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UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS - UFLA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA RELATÓRIO Caracterização da qualidade da água através dos parâmetros pH, acidez, alcalinidade e dureza Prof. Drª. Fátima Resende Luiz Fia1 (Professor) Tales Camargos Abrantes1 (Graduando) Thierry Alexandre Pellegrinetti1 (Graduando) 1 Departamento de Engenharia – UFLA Relatório apresentado por exigência da Disciplina de Qualidade Ambiental – GNE 244, do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária Lavras – MG Maio de 2014 1 – INTRODUÇÃO 1.1 – Potencial hidrogeniônico (pH), acidez e alcalinidade Por influir em diversos equilíbrios químicos que ocorrem naturalmente ou em processos unitários de tratamento de águas, o pH (potêncial hidrogeniônico) é um parâmetro importante em muitos estudos no campo do saneamento ambiental. A influência do pH sobre os ecossistemas aquáticos naturais dá-se diretamente devido a seus efeitos sobre a fisiologia das diversas espécies. Também o efeito indireto é muito importante podendo, em determinadas condições de pH, contribuírem para a precipitação de elementos químicos tóxicos como metais pesados; outras condições podem exercer efeitos sobre as solubilidades de nutrientes. Desta forma, as restrições de faixas de pH são estabelecidas para as diversas classes de águas naturais, tanto de acordo com a legislação federal, quanto pela legislação estadual (CETESB, 2013). O pH da água expressa a atividade dos íons hidrogênio no meio, determinando seu caráter ácido (pH < 7,0) ou alcalino (pH > 7,0). O condicionamento final da água após o tratamento pode exigir também a correção do pH para evitar problemas de corrosão ou incrustações (FIA & FIA, 2011). A acidez de uma água pode ser definida como sua capacidade de reagir quantitativamente com uma base forte até um valor definido de pH, devido à presença de ácidos fortes (ácidos minerais: clorídrico, sulfúrico, nítrico, etc.), ácidos fracos (orgânicos: ácido acético, por exemplo, e inorgânicos: ácido carbônico, por exemplo) e sais que apresentam caráter ácido (sulfato de alumínio, cloreto férrico, cloreto de amônio, por exemplo). A grande importância no controle da acidez das águas reside nos estudos de corrosão, que pode ser provocada tanto pelo gás carbônico (presente em águas naturais) como pelos ácidos minerais (presentes em efluentes industriais). O efeito da acidez é controlado legalmente pelo valor do pH (PIVELI, 2013). A alcalinidade de uma amostra de água pode ser definida como sua capacidade de reagir quantitativamente com um ácido forte até um valor definido de pH. A importância deste parâmetro se concentra no controle de determinados processos unitários utilizados em estações de tratamento de águas para abastecimento e residuárias (PIVELI, 2013). 3 Tabela 1: Distribuição entre as formas de alcalinidade em função do pH pH da água Formas de Alcalinidade Formas de Acidez >9,4 OH- e CO3 2- - 8,3 – 9,4 CO32- e HCO3- CO2 livre ausente 4,4 – 8,3 HCO3- CO2 <4,4 - Ácidos fortes Fonte: FIA & FIA, 2011. 1.2 – Dureza A dureza é um parâmetro que expressa a concentração de cátions multivalentes em solução na água, devendo ser expressa em equivalentes de CaCO3. É formada principalmente pelo Ca2+ e Mg2+, e em menor proporção por Al3+, Fe3+, Mn3+ e Sr3+. A dureza de uma água é a característica que a mesma possui de reduzir a formação de espuma com o sabão. Um outro problema causado pelas águas duras é a formação de incrustações de carbonato ou silicato de cálcio e, ou, magnésio que baixam a condutividade térmica e promovem a corrosão interna de caldeiras e outras unidades onde ocorre a elevação de temperatura. A dureza reflete a natureza da formação geológica com a qual a água esteve em contato. Em geral, as águas superficiais são mais brandas do que as subterrâneas e as águas duras são encontradas nas zonas de acentuada formação calcária (FIA & FIA, 2011). Tabela 2: Classificação das águas em termos do grau de sua dureza Tipo de água Grau de dureza Águas moles Águas moderadamente mole Águas duras Águas muito dura < 50 mg L-1 de CaCO3 50 – 150 mg L-1 de CaCO3 150 – 300 mg L-1 de CaCO3 >300 mg L-1 de CaCO3 Fonte: FIA & FIA, 2011. 2 – OBJETIVO Esse trabalho teve como objetivo a determinação do pH, acidez, alcalinidade e dureza de duas amostras de água, sendo que a primeira foi retirada da lagoa de abastecimento da Universidade Federal de Lavras, sendo caracterizada como entrada (entrada do sistema de tratamento) e a segunda amostra sendo a mesma água, porém após passar por tratamento na estação piloto de uma aluna de doutorado, sendo caracterizada como saída. 3 - MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 – Materiais Béquer de 50 mL; Pisseta; Potenciômetro (peagâmetro); Papel absorvente; Erlenmeyer 250mL; Provetas graduadas de 100 mL; Suporte de bureta; Bureta; Funil; Tubo de ensaio; Pipetas volumétricas de 50 mL. 3.2 – Reagentes Hidróxido de sódio 0,01N; Fenolftaleína; Ácido sulfúrico 0,02N; Solução indicadora de vermelho de metila; Solução de tiossulfato de sódio 0,01N; Solução de EDTA 0,01N; Solução tampão para dureza; Solução inibidora; 5 Indicador Eriocromo Black. 3.3 – Métodos 3.3.1- pH Tomou-se um peagâmetro previamente calibrado dentro dos padrões do fabricante. Posteriormente, foram feitas as leituras da amostras de entrada e saída. Fez-se apenas uma leitura para cada amostra (entrada e saída) e anotou-se então os valores de cada leitura. 3.3.2 - Acidez Transferiu-se para um erlenmeyer um volume de 50mL da amostra da entrada, mensurados em proveta graduada de 100 mL, adicionou-se 3 gotas de fenolftaleína e, então, fez-se a titulação com hidróxido de sódio 0,01N. Esperou-se a viragem de cor, de transparente para o róseo até que se estabilizasse. O mesmo procedimento foi realizado para as amostra de saída. Ambas as análises procederam-se em triplicatas. Feito isso, tomou os valores encontrados e, então, aplicou-se na a equação 1 de forma a obter os valores de acidez para cada uma das amostras. 𝐴𝑐𝑖𝑑𝑒𝑧 (𝑚𝑔 𝐿⁄ 𝑑𝑒 𝐶𝑎𝐶𝑂3) = 𝑁.𝑉(𝑚𝐿).𝑓𝑐.50.100 𝑉𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 (1) Onde: N = Normalidade do hidróxido de sódio (0,01N); V = Volume de hidróxido de sódio gasto na titulação (mL); Vamostra = Volume de amostra (mL); fc = fator de correção = 1. 3.3.3 – Alcalinidade Inicialmente, mensurou-se um volume de 50mL de cada uma das amostras em uma proveta graduada de 150 mL, transferindo-as para um erlenmeyer de 250mL e em seguida adicionou-se 3 gotas de fenolftaleína. Depois foi feita uma prova em branco em outro erlenmeyer contendo água destilada e adicionando-se também 3 gotas de fenolftaleína. Disso, observou-se uma característica rósea, indicativo para a necessidade de titulação com ácido sulfúrico (0,02N). Foi feita a titulação até o descoramento do indicador, anotando-se o volume gasto. Todas as análises seguiram em triplicatas para ambas as amostras (entrada e saída). Feito isso, tomou os valores encontrados e, então, aplicou-se na a equação 2 de forma a obter os valores de alcalinidade para cada uma das amostras. 𝐴𝑙𝑐𝑎𝑙𝑖𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 (𝑚𝑔 𝐿⁄ 𝑑𝑒 𝐶𝑎𝐶𝑂3) = 𝑁.𝑉(𝑚𝐿).𝑓𝑐.50.100 𝑉𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 (2) Onde: N = Normalidade do hidróxido de sódio (0,01N); V = Volume de hidróxido de sódio gasto na titulação(mL); Vamostra = Volume de amostra (mL); fc = fator de correção = 1. 3.3.4 – Dureza Mensurou-se um volume de 50mL de cada uma das amostras e depois transferiu-se para um erlenmeyer de 250mL para adicionar-se à amostra um 1 mL de solução tampão, 1mL de solução inibidora e 1mL de eriocromo black. Em seguida titulou-se com solução de EDTA 0,01N até a viragem quando atingiu-se a cor verde. Foram feitas análises em triplicatas tanto para as amostras de entrada quanto para as de saída. Obtidos os valores titulados utilizou-se a equação 3 e, substituindo os devidos valores, obtiveram-se os graus de dureza para ambas as amostras. 𝐷𝑢𝑟𝑒𝑧𝑎 (𝑚𝑔 𝐿⁄ 𝑑𝑒 𝐶𝑎𝐶𝑂3) = 𝑁.𝑉(𝑚𝐿).𝑓𝑐.100.100 𝑉𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 (3) Onde: N = Normalidade do hidróxido de sódio (0,01N); V = Volume de hidróxido de sódio gasto na titulação (mL); Vamostra = Volume de amostra (mL); fc = fator de correção = 1. 4 - RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados encontrados para cada uma das análises (pH, acidez e alcalinidade) são mostrados nas tabelas 3, 4 e 5, localizadas abaixo. Os valores médios para acidez e alcalinidade calculados estão descritos na Tabela 6. Em concordância com a Resolução nº 357, de 17 de Março de 2005 – CONAMA, que dispõe sobre padrões e classificação da qualidade da água, a água analisada, que apresentou valores de pH iguais a 7.3 e 6.7 (Tabela 3), respectivamente, à entrada e à saída, pode ser enquadrada como sendo do tipo Classe I - águas doces com padrões de qualidade para consumo humano. As análises indicaram que houve uma variação de pH, para menos, da ordem de 0.6, 7 da amostra à entrada em relação à da saída. Esse acontecimento pode estar associado ao próprio processo de tratamento da água na ETA; influência do uso de coagulantes e demais produtos usados. A queda ainda pode estar relacionada a reações ocorridas dentro do sistema de distribuição, por ocorrência de incrustações, corrosões ou mesmo contaminações externas por danos causados às tubulações. Para concordar com isso, a acidez se manifesta contrariamente à alcalinidade obedecendo a relação: ↑ acidez = ↓ alcalinidade. À entrada, com 0.6 mg L-1 de CaCO3 (acidez) – quando ocorrência de maior pH (7.3) para menor acidez – e à saída, 1.1 mg L-1 de CaCO3 (acidez) – pH mais baixo (6.7), maior acidez. No caso da alcalinidade os resultados se invertem reafirmando o exposto acima. A despeito das formas de acidez e alcalinidade (Tabela 1), a gama de pH (4,4 – 8,3) indica a presença de CO2 (acidez carbônica) como forma de acidez e para alcalinidade se manifesta na forma de bicarbonatos (HCO3 -). Tabela 3: Valores de pH com base nas análises realizadas em laboratório Amostra Valores de pH Entrada 7.3 Saida 6.7 Tabela 4: Valores de acidez da água calculados em função dos resultados de titulação realizadas em laboratório Amostra Volume gasto de NaOH 0.01N (mL) Acidez (mg L-1 de CaCO3) Entrada A1 0.6 0.6 A2 0.5 0.5 A3 0.6 0.6 Saída B1 1.0 1 B2 1.1 1.1 B3 1.1 1.1 Tabela 5: Valores de alcalinidade da água calculados em função dos resultados de titulação realizadas em laboratório Amostra Volume gasto de H2SO4 0.01N (mL) Alcalinidade (mg L-1 de CaCO3) Entrada A1 1.7 1.7 A2 1.7 1.7 A3 1.6 1.6 Saída B1 1.2 1.2 B2 1.4 1.4 B3 1.5 1.5 Tabela 6 – Valores de pH e valores médios de acidez e alcalinidade Amostra Acidez (mg L-1 de CaCO3) Alcalinidade (mg L-1 de CaCO3) Entrada 0.6 1.7 Saída 1.1 1.4 4.4- Dureza A Portaria 518/2004 do ministério da Saúde, estabelece o valor de dureza máxima, em mg L-1 de CaCO3, na concentração equivalente a 500 mg L -1. Na Tabela 7 são apresentados os valores de dureza calculados para a água analisada, respectivamente iguais a 29.33 e 30.67 mg L-1 de CaCO3, à entrada e à saída. Comparando esses resultados com os apresentados na Tabela 2 (classificação em termos de grua de dureza) essa água é tida como padrão de águas moles, assim, comprovando sua qualidade para consumo humano. Tabela 7: Valores de volume gasto em titulação com EDTA e respectiva dureza, com média aritmética das triplicatas, calculada em função do titulado Amostra Volume gasto de EDTA Dureza (mg L-1 de CaCO3) Média (mg L-1 de CaCO3) Entrada A1 1.8 36.0 29.33 A2 1.3 26.0 A3 1.3 26.0 Saída B1 1.6 32.0 30.67 B2 1.6 32.0 B3 1.4 28.0 9 5 – CONCLUSÃO A água apresenta padrões de boa qualidade para consumo humano, atendendo às exigências das legislações vigentes. Só é importante frisar que, embora essa água esteja dentro dos padrões de qualidade, tida como Classe I, outros parâmetros precisam ser analisados para que seja destina ao abastecimento humano, tais como, sólidos, cor, turbidez e cloro residual, por exemplo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) . Águas superficiais. Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br/agua/%C3%81guas-Superficiais/34- Vari%C3%A1veis-de-Qualidade-das-%C3%81guas>. Acesso em: 20/05/2014. FIA & FIA. Qualidade de água. Universidade Federal de Lavras. Departamento de Engenharia. Lavras- MG, 2011. PIVELI, R. P. Curso: “Qualidade das águas e poluição: Aspectos físico-químicos”. Características físicas das águas: Cor, turbidez, sólidos, temperatura, sabor e odor. 2013.
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