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Casamento PARTE 2

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Casamento (Parte II)
Existência
Pressupostos de existência (STJ e STF): consentimento (manifestação de vontade dos nubentes) e celebração na presença de autoridade (juiz de direito ou de paz, autoridade religiosa ou consular).
Validade
Invalidade do casamento 
I. Ausência de consentimento dos nubentes
Será considerado inexistente o casamento que faltar a vontade de um dos nubentes para a celebração desse contrato. Pode ocorrer quando faltar a declaração de vontade, quando houver coação absoluta, ou, ainda, quando a vontade não for manifestada. Esse consentimento pode ser apresentado por procuração.
II. Celebrados sem as solenidades
O casamento deve ser celebrado por pessoa atribuída por lei a exercer esse direito. A incompetência ratione materiae se caracteriza quando quem preside o ato não é juiz de paz, mas sim, autoridade investida de outra competência.
Diante disso, a incompetência ratione materiae justifica a inexistência do casamento, exceto na seguinte hipótese prevista no Código Civil:
Art. 1.554. Subsiste o casamento celebrado por aquele que, sem possuir a competência exigida na lei, exercer publicamente as funções de juiz de casamentos e, nessa qualidade, tiver registrado o ato no Registro Civil.
Diferença entre Casamento nulo e Anulável
NULO: Não gera efeitos, pode ser alegado por qualquer parte ou pelo MP e é imprescritível (ação).
ANULÁVEL: É válido até a declaração de invalidade, a sociedade é indiferente e varia de 180 dias ao máximo de 4 anos, de acordo com o caso
Das Nulidades do Casamento
O casamento é considerado nulo quando celebrado com as infrações definidas pela ordem legal e por motivos fundados de interesse público.
No art. 1548, nos seus incisos I e II do Código Civil de 2002 trata que
I. Será nulo o casamento contraído pelo enfermo mental sem necessário discernimento para os atos da vida civil.
II. Casamento que apresentar alguma infringência de impedimentomatrimonial [...].
As nulidades são as causas da invalidade do casamento; elas definem a ineficácia do ato e fundamentam-se em motivos de ordem pública. Categoriza-se em absolutas (quando podem ser promovidas pelo Ministério Público) e também se assentam em motivos de ordem privada (quando são classificadas relativas, mas só podem ser recorridas pelas pessoas em cujo prejuízo foram estabelecidas).
Ressaltamos que o inciso I do artigo 1.548 foi revogado pela Lei nº 13.146, de 2015, e que forneceu uma nova redação, acrescentando o parágrafo 2º no art. 1.550 que nos diz que “[a] pessoa com deficiência mental ou intelectual em idade núbia poderá contrair matrimônio, expressando sua vontade diretamente ou por meio de seu responsável ou curador”.
Sendo assim, a clássica doutrina de Sá Pereira ensina que "nos atos jurídicos, quer nos casamentos, o interesse geral é que domina as nulidades absolutas, com esta diferença, porém: naqueles a sua posição é sempre a mesma, ao passo que, neste ele se desloca, e ora está na anulação, ora está na manutenção do casamento"
Para a conseguir o título de nulidade do matrimônio, é preciso a postulação no Poder Judiciário de uma demanda específica, que tem por instrumento a sentença declaratória de nulidade do ato jurídico. A parte ativa da ação poderá ser qualquer interessado: o próprio que iniciou o ato, herdeiros necessários que tenham conveniência na nulidade do matrimônio, tutores, curadores ou o Ministério Público.
Por seu aspecto ímpar, ou seja, por não ter estabelecido o vínculo da relação jurídica entre as partes, esse tipo de ação de nulidade é imprescritível. Qualquer cidadão, ainda quando não possua interesse direto na lide, pode, através de documentos que justifiquem a incidência de um impedimento previstos nos incisos I a VII do artigo 1.521, incitar o Ministério Público, para que este celebre a ação declaratória de nulidade do casamento, por compreender aspecto que tromba com os princípios de ordem pública que integram a natureza jurídica constitutiva da família, protegida pela Constituição.
Antes de iniciada a ação de nulidade, o autor pode requerer a separação de corpos prevista nos arts. 1562 c/c 888, IV CPC, pode também facultar aos cônjuges o requerimento de alimentos provisionais nos termos da lei processual dispostos nos arts. 1.706 Código Civil c/c 852/854 do Código de Processo Civil. Estes são considerados medidas cautelares preparatórias para a ação principal.
Na jurisprudência, vale citar a apelação cível nº 1190989- MG, ocasião em que a 3ª Câmara cível de Minas Gerais decidiu manter a decisão da sentença sobre a declaração nulidade do matrimonio entre tio e sobrinha, pois houve a ausência de autorização judicial que superasse o impedimento legal do casamento entre eles e foi realizado em cartório de registro civil mediante declaração falsa das testemunhas.
CASAMENTO PUTATIVO
O casamento, mesmo nulo ou anulado pode produzir efeitos, depende da boa fé dos cônjuges no momento da celebração. É o denominado casamento putativo.
Se houver a boa fé entre os cônjuges, os efeitos serão produzidos com relação aos dois até a data da sentença que declarar nulo o casamento ou anulá-lo. Em caso de boa fé somente por uma das partes, somente este gozará dos efeitos.
Com filhos resultantes do casamento, não importa a boa fé ou não dos cônjuges. Os efeitos sempre serão produzidos. Ademais, com a regra constitucional que veda qualquer discriminação da filiação (Artigo 227, § 6º, da Constituição Federal), os direitos dos filhos não dependem da situação jurídica dos pais, não importa se são casados ou não, e se o casamento foi declarado nulo ou anulado.
CONCLUSÃO
A invalidade no casamento é de extrema importância para se obtiver um conhecimento mais profundo sobre o casamento, podemos compreender as diferenças em nulidade e anulabilidade do matrimônio, os casos em que há casamento putativo, onde mesmo com a nulidade e anulabilidade o casamento ainda produz efeitos em casos de boa fé, e se o casamento resultou em filhos os direitos independem da situação dos pais.

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