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Beck,ST Imunologia Clínica 87 DDIIAAGGNNÓÓSSTTIICCOO SSOORROOLLÓÓGGIICCOO DDAA DDOOEENNÇÇAA DDEE CCHHAAGGAASS FASE AGUDA • A idade média em que se adquire a doença é de 4 anos; 85% dos casos agudos ocorre em crianças < 10 anos; a susceptibilidade é universal • Período de incubação: 5 a 14 dias da picada p/ a forma aguda, > 10 anos p/ forma crônica; 30 a 40 dias p/ aquisição transfusional • Apenas 10 a 30% dos que tem infecção por T.cruzi terão D.Chagas sintomática; a maior parte com cardiopatia, só 15 a 20% com megas • Mortalidade de 12% na forma aguda, < 1% em todas as formas FASE CRONICA Forma Indeterminada: • Corresponde a mais de 50% dos casos • Caracteriza-se pela presença de Anticorpos anti-T.cruzi • Presença ou ausência de tripanosomas circulantes • Ausência de sintomas da doença • Eletrocardiograma e exames radiológicos normais • Forma Cardíaca: • Substituição do tecido muscular por fibrose – diminuição da força contrátil do miocárdio – IC • Formação de trombos intracavitários – estase sangüínea nas áreas de flacidez muscular – aneurismas – fenômenos tromboembólicos • Comprometimento do sistema nervoso autônomo – Bloqueios de condução - arritmias, morte súbita. Forma Digestiva: • Destruição do plexo mioentérico pelo infiltrado inflamatório • Alterações da peristaltismo • Estase do conteúdo do tubo digestivo (megacolon) Beck,ST Imunologia Clínica 88 Resposta Imune inflamatória Interação parasita/célula Rompimento Liberação de fragmentos celulares e antígenos parasitários Inflamação focal aguda proporcional aos ninhos de parasitas Formação de Ac IgG e IgM Redução da parasitemia I-DIAGNÓSTICO SOROLÓGICO: Os testes sorológicos tem grande importância no diagnóstico da doença de Chagas, ao revelarem a reatividade do soro contra antígenos do Trypanosoma cruzi. Embora sugestivas da doença, as manifestações clínicas das fases aguda e crônica da infecção chagasica não são bastantes características para uma certeza diagnóstica e grande número de pacientes apresenta a forma indeterminada, assintomática, da infecção. Quanto ao diagnóstico parasitológico, somente na fase aguda é possível a visualização do parasita pelo exame microscópico do sangue. Nas fases crônicas, o xenodiagnóstico e a hemocultura fornecem resultados positivos no máximo em 50% ou 60% dos casos. Os anticorpos contra componentes do T. cruzi aparecem precocemente na fase aguda da infecção e persistem, daí por diante, por toda a fase crônica. De início há anticorpos IgG e também IgM, mas estes permanecem por períodos limitados a algumas semanas, ficando depois somente os anticorpos IgG. Nas formas congênitas da infecção chagasica também se encontram anticorpos IgM no soro dos recém -Nascidos. Os níveis de anticorpos no soro, na doença de Chagas, não parecem guardar relação com a presença ou gravidade das manifestações clínicas. Após terapêutica anti-parasitária eficaz, nas infecções agudas ou recentes, os testes sorológicos tendem a negativação, mas dificilmente se alteram nos portadores de infecção crônica. OBS:OS MÉTODOS SOROLÓGICOS CONSTITUEM MÉTODOS INDIRETOS DE DIAGNÓSTICO, E DEPENDEM DA REATIVIDADE DO PACIENTE. Resultados sorológicos negativos ou positivos, não significam obrigatoriamente presença ou ausência de infecção chagásica, mas apenas é um índice de probabilidade. Esta probabilidade é tanto maior quanto mais confiável o teste, e dependerá grandemente da maior ou menor prevalência da infecção no grupo populacional estudado. Beck,ST Imunologia Clínica 89 2- TESTES SOROLÓGICOS USUAIS : Os testes utilizados variam quanto a sua sensibilidade e especificidade. Um dos fatores que influenciam é o tipo de antígeno usado em cada método. O Teste de hemaglutinação passiva, e o imunoenzimático, são preparados com extratos solúveis de composição mais ou menos complexa, já a Imunofluorescência utiliza formas epimastigotas do T. cruzi fixadas a lâminas, detectando também antígenos de parede dos parasitas. Os antígenos complexos garantem grande sensibilidade aos testes, mas com menor especificidade, ao passo que antígenos altamente purificados, têm maior especificidade, mas com perda de sensibilidade. Teste de Fixação de Complemento: (Machado Guerreiro)- em desuso Primeiro teste a ser utilizado para diagnóstico da doença de Chagas (1913). Por exigir condições muito rigorosas para que se obtenha um bom resultado, deixou de ser usado atualmente, sendo substituído principalmente pelo teste de imunofluorescência indireta. Hemaglutinação Passiva Indireta: (HA) Hemácias recobertas por antígenos solúveis do T.cruzi aglutinam-se na presença de anticorpos contra o parasita. É uma técnica simples, fácil de executar. Podem ser realizados testes com amostras de soro recente ou preservados com glicerina. Imunofluorescência Indireta (IFI) Lâminas contendo o parasita na sua forma epimastigota, são colocadas frente ao soro, que contendo anticorpos específicos (se positivo) ligam-se ao antígeno. A revelação é feita pela adição de anticorpo anti- globulina marcada pela fluoresceina. O resultado positivo se traduz pela fluorescência de parede dos parasitas, observado em microscópio adequado. É um bom teste por ter como antígeno o próprio parasita, não estando sujeito a variações decorrentes do processo de extração e purificação. Deve-se ter o cuidado de usar conjugado fluorescente anti- IgG, para evitar a influencia de anticorpos naturais da classe IgM, que podem ser responsáveis por reações fracas ou duvidosas. O uso de conjugado anti-IgM pode ser usado para determinação de infecção congênita ou fase aguda da doença (lembrar de eliminar a interferência do fator reumatóide pelo tratamento do soro). Testes Imunoenzimáticos São muito sensíveis, e usam como antígeno extrato solúvel específico do parasita. Tem grande sensibilidade, e evita reação cruzadas, devido à reatividade cruzada com antígenos comuns das leishmanioses, especialmente a visceral e as formas cutâneomucosas, o que pode ocorrer nos outros testes sorológicos para doença de chagas. Beck,ST Imunologia Clínica 90 Western blotting – Tesa-cruzi Finalidade: imunoensaio em linha, destinado a confirmação da presença de anticorpos contra o Trypanossoma cruzi em soro ou plasma Antígeno: Antígenos excretados e secretados do tripamastigota. Interpretação: Reação Positiva presença de bandas na região de Massa Molecular 120 a 200kDa TESTES SOROLÓGICOS E FASES DA DOENÇA Na fase aguda da doença de Chagas os testes que mais precocemente se positivam, 3 a 4 semanas após a infecção, são aqueles capazes de detectar anticorpos da classe IgM, como a IF-IgM. Entretanto, pelo aparecimento logo em seguida, de anticorpos IgG, observa-se também precocemente a positivação dos testes mais sensíveis como IF- IgG, e os testes Imunoenzimáticos (ELISA). Estes atingem porcentagem elevadas de positividade, de 95% a 100% , já no primeiro mês da infecção ( 20-40 dias após o contágio). Mais tardiamente se positiva o teste de hemaglutinação. Fase Aguda da Doença Diagnóstico Parasitológico (Xenodiagnóstico) aproximadamente 100% positividade Fase Crônica: Forma intermediária ( inaparente) -Sem clínica - sorologia positiva Forma cardíaca -cardiopatia -Sorologia positiva Forma Digestiva -Megacolon , megaesôgago Beck,ST Imunologia Clínica 91 TÍTULOS SIGNIFICATIVOS: O nível de anticorpos paraanti- T. Cruzi em chagasicos variam em limites amplos. Ao se aplicar o teste aos não chagásicos da população, observam-se reatividades que, embora de níveis muito inferiores, intercepta a curva de positividade dos chagásicos. % de pacientes A= NÃO CHAGÁSICOS B= CHAGASICOS A B Título de anticorpos 1 2 3 Isto nos mostra que títulos muito baixos ( +/- 1/16 ) estão presentes em pessoas sadias (1) . Embora possamos ter doentes com este título, a chance de falso positivo aqui torna-se grande Títulos entre 1\32 a 1\64, podemos ter tanto pacientes chagásicos , como não chagásicos ( 2 e 3) Em vista disto, os níveis de reatividade, ou títulos, tomados como discriminantes entre soros reagentes e não reagentes devem ser escolhidos de acordo com a finalidade do diagnóstico. Assim para triagem de doadores de sangue, mesmo títulos baixos devem ser considerados como positivos. Para fins clínicos o título deve ser mais alto, para minimizar a possibilidade de resultados falso positivos. É preciso lembrar sempre que a probabilidade de infecção pelo T. cruzi é tanto maior quanto mais elevado o título da reação, e levar em conta também a prevalência da infecção no grupo em estudo. É sempre conveniente a realização independente de dois testes com princípios diferentes, como por exemplo HA e IF, ou ELISA e IF, para que os resultados se policiem mutuamente. Em qualquer divergência repetir o teste para confirmação do resultado. Beck,ST Imunologia Clínica 92 Algoritmo para Doença de Chagas 2 TESTES REAGENTES Amostra de soro 2 TESTES EIA/HA EIA/IFI IFI/HA INCONCLUSIVOS Reagente/Não Reagente REPETIR O TESTE“CHAGÁSICO” “NÃO CHAGÁSICO” 2 TESTES NÃO REAGENTES 2 TESTES REAGENTES Amostra de soro 2 TESTES EIA/HA EIA/IFI IFI/HA INCONCLUSIVOS Reagente/Não Reagente REPETIR O TESTE“CHAGÁSICO” “NÃO CHAGÁSICO” 2 TESTES NÃO REAGENTES
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