Buscar

MODULO DE EPISTEMOLOGIA DAS CIÊNCIAS SOCIAIS

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 104 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 104 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 104 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
 
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA 
LICENCIATURA EM ENSINO DE HISTÓRIA 
CURSO A DISTÂNCIA DE LICENCIATURA EM HISTÓRIA 
 
 
 
PRIMEIRO ANO 
 
 
 
Ângelo Pelembe Bunguele 
 
“Um dos problemas da ciencia ee que ela nos adverte para cwertas coisas negativas e isso não ee popular. Entao os proprios cientistas e 
professores tentam evitar a reflexao oferecendo respostas simplistas, curtas e grosseitas” 
(Margaret Mead) 
 
 
 
 
 
 
Maputo 
2017 
MÓDULO DE EPISTEMOLOGIA DE 
CIÊNCIAS SOCIAIS 
2 
 
Bem-vindo ao módulo de Epistemologia de Ciências Sociais, seu instrumento de estudo dos 
conteúdos do plano temático no curso de Ensino de História 
Faça bom proveito. 
 Introdução 
Caro estudante, o módulo que se apresenta enquadra-se nas cadeiras do 1º ano do curso de 
Licenciatura em Ensino de História, visa a iniciação à pesquisa científica em Ciências 
Sociais, e em História em particular, não obstante o Módulo de Introdução de história lhe 
proporcionar as ferramentas da produção do conhecimento histórico e a natureza da ciência 
histórica, como Ciência Social. Com o estudo deste módulo será possível diferenciar o 
conhecimento científico de outras formas de conhecimento, reconhecer e manusear as 
singularidades da pesquisa social, escolher as correntes filosóficas, os métodos e as técnicas 
apropriadas à compressão, interpretação e explicação dos fenómenos sociais. Portanto, este 
módulo associado ao de Metodologia de Investigação, habilitar-lhe-á a redigir textos 
científicos coerentes. 
O estudante deve considerar como ponto de partida que, em termos gerais, a epistemologia é 
a análise do conhecimento científico e, em termos mais específicos, analisa os suportes 
filosóficos das ciências, seu objecto de estudo, os valores implicados na criação do 
conhecimento, a estrutura lógica das suas teorias, os métodos empregues na investigação e na 
explicação dos seus resultados e a verificabilidade ou refutabilidade de suas teorias. Nesta 
senda, este módulo pretende proporcionar ao estudante o domínio das teorias, processos e 
produção do conhecimento científico em Ciências Sociais. 
Ao completar as lições deste módulo o prezado estudante deverá possuir três 
competências básicas: 
 Adquirir noções básicas sobre teorias e métodos das ciências sociais; 
 Dominar os mecanismos de busca da objectividade nas ciências sociais; 
 Compreender a importância, utilidade e paradigmas da investigação em ciências 
sociais. 
Por outro lado, no fim do módulo deve ser capaz de: 
 Compreender os princípios filosóficos, base das teorias e métodos das ciências 
sociais; 
3 
 
 Conhecer os diversos tipos de explicação e interpretação usados pelas ciências 
sociais; 
 Diferenciar os principais paradigmas e os níveis de integração que se estabelecem; 
 Conhecer os princípios fundamentais das novas teorias derivadas dos grandes 
paradigmas teóricos das ciências sociais; 
 Conhecer os procedimentos de pesquisa objectiva e credível em ciências sociais. 
0.1.Propósito do módulo. 
O impacto prático projectado para este módulo é munir o futuro professor de História, agente 
social por excelência, com ferramentas de busca da objectividade na pesquisa de fenómenos 
sociais e compreender a importância, utilidade e paradigmas da investigação em ciências 
sociais. 
0.2.Destinatários do módulo. 
Caro estudante e futuro professor de História, tem à sua disposição um módulo elaborado na 
perspectiva de combinar material de raiz e a bibliografia básica, visando guiar e não limitar 
sua aprendizagem, na perspectiva polissémica e probabilística da pesquisa social sempre 
aberta a novas fontes interpretações. Prezado colega, este é um guia para aqueles que são 
confrontados com a exigência que caracteriza o estudo universitário, onde o carácter 
académico contraria a indicação de receitas únicas. 
0.3.Métodos de estudo. 
0.3.1. Estudo individual: Grande parte da sua aprendizagem, realiza sozinho, a ler 
e a pensar em silêncio. Caro estudante o módulo apresenta quatro (4) 
elementos estruturantes: os apontamentos de indução, a indicação das 
leituras obrigatórias, as actividades visando a realização dos objectivos das 
lições e os exercícios de aplicação. 
0.3.2. Grupos de estudo informais: Naturalmente, você não precisa de estudar este 
módulo apenas individualmente. Os materiais podem e devem ser usados por si 
com outros estudantes deste curso e professores do seu grupo de disciplina. 
NOTA: Este módulo não pretende assumir nem inculcar nenhum absolutismo do saber, por 
isso é desejável que seja estudado em combinação com outros materiais, os mais importantes 
constam da bibliografia final, cujas chamadas constam ao longo das lições. 
0.4.Avaliação 
Caro estudante, a avaliação obrigatória consistirá de dois (2) testes escritos e exame final. 
Contudo, a sua calendarização e oportunidade dependerá da planificação a ser feita pelo tutor 
4 
 
de especialidade ou orientador, que poderá identificar outras modalidades de avaliação e 
estratégias de condução do módulo. 
0.5.Organização do módulo. 
Estruturalmente o módulo comporta três unidades de aprendizagem, apresentados no sinopse 
que segue: 
 
Nr. de 
lições 
 
Conteúdo 
 
Tempo 
de 
estudo 
 
 
 
I 
 
1 e 
2 
Unidade I: Introdução à Epistemologia de ciências sociais: 
1.1.Discussão dos conceitos operacionais de Epistemologia das 
Ciências Sociais. 
10h 
 
 
 
 
30
h 
3 1.2.Formas de conhecimento e classificação do conhecimento 
científico. 
3h 
4 1.3.A evolução: Das ciências naturais à sociais 3h 
5 1.4.Método científico em ciências sociais. 5h 
6 1.5.Métodos quantitativo e qualitativo: Criticas, critérios e 
complementaridade. 
5h 
7 1.6.Peculiaridades das ciências sociais 4h 
 
II 
8 Unidade II: Suporte filosófico ou quadros de referência das 
ciências sociais: 
2.1.Positivismo, Funcionalismo, Estruturalismo, 
3 
 
10 
9 2.2. Etnometodologia, Fenomenologia, Racionalismo, 2 
 10 2.3. Empirismo, Realismo, Idealismo, 2 
5 
 
11 2.4.Materialismo e materialismo histórico, Hermenêutica e 
Filosofia analítica da linguagem 
3 
 
 
III 
12 Unidade III: A construção epistemológica das ciências sociais 
3.1. Métodos das ciências sociais 
 Métodos de procedimento 
 Métodos de abordagem 
5 
 
 
30 13 3.2. Explicação nas ciências sociais 10 
14 3.3. A compreensão e interpretação nas ciências sociais 10 
15 3.4. Confiabilidade e validade das investigações 5 
 Total 80 
*** UNIDADE 1*** 
Introdução à Epistemologia de ciências sociais 
“Estude as frases que parecem certas e coloque-as em dúvida” 
(David Riesman) 
Nesta 1ª unidade de aprendizagem apresentam-se sete lições que correspondem ao estudo dos 
conceitos operacionais, a identificação do lugar das Ciências Sociais no campo dos estudos 
científicos e as particularidades da pesquisa social. Assim, nesta unidade o foco está nos 
aspectos introdutórios do plano do módulo, conforme indiciam as metas que seguem. 
Ao terminar o estudo desta unidade de aprendizagem deve ser capaz de: 
 Descrever os conceitos operacionais da disciplina; 
 Analisar o lugar das ciências sociais na classificação geral das ciências; 
 Descrever a evolução histórica das ciências naturais às sociais; 
 Caracterizar o método científico em ciências sociais; 
 Caracterizar, criticar e reconhecer os critérios básicos e de 
complementaridade entre os métodos quantitativo e qualitativo na pesquisa 
social; 
 Explicar as peculiaridades que desafiam a pesquisa nas ciências sociais. 
Tempo de estudo da unidade: 30 horas. 
6 
 
1ª Lição: Conceitos operacionais da disciplina de Epistemologia de Ciências Sociais 
Introdução à lição. 
Bem-vindo à lição inaugural de Epistemologia de Ciências Sociais, ela habilita-lhe a 
compreender a polissemia e o carácter provisório dos conceitos estruturantes da 
epistemologia da ciência e da ciência social, mormente as características do método científicoe as peculiaridades da pesquisa social. Os conceitos e actividades seleccionadas para esta 
aula, exige muita leitura e constituem o fundamento para estudar o resto do módulo. 
Ao terminar o estudo desta lição, o caro estudante deve ser capaz de: 
 Descrever conceitos operacionais de Epistemologia, Conhecimento, Verdade, Lógica, 
Pesquisa e Ciência, 
 Relacionar os conceitos operacionais indicados para esta lição. 
Tempo mínimo de estudo desta lição: 05 horas 
CONTEÚDO DA LIÇÃO: Conceitos de Epistemologia, Conhecimento, Verdade, Lógica, 
Pesquisa e Ciência. 
a) Epistemologia 
Caro estudante, este é um conceito central da filosofia do conhecimento que indaga as leis 
científicas, ele integra três aspectos centrais: possibilidade de conhecer, relação subjectiva 
entre sujeito e objecto do conhecimento e a validade e aplicabilidade do conhecimento. 
Gomes (1988) considera como noções elementares de epistemologia a relação entre o sujeito 
e o objecto, para além dos processos histórico-filosóficos do conhecimento e a evolução da 
problemática sobre sua origem, natureza e valor. 
Actividade 
Caro estudante, leia o conceito de epistemologia em Gomes (1988:351/362) ou na Verbo 
Enciclopédia Luso-brasileira de Cultura1 e, no seu bloco de notas, estabeleça a relação 
epistemológica, relacionando o que leu e a situação hipotética do exemplo que segue: Se 
entregar um apagador a uma criança de 2 anos, ela pode estabelecer uma relação particular 
como se de um brinquedo de viatura se tratasse e o mesmo apagador diante de um 
adolescente de 16 anos a relação entre ambos muda totalmente. 
 
1 O prezado estudante poderá consultar outra enciclopédia disponível na biblioteca mais próxima. Contudo, tem 
ao seu dispor na Web a Enciclopédia Verbo Edição Século XXI, sucessora da Verbo Enciclopédia Luso-
brasileira de Cultura (ambas disponíveis em https://pt.m.wikipedia.org e https://www.olx.pt) 
7 
 
Se nas notas que fez da leitura dos autores e páginas referidos no enunciado constam os 
aspectos constantes no quadro, está no caminho certo, então complete as duas colunas em 
branco. Mas se não conseguiu releia os textos e anote os elementos que permitem chegar ao 
resultado esperado. 
Sujeito Objecto Relação epistemológica 
Criança de 2 anos 
Apagador 
Brinca com o apagador como brinquedo de carro: vhummmm… 
Adolescente de 16 anos Pensa no ambiente escolar: sala de aula, professor, quadro, giz, etc. 
Você, caro estudante, antes da 
leitura 
Ciências sociais 
Você, depois da leitura dos textos 
indicados acima 
Ciências sociais 
b) Conhecimento 
Partamos da convicção deque o conhecimento, emergindo da totalidade da vida psíquica, em 
que se insere, impõe-se como fenómeno originário e irredutível. Objecto de uma experiência 
universal e constante, permanece intraduzível na sua misteriosa complexidade, daí ser 
compreensível o recurso a analogias e imagens mais ou menos sugestivas para melhor o 
aproximar e descrever. Numa análise elementar, o conhecimento aparece como acto 
imanente pelo qual a consciência abre-se para o mundo circundante, tornando-o 
intencionalmente presente na consciência. Inicialmente o conhecimento é um fenómeno 
consciente – conhecer é ter consciência de alguma coisa, onde o conhecimento e a 
consciência constituem uma unidade indissolúvel, não existindo um sem outro. Em todo o 
caso conhecer é presente, pelo menos implicitamente, a reflexão (consciência do eu) que 
opõe um sujeito a um objecto, relação necessária pois não há conhecimento sem sujeito que 
conhece ou sem um objecto conhecido. O sujeito deve apreender o objecto, acolhê-lo , torná-
lo presente; enquanto ao objecto compete deixar-se apreender e especificar, o conhecimento 
dando-lhe um conteúdo. 
Repare que, conhecer objectivamente é manter o outro à distância, evitando confundir-se com 
ele. A apreensão, pelo sujeito, manifesta-se como êxito da consciência, uma saída da sua 
esfera para a do objecto e o consequente regresso a si mesmo depois de haver o apreendido. 
Ora, o sujeito não pode apreender o objecto sem se transcender, nem pode ser consciente 
dessa apreensão sem de novo regressar a si mesmo ou se interiorizar (conhecer é tornar-se o 
Outro, enquanto Outro). Fusão em que no interior de um mesmo acto, sujeito e objecto 
conservam a sua autonomia, portanto o sujeito torna-se o Outro sem o absorver, 
8 
 
respeitando a sua individualidade e no objecto não se opera nenhuma modificação, 
permanecendo inalterável na sua realidade ontológica e indiferente a ser ou não 
conhecido. O conhecimento é uma relação dinâmica e vital, uma reacção a um excitante. 
Ora, nenhuma excitação pode provocar uma sensação ou pensamento, se o sujeito não reagir 
espontânea e pessoalmente. Essa espontaneidade é relativa: Impõe-se a intervenção de um 
excitante para que haja sensação e a própria vida intelectual depende da sensibilidade. O 
sujeito é incapaz de produzir ou criar o objecto, mas deve esperar que este se lhe manifeste, 
sendo o sujeito de algum modo passivo, deixando-se medir e determinar pelo objecto. O 
conhecimento não se pode definir como pura subjectividade, nem como pura objectividade, é 
ao mesmo tempo activo e passivo, constitutivo e receptivo, promoção interior e informação 
exterior, ele vive e alimenta-se da tensão dialéctica entre o sujeito e o objecto, expressa em 
termos de isolamento e comunhão, identidade e diversidade, coincidência e distância, 
passividade e liberdade (Verbo Enciclopédia Luso-brasileira de Cultura, Vol. 5, pp.1391-
1395). 
Actividades 
Agora, verifique o que percebeu de conhecimento e se reconhece os problemas que envolvem 
sua definição: Escreva no seu bloco de notas o que entendeu como noção, origens, problemas 
e possibilidades do conhecimento. 
Se nas notas que fez conseguiu identificar a noção, origem, problemas e possibilidades de 
conhecer, então está no caminho certo, mas se não conseguiu volte a ler e faça notas. Por 
outro lado, apoie-se no texto de Lopes (1970:171-203) que lhe permitirá fácil identificação 
dos elementos que lhe conduzirão ao resultado esperado. 
c) Verdade 
Retenha, antes de tudo, que por verdade pode referir-se ao pensamento, ao ser e à palavra. Na 
experiência humana a verdade afecta primeiro o pensamento, este é sempre sobre alguma 
coisa, ele possui verdade quando apreende o que uma coisa é, portanto, a verdade estabelece 
uma relação entre o pensamento e o ser das coisas. Por outro lado, o ser das coisas refere-se 
à inteligência, de outro modo não poderia por ela ser apreendido, pois o ser das coisas é 
inteligível. 
Observe que na comunhão interpessoal, os homens falam entre si das coisas, dos factos e 
acontecimentos, pela palavra comunicam os seus conhecimentos, estatelando-se uma rede de 
relações de inteligências, ser e palavra. Diz-se que há verdade na inteligência ou 
9 
 
entendimento quando ela conhece o que uma coisa é, quando há correspondência ou 
adequação entre a inteligência e o ser; quando o que a inteligência diz que é ou não é, se 
verifica na realidade: a verdade é lógica, porque ela está na mente, no logos (razão). 
Para que a inteligência conheça o ser das coisas, estas devem ser inteligíveis (verdade 
ontológica). De facto, a relação de verdade é recíproca: A inteligência pode conhecer as 
coisas e estas podem ser conhecidas, a inteligência conformando-se com o ser das coisas e 
este conformando-se com a inteligência (Ex: o artista – verdade ontológica e interprete – 
verdade lógica). Quando há acordo entre o que se pensa e se diz dá-se a verdade moral 
(veracidade - mentira), esta é compatível com a falsidade lógica. São disciplinas que se 
ocupam do problema da verdade: Lógica/filosofia analítica da linguagem; a lógica/coerência 
do pensamento/correcção do raciocínio; crítica ou teoria do conhecimento (Gnosiologia, 
Epistemologia), a Ontologia, Ética, Moral, etc. 
ActividadeCaro estudante, agora questione-se sobre o tipo de verdade que a ciência pode oferecer: 
Registe no seu bloco de notas as atitudes da inteligência perante a verdade e o carácter não 
finito da verdade científica. 
Se nas notas que fez conseguiu identificar o processamento da verdade pela inteligência e o 
carácter não dogmático da verdade científica, então está no caminho certo, mas se não 
conseguiu volte a ler e faça notas. Por outro lado, apoie-se no texto de Lopes (1970: 214-219) 
que lhe permitirá fácil identificação dos elementos que lhe conduzirão ao resultado esperado. 
d) Lógica 
Termo de origem grego, etimologicamente significa ciência do logos-razão (Ciência da 
palavra ou do pensamento), mas a expressão pode ser tomada em muitos sentidos. Aristóteles 
não usou a palavra lógica, mas seu equivalente mais próximo naqueles tempos é analítica. 
Crisipo dividiu a filosofia em Lógica, Ética e Física. Para os estóicos a Lógica compreende a 
Retórica e a Dialéctica. Para Cícero, Alexandre de Afrodisia e Beócio, o termo lógica parece 
designar, unicamente a dialéctica dos estóicos. No começo da escolástica o termo mais usado 
foi dialéctica, mas entre os séculos XIII-XV e XVII predomina o termo lógica. 
Actividade 
Considerando que a lógica é uma ciência, arrole os requisitos epistemológicos básicos de 
qualquer campo que mereça tal consideração: Descreva, sucintamente, no seu bloco o 
objecto, divisão, origem e evolução da lógica. 
10 
 
Se nas notas que fez conseguiu identificar objecto, divisão, origem e evolução da lógica, 
então está no caminho certo, mas se não conseguiu volte a ler e faça notas. Por outro lado, 
apoie-se no texto de Lopes (1970: 5-12) que lhe permitirá fácil identificação dos elementos 
que lhe conduzirão ao resultado esperado. 
e) Pesquisa 
Caro estudante, apreciemos Richardson (1999:15), para quem não existe uma fórmula mágica 
e única para realizar uma pesquisa ideal, talvez não existe uma pesquisa perfeita. A 
investigação é um produto humano, e seus produtores são seres falíveis, pois os conceitos e 
princípios fundamentais da ciência são invenções livres do espírito humano (Albert Einstein). 
Isto é algo importante que o principiante deve ter em mente: fazer pesquisa não é privilégio 
de alguns poucos génios. Precisa-se ter conhecimento da realidade, algumas noções básicas 
de metodologia e técnicas de pesquisa, seriedade e, sobretudo trabalho em equipa e 
consciência social. Evidentemente é desejável chegar a um produto acabado, mas não é 
motivo de frustração um produto imperfeito. É melhor ter trabalho de pesquisa imperfeito a 
não ter trabalho nenhum. 
De facto, toda a pesquisa continuará uma ilha no grande oceano do conhecível sobre o 
assunto em questão, por isso toda a pesquisa deve ser rebatida na perspectiva deque o 
movimento que promove a ciência nasce da dúvida permanente e da capacidade de invalidar 
oque se apresenta como a fase suprema do saber. Por isso, toda a afirmação, todo o 
princípio e toda a deliberação feita por si ou por outros pesquisadores devem ser 
examinados sob o ponto de vista da sua veracidade ou falsidade e como se pode medir 
sua falsidade ou veracidade. Ora para o pesquisador principiante esta atitude pode parecer 
estranha pois a nossa escola transmite uma visão absolutista do saber, porque é mais fácil 
ensinar dogmaticamente que levantar dúvidas, intranquilidades ou inquietudes. Assim, a 
atitude do pesquisador exige uma reorganização do conceito de saber, uma nova visão que 
permita reconhecer a incerteza, a falta de clareza, a relatividade, a instrumentalização e 
ambiguidade do conceito de verdade científica. Esta posição conduz a avanços na produção e 
democratização do saber e não a aceitação não questionada do que aparece nos livros e 
mentes dos especialistas (Richardson, 1999:18). 
Afinal para que pesquisar? Para Goergen apud Richardson (1999:16) “ a pesquisa nas 
ciências sociais não pode excluir de seu trabalho a reflexão sobre o contexto conceptual, 
histórico e social que forma o horizonte mais amplo, dentro do qual as pesquisas isoladas 
11 
 
obtém o seu sentido”. Disto se compreende que os estudos tanto teóricos como empíricos 
podem mudar de sentido a partir da consciência dos pressupostos [valores] sociais, 
culturais, políticos ou mesmo individuais que se escondem sob a enganadora aparência 
dos factos objectivos. Assim, ainda que seja comum a realização de pesquisas para beneficio 
do próprio pesquisador, não devemos esquecer de que o objectivo último das ciências sociais 
é o desenvolvimento do ser humano [teleológica, a pesquisa social não é de simples 
erudição], não obstante seu fim imediato seja a aquisição de conhecimento. 
Como ferramenta para adquirir conhecimento, a pesquisa pode ter os seguintes objectivos: 
Resolver problemas específicos, gerar teorias e avaliar ou testar teorias existentes. Retenha 
que nenhum destes três objectivos é superior aos outros, e os três podem complementar-se. 
Os modelos de pesquisa segundo a classificação Issac (Gressler (1979:19/26) pedem ser: 
Modelo de pesquisa histórica; Modelo de pesquisa descritiva; Modelo de pesquisa 
desenvolvimentista; Modelo de pesquisa estudo de casos; Modelo de pesquisa correlacional; 
Modelo de pesquisa causa-comparação ou Ex post-facto; Modelo de pesquisa experimental; 
Modelo de pesquisa quase-experimental e o Modelo de pesquisa em acção. 
Gressler (1979:9) chama atenção à valorização e fé nas pesquisas tecnológicas e económicas 
em detrimento das sociais onde as exigências são puramente teóricas, chegando-se a adulterar 
o conceito de pesquisa através do simples transporte das informações contidas num livro para 
a folha de papel. Por outro lado, elenca como importância da pesquisa social: 1º desenvolver 
a capacidade de pensamento crítico, levando o estudante a aprender a pensar, acurada e 
criticamente; 2º promover a liberdade intelectual e o pensamento independente através do 
envolvimento doa alunos na pesquisa; 3º torna-os mais cooperativos quando sua contribuição 
é solicitada. 
Actividade 
1. Com esta actividade pretendo reafirmar que a pesquisa científica é o objecto central 
deste módulo e acautelar-lhe que no mundo real irá enfrentar a dificuldade de recursos 
para a pesquisa social e estimular-lhe a começar a idealizar o campo que poderá 
abraçar na sua monografia. 
1.1.Registe no seu bloco os factores que justificam maiores recursos para pesquisas 
tecnológicas e económicas (laboratórios, transporte para estudos de campo e 
equipamentos) e descreva as possibilidades de alargar o prestígio da pesquisa 
social. 
12 
 
Se nas notas que fez conseguiu identificar os elementos que explicam a tecnicização das 
ciências, então está no caminho certo, mas se não releia o texto e faça notas. 
1.2.Para a apropriação eficaz deste assunto descreva no seu bloco de notas exemplos 
da pesquisa social, na área de História, para cada um dos três objectivos da 
pesquisa e o quarto exemplo para a possibilidade de complementaridade. 
Se nas notas que fez conseguiu identificar os três objectivos da pesquisa social e os 
fundamentos da complementaridade, então está no caminho certo, mas se não conseguiu 
releia, faça notas e aplique tais objectivos a uma hipotética pesquisa social histórica. Por 
outro lado, apoie-se no texto de Richardson (1999:17) que lhe permitirá fácil identificação 
dos elementos que lhe conduzirão ao resultado esperado. 
1.3.Como caracteriza o Modelo de pesquisa histórica. Em que difere com os níveis de 
pesquisa? 
Se nas notas que fez conseguiu diferenciar modelos e níveis de pesquisa, então está no 
caminho certo, mas se não conseguiu volte a ler e faça notas. Por outro lado, apoie-se nos 
textos de Gressler (1999:19); Gomes (1988:343/350) e Gil (1999: 4248) que lhe permitirão 
fácil identificação dos elementos que conduzem ao resultado esperado. 
f) Ciência 
Caro estudante, a ciência nada mais é que uma das maneirasde explicar o universo no qual 
vivemos, este corpo de conhecimentos inclui aspectos teóricos e práticos. Pode ser definida 
como a acumulação de conhecimentos sistematizados, ela aborda o mundo que é possível ser 
experimentado pelo Homem no seu quotidiano [mundo empírico]. 
Embora a definição de ciência seja problemática, pode-se definir ciência como uma forma de 
conhecimento que tem por objectivo formular, mediante linguagem rigorosa e apropriada (se 
possível, com auxílio da linguagem matemática), leis que regem os fenómenos. Embora 
variadas, essas leis têm em comum o seguinte: podem descrever séries de fenómenos; são 
comprováveis através da observação e experimentação; são capazes de prever os 
acontecimentos, pelo menos de forma probabilística. Por outro lado, pode-se definir ciência 
13 
 
através da identificação das suas características essenciais, portanto como forma de 
conhecimento objectivo, racional, sistemático, geral, verificável e fiável2 (Gil, 1999:20). 
Em geral a ciência é uma poderosa ferramenta de convicção. Existem outras, tais como a 
intuição, a experiência mística, a aceitação da autoridade. Mas a ciência, talvez pela aparente 
objectividade e eficiência, proporciona a informação mais conveniente. Se alguma evidência 
científica é relevante para a determinada afirmação, dita evidência ajudará na decisão de 
aceitar ou rejeitar essa afirmação. Repare que a ciência não é dona da verdade, toda verdade 
científica tem carácter probabilístico (Richardson,1999:17). 
A priori, não há base para afirmar que a ciência é melhor que a revelação, depende da cultura 
e das crenças das pessoas, alguns pressupostos serão mais convincentes que outros. Contudo, 
pode-se aceitar que a ciência é uma forma de adquirir conhecimento, compreensão, crença da 
falsidade ou veracidade de uma proposição. 
A pesquisa científica é um inquérito ou exame cuidadoso para descobrir novas informações 
ou relações, ampliar e verificar o conhecimento existente. A pesquisa científica não se limita 
à simples colecta de dados, pode ser entendida como forma de observar, verificar e explanar 
factos para os quais o homem necessita ampliar sua compreensão, ou testar a compreensão 
que já possui a respeito dos mesmos (Gressler,1979:16) 
O método científico é comparável a um telescópio, no qual diferentes lentes, aberturas e 
distâncias produzem formas diversas de ver a natureza. Assim, o uso de apenas uma vista não 
oferecerá uma representação adequada do espaço total que desejamos compreender. Talvez 
diversas vistas parciais [a ciência não é imparcial] permitam elaborar um mapa tosco da 
totalidade procurada, que apesar da sua falta de precisão tal mapa ajudará a compreender o 
território em estudo (Richardson,1999:19). 
Resumo da lição 
Os conceitos operacionais e/ou estruturantes deste módulo, tratados nesta aula inaugural, são 
cinco, designadamente: Epistemologia, conhecimento, verdade, lógica e pesquisa. O primeiro 
 
2 O conhecimento científico é objectivo porque descreve a realidade independentemente dos caprichos do 
pesquisador [?]; é racional porque se vale da razão e não de sensações ou impressões, para chegar a seus 
resultados; é sistemático porque se preocupa em construir sistemas de ideias organizadas racionalmente e em 
incluir os acontecimentos parciais em totalidades cada vez mais amplas; é geral porque seu interesse se dirige à 
elaboração de leis ou normas gerais, que explicam todos os fenómenos de certo tipo; é verificável porque 
sempre possibilita demonstrar a veracidade das informações; é fiável porque , ao contrário de outros sistemas de 
conhecimento, reconhece sua própria capacidade de errar (Gil,1999:20). 
14 
 
discute a relação entre o sujeito e objecto do conhecimento e mobiliza o debate recorrente em 
ciências sociais, o da objectividade, comummente vista como a ambiciosa separação do 
pesquisador com seus valores; quanto ao conceito de conhecimento retenha-se que ele 
emerge da experiência e revela a abertura da consciência ao mundo à volta, já a verdade, 
sempre em renovação, revela a correspondência entre a inteligência e o ser das coisas, ela é 
racional (produto da mente); já a lógica é a ciência da palavra, um exercício fundamental na 
pesquisa ou busca metódica da verdade dos fenómenos e factos da natureza e da sociedade. 
As aparentes lacunas na cientificidade do campo das humanidades podem atrapalhar o 
estudioso menos experiente, mas as ciências sociais, como todas as ciências, seu 
desenvolvimento esbarra contra ilusões do senso comum. Porque as ciências sociais são 
recentes, a resistência das ilusões do senso comum mantém-se mais fortes. Por outro lado, o 
conhecimento é teleológico e inteligível, a verdade relativa, contingencial e dinâmica e, por 
fim, a pesquisa não é linear. 
Bibliografia da lição 
 DUVERGER, M. Sociologia política, Coimbra: Almedina, 1983 
 GIL, António Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social, 5ª Edição, São Paulo: 
ATLAS, 1999. 
 GOMES, Rodrigues Raul. Introdução ao pensamento histórico, Lisboa: Livros 
Horizonte, 1988. 
 GRESSLER, Lori Alice. Pesquisa educacional: Importância, modelos, validade, 
variáveis, hipóteses, amostragem e instrumentos, São Paulo: Layola, 1979. 
 LOPES, J. Marques, Curso de Filosofia, sl: Didáctica editora, 1970 
 RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa social: Métodos e técnicas, 3ª Edição, São 
Paulo: Atlas, 1999. 
 Verbo Enciclopédia Luso-brasileira de Cultura. 
2ª Lição: Conceitos operacionais da disciplina de Epistemologia de Ciências Sociais (Conclusão) 
Introdução à lição. 
Bem-vindo à 2ª lição, ela conclui o tema em apreço, visando habilitar-lhe a compreender a 
polissemia e o carácter transitório e dinâmico dos conceitos da ciência e da ciência social, 
mormente as características do método científico e as peculiaridades da pesquisa social. Os 
conceitos e actividades seleccionadas para esta aula, como na 1ª aula, constituem o 
fundamento para estudar o resto do módulo 
Ao terminar o estudo desta lição, o caro estudante deve ser capaz de: 
 Descrever conceitos operacionais de Método científico, Teoria, Sociologia e Ciências 
Sociais, 
15 
 
 Relacionar os conceitos operacionais indicados para esta lição. 
Tempo mínimo de estudo desta lição: 05 horas. 
CONTEÚDO DA LIÇÃO: Método científico, Teoria, Sociologia e Ciências Sociais. 
g) Método científico 
Caro estudante, repare que a ideia de método é antiga, na Grécia Arquimedes se preocupou 
com o método de cálculo de áreas planas e Aristóteles formulou o método dedutivo para 
inferir logicamente as características gerais de um fenómeno, mas foi Galileu (1564-1642) 
que deu os primeiros passos para o método científico moderno ao insistir na necessidade de 
elaborar hipóteses e submetê-las a provas experimentais. Contudo, o conceito de método 
como procedimento para chegar a um objectivo, começa a consolidar-se com o nascimento da 
ciência na Idade Moderna, no século XVII: Francis Bacon entrou na história como criador do 
método indutivo, que consiste em concluir o geral do particular, obtido através da 
experiência e observação. Para ele, o método científico é um conjunto de regras para observar 
fenómenos e inferir conclusões; por seu turno, René Descartes defendia a dedução, para ele 
qualquer conhecimento deve ser rigorosamente demostrado e inferido de um principio único 
e fidedigno [do pressuposto geral aos particularismos]. Para ele, toda a ciência deve ter o 
rigor matemático e o critério para que o conhecimento seja verdadeiro é a clareza e a 
evidência. 
Segundo Gressler (1979:16), enquanto a pesquisa tem por finalidade a solução de um 
problema, o método visa orientar a busca da solução do problema. Assim, o método científico 
pode ser definido como uma sucessão de passos pelos quais se descobrem as soluções dos 
problemas, como sejam: observações preliminares, problema, revisão bibliográfica,amostragem, instrumentos, colecta de dados, tabulação, análise e inferências. 
Retenha que, uma das condições fundamentais da ciência é a análise imparcial dos factos. A 
ênfase na exactidão e imparcialidade aumenta a validade dos conceitos e as virtudes do 
processo de investigação. Um cientista que apresenta factos procedentes de observações 
reaplicadas supera aqueles que não seguiram o mesmo rigor em suas pesquisas 
(Gressler,1979:15). 
Actividade 
1. Caro estudante mobilize todo o seu saber e experiência para definir a ciência histórica, 
considerando que os aspectos da vida humana que ele persegue são: a organização 
16 
 
para produzir, as actividades económicas e recursos tecnológicos e a partilha do 
resultado do trabalho. 
1.1.Escreva no seu bloco de notas a definição de História e, em seguida, identifique as 
operações de medição, contidas na sua definição, nomeadamente os instrumentos 
e as medições em causa. 
Se nas notas que fez a sua definição de História considera que é uma ciência social; estuda a 
evolução de alguns aspectos da vida dos agrupamentos humanos; através do tempo e lugar 
especificados, então está no caminho certo, mas se não conseguiu releia, faça notas e, por 
outro lado, busque na sua definição regras para a medição requerida na actividade e 
devidamente demostradas no texto da aula. 
h) Teoria 
Caro estudante repare que muita gente usa este termo: Na linguagem popular a teoria é 
identificada com a especulação, mas para a ciência é, segundo Braithwaite apud Gil 
(1999:36) o conjunto de hipóteses que formam um sistema dedutivo, ou seja, um sistema 
organizado de maneira que, considerando como premissas algumas hipóteses, destas 
decorram logicamente todas as outras. A importância das teorias na pesquisa social reside em 
permitir uma adequada definição de conceitos, estabelecimento de sistemas conceptuais, 
indicar lacunas no conhecimento, auxiliar na construção de hipóteses, explicar/generalizar e 
sintetizar os conhecimentos e sugerir a metodologia adequada para a investigação3. 
Por outro lado, filosoficamente, teoria expressa uma visão intuitiva ou intelectiva, alguns 
cientistas tomam teoria como sinónimo de hipótese, mas é distinta desta e de ciência como 
sistema total, porque no sentido científico a hipótese é uma fase anterior à teoria e é parte 
integrante da ciência teórica ou aplicada. Ora, o conceito teoria é relativo e paradoxal, porque 
sendo a filosofia uma metateoria em relação às teorias científicas, também inclui na sua 
constituição a teoria! Há, pois vários tipos de teorias que se distinguem pelas suas estruturas e 
pelos objectivos formais das ciências que vão constituir. A teoria opõe-se à praxis/acção da 
mesma forma que o conceito ao objecto real, mas são complementares: A teoria é uma visão 
abstracta das coisas, por oposição à prática. Mas, o conceito científico de teoria é mais 
profundo e problemático: 1º Natureza da teoria - Define-se genericamente como a 
explicação lógica ou abstracta de um problema ou conjunto de problemas de qualquer 
ciência. Sabe-se que o método científico começa pela observação e/ou experimentação, 
 
3 Quanto ao papel metodológico das teorias Karl Popper apud Gil (1999:36) as considera redes estendidas para 
capturar o que chamamos o mundo, para realizá-lo, explicá-lo e dominá-lo 
17 
 
hipótese e formulação da lei geral ou teoria. É pois uma hipótese já confirmada pela 
experiência e que faz parte integrante da ciência, mas há vários tipos de teorias e ciências. A 
teoria define-se rigorosamente pela estrutura das proposições e operadores que a constituem, 
sendo que em relação aos juízos (operadores lógicos) e suas preposições, as teorias podem ser 
analíticas ou sintéticas e em relação aos raciocínios (operadores lógicos) e suas preposições, 
podem ser dedutivas ou indutivas; 2º Valor das teorias – A teoria dedutiva é sempre 
verdadeira de certeza absoluta, portanto a indução, nem sempre é exacta, mas provável, mas 
na Matemática é sempre certa porque pelo princípio de recorrência são eliminadas as 
hipóteses de erro; 3º Limites das teorias – São definidos pelos parâmetros de cada ciência e 
pelo objecto formal ou ângulo de investigação. A teoria está para a ciência, como a parte para 
o todo. Há teorias perfeitas, saturadas, inacabadas (…) porque são possíveis séries 
translimites de teoremas e novas extensões. O limite de uma teoria dedutiva é função de 
potência de generalizações do grupo de axiomas, mas aparecem antinomias que são limites; o 
limite de uma teoria indutiva é função do princípio da verificação, se a lei geral enunciada 
engloba todos os fenómenos da experiência ou não. Segundo o Teorema de Gödel, o único 
limite absoluto da teoria é a metateoria. 
O ponto básico na construção de uma teoria é a agregação dos conhecimentos já existentes 
em uma determinada área, conhecimentos capazes de oferecer explanações lógicas das 
interacções entre os fenómenos, bem como de lançar bases para novas hipóteses. Para tanto, a 
teoria deve ser suficientemente bem estruturada, a fim de que as explanações oferecidas 
sejam compreensíveis. A adequação de uma teoria reflecte-se em sua capacidade de predizer 
novas situações, oferecendo assim caminho para o homem visualizar o futuro antes que o 
mesmo aconteça (Gressler,1979:15). 
i) Sociologia - 
É o estudo da vida social humana, grupos e sociedades. A Sua esfera, é muito abrangente 
indo desde a análise de encontros casuais entre indivíduos na rua, até processos sociais 
globais. Revela a necessidade de adoptar uma perspectiva mais abrangente do nosso modo de 
ser e das razões pelas quais agimos; ensina que o que se pode considerar natural, inevitável, 
bom e verdadeiro, pode não ser, e que o que se toma como dano na nossa vida é fortemente 
influenciado por forças históricas e sociais e permite compreender as maneiras ao mesmo 
tempo subtis, complexas e profundas, pelas quais as nossas vidas individuais reflectem os 
contextos da nossa experiência social. 
18 
 
j) Ciências sociais 
Foi demonstrado que a ciência tem como propósito oferecer uma explanação objectiva, 
factual e útil do universo, uma explanação verificável dos fenómenos naturais e sociais, 
diferente da abordagem artística e religiosa. 
As ciências sociais e do comportamento, em particular, analisam as interacções entre os 
grupos humanos e elas são produtos recentes do esforço humano em ampliar seu raio de 
compressão a respeito de si mesmo enquanto objecto de análise. Assim, não se pode 
pretender uma definição de ciência que tenha aceitação universal e perene, as definições são 
mutáveis no espaço e no tempo (Gressler,1979:14). 
Resumo da lição 
Os conceitos operacionais e/ou estruturantes deste módulo, tratados nesta aula, encerrando a 
ideia da aula anterior são quatro, designadamente: método científico, teoria, sociologia e 
ciência social. O primeiro integra o conjunto de regras para observar fenómenos e tirar 
conclusões, onde o ideal básico é que qualquer conhecimento deve ser rigorosamente 
demonstrado; quanto ao conceito de teoria entenda-se como o conjunto de hipóteses de um 
sistema dedutivo que permite a definição adequada de conceitos e indica as lacunas do 
conhecimento nesse sistema, já a sociologia é a abordagem quantitativa pioneira do facto 
social e o termo genérico de ciências sociais integra as ciências do espírito humano. Estas 
duas lições inaugurais revelam que a ciência não é a única forma de produção do 
conhecimento mas, através da aplicação do método científico, a mais credível e tem as teorias 
como esforço de sistematização e universalização que, não obstante ser problemática nas 
ciências sociais, foi o ponto de partida com a sociologia ou física social, que permite 
abordagem quantitativa na pesquisa social. 
Bibliografia da lição 
 GIL, António Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social, 5ª Edição, SãoPaulo: 
ATLAS, 1999. 
 GRESSLER, Lori Alice. Pesquisa educacional: Importância, modelos, validade, 
variáveis, hipóteses, amostragem e instrumentos, São Paulo: Layola, 1979. 
 Verbo Enciclopédia Luso-brasileira de Cultura. 
Questões de auto-avaliação 
Agora pretendemos encerrar o tema sobre os conceitos operacionais e não teríamos melhor 
forma de fazê-lo se não verificarmos o que se conseguiu reter e que podemos aplicar em 
situações da realidade social. Então, veja se sabe: 
19 
 
I. Defina Epistemologia de Ciências Sociais? 
Se a sua definição não integra os elementos definidores considerados nos dois primeiros 
parágrafos da 1ª lição e a respectiva actividade na página 7, está no caminho certo. Caso 
contrário releia os textos indicados e conceba uma definição mais integradora. 
II. Qual a relação entre os ideais de verdade científica e democratização do 
saber? 
Se nas notas que fez identificou elementos justificadores de verdade cientifica e de 
democratização do saber, então está no caminho certo, mas se não conseguiu releia, faça 
notas e, depois descubra as ligações entre os dois conceitos. 
III. Relacione os conceitos de conhecimento e de verdade, como operacionais da 
Epistemologia de Ciências Sociais. 
Se nas notas que fez no seu bloco constam os aspectos apresentados no quadro, então está no 
caminho certo, mas se não conseguiu volte a ler e fazer notas, assim chegará ao resultado 
esperado 
CONHECIMENTO: A consciência abre-se ao mundo circundante, 
tornando-o intencionalmente presente em si 
VERDADE: Relação entre o pensamento e o ser das coisas, este é 
inteligível: 
 
 Fenómeno consciente, ter consciência de 
algo - o Homem sabe que sabe (unidade 
indissolúvel entre conhecimento e 
consciência), 
 Capacidade de representar o mundo 
circundante e reagir nele, 
 Fusão em que sujeito e objecto conservam a 
sua autonomia (sujeito torna-se o Outro sem 
absorver o objecto, respeita a sua 
individualidade). 
 
 Há verdade na inteligência ou no 
entendimento, 
 Quando há correspondência ou adequação 
entre a inteligência e o ser; quando o que a 
inteligência diz que é ou não é, se verifica na 
realidade: a verdade é lógica, porque ela está 
na mente, no logos (razão). 
 
IV. Explique em que medida o conhecimento histórico é objectivo, racional, 
sistemático, geral, verificável e fiável. 
Se nas notas que fez identifica elementos explicativos do carácter objectivo, racional, 
sistemático, geral, verificável e fiável do conhecimento científico, então está no caminho 
certo, mas se não conseguiu releia, tome notas e, por outro lado, os aplica ao caso particular 
do conhecimento histórico. 
3ª Lição: Classificação geral das ciências e lugar das Ciências Sociais. 
Introdução à lição. 
Bem-vindo à 3ª lição, ela tem como suporte os conceitos das duas lições anteriores e o seu 
objectivo é compreender o lugar das Ciências Sociais nas formas de conhecimento e, 
20 
 
particularmente, no conhecimento científico. Estude os apontamentos e realize zelosamente 
as actividades com vista uma realização eficaz dos objectivos desta lição. 
Ao terminar o estudo desta lição, o caro estudante deve ser capaz de: 
 Caracterizar as várias formas de conhecimento, 
 Classificar o campo do conhecimento científico. 
Tempo mínimo de estudo desta lição: 03 horas. 
CONTEÚDO DA LIÇÃO: Principais formas de conhecimento e classificação do 
conhecimento científico 
a) Formas de conhecimento e Ciências Sociais 
Ao longo da sua existência, o Homem vem desenvolvendo sistemas mais ou menos 
elaborados que lhe permitem conhecer a natureza das coisas e o comportamento das pessoas. 
Pela observação ele adquire grande quantidade de conhecimentos, valendo-se dos sentidos 
recebe e interpreta as informações do mundo exterior: 
 Olha para o céu e vê formarem-se nuvens cinzentas, percebe que vai chover e procura 
abrigo – conhecimento empírico, baseado na observação casual. 
 Ao nascer, depara-se com um conjunto de crenças acerca de Deus, da vida além da 
morte, seus deveres para com Deus e o próximo. Ora, para muitos, as crenças 
religiosas são fontes privilegiadas de conhecimento acima de qualquer outra fonte – 
conhecimento religioso, baseado no dogma e na fé. 
 Os romances, poemas e a arte no geral proporcionam informações sobre o mundo, os 
sentimentos e motivações das pessoas – conhecimento artístico, baseado na ficção e 
representação. 
 Pais e professores descrevem o mundo para as crianças, enquanto governantes, líderes 
partidários, escritores e jornalistas definem normas e procedimentos que consideram 
adequados e, à medida que segmentos da população lhes dão crédito, esses 
conhecimentos são tidos como verdadeiros – conhecimento autoritário, baseado na 
autoridade. 
 Os filósofos proporcionam elementos para compreender o mundo [causas últimas das 
coisas] – conhecimento filosófico, em procedimentos racional-especulativos. 
 Conhecimento científico, baseado no método científico. Surge porque as anteriores 
formas de conhecimentos não satisfazem aos espíritos mais críticos, para os quais a 
observação casual conduz a equívocos porque o homem é mau observador dos 
fenómenos mais simples; as religiões por serem variadas oferecem informações 
21 
 
contraditórias; a poesia e o romance são subjectivos; o argumento da autoridade deixa 
transparecer a sua fragilidade de querer manter o poder e os filósofos habitualmente 
avançam para explicações metafísicas e absolutistas, que não possibilitam a 
verificação (Gil,1999:20). 
Como pode ver, a ciência, um dos mais importantes componentes intelectuais do mundo 
contemporâneo, é uma forma de conhecimento, mas nem todo o conhecimento é ciência. 
Embora a discussão em torno da definição de ciência esteja longe do consenso, é possível 
descriminar o conhecimento científico de outras formas de conhecimento (veja nota 2). 
Contudo, há situações em que, no domínio das ciências humanas, não é possível determinar 
com clareza se determinado conhecimento pertence à ciência ou à filosofia. Ora, este debate 
está reflectido nas designações e arranjo institucional da nossa faculdade, que já se designou 
Faculdade de Ciências Sociais, à luz dos autores que incluem a filosofia nas ciências sociais e 
agora Faculdade de Ciências Sociais e Filosóficas, aparentemente à luz dos que entendem 
filosofia fora das ciências sociais. 
Actividade 
1. O conhecimento no geral e o científico, em particular, não visa outra coisa se não a 
melhoria das condições de vida, por isso as verdades são relativas, com idiossincrasias 
variadas. 
1.1.Descreva no seu bloco de notas como o tema vida é analisado diferentemente por 
filósofos, cientistas, poetas, sacerdotes e pessoas comuns. 
Se nas suas notas identifica as diferentes acepções de vida, está na linha certa, caso contrário 
releia o texto e pode aprofundar as várias acepções do conceito de vida lendo a Verbo 
enciclopédia. 
1.2.Identifique algumas verdades amplamente reconhecidas que se justificam apenas 
pelo argumento da autoridade. 
Se nas suas notas conseguiu identificar as verdades de cada argumento (ciência, religião, 
autoridade…) está no caminho certo, mas se não conseguiu volte a ler e faça anotações.. 
b) Classificação geral das ciências e o lugar das ciências sociais. 
Segundo Gil (1999:21), ao longo do desenvolvimento da ciência surgiram várias propostas de 
sistemas de classificação das inúmeras ciências e nenhum deles se mostra absolutamente 
satisfatório, mas podem-se classificar as ciências, num primeiro momento em duas 
categorias: 
22 
 
 Formais, são as que tratam de entidades ideais e de suas relações, sendo a matemática 
e a lógica formal as mais importantes [exemplo a designação Faculdade de Ciências 
Naturais e Matemática, revela a necessária separação da Matemática das Ciências 
Naturais]. 
 Empíricas, são as tratam de factos e processos e subdividem-se em: 
 Ciências Naturais (Física, Química, Astronomia,Biologia…) 
 Ciências Sociais (Sociologia, Antropologia, História, Ciência Política, 
Economia, Psicologia). 
A Geografia uma ciência técnica de acessória à governação (gestão territorial e geoestratégia) 
se separou da Faculdade de Ciências Sociais e criou-se a Faculdade das Ciências da Terra 
[qual a ciência que não é da Terra?], não obstante os especialistas da geografia humana 
argumentarem que a Geografia Física é acessória à humana, fim último da pesquisa. A 
Psicologia, com algumas características que a aproximam das Ciências Naturais, constitui 
uma Ciência Social porque, ao tratar do estudo do comportamento humano, trata-o a partir da 
interacção entre individuais. 
Actividade 
1. Considere a sua anterior definição de história e a taxonomia das ciências descrita no 
texto anterior como uma síntese de uma longa evolução do esforço de classificação. 
1.1.Nomeie oito diferentes tipos de ciências e, a seguir, identifique seus objectos. 
Se nas suas notas conseguiu identificar os objectos de alguns tipos de ciências, então está no 
caminho certo, mas se não conseguiu volte a ler, anotações e alargue esse leque para oito. 
1.2.Sugira uma classificação das ciências, alternativa à considerada neste módulo. 
Certamente que compreendeu a classificação das ciências sugerida no texto e seu carácter não 
absoluto, mas se não compreendeu releia e faça notas. Por outro lado, apoie-se no texto de 
Lopes (1970:83/138) que lhe oferece um leque alargado de taxonomias das ciências. 
Como pode verificar, qualquer taxonomia tem uma perspectiva metodológica e 
argumentativa. Na proposta apresentada não constam as ciências técnicas que são muitas 
vezes transversais como Geografia, a Medicina, a Filosofia [cuja cientificidade foi posta em 
causa], a arquitectura e outras. 
Retornando ao nosso foco, as Ciências Sociais, sabe que elas não gozam do mesmo prestígio 
das Ciências Naturais, havendo autores que defendem a sua não inclusão nas verdadeiras 
23 
 
ciências e apresentam uma série de objecções que induzem ao atendimento das peculiaridades 
das Ciências Sociais: 
 Os fenómenos humanos não obedecem uma ordem semelhante à do universo físico, o 
que torna impossível sua previsibilidade; 
 As Ciências Humanas lidam com entidades não quantificáveis, oque dificulta a 
comunicação dos resultados das investigações; 
 O método experimental, fundamento da ciência, exige o controlo de variáveis que 
podem interferir no fenómeno estudado, ao passo que as Ciências Sociais envolvem 
uma grande variedade de factores que inviabilizam uma pesquisa rigidamente 
experimental [veja fontes comuns de erros]. 
Gil (1999:22) entende que são objecções sérias e não emocionais, daí que a melhor defesa das 
ciências sociais não está em demostrar a falácia destas argumentações, mas antes em 
demonstrar que mesmo nas Ciências Naturais, não se observa a rigorosa observância dos 
itens considerados, tal como ilustra Duverger (1983:13), para quem as Ciências Sociais: 
(…) Como todas as ciências, seu desenvolvimento esbarra contra ilusões do senso comum. 
Mas, nas ciências da natureza, que são mais antigas, muitas dessas ilusões foram desde há 
muito denunciadas e os factos científicos entraram no senso comum: assim, toda a gente 
admite hoje que a Terra é uma esfera, embora pareça plana, e que gira em volta do sol, 
embora tenhamos a impressão do contrário. Porque as ciências sociais são recentes, a 
resistência das ilusões do senso comum mantém-se mais forte. 
Em seguida evidenciar que as Ciências Sociais podem fornecer explicações segundo padrões 
não muito distantes das Ciências Naturais. Com subsídios da Filosofia da Ciência4 a resposta 
a aquelas subjecções, em defesa do carácter científico das Ciências Sociais, podem ser: 
 A diferença entre as Ciências Naturais e Sociais, no tocante às explicações, está 
somente em que as sociais são mais probabilísticas que as naturais. Actualmente, 
esta derruba o determinismo absoluto das ciências naturais: A genética não deixa de 
ser científica por suas explicações serem de natureza probabilística; 
 Uma análise profunda do problema da quantificação em Ciências Sociais, revelo-o 
menos crítico do que aparenta: 1º Reconheça-se que o objecto de estudo das Ciências 
Sociais é visto de um modo que dificulta seu tratamento quantitativo (o homem não 
pode ser reduzido a um número; não se pode tratar o homem como um conjunto de 
traços quantitativos …), são afirmações emocionais que não devem ser atendidas 
 
4 A obra de Lopes (1970) depois de apresentar a classificações das ciências em Aristóteles, Bacon, Ampere, 
Comte e reconhecer divisão das ciências em Matemáticas, físicas, biológicas e humanas, aborda a filosofia 
incluindo o que chama ciências de espírito (sociais ou humanas), incluindo a História entre as pp.124-153. 
24 
 
pelos pesquisadores; 2º reconhecer que a mensuração de fenómenos intangíveis ou o 
comportamento humano (inteligência, emoções, atitudes, nível de aculturação, 
mobilidade social…) é complexo porque muito mais mutável que o comportamento 
de rochas, metais ou gases, oque não significa que seja impossível o tratamento 
científico dos fenómenos sociais, oque acontece é que os fenómenos humanos não 
podem ser quantificados com o mesmo grau de precisão das Ciências Naturais5. 
 Considera-se um obstáculo o facto de o pesquisador estar envolvido com o fenómeno 
que investiga, de facto os valores permeiam as pesquisas sociais. Hegenberg apud Gil 
(1999:23) esclarece esta questão classificando os problemas científicos em teóricos6 
(tratados mediante hipóteses e observações), técnicos (conduzem à verificação do que 
é e não do que deve ser, não envolvendo juízos de valor) e de acção (envolvendo 
considerações valorativas). Gil (1999:25) reitera que as ciências sociais não devem 
relegar todas as questões de valor, mas antes considerá-lo para que cumpram um de 
seus mais importantes papéis – auxiliar a promoção do ser humano. 
 Reconheça-se que nos experimentos em Ciências Sociais o pesquisador não tem o 
poder de introduzir modificações nos fenómenos que estuda, devendo decidir se 
experimento controlado é indispensável para a obtenção de resultados cientificamente 
aceitáveis. Lembre-se que disciplinas das Ciências Naturais como Astronomia, 
Embriologia, Física Relativista e Geologia não são respeitadas pelo uso de 
experimentos, para além de que a Psicologia Social e a Sociologia revelam sucesso de 
experimentos no campo social, por exemplo em pesquisas de Sociologia Industrial 
aplicam-se situações laboratoriais parecidas com as das naturais, implantando-se 
sistemas democráticos e ditatoriais entre grupos de operários, sem incluir exemplos 
mais amplos em pesquisas sobre migrações, comportamento político e variações de 
índices de natalidade que, embora não rigidamente experimentais, possibilitam 
razoável grau de controlo das variáveis envolvidas. 
 
 
5 Os fenómenos sociais são mensurados mediante escalas menos sofisticadas - nominais e ordinais: nas escalas 
nominais são atribuídos números a categorias que se distinguem apenas por serem mutuamente exclusivas, por 
exemplo a classificação de populações segundo traços como sexo, cor da pele e nacionalidade, enquanto as 
escalas ordinais deixam implícito algum tipo de ordenação, por exemplo, a ordenação da população segundo 
ela seja, mais ou menos agressiva, ou apresentem diferentes níveis socioeconómicos. 
6 Ora um mesmo assunto pode ser enfocado sob o ponto de vista teórico e do ponto de vista de acção. Por 
exemplo numa pesquisa sobre a privatização da terra, no que respeita à sua conveniência alguns estarão a favor 
e outros contra (problema acção, envolve oque deve ser), mas no que respeita a suas consequências estarão de 
acordo que aumentariam o poder do estado (problema teórico). 
25 
 
Resumo da lição 
Esta liçãoofereceu-lhe mais elementos que mostram que a ciência não é a única forma de 
conhecer o mundo natural e social (empírico, religioso, artístico, autoritário e científico) e as 
ciências podem ser classificadas com base em várias taxonomias, sendo a mais conhecida a 
que divide as ciências em empíricas e formais. Contudo, o exercício apresentado permite-lhe 
visitar outras taxonomias e tomar uma posição crítica sobre elas. Por outro lado, os exemplos 
das designações das faculdades da UP, considerados ao longo do texto, revelam seu carácter 
teleológico e, por isso, contingencial. 
Bibliografia da lição 
 DUVERGER, M. Sociologia política, Coimbra: Almedina, 1983 
 GIL, António Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social, 5ª Edição, São Paulo: 
ATLAS, 1999. 
 LOPES, J. Marques, Curso de Filosofia, sl: Didáctica editora, 1970. 
Questões de auto-avaliação 
Agora pretendemos encerrar esta 3ª lição e não teríamos melhor forma de fazê-lo se não 
verificarmos o que se conseguiu reter e que podemos aplicar em situações da realidade social. 
Então, veja se sabe: 
I. Analise a expressão: A ciência, ao contrário de outros sistemas elaborados 
pelo homem, reconhece sua capacidade de errar. 
Se nas suas notas conseguiu identificar elementos que revelam que a ciência não produz 
conhecimento infalível, então está no caminho certo, mas se não volte a ler e faça anotações. 
II. O que justifica a cientificidade das Ciências Sociais perante a acusação de sua 
a-cientificidade? 
Se nas suas notas conseguiu identificar aspectos que sustentem que as ciências sociais são um 
campo científico mas deferente das naturais, então está no caminho certo, mas se não volte a 
ler e tome notas das críticas que acusam os estudos sociais de estarem longe de ser 
científicos, bem como os argumentos a favor de sua cientificidade. 
4ª Lição: Evolução histórica das Ciências Naturais às Sociais 
Introdução à lição. 
Bem vindo à 4ª lição, ela aprofunda a aula anterior ao recuperar o momento histórico em que 
surge o conhecimento científico e a evolução das Ciências Sociais, a partir das Ciências 
Naturais. Estude os apontamentos e realize zelosamente as actividades com vista o alcance 
eficaz dos objectivos da lição: 
26 
 
Ao terminar o estudo desta lição, o caro estudante deve ser capaz de: 
 Caracterizar a emergência do método científico; 
 Explicar a transição da filosofia à sociologia e desta à fenomenologia e 
existencialismo; 
 Explicar o impacto do método científico sobre a doutrina e instituição religiosa. 
Tempo mínimo de estudo desta lição: 03 horas. 
CONTEÚDO DA LIÇÃO: Das Ciências Naturais às Ciências Sociais 
a) Contexto da transição à modernidade em que emerge o método científico 
 O absolutismo (s. XV/XVI) como transição política, no contexto da luta da 
burguesia emergente contra o feudalismo; 
 Reforma protestante (s. XVI), como transição religiosa ao liberalismo; 
 Evolução do Jusnaturalismo7 ao renascimento humanista, daqui ao iluminismo 
e revoluções (científica e técnica/I e IIRI e burguesa/política e o comunismo), 
germes e desenvolvimento europeu; 
 Enquanto a revolução francesa (1789) foi o triunfo das ideias e valores como 
liberdade e igualdade, sobre a ordem social tradicional, o comunismo marxista 
foi o triunfo de ideias de solidariedade e justiça distributiva; 
 A exaltação das nacionalidades europeias e o chauvinismo justificam o 
imperialismo, que provoca o colonialismo, neste período de transformações ou 
evolução das instituições políticas das monarquias ao liberalismo e repúblicas; 
 Transformações nas ciências (Revolução Científica): 
 Naturais e tecnologia, onde a experimentação culmina com o 
Darwinismo, alargado à interpretação da sociedade e da relação entre 
Estados (Darwinismo político e social); 
 As humanas, conferem uma visão rica do Homem, com três grandes 
conquistas: Psicologia, Sociologia e Antropologia, fruto das 
preocupações da economia que inquere as instituições políticas. Ora, o 
 
7 O direito natural moderno liberalizou-se com Grotius, substituindo a acção e a vontade pessoal e transcendente 
de Deus pela ordem imanente à natureza humana, portanto a razão vê-se confrontada consigo própria, abstraindo 
de Deus e da revelação e com Cromwell difundiu-se pela Inglaterra. Por seu turno, John Locke (Pai do 
liberalismo) tentou associar o direito natural à liberdade individual, para ele, o estado de natureza, visto como 
estado de guerra, e o consenso social, visto como uma espécie de capitulação incondicional, conduziram ao 
absolutismo; mas o estado de natureza, considerado como estado de paz, e o consenso social, considerado 
uma convenção limitada, condicional e revogável, podem levar à liberdade: A lei da natureza é de 
obrigação porque é de liberdade (Raymond Polin apud Prelot II, 2001:37). 
27 
 
desenvolvimento industrial provocou a sociologia, nascida do 
empirismo para vender produtos ou seja ciência das teorias de 
produção e comercialização baseada no método quantitativo (soma os 
factos, analisa-os e infere o caminho da sociedade). 
b) Transição da filosofia à sociologia 
O termo sociologia é da autoria de August Comte, considerado pai da nova ciência ao 
defender a possibilidade de utilização do método de análise das ciências naturais (exactas?) 
pelas ciências sociais atribuindo-as o mesmo estatuto, daí ter chamado inicialmente a nova 
disciplina de Física Social. Para ele esta seria uma ciência globalizante de todos os domínios 
sociais (histórico, económico, político, etc.), entendendo que só da complementaridade e 
interdependência das várias facetas do social, se poderia ter uma visão perfeita [?] dos 
fenómenos sociais, usando o método positivo (observação seguida de experimentação), 
fundamentada pela sua famosa lei dos três estágios do desenvolvimento da inteligência 
humana desde os primórdios até aos nossos dias (OLIVEIRA,1989): 
 O estado teológico ou fictício em que o espírito humano dirige as investigações para 
a natureza íntima dos seres, as causas primeiras e finais, isto é, para conhecimentos 
absolutos, onde os fenómenos são produzidos pela acção directa e contínua de 
agentes sobrenaturais; 
 O estado metafísico é uma modificação geral do primeiro, onde os agentes 
sobrenaturais são substituídos por forças abstractas como entidades inerentes aos 
diversos seres do mundo e concebidas como capazes de engendrar por si próprias 
todos os fenómenos observados; 
 O estado positivo, onde o espírito humano reconhece a impossibilidade de obter 
noções absolutas, deixa de procurar a origem e o destino do universo e de reconhecer 
causas íntimas dos fenómenos, para se ocupar apenas em descobrir, pela utilização 
bem combinada do raciocínio e da observação, explicando os factos pelos seus 
elementos reais. 
Portanto, neste período o conhecimento deixa-se de partir de grandes afirmações ético-
valorativas e metafísicas, entende-se que a formação das instituições parte do comportamento 
social das pessoas. Ora, enquanto a Filosofia estuda todos os fenómenos, humanos, naturais e 
divinos para encontrar e explicar suas causas últimas ou profundas, a Sociologia estuda e 
aprofunda o comportamento do homem no seu contexto político, económico e cultural, 
usando o método quantitativo, fruto da experiência da Escola de Chicago preocupada no 
28 
 
marketing de electrodomésticos, em que era importante saber quem poderia os comprar, pois 
se não interessassem os potenciais destinatários não valeriam a pena, contudo, não se deve 
confundir sociologia com materialismo, ela parte do Homem e não de matéria. Portanto, a 
Sociologia surge da necessidade de compreender e de actuar sobre a sociedade industrial. 
São contribuições que caracterizam esta transição, as seguintes: 
 A crítica da Economia Política revelou que não se pode governar sem saber 
como funciona a economia (Max Weber -1864/1920, em Economiae 
Sociedade e Karl Marx -1818/1883, em O Capital - a economia política 
alemã). Portanto, a política brota da aplicação de grandes princípios 
(Aristóteles...) e entra nos fluxos sociais, pondo em sua frente a condição 
humana, contra o Estado acima do indivíduo defendido por Hegel, cuja 
filosofia foi muito criticada por Marx. Nesta senda, Auguste Comte (1798-
1857) defendeu a análise não dos princípios da gestão pública, mas seus 
aspectos reais, portanto as necessidades dos cidadãos e no seu catequicismo 
positivista defendeu que gerir é contabilizar o que serve, para quem? Governar 
é conhecer a sociedade e não unicamente as leis; 
 O desenvolvimento da Psicologia, foi uma grande conquista ao discutir o 
comportamento humano para apoiar as acções ao serviço das suas 
necessidades (Porque o homem age assim? Que factores o explicam?). O 
médico neurologista austríaco, Sigmund Freud (1856-1939) desenvolveu a 
psicologia da forma (Gestalt Theorie), segundo qual a percepção é 
influenciada pelo contexto e pela configuração do elemento percebido, ié, é o 
contexto em que o homem vive que influi sobre ele. Nietzsche, por seu turno, 
mostra que o homem é eixo da teologia e da política; 
 A Epistemologia ao questionar as leis científicas, sua validade e 
aplicabilidade suscita o problema de relevância da ciência, como conjunto de 
leis que o homem cria para qualificar objectos exteriores a ele. Como domínio 
do saber ela começou pela validação das ciências naturais, desemboca na 
teoria da relatividade do físico judeu Albert Einstein, para quem as teorias 
não são definitivas, mas aquilo que a mente alcança. A nível individual 
provoca o problema da participação, pois a ciência vale quando a vivo. Esta 
validade individual, suscita o problema de me relacionar com o aprendido e o 
deficit epistemológico. 
29 
 
Actividade 
1. Ao momento em que emergiu o conhecimento científico, Hobsbawn dedicou uma 
obra intitulada A época das Revoluções, nesta era a lei natural é aplicada na 
interpretação da sociedade e justificar o contratualismo e humanização do 
conhecimento. 
1.1.Registe no seu bloco de notas duas características das Revolução Industrial; da 
Revolução Burguesa e da Revolução Científica. Depois, explique as sinergias ou 
retroalimentação entre elas. 
Se nas suas notas conseguiu identificar as características das três revoluções da era moderna, 
então está no caminho certo, mas se não volte a ler e faça notas, para depois descobrir as 
influências entre elas. Por outro lado, apoie-se nas obras de Hobsbawn (A Era do capital e A 
Época das Revoluções que lhe permitirão chegar facilmente ao resultado esperado. 
1.2.Descreva um aspecto que elucide o contributo do jus-naturalismo, o renascimento, 
o positivismo, humanismo e iluminismo no desenvolvimento das Ciências Sociais. 
Se nas suas notas conseguiu identificar elementos que revelam que a ciência não produz 
conhecimento infalível, então está no caminho certo, mas se não volte a ler e faça notas. Por 
outro lado, apoie-se na obra O Espírito das leis de Charles de Secondat, o barão de 
Montesquieu (2005:19-29), para compreender o contributo do Jus-naturalismo no 
desenvolvimento das ciências sociais e consulte os conceitos de renascimento, positivismo, 
humanismo e iluminismo na Enciclopédia Verbo, para descobrir sua implicação com o 
desenvolvimento das Ciências Sociais. 
c) Filosofia fenomenológica e existencialista 
Partamos da compreensão de que a sociologia8 é uma ciência empírica que parte da colecta 
dos dados, seguida pela sua análise, desabrocha favorecida pelas transformações na filosofia, 
principalmente temáticas como a dialéctica entre corpo e espírito e o problema gnosiológico. 
Ora, deixou de ser o corpo separado do espírito ou o intelecto separado do corpo, é o tempo 
da valorização do entendimento do objecto exterior como base do conhecimento científico, 
portanto o fenómeno e não o intelecto. Sobressai a experiência da relação consigo mesmo e 
com o mundo exterior, esta é a Fenomenologia, que começa na Alemanha (unificada em 
 
8 Max Weber e Émile Durkheim são os clássicos europeus e William James e, seu aluno, John Dewey são os 
expoentes na América. 
30 
 
1882, e já sem entraves para se desenvolver e formar uma sociedade burguesa consumista), 
com adeptos como Ratzell, Max Weber e Émile Durkheim, na França. 
A filosofia alemã, era o eixo das humanidades, partindo da abstracção ao conhecimento 
empírico9, isto é, dos grandes princípios à vida humana ou da metafísica à Antropologia. A 
fenomenologia é o método que valoriza o objecto - a percepção10 e revela que o objecto à 
minha frente, não o posso esgotar. 
Combinando as linhas favoráveis da sociologia e da fenomenologia emerge na década de 
1920 a Escola de Frankfurt que investigou como os políticos lidam com a pobreza no seu 
discurso, identificando-se com a crítica à modernidade na sua sociologia do comportamento 
humano (Theodor Adorno, Max Horkheimer, Walter Benjamin, Herbert Marcuse, Leo 
Löwenthal, Franz Neumann, Friedrich Pollock, Erich Fromm, Jürgen Habermas, Oskar Negt 
e Axel Honneth). 
Nos séculos XIX e XX, surgiu o existencialismo11 como movimento filosófico e literário 
distinto, mas os seus primeiros elementos encontram-se no pensamento e vida de Sócrates, na 
Bíblia, Aurélio Agostinho e no trabalho de muitos filósofos e escritores pré-modernos. A 
existência se colocou acima da metafísica, portanto o discurso metafísico ficou na defensiva e 
a fenomenologia o auge, Bobbio chama de era nobre. 
Culturalmente, pode-se identificar duas linhas de pensamento existencialista: Alemã-
Dinamarquesa e Anglo-Francesa. A cultura judaica e russa também contribuíram para esta 
filosofia. O movimento filosófico agora conhecido como existencialismo francês pode ser 
traçado de 1879 até 1986. 
 
 
9 Hegel tinha escrito no passado a Fenomenologia do espírito agora parte-se sim do Homem concreto, não das 
ideias gerais ou espírito das coisas que se entendia estarem antes das coisas. 
10 David Hume, publicou “A percepção é o início do ser”, pondo em causa a filosofia escolástica, foi perseguido 
pala inquisição e morreu de ataque cardíaco quando tentava fugir para a América. 
11 Existencialismo é uma corrente filosófica e literária que destaca a liberdade individual, a responsabilidade e a 
subjectividade. O existencialismo considera cada homem com um ser único que é mestre dos seus actos e do seu 
destino, afirmando o primado da existência sobre a essência, segundo Sartre: A existência precede a essência. 
Definição que funda a liberdade e a responsabilidade do homem, visto que esse existe sem que seu ser seja 
definido. A palavra "existencialismo" vem de "existência". Sartre, após ter feito estudos sobre fenomenologia na 
Alemanha, cria o termo utilizando a palavra francesa "existence" como tradução da palavra alemã "Dasein", 
termo empregado por Heidegger em Ser e tempo. Após a Segunda Guerra Mundial, a corrente literária 
existencialista contou com Albert Camus e Boris Vian, além de Sartre. É de se notar que, do ponto de vista 
filosófico, Albert Camus era contra o existencialismo, e Vian era um patafísico 
31 
 
Actividade 
1. A cientificidade da pesquisa social foi sustentada por correntes, na sua maioria 
muito críticas, centradas no valor do homem suas actividades e na consciência. 
1.1.Descreva a diferença entre fenomenologia e existencialismo, referindo-se à forma 
como catapultaram as Ciências Sociais? 
Se nas notas que fez conseguiu identificar elementos caracterizadores das duas correntes, 
então está no caminho certo, agora descubra de que modo estimularam a pesquisa social, mas 
se não conseguiu volte a ler e faça notas. Pode ainda consultar a enciclopédia Verbo ou outra 
disponível na tua região 
1.2.Compare a velha e nova Escola de Frankfurt, mencionando osprincipais 
integrantes de cada uma. 
Se nas notas que fez conseguiu identificar a teoria crítica como a referência desta escola que 
reelabora o marxismo e reconheces a velha geração antes do Nazismo e a segunda depois da 
II GM, então está no caminho certo, mas se não conseguiu volte a ler o texto, faça consultas 
na internet, até chegar ao resultado esperado. 
d) Reflexos sobre a igreja, agente cultural e político 
As correntes abordadas nas alíneas anteriores, provocaram mudanças na teologia bíblica com 
o protestantismo na vanguarda. Reagindo aos teóricos da linha de Lutero emergiu no 
catolicismo uma corrente conservadora de que fazem parte os jesuítas e o contemporâneo 
papa Bento XVI (Joseph Ratzinger), professor do Padre Filipe Couto na Universidade de 
Münster. São grandes mestres da teologia bíblica que buscam invalidar o protestantismo e 
valeram muito nos Concílios de Trento (13/12/1545 a 4/12/1563) Vaticano I (8/12/1869 a 
18/7/1870) e Vaticano II (11/10/1962-07/12/1965). 
Enquanto o catolicismo atacou as racionalidades liberal e comunista, na sua resistência e 
sucesso, as instituições protestantes nunca levantaram-se contra o comunismo, nele viam 
aspectos positivos, elas antecederam o catolicismo em África, em Moçambique a Igreja 
Presbiteriana chegou em 1875 no Khovo. O Papa Pio IX na Encíclica Quanta cura (1864) 
condena os erros do liberalismo filosófico, do racionalismo, do panteísmo, do naturalismo, do 
agnosticismo, do indiferentismo, o racismo, o socialismo marxista e o comunismo. 
 Em 1854 é proclamado o dogma da Imaculada Conceição da Bem-Aventurada 
Virgem Maria. 
32 
 
 Em 1869 o Papa Pio IX convoca o Concílio Vaticano I12, que reafirma o dogma da 
Infalibilidade Pontifícia que determinou a discriminação e mesmo a perseguição de 
católicos na Prússia, onde Bismarck havia lançado a sua kulturkampf. 
 O Concílio também adopta a Constituição Apostólica Dei Filius que consolida a 
doutrina da Igreja sobre as relações entre fé e razão. 
Inicia a era da Doutrina Social da Igreja Católica, com a publicação da Encíclica Rerum 
Novarum (1891) pelo Papa Leão XIII, na qual enfrenta os problemas da "questão social" 
emergidos do industrialismo e condena os excessos do liberal-capitalismo e a defesa da luta 
de classes, defende o salário justo e proclama a função social da propriedade e critica tanto 
Estado do laissez-faire como o dirigismo socialista. 
Actividade 
A doutrina social da Igreja Católica, não sufraga o capitalismo e ataca o comunismo: Baixe 
na internet a Encíclica Rerum Novarum, elabore um sinopse da crítica à racionalidade liberal 
e, por outro lado, à racionalidade comunista. 
Se nas notas que fez conseguiu identificar a critica positiva e negativa da encíclica ao 
capitalismo e ao comunismo, então está no caminho certo, agora preencha o quadro sinóptico, 
mas se não conseguiu volte a ler o texto que baixou e a lição e faça anotações. 
 Racionalidade liberal Racionalidade marxista 
Critica negativa 
Critica positiva 
 
Resumo da lição 
Esta lição ofereceu-lhe mais elementos para compreender a evolução histórica das Ciências 
Naturais às Ciências Sociais, onde o papel dos ideais renascentistas, iluministas, com 
correntes essência de abordagem é a dignidade da pessoa humana, de modo que não só 
catapultaram as Ciências Sociais, como impuseram a adequação da doutrina e instituições 
católicas. Este movimento caracterizou o triunfo da racionalidade burguesa que seria 
contraposta pela racionalidade marxista e a teoria crítica da escola de Frankfurt traria a mais 
elaborada versão da racionalidade, sem combater o marxismo. 
Bibliografia da lição. 
 Carta encíclica Rerum Novarum do Papa Leão XIII, sobre a condição dos operários 
(15 de Maio de 1891). 
 
12 Por seu turno, o Concílio Vaticano II foi convocado por João XXIII, em 25 de Dezembro de 1961. Os 
trabalhos foram abertos oficialmente em 11 de Outubro de 1962 e foi encerrado em 8 de Dezembro de 1965. 
33 
 
 HOBSBAWM, Eric. A época das revoluções, Lisboa: Presença, 1996. 
 HOBSBAWM, Eric. A era do capital, Lisboa: Presença, 1979. 
 MONTESQUIEU, Charles de Secondat, Baron de. O espírito das leis, 3ª edição. São 
Paulo: Martins Fontes, 2005. 
 OLIVEIRA, Maria da Luz; Pais, M.J. & Cabrito B.G. Sociologia, 4ª edição, Lisboa: 
Texto editores, 1989. 
 PRÉLOT, Marcel e Lescuyer, Georges (2000). História das ideias políticas, Vol. I 
(Mundo antigo ao absolutismo; Vol. II (Do liberalismo ao constitucionalismo 
democrático), Lisboa: Editorial Presença. 
Questões de auto-avaliação 
Agora pretendemos encerrar esta 4ª lição e não teríamos melhor forma de fazê-lo se não 
verificarmos o que se conseguiu reter e que podemos aplicar em situações da realidade social. 
Então, veja se sabe: 
I. As Ciências Sociais devem o seu método às Ciências Naturais, mas não são auxiliares 
destas. Fundamente. 
Se nas notas que fez conseguiu identificar elementos da fundamentação do enunciado, então 
está no caminho certo, mas se não conseguiu volte a ler e faça notas. 
II. Relacione o surto do protestantismo e a abordagem científica do mundo natural e 
social na modernidade? 
Se nas notas que fez conseguiu identificar elementos que ligam o protestantismo e a 
racionalidade moderna, então está no caminho certo, mas se não conseguiu volte a ler e faça 
anotações. 
III. Para Max Weber o protestantismo é o espírito do capitalismo, título de uma das suas 
célebres obras. Porquê? 
Se nas notas que fez conseguiu identificar elementos do protestantismo que sustentam o 
capitalismo, então está no caminho certo, mas se não conseguiu volte a ler e faça notas. 
 
5ª Lição: Características do método científico em ciências sociais 
Introdução à lição. 
Bem vindo à 5ª lição, ela aprofunda a caracterização do método científico, aliás o objectivo 
único desta lição consiste em resumir tais características que foram sendo trazidas desde a 1ª 
lição. Realize zelosamente a actividade de sistematização com vista uma aprendizagem eficaz 
deste objectivo da lição. 
Ao terminar o estudo desta lição, o caro estudante deve ser capaz de: 
34 
 
 Mencionar as principais características do método científico, 
 Explicar a aplicabilidade de cada característica do método científico na pesquisa 
social. 
Tempo mínimo de estudo desta lição: 05 horas. 
CONTEÚDO DA LIÇÃO: Principais características do método científico 
Numa perspectiva de democratização do saber, Richardson (1999:18/9), reconhece as 
seguintes características do método científico: 
 As regras do método científico são arbitrárias, existindo muitos pressupostos para 
trabalhar cientificamente, o mais importante é a indução como fonte de informação 
que permite o conhecimento de muitas coisas, observando apenas algumas, enquanto 
o método dedutivo enfatiza a lógica e o raciocínio matemático; 
 A ciência supõe que todos os fenómenos têm alguma causa, não existem fenómenos 
caprichosos, pressuposto que actualmente levanta grande discussão filosófica; 
 Confia na capacidade da observação dos cientistas, portanto na percepção do 
pesquisador, em sua sensibilidade e memória; 
 Supõe que para estudar um fenómeno cientificamente, este deve ser medido, isto é 
perceptível, sensível e classificável, ainda que o cientista social possa trabalhar com 
conceitos teoricamente abstractos como amor, aprendizagem, qualidade de vida (…), 
antes de estudá-los empiricamente deve procurar comportamentos, estímulos, 
características ou factos que representem tais conceitos abstractos. Deste modo, a 
definição de um conceito são as operações (instrumentos, medições ou códigos) 
realizadas para medir a presença ou ausência do fenómeno simbolizado por dito 
conceito. 
Gressler (1979:14), no mesmo diapasão, defende que o conhecimento científico deve ser do 
domínio público, através de uma comunicação eficiente entre cientistas-pesquisadores-grande 
público, pelas

Outros materiais