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Cálculo Diferencial e Integral Limites Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Esp. Clovis Jose Serra Damiano Revisão Textual: Profa. Ms. Selma Aparecida Cesarin 5 • Introdução • Limites • Propriedades úteis para avaliação dos limites Para ajudá-lo, realize a leitura dos textos indicados, acompanhe e refaça os exemplos resolvidos, além de treinar com as Atividades Práticas disponíveis e suas resoluções ao final do conteúdo. Não deixe de assistir, também, à apresentação narrada do conteúdo e de alguns exercícios resolvidos. Finalmente, e o mais importante, fique atento às atividades avaliativas propostas e ao prazo de realização e envio. Estudaremos: Conceito intuitivo de limite; Limites pela esquerda e pela direita; Limite inexistente; Limite quando a imagem de a não está definida; Indeterminação do limite; Limites envolvendo o infinito; Propriedade dos limites; Reta tangente e taxa de variação média e instantânea. Definição formal de um limite. Ao término deste estudo, desejamos que você seja capaz de interpretar e conceituar um limite, bem como resolver problemas envolvendo o conceito de limite. Limites • Problemas de aplicação • Definição formal de limite 6 Unidade: Limites Contextualização O conhecimento matemático è a construção do homem para auxiliá-lo na resolução de problemas. Qualquer novo conhecimento leva um tempo para ser internalizado. Como atividade de contextualização, leia a parte de um artigo muito interessante,retirado do site: http://fatosmatematicos.blogspot.com.br/2009/10/aprendendendo-aprender-matematica. “Ninguém aprende Matemática ouvindo o professor em sala de aula, por mais organizadas e claras que sejam suas preleções, por mais que se entenda tudo que ele explica”. Isto ajuda muito, mas é preciso estudar por conta própria logo após as aulas, antes que o benefício delas desapareça com o tempo... Mas esse estudo exige muita disciplina e concentração: estuda-se sentado à mesa, com lápis e papel à mão, prontos para serem usados a todo o momento. Você tem de interromper a leitura... para fazer um gráfico ou diagrama, ou alguma figura que ajude a seguir o raciocínio do livro, sugerir ou testar uma ideia... Por isso mesmo, não espere que o livro seja completo, sem lacunas a serem preenchidas pelo leitor; do contrário, esse leitor será induzido a uma situação passiva, quando o mais importante é desenvolver as habilidades para o trabalho independente... Os exercícios são uma das partes mais importante do livro. De nada adianta estudar a teoria sem se aplicar na resolução dos exercícios propostos. Muitos desses exercícios são complementos da teoria e não podem ser negligenciados, sob pena de grande prejuízo no aprendizado. Você estará fazendo progresso significativo quando sentir que está realmente aprendendo a aprender.” 7 Introdução A ideia de limite surgiu na Grécia antiga (século V a.C.). Nesse tempo, Zenão de Eleia desafiou os filósofos gregos com uma série de paradoxos . Entre eles, o de Aquiles e a tartaruga. Glossário Um paradoxo é uma declaração aparentemente verdadeira que leva a uma contradição lógica, ou a uma situação que contradiz a intuição comum. Em termos simples, um paradoxo é “o oposto do que alguém pensa ser a verdade”. A identificação de um paradoxo baseado em conceitos aparentemente simples e racionais tem, por vezes, auxiliando significativamente o progresso da Ciência, Filosofia e Matemática. O veloz Aquiles corre para alcançar uma tartaruga que se afasta dele, mas quando ele chega ao lugar em que a tartaruga estava ela já partiu. Aquiles nunca pode alcançar a tartaruga, porque na altura em que atinge o ponto de onde a tartaruga partiu, ela já terá se deslocado para outro ponto. Na altura em que alcança esse segundo ponto, ela terá se deslocado de novo, e assim sucessivamente, ad infinitum. Arquimedes consolida esse conceito definindo a área do círculo como limite dos polígonos inscritos e circunscritos, determinando como consequência o valor de π. Vamos observar algumas situações em que estão presentes as ideias intuitivas de limite. Se o câmbio do dólar americano se estabilizar em torno de R$ 2,00, então, o valor pago por 100 dólares estabilizará em R$ 200,00. Logo, podemos dizer que o limite (valor pago por 100 dólares) é igual a R$ 200,00 quando o valor pago por 1 dólar tende a R$ 2,00. Considere sequência (an) de números, com *1 , na nn = ò . Veja a sequência numérica e observe o que acontece com a_n, conforme n cresce indefinidamente. Dizemos que quando n tende ao infinito, o limite da sequência é igual a zero, pois o valor obtido tende a zero. Sequência=1 0,1 0,01 0,001 0,0001 0,00001... Imagine uma placa metálica quadrada que se expande de maneira uniforme ao ser aquecida. Se é o comprimento do lado, a área da placa é dada por 2A = . Portanto, quando se aproxima de 3, 2A = se aproxima de 9 como um limite. Simbolicamente, escreveremos 2 3 lim → = 9. Pense agora que você está acelerando um automóvel. Quando o acelerador for calcado para baixo cerca de 2 cm, a velocidade se manterá próxima a 60 km/h. 8 Unidade: Limites Logo, podemos dizer que o limite (a velocidade instantânea do carro) é 60 km/h quando o acelerador tender a 2 cm para baixo. Matematicamente, expressamos essa informação da seguinte maneira: ( ) 2 lim 60 x v x → = Sendo que v(x) é a velocidade instantânea do carro e x é a medida em centímetros calcado no acelerador. Limites O limite é um conceito matemático rigorosamente definido. Basicamente, estaremos preocupados com o que acontece com a variável dependente quando os valores da variável independente se aproximam de uma constante a. Alguns pontos importantes: • O conceito de limite de uma função quando x tende para a não pode ser confundido com o conceito do valor da função quando x = a; • O limite quando x tende para a pode existir e a função pode ser definida em a ou não; • A função pode ser definida para a e o limite pode existir ou não; • O limite quando x tende para a pode existir e a função pode ser definida para a, e seus valores podem ser os mesmos ou não; • Geralmente x pode tender para a pelos dois sentidos, por meio de valores menores que a ou de valores maiores que a; • O limite L deve ser um número finito. Vamos considerar a função f(x) = x + 2: x 1,9 1,99 1,999 1,9999 2 2,0001 2,001 2,01 2,1 f(x) = x+2 3,9 3,99 3,999 3,9999 4 4,0001 4,001 4,01 4,1 Podemos observar claramente que quanto mais x se aproxima de 2, tanto para valores menores do que 2 (pela esquerda), como para valores maiores do que 2 (pela direita), f(x) se aproxima cada vez mais de 4. Observe no gráfico e analise para que valor a função tende (olhe no eixo y), quando nos aproximamos do valor 2 (eixo x). 9 Seja f(x) uma função definida em um intervalo aberto em torno de x0, Se f(x), fica tão próximo de L (tanto quanto quisermos) para todos os valores de x de próximos de x0, dizemos que f tem um limite L quando x tende a x0 e escrevemos: ( ) 0 lim x x f x L → = Lê-se: O limite de f(x) quando x tende à x0 é L. Limite pela direta e pela esquerda Quando a variável x tende x = a, mas sempre permanece menor do que a, dizemos que x tende a a pela esquerda, ou seja, para valores menores do que a. Se o valor de f(x) se aproxima cada vez mais de L- quando x tende a a pela esquerda, dizemos que L- é o limite pela esquerda e empregamos o símbolo: ( )lim x a f x → = L- Da mesma forma, quando x tende para a, e sempre permanece maior do que a, simbolizamos o limite por: ( )lim x a f x → = L+ Surge, então, a questão: os valores de f(x) sempre tenderão ao número real L quando x tende para a, seja pela esquerdaou pela direita? A resposta é NÃO. 10 Unidade: Limites Limite inexistente Vamos analisar o seguinte caso: Seja a função ( ) xf x x = , sendo , 0 . 0 x se x x x se x ≥ = − < Observe a função e verifique se ela tem limite ou não. Lembre-se de que para que exista o limite, a função deverá tender para o mesmo número, tanto pela direita como pela esquerda. Se escolhermos para x qualquer valor positivo, o resultado será sempre 1. Portanto, uma função constante de valor 1. Por exemplo, se escolhermos o valor 5 para o x, para calcular o valor da função vamos substituir na expressão: ( ) 55 1 5 f = = Se a escolha recair em um número negativo, o resultado sempre -1. Vamos verificar o que acontece com a função quando nos aproximamos do valor zero. Se nos aproximarmos do zero pela esquerda (valores menores do que zero, portanto, números negativos) o valor da função tende para -1. Se nos aproximarmos do zero pela direita (valores maiores do que zero, portanto, números positivos) o valor da função tenderá para 1. Conclui-se, então, que os limites tendem para valores diferentes quando nos aproximamos de zero pela esquerda ou pela direita. Se os valores não coincidem implica que a função não tem limite quando x tende a zero. f(a) não definida A existência de um limite quando x tende para a não requer que a esteja no domínio da função. O conceito de limite requer que a função esteja definida quando x se aproxima de a. É possível que f não seja definida no próprio ponto x = a. Considere a função ( ) 4 , 4 4, 4 x para x f x x para x − < = − > Vamos verificar se a função tem limite, e caso tenha, qual é esse limite? A função é definida no ponto 4? Saber se essa função tem limite no ponto 4, significa saber se a função tende para um mesmo valor quando me aproximo do número 4 pela esquerda (valores menores do que 4) ou pela direita (valores maiores do que 4). 11 Se isto acontecer, significa que a função tem limite e o valor desse limite é o mesmo para o qual a função tende. A função f(x) que estamos analisando não está definida no ponto 4, ou seja, não é possível calcular a sua imagem no ponto 4. Queremos saber se a função tem limite quando x tende a 4. A função é definida em partes, para valores maiores e menores do que 4. Portanto, teremos de calcular os limites laterais para saber se a função terá ou não limite. Para calcular o limite de forma algébrica, basta substituir o valor de x diretamente na função. Observe: ( ) 4 lim 4 4 0 x f x −→ = − = ( ) 4 lim 4 4 0 x f x +→ = − = Portanto, a função tende a zero quando f se aproxima do 4 tanto pela esquerda quanto pela direita. Se a função tende para um único valor, significa que a função tem limite e o valor desse limite é o valor para o qual ela tende. Em linguagem matemática: ( )4lim 0x f x→ = É importante observar que o fato da função não estar definida em um ponto não implica a existência ou não de um limite, pois vamos observar o comportamento da função na vizinhança do ponto. Quando o limite do denominador é igual a zero Quando calculamos o limite, nós o fazemos quando x tende para a e não para x = a. A função pode não existir no ponto a e seu limite pode existir. Essas situações nos levam a encontrar o limite do denominador igual a zero ou uma indeterminação 0 0 . Para resolver o problema, é preciso manipular algebricamente a função, por exemplo, fatorando o denominador. Vamos encontrar, caso exista, o limite de: 2 2 4 4 4 0lim 2 2 2 0x x x→ − − = = − − Substituindo o valor de x na função, chegamos ao resultado acima. Como não existe divisão por zero, podemos concluir que o limite não existe? A resposta é não! 12 Unidade: Limites Sempre que chegarmos ao resultado 0 0 , implica que o nosso limite está indeterminado, ou seja, ele pode ou não existir. Para resolver esse problema, teremos que manipular algebricamente essa função para saber se o limite existe ou não. Nosso objetivo será eliminar o denominador que está “atrapalhando” a resolução do nosso problema. Podemos fatorar a expressão do numerador e com isso será possível cancelar o denominador, observe: 2 2 4 4 4 0lim 2 2 2 0x x x→ − − = = − − O numerador é uma expressão que representa a diferença de dois quadrados (produto notável), que pode ser reescrita na forma de um produto. Ao se reescrever a função como um produto de dois fatores, é possível cancelar um deles (x-2) e, portanto, calcular o limite da função substituindo o x por 2. Limites envolvendo o infinito Até agora, trabalhamos com limites de funções que tinham a variável independente x tendendo para uma certa constante a. O que acontece se é permitido que a variável x cresça ou decresça sem limite? A expressão tende para o infinito é usada para indicar que x não está se aproximando de nenhum número real, mas crescendo indefinidamente. Notação: x∞ indica que x cresce ilimitadamente através de valores positivos. x−∞ indica que x cresce ilimitadamente através de valores negativos. Trocando Ideias Lembre-se de que infinito não é número real que se representa na reta real, mas sim um conceito. 13 Quando X tende para zero Analise o comportamento da função abaixo, observando a tabela. Verifique o seu limite pela esquerda e pela direita, quando x tende para zero: f(x) =1/x. Verifique, também, se quando x tende para zero se a função tem valores se aproximando de um limite bem definido: X -1 -0,1 -0,001 -0,0001 0 0,0001 0,001 0,1 1 f(x) -1 -10 -100 -1000 1000 100 10 1 Note que quando nos aproximamos de zero pela esquerda (valores menores do que zero), a função vai tendendo para um valor cada vez menor. Ele tende para o menos infinito. Quando nos aproximamos do zero pela direita, para valores maiores do que zero, a função tende para valores cada vez maiores, ou seja, tende ao mais infinito. Dizer que uma função tende para mais infinito ou menos infinito é uma forma de dizer que essa função não tem limite. Propriedades úteis para avaliação dos limites Pro priedade 1 Para qualquer constante real k, lim x a k k → = Portanto, 7 o limite de uma constante (k), é a própria constante. 2 lim 7 7 x→ = Propriedade 2 Para qualquer número real n, lim n n x a x a → = Exemplo: 2 2 3 lim 3 9 x x → = = Propriedade 3 ( ) ( )lim lim x a x a kf x k f x → → = 14 Unidade: Limites Exemplo: 2 2 2 2 lim3 3lim x x x x → → = ( )22 2 lim3 3. 2 3.4 12 x x → = = = ( )22 2 3lim 3. 2 3.4 12 x x → = = = Propriedade 4 ( ) ( ) ( ) ( )lim lim lim x a x a x a f x g x f x g x → → → ± = ± Exemplo: 2 2 3 3 3 lim( 2 ) lim lim 2 x x x x x x x → → → + = + 2 2 3 lim( 2 ) 3 2.3 15 x x x → + = + = 2 2 3 3 lim lim 2 3 2.3 15 x x x x → → + = + = Propriedade 5 ( ) ( ) ( ) ( )lim . lim .lim x a x a x a f x g x f x g x → → → = Exemplo: 2 2 5 5 5 lim .3 lim .lim3 x x x x x x x → → → = ( )22 5 lim .3 5 .3.5 375 x x x → = = 2 5 lim 25 x x → = 5 lim3 3.5 15 x x → = = 2 5 5 lim .lim3 25.15 375 x x x x → → = = 15 Propriedade 6 ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) lim lim , lim 0 lim x a x a x a x a f xf x se g x g x g x → → → → = ≠ Exemplo: 22 2 2 2 lim 11lim 3 lim 3 x x x xx x x → → → ++ = + + 2 2 2 1 2 1 5lim 1 3 2 3 5x x x→ + + = = = + + 2 2 2 lim 1 2 1 5 x x → + = + = 2 lim 3 2 3 5 x x → + = + = 2 2 2 lim 1 5 1 lim 3 5 x x x x → → + = = +Taxas de variação e limites A taxa de variação é a base do estudo das funções. Ela exprime a “rapidez” com que uma função cresce/decresce em um intervalo de tempo. Exemplo: Um carro desloca-se de A para B em um intervalo de tempo, conforme descrito na tabela abaixo. Calcular a taxa de variação média entre os instantes 1 e 4: Tempo(s) 0 1 2 3 4 5 6 7 ... Espaço (m) 0 2 5 9 14 20 27 35 ... [ ] 14 21, 4 3 / 4 1 tvm m s−= = − 16 Unidade: Limites A taxa de variação média (tvm) de uma função f em um intervalo [XA, XB], é: [ ] ( ) ( ) , Ätvm ÄA B B A X X B A f X f X y X X x − = = − Os fenômenos físicos muitas vezes envolvem grandezas que variam: • A intensidade do tremor de um terremoto; • A inflação de uma moeda; • O número de bactérias em uma cultura; • A velocidade de um foguete; • Etc. O objetivo da aula é desenvolver o conceito de “derivada”, que é a ferramenta matemática que estuda a taxa segundo a qual varia uma quantidade em relação à outra. O estudo de taxas de variação está relacionado ao conceito geométrico de uma reta tangente a uma curva. Portanto, estudaremos a definição geral de reta tangente e também os métodos para encontrar sua inclinação e equação. Retas Tangentes Reta tangente a uma curva y = f(x) num ponto P(x0, f(x0)). Considere um ponto Q(x, f(x)) que seja distinto de P e calcule a inclinação da reta secante PQ (m PQ): m PQ = ( ) ( )0 0 f x f x x x − − Quando x tende a x0, então Q caminha na curva e se aproxima de P. Se a reta secante PQ atingir uma posição limite quando x x0, consideraremos essa posição como a posição da reta tangente em P. Se m nos dá a inclinação da reta, podemos achar a equação da reta tangente pela aplicação da fórmula: y=ax+b. Taxa de variação instantânea de uma função Vamos tomar, por exemplo, a velocidade de um automóvel em um percurso AB. Em geral, a velocidade média do percurso AB não coincide com a velocidade em um determinado instante. 17 Para obter a velocidade instantânea no instante t0, consideram-se intervalos de tempo entre t0 e t0 + h e se calcula o limite das taxas de variação (tvm [t0, t0 + h]) quando h tende para zero. A velocidade instantânea ou a taxa de variação instantânea (tvi) de uma função f no instante t0 ou a derivada da função é dada por: 0 lim x y x∆ → ∆ ∆ Sendo: ∆y = f(x0 + ∆x) – f(x0) O valor desse limite é denotado por f’(x0) e dizemos que f é derivável em x0. Graficamente vamos considerar uma reta secante passando por: Q(x0 + ∆x, f(x0 + ∆x)) P (x0 + f(x0)) Para ∆x tendendo a zero, a reta secante que passa por PQ muda de posição, pois o ponto Q vai se aproximando do ponto P, ou seja, tendo à reta tangente ao gráfico em P. Em termos de limite temos: m = ( ) ( )0 0 lim ∆ → + ∆ − ∆ o x f x x f x x A derivada de uma função f em x0 é igual ao coeficiente angular da reta tangente do gráfico de f no ponto de abscissa x0. 18 Unidade: Limites Exemplo Vamos usar a ideia de limite para obter a equação da reta t, tangente ao gráfico de f(x) = – x2 – 1 no ponto P de abscissa 1. Resolução O ponto P é um par ordenado. Portanto P (x, y), temos o valor de x e, portanto, precisamos achar o valor de y, pela função, ou seja, f(1) = –2, logo P = (1, –2). A partir dessa informação, podemos calcular o coeficiente angular da reta tangente ao gráfico no ponto P. m(inclinação da reta) = ( ) ( )0 0 lim o x f x x f x x∆ → + ∆ − ∆ ( ) ( ) 0 1 1 lim x f x f x→∆ + −∆ ∆ ( ) ( )2 0 [ 1 1] 2 lim x f x x∆ → ∆ − − − ∆ + ( )2 0 1 2 1 2 lim x x x x→∆ − + + − + ∆ ∆ ∆ ( )2 0 1 2 1 2 lim x x x x→∆ ∆ ∆− − − + ∆ − ( )2 0 2 lim x x x x→∆ ∆ ∆− ∆ − ( ) 0 2 lim x x x x→∆ − −∆ ∆ ∆ Como o limite encontrado é igual à inclinação da reta (ou seja, é o seu coeficiente angular), podemos substituir na fórmula: y=ax+b y=-2x+b 19 Nosso próximo passo será achar o valor de b, e conseguimos isso substituindo os valores conhecidos de x e y (ponto P), na função: -2=-2.1+b b=0 A equação da reta tangente ao ponto P é: y=-2x. Observe no gráfico a seguir a equação da reta encontrada e a equação tangente ao gráfico da parábola abaixo. Vamos analisar se f(x) = |x- 2|, para x = 2. 0 2 2 0 lim x f x x→∆ + − −∆ ∆ 0 lim x x x→∆ ∆ ∆ = 1, 0 1, 0 se x se x > − < Podemos observar que os limites laterais não coincidem, ou seja, os limites são diferentes e isso implica que não existe limite no ponto 2. Conclusão: a função não é derivável no ponto 2. 20 Unidade: Limites Problemas de aplicação Exercício 1 Seja f: RR dada por f(x) = ax2, derivável. Calcule o coeficiente angular da reta tangente à curva no ponto de abscissa x= a. Resolução Como já vimos no exercício anterior, o coeficiente angular da reta tangente à curva em um ponto P qualquer é numericamente igual ao limite da função nesse ponto quando o ∆x tende a zero. Nosso primeiro passo é calcular esse limite: ( ) ( )2 0 lim x f a x f a ax x∆ → + − = ∆ ∆ ( ) ( ) ( )2 22. 2f a x a a x a a a x x + = + = + +∆ ∆ ∆∆ ( ) ( )23 22f a x a a x x+ ∆+ +∆ ∆= ( ) 2 3.f a a a a= = Vamos calcular o limite: ( )23 2 3 2 0 2 lim x a a x x a ax x→∆ ∆ + + −∆ ∆ = ( )222 0 2 lim x a x x ax x→∆ +∆ ∆ ∆ = ( )22 2 0 2 lim 2 x x a x ax a x→∆ ∆ ∆ ∆ + = = Resposta O coeficiente angular da reta tangente à curva f(x)= ax2 é 2a2. 21 Exercício 2 Obtenha a equação da reta tangente ao gráfico de f(x) = x2 no ponto de abscissa -2. Resolução Se o que buscamos é a equação da reta tangente, nosso primeiro passo será identificar o coeficiente angular dessa reta, que sabemos ser numericamente igual ao limite da função quando o valor de x tende à -2: ( ) ( )2 2 2 2 lim x f x f x x→− − −∆+ − ∆ = ( ) ( ) ( )2 22 2 4 2f x x x x+ = + = ∆− +∆ ∆ ∆ ( ) ( )22 2 4f − = − = ( )22 2 4 2 4 lim x x x x x→− − ∆+ −∆ ∆ = ( )2 2 2 lim 4 x x x x x→− ∆ ∆ = ∆ − + = − Obtivemos, assim, o coeficiente angular da reta que procuramos. y=-4x+b Basta substituir os valores de x e y por um par ordenado conhecido. Sabemos que quando x é -2, o y = 4, portanto: 4=-4.(-2)+b 4=8+b A equação da reta procurada é y=-4x-4. Continuidade Dizemos que uma função f(x) é contínua num ponto a de seu domínio se as seguintes condições são satisfeitas: 22 Unidade: Limites 1) f(a) é definida, isto é, o domínio de f inclui x = a. 2) ( )lim x a f x → existe. 3) ( )lim x a f x → =f(a) Verifique se as funções abaixo são contínuas ou não: 1) f(x)=(x^2-4)/(x-2) Para que a função seja contínua, ela não pode ter nenhuma interrupção. É a ideia de uma linha continua, sem quebras. No caso dessa função, observe que ela não está definida no ponto 2, ou seja, não há imagem para x = 2. Portanto, ela não é contínua porque não está definida no ponto x = 2. A função não atende uma das condições acima mencionadas. Para a função ser contínua, ela tem que atender as três condições simultaneamente. Resposta: a função não é contínua por não estar definida no ponto x = 2. 2) ( ) 2 , 5 3 5, 5 x se x f x x se x ≤ = + > Vamos observar as condições de continuidade: A função está definida em todos os pontos do domínio. Portanto, atende a condição 1. Para ela ser contínua, ele deverá ter limite, no caso, para x = 5. Calculando os limites: 5 lim 2 10 x x −→ = 5 lim 3 5 20 x x +→ + = Os limites laterais não coincidem. Portanto, o limite de f(x) não existe. Com essainformação percebe-se que a função não atende a condição 2, portanto a função não é contínua. 23 Definição formal de limite A definição intuitiva de limite por vezes é inadequada para determinados propósitos, pois ela afirma que quando se está próximo do valor “a” do eixo x, a função tende para o número “L” no eixo y. Vamos entender a definição precisa de um limite analisando a seguinte função: ( ) 2 1, 3 6, 3 x se x f x x se x − ≠ = = = Intuitivamente, nota-se que quando mais próximo se está do número 3, mas para um número diferente de 3, o limite L é 5, ou seja: ( ) 3 lim 5 x f x → = Para obter informações detalhadas de como f(x) se comporta (quanto varia) quanto mais perto se está do número 5, podemos fazer o seguinte questionamento: A que proximidade do 3 o x deve estar para que f(x) difira de 5 por menos de 0,1? A distância de x até 3 é igual ao módulo: |x-3| e a distância de f(x) até 5 é |f(x)-5|. Nosso problema será achar um número δ (letra grega delta), tal que: |f(x)-5|<0,1 se |x-3|<δ Vamos resolver essa inequação: |(2x-1)-5|<0,1 |2x-6|<0,1 2|x-3|<0,1 |x-3|<0,1/2=0,05 δ<0,05 Saber que δ<0,05, que dizer que se o x estiver a uma distância de no máximo 0,05 do número 3, então f(x) estará a uma distância de no máximo 0,1 de 5. Se mudarmos o número 0,1 do nosso problema, para o número menor 0,01 e utilizarmos o mesmo método para calcular o valor de δ, vamos verificar que f(x) estará distante de até 0,01 do número 5, desde que x esteja distante de até 0,005 de x. Se mudarmos o 0,1 por 0,001, um número menor ainda, vamos achar um δ<0,0005. 24 Unidade: Limites Esses números 0,1, 0,01, 0,001 são chamados erros de tolerância, ou tolerância que se pode admitir. Para que o número 5 seja precisamente o limite de f(x) quando o x tende a 3 é preciso conseguir que a diferença entre f(x) e o número 5 seja menor que qualquer número positivo. Se chamarmos um número positivo arbitrário pela letra grega ε épsilon, podemos reescrever o nosso problema da seguinte forma: |f(x)-5|<ε se 0<|x-3|<δ= 2 ε . A sentença acima é uma maneira precisa de dizer que f(x) está próximo de 5 quando x está próximo de 3. Assim, é possível obter os valores de f(x) dentro de uma distância arbitrária ε do número 5 tomando os valores de x dentro de uma distância de 2 ε do número 3. Definição precisa de limite Seja f uma função definida em um intervalo aberto que pode ou não conter o número a, dizemos que o limite de f(x) quando x tende ao número a é L, e escrevemos: ( ) a lim x f x L → = Se para todo ε>0 há um número correspondente δ>0, tal que: ( ) 0f x L sempreque x aε δ− < < − < Uma vez que |x-a| é a distância do número a até o x e |f(x)-L| é a distância de f(x) até L, e sabendo que ε pode ser arbitrariamente pequeno, podemos expressar a definição de limite (na linguagem materna) como: O limite da função f(x) quando x tende ao número a é L significa que a distância entre f(x) e L pode ser arbitrariamente pequena tomando-se a distância de a até x suficientemente pequena, mas diferente de zero. Mostre que ( ) 1 lim 5 3 2 x x → − = Nosso problema consiste em demonstrar que para qualquer ε>0 é possível encontrar um δ>0 adequado de tal modo que x seja diferente de 1e esteja a uma distância menor do que δ de x0 = 1. Isto é, sempre que 0<|x-1|<δ será verdade que |f(x)-2|<ε. Encontra-se o valor de δ resolvendo a inequação: |f(x)-L|<ε |(5x-3)-2|<ε 25 |5x-5|<ε 5|x-1|<ε |x-1|< 5 ε Podemos tomar δ como 5 ε , portanto ε=5δ Se 0<|x-1|< 5 ε , então: |(5x-3)-2|<5δ |(5x-5)|<5δ 5|x-1|<5δ |x-1|< 5 5 δ Como ε=5δ, então: |x-1|< 5 ε Essa demonstração prova que ( ) 1 lim 5 3 2 x x → − = . 26 Unidade: Limites Material Complementar Para se aprofundar sobre o estudo os limites, consulte os sites e as referências a seguir: • https://www.youtube.com/watch?v=iUxAIFuX7f4 • https://www.youtube.com/watch?v=SJb1g3qr_0o • https://www.youtube.com/watch?v=2a_WmvgVhVs • https://www.youtube.com/watch?v=x6lICc6aCvk • https://www.youtube.com/watch?v=T4l79_LplPQ Outra indicação: • Capítulo 2 do livro Cálculo (George B. Thomas Jr), (volume 1), de Maurice D. Weir, Joel Hass, Frank R. Giordano. São Paulo: Addison Wesley, 2009. p. 66-91. 27 Referências FLEMMING, Diva Marília; GONCALVES, Miriam Buss. Cálculo A: funções, limite, derivação, integração. 6.ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. STEWART, James. Cálculo 6.ed. São Paulo: Cengage Learning, 2010. THOMAS JR., George B. et al. Cálculo (de) George B. Thomas jr. 12.ed. São Paulo: Addison-Wesley, 2003. GUIDORIZZI, Hamilton Luiz. Em curso de cálculo. 5.ed. Rio de Janeiro: LTC, 2001-2002. 28 Unidade: Limites Anotações www.cruzeirodosulvirtual.com.br Campus Liberdade Rua Galvão Bueno, 868 CEP 01506-000 São Paulo SP Brasil Tel: (55 11) 3385-3000
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