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8-CHAGAS

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Beck,ST Imunologia Clínica 
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DDIIAAGGNNÓÓSSTTIICCOO SSOORROOLLÓÓGGIICCOO DDAA DDOOEENNÇÇAA DDEE CCHHAAGGAASS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FASE AGUDA 
 
• A idade média em que se adquire a doença é de 4 anos; 85% dos casos 
agudos ocorre em crianças < 10 anos; a susceptibilidade é universal 
• Período de incubação: 5 a 14 dias da picada p/ a forma aguda, > 10 anos p/ 
forma crônica; 30 a 40 dias p/ aquisição transfusional 
• Apenas 10 a 30% dos que tem infecção por T.cruzi terão D.Chagas 
sintomática; a maior parte com cardiopatia, só 15 a 20% com megas 
• Mortalidade de 12% na forma aguda, < 1% em todas as formas 
 
FASE CRONICA 
 
Forma Indeterminada: 
• Corresponde a mais de 50% dos casos 
• Caracteriza-se pela presença de Anticorpos anti-T.cruzi 
• Presença ou ausência de tripanosomas circulantes 
• Ausência de sintomas da doença 
• Eletrocardiograma e exames radiológicos normais 
• 
Forma Cardíaca: 
• Substituição do tecido muscular por fibrose – diminuição da força contrátil do 
miocárdio – IC 
• Formação de trombos intracavitários – estase sangüínea nas áreas de 
flacidez muscular – aneurismas – fenômenos tromboembólicos 
• Comprometimento do sistema nervoso autônomo – Bloqueios de condução - 
arritmias, morte súbita. 
 
Forma Digestiva: 
• Destruição do plexo mioentérico pelo infiltrado inflamatório 
• Alterações da peristaltismo 
• Estase do conteúdo do tubo digestivo (megacolon) 
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Resposta Imune inflamatória 
 
Interação parasita/célula 
 
Rompimento 
 
Liberação de fragmentos celulares e antígenos parasitários 
 
Inflamação focal aguda proporcional aos ninhos de parasitas 
 
Formação de Ac IgG e IgM 
 
Redução da parasitemia 
 
I-DIAGNÓSTICO SOROLÓGICO: 
 
 
 Os testes sorológicos tem grande importância no diagnóstico da doença de 
Chagas, ao revelarem a reatividade do soro contra antígenos do Trypanosoma cruzi. 
 Embora sugestivas da doença, as manifestações clínicas das fases aguda e 
crônica da infecção chagasica não são bastantes características para uma certeza 
diagnóstica e grande número de pacientes apresenta a forma indeterminada, 
assintomática, da infecção. 
 Quanto ao diagnóstico parasitológico, somente na fase aguda é possível a 
visualização do parasita pelo exame microscópico do sangue. Nas fases crônicas, o 
xenodiagnóstico e a hemocultura fornecem resultados positivos no máximo em 50% 
ou 60% dos casos. 
 Os anticorpos contra componentes do T. cruzi aparecem precocemente na 
fase aguda da infecção e persistem, daí por diante, por toda a fase crônica. De 
início há anticorpos IgG e também IgM, mas estes permanecem por períodos 
limitados a algumas semanas, ficando depois somente os anticorpos IgG. Nas 
formas congênitas da infecção chagasica também se encontram anticorpos IgM no 
soro dos recém -Nascidos. 
 Os níveis de anticorpos no soro, na doença de Chagas, não parecem 
guardar relação com a presença ou gravidade das manifestações clínicas. 
Após terapêutica anti-parasitária eficaz, nas infecções agudas ou recentes, os testes 
sorológicos tendem a negativação, mas dificilmente se alteram nos portadores de 
infecção crônica. 
 
 
OBS:OS MÉTODOS SOROLÓGICOS CONSTITUEM MÉTODOS INDIRETOS DE
 DIAGNÓSTICO, E DEPENDEM DA REATIVIDADE DO PACIENTE. 
 
 Resultados sorológicos negativos ou positivos, não significam 
obrigatoriamente presença ou ausência de infecção chagásica, mas apenas 
é um índice de probabilidade. Esta probabilidade é tanto maior quanto mais 
confiável o teste, e dependerá grandemente da maior ou menor prevalência 
da infecção no grupo populacional estudado. 
 
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2- TESTES SOROLÓGICOS USUAIS : 
 
 Os testes utilizados variam quanto a sua sensibilidade e especificidade. Um 
dos fatores que influenciam é o tipo de antígeno usado em cada método. 
 O Teste de hemaglutinação passiva, e o imunoenzimático, são preparados 
com extratos solúveis de composição mais ou menos complexa, já a 
Imunofluorescência utiliza formas epimastigotas do T. cruzi fixadas a lâminas, 
detectando também antígenos de parede dos parasitas. Os antígenos complexos 
garantem grande sensibilidade aos testes, mas com menor especificidade, ao passo 
que antígenos altamente purificados, têm maior especificidade, mas com perda de 
sensibilidade. 
 
Teste de Fixação de Complemento: (Machado Guerreiro)- em desuso 
 
 Primeiro teste a ser utilizado para diagnóstico da doença de Chagas (1913). 
Por exigir condições muito rigorosas para que se obtenha um bom resultado, 
deixou de ser usado atualmente, sendo substituído principalmente pelo teste de 
imunofluorescência indireta. 
 
Hemaglutinação Passiva Indireta: (HA) 
 
 Hemácias recobertas por antígenos solúveis do T.cruzi aglutinam-se na 
presença de anticorpos contra o parasita. É uma técnica simples, fácil de executar. 
Podem ser realizados testes com amostras de soro recente ou preservados com 
glicerina. 
 
Imunofluorescência Indireta (IFI) 
 
 Lâminas contendo o parasita na sua forma epimastigota, são colocadas 
frente ao soro, que contendo anticorpos específicos (se positivo) ligam-se ao 
antígeno. A revelação é feita pela adição de anticorpo anti- globulina marcada pela 
fluoresceina. O resultado positivo se traduz pela fluorescência de parede dos 
parasitas, observado em microscópio adequado. 
 É um bom teste por ter como antígeno o próprio parasita, não estando sujeito 
a variações decorrentes do processo de extração e purificação. 
 Deve-se ter o cuidado de usar conjugado fluorescente anti- IgG, para evitar a 
influencia de anticorpos naturais da classe IgM, que podem ser responsáveis por 
reações fracas ou duvidosas. O uso de conjugado anti-IgM pode ser usado para 
determinação de infecção congênita ou fase aguda da doença (lembrar de eliminar 
a interferência do fator reumatóide pelo tratamento do soro). 
 
Testes Imunoenzimáticos 
 
 São muito sensíveis, e usam como antígeno extrato solúvel específico do 
parasita. Tem grande sensibilidade, e evita reação cruzadas, devido à reatividade 
cruzada com antígenos comuns das leishmanioses, especialmente a visceral e as 
formas cutâneomucosas, o que pode ocorrer nos outros testes sorológicos para 
doença de chagas. 
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Western blotting – Tesa-cruzi 
Finalidade: imunoensaio em linha, destinado a confirmação da presença de 
anticorpos contra o Trypanossoma cruzi em soro ou plasma 
 
Antígeno: Antígenos excretados e secretados do tripamastigota. 
 
Interpretação: Reação Positiva presença de bandas na região de Massa 
Molecular 120 a 200kDa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TESTES SOROLÓGICOS E FASES DA DOENÇA 
 
 Na fase aguda da doença de Chagas os testes que mais precocemente se 
positivam, 3 a 4 semanas após a infecção, são aqueles capazes de detectar 
anticorpos da classe IgM, como a IF-IgM. Entretanto, pelo aparecimento logo em 
seguida, de anticorpos IgG, observa-se também precocemente a positivação dos 
testes mais sensíveis como IF- IgG, e os testes Imunoenzimáticos (ELISA). Estes 
atingem porcentagem elevadas de positividade, de 95% a 100% , já no primeiro mês 
da infecção ( 20-40 dias após o contágio). 
 Mais tardiamente se positiva o teste de hemaglutinação. 
 
Fase Aguda da Doença Diagnóstico Parasitológico (Xenodiagnóstico)
 aproximadamente 100% positividade 
 
Fase Crônica: Forma intermediária ( inaparente) 
 -Sem clínica 
 - sorologia positiva 
 
 Forma cardíaca 
 -cardiopatia 
 -Sorologia positiva 
 
 Forma Digestiva 
 -Megacolon , megaesôgago 
 
 
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TÍTULOS SIGNIFICATIVOS: 
 
 O nível de anticorpos paraanti- T. Cruzi em chagasicos variam em 
limites amplos. Ao se aplicar o teste aos não chagásicos da população, 
observam-se reatividades que, embora de níveis muito inferiores, intercepta a 
curva de positividade dos chagásicos. 
 
 
 
 
% de pacientes 
 
 A= NÃO CHAGÁSICOS 
 B= CHAGASICOS 
 A B 
 
 
 Título de anticorpos 
 
 1 2 3 
 
 Isto nos mostra que títulos muito baixos ( +/- 1/16 ) estão presentes 
em pessoas sadias (1) . Embora possamos ter doentes com este título, a 
chance de falso positivo aqui torna-se grande 
 Títulos entre 1\32 a 1\64, podemos ter tanto pacientes chagásicos , 
como não chagásicos ( 2 e 3) 
 
 Em vista disto, os níveis de reatividade, ou títulos, tomados como 
discriminantes entre soros reagentes e não reagentes devem ser escolhidos 
de acordo com a finalidade do diagnóstico. Assim para triagem de 
doadores de sangue, mesmo títulos baixos devem ser considerados como 
positivos. Para fins clínicos o título deve ser mais alto, para minimizar a 
possibilidade de resultados falso positivos. 
 
 É preciso lembrar sempre que a probabilidade de infecção pelo T. 
cruzi é tanto maior quanto mais elevado o título da reação, e levar em conta 
também a prevalência da infecção no grupo em estudo. 
 É sempre conveniente a realização independente de dois testes com 
princípios diferentes, como por exemplo HA e IF, ou ELISA e IF, para que os 
resultados se policiem mutuamente. Em qualquer divergência repetir o teste 
para confirmação do resultado. 
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 Algoritmo para Doença de Chagas 
 
 
 
2 TESTES 
REAGENTES
Amostra de soro
2 TESTES
EIA/HA EIA/IFI
IFI/HA 
INCONCLUSIVOS
Reagente/Não Reagente
REPETIR O TESTE“CHAGÁSICO” “NÃO CHAGÁSICO”
2 TESTES
NÃO REAGENTES
2 TESTES 
REAGENTES
Amostra de soro
2 TESTES
EIA/HA EIA/IFI
IFI/HA 
INCONCLUSIVOS
Reagente/Não Reagente
REPETIR O TESTE“CHAGÁSICO” “NÃO CHAGÁSICO”
2 TESTES
NÃO REAGENTES

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