperado, já às consequências revelam a finalidade de desenvolver ações que modifiquem o problema. A elaboração das operações deve estar em direção com o que se deseja, assim, para cada problema são identificadas diferentes causas, o que torna necessário elencar operaçõesdiferentes para solucionar o problema, a partir do detalhamento do mesmo em objetivos geral e específicos (BARRETO et al., 2013). O momento estratégico implica na construção entre o que deve ser, o que pode ser e como superar as fragilidades encontradas (BERNARDINO; OLIVEIRA; CIAMPONE, 1996; BARRETO et al., 2013). Realiza-se a viabilidade política para as operações, necessitando pensar em estratégias para tornar viável o plano. Para isto, é necessário identificar os interesses dos atores envolvidos, o que eles conferem às operações com a finalidade de traçar a melhor estratégia que será adotada para viabilizá-lo (BELCHIOR, 1999). A partir disso, “é possível obter um plano direcional que não seja apenas eficaz para alcançar a situação-objetivo, mas que também seja viável do ponto de vista político, econômico e institucional-organizativo” (MATUS, 1992, p. 138). Esse é o momento do gestor, ele deve analisar fatos, como: qual o cenário existente; como se articular nele; e como criar as condições para cada objetivo possa ser alcançado através da análise das propostas do plano, identificando os pontos de apoio e de oposição às operações (BARRETO et al., 2013; IIDA, 1993). Ressalta-se a importância de uma análise de viabilidade bem-feita em situações em que o ator não controla todos os recursos necessários. Para garantir uma resposta positiva, faz-se necessário o monitoramento das ações e seus ajustes devendo-se reavaliar criticamente e periodicamente todo o processo interno de tomada de decisões, as ferramentas gerenciais existentes e a forma dinâmica da participação democrática na condução do planejamento (BELCHIOR, 1999). O momento tático operacional é o momento em que tudo se decide e os momentos anteriores transformam-se em ações concretas (MIGLIATO, 2004). Esse momento tem a finalidade de criar um processo contínuo entre os momentos anteriores e a ação diária. Na visão do PES, planejamento e gestão são inseparáveis, o plano não é o desenho no papel, mas um compromisso de ação que visa resultados, e se traduzem em novas situações mais favoráveis do que a inicial (ARTMANN, 2000). 35 Como pode-se observar o método de PES é extremamente simples,ele deixa transparecer conflitos ocultos pela rotina burocrática. O PES evita que os equívocos mais comuns na prática do planejamento ocorram: I. “Planejar é uma coisa, fazer é outra”: minimizar o esforço de elaborar o planejamento; II. “O planejamento engessa a organização”: não se estabelecem os critérios, metas, objetivos, diretrizes de longo prazo. Os gestores não conseguem enxergar o planejamento como antecipação do futuro e de atuação participativa; III. “O planejamento é um rito formal e uma obra de pura técnica”: a elaboração é feita por meio de processos prescritivos sem a possibilidade de alterações em como será desenvolvido; IV. O futuro é projetado a partir de um diagnóstico do passado: o plano assume implicitamente que a trajetória passada se repetirá no futuro, com poucas mudanças; V. O objeto do plano é estático: pressupõe que quem elabora o plano tem todos os poderes para atuar sobre o objeto do plano; VI. Há uma separação entre a equipe de planejamento e a de execução, no momento da ação, o plano acaba sendo esquecido ou abandonado. O PES possui as seguintes características: I. Mediação entre o Presente e o Futuro. Todas as decisões que tomamos hoje têm múltiplos efeitos sobre o futuro, porque dependem não só da avaliação sobre fatos presentes, mas da evolução futura de processos que não controlamos e de fatos que ainda não conhecemos. É necessário prever possibilidades quando a predição é impossível, decorre desta percepção a necessidade de elaborar estratégias e desenhar operações para cenários alternativos e surpresas, muitas vezes, não imagináveis; II. Capacidade para lidar com surpresas: o futuro sempre será incerto e nebuloso. Devemos então, através de técnicas apropriadas, preparar-nos para enfrentar surpresas com planos de contingência, com rapidez e eficácia, desenvolvendo habilidades institucionais capazes de diminuir a vulnerabilidade do plano; III. Mediação entre o Passado e o Futuro: o processo de planejamento estratégico se alimenta da experiência prática e do aprendizado institucionais relacionados aos erros cometidos. Portanto, será preciso desenvolver meios de gestão capazes de aprender com os erros do passado e colocar este conhecimento a serviço do planejamento; IV. Mediação entre o Conhecimento e a Ação: a apropriação do saber técnico acumulado e da expertise política, se a ação não for correta, então a organização permanecerá submetida à improvisação e ao ritmo da conjuntura ambiental, em que a empresa se posiciona. Assim, é possível utilizar o PES como um instrumento de organização, decisão, programação, acompanhamento e controle para as ações, na busca da eficiência da prestação dos serviços administrativos e farmacêuticos prestados a população por envolver a análise da realidade do qual fazem parte em que os diferentes atores envolvidos com as atividades possam expor suas perspectivas e indignações, em que se traduziram em novas situações mais favoráveis do que as iniciais, desta forma, sendo capaz de proporcionar os instrumentos de análise dos problemas bem como ferramentas operacionais para o enfrentamento dos mesmos. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO EM ESFERA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA A gestão pública se caracteriza pelo somatório de momentos de expectativa, quando o governante apresenta, desenvolve e implementa as suas propostas. Esta expectativa pode ser traduzida em três tipos de sentimento: (i) satisfação – quando as promessas são cumpridas com qualidade; (ii) neutralidade – quando a operacionalização das propostas é realizada, mas sem esmero pela obtenção de uma qualidade superior; (iii) desilusão ou frustração – quando o gestor não consegue implementar a promessa, não há obtenção dos resultados efetivos. Daí a importância pela elaboração do processo de planejamento, no intuito de criar foco e direcionamento das estratégias para a esfera pública. Neste sentido, o planejamento se constitui 36 como um elo entre a política, a gestão, os agentes e os mecanismos de articulação entre eles, na medida em que explicitam quais são os objetivos, os recursos, as competências necessárias para o planejamento. Diante desta observação, o PES, pode ser visto como um instrumento capaz de tratar dos problemas de transformação social e deve ser aplicada de forma sistemática e com controle e mensuração das ações, ele também deve considerar os agentes que atuam nas empresas públicas, estes podem atuar de forma cooperativa ou em conflito com os outros atores. Matus (1996, p. 22) sintetiza o ambiente do gestor público por meio de três vértices de um triângulo, são eles: o primeiro vértice é o Projeto de Governo ou Plano que expressa à direção que pretende dar à administração; o segundo vértice é a Capacidade de Governo, determinada pela competência técnica e pelo uso racional dos recursos financeiros; o último vértice é a Governabilidade, que demonstra o potencial de articulação com e entre os agentes envolvidos nos âmbitos interno e externo à empresa pública, em que um determinado ator trabalha. Nesse contexto, o gestor na função de planejador, ao definir os objetivos, conjectura a maneira e as limitações deles serem cumpridos exatamente como foram pensados. Assim, Matus (1996) propõe também seis pressupostos para o planejamento estratégico situacional, são eles: 1- O ator que planeja, mas não tem poder de controlar a forma como o planejamento será implementado e nem de como será a realidade social da empresa pública no futuro, porque isso dependerá da ação de outros atoresinternos e externos à instituição; 2- Existe mais de uma explicação para a realidade que pode ser em função dos vários atores e dos cenários futuros da ação social da coisa pública; 3- Atores sociais enfrentam-se, com objetivos conflitantes; ou convergem quando os objetivos são similares; 4- O poder é escasso, e fracionado entre os atores, o planejamento analisar o cenário político e centrar sua atenção na conjuntura social, política e econômica de uma Nação; 5- A incerteza é predominante e não pode ser controlada e nem mensurada de forma correta, apenas estimada; 6- O governante lida com problemas, todos eles possuem prazo de resposta no tempo, e com solução aberta para a criação de decisão mais criativa e/ou para o conflito de poder ou de interesses. No planejamento na Administração Pública, os conflitos existem, e se contrapõem ao desejo de mudança, esta oposição feita por atores com diferentes visões e opiniões, que podem aceitar a proposta no todo ou em parte, ou simplesmente recusá-la (MATUS, 1993, p. 14). Portanto, se a capacidade de governo for tecnicamente limitada, devem-se identificar os instrumentos necessários para viabilizar o projeto de governo de uma forma mais eficiente, ou seja, deve possibilitar: a) Decidir e atuar de forma efetiva e enérgica; b) Alterar metas e objetivos no curso da implantação, quando houver necessidade, pois a intervenção governamental não é homogênea ou permanente, ela se altera ao longo do tempo, de acordo com as situações conjunturais que se apresentam; c) Administrar conflitos, permitindo a convergência de interesses em prol de um objetivo comum. No exercício da capacidade de governo na liderança pública convergem três elementos: a proposta de objetivos, o grau de dificuldade que apresenta essa proposta e a capacidade de driblar tais dificuldades (MATUS, 1993). Nesse sentido, a função do governo é agir e transformar a realidade social em algo melhor, que traga mais qualidade de vida ao cidadão. O administrador público deve organizar as ações em torno de metas claras, visando dar direção e foco às ações, posicionando-se como facilitador do processo. Putnam (1996, p.7) afirma: “a governabilidade deve ser exercida permanentemente pelo administrador público, considerar as demandas de seus cidadãos e agir com eficácia em relação a tais demandas”. O pressuposto do planejamento é estabelecer diretrizes claras a serem perseguidas, assim faz-se necessária a revisão permanente do plano em função do comportamento dos atores e da 37 conjuntura; uma vez que as variáveis básicas para formulação do planejamento podem se alterar ao longo do tempo. Neste sentido, é preciso estabelecer fluxos de informação, controle, análise, revisão do plano, articulações entre programas e execução; que permita visualizar o detalhamento do plano em programas, projetos e ações coordenados entre si e coerentemente articulados com os diversos atores. METODOLOGIA O método ou metodologia científica é a forma padronizada e acadêmica da reunião de procedimentos racionais, que serão utilizados para investigar e explicar os fatos e fenômenos da pesquisa. Esta análise é feita por meio da observação e da formulação de análises. Neste sentido, este capítulo versa sobre os aspectos principais dessa pesquisa, como as suas características, a maneira como os dados foram levantados, tabulados e analisados. ASPECTOS E CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA A pesquisa tem natureza qualitativa por ser uma forma de entender a natureza social do fenômeno e por estar envolvido nas experiências reais dos participantes. Segundo Oliveira (2005), a abordagem qualitativa pode ser caracterizada “[...] como sendo uma tentativa de se explicar em profundidade o significado e as características do resultado das informações obtidas através de entrevistas ou questões abertas” (OLIVEIRA, 2005, p.66). Quanto à estratégia adotada ao objeto, esta pesquisa pode ser caracterizada por estudo de caso, pois consiste no estudo profundo e exaustivo de um objeto, de maneira que permita o conhecimento detalhado do desenvolvimento do Planejamento Estratégico Situacional na Central de Abastecimento Farmacêutico (CAF) de um município do estado de Pernambuco (GIL, 2002, p. 54). Neste sentido, esta pesquisa caracteriza-se pelo estudo concentrado de um único caso, “[...] preferido por pesquisadores que desejam aprofundar seus conhecimentos em determinado fato específico, de forma mais intensiva em decorrência dos esforços se concentrarem-se em determinado fato [...]” (RAUPP; BEUREN, 2003, p. 84). A investigação desta pesquisa foi feita com a participação de 03 farmacêuticos, 01 digitador, 01 conferente e 03 auxiliares de farmácia lotados na CAF, com exceção do conferente cuja lotação pertence à secretaria de logística do estado. A partir das vivências observadas pelos participantes, os mesmos puderam elencar os principais problemas que caracterizava a situação atual vivenciada e desta forma, contribuir para a análise de desenvolvimento do planejamento. Ou seja, esta pesquisa se utiliza destas pessoas como grupo focal como instrumento de coleta de dados. O grupo focal é um tipo de entrevista em profundidade realizada em grupos (oficinas), cujas reuniões têm característica definida quanto à proposta, à composição e aos procedimentos de condução (GODOI; MELO; SILVA, 2012). Este método é recomendado para avaliar diferentes situações de pesquisa e fornecer interpretações e percepções diferentes (GODOI; MELO; SILVA, 2012). DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ATUAÇÃO A CAF municipal está ligada a Gerência de Atenção à Saúde (GAS), e conta com uma estrutura independente dentro das normas de boas práticas de armazenagem, facilitando a continuidade dos serviços prestados. O espaço é dividido em sete departamentos, são eles: área 38 para recepção, gerência, atividades administrativas, medicamentos, Produtos para Saúde, área para psicotrópicos, termolábeis e dispensação. A estrutura física atende as necessidades do fluxo de atividades com locais adequados para garantir a correta recepção, armazenamento e distribuição, bem como locais condizentes para a guarda de produtos específicos, conforme preconizado pelas legislações, por exemplo: psicotrópicos e termolábeis. Os principais medicamentos disponíveis são: anti-hipertensivos, antibióticos, analgésicos, anti-inflamatórios, antitérmicos, antialérgicos, saúde da mulher e do homem, entre outros. A logística de distribuição contempla 43 unidades básicas de saúde, 03 hospitais, 01 policlínica, 02 centro de atenção psicossocial (CAPS), 02 centros de saúde da mulher, dentre outros. A distribuição dos medicamentos é realizada de forma semanal, quinzenal e mensal conforme a necessidade da unidade de saúde e cronograma específico, contemplando programas específicos como Hiperdia, Parkinson e insumos para pacientes insulinos dependentes. Em média 327 medicamentos são padronizados e estocados no município, em farmácias de níveis: básico, médio e alta complexidade. A CAF conta atualmente com 01 coordenador farmacêutico, 03 farmacêuticos, 02 digitadores e 05 colaboradores totalizando 11 funcionários. COLETA DE DADOS E CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA O desenvolvimento da coleta e levantamento dos dados primários, foi através de oficinas em formato de grupo focal no CAF estudado, com a participação de 8 funcionários. Durante o processo de convocação, foi anexada na porta da coordenação da CAF e no quadro de avisos a data da primeira oficina a ser realizada. Isso foi realizado como um chamado, foram elaboradas folhas e elas foram anexadas no mural, com a seguinte frase “A CAF precisa lhe escutar”. Para motivar os participantes, antes do início das atividadesfoi servido um lanche e todos ficaram curiosos procurando saber do que se tratava, ou do que estava por vir. Os participantes das oficinas estavam envolvidos em 5 fases ou momentos: I – Momento explicativo dos conceitos e da importância da elaboração do planejamento; II – Levantamento de dados para a elaboração da Matriz de priorização de Problemas; III – Construção da priorização das ações; IV – Construção do Diagrama de Causa e Efeito, imagem objetivo, causas e consequências convergentes; V – Construção no plano operacional. DESCRIÇÃO DA ELABORAÇÃO DA PESQUISA Após a explicação do objetivo do trabalho a todos os envolvidos, os farmacêuticos foram ouvidos com o intuito de identificar o principal problema que mais os incomodava naquele momento, para a partir dele poder desenvolver o Plano Operativo (PO). Este plano é derivado do PES, houve algumas falas que isso seria tarefa fácil, mas muitos participantes relataram alguns problemas. Esse momento explicativo dos conceitos foi elaborado para melhor destacar e elucidar como os funcionários enxergavam os problemas presentes e através de suas experiências práticas durante os grupos focais, pode-se fornecer informações sobre o que pensavam quanto ao grau de resolutividade destes problemas. Pois, como está apresentado, na fase II foi feito uma matriz de priorização dos problemas elucidados nas oficinas, já que o CAF estudado não dispõe de orçamento para enfrentar todos os problemas de forma simultânea. Após a realização de duas oficinas foram elencados os problemas. A partir da percepção diferente da realidade vivenciada por diferentes atores, houve uma tempestade de ideias para a análise das possíveis causas até se chegar a causa princial (raiz de todos os problemas), a partir da 39 pergunta chave: Por que ocorre? e para a análise das prováveis consequências fez-se a seguinte pergunta: o que isso gera? como estratégia para a construção explicativa ao problema priorizado. Chegou-se como causa convergente o “Desconhecimento dos diferentes setores envolvidos sobre as atividades e as necessidades inerentes à CAF”, e como consequência convergente foi a “Interrupção dos serviços administrativos e farmacêuticos prestados a população”. Os atores que mais se manifestaram foram os auxiliares de farmácia, e o digitador, por serem os principais atuantes nas atividades diárias do setor, vivenciando os problemas rotineiramente. Deste modo, os problemas elencados pelos entrevistados foram de acordo com a causa raiz elucidada foram: 1. Falta de participação do gestor municipal nas atividades da CAF; 2. Desorganização dos medicamentos e produtos para saúde encaminhados para a conferência; 3. Falta de ambiente refrigerado na CAF para PS e medicamentos; 4. Falta de organização por parte da logística no recebimento dos produtos; 5. Falta de infraestrutura (aparelhagem, instalações físicas) adequada ao desenvolvimento das atividades; 6. Falta de infraestrutura (recursos humanos e limpeza); 7. Desorganização na arrumação dos setores (PS e medicamentos) durante a chegada e a saída da CAF. A seguir, os problemas elencados foram priorizados. Para a priorização, foram atribuídas pontuação de 1 até 4 para cada critério (PEREIRA, 2004), sendo que: (0) representa que não há problema, ausência dele; (1) representa os fenômenos com pouca importância; (2) para um padrão médio; (3) para fenômenos de alta importância; e (4) para os de importância muito alta . A seguir, os problemas priorizados estão apresentados no Quadro 1, em que cada participante, elencava a pontuação, e o valor do problema, é o somatório da pontuação fornecida de cada entrevistado para os critérios. Em seguiga cada problema foi ordenado para priorizar o principal deles até o menos importante. Isso foi feito, utilizando-se uma matriz de priorização que permitiu analisá-los quanto aos seguintes critérios: valor (importância que cada ator dá a solução do problema); interesse (ou importância - como o ator se situa ante a realidade do problema); urgência (refere-se à pontuação atribuída à urgência para a solução do problema); pontuação (utilizada para os problemas que tiveram valor alto e interesse positivo) e capacidade de enfrentamento ou governabilidade - controle do grupo sobre os recursos necessários para resolver o problema (VEBER; LACERDA; CALVO, 2011; AMARAL; PEREIRA; NETO, 2012). Para Lacerda et al. (2013) os parâmetros para a priorização de problemas, utilizados para esta análise foram magnitude, transcendência, vulnerabilidade, urgência e factibilidade. Ainda, no primeiro encontro, durante a fase de priorização dos problemas, foi entregue a cada participante uma tabela fornecida com os parâmetros.Eles estão definidos a seguir: Magnitude: numero de pessoas e frequência com que o problema atinge determinada população. Quanto maior o numero de pessoas atingidas, maior é o problema; Transcedência: grau de interesse que os atores envolvidos possuem em solucionar o problema, ou seja é a importância ao mesmo. Quanto maior o interesse, maior é a importância e a transcendência do problema; Vulnerabilidade: grau de fragilidade que o problema possue em intervenções para o mesmo ser resolvido. Quanto mais fácil a resolução, mais vunerável é o problema; 40 Urgência: prazo para enfrentar o problema, quanto mais tempo maior a possibilidade de os riscos e consequências aumentarem. A gravidade dos riscos e consequências define a urgência de resolver o problema; Factibilidade: disponibilidade de recursos materiais, humanos, financeiros, tecnológicos e políticos para resolver o problema. Quanto mais disponíveis os recursos, mais factível é o problema. Após a somatória das pontuações atribuídas para cada problema, ela é feita pela soma das notas entre ou dos pesos atribuídos por cada um dos entrevistados entre 0 a 4, para fenômenos cuja importância seria nula o peso seria (0), já para fenômenos de importância muito alta seria (4). O problema priorizado foi o que deteve a maior valor em somatório, a saber: “Falta de infraestrutura (aparelhagem e instalações físicas) adequada ao desenvolvimento das atividades” (nome do problema priorizado) que obteve a pontuação de 135 (total de pontos do problema) pontos. Durante a fase de priorização não houve conflitos, no entanto, houve certa indiferença entre os auxiliares de farmácia e o conferente da logística, já que o problema escolhido pelo conferente do almoxarifado referia-se as rotinas desempenhadas pelos auxiliares da CAF. Alguns problemas tiveram de ser reescritos em virtude de estarem muito amplos levando a interpretações diversas, sendo necessária a especificação melhor do problema. Como o problema priorizado apresentava- se amplo, foi solicitado ao funcionário se o mesmo concordava com a especificação do mesmo. Outro problema teve de ser refeito, pois o mesmo estava direcionado para atividades que não competia às atividades da CAF. Quadro 1 - Matriz decisória de priorização dos problemas conforme parâmetros 41 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS A PARTIR DAS OFICINAS REALIZADAS Após a priorização do problema, foi escolhido o mesmo para o desenvolvimento das demais fases da pesquisa. A primeira ação foi a explicação do Diagrama de Causa e Efeito aos participantes da pesquisa. Pois, compreender o Diagrama de Causa e Efeito facilitará a construção da explicação do problema, e desta forma guiará a construção do imagem-objetivo do plano operacional da CAF estudada. De acordo com Matus (1993), a imagem-objetivo é uma situação futura, ideal ou desejada, que marca a direção das estratégias a serem implantadas. Inicialmente definiu-se como deveria ser a situaçãoideal e o plano de intervenção para alcançar a imagem objetivo, através da descrição do objetivo geral “elucidar aos diferentes setores envolvidos sobre as atividades e necessidades inerentes a CAF a fim de evitar à interrupção dos serviços administrativos e farmacêuticos prestados à população” e, a partir deste objetivo foram definidos os específicos decorrentes das principais causas pontuadas. Dentre eles: Promover educação continuada aos setores envolvidos nas atividades da CAF a fim de aumentar a eficácia e a eficiência dos processos de trabalho; Inserir os profissionais (farmacêutico e gestor) nas atividades de apoio buscando o aumento da qualidade dos serviços administrativos e/ou farmacêuticos oferecidos à população; Realizar planejamento direcionado a compra de equipamentos a fim de reduzir a interrupção dos processos de trabalho; Disponibilizar recursos financeiros destinados à estruturação da CAF evitando as queixas dos usuários em decorrência das atividades da CAF; Capacitar e supervisionar o setor de compras responsável pela cotação dos aparelhos eletrônicos a fim de prevenir a descontinuidade dos processos de trabalho; Mobilizar gestores e órgãos fiscalizadores em decorrência da descontinuidade do repasse da contrapartida estadual evitando a falta de credibilidade dos serviços farmacêuticos. A construção do plano operacional foi realizada apenas com a participação dos farmacêuticos durante o horário vespertino, quando a demanda de trabalho era oportuna. Um dado que merece destaque é que houve uma maior discordância entre os participantes, principalmente entre os auxiliares de farmácia em virtude dos mesmos expressarem uma maior insatisfação com relação ao gestor municipal, com relação às condições de trabalho vivenciadas pelos mesmos, a remuneração recebida e o envolvimento do gestor nas atividades inerentes a CAF. Para isso foi explicado qual era o objetivo naquele momento e que não se poderia perder o foco para que a oficina fosse produtiva. Para CAF a intenção de se elaborar o plano operacional, é a resolução da causa convergente ou raiz, desta forma, melhorar os descritores ou os efeitos do problema fazendo com que se aproxime da imagem-objetivo. Assim, na construção do diagrama de causa e efeito, algumas características semelhantes foram destacadas como as causas e consequências como está apresentado na Figura 1. Esta construção foi realizada da seguinte maneira: ao se perguntar por que o descritor D1 ocorre? A resposta será C1, C2, C3, mas porque C1 ocorre? A resposta será C5 e C6, mas por que C5 e C6 ocorrem? A resposta será C11, que ocorre em função da causa convergente. Se a causa convergente faz com que todas as outras aconteçam, logo, se for resolvida, serão eliminadas todas as causas dos descritores e assim sucessivamente. Ou seja, para se chegar às causas foi perguntado ao descritor por que o problema ocorre? E para se chegarem às consequências o que o problema gera? Foram realizadas sucessivamente até se chegar à causa e a consequência convergente. Esse questionamento descritivo conseguiu orientar o quanto do problema é esperado para solucionar o 42 conjunto de ações definidas no plano, e o efeito esperado do planejamento (LACERDA et al., 2013). Em seguida para a atuação sobre o problema, formulam-se algumas ações, que foram julgadas capazes de modificar o estado crítico e, assim, produzir impacto positivo sobre os descritores do problema. As causas devem orientar a construção das operações para o enfretamento dos problemas. Corrobora Lacerda et al. (2013) que a operação consiste em “o que fazer” para modificar o problema em direção ao objetivo geral, sua elaboração deve estar comprometida com as características do problema, suas causas, com o que se deseja alcançar e os objetivos específicos envolvidos. As operações devem ser formuladas de forma precisa, concisa, direta e objetiva. Artmann (2000) enfatiza que neste momento se define como deve ser a situação ideal e o plano de intervenção para alcançar essa situação. As causas ou nós críticos darão origem às operações e ações necessárias para alcançar o resultado final. Desta forma, as operações são consideradas compromissos de ação ou meios de intervenção que utilizam recursos organizativos, políticos e econômicos que geram produtos ou resultados. Para o problema definido foram identificadas diferentes causas, o que obrigou a necessidade de estabelecer operações diferentes para resolver o problema priorizado, deste modo foram definidos três objetivos específicos para a resolução do mesmo, são eles: 1. Realizar programação da compra de equipamentos de forma eficaz, a fim de reduzir a descontinuidade dos processos de trabalho;2.Priorizar recursos humanos e materiais destinados à estruturação da CAF reduzindo as queixas e a desmotivação dos funcionários e 3.Mobilizar gestores e órgãos fiscalizadores solicitando providências em decorrência da irregularidade do repasse da contrapartida estadual evitando a falta de credibilidade dos serviços farmacêuticos. Para cada objetivo específico foram elaboradas as operações. Elas envolveram várias ações como está apresentado na Quadro 2. Nesta etapa também foram listados os recursos necessários para se realizar as ações. Estes podem se referir a bens materiais ou monetários, conhecimentos pessoais, habilidades, liderança, influências políticas, controle de organizações e outros. Após a elaboração dos objetivos geral e específicos pelos farmacêuticos, foram definidas as operações e ações decorrentes das principais causas pontuadas. Para cada causa foram elaboradas ações e operações que representavam perspectivas de intervenção aos problemas elencados. As operações foram detalhadas por meio de diferentes ações para cada objetivo descrito no Quadro 2, em que foram identificados os principais responsáveis por ação (QUADRO 3). A grande maioria das ações em que não existiu o déficit foi em decorrência de que a fonte do recurso depende exclusivamente do comprometimento dos funcionários e do entendimento da importância de cada ator dentro do ciclo de trabalho, logo a execução e a manutenção das ações dependerão do compromisso e da responsabilidade do coordenador da CAF e seu poder de governabilidade junto aos demais profissionais. O grande desafio na etapa de elaboração do plano operacional, consistiu na sensibilização do Gestor Municipal quanto à importância da estruturação da CAF, bem como, seu maior envolvimento com as atividades da CAF para que o mesmo perceba a grandiosidade, a complexidade e a necessidade de ações que visem uma melhor otimização dos serviços prestados à população. Na perspectiva que o plano operativo possa contribuir para um resultado positivo dos serviços administrativos e farmacêuticos prestados à população através da informatização de toda a CAF com equipamentos que possam fornecer melhores condições de trabalho, bem como a implantação de um eficiente sistema logístico que permita um gerenciamento efetivo, através do acompanhamento, da avaliação e controle dos resultados. 43 Figura 1 - Diagrama de Causa e Efeito Quadro 2 - Definição das operações e ações com base no momento normativo 44 Quadro 3 - Matriz do momento estratégico por objetivo (continua) 45 (continuação) 46(conclusão) DISCUSSÃO DOS RESULTADOS As oficinas foram analisadas pelos participantes como eventos condutores do processo de elaboração do PES. Muitos relataram que pela rotina de trabalho ser sempre complexa, não possuem tempo para pensar estrategicamente sobre como suas ações podem mitigar os problemas na CAF estudada. Uma ação realizada na oficina contribuiu para este descaque foi a elaboração do Diagrama de Causa e Efeito, ele serviu de parâmetro para a formulação dos três objetivos específicos. Neste sentido, percebeu-se a necessidade de continuidade de construção do planejamento, para o enfrentamento do problema proposto em virtude dos problemas identificados não dependerem exclusivamente de setor ou área específica más de recursos externos de diversos setores e atores envolvidos. Para a elaboração do diagnóstico situacional, ocorreu por meio de evidências/descritores, indicadores, causas e consequências, possibilitando a construção do Diagrama de Causa e Efeito (Figura 1) e a definição da imagem-objetivo, porém nem todos os participantes se sentiram confiantes e envolvidos, comprometidos para a elucidação das causas. Este fato ocorre, pois, alguns funcionários possuem medo de expressar as suas opiniões, mesmo quando as mesmas possuem caráter anônimo. Durante o momento da priorização dos problemas e a construção do plano operacional, ficou evidenciado o sucateamento que acontece no serviço publico, e isso acarreta uma série de 47 efeitos em outros serviços intermediários, neste trabalho foi elucidado a falta de infraestrutura (aparelhagem, instalações físicas) adequada ao desenvolvimento das atividades como principal problema. É oportuno salientar que o que foi elaborado e apresentado através do Diagrama de Causa e Efeito é fundamental importância, pois foram definidas as ações e operações que precisam ser implantadas para intervir aos problemas elencados. Mas, o sucesso do planejamento pode ficar ameaçado se não forem utilizados instrumentos de monitoramento e avaliação de todas as etapas através do acompanhamento passo a passo e os resultados das ações implementadas para garantir a qualidade do trabalho (CAMPOS; FARIA; SANTOS, 2012).Por isso, para acompanhar e avaliar a implementação das ações do PO, foram elaborados indicadores de monitoramento. As ações de avaliação estão descritas no Quadro 4 e as de monitoramento no Quadro 5. Assim, o monitoramento por meio dos indicadores em todas as fases do planejamento é de fundamental importância para que o prosseguimento dos processos. No entanto, será necessária a avaliação da complexidade das atividades estabelecidas, a capacidade de governabilidade, o interesse em resolver e os recursos econômicos disponíveis para que as ações os objetivos almejados sejam implantados. Esse momento tem a finalidade de criar um processo contínuo entre os momentos anteriores e a ação diária. É o ponto central na mediação entre o conhecimento e a ação (MIGLIATO, 2004). Para acompanhar o desenvolvimento do Plano Operativo é necessário que se estabeleça protocolos de indicadores de monitoramento e avaliação. Nesse sentido, para cada operação foi criado pelo menos um indicador de avaliação, e que, para cada ação, sejam criados indicadores de monitoramento que serão verificados semanalmente, quinzenalmente ou mensalmente. Vale salientar que este protocolo de indicadoresdeve ter sempre atualizado segundo a periodicidade da coleta e monitomaneto de cada um deles, a maioria dos indicadores por sua vez, é elaborada de acordo com os ofícios encaminhados em resposta a demanda gerencial e podem ser verificados conforme está normatizado na Portaria nº 1.555/2013 que dispõe sobre as normas de financiamento e de execução do Componente Básico da Assistência Farmacêutica no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).Este monitoramento é feito no sentido da CAF e seu ambiente externo. Na prática, estas informações possue a finalidade de saber como está sendo o cumprimento dos deveres e promessas do estado para com a CAF, já que a Portaria nº 1.555/2013 não fornece informação atual e fidedigna à realizadade da CAF para satisfazer às necessidades da sociedade. Durante elaboração dos indicadores que monitoraram as ações da CAF, houve apenas a participação de um farmacêutico e do coordenador, pela escassa motivação dos demais participantes nesta etapa de desenvolvimento do PES. Muitos relataram que o grau de complexidade era alto demais, outros alegaram estarem desacreditados de que os resultados esperados realmente sejam atingidos em virtude da instabilidade política do gestor municipal que ocorria durante a fase de sua execução. Neste sentido, pode-se observar que a elaboração do PES proporcionou momentos em que diferentes atores envolvidos com as atividades da CAF puderam expor suas perspectivas e indignações, na busca de situações mais favoráveis do que a inicial através de resultados favoráveis diante dos impactos dos problemas selecionados. Potencialmente, por envolver a análise da realidade, e a análise do funcionamento do sistema organizacional da CAF, pretendia-se que o PES proporciona-se melhores condições de trabalho, por meio do conhecimento das causas e efeitos dos problemas, bem como das ações para corrigí-los em em equipe. Isto foi realizado neste presente trabalho, por meio de ações estratégicas que neutralizassem os problemas identificados na assistência farmacêutica em nível local. 48 A elaboração do PES para a CAF mostrou-se bastante factível, pois expandiu o conhecimento e a capacidade de gestão dos atores envolvidos com os processos decisórios por meio de diferentes atores que compartilham as mesmas situações e problemas diários. Considerando os resultados alcançados, foi possível verificar que o processo realizado através do PES mostrou-se positivo no enfrentamento e na resolução dos problemas, principalmente por envolver os atores em uma realidade da qual fazem parte, contribuindo para uma melhor efetividade nos processos, na busca de melhores condições de trabalho, e, consequentemente, na estruturação dos serviços farmacêuticos ofertados aos usuários. O desenvolvimento do PES para a CAF trouxe uma grande contribuição para a gestão pública, pois, a maioria dos profissionais, pensavam estrategicamente a cada quatro anos, período de duração para cada governo. Então quando se começou a pensar sobre os problemas, esse prazo foi esquecido pelos participantes, que trabalham na unidade há mais de 10 anos em média.Assim, desta forma eles podem analisar sem este viés político para a melhor gestão do bem público, e fazendo com que o cliente que é a sociedade seja melhor beneficiada pela administração eficiente e eficaz dos recursos da CAF. No Quadro 5 estão apresentados as ações operacionais e os indicadores de monitoramento para cada operação descrita no Quadro 2, ste monitoramento é feito para a gestão da própria CAF. Eles foram elaborados em resposta ao problema enfrentado e priorizado pelos participantes desta pesquisa, como já foi relatado anteriormente. Neste sentido, estes indicadores fornecem instrumentos aos gestores públicos para demonstrar a transparência dos seus atos públicos, como por exemplo: a alocação de recursos financeiros. Quadro 4 - Protocolo de indicadores de avaliação do plano operativo 49 Quadro 5 - Protocolo de indicadores de monitoramento do plano operativo por operação (continua) 50(Continuação) 51 (Conclusão) CONSIDERAÇÕES FINAIS O enfoque do Planejamento Estratégico Situacional parte do reconhecimento da complexidade, da fragmentação e da incerteza que caracteriza m os processos gerenciais, em que os problemas não estruturados e o poder se encontra compartilhado, ou seja, nenhum ator detém o controle total das variáveis que estão envolvidas na situação (MATUS, 1993). A utilização do PES na CAF promoveu a identificação dos principais problemas, e isto foi muito importante para o alcance de uma visão geral mais assertiva do problema. Foi possível verificar que o PES conseguiu mobilizar o gestor municipal da importância da estruturação da assistência farmacêutica como fator positivo na resolução dos problemas apontados contribuindo para a credibilidade dos serviços farmacêuticos, a continuidade nos processos de trabalho, a construção de uma imagem positiva, bem como a continuidade dos serviços administrativos e farmacêuticos prestados à população. A experiência descrita neste plano operativo mostra que apenas a sensibilização não é o suficiente. Além do mais, é preciso o envolvimento e o interesse de todos os atores envolvidos no processo, e, principalmente que o gestor “abrace a causa”, contribuindo desta forma para a superação das barreiras operacionais para se atingir os resultados esperados no aumento da eficácia e eficiência dos processos de trabalho. Pode-se apontar como limitação no desenvolvimento do PES, o desafio de buscar adesões de diferentes atores (secretário de saúde, secretário de logística, gestores de compras etc.) no processo de planejamento estratégico relevante para a situação problemática. Além do mais, há a necessidade de que o mesmo se torne permanente no serviço contribuindo de forma eficiente e eficaz para a melhoria dos serviços prestados à população. Pela facilidade em desenvolver e o caráter dinâmico e integrativo do PES, sugere-se a utilização do PES nos diferentes locais de gestão municipal, em que se deseja monitorar a implantação de ações, através da detecção dos problemas não estruturados por distintos atores, capazes de contribuir para o alcance dos objetivos que assegurem a qualidade dos serviços prestados. 52 REFERÊNCIAS ABBAS, K.; LEONCINE, M. Proposta de melhorias no sistema de distribuição de medicamentos para aumento da qualidade em farmácias hospitalares. 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