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filosofia geral da educacao

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Caderno de Estudos
FILOSOFIA GERAL E DA EDUCAÇÃO
Prof. Janes Fidélis Tomelin
Prof. Norberto Siegel
UNIASSELVI
2013
NEAD
Educação a Distância
GRUPO
Copyright  UNIASSELVI 2013
Elaboração:
Prof. Janes Fidélis Tomelin
Prof. Norberto Siegel
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
CENTRO UNIVERSITÁRIO
LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, nº 1.040, Bairro Benedito
89130-000 - INDAIAL/SC
www.uniasselvi.com.br
370.1
T656f Tomelin, Janes Fidélis
 Filosofia geral e da educação / Janes Fidélis Tomelin; Norberto 
Siegel. 2. Ed. Indaial : Uniasselvi, 2013.
 
 180 p. : il 
 
 
 ISBN 978-85-7830- 674-8
 1. Educação - Filosofia.
 I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
 
FILOSOFIA GERAL E DA EDUCAÇÃO
APRESENTAÇÃO
Prezado(a) acadêmico(a)!
O Caderno de Estudos de Filosofia Geral e da Educação é desenvolvido a partir de 
uma abordagem temático-filosófica, resultante da inter-relação do homem com a sociedade e 
com o mundo. Essa abordagem está distribuída nas três unidades de estudo deste caderno.
A primeira unidade é um convite ao pensar filosófico. São apresentados os pressupostos 
pedagógicos para o estudo da Filosofia, conceito e reflexão sobre o que é Filosofia, consciência 
humana e Filosofia, os grandes filósofos gregos e a educação e o pensador brasileiro Paulo 
Freire. São ideias que fundamentam a educação.
A segunda unidade apresenta as quatro grandes áreas de estudo da Filosofia, que são: 
a Teoria do Conhecimento, a Lógica, a Ética e a Estética. Em cada uma destas áreas de estudo 
são apresentados os principais conceitos e teorias relacionados ao conhecimento filosófico.
A terceira unidade é desenvolvida a partir de alguns temas que são pertinentes à nossa 
realidade social e educacional, tais como: a tecnologia e o ser humano, trabalho, política, os 
paradigmas da ciência e a educação para o pensar.
Preocupados em tornar a Filosofia Geral e da Educação uma disciplina que tenha 
sentido para a sua vida pessoal e profissional, cada um dos tópicos procura apresentar, de 
maneira clara e objetiva, as principais ideias que são pertinentes a cada um dos temas. Além 
disso, são apresentados textos para uma leitura complementar, sites de pesquisa e filmes 
relacionados a cada um dos assuntos abordados. 
Como professores-autores deste processo de Ensino de Filosofia, nossa tarefa é 
menos de transmitir conhecimentos e mais de orientá-los a como buscar aquilo que necessitam 
saber, para que seus conhecimentos sejam significativos. Como seres pensantes deste novo 
processo, estamos sempre dispostos a ajudá-los a construir a sua história de conhecimento. 
Inspirados nas palavras de Kant, de que “não se ensina filosofia, ensina-se a filosofar”, 
pensamos que cada um pode ser um filósofo e ver o mundo nas suas múltiplas significações. 
Seguindo as palavras de Eduardo Galeano, “somos o que fazemos, mas somos, principalmente, 
o que fazemos para mudar o que somos”. Por isso, é importante que cada um faça a sua 
história, pois o caminho não está feito, ele se faz no andar.
Prof. Janes Fidélis Tomelin
Prof. Norberto Siegel
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FILOSOFIA GERAL E DA EDUCAÇÃO iv
UNI
Oi!! Eu sou o UNI, você já me conhece das outras disciplinas. 
Estarei com você ao longo deste caderno. Acompanharei os seus 
estudos e, sempre que precisar, farei algumas observações. 
Desejo a você excelentes estudos! 
 UNI
FILOSOFIA GERAL E DA EDUCAÇÃO v
SUMÁRIO
UNIDADE 1: FILOSOFIA: UM CONVITE AO PENSAR ................................................... 1
TÓPICO 1: PRESSUPOSTOS PEDAGÓGICOS PARA O ESTUDO DA FILOSOFIA ... 3
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 3
2 VIRTUALIDADE ............................................................................................................. 3
3 HIPERTEXTUALIDADE ................................................................................................. 4
4 AUTO-ORGANIZAÇÃO . ................................................................................................ 4
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................... . 5
RESUMO DO TÓPICO 1 .................................................................................................... 7
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................. 8
TÓPICO 2: CONCEITO E REFLEXÃO SOBRE O QUE É A FILOSOFIA ........................ 9
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 9
2 SURGIMENTO E CARACTERÍSTICAS DA FILOSOFIA ............................................... 9
3 O PAPEL DA FILOSOFIA ............................................................................................. 10
4 O CONHECIMENTO FILOSÓFICO, RELIGIOSO E CIENTÍFICO ................................11
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................... 13
RESUMO DO TÓPICO 2 .................................................................................................. 16
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................ 17
TÓPICO 3: CONSCIÊNCIA HUMANA E FILOSOFIA ..................................................... 19
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 19
2 A CONSCIÊNCIA HUMANA ......................................................................................... 19
3 OS DIFERENTES TIPOS DE CONSCIÊNCIA .............................................................. 21
3.1 A CONSCIÊNCIA MÍTICA ........................................................................................... 22
3.2 A CONSCIÊNCIA RELIGIOSA .................................................................................... 22
3.3 A CONSCIÊNCIA RACIONAL .................................................................................... 23
4 A CONSCIÊNCIA CRÍTICA ........................................................................................... 24
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................... 26
RESUMO DO TÓPICO 3 .................................................................................................. 28
AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 29
TÓPICO 4: OS GRANDES FILÓSOFOS GREGOS E A EDUCAÇÃO ........................... 31
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 31
2 O MÉTODO SOCRÁTICO: A IRONIA E A MAIÊUTICA ............................................. 31
2.1 A IRONIA ..................................................................................................................... 32
2.2 A MAIÊUTICA .............................................................................................................. 33
3 PLATÃO E A EDUCAÇÃO ........................................................................................... 35
3.1 TEORIA DOS DOIS MUNDOS .................................................................................... 35
3.2 O MITO DA CAVERNA ................................................................................................36
3.3 PLATÃO E A EDUCAÇÃO ........................................................................................... 37
4 ARISTÓTELES E A EDUCAÇÃO ................................................................................ 43
FILOSOFIA GERAL E DA EDUCAÇÃO vi
RESUMO DO TÓPICO 4 .................................................................................................. 45
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................ 47
TÓPICO 5: PAULO FREIRE: UMA FILOSOFIA PARA A EDUCAÇÃO .......................... 51
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 51
2 A HUMANIZAÇÃO COMO VOCAÇÃO NATURAL DO SER HUMANO ..................... 51
3 CONCEPÇÃO BANCÁRIA DE EDUCAÇÃO ............................................................... 54
4 CONCEPÇÃO CRÍTICA DE EDUCAÇÃO ................................................................... 56
RESUMO DO TÓPICO 5 .................................................................................................. 59
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................ 60
AVALIAÇÃO ..................................................................................................................... 62
UNIDADE 2: ÁREAS DE ESTUDO DA FILOSOFIA ...................................................... 63
TÓPICO 1: TEORIA DO CONHECIMENTO .................................................................... 65
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 65
2 O QUE É O CONHECIMENTO? ................................................................................... 66
3 A TEORIA DO CONHECIMENTO ................................................................................. 67
4 AS FORMAS DE CONHECER O MUNDO ................................................................... 68
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................... 69
RESUMO DO TÓPICO 1 .................................................................................................. 70
AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 71
TÓPICO 2: LÓGICA ......................................................................................................... 73
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 73
2 TIPOS DE ARGUMENTAÇÃO ...................................................................................... 74
2.1 DEDUÇÃO .................................................................................................................. 74
2.2 INDUÇÃO ................................................................................................................... 74
2.3 ANALOGIA .................................................................................................................. 75
3 DISTORÇÕES DA ARGUMENTAÇÃO ......................................................................... 75
3.1 ARGUMENTOS DE CARICATURA ............................................................................ 76
3.2 ARGUMENTOS DE APELAÇÃO ................................................................................ 77
3.3 ARGUMENTO DE GENERALIZAÇÃO ....................................................................... 78
3.4 ARGUMENTOS COM EXCESSO DE TENDENCIOSIDADE ..................................... 79
3.5 ARGUMENTOS DE CONCLUSÃO PRECIPITADA .................................................... 80
RESUMO DO TÓPICO 2 ................................................................................................. 83
AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 84
TÓPICO 3: ÉTICA ........................................................................................................... 85
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 85
2 CONCEPÇÕES DE ÉTICA QUE MARCARAM A HISTÓRIA DA FILOSOFIA NA 
SOCIEDADE OCIDENTAL ........................................................................................... 86
2.1 A ÉTICA NA CONCEPÇÃO SOCRÁTICA .................................................................. 86
2.2 A ÉTICA NA CONCEPÇÃO CRISTÃ .......................................................................... 87
2.3 A ÉTICA NA CONCEPÇÃO KANTIANA ..................................................................... 88
FILOSOFIA GERAL E DA EDUCAÇÃO vii
2.4 A ÉTICA NA CONCEPÇÃO MARXISTA ..................................................................... 89
2.5 A ÉTICA NA CONCEPÇÃO RELATIVISTA ................................................................. 90
3 A ÉTICA E A LEI ........................................................................................................... 91
4 VIRTUDES PROFISSIONAIS ....................................................................................... 92
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................... 95
RESUMO DO TÓPICO 3 .................................................................................................. 97
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................ 98
TÓPICO 4: ESTÉTICA: UMA REFLEXÃO FILOSÓFICA SOBRE A ARTE ................... 99
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 99
2 O QUE É ESTÉTICA? ................................................................................................. 100
3 OS DILEMAS DA ESTÉTICA: O BELO E O FEIO ..................................................... 101
3.1 O DILEMA DA COMPREENSÃO DO BELO ............................................................ 101
3.2 O QUE É O FEIO? ................................................................................................... 103
RESUMO DO TÓPICO 4 ................................................................................................ 105
AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 106
AVALIAÇÃO ................................................................................................................... 107
UNIDADE 3:TEMAS DE ESTUDO DA FILOSOFIA ....................................................... 109
TÓPICO 1: TECNOLOGIA E SER HUMANO .................................................................111
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................111
2 ONDE ESTAMOS .........................................................................................................112
3 PARA ONDE VAMOS ..................................................................................................112
LEITURA COMPLEMENTAR ..........................................................................................114
RESUMO DO TÓPICO 1 .................................................................................................116
AUTOATIVIDADE ..........................................................................................................117
TÓPICO 2: TRABALHO: ALIENAÇÃO OU HUMANIZAÇÃO DO SER HUMANO? .....119
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................119
2 O TRABALHO ATRAVÉS DA HISTÓRIA ...................................................................120
3 POR QUE AS PESSOAS TRABALHAM? ................................................................ 122
4 A ALIENAÇÃO NO MUNDO DO TRABALHO ........................................................... 122
5 A REALIZAÇÃO HUMANA NO MUNDO DO TRABALHO ....................................... 125
LEITURA COMPLEMENTAR ......................................................................................... 126
RESUMO DO TÓPICO 2 ................................................................................................ 130
AUTOATIVIDADE .......................................................................................................... 131
TÓPICO 3: CIDADANIA E SOCIEDADE ...................................................................... 133 
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 133
2 A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE CIDADANIA ..................................................... 133
3 CIDADANIA: UM CONCEITO UNIVERSAL OU PARTICULAR ............................... 134 
4 DIMENSÕES DA CIDADANIA ................................................................................... 136 
4.1 CIDADANIA SOCIAL .............................................................................................. 136 
4.2 CIDADANIA POLÍTICA ............................................................................................ 136 
FILOSOFIA GERAL E DA EDUCAÇÃO viii
4. 3 CIDADANIA CIVIL .................................................................................................. 137 
RESUMO DO TÓPICO 3 ............................................................................................... 138
AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 139 
TÓPICO 4: PARADIGMAS DA CIÊNCIA E DA EDUCAÇÃO ....................................... 145
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 145
2 O QUE É UM PARADIGMA ........................................................................................ 145
3 PARADIGMAS EM TRANSIÇÃO .............................................................................. 147
4 PARADIGMAS DA PESQUISA CIENTÍFICA E A EDUCAÇÃO ............................... 148
4.1 POSITIVISMO .......................................................................................................... 148
4.2 FENOMENOLOGIA .................................................................................................. 150
4.3 DIALÉTICA .............................................................................................................. 153
4.4 HOLÍSTICO .............................................................................................................. 155
RESUMO DO TÓPICO 4 ................................................................................................ 158
AUTOATIVIDADE .......................................................................................................... 159
TÓPICO 5: EDUCAR PARA O PENSAR ...................................................................... 161
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 161
2 A IMPORTÂNCIA DE SE ENSINAR A PENSAR ........................................................ 161
3 DIFERENTES ACEPÇÕES DA PALAVRA PENSAMENTO ...................................... 163
4 AS ACEPÇÕES DO PENSAR NA FILOSOFIA, NA CIÊNCIA E NA RELIGIÃO ..... 164
5 EMPREGO DAS ATIVIDADES QUE FAZEM PENSAR ............................................. 165
6 OPERAÇÕES DO PENSAMENTO ............................................................................. 166
6.1 COMPARAR ............................................................................................................. 166
6.2 RESUMIR ................................................................................................................ 166
6.3 OBSERVAR .............................................................................................................. 167
6.4 CLASSIFICAR ......................................................................................................... 167
6.5 INTERPRETAR ....................................................................................................... 168
6.6 BUSCAR SUPOSIÇÕES ......................................................................................... 168
6.7 IMAGINAR .............................................................................................................. 168
6.8 REUNIR E ORGANIZAR DADOS .......................................................................... 169
6.9 FORMULAR HIPÓTESES ....................................................................................... 170
6.10 TOMAR DECISÕES .............................................................................................. 170
7 A RELAÇÃO ENTRE PENSAMENTO E MEMÓRIA ................................................. 171
8 RELAÇÃO ENTRE PENSAMENTO E LINGUAGEM ................................................ 172
RESUMO DO TÓPICO 5 ................................................................................................ 173
AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 174
AVALIAÇÃO ................................................................................................................... 175
REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 177
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UNIDADE 1
FILOSOFIA: UM CONVITE AO PENSAR 
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 A partir desta unidade você será capaz de:
	perceber que a discussão e o debate são os pressupostos 
fundamentais do pensar filosófico;
	compreender que a Filosofia é parte integrante da vida profissional 
do educador;
	desenvolver uma consciência de sujeito nas diferentes situações 
da vida social e profissional;
	ter atitudes filosóficas perante as diversas circunstâncias da vida;
	conhecer as principais ideias de educação nos filósofos gregos e 
em Paulo Freire.
TÓPICO 1 – PRESSUPOSTOS PEDAGÓGICOS PARA O 
ESTUDO DA FILOSOFIA
TÓPICO 2 – CONCEITO E REFLEXÃO SOBRE O QUE É 
A FILOSOFIA
TÓPICO 3 – CONSCIÊNCIA HUMANA E FILOSOFIA
TÓPICO 4 – OS GRANDES FILÓSOFOS GREGOS E A 
EDUCAÇÃO
TÓPICO 5 – PAULO FREIRE: UMA FILOSOFIA PARA A 
EDUCAÇÃO
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em cinco tópicos, sendo que, no 
final de cada um deles, você encontrará atividades que o(a) ajudarão 
a fixar os conhecimentos adquiridos. 
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O processo educativo da disciplina de Filosofia ofertado na modalidade a distância 
contemplará pressupostos como: virtualidade, hipertextualidade e auto-organização.
PRESSUPOSTOS PEDAGÓGICOS 
PARA O ESTUDO DA FILOSOFIA
1 INTRODUÇÃO
TÓPICO 1
UNIDADE 1
2 VIRTUALIDADE
Em sua origem, a Filosofia nasce na ágora, praça pública, que era em sua época o 
espaço de interação entre as pessoas. Este lugar proporcionou à Filosofia uma experiência 
de reflexão radical e democrática sobre as questões do homem a respeito de si mesmo e do 
mundo. Hoje, os espaços de interação filosófica encontraram uma nova ágora, um novo espaço 
público e democrático para o exercício da razão sobre as questões humanas.
Ágora - era para os gregos a praça pública; espaço de encontro e troca; 
espaço comum para dialogar e debater.A ágora, como espaço virtual, simboliza para o nosso tempo um novo instrumento de 
encontro para o exercício da troca de ideias e ampliação da nossa capacidade racional de 
indagar e compreender o mundo em que vivemos. Por outro lado, a virtualidade exige cautela 
dos participantes, para não cair numa mera relação instrucionista, técnica, fria e distante.
A virtualidade reserva grande potencial de dialogicidade, interação e aproximação que 
se efetiva num esforço contínuo de construção coletiva deste novo espaço.
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Ágora virtual - espaço público e virtual de encontro e troca de informações 
e conhecimentos; espaço para pesquisa e debate sobre os mais variados 
temas.
Dentre as muitas mudanças que a era digital promoveu nas áreas tecnológicas, ocorreu 
uma significativa transformação dos antigos modelos lineares que o mundo analógico permitiu 
conhecer. O novo modelo, denominado de hipertexto, permitiu-nos conhecer uma forma livre 
e criativa de interação com o mundo da informação. Nesta estrutura, o navegador pode tomar 
rumos diferentes para sua leitura, conforme necessidade, interesse ou circunstância.
O mundo da informação se entrelaça numa constante visita às muitas possibilidades 
de descoberta. Para Assmann (1998, p. 134), “[...] as interações formam, em seu conjunto, um 
sistema aprendente, cujos fluxos não podem ser reduzidos ao puramente informacional [...]”.
Os hipertextos apresentam conexões tanto entre si como também para outros sites de 
interesse localizados em áreas livres da rede mundial de computadores. “O hipertexto contém 
um convite à navegação e, mais do que isso, um convite a ser usado como plataforma para 
outras navegações. No bojo da técnica hipertextual brotou uma oferta de liberdade, que, aliás, 
está surgindo desde a própria contextura técnica de diversas tecnologias da informação e da 
comunicação”. (ASSMANN, 1998, p. 154). Desta forma, o hipertexto representa um rompimento 
com a sequencialidade linear de escrita e de leitura, permitindo ao estudante ser sujeito ativo 
no processo de aprendizagem. O hipertexto redescoberto na virtualidade se potencializa no 
desenvolvimento da auto-organização.
3 HIPERTEXTUALIDADE
4 AUTO-ORGANIZAÇÃO
Como já apreciamos, a virtualidade em si mesma não passa de um recurso de informação 
que se transforma em conhecimento no processo de interação entre os sujeitos envolvidos, 
entre sujeito e hipertexto. Esta interação se vincula à auto-organização que, empiricamente, 
sugere a autonomia organizativa de cada pessoa envolvida. O conhecimento torna-se fecundo 
quando a informação é organizada.
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LEITURA COMPLEMENTAR
UMA ÁGORA VIRTUAL PARA O PLANETA
Celso Cândido
As redes de computadores, como internet, proporcionam ao ser humano uma 
recuperação das características primordiais da democracia.
Ágora era a praça pública onde os antigos gregos atenienses reuniam-se para debater e 
deliberar acerca de suas questões políticas. Era ali que tomava corpo a ecclésia, a assembleia 
dos cidadãos, para decidirem sobre os destinos de sua polis, da sua cidade. Este ensaio defende 
a ideia de que entramos em uma época na qual, a partir da emergência das novas tecnologias 
intelectuais, poderemos reviver o sentido político daquela ágora.
A democracia é uma forma de governo a respeito da qual se diz existirem três princípios 
fundamentais. Em primeiro lugar, a democracia é uma forma de governo em que o povo exerce, 
ele mesmo, o poder. A própria formação da palavra “democracia” indica a definição. Demos 
significa povo e cracia significa poder, logo, democracia é o poder do povo. A democracia busca 
o interesse da maioria e é governada pela maioria. Em segundo lugar, a democracia é um regime 
que se define conforme a liberdade, diferentemente da aristocracia e da oligarquia, as quais 
se definem respectivamente pelo mérito e pela riqueza. A democracia é um governo no qual 
governam as pessoas livres em maioria. A democracia tem, pois, como fundamento a liberdade. 
É preciso que os cidadãos mandem e obedeçam alternadamente. [...] A alternância no mando e 
na obediência é o primeiro atributo da liberdade. O segundo é viver como se quer. Em terceiro 
lugar, a democracia é um regime de igualdade de direitos, ou, como diz Aristóletes, o princípio 
segundo o qual “unanimemente se fundam” as democracias, “é o direito que fazem resultar 
da “igualdade numérica”. Sem este princípio da igualdade é impossível falar de democracia, 
pois o poder deve ser exercido por todos e cada um deve ter o mesmo peso na deliberação.
Entretanto, o fato de que a maioria participe das deliberações públicas não significa 
necessariamente que tais decisões sejam automaticamente as melhores. Duas, pelo menos, são 
condições indispensáveis para dar forma a uma cidadania capacitada a tomar boas decisões. 
Passear e ver panoramicamente o mundo é uma forma de despertar nossa curiosidade 
investigativa. Porém, contentar-se apenas com esta atitude torna-nos meros turistas. Ser 
explorador, arqueólogo, garimpeiro do conhecimento permite descobrir, revelar e desvelar o 
mundo. A aventura é segura quando nos auto-organizamos, o que nos dá liberdade para fazer 
o caminho e aprender caminhando.
Assmann (1998, p. 134) lembra que “[...] a auto-organização supõe uma certa plasticidade 
adaptativa e implica frequentemente escolhas estratégicas”.
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Em primeiro lugar, é preciso que os cidadãos possuam tempo livre para debater e deliberar. 
Em segundo, é preciso que eles possam dedicar-se à sua paideia, à sua formação.
Assim, formação e tempo livre são condições indispensáveis na ecclésia, na assembleia 
deliberativa. A deliberação implica em análise, reflexão, debate. Sem tempo livre, o cidadão 
é impedido de ouvir e argumentar, suas decisões são naturalmente precipitadas, instintivas. 
Da mesma forma, um cidadão pouco ou malformado tem maiores dificuldades de raciocínio 
e clareza; sem esclarecimento, a tendência é fazer deliberações imprudentes, erradas. [...]
Nossa atualidade anuncia uma época até então insondável para a civilização. Estamos 
entrando no marco de uma sociedade na qual o computador, como principal meio técnico do 
fazer e do pensar social, está transformando grande parte das relações sociais, políticas, 
culturais, econômicas, imemoriais.
As fronteiras não são mais facilmente delimitadas. As noções tradicionais de tempo e 
espaço estão se alterando. A memória e o conhecimento ganham uma dimensão cibernética 
universal. Podemos nos comunicar com o mundo todo de nossas casas. A antiga praça pública 
está se transformando em praça virtual planetária. Toda a questão, do ponto de vista político, 
será como organizar os debates e as tomadas de decisões a partir destes meios cibernéticos, 
que são os computadores em rede, tais como a internet, por exemplo.
A médio prazo, o fluxo de informações pela internet será tão intenso e ela será 
provavelmente o principal lugar de comunicação e informação da cidadania. Com os novos 
meios técnicos digitais interativos de comunicação e informação, o antigo sujeito passivo da 
informação de massa passa a ser ativo neste novo ambiente ecointelectual - cada um é um 
emissor e receptor de informação. Trata-se da informação do conhecimento “interessado”.
O grande impacto acontecerá, pois, quando o computador for para cada um o que são 
hoje ou foram, por exemplo, o rádio e a televisão.
Aqueles países, estados ou cidades que enfrentarem com lucidez tais questões não 
poderãodeixar de tomar iniciativas imediatas no sentido de promover esta superestrada, 
condição tecno-intelectual do que estamos chamando a Ágora Virtual. Com efeito, esta praça 
pública digital oferecerá não só a possibilidade do exercício direto do poder público. [...] 
colocará à disposição de todos grandes riquezas culturais, tais como a “memória cibernética” 
e o “conhecimento acumulado” de todas as gerações, condições sem as quais a democracia 
mesma jamais poderá ser uma boa forma de governo.
FONTE: Cândido (1997, p. 6)
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RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico você viu que: 
	Os pressupostos que norteiam o ensino a distância de Filosofia se relacionam com a ágora 
grega e a nova ágora virtual.
 
	Ágora grega é o espaço público em que se reuniam os pensadores da Antiguidade para 
discutir as questões sociais, políticas, religiosas e humanas.
	A ágora virtual é aqui apresentada como um ciberespaço, que apresenta a possibilidade de 
democratizar o acesso ao conhecimento.
	Hipertextualidade caracteriza-se como a possibilidade de acesso a diferentes links de interesse 
no processo de estudo e investigação.
	 Auto-organização é o desafio que cada estudante enfrenta ao se deparar com a necessidade 
de se organizar com as leituras, pesquisas e atividades individuais.
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Este assunto rende boas reflexões. Gostaríamos de partilhar algumas questões mais 
intrigantes para que você possa tirar suas conclusões ou discutir com algum interlocutor. 
Será que a “ágora virtual” permitirá maior participação política? Poderá um dia o espaço 
virtual se transformar num lugar para deliberação de necessidades públicas? Será que a 
Internet só revolucionou as formas de comercialização?
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CONCEITO E REFLEXÃO
SOBRE O QUE É A FILOSOFIA
1 INTRODUÇÃO
TÓPICO 2
UNIDADE 1
Admirar-se com a realidade é estar em contínua contemplação e reflexão sobre o mundo 
que nos circunda. Tomar tudo como rotineiro, natural e comum é estagnar a mente e entrar 
numa atividade costumeira, na qual nada causa espanto e pouco faz refletir. Como adverte 
Sócrates, uma vida sem reflexão não merece ser vivida. Ver o mundo como novidade desperta 
para a curiosidade e convida ao saber.
2 SURGIMENTO E CARACTERÍSTICAS DA FILOSOFIA
A Filosofia surge no século VI a. C., quando alguns pensadores resolveram duvidar 
das explicações mitológicas e começaram a pensar na possibilidade de explicar a realidade a 
partir da razão, sem recorrer à fé.
A palavra Filosofia é de origem grega: philos = amigo e sophia = sabedoria. Filósofo 
é aquele que é amigo do saber. A origem do pensar filosófico se dá pelo espanto, admiração 
e perplexidade. Filosofar é questionar, refletir sobre a realidade humana e formar conceitos 
capazes de traduzir essa realidade para ser pensada, comunicada e repensada.
O conhecimento filosófico surgiu gradativamente em substituição aos mitos e às 
crenças religiosas, na tentativa de conhecer e compreender o mundo e os seres que nele 
habitam. A formação do pensamento filosófico se deu na passagem do Mito para a Razão. 
A principal característica está justamente na superação da visão cosmogônica para uma 
explicação cosmológica sobre a ordenação do universo. Da cosmogonia para a cosmologia 
– surge a Filosofia. As crenças cedem lugar à razão, que se utiliza dos elementos físicos 
presentes na natureza para compreender a existência.
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O Surgimento da Filosofia se dá na Jônia, cidade-estado da Magna Grécia, no século 
VI a.C., com os pré-socráticos. Os pré-socráticos procuravam a arché – o princípio primeiro 
de todas as coisas. Por isso, a Filosofia, na sua origem, caracteriza-se especialmente por tratar 
de questões cosmológicas, especulando a respeito da origem e da natureza do mundo físico. 
Movido pelo espanto e pela admiração, o homem abandona a crença cega para despertar uma 
consciência crítica sobre a realidade.
3 O PAPEL DA FILOSOFIA
Desenvolver a consciência é uma das características e potencialidades da Filosofia, o 
que não quer dizer que seja sua propriedade particular, mas define bem sua responsabilidade e 
compromisso. Desenvolver a consciência implica uma necessidade existencial, para tomarmos 
controle do movimento histórico, da ciência e da tecnologia, que há muito tempo vem sendo 
ditado pelo pensamento burguês. No pensamento de Leão (1991, p. 28):
Na era atômica, em que a técnica e a ciência desenvolvem um vigor planetário, a 
missão da Filosofia não é corrigir ou substituir-se à ciência. É apenas ser a catarsis de uma 
autoconsciência. Na reflexão sobre as condições de possibilidade da própria ciência, ela 
recorda que todo conceito humano é sempre configuração histórica da verdade do ser, em 
cujo dinamismo se articulam as manifestações existenciais das várias épocas da humanidade. 
Na terra dos homens, não há previdência nem providência escatológica. O homem nunca 
é o alto-falante do absoluto. De antemão não sabe aonde vai chegar, nem mesmo se vai 
chegar. É que não nos podemos despir de nossa finitude, como de um manto vergonhoso, 
para revestirmo-nos da clareza meridiana de um saber sem sombras. O homem não é um 
Deus mascarado que nas vicissitudes históricas da existência fosse desmascarado em sua 
divindade. A Filosofia permanecerá sempre a reflexão finita do mais finito dos entes, por ser 
o único cônscio de sua finitude. Assim, os filósofos serão sempre os aventureiros que se 
afastam da terra firme dos entes e se lançam nas peripécias da história em busca da verdade 
do homem. Os argonautas do ser.
Ao referenciar este pensamento, queremos ilustrar a ideia que vínhamos desenvolvendo, 
que tem por intenção desvendar a necessidade da Filosofia para emancipar o homo sapiens 
sapiens que somos, conscientes da própria finitude e sempre aventureiros no desbravamento 
contínuo de nossas realidades tão finitas e de mistérios tão infinitos. A Filosofia é hoje o 
instrumento racional para despertar a humanidade de seu sono profundo, das ilusões, das 
manipulações, da verdade ofuscada. A Filosofia comporta esta missão, de auxiliar as pessoas 
a saírem da caverna para pensar, questionar e refletir de forma infinita sobre aquilo que é 
aparentemente finito. A Filosofia resgata o desejo de saber, que germina a partir da paixão pelo 
desconhecido e nos torna amantes eternos do saber infinito sobre uma realidade tão finita.
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Além da dúvida e da reflexão, a missão da Filosofia também se revela no processo 
de criação do conceito, pois é a partir de conceitos que pensamos. Em Filosofia, o conceito 
expressa o conjunto de ideias que formam um juízo acerca de algo. Na ciência, o conceito 
se resume em expressar (explicar) aquilo que é observado pela experiência. Desta forma, o 
conceito é um signo determinado para um objeto. O conceito passa a ser uma adequação 
da relação de significação entre o signo e o objeto. Diverso disto, o conceito em Filosofia 
manifesta a subjetividade da interpretação do sujeito que interage, em consciência crítica, 
com sua realidade.
Para Deleuze e Guattari (1997, p. 13), “a filosofia, [...], é a disciplina que consiste em 
criar conceitos”. Os conceitos elaboram o conjunto mutável de entendimentos que se pode 
elaborar sobre uma dada realidade. Nele, o filósofo encontra o instrumento que lhe possibilitapensar sobre seu contexto em contínua transformação.
Os conceitos não nos esperam inteiramente feitos, como corpos celestes. 
Não há céu para os conceitos. Eles devem ser inventados, fabricados ou 
antes criados, e não seriam nada sem a assinatura daqueles que os criam. 
Nietzsche determinou a tarefa da Filosofia quando escreveu: ‘os filósofos não 
devem mais se contentar em aceitar os conceitos que lhes são dados, para 
somente limpá-los e fazê-los reluzir, mas é necessário que eles comecem 
por fabricá-los, criá-los, afirmá-los, persuadindo os homens a utilizá-los. Até o 
presente momento, tudo somado, cada um tinha confiança em seus conceitos, 
como num dote miraculoso vindo de algum mundo igualmente miraculoso’, 
mas é necessário substituir a confiança pela desconfiança, e é dos conceitos 
que o filósofo deve desconfiar mais, desde que ele mesmo não os criou [...] 
(DELEUZE; GUATTARI, 1997, p. 13-14).
Ao conceituar, pensamos a singularidade das coisas no seu convívio com a totalidade. 
Nem fragmentos, nem definições, nem verdades absolutas são suficientes para filosofar, 
somente nos conceitos o filósofo encontra as razões para seu pensar. O conceito é, para a 
Filosofia, um instrumento de dúvida, questionamento e reflexão.
4 O CONHECIMENTO FILOSÓFICO, 
 RELIGIOSO E CIENTÍFICO
A Filosofia difere da religião. A religião busca as causas e princípios primeiros nos 
dogmas, crenças e respostas dadas pela fé. Difere também da ciência por não depender 
apenas da experiência. Contudo, a Filosofia se relaciona com ambas, refletindo sobre seus 
princípios e métodos.
A grande característica da Filosofia, que a torna distinta das demais formas de conhecer 
o mundo, é o questionamento, a dúvida e a reflexão. O questionamento gera reflexão, que por 
sua vez gera novos questionamentos, impulsionando para um contínuo prosseguir. Existem 
pontos de partida que surgem do próprio contexto humano, mas não há um ponto de chegada 
como resposta absoluta para o que se busca. Para o filósofo, a pergunta é mais importante 
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que a própria resposta. Como bem lembra Sautet (1997, p. 42), “[...] o filósofo não é aquele 
que detém a resposta para todas as perguntas. É aquele a quem as respostas já dadas, as 
respostas que predominam, ou as rivais delas, intrigam. É aquele que interroga, aquele que, 
stricto sensu, repõe em questão o que se faz passar por solução.”
A ciência e a religião, ao contrário, assumem por meta uma resposta final, absoluta e 
verdadeira. A dúvida é, para a Filosofia, uma possibilidade de reflexão. Quando nos encerramos 
em uma verdade absoluta, impedimos a possibilidade da dúvida e da reflexão.
Assista a Giordano Bruno: baseado em uma história 
real, é considerado um dos mais extraordinários filmes 
que retrata a vida do astrônomo, matemático e filósofo 
italiano, frade dominicano, Giordano Bruno. Assista ao 
filme e procure relacioná-lo com este tópico. GIORDANO 
BRUNO. Direção de Giuliano Montaldo. Itália: 1973, 1 DVD 
(114 min): legenda, color.
Como vimos, a Filosofia desenvolveu-se a partir da religião (da passagem do mito para 
a razão), mas se tornou distinta quando os pensadores buscaram refletir sobre a realidade, 
independentemente das considerações mitológicas. Até o século XIX, o termo “Filosofia” incluía 
o que hoje conhecemos como “ciência”. Cada ciência passou a ter um objeto específico para 
investigação. A Filosofia permaneceu como mãe de todas as ciências e como tal faz uma 
investigação paralela, tendo sempre por ponto de partida o questionamento, a reflexão e a 
investigação, elementares para a construção do verdadeiro saber.
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Leia atentamente o texto que segue, extraído do livro “Introdução à 
Filosofia”, de Batista Mondin (1980, p. 5-6). O autor apresenta o que vem 
a ser a Filosofia. 
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AFINAL, O QUE É A FILOSOFIA?
Batista Mondin
O homem, diz-se, é naturalmente filósofo, “amigo da sabedoria”. E é verdade. Ávido de 
saber, não se contenta em viver o momento presente e aceitar passivamente as informações 
fornecidas pela experiência imediata, como fazem os animais. Seu olhar interrogativo quer 
conhecer o porquê das coisas, sobretudo o porquê da própria vida.
Mas enquanto o homem comum, o homem da rua, formula estas interrogações e 
enfrenta estes problemas de maneira descontínua, sem método e sem ordem, há pessoas 
que se dedicam a essas pesquisas todo o seu tempo e todas as suas energias, e propõem-se 
a obter uma solução concludente para todos os ingentes problemas que espicaçam a mente 
humana, através de uma análise aprofundada e sistemática. São estas as pessoas a que 
costumamos chamar “filósofos”.
Mas, então, o que é exatamente a filosofia?
É um conhecimento, uma forma de saber e, como tal, tem sua esfera particular de 
competência; sobre esta esfera busca adquirir informações válidas, precisas e ordenadas. 
Mas enquanto é fácil dizer qual é a esfera de competência das várias ciências experimentais, 
não é igualmente cômodo delimitar o campo de pesquisa próprio da filosofia. É sabido, por 
exemplo, que a botânica estuda as plantas, a geografia os lugares, a história os fatos, a medicina 
as doenças etc. Mas a filosofia, que estuda ela? No entender dos filósofos, ela estuda tudo. 
Aristóteles, o primeiro a pesquisar rigorosamente e sistematicamente a natureza desta disciplina, 
diz que a filosofia estuda “as causas últimas de todas as coisas”. Cícero define a filosofia como 
sendo “o estudo das causas humanas e divinas das coisas”. Descartes afirma que a filosofia 
“ensina a bem raciocinar”. Hegel concebe a filosofia como “saber absoluto”. Whitehead julga 
que seja tarefa da filosofia “fornecer uma explicação orgânica do universo”. Poderíamos citar 
muitos outros filósofos que definem a filosofia quer como estudo do valor do conhecimento, 
quer como pesquisa sobre o fim último do homem, quer como estudo da linguagem, do ser, 
da história, da arte, da cultura, da política etc. Com efeito, coerentes com estas definições 
discrepantes, os filósofos estudaram todas as coisas. Devemos, pois, concluir que a filosofia 
estuda tudo? Sem dúvida. Isto por duas razões.
Em primeiro lugar, porque todas as coisas, além de poderem ser examinadas a nível 
científico, podem sê-lo também a nível filosófico.
Assim, os homens, os animais, as plantas, a matéria, já estudados por muitas ciências 
e sob diferentes pontos de vista, são suscetíveis também de uma pesquisa filosófica. Com 
LEITURA COMPLEMENTAR
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efeito, os cientistas se interrogam sobre a constituição da matéria, perguntam-se o que é a vida, 
como estão estruturados os animais e o homem, mas não chegam a enfrentar certos problemas 
também referentes ao homem, aos animais, às plantas, à matéria: por exemplo, o que seja o 
existir. Especialmente com relação ao homem, do qual as ciências estudam múltiplos aspectos, 
são muitos os problemas que nenhuma delas enfrenta (enquanto os supõe já resolvidos), como 
o valor da vida e do conhecimento humano, a liberdade, a natureza do mal, a origem e o valor 
da lei moral. Somente a filosofia se ocupa destes problemas.
Em segundo lugar, porque, enquanto as ciências estudam esta ou aquela dimensão 
da realidade, a filosofia tem por objeto o todo, a totalidade, o universo tomado globalmente.
Eis, pois, a primeira característica que distingue a filosofia de qualquer outra forma de 
saber: ela estuda toda a realidade ou, de algum modo, procura apresentar uma explicação 
completa e exaustiva de umdomínio particular da realidade.
Mas há também outras três qualidades que contribuem para dar ao saber filosófico um 
caráter próprio e específico: o instrumento de pesquisa, o método e o escopo.
O instrumento de trabalho, de pesquisa, de análise de que a filosofia se utiliza é a razão, 
a razão pura, o “raciocínio puro”, como diz Platão. Ela não dispõe de microscópios, telescópios, 
máquinas fotográficas etc. Não pode estabelecer controles com instrumentos materiais nem 
apressar suas operações recorrendo a computadores. Mesmo os instrumentos cognitivos de 
que se utiliza todo homem e todo cientista, os sentidos e a imaginação, ao filósofo só servem 
na fase inicial, para conseguir alguns conhecimentos do real, para o qual depois volta o olhar 
penetrante da razão. O trabalho verdadeiro e próprio de pesquisa filosófica é realizado apenas 
pela razão; esta, para subtrair-se a todo tipo de distração, encerra-se em seu sagrado recinto, 
longe do barulho das máquinas, da sedução dos prazeres e da práxis, da confusão dos sentidos, 
em solitária companhia com o próprio objeto.
O método da filosofia é essencialmente raciocinativo, embora não exclua algum momento 
intuitivo (quer na fase inicial, quer na final). Mas os processos raciocinativos são múltiplos, e os 
mais importantes dentre eles são a indução e a dedução. A filosofia utiliza ambos: o primeiro, 
para ascender dos fatos aos princípios primeiros; o segundo, para descer de novo dos primeiros 
princípios e iluminar posteriormente os fatos, para compreendê-los melhor.
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Outro filme interessante é O nome da rosa. Adaptação do célebre 
romance de Umberto Eco, que retrata uma biblioteca medieval e 
a relação com o conhecimento naquele período.
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Para aprofundar suas leituras sobre o que é a filosofia, indicamos o 
seguinte site: <http://www.cefetsp.br/~eso/sitesfilosofia.html>. Ali você 
encontrará links de filosofia com comentários.
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RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico você viu que: 
	A Filosofia surgiu no século VI a. C.
	O significado da palavra Filosofia tem origem grega – philos = amigo e sophia = sabedoria.
	O papel da Filosofia está em desenvolver a consciência, a capacidade de questionar, de 
conceituar e de refletir sobre a realidade.
	O conhecimento filosófico tem seu critério na razão, o conhecimento religioso depende da 
fé e o científico depende da experimentação.
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1 Como surgiu a Filosofia?
2 Ao pensar sobre o papel da Filosofia, Leão (1991) propôs a seguinte reflexão: “na 
era atômica, em que a técnica e a ciência desenvolvem um vigor planetário, a missão 
da Filosofia não é corrigir ou substituir-se à ciência. É apenas ser a catarsis de uma 
autoconsciência”. O que o pensador está sugerindo?
3 Qual a principal diferença entre Filosofia, Ciência e Religião?
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CONSCIÊNCIA HUMANA E FILOSOFIA
1 INTRODUÇÃO
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Ao longo de nossa vida, encontramos pessoas, fazemos perguntas, afirmamos, 
negamos, repetimos frases, cumprimentamos, aceitamos, rejeitamos, enfim, tomamos várias 
atitudes e não nos damos conta de que agimos mecanicamente, sem tomar consciência dos 
nossos atos. Agimos como se as coisas já estivessem predeterminadas ou programadas em 
nossa mente, não nos dando conta de que somos seres que têm a capacidade de transformar 
e modificar as ações, dando a elas um sentido diferente.
De maneira geral, as pessoas agem da mesma forma. Isto pode ser observado nos 
locais de trabalho, nas filas dos bancos, nas praças e ruas de nossas cidades. As pessoas 
são impulsionadas a seguir um padrão de vida, como sendo o ideal ou o almejado pela 
sociedade. Com isto, acabam não levando em consideração que são seres históricos, capazes 
de modificar o seu espaço e não agirem apenas como máquinas programadas para executar 
uma determinada atividade. 
Estas são atitudes imersas nos afazeres do dia a dia e são marcadas pela falta de 
consciência, tanto das ações individuais quanto das sociais. Estas atitudes estão relacionadas 
à consciência que se tem de mundo. Portanto, este tópico quer discutir a consciência humana 
como um dos elementos formadores do pensamento filosófico.
2 A CONSCIÊNCIA HUMANA
Ao longo da história da humanidade, muito se estudou sobre a consciência, que melhor 
caracteriza o ser humano. Diversas ciências procuraram dar um significado para a palavra 
consciência, mas foi principalmente com a Filosofia, a Psicologia e a Sociologia que teve início 
uma reflexão mais sistemática sobre esta expressão denominada consciência. 
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Tanto a Psicologia quanto a Sociologia têm uma compreensão diferenciada para a 
consciência. A Psicologia procura compreender as atitudes do ser humano enquanto indivíduo. 
Nesta perspectiva, a consciência é entendida como o conjunto de fenômenos e dados psíquicos 
que a pessoa é capaz de verbalizar reflexamente. Já a Sociologia procura estudar as relações 
sociais do ser humano em seu meio. Sobre esse prisma, a consciência está relacionada com 
o social, que é a “[...] conformidade de ideias, opiniões, sentimentos e ações que caracterizam 
os componentes de determinado grupo ou sociedade”. (OLIVEIRA, 2000, p. 236).
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De maneira geral, a palavra consciência é entendida como a capacidade 
humana de prever e planejar as próprias atividades, de refletir sobre elas 
no decorrer da ação, e de aferir os resultados, seja com os planos, seja 
com princípios e ideais teóricos ou práticos.
A filosofia procura investigar os fatos em sua profundidade e compreendê-los em 
sua totalidade, dando um sentido para o mundo. A consciência não pode ser compreendida 
unicamente como uma dimensão psicológica e nem como uma dimensão puramente social. 
Ela se manifesta a partir de ambas: a consciência abrange o psicológico e o social. Neste 
sentido, a consciência humana tem a capacidade de prever e planejar as próprias atividades, 
de refletir sobre elas no decorrer da ação, e de aferir os resultados, seja com os planos, seja 
com princípios e ideais teóricos ou práticos. 
Para Cotrim (2002, p. 42), “[...] a consciência pode centrar-se sobre o próprio sujeito, 
sondando a interioridade, ou sobre os objetos exteriores, sondando a alteridade (do latim 
alter, ‘outro’)”. Podemos, então, identificar duas dimensões complementares no processo de 
conscientização do ser humano: a consciência de si e a consciência do outro. No entendimento 
de Cotrim (2002, p. 42), a consciência de si é a “concentração da consciência nos estados 
interiores do sujeito, exige reflexão”, enquanto que a consciência do outro é “a concentração 
da consciência nos objetos exteriores, exige atenção”. A reflexão e a atenção se manifestam 
pelo processo de inventar, raciocinar, apresentar, inovar, levado pela consciência de si ou pelo 
processo de absorver, reformular, ouvir, rever e reconstruir, levado pela consciência do outro.
CONSCIÊNCIA CRÍTICA
CONSCIÊNCIA DE SI CONSCIÊNCIA DO OUTRO
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A junção destas duas atitudes, consciência de si e consciência do outro, dá origem à 
consciência crítica, queé uma das funções primordiais da filosofia na sociedade atual. Assim, 
a filosofia desenvolve nas pessoas a capacidade de julgar os fatos e distinguir aqueles que 
melhor correspondem à sua consciência.
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REMISSÃO A LEITURAS
Friedrich Nietzsche (2005, p. 5-6), que viveu entre os anos 1844 
a 1900, destaca quatro casos de consciência:
	Tu corres à frente? Tu fazes isto como pastor? Ou como exceção? Um 
terceiro caso seria o desertor... Primeiro caso de consciência.
	Tu és autêntico? Ou apenas um ator? Um representante? Ou o próprio 
representado? Por fim, talvez tu não passes da imitação de um ator... 
Segundo caso de consciência.
	Tu és alguém que observa? Ou que coloca as mãos à obra? - Ou que 
desvia o olhar e se põe de lado?... Terceiro caso de consciência.
	Tu queres acompanhar? Ou ir à frente? Ou ir por sua própria conta?... 
É preciso saber o que se quer. Quarto caso de consciência.
Para aprofundar os seus conhecimentos ou adquirir novas 
informações sobre a consciência, leia o livro O Crepúsculo dos Ídolos, 
de Nietzsche, citado nas referências.
3 OS DIFERENTES TIPOS DE CONSCIÊNCIA
Comumente somos levados a relacionar a consciência apenas com a capacidade 
de compreender de maneira racional uma dada realidade. Porém, com o desenvolvimento 
do homem ao longo do tempo, foi-se distinguindo diferentes formas de consciência que 
predominaram durante a história da humanidade. De maneira geral, podemos identificar três 
tipos de consciência que se estabeleceram na relação do homem com o mundo: a mítica, a 
religiosa e a racional.
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O mito foi uma das primeiras formas que o homem encontrou para explicar a realidade 
na qual ele se encontrava. Como exemplo, podemos citar um mito criado pelos índios brasileiros 
para explicar a diferença com os brancos, que foi relatado por Orlando Villas Boas (apud 
TELES, 1990, p. 11-12):
A três índios diferentes foram dados um arco branco, um arco preto e uma 
carabina. Os três chegaram às margens de um lago de águas muito claras. 
Os dois índios que escolheram os arcos não quiseram entrar no lago, puseram 
apenas as mãos em suas águas. As mãos ficaram brancas e eles tentaram 
limpá-las numa árvore. Aí ouviram a voz de Avinhoka (divindade protetora), 
que disse: ‘Assim como a árvore, vocês não serão para sempre’. O terceiro 
índio, que havia escolhido a carabina, entrou na água e saiu completamente 
branco. Em seguida foi deitar-se sobre uma pedra. A este, disse Avinhoka: 
‘Assim como a pedra, você será eterno’.
Nota-se neste relato que os índios utilizam-se do mito para explicar a realidade 
sociocultural diferente. Este caso quer explicar a permanência da cultura do branco e a extinção 
da cultura indígena. Mito é uma narrativa sobre a origem de alguma coisa (terra, dos homens, 
do universo, dos animais etc.). A palavra mito vem do grego, Mytheos, que significa contar, 
narrar, falar alguma coisa para os outros. É, portanto, uma forma de explicar e compreender 
a realidade social e natural diferente da nossa. 
Hoje, podemos encontrar diferentes tipos de mitos com diferentes significados que 
permeiam a nossa vida diária. Estão presentes no campo político (no qual prometem resolver 
todos os problemas, tornando-se verdadeiros heróis), na música, no automobilismo, no futebol, 
no qual se desenvolve uma crença exagerada sobre o seu talento. 
A consciência mítica, principalmente nas civilizações primitivas, estava ligada 
diretamente à comunidade. Como diz Gusdorf (apud ARANHA; MARTINS 1999, p. 57), “a 
primeira consciência pessoal está, portanto, presa na massa comunitária e nela submergida 
[...]. É uma consciência em situação, extrínseca e não intrínseca, a individualidade aparecendo 
então como um nó no tecido complexo das relações sociais”. Este tipo de consciência é marcado 
pela falta de criticidade, em que o indivíduo não se reconhece em si, mas como parte do grupo.
3.2 A CONSCIÊNCIA RELIGIOSA
A consciência religiosa tem como base os dados da revelação divina, a que os homens 
chegaram através da aceitação ou crença em algo superior, conhecido como divindades ou 
3.1 A CONSCIÊNCIA MÍTICA
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deuses. Este tipo de consciência se assemelha muito ao mítico, por acreditar em algo superior 
e em elementos sobrenaturais, mas tem suas particularidades. Uma de suas diferenças está 
na doutrina ou nos ensinamentos que são repassados aos seus seguidores. Além disso, tem 
como princípio que as verdades são infalíveis e indiscutíveis, cabendo apenas aos indivíduos 
aceitarem as suas doutrinas. 
Enquanto a Filosofia procura discutir os fundamentos da realidade através da razão 
para poder alcançar o conhecimento, a consciência religiosa tem por base a fé perante um 
conhecimento revelado. Esta consciência procura dar ênfase aos dados revelados, enquanto a 
razão não participa do seu processo de análise. Este tipo de consciência predominou sobretudo 
na Idade Média, principalmente com a Igreja Católica. Podemos citar como exemplo Santo 
Agostinho, que afirmava ser necessário “compreender para crer, crer para compreender”, ou 
seja, a certeza só seria possível por meio da fé, não sendo uma função ligada ao intelecto.
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Tanto a consciência mítica quanto a religiosa baseiam-se na fé e não 
apelam para a crítica ou para as dúvidas, apenas procuram transmitir 
uma certeza. A principal diferença está em que o mito segue uma forma 
mais fantasiosa de compreensão da realidade, enquanto que a religião 
segue uma doutrina e seu pensamento é mais sistematizado.
Muitos são os sentidos dados à palavra razão em nosso cotidiano. Por exemplo, 
afirmamos que o mundo é racional, que o homem é um ser racional, que os meios que se 
utilizam são racionais. Quer significar que o mundo pode ser compreendido, que o homem é 
um ser inteligente e que os caminhos utilizados são válidos e eficazes, transmitindo uma certa 
segurança. Também a expressão racional aparece em afirmações mais particulares, como, por 
exemplo: ele não tem razão, eu estou com a razão, ele perdeu a razão. Quer significar que ele 
não está com a verdade, que eu estou com a verdade ou que ele agiu opondo-se à verdade. 
Esses são alguns dos sentidos dados à racionalidade. A palavra racional vem de 
razão, que tem sua origem no latim ratio e no grego logos. Tanto a expressão ratio quanto a 
expressão logos significam juntar, calcular, separar, contar, reunir, medir. Querem expressar 
que conhecimento segue um método, uma ordem, que pode ser demonstrado calculado e 
medido com uma certa clareza.
3.3 A CONSCIÊNCIA RACIONAL
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O que significa ter uma consciência racional? Segundo Chauí (1997, p. 59), significa 
ter “[...] a capacidade intelectual para pensar e exprimir-se correta e claramente”, ou seja, 
expressar como as coisas se apresentam seguindo uma forma de pensar e de dizer as coisas 
como elas são. Isto não significa dizer que haja apenas uma forma de pensar racionalmente. 
Podemos identificar, de maneira mais abrangente, duas formas diferentes de manifestação da 
razão: a racionalidade científica e a racionalidade filosófica.
A racionalidade científica tem como base a universalidade e a demonstração dos fatos 
que se caracterizam por desenvolver métodos experimentais que partem da: observação dos 
fenômenos na realidade, formulação de hipóteses, experimentos ou aplicação das hipóteses 
e a formulação de uma lei ou teoria. Já a racionalidade filosófica tem como base a reflexão e 
a análise dos fatos na sua universalidade,sem se ater a uma aplicação prática, mas procura 
dar uma resposta às grandes questões que são colocadas ao ser humano.
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Racionalidade é a capacidade intelectual de expressar um conhecimento 
seguindo um método, uma ordem, que pode ser demonstrado, calculado 
e medido com uma certa clareza.
Ciência é uma forma de conhecimento que procura compreender como são 
as coisas através de enunciados, mais ou menos gerais e sistematicamente 
articulados entre si.
Ciência e filosofia seguem a razão. 
Enquanto a ciência procura, principalmente, compreender o que são as coisas, 
ou seja, fornecer a chave de compreensão da realidade, a filosofia, através da 
razão crítica, é capaz de ‘estranhar’ essa realidade cotidianamente e, assim, 
proceder à análise em busca de seus fundamentos, percebendo o que ela é 
e propondo o que ela deveria ser. (COTRIM, 2002, p. 46).
A consciência crítica não é mais um tipo de consciência que podemos identificar em 
nossa sociedade, mas uma atitude perante a realidade social que se apresenta. Primeiramente, 
uma das características principais da atitude crítica é olhar o mundo de forma negativa, ou seja, 
dizer um não aos fatos, aos preconceitos, aos valores, ao que todo mundo diz. Uma segunda 
característica da consciência crítica é positiva, procurar questionar, interrogar e buscar saber 
o porquê e o para quê das coisas. “Estas duas ações, a negativa e a positiva, constituem para 
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o pensamento filosófico o que chamamos de atitude crítica e pensamento crítico” (CHAUÍ, 
1997, p. 12).
A consciência crítica nasce do confronto dos diferentes pontos de vista que se pode ter 
das coisas ou da nossa realidade. Consequentemente, a atitude crítica não se forma de uma 
hora para outra, ela depende de um processo histórico e de informações para que se desenvolva. 
Além disso, a consciência crítica se caracteriza por identificar as segundas intenções ou as 
verdadeiras intenções que se tem com as ações.
Neste contexto, a formação de uma consciência crítica passa diretamente pela filosofia, 
que se caracteriza por desenvolver nas pessoas um pensamento próprio e crítico sobre a 
realidade do cotidiano, de questionar os dogmas ou as doutrinas religiosas que se impõem, 
de superar a explicação mitológica da realidade, de discutir a validade dos métodos e critérios 
adotados pelas ciências.
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Para buscar mais informações sobre a consciência crítica, sugerimos que 
você acesse o site: <http://www.geocities.com/Athens/Agora/1417/
ConscienciaCritica.html>.
Como atividade complementar deste tópico, 
sugerimos que você assista ao filme Sociedade 
dos Poetas Mortos, que apresenta o processo 
de formação da consciência nas suas diferentes 
circunstâncias.
Sociedade dos Poetas Mortos leva as pessoas a 
pensar por si sós. Este é o objetivo do professor 
de literatura que apresenta uma nova metodologia 
de ensino dentro de um colégio conservador.
SOCIEDADE DOS POETAS MORTOS. Direção de 
Peter Weir. EUA: Touchstone Pictures:1989, 1 DVD 
(129 min), color. Legendado.
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Até agora você viu o que é consciência e como ela é compreendida pelo pensamento 
filosófico. O texto que segue é escrito pelo professor de Ética e Filosofia Política da USP, 
Renato Janine Ribeiro (2000, p. 9), no qual apresenta a ideia de Nietzsche sobre a questão 
da consciência e faz uma relação com a realidade atual. Após a leitura deste texto, responda 
as autoatividades propostas.
COM NIETZSCHE, A CONSCIÊNCIA DA FRAGILIDADE
Para ele, o essencial é assumir por completo a insegurança de nossa condição
Renato Janine Ribeiro
Que papel teve Nietzsche na cultura, estas décadas? [...] Nosso tempo é de crítica 
sistemática a tudo o que passava por aceito. As verdades antes acolhidas são postas em 
xeque e não porque sejam substituídas por novas verdades. É contestada a própria ideia de 
verdade, de valor.
Durante séculos, deu-se o valor à consistência do ser. Isto é: valores como o bem, o 
belo, a verdade, que justamente por se chamarem “valores” só funcionam enquanto valem para 
alguém (enquanto são afirmados por seres humanos), foram apresentados como se fossem 
seres, independentes de nós, ancorados em Deus ou na natureza. Ora, o que Nietzsche e Freud 
mostram – e em certa medida Marx – é que por trás dos valores há uma vontade humana, um 
projeto, muitas vezes inconfesso.
Por exemplo, para falar em linguagem freudiana, a disposição a dizer a verdade pode 
mascarar o propósito – inconsciente – de magoar. Em língua nietzschiana, a bondade dos 
padres pode servir ao desejo de enfraquecer os fortes e de converter os fracos em massa de 
manobra. É o que ele desenvolve num de seus livros mais brilhantes, A Genealogia da Moral.
Nesse sentido, seria difícil exagerar o impacto de Nietzsche em nossos dias. Verdade, 
bem e belo perderam muito da força que já tiveram. Faz tempo que os artistas deixaram de 
procurar o belo. No tocante à verdade, um dos maiores dramaturgos do século 20 pôs em xeque 
não só a interpretação dos fatos, mas os próprios fatos: em suas peças a mesma história é 
relatada em versões opostas. Enfim, quanto ao bem, sabemos que o mal muitas vezes resulta 
em bem e o bem em mal. Tudo isso, hoje, remete a Nietzsche e a um continente complexo, 
do qual o mínimo a dizer é que procede a uma severa crítica ao caráter absoluto dos valores.
Mesmo quem nunca leu Nietzsche, mas está atento a nosso tempo, sente esses sinais 
que o filósofo detectou – ou inventou? – há mais de um século. Tudo isso está presente não 
LEITURA COMPLEMENTAR
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só na vida culta, mas em nossa cultura, no sentido antropológico, que designa o modo como 
damos ou apreendemos os significados da convivência social. Não é preciso estudar filosofia 
para saber da crise dos valores: basta viver. Uma briga de casal ilustra-a. Nietzsche soube 
captar uma mudança que em seu tempo se iniciava e desde então só cresceu.
Mas o meteoro Nietzsche também teve impacto sobre a vida intelectual – sobre a cultura 
no sentido mais alto, nas ciências humanas e nas humanidades. Basta uma palavra, sobre o 
que hoje é chamado de pós-moderno. A modernidade foi o tempo em que o Ocidente triunfou 
do resto do mundo, fazendo prevalecer um modelo de razão que amava o fim da História: foi a 
vitória dos valores absolutos. Mas o pós-modernismo, pelo menos em sua versão mais refinada, 
a de Foucault, mostrou que tudo isso eram apenas construtos. O Ocidente não teria efetuado 
uma fiel descrição do que são as coisas, mas simplesmente montou uma estratégia, para 
dominar tudo o que dele divergia. Não existe, pois, uma natureza a descrever ou a imitar, mas 
uma série de estratégias de conquista. Ora, essa leitura da aventura humana é nietzschiana. 
Rompe com o que nos resta de crença em verdade revelada e exige que assumamos por 
completo a insegurança de nossa condição.
[...] Assumir a filosofia nietzschiana, hoje, não é só uma escolha intelectual. Significa 
uma opção de vida. Mas o que pode aprender quem lê Nietzsche com atenção é a consciência 
de sua, de nossa fragilidade. E é mais difícil, embora mais rico, viver sabendo-se frágil do que 
quando se acredita na própria superioridade.
FONTE: Ribeiro (2000, p. 9)
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Você viu neste tópico que: 
	As pessoas são seres históricos capazes de modificar o seu espaço e não agirem apenas 
como máquinas programadaspara executar uma determinada atividade.
	A Psicologia procura entender o ser humano a partir de sua individualidade (consciência de si), 
enquanto que a Sociologia procura entender o ser humano a partir do seu meio (consciência 
do outro). A junção destas duas atitudes dá origem à consciência crítica.
	A consciência mítica caracteriza-se pela falta de criticidade e o indivíduo não se reconhece 
em si, mas como parte do grupo.
	A consciência religiosa tem como base a fé e a aceitação de uma doutrina.
	A consciência racional caracteriza-se pela capacidade intelectual de pensar, que se manifesta 
na racionalidade científica e filosófica.
	Nietzsche criticou todo tipo de verdade e afirmou que devemos assumir por completo a 
insegurança de nossa condição.
RESUMO DO TÓPICO 3
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1 A consciência não pode ser compreendida unicamente como uma dimensão puramente 
psicológica e nem como uma dimensão puramente sociológica. Como a Filosofia explica 
esta situação? 
2 O que caracteriza a consciência mítica, religiosa e racional?
3 Para a Filosofia, quais são os aspectos que caracterizam uma consciência crítica?
4 Que tipo de consciência predomina na filosofia nietzscheana? Explique-a.
5 Mas a “verdade”, da qual nossos professores tanto falam, parece ser seguramente uma 
coisa bem mais modesta, da qual não se pode recear nada de desordenado ou excêntrico: 
ela é uma criatura de humor fácil e benevolente, que não se cansa de assegurar a todos 
os poderes estabelecidos que ela não quer criar aborrecimentos a ninguém; pois, afinal 
de contas, não se trata aqui apenas de “ciência pura”? (NIETZSCHE, F. Escritos sobre 
educação. Rio de Janeiro: PUC-Rio; São Paulo: Loyola, 2003. p. 151).
Nietzsche, filósofo alemão do século XIX, faz uma crítica irônica a uma concepção 
naturalizada e abstrata da ciência e da verdade. Pensando na relação de um professor 
com o conhecimento, qual das seguintes afirmações acerca da atuação do professor dá 
sentido à crítica do autor?
(A) Convencer os seus alunos a consolidar o saber científico.
(B) Preservar os fundamentos das pesquisas já feitas na escola.
(C) Ser um bom transmissor dos saberes instituídos cientificamente.
(D) Colocar em questão a normalidade dos conhecimentos.
(E) Transmitir verdades que ampliem os conhecimentos estabelecidos.
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OS GRANDES FILÓSOFOS 
GREGOS E A EDUCAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
TÓPICO 4
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Uma das primeiras finalidades da Filosofia no Ensino Superior é a de ampliar os 
conhecimentos das diferentes disciplinas e apontar as semelhanças e diferenças entre elas. 
Segundo Pierre Lévy, o filósofo deve adquirir conhecimentos técnicos antes de falar sobre o 
assunto, é o mínimo. Entretanto é preciso ir mais longe, não ficar preso a um ‘ponto de vista 
sobre...’ A técnica e as tecnologias intelectuais em particular têm muitas coisas para ensinar 
aos filósofos sobre a Filosofia. (apud MATTAR NETO, 2004). Como ciência-mãe das outras 
disciplinas, a Filosofia serve como elo e aglutinação entre os vários campos do conhecimento 
e como crítica aos saberes isolados e dogmatizados.
Vivemos numa época em que a tecnologia está presente em quase todos os aspectos do 
nosso cotidiano. O ritmo das mudanças é tal que se torna difícil compreender a sociedade como 
um todo. Por isso, o estudo da Filosofia, juntamente com a influência dos inúmeros Filósofos, 
ajudam-nos a compreender e a questionar os modelos e os padrões que são utilizados na 
educação, bem como formular outras visões que possam ser condizentes com o seu ambiente.
Este tópico tem como finalidade apresentar algumas ideias de Sócrates, Platão e 
Aristóteles e relacioná-las com a educação. Fazer filosofia é estar sempre a caminho e não 
acreditar que os saberes estejam prontos e acabados, cabendo-nos apenas ter o seu domínio, 
mas fazer filosofia é ir à busca do saber e não de sua posse.
2 O MÉTODO SOCRÁTICO: 
 A IRONIA E A MAIÊUTICA
Apesar de não deixar nada por escrito, Sócrates (469-399 a.C.) é considerado uma 
das figuras mais importantes para a história do pensamento ocidental. A sua vida, os seus 
ensinamentos e a sua filosofia nos são transmitidos pelos seus discípulos, principalmente por 
intermédio dos Diálogos de Platão.
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No século V a.C., a Grécia passava por mudanças profundas, onde a forma de governo 
que predominava até então era a monarquia agrária, passando a predominar a democracia 
comercial e industrial. É neste cenário de mudança que temos os sofistas, representando uma 
classe ascendente; a aristocracia, que detinha o poder da época; e Sócrates, que defendia 
uma posição independente, baseada no questionamento dos fatos e na utilização da razão 
como fonte de compreensão do bem e do mal.
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Sofistas eram filósofos que defendiam a arte da argumentação como 
forma de evidenciar a verdade dos fatos. Segundo Chauí (1997, p. 
37), “os sofistas ensinavam técnicas de persuasão para os jovens, que 
aprendiam a defender a posição ou opinião A, depois a posição ou opinião 
contrária, não A, de modo que, numa assembleia, soubessem ter fortes 
argumentos a favor ou contra uma opinião e ganhassem a discussão”.
Contrariando as ideias dos sofistas, Sócrates desenvolveu uma filosofia baseada no 
autoconhecimento, que consistia na investigação e no questionamento de sua própria vida. 
“Conhece-te a ti mesmo” é uma de suas expressões que melhor representa o seu pensamento e 
está diretamente relacionada com os seus ensinamentos. Segundo Sócrates, uma das atitudes 
mais importantes de qualquer pessoa é buscar o conhecimento de si próprio antes de fazer 
qualquer julgamento. 
Como professor, Sócrates desenvolve um método prático baseado no diálogo, na 
conversa, na dialética, que tem por finalidade desenvolver nas pessoas um conhecimento mais 
seguro sobre as coisas, e não apenas frutos das aparências, como defendiam os sofistas. Este 
método se dá a partir de dois pontos principais: a ironia e a maiêutica.
2.1 A IRONIA
A primeira etapa do método socrático consiste em reconhecer a própria ignorância. Ou 
seja, ter consciência de que não sabemos tudo, reconhecer os limites e as contradições de 
nossos pensamentos através da interrogação e do questionamento. Do grego, ironia, significa 
interrogação. De fato, Sócrates interrogava as pessoas sobre aquilo que elas pensavam saber. 
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Somente quando reconhecemos a ignorância é que estamos preparados para reconstruir 
as nossas ideias. Neste sentido, Sócrates propunha a maiêutica, que em grego significa “parto 
das ideias”. A maiêutica tinha por finalidade levar as pessoas a desenvolver suas próprias ideias. 
A origem da expressão maiêutica está relacionada à sua mãe, que, sendo parteira, ajudava 
as mulheres a darem à luz a seus filhos. Neste sentido, Sócrates coloca-se como parteiro, 
que tem a finalidade de dar à luz a novas ideias aos seus discípulos através do diálogo e do 
questionamento. (COTRIM, 2002).
Portanto, em vez de seguir a prática habitual de ensino em que o aluno pergunta e 
o professor responde, Sócrates fazia o contrário: era ele quem perguntava. Isto levava seus 
discípulos ao questionamento e a terem suas próprias ideias.
Assim como Sócrates, que utilizou a ironia e a maiêutica como métodos para desmascarar 
os sofistas

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