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Teorias do Jornalismo Revisão

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Teorias do Jornalismo
Produzido e Organizado por 
Dr. Luiz Ademir de Oliveira e
 Ms. Mariane Motta de Campos 
Curso de Comunicação Social – 
Jornalismo (UFSJ)
Teoria do Espelho ou Visão 
Funcionalista do Jornalismo
• A profissão do jornalista é carregada de mitos, entre os quais o 
mito da objetividade jornalística. Sinônimo de verdade, de 
objetividade, de neutralidade, de imparcialidade, o jornalismo 
pressupõe ser um retrato fiel do real. 
• Tal concepção está ligada à visão funcionalista formulada por 
Durkheim quando este ao criar as Ciências Sociais se inspirou 
nos métodos das Ciências Naturais, acreditando ser possível 
ter um distanciamento dos fenômenos a serem estudados. “Os 
fatos sociais devem ser tratados como coisas”. Dessa forma, um 
cientista pode se distanciar e ter uma visão neutra sobre o seu 
objeto de estudo, assim como os jornalistas podem ser 
imparciais frente aos fatos sociais que alimentam o noticiário.
• A visão funcionalista é criticada por ser uma forma de garantir 
a manutenção do sistema capitalista ao propor um 
funcionamento tranquilo entre os vários órgãos sociais. 
Teoria do Espelho ou Visão 
Funcionalista do Jornalismo
• Traquina afirma que uma das primeiras teorias do 
jornalismo é a Teoria do Espelho. Tem a ver com a 
própria ideologia dominante no campo jornalístico 
(pelo menos nos países ocidentais). É a teoria mais 
antiga e responde que as notícias são como são porque 
a realidade assim as determina. Parte da ideia de que o 
jornalista é um comunicador desinteressado, isto é, 
um agente que não tem interesses específicos a 
defender e que o desviam da sua missão de informar, 
procurar a verdade, contar o que aconteceu, doa a 
quem doer. 
Teoria do Espelho ou Visão 
Funcionalista do Jornalismo
• Tal visão coincide com a consolidação da imprensa 
como grande empresa capitalista, principalmente 
no século XX, quando os jornais políticos e 
partidários perderam espaço. Era preciso buscar 
uma forma de dar credibilidade aos jornais como 
produtos – daí a concepção de que são meios de 
informação marcados pela imparcialidade que 
cumprem um papel social. 
Teoria do Espelho ou Visão 
Funcionalista do Jornalismo
• Traquina afirma que o mito da objetividade jornalística surge em dois 
momentos. 
• Primeiro, surge em meados do século XIX com um novo jornalismo – o 
jornalismo de informação – a ideia-chave de separação entre fatos e 
opiniões. Em 1856, o correspondente em Washington da agência 
Associated Press pronunciou o que ia ser a Bíblia desta nova tradição 
jornalística: “O meu trabalho é comunicar fatos: as minhas instruções 
não permitem qualquer tipo de comentários sobre os fatos, sejam eles 
quais forem” (Read). 
• As agências noticiosas foram as grandes defensoras desta visão 
positivista – na França (Havas), Estados Unidos (Associated Press), 
Inglaterra (Reuters) e Alemanha (Wolfe). A mensagem dita informativa 
é suposta dar a palavra e deixar exprimir a realidade. Fortalecido ainda 
com o surgimento da fotografia que reforçou a ideia de retratar 
fielmente a realidade via imagem – espelho do real.
Teoria do Espelho ou Visão 
Funcionalista do Jornalismo
• O segundo momento histórico tem lugar no século 
XX com o surgimento do conceito de objetividade 
nos anos 20 e 30 nos Estados Unidos. Nesta época, 
o influente jornalista Walter Lippmann disse em 
seu livro “Opinião Pública” que os jornalistas 
precisavam procurar no método científico 
(positivismo – funcionalismo) os procedimentos 
profissionais para superar a subjetividade. 
Teoria do Espelho ou Visão 
Funcionalista do Jornalismo
• Os procedimentos que supostamente garantem a 
imparcialidade jornalística e nutrem a Teoria do 
Espelho: 
• (a) o jornalista deve simplesmente relatar os fatos 
sem juízos de valor; 
• (b) separação entre informação, interpretação e 
opinião (Erbolato); 
• (c) ouvir os dois lados; 
• (d) preferencialmente, estar presente ao fato para ter 
um relato mais fiel da realidade; 
• (e) o poder das imagens na transmissão do real; 
• (f) tratar as fontes sempre com desconfiança, pois 
têm interesses.
Teoria do Espelho ou Visão 
Funcionalista do Jornalismo
• As escolas de jornalismo, de certa forma, ainda 
alimentam o mito da objetividade jornalística. 
As empresas jornalísticas em seus manuais 
explicam os procedimentos adequados para 
garantir a imparcialidade jornalística. Enfim, o 
modelo norte-americano ainda é praticado e 
hegemônico.
Críticas à Teoria do Espelho: é uma 
explicação pobre e insuficiente
• (a) o funcionalismo erra ao pregar a imparcialidade do cientista,
• (b) os jornalistas não são observadores neutros da realidade, 
• (c) os procedimentos garantem uma aproximação com o real, 
mas há sempre uma nova construção do real, 
• (d) não há distinção tão nítida entre informação, interpretação e 
opinião. A escolha do que informar já traz subjetividade;
• (e) os veículos jornalísticos são empresas que visam ao lucro e 
priorizam as notícias que são de seu interesse; 
• (f) o jornalista é carregado por suas visões de mundo, 
preconceitos e subjetividade; 
• (g) há outros fatores que interferem como as rotinas de 
produção, os recursos disponíveis; 
• (h) mesmo presente no fato, o jornalista só é capaz de captar 
fragmentos do real que será reconstruído, mesmo se tiver 
imagem. 
A teoria da Ação Pessoal ou a Teoria 
do Gatekeeper
• A primeira teoria que surgiu foi a teoria do 
gatekeeper nos anos 50 por David Manning White, 
que foi o primeiro a aplicar o conceito ao 
jornalismo – uma das mais tradicionais teorias. O 
termo gatekeeper refere-se à pessoa que toma 
uma decisão numa sequência de decisões; foi 
introduzido pelo psicólogo social Kurt Lewin num 
artigo de 1948 sobre as decisões domésticas 
relativas à aquisição de alimentos para casa. 
A teoria da Ação Pessoal ou a Teoria 
do Gatekeeper
• Na teoria, o processo de produção da informação é 
concebido como uma série de escolhas onde o 
fluxo de notícias tem de passar por diversos Gates, 
isto é, portões, que não são mais do que áreas de 
decisão em relação às quais o jornalista, isto é, o 
gatekeeper, tem de decidir se vai escolher esta 
notícia ou não. Se a decisão for positiva, a notícia 
acaba por passar pelo portão; se for negativa, não 
será publicada. 
A teoria da Ação Pessoal ou a Teoria 
do Gatekeeper
• Em 1950, o clássico estudo de David White baseia-se 
numa pesquisa sobre a atividade de um jornalista de 
meia-idade num jornal médio norte-americano. Mr. 
Gates, que anotou durante uma semana os motivos 
que o levaram a rejeitar as notícias que não usou. 
Concluiu que o processo de seleção é subjetivo e 
arbitrário. As decisões dos jornalistas eram altamente 
subjetivas e dependentes de juízos de valor baseadas 
no conjunto de experiências, atitudes e expectativas 
do gatekeeper. As notícias são explicadas como um 
produto de pessoas e das suas intenções. 
A teoria da Ação Pessoal ou a Teoria 
do Gatekeeper
• A teoria do gatekeeper analisa as notícias apenas 
a partir de quem as produz: o jornalista. É uma 
abordagem microssociológica, ao nível do 
indivíduo, ignorando os fatores 
macrossociológicos. Situa-se no jornalista e não 
na organização. Portanto, é uma visão limitada 
do processo de produção das notícias.
A Teoria Organizacional
• Na revista Forças Sociais, Warren Breed publicou o 
primeiro estudo que avançou na teoria organizacional. 
Amplia do nível individual para a organização 
jornalística. O artigo “Controle social da redação: uma 
análise funcional” insere o jornalista no contexto da 
organização que trabalha. Breed sublinha a 
importância dos constrangimentos organizacionais 
sobre a atividade profissional do jornalista. Ele 
considera que o jornalista se conforma mais com as 
normaseditoriais da política editorial da organização 
do que com quaisquer crenças pessoais que ele tivesse 
trazido consigo. O jornalista é socializado na política 
editorial da organização, por meio de uma sucessão 
sutil de recompensa e punição. 
A Teoria Organizacional
• Breed identifica seis fatores que promovem o conformismo com a 
política editorial da organização: 
• (1) a autoridade institucional e as sanções – a chefia tem o poder de 
decidir quem irá fazer a cobertura dos acontecimentos. Outros tipos de 
punição, como a alteração dos textos, a inserção de textos, a assinatura 
ou não dos textos; 
• (2) os sentimentos de obrigação e de estima para com os superiores – 
podem ser criados laços de amizade com o tempo. O jornalista pode 
sentir respeito, admiração para com jornalistas mais experientes que o 
tenham ensinado; 
• (3) Aspirações de mobilidade – lutar contra a política editorial do 
jornal era uma grande obstáculo para a carreira na empresa; 
• (4) a ausência de grupos de lealdade e em conflito - o local de trabalho 
é relativamente pacífico em que as organizações sindicais não têm 
interferido nos assuntos internos; 
• (5) o prazer da atividade – os jornalistas gostam do seu trabalho, as 
tarefas são interessantes e existe um ambiente de cooperação na sala 
de redação; 
• (6) As notícias como um valor – as notícias são um desafio constante. O 
jornalista investe em produzir boas matérias. 
A Teoria Organizacional
• O autor aponta, no entanto, cinto fatores dentro da área de 
influência do jornalista que o ajudam a iludir o controle da 
empresa: 
• (1) as normas editoriais nem sempre são completamente claras, 
uma vez que são vagas e abrem brechas; 
• (2) os diretores podem ignorar certos fatos específicos, e os 
jornalistas-empregados, que fazem a apuração, podem utilizar os 
melhores conhecimentos na subversão da política editorial; 
• (3) além da tática da pressão, explorando a ignorância dos 
executivos de certos fatos minúsculos, os jornalistas podem 
utilizar a tática da prova forjada (o jornalista pode publicar a 
notícia num outro jornal através de um jornalista amigo, 
obrigando a sua empresa a também publicar para não sofrer 
furo), 
• (4) em relação a certos tipos de estórias, o jornalista tem maior 
autonomia, como no beat story (setor habitual) e em estórias 
iniciadas pelos próprios jornalistas. 
A Teoria Organizacional
• A conclusão de Breed é que a linha editorial 
geralmente é seguida porque a fonte de 
recompensas do jornalista não é o público, mas 
muito mais entre seus colegas e superiores. 
Teorias da Ação Política 
• Nas teorias da ação política, as mídias noticiosas 
são vistas de uma forma instrumental, isto é, 
servem objetivamente a certos interesses 
políticos: na versão de esquerda, são vistos como 
instrumentos de manutenção do sistema 
capitalista;
Teorias da Ação Política 
• Na versão de direita, existe uma nova classe de burocratas 
e intelectuais que atuam dentro dos veículos para difundir 
ideais contrários ao capitalismo. 
• Pesquisas apontam que geralmente os jornalistas têm 
visões mais à esquerda do que as suas empresas. Ex: no 
Brasil, nos anos 90, pesquisas apontavam que jornalistas da 
Rede Globo, em sua boa parte, eram simpatizantes de 
partidos de esquerda, como o PT. 
• A teoria atribui aos jornalistas um papel ativo – Robert 
Hackett destaca: (a) os jornalistas têm o controle pessoal 
sobre o produto jornalístico; (b) os jornalistas estão 
dispostos a injetar as suas preferências políticas no 
conteúdo jornalístico; (c) os jornalistas como indivíduos 
têm valores políticos coerentes, a longo prazo, estáveis. 
Teorias da Ação Política 
• Na versão de esquerda, o papel dos jornalistas é pouco relevante, quase 
invisível, frente ao poder do capitalismo e do poder da organização. 
• Herman e Chomsky argumentam que o conteúdo das notícias não é 
determinado ao nível interior (no âmbito dos valores e preconceitos 
dos jornalistas), nem ao nível interno (referente à organização), mas ao 
nível externo, ao nível macroeconômico capitalista. Relação direta entre 
o resultado do processo noticioso e a estrutura econômica da empresa 
jornalística. 
• Os autores defendem a posição de que os mídias reforçam os pontos de 
vista do establishment (o poder instituído), devido ao poder dos 
grandes meios de comunicação e dos anunciantes (conglomerados). Os 
autores destacam os seguintes pontos: (a) o papel determinante dos 
proprietários dos mídia e a ligação estreita entre a classe capitalista, as 
elites dirigentes e os produtores midiáticos; (b) a existência de um 
acordo entre personalidades da classe dominante e produtores 
midiáticos; (c) a total concordância entre o produto jornalístico e os 
interesses dos proprietários e das elites. 
Teorias da Ação Política 
• Para Herman e Chomsky, cinco fatores explicam a 
submissão do jornalismo aos interesses do 
sistema capitalista: (1) a estrutura da propriedade 
dos mídias; (2) a sua natureza capitalista e 
mercadológica; (3) a dependência dos jornalistas 
de fontes governamentais e fontes do mundo 
empresarial; (4) as ações punitivas dos poderosos; 
(5) a ideologia anticomunista dominante 
principalmente em países como os Estados 
Unidos. 
Perspectiva construcionista – o jornalismo como 
uma construção social da realidade
• Peter Berger e Thomas Luckmann (1985), no livro “A construção social 
da realidade”, partem da Sociologia do Conhecimento, para discutir 
como não existe uma realidade dada, mas que esta realidade é 
construída socialmente a partir da atuação das diferentes instituições e 
atores sociais. Apesar de não discutirem a mídia, torna-se crucial para 
entender a mudança de paradigma no campo das Teorias da 
Comunicação e do Jornalismo, pois os autores apontam que é por meio 
da linguagem que os homens constroem a realidade, seja ratificando a 
ordem existente num viés conservador, seja alterando-a a partir de uma 
ação coletiva. 
• Hoje, como a mídia passa a ocupar um espaço de centralidade, além de 
se tornar cada vez mais presente no cotidiano dos indivíduos, em função 
do processo de midiatização (aparatos tecnológicos e culturais que 
permeiam a vida do indivíduo por intermédio das mídias digitais), 
entende-se que a construção social da realidade se dá, principalmente, 
na arena midiática em seus múltiplos espaços. 
Perspectiva construcionista – o 
jornalismo como uma construção 
social da realidade
• Homem como ser social e político e sua plasticidade de 
adaptação aos ambientes: ao falarem da relação entre o 
homem e a natureza, Berger e Luckmann (1985) salientam 
que o homem ocupa uma posição diferenciada em relação 
aos outros animais. Ele não encontra um meio ambiente 
estruturado para si, em função de sua condição biológica. 
Dada a grande plasticidade do organismo humano, o 
homem consegue superar os seus limites fisiológicos. Ao 
contrário de outros animais, o que caracteriza o homem é a 
sua abertura para o mundo. Isso explica a diversidade 
cultural existente. 
Perspectiva construcionista – o jornalismo 
como uma construção social da realidade
• Quanto à natureza humana, os autores não concordam que 
exista uma natureza pré-existente (o homem nasceu mau 
ou bom), mas que isso é construído socialmente via 
processos de socialização nas interações sociais. 
• Ordem social objetiva existente – Realidade Objetiva - 
as ações se repetem com o tempo, tornando-se hábitos e a 
reprodução desses constitui uma economia de esforço para 
o indivíduo e para o grupo, que assim não tem que 
“inventar a roda” toda a vez que necessitar realizar tal 
tarefa. A partir desse momento, onde se passa a ter a 
tipificação tanto da atividade, quanto de quem realiza e que 
se origina a institucionalização. “O que deve ser acentuado 
é a reciprocidadedas tipificações institucionais e o caráter 
típico não somente das ações, mas também dos atores nas 
instituições”.
Perspectiva construcionista – o 
jornalismo como uma construção 
social da realidade
• Hábitos: não se trata de um hábito qualquer que 
se torna típico, mas sim aqueles que são 
socialmente compartilhados por serem 
considerados relevantes para o grupo e que se 
consolidam ao longo da história da sociedade. 
Portanto, as instituições implicam sempre 
historicidade e controle.
Perspectiva construcionista – o jornalismo 
como uma construção social da realidade
• O mundo institucional é vivido pelo indivíduo como um 
dado inegável, pois aquele que o antecede, ou seja, as 
instituições não têm uma dimensão biográfica, mas sim 
uma tradição, que é experimentada pelo indivíduo como 
uma realidade objetiva, que persistirá mesmo quando o 
indivíduo deixar de existir.
• Ex: a luta contra o racismo passou por ações de 
contestação que se repetiram e tornaram hábitos, foram 
tipificados e então institucionalizados (lei contra o 
racismo e injúria racial). Código de Defesa do 
Consumidor, mudanças na posição da mulher, do 
público LGBGT, ações ambientais etc. 
Perspectiva construcionista – o jornalismo 
como uma construção social da realidade
• Realidade objetiva é uma construção social coletiva: os 
autores chamam a atenção, no entanto, para o fato de que a 
objetividade do mundo institucional não se dá sem a 
participação dos indivíduos. Ela é construção humana. Há 
uma relação dialética do homem com o mundo social: ele é 
produto (encontra um mundo pronto, mas é produtor 
porque pode alterar este mundo). 
• Três pressupostos básicos: (a) a sociedade é um produto 
humano; (b) a sociedade é uma realidade objetiva; (c) o 
homem é um produto social.
Perspectiva construcionista – o jornalismo como 
uma construção social da realidade
• Processo de Legitimação da Ordem Social: se no momento da 
tipificação dos hábitos houve a necessidade do consenso grupal para 
que a mesma fosse estabelecida, o mesmo se dá com a instituição por 
meio do mecanismo da legitimação. São, na verdade, formas de 
explicação e justificação sustentadas por valores e crenças, de modo a 
tornar a institucionalização objetivamente acessível e subjetivamente 
plausível.
• Características: (a) a lógica das instituições – a busca de coerência que 
está enraizada na própria ação humana. Mas a lógica também é 
produção humana e nem sempre ela existe; (b) linguagem – é o 
principal instrumento que possibilita a elaboração de “universos de 
significação socialmente compartilhados”, (c) regras de conduta e 
controle – receitas, prescrições do que é institucionalmente adequado, 
(d) sanções – punições para os desviantes da ordem institucional, 
quando estes não interiorizam as regras sociais.
Perspectiva construcionista – o jornalismo 
como uma construção social da realidade
• Níveis de legitimação: 
• 1º nível – objetivações linguísticas. Ex: É assim que se 
faz as coisas. (pré-teóricas)
• 2º nível – proposições teóricas em forma rudimentar. 
Esquemas explicativos de caráter pragmático. Ex: 
provérbios, as máximas morais, lendas e histórias 
populares.
• 3º nível – legitimação por via de especialistas. Ex: 
ciência.
• 4º nível – os universos simbólicos.
• Universos simbólicos: no caso dos universos simbólicos, eles 
integram de forma diferente as áreas de significação e alcançam a 
ordem institucional em uma totalidade simbólica. Neste nível ocorre 
uma integração que tem sentido, dentro de um quadro de referência 
global. Dessa forma, o indivíduo pode localizar-se no domínio da vida 
social, pois nele está contido uma teoria geral do cosmo e uma teoria 
geral do Homem.
• O universo simbólico oferece a ordem para apreensão subjetiva da 
experiência biográfica, ordenando e por isso mesmo legitimando os 
papéis cotidianos. A seguir, algumas funções legitimadoras do universo 
simbólico: (a) permite ordenar as diferentes fases da biografia, onde o 
indivíduo sente que está cumprindo “a natureza das coisas” ou que 
está vivendo “corretamente”, (b) permite ao indivíduo se sentir seguro 
de que “realmente é o que considera ser”, (c) permite uma “localização 
da morte”, (d) tem o papel de categorizar os fenômenos dentro de uma 
hierarquia do ser, (e) ordena a história estabelecendo uma ligação 
entre passado, presente e futuro e também vinculando os homens com 
seus antepassados e sua descendência numa totalidade dotada de 
sentido, (f) fornece uma integração unificadora de todos os processos 
institucionais separados, ou seja, a sociedade ganha sentido.
Perspectiva construcionista – o jornalismo 
como uma construção social da realidade
• Tipificação: constata-se que a origem da 
institucionalização consiste na tipificação das ações, das 
formas de ação, bem como dos atores. Isto implica não só o 
reconhecimento de um ator em particular, mas da sua 
própria ação como sendo possível a qualquer outro 
indivíduo que se habilite a fazer tal ação, ou seja, dentro de 
um dado contexto plausível, garantido por um sentido 
objetivo, o que se espera de um ator.
Perspectiva construcionista – o jornalismo 
como uma construção social da realidade
O sujeito se objetiva em tipificações socialmente 
compartilhadas, mas isto não significa que, necessariamente, 
torna-se tipificado. Isto é possível, porque depois de ocorrer 
a ação ele reflete sobre a mesma. Sendo assim, parte do eu se 
reconhece como executante da ação, enquanto outra não. É 
esta distância da ação socialmente objetivada que lhe 
permite refletir sobre seu comportamento. A partir deste 
distanciamento que é possível conservar a ação na 
consciência e projeta-la para ações futuras e desta forma não 
se concebe indivíduos únicos, mas sim tipos.
Perspectiva construcionista – o jornalismo 
como uma construção social da realidade
• Papéis sociais: a partir da tipificação, criam-se os papéis sociais. 
A conduta institucionalizada através de papéis possui um 
caráter controlador e os papéis representam a ordem 
institucional em dois níveis: (a) representam a si mesma, (b) 
representam uma necessidade institucional de conduta. Relação 
de reciprocidade entre os papéis e a ordem social. Papéis sociais 
representam a ordem institucional (garante a legitimidade e 
evitam conflitos) – por isso são chamados de papéis estratégicos 
(agir conforme as regras da instituição). Os papéis têm a ver com 
a divisão social do conhecimento, porque devido à divisão do 
trabalho vão surgindo na sociedade a necessidade de um maior 
conhecimento específico ao invés de um conhecimento 
generalizado. Ex: os especialistas – a divisão de papéis no campo 
do jornalismo, por exemplo. 
Perspectiva construcionista – o jornalismo 
como uma construção social da realidade
• Naturalização da ordem social ou reificação. Discute-se 
a naturalização da ordem social, ou seja, a ordem 
institucional sendo apresentada como uma facticidade não 
humana, como um dado da natureza, sendo resultado de 
leis cósmicas ou manifestações de um ser superior. A este 
processo deram o nome de reificação. A reificação 
constitui-se num grau extremo de objetivação. Perde-se o 
sentido dialético da relação indivíduo e sociedade e mesmo 
assim o homem continua a produzir um mundo que lhe 
nega a autoria. “A receita fundamental para a reificação das 
instituições consiste em outorgar-lhes um status ontológico 
independente da atividade e das significações humanas 
(BERGER & LUCKMANN, 1998: 124).
Perspectiva construcionista – o jornalismo como 
uma construção social da realidade
• O Processo Subjetivo de Socialização
• O processo de interiorização se realiza pela 
“socialização”, que consiste num movimento de 
grandes dimensões e consistente que visa inserir o 
indivíduo no mundo objetivo de uma dadasociedade ou em determinado segmento dela. Este 
processo acontece em dois estágios diferenciados: 
a socialização primária e a socialização 
secundária.
Perspectiva construcionista – o jornalismo como 
uma construção social da realidade
• Socialização primária: ocorre na infância do indivíduo, 
marca seu ingresso na vida social, sendo de maior 
importância para ele, porque não é uma aprendizagem 
unicamente pautada em processos cognitivos, mas ocorre 
num ambiente de elevada carga de emocionalidade. O que o 
indivíduo conhece como realidade objetiva nada mais é do 
que o conjunto de informações e definições que lhe são 
transmitidas pelos “outros significativos” (pai, mãe, irmãos, 
etc), com os quais ele se identifica. Os “outros” 
significativos é que estabelecem a mediação entre o mundo 
social objetivo e o indivíduo, fazendo uma “filtragem” da 
realidade a partir de sua própria localização social e de sua 
história pessoal. Pode-se dizer, baseado nisso, por exemplo, 
que a classe trabalhadora socializa os seus filhos de modo a 
reproduzirem-na.
Perspectiva construcionista – o jornalismo como 
uma construção social da realidade
• Ao observar as atitudes e os papéis dos “outros 
significativos, a criança também assume o mundo 
deles. A identidade é entendida pelos autores 
como sendo definida a partir da localização em um 
certo mundo e só podendo ser subjetivamente 
apropriado juntamente com este mundo. Ou seja, 
as identificações acontecem dentro de um 
horizonte que implica um mundo social específico.
Perspectiva construcionista – o jornalismo como 
uma construção social da realidade
• No processo da socialização primária, não há escolha de 
“outros significativos”. Eles são impostos à criança, de 
modo que a ela só cabe se identificar com aquele elenco de 
pessoas que lhe é definida, antecipadamente. Sem poder 
optar por outro arranjo, a criança, além de se identificar 
com esses “outros significativos” também interioriza a 
realidade particular deles de forma inevitável. Ela, a 
criança, não tem condições de distinguir dentre tantos 
mundos possíveis. Ela interioriza o mundo que lhe é 
apresentado como sendo o único existente e concebível.
• A conclusão da socialização primária se dá quando o 
conceito de “outro generalizado” se estabelece na 
consciência do indivíduo. A partir disto, ele torna-se um 
membro efetivo da sociedade, tendo, subjetivamente, uma 
personalidade e um mundo.
Perspectiva construcionista – o jornalismo como 
uma construção social da realidade
• É na socialização primária que o indivíduo se 
apropria de um sentimento de pertencimento e de 
identificação com o seu meio e grupo de referência 
e com tudo que ele representa no tocante a 
valores, regras morais e sentidos. Mas esta 
interiorização da realidade, da identidade e da 
sociedade não está acabada definitivamente. O 
processo de socialização é contínuo e parcial.
Perspectiva construcionista
• Socialização secundária: é o processo que irá prolongar-se por toda 
a vida do indivíduo a partir da noção interiorizada de “outro 
generalizado”. É a interiorização de “submundos” institucionais ou 
baseados em instituições. Estes “submundos” são produzidos a partir 
da complexidade crescente da divisão do trabalho e a consequente 
distribuição social do conhecimento, diretamente proporcional à 
crescente necessidade de especialista. “A socialização secundária é a 
aquisição de conhecimento de funções especificas, funções 
diretamente ou indiretamente com raízes na divisão do trabalho” 
(BERGER & LUCKMANN, 1998: 185).
• Na socialização secundária, os “submundos” são interiorizados como 
realidades parciais. Os conteúdos da socialização secundária são 
aqueles da ordem institucional e são assim transmitidos como um 
corpo de conhecimento. Os outros aqui são percebidos não como 
significativos, mas como pessoas que ocupam determinadas posições 
num contexto ampliado, que é o institucional. Desta forma, os sujeitos 
não apresentam grau elevado de identificação como ocorria na 
socialização primária, nem o apego emocional e interiorização como 
cognitivos, razão pela qual são maias facilmente descartáveis e 
substituídos.
Perspectiva construcionista
• Conservação da ordem social: a conservação da realidade 
acontece de dois modos diferentes: pela conservação rotineira, 
para manter a realidade interiorizada na vida cotidiana e pela 
conservação crítica, para manter a realidade em situações de 
crise. Do mesmo modo que a realidade é interiorizada por um 
processo social, também é mantida na consciência por 
processos sociais.
• O processo de conservação possibilita a clara diferenciação 
entre os “outros significativos” (da socialização primária) e os 
outros menos importantes (das socializações secundárias). É 
importante salientar, no entanto, que seria errôneo considerar 
que somente os “outros significativos” sejam os principais 
responsáveis pela conservação da realidade subjetiva do 
indivíduo. Os outros menos importantes auxiliam nesta tarefa 
como uma espécie de coro. A relação entre os “outros 
significativos” e esse “coro” é dialética, implicando em dizer 
que a conservação e a confirmação da realidade ocorre na 
totalidade da situação social do indivíduo. O veículo 
fundamental a conservação da realidade é a conversa.
Perspectiva construcionista
• Transformação da ordem social: a realidade 
subjetiva, no entanto, não é estática e reificada. 
Tudo o que foi dito sobre socialização implica a 
possibilidade de transformação da realidade 
subjetiva. Levando-se em conta que a realidade 
subjetiva nunca é totalmente socializada, ela não 
pode ser transformada por processos sociais. No 
entanto, casos existem de transformação que 
parecem totais, chamadas de alternações. O 
exemplo típico desse processo é a conversão 
religiosa.
Perspectiva construcionista
• A alternação exige que o indivíduo seja submetido a um 
processo de re-socialização que, no caso, terá uma estrutura 
similar à socialização primária, no que diz respeito à 
atribuição radical de “tons” à realidade e de reproduzir uma 
identificação efetiva com o pessoal socializante. A 
re-socialização é diferente da socialização primária, porque 
ocorre num período em que já houve uma estruturação 
subjetiva da realidade prévia. Cabe a ela desmantelar e 
desintegrar essa estrutura.
• A alternação implica assim num re-arranjo do aparelho de 
conversa. Serão outros os participantes significativos da 
mesma. E nesta conversa que a realidade subjetiva é 
transformada. A exigência principal é que haja disponível um 
aparelho legitimador que complete a transformação – cabe a 
ele, fundamentalmente, reinterpretar a velha realidade.

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