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CENTRO UNIVERSITÁRIO JORGE AMADO Allan Werneck A postura do Positivismo com Relação as Ciências Humanas Salvador 2014 CENTRO UNIVERSITÁRIO JORGE AMADO PSICOLOGIA FUNDAMENTOS EPISTEMOLOGICOS ALLAN WERNECK A postura do Positivismo com Relação as Ciências Humanas Trabalho sobre: Positivismo e Ciências Humanas da disciplina Fundamentos Epistemológicos do curso de Psicologia 2014.1, orientado pelo professor Luciano Fiscina. Salvador INTRODUÇÂO A equação entre espírito e mundo é solucionada sem deixar resto, mas devido apenas a seus dois membros serem reciprocamente simplificados. Na redução do pensar ao aparato matemático está implícita a consagração do mundo como medida de si mesmo. O que aparece como triunfo da racionalidade subjetiva, a sujeição de todo ente ao formalismo lógico, é pago com a subordinação dócil da razão aos achados imediatos. Compreender o achado como tal, notar nos dados não apenas suas relações espaço-temporais abstratas, por onde podem então ser apanhados, mas pensá-los, em vez disso, como superfície, como momentos mediatizados do conceito que só se preenchem no desdobramento de seu sentido social, histórico, humano e toda a pretensão ao conhecimento é abandonada. Ela não consiste no mero perceber, classificar e calcular, mas justamente na negação determinante do que a cada momento é imediato. Mas o formalismo matemático, cujo meio é o número, a figura mais abstrata do imediato, fixa, em vez disso, o pensamento na mera imediatez. O fatual conserva o seu direito, o conhecimento se restringe à sua repetição, o pensamento converte-se em mera tautologia. (Adorno 1989, p. 19) As ciências, no decurso da história, não se tornaram "positivas" na mesma data, mas numa certa ordem de sucessão que corresponde à célebre classificação: matemáticas, astronomia, física, química, biologia, sociologia. Das matemáticas à sociologia a ordem é a do mais simples ao mais complexo, do mais abstrato ao mais concreto e de uma proximidade crescente em relação ao homem. Esta ordem corresponde à ordem histórica da aparição das ciências positivas. As matemáticas (que com os pitagóricos eram ainda, em parte, uma metafísica e uma mística do número), constituem-se, entretanto, desde a antiguidade, numa disciplina positiva (elas são, aliás, para Comte, antes um instrumento de todas as ciências do que uma ciência particular). A astronomia descobre bem cedo suas primeiras leis positivas, a física espera o século XVII para, com Galileu e Newton, tornar-se positiva. A oportunidade da química vem no século XVIII (Lavoisier). A biologia se torna uma disciplina positiva no século XIX. O próprio Comte acredita coroar o edifício científico criando a sociologia. As ciências mais complexas e mais concretas dependem das mais abstratas. De saída, os objetos das ciências dependem uns dos outros. Os seres vivos estão submetidos não só às leis particulares da vida, como também às leis mais gerais, físicas e químicas de todos os corpos (vivos ou inertes). Um ser vivo está submetido, como a matéria inerte, às leis da gravidade. Além disso, os métodos de uma ciência supõem que já sejam conhecidos os das ciências que a precederam na classificação. É preciso ser matemático para saber física. Um biólogo deve conhecer matemática, física e química. Entretanto, se as ciências mais complexas dependem das mais simples, não poderíamos deduzi- las de, nem reduzi-las a estas últimas. Os fenômenos psicoquímicos condicionam os fenômenos biológicos, mas a biologia não é uma química orgânica. Comte afirma energicamente que cada etapa da classificação introduz um campo novo, irredutível aos precedentes. Ele se opõe ao materialismo que é "a explicação do superior pelo inferior". Nota-se, enfim, que a psicologia não figura nesta classificação. Para Comte o objeto da psicologia pode ser repartido sem prejuízo entre a biologia e a sociologia. No século XIX a ciência triunfa. No domínio das ciências da natureza, o ritmo e o número das descobertas são enormes, saindo dos laboratórios para as aplicações práticas: ciência e tecnologia encontram-se. A pesquisa fundamental, cujo objetivo é conhecer pelo próprio conhecimento, é acompanhada pela pesquisa aplicada, a qual visa resolver problemas concretos. Assim, nesse século, a ciência tem o seu grande avanço com as ciências da natureza, em que quase todos os domínios da atividade humana são atingidos. Apoiado nos postulados do positivismo, o método experimental ou científico assumiu o mesmo método das ciências da natureza, tido como exemplar na construção de conhecimentos rigorosamente verificados e cientificamente comprovados. O método experimental consiste em submeter um fato à experimentação em condições de controle e apreciá-lo coerentemente, com critérios de rigor, mensurando a constância das incidências e suas exceções, e admitindo como científicos somente os conhecimentos passíveis de apreensão em condições de controle, legitimados pela experimentação e comprovados pela mensuração. Dessa forma, o homem começa a produzir o conhecimento, tendo como modelo de acesso à realidade o procedimento do experimento científico, que estipula critérios para julgar quando esse acesso é realmente alcançado e quando não o positivismo, cujas características principais são: No domínio do saber sobre o homem e a sociedade, desejava-se que conhecimentos tão confiáveis e práticos quanto os desenvolvidos para se conhecer a natureza física fossem aplicados com sucesso ao ser humano. Por isso, o positivismo também é adotado nas ciências humanas, que se desenvolvem a partir da segunda metade do século XIX. A pesquisa de espírito positivista aprecia números; pretende tomar a medida exata dos fenômenos humanos e do que os explica. Essa é, para ela, uma das principais chaves da validade dos saberes construídos e da objetividade entendidas como atitude intelectual que visa considerar a realidade do objeto, controlando ao máximo as preconcepções do pesquisador. Consequentemente, deve escolher com precisão o que será medido e apenas conservar o que é mensurável de modo preciso. No desenvolvimento histórico do conhecimento científico as denominadas ciências humanas ou sociais sempre foram ciências imitativas das ciências naturais, ou seja, empregavam o mesmo método e almejavam alcançar a mesma objetividade e o mesmo rigor científico. A filosofia (neo) positivista ao valorizar e enaltecer as ciências naturais e seu método de análise (o “método científico”), desenvolveu um “modelo” de ciência que deveria ser seguido por qualquer conhecimento que desejasse ser reconhecido como científico. Os neopositivistas adotavam a “unicidade científica” e não reconheciam as diferenças entre as ciências naturais e humanas. Acreditavam na existência de um único método de investigação, o qual deveria ser empregado por todas as ciências. Daí P. Feyerabend falar em “ditadura do método”, ou seja, a imposição de um único método para todo o conhecimento científico. Mas as ciências humanas tendo como objeto de estudo o ser humano (o homem vivendo em sociedade) em função da natureza intrínseca e própria desse ser (ser racional pensante, político por natureza, dotado de livre-arbítrio e capacidade de decisão) estão envoltas numa série de particularidades e especificidades próprias desse objeto. Daí a dificuldade de se imporem como ciência, quando comparadas com as ciências da natureza. Muitos filósofos da ciência não aceitam as ciências humanas como verdadeiras ciências,procurando evidenciar e demarcar exatamente as principais diferenças existentes entre elas. Sobre esse assunto, Feijó (2003, p. 98) nos diz que: Popper acreditava que a demarcação é necessária simplesmente porque as ciências sociais encontram-se, o avalia ainda na etapa pré-científica, caracterizada pela ausência de consensos, de definições claras e de técnicas analíticas eficazes amplamente aceitas. Na tentativa de se imporem no cenário científico e superar as críticas existentes (pré-ciências, não ciências, etc.), os cientistas humanos partem para a busca de novos paradigmas. A partir da década de 60/70, amparados pela “crise dos paradigmas” e pela doutrina da Escola de Frankfurt, rompem com a ciência neopositivista, buscando métodos alternativos e mais apropriados ao seu objeto de estudo. A construção do conhecimento, no entender de Piaget (1965, p. 14), passa pela sujeição conceituada numa concepção biológica e não sociopolítica. A submissão é fonte de conhecimento. O sujeito se constituiu como tal a partir da sujeição da natureza ao pensar e agir matemáticos e do reducionismo que este procedimento implica. Contudo, a sujeição não se deu no nível do objeto simplesmente, mas do sujeito que precisou e tem precisado se sujeitar a este conhecimento para sobreviver. Em que medida esta sujeição recíproca pode ser colocada em termos de construção do conhecimento é uma questão crucial. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ADORNO, T.W. Consignas. Buenos Aires: Amorrortu, 1972. CHAUÍ, M. "Ideologia e educação". Educação & Sociedade, Ano II, n. 5, jan., 1980, pp. 24-40. BOMBASSARO, L. C. As Fronteiras da Epistemologia: como se constrói o conhecimento. Petrópolis, RJ: Vozes, 1992. FEIJÓ, R. Metodologia e Filosofia da Ciência (Aplicação da teoria social e estudo de caso). São Paulo: Atlas, 2003. INTRODUÇÂO REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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