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FUNDAMENTOS DA ECONOMIA II FUNDAMENTOS DA ECONOMIA II José Tadeu de Almeida © Copyright 2017 da Dtcom. É permitida a reprodução total ou parcial, desde que sejam respeitados os direitos do Autor, conforme determinam a Lei n.º 9.610/98 (Lei do Direito Autoral) e a Constituição Federal, art. 5º, inc. XXVII e XXVIII, “a” e “b”. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Ficha catalográfica elaborada pela Dtcom. Bibliotecária – Andrea Aguiar Rita CRB) A447f Almeida, José Tadeu de Fundamentos da economia II / José Tadeu de Almeida. – Curitiba: Dtcom, 2017. 152 p. ISBN: 978-859-368-528-6 1. Economia mista. 2. Economia. 3. Empresas. CDD 330.01 Reitor Prof. Celso Niskier Pro-Reitor Acadêmico Maximiliano Pinto Damas Pro-Reitor Administrativo e de Operações Antonio Alberto Bittencourt Coordenação do Núcleo de Educação a Distância Viviana Gondim de Carvalho Redação Dtcom Análise educacional Dtcom Autoria da Disciplina José Tadeu de Almeida Validação da Disciplina Mauro Castelo Branco Designer instrucional Milena Rettondini Noboa Banco de Imagens Shutterstock.com Produção do Material Didático-Pedagógico Dtcom Sumário 01 Contas nacionais: ótica da produção ...................................................................................7 02 Ótica da demanda ..................................................................................................................14 03 Produto nacional bruto ..........................................................................................................22 04 Necessidades setoriais de financiamento ........................................................................29 05 Identidade fundamental macroeconômica .......................................................................37 06 Mercado interno: mercado de bens e serviços – curva IS, política fiscal ...................45 07 Mercado monetário ................................................................................................................52 08 Instrumentos de política monetária ....................................................................................58 09 Curva LM ..................................................................................................................................65 10 Equilíbrios nos Mercados de Bens e Serviços e Monetário ...........................................72 11 Mercado Externo: Setor Externo da Economia .................................................................80 12 Curva BP ...................................................................................................................................88 13 Equilíbrio Doméstico e Externo ............................................................................................95 14 Regimes de Taxas de Câmbio:Fixas e Flutuantes ........................................................ 102 15 Consequências de políticas fiscais e monetárias com taxas de câmbio fixas e flutuantes ........................................................................................................................... 108 16 Inflação .................................................................................................................................. 116 17 Desemprego ......................................................................................................................... 124 18 Curva de Phillips .................................................................................................................. 131 19 Desenvolvimento econômico ............................................................................................ 137 20 Escolas de pensamento econômico ............................................................................... 144 Contas nacionais: ótica da produção José Tadeu de Almeida Introdução Você já deve ter ouvido falar no Produto Interno Bruto(PIB) e em como as políticas econômi- cas afetam o dia a dia das pessoas. Vamos agora entender um pouco mais sobre estes termos? Você vai estudar, nesta aula, uma matéria atual, presente na mídia e de grande interesse da sociedade. Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • entender o que são agregados e políticas econômicas; • entender o que são e como são formados os agregados econômicos: valor bruto da produção, produto interno bruto e renda. 1 O que são agregados macroeconômicos Os agregados macroeconômicos identificam as principais contas nacionais. O objetivo de conhecê-las é ode contabilizá-las e, desta forma, acompanhar a evolução da economia ao longo do tempo. O estudo destes agregados é ponto de partida para que você entenda a economia de um país. São eles: • produto: é o valor, o resultado econômico de todos os esforços dos setores primário, secundário e terciário, incluindo-se o Estado(em sistemas econômicos que possuam um governo) para a produção final de bens e serviços; • renda: é o somatório da remuneração dos insumos (materiais básicos) de uma econo- mia. O total dos salários pagos (remuneração do insumo trabalho) somado aos alugu- éis e/ou royalties recebidos (remuneração do insumo terra e recursos naturais), soma- dos aos juros (remuneração do insumo capital), somados aos lucros (remuneração do insumo iniciativa empresarial), geram a renda. • despesas: também conhecidas por dispêndios, representam a totalidade gasta pelos agentes econômicos para a aquisição de bens e serviços produzidos. 2 O que são políticas econômicas Trata-se de um conjunto de ações intencionais, integradas e sistêmicas (inseridas em sis- temas de tomada de decisão), gerenciadas pelo Estado objetivando, por exemplo, gerar renda, – 7 – TEMA 1 emprego, controlar a inflação e, sobretudo, prover o desenvolvimento da sociedade. As políticas econômicas manipulam os agregados macroeconômicos para que sejam atingidas metas de pro- dução e crescimento econômico. FIQUE ATENTO! Políticas econômicas são sempre adotadas em conjunto, ao menos para o caso brasileiro, em que elas são geridas pelo Ministério da Fazenda e pelo Banco Central do Brasil. Figura 1 – Sede do Ministério da Fazenda Fonte: Filipe Frazao/Shutterstock.com As principais políticas econômicas, para economias que possuam governo e mantenham relações com o exterior (economias abertas), são: • política monetária, que trata da oferta e da demanda de moeda em circulação. O Governo pode ofertar um volume maior de moeda e, neste caso, diz-se que a economia está monetizada ou, ainda, retira-se amoeda de circulação. A principal ferramenta para a execução desta política é a oferta e demanda de títulos públicos; • política fiscal, exercida através de variações de tributos e de gastos do Governo; EXEMPLO Quando o Governo toma medidas da chamada austeridade fiscal, reduzindo gastos e buscando a elevação de impostos, está tomando medidas de política fiscal. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA II – 8 – • política cambial, que define a taxa de câmbio do país com o resto do mundo, ou seja, a relação de valor de sua moeda como outras moedas, alterando, desta forma, o volume de importações e exportações e o resultado do balanço de pagamentos e, em especial, da balança comercial. FIQUE ATENTO! Há outras políticas formuladas pelos gestores de uma economia e que somam-se às três que mencionamos, como as políticas: de geração de renda e emprego; de distribuição de renda e diminuição da pobreza; e de concessão de créditos. Todas envolvem importantes medidas de impacto na economia e são desdobramentos dos conceitos de políticas fiscal, monetária e cambial. Figura 2 – A política monetária trabalha a oferta e demanda por moeda Fonte: Lisa S./Shutterstock.com 3 Conceituação de valor bruto da produção Se você somaro valor bruto (isto é, sem a exclusão de impostos, pagamentos e outras taxas) de tudo o que é produzido nos setores primário, secundário e terciário, incluindo-se o Estado, obterá o valor bruto da produção (VBP). O VBP remete a todos os bens que foram produzidos na economia, sejam bens de consumo (destinados ao uso imediato dos agentes, de sigla BC), bens de capital (destinados a produzir outros bens, como máquinas e ferramentas, de sigla BK), bens intermediários (que são produzidos como parte da produção de outros bens, como tecidos para roupas, de sigla BI) e os bens públicos (fornecidos pelo Estado, como iluminação pública, calçadas, forças armadas e segurança nacio- nal, de sigla BP). Esta contabilização, no entanto, pode gerar contagens em duplicidade ou até mesmo em multiplicidade do valor dos bens produzidos, já que um insumo que seja utilizado na elaboração de um bem final pode ter o seu valor total considerado na composição do valor final deste bem. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA II – 9 – Por exemplo, se uma peça de algodão tem valor de R$ 10 e uma camisa tem valor de R$ 30, você poderia deduzir que a produção teve valor total de R$ 40, quando, na verdade, ela teve valor total de R$ 30. Para evitar essa dupla (ou múltipla) contagem, você deve considerar apenas o valor agregado bruto, que contabiliza apenas valores agregados, eliminando, desta forma, a múltipla contagem. Vamos especificar para você: parte da produção poderá não ser usada para produzir outros bens, mas sim exportada. Isto vale, sobretudo, para os bens intermediários cuja demanda externa também é grande (tratemos os bens intermediários exportados por XBI). Da mesma forma, a pro- dução pode contar com bens intermediários importados (de sigla MBI). Assim, a produção de uma economia corresponde à soma de seus bens produzidos, de acordo com a equação: PIB = BC + BK + BP + XBI – MBI Abrindo este raciocínio para os outros tipos de bens fabricados em uma economia (BC, BK e BP), você poderá observar que nem todos os bens são necessariamente consumidos interna- mente, no chamado mercado doméstico (chamaremos os bens consumidos no mercado domés- tico por: DBC, DBK e DBP; com D de doméstico). Eles também podem ser exportados (chamare- mos assim: XBP. XBC e XBK). Tenha atenção, portanto ao conceito de produto, que considera os valores finais utilizados para a produção de bens e serviços nos três setores da economia. 4 Conceituação de produto interno bruto O valor monetário obtido pelo somatório de tudo que é produzido nos três setores da econo- mia para elaboração de bens e serviços finais é chamado de produto interno bruto, o PIB. Assim, a equação anterior pode ser aberta, considerando-se a possibilidade de exportações de bens, da seguinte forma: PIB = DBC + XBC + DBK + XBK + DBP + XBP + XBI – MBI (SILVA, 1999) Em outras palavras, o PIB é soma de todos dos valores agregados de tudo o que é produzido na economia para consumo ou exportação, no espaço geográfico que comporta esta economia, normalmente ao longo de um ano. EXEMPLO Outras variáveis podem ser medidas em períodos maiores ou menores, a critério do pesquisador. O consumo, por exemplo, por ser sazonal (varia mais em determina- dos períodos) e poderá ser medido mensalmente. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA II – 10 – Desdobrando-se este conceito, pode-se afirmar que o PIB é composto pelo consumo das famílias (C) para a aquisição de bens e serviços (DBC + MBC), pelos investimentos (I) realizados pelas empresas (DBK + MBK), pelos gastos governamentais (G, formado por DBP + XBP) e pelo saldo líquido das transações realizadas com o resto do mundo (X – M), conhecidos como saldo de transações reais (SILVA, 1999). O PIB é uma medida quantitativa e que considera apenas valores agregados para a elaboração do produto final. PIB = C + I + G + (X – M) Figura 3 – Bens de capital Fonte: Nadezhda Sundikova/Shutterstock.com FIQUE ATENTO! O PIB configura-se como uma relevante medida de verificação do crescimento eco- nômico capaz de sinalizar políticas econômicas indutoras de desenvolvimento. Figura 4 – Participação dos países na composição do PIB mundial em 2015 Fonte: MaxxiGo/Shutterstock.com FUNDAMENTOS DA ECONOMIA II – 11 – Saiba que o termo em inglês Gross Domestic Product (GDP) corresponde ao nosso Produto Interno Bruto. SAIBA MAIS! Mankiw (2006, p. 500) aprofunda os conceitos de PIB, renda e despesa neste capítulo sugerido sob o título “Medindo a Renda Nacional”. 5 Conceituação de renda nacional No primeiro tópico, conceituamos para você a renda como o agregado macroeconômico que computa os valores de todas as remunerações dos fatores de produção em um determinado período. Contudo, esta definição pode ser mais “apurada” através do conceito de renda nacional, visível quando a economia possui um governo. Você sabe que um governo se mantém através de impostos. Neste sentido, a renda nacio- nal é o somatório da remuneração de todos os fatores de produção percebidos por todos os proprietários destes mesmos fatores, deduzidos os impostos e somados às transferências reali- zadas pelo Governo para o setor privado através de pagamentos de subsídios para as empresas e de pensões e outros benefícios previdenciários para as famílias. Assim, RN = Renda + transferências governamentais – impostos. SAIBA MAIS! Quer conhecer um caso prático da aplicação dos conceitos vistos até então? Acesse o portal da prefeitura de São José dos Pinhais/PR, através do link: <http://www.sjp.pr.gov.br/pib-e-renda/>. 6 Renda = PIB Como você sabe, o PIB mede o valor final de todos os bens e serviços produzidos em uma economia em um determinado período de tempo e, como todos estes bens e serviços são con- sumidos, você pode concluir que o PIB também é uma medida da despesa. Como você viu que renda = despesa, pode-se afirmar que o PIB é uma medida tanto da despesa quanto da renda (MANKIW, 2006, p. 500). Assim, torna-se legítima a identidade: PIB = Renda = Despesa. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA II – 12 – A identidade produto = renda = despesa configura o modelo conhecido como “Fluxo Circular da Renda”. Como você pode observar, a geração de produto traz como consequência a remune- ração dos insumos através da renda. Sendo consumida na forma de bens, a renda se iguala à despesa. Por exemplo, se a despesa de um empresário for de R$ 1 milhão com o pagamento de salá- rios, a renda dos trabalhadores será usada para o consumo dos bens produzidos, retornando-se, assim, a renda para o fluxo circular. Fechamento Nesta aula, você teve oportunidade de: • entender o que são os grandes agregados econômicos; • perceber como as políticas econômicas estão associadas ao produto, à renda e à despesa; • identificar a diferença entre os conceitos de valor bruto da produção e o valor agregado da produção; • aprender a relação existente na identidade produto = renda = despesa. Referências CARVALHO, José; GWARTNEY, James; STROUP, Richard; SOBEL, Russell. Fundamentos de Econo- mia. Vol. 1.Macroeconomia. São Paulo: Cengage Learning, 2008. MANKIW, Nicholas Gregory. Introdução à Economia. Tradução Alan Vidigal Hastings. São Paulo: Thomson Learning, 2006. PREFEITURA de São José dos Pinhais. Portal da Prefeitura. PIB e Renda. PIB a preços Correntes. 2016. Disponível em: <http://www.sjp.pr.gov.br/pib-e-renda/>. Acesso em: 27 dez. 2016. SILVA, José Cláudio Ferreira. Modelos de Análise Macroeconômica. Rio de Janeiro: Campus, 1999. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA II – 13 – Ótica da demanda José Tadeu de Almeida Introdução Nesta aula, você verá alguns conceitos da Macroeconomia, que dedica-se ao estudo das políticas econômicas e seus impactos sobre a sociedade através do crescimento econômico e da geração da produção de uma economia. Você vai estudar também acomposição da demanda agregada, uma identidade econômica elaborada a partir de diferentes elementos que compõem a produção total de bens e serviços. Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • entender o que é e como se forma a demanda agregada; • compreender a situação de equilíbrio na qual produto é igual à demanda; • identificar os tipos de bens que constituem as exportações e importações e o saldo de transações reais. 1 Consumo, investimento e gastos Você pode verificar que os estudos de Macroeconomia levam em consideração três elementos fundamentais, os agregados macroeconômicos: o produto, a renda e o dispêndio. O produto corres- ponde à soma de todos os bens e serviços produzidos pelos agentes em certo tempo. A renda, por sua vez, corresponde à remuneraçãode todos os recursos necessários à fabricação dos bens finais. Já o dispêndio, ou gasto, representa os valores usados pelos agentes para a aquisição dos bens produzidos. Deste modo, pode-se dizer que a renda se iguala à despesa; e que ambas, separadamente, igualam-se ao produto (PAULANI; BRAGA, 2013). Porém, cada agregado é determinado por variá- veis específicas. Você poderia citar algumas? Exemplos clássicos são os encontrados no título deste tópico, quais sejam, o consumo, o investimento e os gastos do Governo. Você analisará cada um desses componentes para enten- der como é composta a chamada demanda agregada (D). O consumo pode ser compreendido como a soma do valor das aquisições pelos agentes econômicos (famílias, indivíduos, empreendedores, dentre outros) de bens que destinam-se ao uso desses agentes (BLANCHARD, 2004). Podemos enquadrar estes bens em três categorias: • bens de consumo não duráveis, destinados ao uso em curtíssimo e curto prazo, às vezes por uma única vez, como alimentos, produtos derivados do tabaco e combustíveis. – 14 – TEMA 2 Figura 1 – Combustíveis são bens de consumo não duráveis Fonte: Anze Bizjan/Shutterstock.com • bens de consumo duráveis, normalmente utilizados por mais de uma pessoa, por mais de uma vez e cujo prazo de deterioração é maior, como eletrodomésticos, eletrônicos e automóveis, por exemplo. FIQUE ATENTO! Parte da literatura econômica separa os bens de consumo em outra categoria, a de bens de consumo semiduráveis, que são aqueles a serem consumidos por um agente em curto e médio prazos e que têm prazo de deterioração superior aos bens não duráveis, como calçados e roupas. • serviços, atividades que vêm do trabalho humano e prestam-se à satisfação de uma necessidade dos agentes, como consultas médicas, consultorias, trabalhos advocatí- cios etc. SAIBA MAIS! Uma investigação a respeito do consumo de bens duráveis e não-duráveis no Brasil entre 1970 e 2003 pode ser encontrada no artigo de Fábio Augusto Reis Gomes, “Evolução do consumo de duráveis e não duráveis: existe ajustamento len- to no caso brasileiro?”, que está disponível no link: <http://www.scielo.br/pdf/ecoa/ v17n2/a05v17n2.pdf>. O investimento é uma variável macroeconômica que corresponde ao somatório das despe- sas, por parte das empresas, em especial (pois, na teoria econômica, são elas, no setor privado, que conduzem o processo de produção) para a aquisição de bens e serviços que tenham por obje- tivo a realização da produção em longo prazo. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA II – 15 – Figura 2 – Investimentos envolvem o longo prazo Fonte: Tzido Sun/Shutterstock.com Veja que essas aquisições podem ser de equipamentos e construção de instalações destina- das à fabricação das mercadorias. Cabe destacar que, na categoria “equipamentos”, observa-se outro tipo de bens, qual seja: • bens de capital, destinados à produção de outros bens e cuja utilização dá-seemmédio e longo prazos, de acordo com uma taxa de deterioração (também conhecida como depreciação ou sucateamento). FIQUE ATENTO! De modo geral, a taxa de depreciação de um bem de capital é razoavelmente conhecida pela firma e determinada pela evolução tecnológica e intensidade de uso deste bem. O gasto deriva de todas as atividades realizadas pelo Estado para a aquisição de bens e serviços, além da remuneração dos funcionários. Essa variável é um importante instrumento de política econômica à medida que permite aquecer ou desacelerar a atividade econômica através de variações nas despesas do Estado (PAULANI; BRAGA, 2013). FIQUE ATENTO! A política econômica que utiliza o gasto do governo para atuar sobre a atividade econômica é denominada política fiscal. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA II – 16 – Expressamos, assim, através do Consumo, do Investimento e do gasto do governo, as variá- veis mais importantes para a determinação da demanda. Neste sentido, precisamos ter em conta que esta demanda por bens pode ser suprida por aqueles produzidos dentro da economia, ou bens domésticos (d), tanto quanto por bens importados (m). SAIBA MAIS! Em geral, as economias dos diferentes países mantêm relações com o resto do mundo, de forma que, quase sempre, visualizaremos fluxos de bens e capitais entre essas diferentes nações. Deste modo, podemos, inicialmente, definir o consumo como uma relação entre a aquisição de bens de consumo domésticos e importados. Verifique a equação que segue. C = dbc + mbc Ou seja, o consumo é formado pela aquisição de bens de consumo domésticos (dbc) e importados (mbc). EXEMPLO Se foram produzidos bens no mercado doméstico com o valor de R$ 1 bilhão e os bens importados somaram o valor de R$ 100 milhões, temos que o consumo total desta economia é de R$ 1,1 bilhão. Podemos expandir este conceito para as outras variáveis macroeconômicas que estudamos até agora. O investimento, enquanto se configure por um processo de aquisição de bens de capital (bk), pode ser determinado através da seguinte equação: I = dbk + mbk Da mesma forma, o gasto governamental (G) envolve a compra de bens públicos (bp) que serão disponibilizados à sociedade através do Estado, conforme a equação: G = dbp + mbp Expressando, portanto, as três variáveis que determinam a demanda agregada (D), podemos abri-las a partir da aquisição de bens domésticos e importados, concluindo nosso raciocínio atra- vés da seguinte equação: D = C + I + G = dbc + mbc + dbk + mbk + dbp + mbp FUNDAMENTOS DA ECONOMIA II – 17 – 2 Em equilíbrio: PIB = renda O Produto Interno Bruto (PIB) é a expressão do valor de todos os bens e serviços produzidos em uma economia ao longo de um determinado período de tempo, normalmente correspondente a um ano. Ele é a expressão do produto total, através da equação: PIB = C + I + G + (X – M) Em que C, I e G representam, respectivamente, o consumo, o investimento e os gastos do Governo. (X-M) representa o saldo da balança comercial (através da identidade exportações -importações). Como as operações de consumo, investimento e gasto implicam uso de recursos monetá- rios, você pode observar que esses recursos advêm da renda obtida pelas atividades produtivas – no consumo das famílias, no investimento das empresas, no gasto do Governo. Figura 3 – Estado e seus gastos Fonte: Bart Sadowski/Shutterstock.com Supondo que essa economia seja fechada, ou seja, sem contato com o exterior, temos que o cálculo do Produto Interno Bruto se dá através da relação PIB = C + I + G. Vamos, porém, utilizar o caso de uma economia aberta, que realiza transações com o exterior. Assim, em condições de equilíbrio, observa-se a identidade PIB = Renda; renda esta que, des- considerando a hipótese de poupança, será correspondente à demanda. Ou seja, nessas condi- ções, o produto se iguala à demanda (PAULANI; BRAGA, 2013). Sabendo-se, portanto, que o PIB se iguala à demanda, temos a seguinte identidade: PIB = D → PIB – D = 0 Neste caso, vamos abrir um pouco mais a identidade que estabelecemosno conjunto de equações da seção anterior. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA II – 18 – Se o PIB se iguala à demanda, temos que, no cálculo do PIB, são computados todos os bens produzidos, importados e exportados, seja na forma de bens de consumo, capital ou bens públi- cos. Porém, devemos citar uma quarta categoria de bens, qual seja, os bens intermediários, que são bens que já passaram pelo processo de produção, mas destinam-se à composição da produ- ção de outros bens, como, por exemplo, de chapas de aço para a construção de automóveis. Estes bens intermediários (tratados por BI) podem ser exportados ou importados conforme as especificidades da economia, logo, para o cálculo do o saldo dos bens intermediários em uso na economia, temos a seguinte equação: BI = xbi – mbi Sabendo, assim, que no cálculo do PIB os bens intermediários também devem ser computa- dos, obtemos a seguinte equação: PIB = BC + BK + BP + BI Logo: PIB = dbc + mbc + dbk + mbk + dbp + mbp + xbi – mbi Como o PIB se iguala à demanda em condições de equilíbrio, temos que: PIB = D → dbc + xbc + dbk + xbk + dbp + xbp + xbi – mbi = dbc + mbc + dbk + mbk + dbp + mbp Deste modo: PIB – D = dbc + xbc + dbk + xbk + dbp + xbp + xbi – mbi – (dbc + mbc + dbk + mbk + dbp + mbp) Retirando-se as variáveis que eliminam-se mutuamente, temos que: PIB – D = xbc – mbc + xbk - mbk+ +xbp – mbp +xbi – mbi Assim, PIB – D se igualam ao saldo de exportações e importações de bens: PIB – D = X – M (SILVA, 1999) 3 Exportações, importações e saldo de transações reais Considerando o conjunto de equações apresentado na seção anterior, você pode compreen- der o resultado da identidade macroeconômica (PIB – D) como o saldo de transações reais (ou correntes) de uma economia (com notação STR). Logo, sabendo-se que PIB – D = STR, temos que: STR = X – M Ou seja, o saldo em transações reais corresponde aos resultados das transações da econo- mia com o exterior, através dos processos de exportação e importação de produtos (SILVA, 1999) FUNDAMENTOS DA ECONOMIA II – 19 – EXEMPLO Se as exportações tiveram um saldo final de R$ 4 bilhões e as importações tiveram saldo de R$ 3 bilhões, temos que o saldo de transações reais é igual a STR = 4 – 3 = R$ 1 bilhão. Figura 4 – Transações correntes: relações de uma economia com o exterior Fonte: Fine Art/Shutterstock.com 4 PIB = D + (X-M) Tendo explorado o conceito de transações correntes, vamos incorporá-lo ao cálculo da demanda para compreendermos a formação do produto interno bruto, identidade de grande importância macroeconômica. Vamos recuperar a equação PIB = C + I + G + (X-M) para o caso de uma economia aberta. Sabendo-se que o consumo, o investimento e o gasto do Governo são expressões da demanda na economia, podemos transformar essa equação em: PIB = D + (X – M) Ou seja, o produto interno bruto é formado pela demanda adicionada dos saldos das transa- ções no exterior, constituindo, assim, a demanda agregada que iguala-se ao produto. Tratamos, então, a demanda como “agregada”, pois ela não é individualizada, mas sim composta pela soma das atividades dos agentes econômicos. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA II – 20 – Fechamento Nesta aula, você teve oportunidade de: • entender a natureza e os fatores determinantes de importantes variáveis macroeconô- micas, como o consumo, o investimento e o gasto do Governo; • verificar que o produto interno bruto se iguala à renda sob condições de equilíbrio; • conhecer os instrumentos de relações de uma economia com o exterior através do saldo de transações reais. Referências BLANCHARD, Olivier. Macroeconomia. 3 ed. Rio de Janeiro: Pearson, 2004. GOMES, Fábio Augusto Reis. Evolução do consumo de duráveis e não duráveis: existe ajustamento lento no caso brasileiro? In: Economia Aplicada. v. 17, n. 2, 2013. p. 275-294. Disponível em: <http:// www.scielo.br/pdf/ecoa/v17n2/a05v17n2.pdf>. Acesso em: 31 dez. 2016. PAULANI, Leda Maria; BRAGA, Márcio Bobik. A nova contabilidade social – uma introdução à macroeconomia. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2013. ROSSETTI, José Paschoal. Introdução à Economia. 21 ed. São Paulo: Atlas, 2016. SILVA, José Cláudio Ferreira. Modelos de análise macroeconômica: um curso completo de macro- economia. Rio de Janeiro: Campus, 1999. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA II – 21 – Produto nacional bruto José Tadeu de Almeida Introdução No estudo da Macroeconomia, das políticas econômicas e seus efeitos sobre a economia de um país e sua sociedade, é muito importante que você conheça e acompanhe a evolução de relevantes conceitos e identidades macroeconômicas. Uma destas identidades você conhecerá agora: é o chamado Produto Nacional Bruto (PNB). Você entenderá melhor a sua composição e quais as variáveis mais importantes que determinam a sua existência em um sistema econômico. Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • aprender sobre os agregados – renda líquida, saldo de conta corrente e PNB; • entender quando a renda líquida é negativa e quando é positiva. 1 Os agregados que formam a renda líquida e se ela foi enviada ou recebida do exterior O estudo dos agregados macroeconômicos, notoriamente o produto, a renda e a despesa, são fundamentais para a compreensão da estrutura econômica de uma sociedade. O produto representa a soma dos valores dos bens produzidos por uma sociedade ao longo de certa janela temporal, por exemplo, um ano fiscal. Um desdobramento do conceito de produto é o chamado Produto Interno Bruto (PIB), que corresponde exatamente à produção de bens e serviços de um país ao longo de um determinado período. Pela ótica da demanda, você observa que o PIB é formado por quatro variáveis fundamen- tais, todas com igual importância. Em primeiro lugar, tem-se o consumo, formado pela aquisição dos bens e serviços necessários à economia. A segunda identidade é o investimento, enquanto função direta (e inversamente proporcional) à taxa de juros de longo prazo na economia, e que mede os valores aplicados na compra de bens destinados à produção (bens de capital) bem como na ampliação de espaços destinados à produção e outras atividades correlatas. Os gastos do Governo, para uma economia que possua governo, também fazem parte do cálculo do PIB. Por fim, os saldos comerciais desta economia, caso ela seja aberta e tenha relações com o exterior, também são necessários para o cálculo do Produto Interno Bruto (PAULANI; BRAGA, 2013). – 22 – TEMA 3 SAIBA MAIS! O PIB é tratado como bruto, pois não inclui as depreciações dos bens de capital ao longo do período de análise. Quando a depreciação – decorrente do uso desses bens de capital para o consumo – é incorporada ao cálculo, tem-se um novo indica- dor, o Produto Interno Líquido (PIL). No entanto, você precisa ter em conta que uma economia não é formada apenas da produ- ção de bens tangíveis, ou seja, bens concretos, que podemos possuir, armazenar, tocar, manter e guardar. Há, por exemplo, os serviços das empresas, dos profissionais liberais, autônomos, e sua produção também deve ser computada no cálculo do Produto Interno Bruto. Figura 1 – Taxas de crescimento do PIB dos Estados Unidos (1996-2015) Fonte: freer/Shutterstock.com Por fim, devemos também destacar as relações que essa economia tem com o resto do mundo através do recebimento e envio de capitais entre a economia nacional e o setor externo. Começaremos, portanto, a discussão a respeito da chamada renda líquida enviada ao exterior, também conhecida pela sua sigla RLEE. Na Macroeconomia, um dos agregados mais importantes é a renda, entendida como a soma, em valores monetários, da remuneração dos chamados fatores de produção, ou seja, dos recursos utilizados por essa economia na produção dos bens e serviços indispensáveis ao andamento da sociedade.Nesse agregado, podemos incluir o pagamento de funcionários de empresas priva- das, empregadas domésticas, bem como a compra de insumos (recursos destinados à produção, como matérias-primas e bens intermediários, já manufaturados, como o aço, por exemplo) (PAU- LANI; BRAGA, 2013). FIQUE ATENTO! A remuneração dos funcionários públicos é parte da despesa pública e, portanto, um gasto governamental. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA II – 23 – Para facilitar sua compreensão, suponha que a economia em discussão seja a brasileira. Neste caso, as empresas com capital nacional venderão seus bens e obterão lucros que serão apropriados pelos seus proprietários ou acionistas, que poderão, por exemplo, usá-los para novos investimentos. Mas há ainda outras duas categorias de empresas: as empresas estrangeiras instaladas em território nacional, bem como as empresas nacionais que possuem plantas industriais, filiais, lojas, escritórios ou qualquer outro tipo de atividade produtiva no exterior. Nestes casos, essas empre- sas também realizam alguma forma de atividade produtiva e, ao gerarem uma produção, também geram renda. Esta renda é obtida, por exemplo, com o lucro dessas empresas e o pagamento dos fatores de produção, como salários e aluguéis de edifícios, bem como por doações unilaterais. Mas, quando elas não estão em território nacional, saiba que a tendência é a de que esses capitais não permaneçam nesses países, mas que sejam reenviados ao país de origem da empresa. Figura 2 – Agentes econômicos de diferentes origens Fonte: sergign/Shutterstock.com Desse modo, as transações entre rendas entre países configuram uma movimentação desta renda. Dá-se, assim, o conceito de Renda Líquida Enviada ao Exterior (RLEE).A RLEE pode ser entendida como o resultado entre as rendas enviadas e as rendas recebidas, deste modo: RLEE = Rendas Enviadas ao Exterior – Rendas recebidas do Exterior As rendas enviadas ao exterior correspondem aos lucros e às receitas das empresas estran- geiras instaladas em território nacional e que são enviadas às suas matrizes, em seus países de origem. Por outro lado, as rendas recebidas do exterior correspondem às rendas enviadas pelas filiais das empresas nacionais instaladas no exterior e remetidas de volta à nação. No agregado, forma-se o componente das Rendas Líquidas Enviadas ao Exterior (PAULANI; BRAGA, 2013). FUNDAMENTOS DA ECONOMIA II – 24 – EXEMPLO Se uma economia tem agentes nacionais instalados no exterior, que enviam ao seu país de origem uma renda de um bilhão de dólares, e agentes estrangeiros ins- talados em seu território enviam de volta três bilhões, o total da RLEE = 3-1 = dois bilhões de dólares. A RLEE pode ser entendida também como uma medida de internacionalização de uma eco- nomia. Em países onde há um grande número de empresas estrangeiras operando em volumes superiores aos das empresas nacionais sediadas no exterior e cuja renda enviada é maior que a recebida, você observa que há uma baixa internacionalização dos recursos nacionais no exterior. Esses países, na verdade, exportam renda, pois há mais recursos sendo enviados ao exterior do que recebidos dele. Figura 3 – Agentes enviam recursos de volta a seus países de origem Fonte: gosphotodesign/Shutterstock.com Por outro lado, veja que economias cujas empresas estão espalhadas pelo mundo tendem a possuir um maior grau de internacionalização de seus ativos. Deste modo, as rendas recebidas são maiores que as enviadas e o saldo de RLEE tenderá a ser negativo: são países que importam renda do exterior. FIQUE ATENTO! Se os agentes investirem seus recursos, por exemplo em bens de capital, fora de seu país de origem, este recurso não entrará na conta das rendas enviadas. O sinal da RLEE é muito importante: trata-se, para a economia nacional, de avaliar qual é a quantidade de renda que está deixando o país. Por isso, as rendas recebidas que, em teoria, deve- riam ter sinal positivo (pois está entrando dinheiro na economia), na verdade, possuem sinal nega- tivo. Se a RLEE for negativa, há mais rendas sendo recebidas. O sinal positivo demonstra que elas estão sendo enviadas ao exterior em maior quantidade. A inversão do sinal nos mostraria não as FUNDAMENTOS DA ECONOMIA II – 25 – rendas líquidas enviadas, mas as rendas líquidas recebidas do exterior (RLRE). Na contabilidade social brasileira, costumamos, porém, utilizar o conceito de RLEE com sinal negativo. A RLEE entra no cálculo das transações correntes, ou seja, as transações que uma economia mantém com o resto do mundo em conjunto com os saldos da balança comercial (exportações – importações), da balança de serviços (que agrega os fluxos de renda, como a RLEE e outros) e as transferências unilaterais. Em conjunto, esse saldo conforma o chamado saldo em conta corrente de um governo (PAULANI; BRAGA, 2013). 2 Diferença entre PIB e PNB Agora, vamos expandir o raciocínio para você entender melhor o impacto da RLEE sobre o Produto Interno Bruto (PIB). O PIB, enquanto soma de todos os bens e serviços produzidos em uma economia, embute também os recursos e a renda produzida pelos agentes estrangeiros sediados em território nacio- nal. Se a economia é fechada, sem transações com o exterior, esses ativos não estarão presentes. FIQUE ATENTO! No mundo real, praticamente não há economias fechadas, salvo raríssimas exce- ções, como a Coreia do Norte, por exemplo, que também não é totalmente fechada, pois possui relações com a China. As economias tendem a possuir amplas relações com as economias de outros países. Nes- tas circunstâncias, parte da renda total produzida em um país também embute as rendas que serão redirecionadas ao exterior. Figura 4 – Circulação internacional de renda Fonte: Natalya Timofeeva/Shutterstock.com FUNDAMENTOS DA ECONOMIA II – 26 – Dessa forma, para deduzir o efeito das RLEEs, tem-se o conceito de Produto Nacional Bruto (PNB), que corresponde a todos os bens e serviços produzidos em uma economia, deduzida a RLEE, conforme a seguinte equação: PNB = PIB – RLEE Cabe lembrar: o sinal negativo da variável RLEE nos mostra que, se houver mais renda sendo enviada ao exterior do que recebida, há recursos deixando a economia nacional. Como você pode perceber, o Produto Nacional Bruto exclui as rendas líquidas enviadas ao exterior. Trata-se de um demonstrativo da produção nacional baseada nos valores monetários advindos do uso de fatores de produção essencialmente nacionais (PAULANI; BRAGA, 2013). EXEMPLO Se o Produto Nacional Bruto de uma economia é de US$ 99.999.999,999,00 e seu PIB foi medido em US$ 100 bilhões, pela equação anterior temos que: 99.999.999.999,00 = 100.000.000.000,00– RLEE Logo, RLEE = US$ 1,00. Como consequência desta equação, observe que o Produto Interno Bruto corresponde à soma do Produto Nacional Bruto com as Rendas Líquidas Enviadas ao Exterior. Neste caso, o sinal da RLEE se inverte, pois consideramos que há um volume de recursos que está fazendo parte da economia, mas que não é produzido por fatores de produção nacionais. SAIBA MAIS! Você poderá encontrar maiores definições sobre os conceitos de PIB, PNB e RLEE no texto do ex-ministro da Fazenda, Luiz Carlos Bresser-Pereira, e do professor Yoshiaki Nakano: “Contabilidade Social”, originalmente publicado em 1972. Disponível em: <http://www.bresserpereira.org.br/papers/1972/72.ContabilidadeSocial.pdf>. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA II – 27 – Fechamento Nesta aula, você teve oportunidade de: • verificar que, em economias abertas, certos bens podem ser produzidos por agentes estrangeiros em território nacional e por agentes nacionais no exterior; • compreender que esses recursos são geralmente reenviados a seus países de origem, na forma de rendas e que a soma destas rendas corresponde às Rendas LíquidasEnviadas ao Exterior; • entender que o Produto Nacional Bruto corresponde ao Produto Interno Bruto, deduzi- das as Rendas Líquidas Enviadas ao Exterior. Referências BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos; NAKANO, Yoshiaki. Contabilidade Social. Apostila da FGV/SP:EC- -MACRO-L-9. ago. 1972. Disponível em: <http://www.bresserpereira.org.br/papers/1972/72.Conta- bilidadeSocial.pdf>. Acesso em: 01 jan. 2017. PAULANI, Leda Maria; BRAGA, Márcio Bobik. A nova contabilidade social – uma introdução à Macroeconomia. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2013. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA II – 28 – Necessidades setoriais de financiamento José Tadeu de Almeida Introdução Nesta aula, você estudará um importante agente macroeconômico: o Estado. Ele tende a ser analisado somente como uma fonte de gastos. Agora, você verificará as dinâmicas que condicio- nam o seu funcionamento. Você verá também uma distinção que faremos entre as variáveis macroeconômicas nomi- nais e reais e seus impactos sobre a formulação de políticas econômicas. Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • Aprender sobre os agregados – renda disponível, impostos e poupança; • Entender a diferença entre variáveis nominais e reais. 1 O que forma e para onde vai a renda disponível Quando analisamos a geração de produto e renda, sempre é preciso levar em conta se essas economias são abertas ou fechadas, ou seja, se mantêm relações com o exterior. Estas relações ocorrem, por exemplo, através do fluxo de exportações e importações de bens e capitais. FIQUE ATENTO! No mundo real, praticamente todas as economias são abertas, ainda que da forma mais limitada possível, como a da Coreia do Norte, cujo principal parceiro comercial é a China. E necessário verificar se nessas economias há ou não um governo representado pelo Estado eque consome bens e serviços para manter-se como agente de controle da sociedade, bem como para prover bens e serviços que são indispensáveis a ela – como justiça e segurança pública (PAULANI; BRAGA, 2013). – 29 – TEMA 4 SAIBA MAIS! Na área da Microeconomia, que estuda as relações de produção e consumo de empresas e indivíduos, os bens públicos são entendidos como fornecidos pelo Estado aos seus habitantes para a garantia de seu bem-estar. Esses bens, em geral, não são oferecidos pela iniciativa privada por conta dos altos investimentos necessários ou por interesse nacional. Figura 1 – Forças Armadas, financiadas pelo Estado Fonte: BPTU/Shutterstock.com O Estado é representado por duas identidades: a de gerador de gastos e de arrecadador de impostos. Os impostos são taxas, expressas por valores monetários, que os cidadãos devem pagar ao Estado em troca do bem-estar que este ente deve proporcionar. SAIBA MAIS! Você pode obter mais informações a respeito da política tributária no Brasil Colonial no artigo de Luciano Raposo de Almeida Figueiredo, “Derrama e política fiscal ilustrada”. Disponível em: <www.siaapm.cultura.mg.gov.br/acervo/rapm_pdf/ Derrama_e_politica_fiscal_ilustrada.PDF>. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA II – 30 – Figura 2 – Impostos drenam parte da renda dos agentes Fonte: ivector/Shutterstock.com A discussão a respeito dos impostos sempre leva em consideração se eles são justos e se são eficientes. Impostos justos devem incidir: • sobre os agentes que podem pagar mais; • igualmente sobre pessoas de mesma capacidade de pagamento, sendo assim universais; • sobre os que utilizam os serviços da nação. Por sua vez, a eficiência nos impostos é dada pelo seguinte: • devem ser cobrados de maneira eficiente, ou seja, evitando a sonegação e o mau uso do dinheiro; • devem maximizar o bem-estar da população; • devem gerar o menor nível possível de distorção no mercado, evitando queda de inves- timento e da demanda de mão-de-obra. FIQUE ATENTO! Um Governo fixa a sua carga tributária conforme as suas necessidades de financia- mento. Sem entrarmos na discussão se essa carga tributária, no Brasil, é compatí- vel com os bens e serviços que o Governo nos oferece, vamos focar nossa atenção nos efeitos dos impostos. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA II – 31 – Considerando-se que uma economia é formada por um agregado de agentes, o pagamento de taxas ao Estado reduz o volume de renda decorrente da remuneração desses fatores de produ- ção (mão-de-obra, serviços, etc.) que fica “nas mãos” destes agentes, que podem, ainda, receber alguns subsídios do Governo (como auxílios, bolsas de estudo e outros), que configuram as cha- madas transferências governamentais (PAULANI; BRAGA, 2013). Assim, temos o conceito de renda disponível, ou renda pessoal disponível, que é a renda mantida pelos cidadãos (dada por Yd) após o pagamento de seus impostos diretos (TD) e o rece- bimento de eventuais transferências do governo (TR), de acordo com a seguinte equação: renda pessoal disponível = renda pessoal – impostos + transferências governamentais. Como desdobramento, temos outra equação que mostra que a renda disponível para a eco- nomia, como um todo, depende dos tributos pagos, e das rendas enviadas ao exterior (rl): Yd = Y - T– rl Sendo T = TD – TR, ou seja, o montante de impostos T é dado pelo saldo dos tributos diretos pagos (TD), diminuídas as transferências (TR). EXEMPLO Se os cidadãos receberam uma renda de R$ 1 bilhão, pagaram R$ 300 milhões em tributos, receberam R$ 50 milhões de transferências do Governo, e enviaram R$ 100 milhões ao exterior, temos que a renda disponível é: Yd= 1 bilhão – 300 milhões + 50 milhões – 100 milhões = R$ 650 milhões. A renda disponível pode ser utilizada pelos agentes econômicos conforme suas conveniên- cias, seja para consumo ou para ser poupada em parte (PAULANI; BRAGA, 2013). Figura 3 – A poupança como parte da renda Fonte:Licvin/Shutterstock.com FUNDAMENTOS DA ECONOMIA II – 32 – FIQUE ATENTO! Os conceitos de poupança, enquanto identidade macroeconômica, e de caderneta de poupança são diferentes! O primeiro termo diz respeito à parcela da renda que não foi destinada ao consumo dos agentes. O segundo é um dos diferentes tipos de investimento que esses agentes podem realizar. Assim, os agentes, ao receberem sua renda e após pagarem seus impostos, obtendo sua renda disponível, optam por consumi-la ou gerar poupança. O somatório do consumo e da pou- pança, deste modo, corresponde ao total da renda. Considerando-se a igualdade entre os princi- pais agregados macroeconômicos, em que o produto é igual à renda, você observa que a renda disponível é formada pelo somatório de consumo (C) e poupança (S), através da seguinte equação: Yd = C + S Podemos, ainda, ampliar esse raciocínio para as chamadas necessidades setoriais de financiamento. Por uma das identidades fundamentais da Macroeconomia, temos que o produto (Y) é gerado pela soma do consumo (C), do investimento (I), do gasto público (G) e dos saldos das relações com o exterior através da balança comercial (X-M, com X e M representando, respectivamente, exportações e importações), conforme esta equação: Y = C + I + G + (X-M) Recuperando a segunda equação apresentada e colocando-a em função de Yd, temos que: Y = C + I + G + (X-M) E que: Yd = Y + TR-TD Logo, Y + TR – TD= C + S. Assim, C + I + G + (X-M) + tr –td = C + S. Portanto, I – S + G + tr –td + (X-M) = 0 Separando as variáveis, temos: (I-S) + (G+ TR –TD) + (X-M) = 0 (esta equação separa os três setores da economia, quais sejam, o setor privado, o setor público e o setor externo). A partir da última equação, visualizamos as chamadas necessidades setoriais de financia- mento. A identidade (I-S) representa a necessidade de financiamento do setor privado, ou seja, os recursos aplicados na geração de produto através do investimento e da quantidade de poupança. Efetivamente, a poupançafinancia o investimento: os recursos que foram poupados pelos agen- tes, como parte de sua renda, serão utilizados para a aquisição financiada de bens de capital, destinados à produção de outros bens. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA II – 33 – A identidade (G + TR– TD) representa as chamadas necessidades de financiamento do setor público (NFSP). Observe que a soma dos gastos com as transferências deve ser menor que o total dos tributos para que o Governo possa ter poupança (PAULANI; BRAGA, 2013). Quando os juros e as amortizações da dívida do Governo (que são parte de seu gasto) são agregados a esse cálculo e se essa soma for negativa, o Governo estará gastando mais do que arrecadando, gerando o chamado déficit nominal e podendo trazer a necessidade de cortes de gastos e/ou aumento de impostos. Figura 4 – Deficits podem gerar corte de gastos Fonte: Jeff Wilber/Shutterstock.com EXEMPLO Segundo o Banco Central do Brasil, em nota de 27 de dezembro de 2016, o déficit nominal da economia até o mês de novembro era de R$ 581,4 bilhões, equivalentes a 9,28% do PIB. Por fim, a identidade (X-M), representando a balança comercial, demonstra as chamadas necessidades de financiamento do setor externo. Se as exportações, dadas por X, forem maiores que as importações M, há um superávit comercial, e um déficit quando as importações suplanta- rem as exportações. Observamos, assim, uma ligação entre os setores da economia, nos âmbitos privado, público e externo. Como estes setores se interligam a partir da geração de produto, um setor pode finan- ciar suas despesas através de empréstimos “tomados” a outros setores. Um déficit nominal, por exemplo, pode ser financiado através de remessas de recursos gerados pelo superávit externo. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA II – 34 – 2 Variáveis nominais e reais Uma economia moderna possui diferentes quantidades de bens produzidos, cada um deles a certo preço. Há, porém, ao longo do tempo, um aumento dos preços desses bens, em vista da inflação, dos aumentos dos preços das matérias-primas etc. Deste modo, tratamos as variáveis como nominais quando elas estão expressas a preços correntes, a preços de mercado – o preço que está sendo praticado no momento em que as vari- áveis são observadas. Variáveis reais, por sua vez, são observadas quando são descontados os efeitos da inflação, do aumento de preços sobre uma determinada cesta de bens que são produ- zidos nessa economia. As variáveis nominais não podem ser comparadas, pois expressam grandezas diferentes (preços correntes variam ao longo do tempo, de modo que, para uma análise comparativa, preci- samos utilizar variáveis reais). Vale destacar, ainda, que as variáveis nominais são representadas por letras maiúsculas e as reais por letras minúsculas. Por exemplo, se uma economia fechada e sem governo produz apenas batatas para seus habitantes consumirem, ao preço de R$ 100 pelo saco de 60kg, e cem mil sacos de batata são produzidos, logo, temos que o total do produto a preços correntes é de 100.000*100 = 10 milhões de reais. Este é o produto nominal, aos preços correntes. Considere que houve uma inflação de 10% no segundo ano, de novos 10% no terceiro ano, e sempre de 10% até o décimo ano, com a produção constante de batatas. Calculando-se (1,1)9=2,35, ou seja, o saco de batatas estará cotado no décimo ano a 235 reais. O valor do produto, por sua vez, será de 23,5 milhões de reais. Este será o produto nominal no décimo ano. Porém, se descon- tarmos a inflação desses dez anos, você verá que a produção permaneceu a mesma, e o valor dela também. Então, veja que, a preços reais, o produto dessa economia permaneceu o mesmo pelos dez anos (PAULANI; BRAGA, 2013). Fechamento Nesta aula, você teve oportunidade de: • compreender que a renda disponível dos agentes é avaliada após o pagamento dos tributos e impostos ao Governo; • entender as relações entre consumo, renda e poupança; • conhecer as diferenças entre variáveis nominais e reais, a partir de sua dissociação com o aumento de preços. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA II – 35 – Referências BANCO CENTRAL DO BRASIL. Política Fiscal – Nota para a imprensa. Disponível em: <https:// www.bcb.gov.br/htms/notecon3-p.asp>. Acesso em: 02 jan. 2017. FIGUEIREDO, Luciano Raposo de Almeida. Derrama e política fiscal ilustrada. In: Revista do Arquivo Público Mineiro.Dossiê. Disponível em: <www.siaapm.cultura.mg.gov.br/acervo/rapm_pdf/ Derrama_e_politica_fiscal_ilustrada.PDF>. Acesso em: 02 jan. 2017. GARCIA, Manuel Enriquez; VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de. Fundamentos de econo- mia. São Paulo: Saraiva, 2014. PAULANI, Leda Maria; BRAGA, Márcio Bobik. A nova contabilidade social – uma introdução à Macroeconomia. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2013. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA II – 36 – Identidade fundamental macroeconômica José Tadeu de Almeida Introdução Nesta aula, você conhecerá os elementos determinantes da identidade fundamental macro- econômica que compõem uma das equações mais importantes da Macroeconomia na área da contabilidade social, através da relação entre o produto, o consumo, o investimento, o desempe- nho comercial e os gastos governamentais, em uma economia aberta e com governo. Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • entender a identidade fundamental macroeconômica; • entender a importância fundamental dos estoques para a Macroeconomia; • relacionar alguns agregados macroeconômicos de nosso modelo; • compreender os conceitos de propensão marginal a consumir e a poupar. 1 A identidade fundamental macroeconômica A Macroeconomia, através do estudo das relações entre produção, renda (o pagamento dos meios de produção) e despesa (gastos com o consumo das mercadorias produzidas em um mer- cado), associa variáveis para a compreensão da atividade econômica conforme a equação: Pib = y = c + i + g + x – m = c + s + t + rl Em que y representa o produto gerado por essa economia (expressa pelo conceito de Produto Interno Bruto, o PIB), c o consumo e i o investimento. A variável g representa os gastos e as despe- sas do Governo, e os saldos em balança comercial são dados por x-m, em que x e m representam, respectivamente, exportações e importações. A variável s representa a poupança e a variável t, os impostos pagos ao Governo. Esses saldos geram a chamada renda líquida (rl). O investimento é gerado a partir da poupança, a fração da renda dos agentes, que não é con- sumida. Da mesma forma, o montante disponível ao Governo para a realização de seus gastos é determinado pela quantidade de impostos arrecadados. Esta equação representa a composição geral da economia: Aprodução (tanto a consumida quanto a exportada) é uma função direta da renda dos fatores de produção (destinada ao con- sumo e ao investimento) e da despesa (através do consumo e dos gastos públicos). – 37 – TEMA 5 2 Os estoques e o investimento O investimento é a soma dos valores dos bens e recursos que são destinados a gerar maior capacidade produtiva do agente econômico (seja uma empresa ou a economia de todo um país) através da formação de capital fixo e de estoques. O capital fixo é gerado pelos montantes aplicados na produção dos chamados bens de capi- tal, ou bens de produção, que são destinados à fabricação de outros bens e serviços, como maqui- nários especializados, caminhões, guindastes, edifícios etc. Essa aplicação de recursos faz parte dos chamados investimentos planejados (KRUGMAN; WELLS, 2012). Da mesma forma, a variação de estoques é fundamental para o investimento. Estoques são o montante de produtos que já passaram pela produção, mas ainda não foram vendidos/consumidos. FIQUE ATENTO! Os estoques incluem os bens chamados finais, destinados à venda, e os chamados bens intermediários, que são os produtosque já passaram por alguma produção, mas destinam-se à produção de outros bens, como chapas de aço para a fabrica- ção de automóveis, por exemplo. É comum que as empresas mantenham consigo certo estoque dos bens que produzem, a fim de poder atender rapidamente à demanda dos consumidores. Assim, é possível pensar no estoque de bens como parte da política de investimentos da economia, quando ele é planejado. SAIBA MAIS! No século XX, as firmas mantinham grandes estoques de produtos. Porém, na déca- da de 1970, um novo padrão de produção previa a chamada “produção enxuta”, para aumentar a competitividade das empresas e reduzir custos. Você poderá aprender sobre o “toyotismo” no tópico 2.1 da dissertação de Roberto Borghi (Unicamp), dis- ponível em: <www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=000790751&fd=y>. A variação nos estoques também pode constituir um movimento não planejado de investi- mento, uma vez que bens podem ser produzidos e não serem demandados. Assim, a variação dos estoques determina a atividade produtiva através do ritmo de investimentos: se há tendência à formação de estoques por queda na demanda, as empresas não investirão. Deste modo, há uma relação inversa entre estoques e investimentos (KRUGMAN; WELLS, 2012). FUNDAMENTOS DA ECONOMIA II – 38 – Figura 1 – Estoques de produção Fonte: urbans/Shutterstock.com 3 Taxa de juros e investimento Você sabe o que determina o investimento, isto é, o que faz com que os agentes prefiram investir a usar os seus recursos para qualquer outra finalidade? A chave para esta questão está na taxa de juros da economia – no caso brasileiro, a taxa de juros de longo prazo, conhecida como TJLP. Você pode entender a taxa de juros como o “prêmio pelo dinheiro”, ou seja, uma remuneração que os agentes, como empresas e indivíduos, recebem pela aplicação dos seus recursos em investimentos de natureza financeira (poupança, títulos, CDBs, entre outros). Observando a TLJP, um agente verificará duas situações para tomar sua decisão de investir: o retorno do investimento em termos de aumento da produção, das receitas e dos lucros (em resumo, seu crescimento) e o retorno em aplicações financeiras através da taxa de juros. Se o retorno da taxa de juros for superior ao retorno do investimento, o agente não investirá na pro- dução. Se o investimento trouxer maiores perspectivas de ganho, a decisão do agente será a de investimento produtivo (PAULANI; BRAGA, 2013). Você pode perceber, portanto, que há uma relação inversa entre a taxa de juros e o investi- mento. Se os juros aumentam, uma firma que necessite de empréstimos para financiar a aquisição de bens de capital optará por não fazê-lo, dado o aumento do risco, expresso pelo valor pago como remuneração do agente que cede os recursos. E, ainda que a firma não necessite de financiamen- tos para investir, ela preferirá manter seus recursos aplicados sob outras formas que não o inves- timento produtivo, protegendo-se de outros riscos. SAIBA MAIS! A TJLP para a economia brasileira, no quarto trimestre de 2016, estava cotada em 7,5%. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA II – 39 – Figura 2 – Escolhas: investir na produção ou manter o capital aplicado? Fonte:visual3Dfocus/Shutterstock.com EXEMPLO Considerando que a TJLP no Brasil é de 7,5%, um empresário que possua um mon- tante de capital deverá verificar se o crescimento da produção e de suas receitas e lucros com o investimento supera esse patamar. Caso não supere, você pode concluir que ele preferirá investir em outros ativos financeiros. 4 Renda e impostos A renda diz respeito ao total da remuneração dos fatores de produção em uma economia, como o pagamento de salários, por exemplo. Qual a sua renda, hoje? Você conhece bem seus rendimentos líquidos, aqueles que são pagos em dinheiro a você. Porém, este montante deve representar apenas uma parcela de sua renda total. A outra parcela é usada para o pagamento de impostos. Em economias com Governo, a arrecadação de impostos é o recurso principal que este mesmo governo se utiliza para a manutenção de suas atividades e fornecimento de bens e servi- ços necessários ao bem-estar da sociedade. FIQUE ATENTO! Há determinados bens, conhecidos como bens públicos, que o Estado fornece à sociedade, pois o setor privado não tem condições ou interesse em fazê-lo, como, por exemplo, a segurança nacional. Porém, o Governo também pode repassar recursos de volta à população na forma de trans- ferências governamentais, como auxílios, benefícios sociais etc (PAULANI; BRAGA, 2013). Assim, FUNDAMENTOS DA ECONOMIA II – 40 – a renda se torna dependente do montante de impostos que os agentes pagam e as eventuais transferências que eles possam vir a receber, formando a chamada renda disponível. Ela é dada pela seguinte equação: Yd = Y – t – rl Em que Yd representa a renda disponível em relação à renda total (Y); os impostos são deno- tados por t (os impostos totais são o saldo entre os tributos pagos e as transferências governa- mentais, sendo T = TD – TR), e rl representa a renda enviada ao exterior. Figura 3 – O pagamento de impostos reduz a renda disponível Fonte: artisticco/Shutterstock.com Você pode perceber que há uma relação proporcional entre renda e arrecadação do Estado. O aumento de impostos é diferente do aumento de arrecadação, que pode ser gerado por outras vias, como o pagamento de multas e reparações de guerra, por exemplo. EXEMPLO Se a soma da renda de uma economia é de 1 bilhão de reais, R$ 200 milhões foram pagos em impostos, R$ 50 milhões foram enviados ao exterior e R$ 100 milhões voltaram como transferências, a renda disponível é de R$ 850 milhões. 5 Renda disponível e consumo Normalmente, os agentes não possuem acesso à sua renda total; eles devem pagar impos- tos. Assim, aparcela da renda disponível para consumo é inferior à renda total. Portanto, o con- sumo, como variável macroeconômica, é determinado pela renda disponível dos agentes, havendo FUNDAMENTOS DA ECONOMIA II – 41 – uma relação positiva entre renda e consumo – que aumenta na mesma proporção do aumento da renda. Os agentes poderão consumir toda a sua renda ou direcioná-la para outros projetos, de acordo com os seus desejos de consumir ou poupar. 6 Renda disponível e poupança Além do consumo, a renda disponível pode ser usada para a poupança (PAULANI; BRAGA, 2013). Por “poupança”, entenda a parcela da renda que não é direcionada ao consumo, sendo pre- servada para outros projetos dos agentes ao longo do tempo, de acordo com a equação: Yd = c + s Em que Yd configura a renda disponível, c o consumo e s a poupança. Há uma relação posi- tiva entre a renda disponível e a poupança: esta aumenta em resposta ao aumento da renda dispo- nível. Por sua vez, veja que os montantes que serão consumidos e poupados estão ligados às pre- ferências de cada agente, conforme os conceitos de propensão marginal a consumir e a poupar. 7 Propensão marginal a consumir e a poupar Quando você considera que cada agente efetua, conforme suas expectativas, as suas deci- sões de consumo e poupança e isto repercute na economia como um todo, pode deduzir que cada variação percentual (1%) na renda da economia será seguida por uma variação nos valores das quantidades de bens consumidos e poupados. Essas razões configuram as chamadas propen- sões marginais a consumir e a poupar (KRUGMAN; WELLS, 2012). A propensão marginal a consumir demonstra a variação do consumo ∆C perante a variação percentual da renda disponível ∆Yd, de acordo com a seguinte equação: PMC = ∆c ∆Yd Por sua vez, a propensão marginal a poupar configura a variação do consumo ∆S perante a variação percentual da Renda ∆Yd, de acordo com a Equação 05: PMP = ∆s ∆Yd FUNDAMENTOS DA ECONOMIAII – 42 – Figura 4 – Decisões entre consumir e poupar Fonte: sheff/Shutterstock.com Se, em uma economia, a variação da renda corresponde a uma variação exatamente igual de consumo, a propensão marginal a consumir é igual a 1 e não haveria poupança. Da mesma forma, se todos pouparem, a propensão marginal a poupar assume valor 1 e não haveria consumo de bens nesta sociedade. FIQUE ATENTO! O conceito “clássico” de propensão marginal a consumir vem da razão entre varia- ções de consumo e renda. Já para a matriz de estudo keynesiana, proposta por John Maynard Keynes (1883-1946), a PMC é uma função das expectativas dos agentes em relação ao comportamento do sistema econômico. Ela é uma variável subjetiva e afeta o consumo (C) a partir da seguinte equação: C = C0 + cYD , em que C0 representa o consumo fixo dos agentes e c corresponde à PMC como função direta da renda disponível YD. Fechamento Nesta aula, você teve oportunidade de: • conhecer a identidade fundamental macroeconômica e seus principais componentes; • entender a determinação do investimento a partir de suas relações com a taxa de juros e o fluxo de estoques; • compreender que a renda, o consumo e a poupança dos agentes estão entrelaçados, através das propensões marginais a consumir e a poupar. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA II – 43 – Referências BORGHI, Roberto Alexandre Zanchetta. Economia financeira e economia produtiva: o padrão de financiamento da indústria automobilística. Dissertação (Mestrado em Economia) –Unicamp, São Paulo, 2011. GARCIA, Manuel Enriquez; VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de. Fundamentos de econo- mia. São Paulo: Saraiva, 2014. KRUGMAN, Paul;WELLS, Robin. Introdução à Economia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. Tradução da 2. ed. americana. PAULANI, Leda Maria; BRAGA, Márcio Bobik. A nova contabilidade social – uma introdução à Macroeconomia. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA II – 44 – Mercado interno: mercado de bens e serviços – curva IS, política fiscal José Tadeu de Almeida Introdução Nesta aula, discutiremos alguns elementos ligados à gestão da política econômica a partir da política fiscal, entendendo-se esta como uma série de medidas destinadas a trazer equilíbrio à economia através da ação do Estado sobre o gasto e a tributação. Você vai verificar como essas ações se traduzem na geração e variação dos volumes de pro- dução e renda nas economias modernas. Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • Entender as condições de equilíbrio no mercado de bens e serviços; • identificar política fiscal, políticas expansionistas e contracionistas. 1 A curva IS: os pontos sobre ela, à sua direita e esquerda Você entenderá as condições nas quais é dado o equilíbrio em um mercado de bens e servi- ços, conforme o modelo macroeconômico da curva IS. A expressão é originada do termo “Invest- ment – Saving” (Investimento – Poupança). Ou seja, através dessa curva, você poderá observar como, por meio de mecanismos de determinação da poupança e sobretudo do investimento, é gerado o produto de uma economia (BLANCHARD, 2004). SAIBA MAIS! O modelo que originou a curva IS é uma interpretação dos estudos originais de John Maynard Keynes (1883-1946) a respeito do crescimento das economias modernas, e foi efetuado pelos economistas John Hicks e Alvin Hansen na década de 1940 (BLANCHARD, 2004). Com efeito, estamos tratando da forma como a demanda é gerada no mercado de bens, pois consideramos que a demanda, com notação z, iguala-se à produção, dada por y, sob condições de equilíbrio, através da equação: – 45 – TEMA 6 Y = c (y – t) + i + g + (x – m) = z Esta equação mostra a você que o produto é dado através do consumo c, do volume de inves- timentos, dados por i, dos gastos do governo dados por g, e dos saldos em balança comercial, sendo x e m iguais a exportações e importações, respectivamente. A equação acima representa a chamada identidade fundamental macroeconômica. FIQUE ATENTO! Não incluímos as variáveis g e t em economias que não possuam governo ou em que este não atue sobre a economia. Nestas situações, o gasto é igual a zero. De qualquer modo, a existência de impostos pressupõe a existência de gastos. Você pode observar que há mais duas variáveis que determinam o consumo, quais sejam, a relação y – t. Esta relação corresponde ao volume de bens produzidos menos os impostos pagos ao governo. Pela identidade correspondente aos agregados macroeconômicos principais, temos que o produto se iguala à renda, correspondente ao pagamento dos recursos necessários à produção. Logo, a relação y – t demonstra o volume de renda que efetivamente fica “nas mãos” dos agen- tes para o consumo – esta identidade é a renda disponível, com notação Yd (BLANCHARD, 2004). FIQUE ATENTO! Caso uma economia possua governo e recolha impostos, a renda disponível para o consumo será inferior à renda total recebida pelos agentes! A renda disponível é dada pela equação Yd = y – td+ tr, sendo td os tributos diretos e tr as transferências gover- namentais, recursos devolvidos aos cidadãos na forma de auxílios, concessões etc. Assim, você pode perceber o nível de produto em equilíbrio. Logo, mudanças no consumo, através dos impostos, e nos gastos do governo podem alterar o produto de equilíbrio. O investimento também é importante na formação do produto. E, neste sentido, um elemento importante para a determinação da renda e do investimento é a taxa de juros, de notação r. Ela é um “prêmio pelo dinheiro”, uma remuneração aos agentes para que mantenham seus recursos apli- cados em outros instrumentos que não sejam o investimento produtivo, ou seja, a compra de bens e equipamentos destinados à produção e à geração de renda. O investimento é determinado, ainda, pelo volume de estoques de bens e serviços, de modo que um aumento não planejado de estoques (em resposta a uma baixa nas vendas, por exemplo) reduzirá o aporte de capitais para investimento. FIQUE ATENTO! No caso brasileiro, a taxa de juros referencial para a determinação do investimento é a taxa de juros de longo prazo (TJLP), com valor de 7,5% no primeiro trimestre de 2017. Ou seja, os empresários olham a TJLP ao definirem suas opções de aumentar a produção através do investimento. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA II – 46 – Sempre que o retorno esperado das decisões de investimento for menor que a taxa de juros praticada em uma economia, os agentes não investirão. EXEMPLO Se a taxa de juros de longo prazo em uma economia é de 5% e o crescimento na produção esperada com o investimento produtivo é de 4%, este torna-se pouco atrativo ao agente, que tenderá a manter seus recursos aplicados em outras áreas. O investimento, por sua vez, é determinado por duas variáveis. A primeira delas é o volume de estoques. As empresas precisam vender para que, assim, seja viável investir. Deste modo, uma queda nas vendas também afeta o investimento, através do aumento de estoques, podendo mesmo zerá-lo. Em segundo lugar, temos a taxa de juros, como mencionamos. Deste modo, expressamos a determinação do investimento através da função que segue: I = i (estoques+, i–) Figura 1 – Construções e investimentos Fonte: PerfectLazybones/Shutterstock.com Assim, o investimento I depende positivamente da produção Y (por meio da baixa dos esto- ques) e negativamente da taxa de juros i. Portanto, você pode retomar a primeira equação, relativa à geração do produto, e expressá-la da seguinte forma: Y = c (y – t) + i (estoques, r) + g Esta equação expressa a chamada relação IS. Ela iguala a produção (Y) com a demanda (Z), dada uma taxa de juros i (BLANCHARD, 2004). FUNDAMENTOS DA ECONOMIA II – 47 – A relação IS permite a você refletir sobre algumas considerações:• variações no volume de bens produzidos geram alterações no mesmo sentido (positivo ou negativo) na renda disponível, que, por sua vez, determina o consumo; • variações no produto geram variações no mesmo sentido nos volumes do investi- mento. Há, portanto, uma relação entre investimento e produção. Através da relação IS, que mencionamos, podemos obter a curva IS, conforme a próxima figura. Figura 2 – A curva IS Tx de Juros (1) Produto (Y)YY’ i i” Fonte: elaborada pelo autor, 2017. Observe a formação da curva IS, que determina diferentes pontos de equilíbrio nos mercados de bens a partir da composição da demanda e do produto mediante variações da taxa de juros cuja elevação faz com que o volume de produto Y seja reduzido e vice-versa. Em todos os pontos da curva IS, note que há um equilíbrio no mercado, ainda que os níveis de produto sejam diferentes, para cima ou para baixo. Em outras palavras, alterações na taxa de juros geram deslocamentos ao longo da curva IS. A curva IS tem característica descendente, ou seja, quando a taxa de juros aumenta, o volume de produção diminui, e vice-versa. Nos pontos sobre a curva IS, o produto é igual à demanda em função da identidade funda- mental, que você viu anteriormente. Os pontos que estão à direita da curva demarcam a superio- ridade do produto sobre a demanda. Como sabemos que o investimento é inversamente propor- cional à taxa de juros, nestes pontos, mantido o produto constante, a taxa de juros maior diminui o investimento (os agentes preferirão aplicar seu capital em outras formas que não o investimento produtivo), de modo que a demanda será inferior à produção (com aumentos de estoque). Por outro lado, os pontos à esquerda da curva IS demonstram excesso de demanda de bens: mantido constante o produto, uma baixa na taxa de juros gera aumento de investimentos e dimi- nuição de estoques, aumentando a demanda a um nível superior ao produto. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA II – 48 – Você pode perceber, portanto, que a curva IS é determinada pela taxa de juros e pelo nível de produto (BLANCHARD, 2004). Veja, agora, como determinadas medidas de política econômica podem gerar mudanças da curva IS. 2 Políticas expansionistas e contracionistas No seu estudo da curva IS, se você observou que ela é determinada pelo produto e pela taxa de juros, poderá verificar que medidas de política econômica afetam a dinâmica desta curva, podendo deslocá-la. As medidas de política econômica que se associam à curva IS são as de política fiscal, que são ações orientadas pelo Governo e que visam afetar o nível de produto através das variáveis que ele diretamente pode controlar, quais sejam, os gastos governamentais (G) e os impostos (T). Com estas medidas, o Governo pode gerar estabilidade econômica, crescimento ou, ainda, reagir a conjunturas de crise. Deste modo, medidas de política econômica e, em especial, a política fiscal, podem ser divi- didas em expansionistas e contracionistas, dada certa taxa de juros. Políticas expansionistas são aquelas que geram expansão da renda; um aumento do produto através da manipulação das variáveis associadas à política fiscal (G e T). Já as medidas que se destinam a reduzir o volume de produção (em uma conjuntura de aumento de preços, por exemplo) e da renda são entendidas como políticas contracionistas. Tomemos um exemplo. Se o Governo amplia seus gastos, haverá redução de estoques. Ampliando-se o investimento em função da redução de estoques, gera-se mais emprego, mais consumo e a demanda cresce, aumentando a produção. O aumento das transações comerciais eleva, por sua vez, a demanda por moeda, o que gera aumento da taxa de juros, fazendo a curva IS deslocar-se à direita. Figura 3 – Gastos geram aumento da demanda e do produto Fonte: Travel Mania/Shutterstock.com FUNDAMENTOS DA ECONOMIA II – 49 – EXEMPLO Quando um governo aumenta os impostos sobre circulação de mercadorias e ser- viços (ICMS) para obter receitas adicionais, está aplicando uma política fiscal con- tracionista. Neste caso, o aumento dos tributos reduz a renda disponível, o que gera contração do consumo e queda na demanda e no produto. Da mesma forma, supondo-se a oferta de moeda constante, a queda na demanda por moeda gera redução da taxa de juros, deslocando a curva IS para a esquerda. Perceba que ambas as políticas mencionadas exercem efeito sobre a curva IS, embora de modo oposto. Deslocamentos da curva IS para a esquerda são visíveis quando a política fiscal é contracionista, e medidas expansionistas deslocam a curva IS para a direita (BLANCHARD, 2004). Figura 4 – Curva IS e políticas de expansão e contraçãoi i Y’ Y Y” Y Fonte: elaborada pelo autor, 2017. Um exemplo de política fiscal contracionista está dado na curva IS’, em vermelho. Sempre que o Governo aplica medidas para reduzir o volume do produto através de uma taxa de juros (seja por aumento de impostos, que reduzem a renda disponível e o consumo, ou por redução de gastos), a curva IS se desloca para a direita, e a uma data taxa de juros i, o novo equilíbrio estará sobre o ponto A’ correspondente ao nível de produto Y’. SAIBA MAIS! Você pode obter mais referências sobre a política fiscal no Brasil no segundo capítulo da monografia de Marcella Mello Barbosa Derzede Paiva (PUC-RIO), “Política fiscal: impactos na inflação e na atividade”, disponível no link: <www.econ. puc-rio.br/uploads/adm/trabalhos/files/Marcella_Derze_Paiva.pdf>. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA II – 50 – Por outro lado, medidas expansionistas, como o aumento dos gastos ou a redução de impos- tos, gerando aumento da renda disponível e do consumo, geram um nível de produto Y’’ maior que Y, deslocando a curva IS para a direita. Mantendo-se constante a taxa de juros, o equilíbrio estará agora sobre o ponto A”. Fechamento Nesta aula, você teve a oportunidade de: • verificar a relação entre produto e renda no mercado de bens; • entender que a demanda é afetada pelo investimento através da taxa de juros e do volume de produção; • conhecer a curva IS, suas determinações e variações a partir de medidas de política fiscal. Referências BLANCHARD, Olivier. Macroeconomia. 4. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2004. PAIVA, Marcella Mello Barbosa Derze. Política fiscal: impactos na inflação e na atividade. Mono- grafia (Graduação em Economia) –Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO), 2013. Disponível em:<http://www.econ.puc-rio.br/uploads/adm/trabalhos/files/Marcella_Derze_ Paiva.pdf>. Acesso em: 2 fev. 2017. FUNDAMENTOS DA ECONOMIA II – 51 – Mercado monetário José Tadeu de Almeida Introdução Nesta aula, trataremos dos aspectos relacionados à dinâmica do mercado monetário e da oferta de moeda através do sistema bancário. Estudaremos também o conceito de Banco Central e como ele pode agir como mediador das relações no mercado monetário. Verificaremos seu papel como emprestador de última instância, entendendo melhor este conceito; da mesma forma, será possível entender como os bancos ampliam a disponibilidade de moeda no mercado monetário através do dispositivo do multiplicador bancário. Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • entender o que é e qual o objetivo do Banco Central; • conhecer o conceito de oferta de moeda; • entender o conceito de multiplicação monetária. 1 Banco Central O Banco Central é uma autoridade monetária, ou seja, um agente do Estado, responsável por ordenar as operações do mercado monetário, como a compra e venda de moedas estrangeiras, entrada e saída de capitais, oferta e demanda por moeda nacional, dentre outras. Figura 1 – Banco Central do Brasil Fonte: Donatas Dabravolskas/Shutterstock.com – 52 – TEMA 7 FIQUE ATENTO! Mesmo que o Banco Central seja um agente