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1 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 2 2 TEORIAS DA COMUNICAÇÃO .................................................................. 3 3 PRIMEIRA FASE ........................................................................................ 5 3.1 Teoria Hipodérmica .............................................................................. 5 3.2 Modelo de Lasswell ............................................................................ 10 3.3 Teoria da Persuasão .......................................................................... 14 3.4 O modelo do Agenda-Setting ............................................................. 17 3.5 Teoria Empírica de Campo (Teoria dos Efeitos Limitados) ................ 20 3.6 Teoria do Cultivo ou Análise do Cultivo .............................................. 21 3.7 Teoria Funcionalista ........................................................................... 26 3.8 Teoria Crítica ...................................................................................... 28 4 SEGUNDA FASE ...................................................................................... 37 4.1 Teoria Gatekeeper ............................................................................. 37 4.2 Newsmaking ....................................................................................... 39 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIA ............................................................... 43 6 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................... 44 2 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! A Rede Futura de Ensino, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 3 2 TEORIAS DA COMUNICAÇÃO Fonte: amenteemaravilhosa.com.br Teorias das comunicações são estudos que utilizam de pesquisas sobre efeitos, origens e funcionamento da estrutura de Comunicação Social em seus aspectos tecnológicos, sociais, econômicos, políticos e cognitivos. Integram a psicologia, filosofia e sociologia, utilizando o tipo de abordagem que dependem do tipo de pesquisa. Teorias da Comunicação é um convite a apreciação crítica sobre o fenômeno da comunicação, tornando-se uma literatura básica para estudiosos da área. Dividido em duas partes, a obra apresenta um vasto panorama sobre as variáveis e a evolução da pesquisa sobre a comunicação de massa. Os critérios e estudos da Comunicação Social tiveram início com a crescente popularização das novas tecnologias midiáticas e seu uso durante as experiências totalitárias e iniciadas no continente Europeu. Tem por conceito duas fases. Em sua primeira fase, concentram suas atenções sobre as mensagens da mídia e seu efeito sobre os indivíduos; na segunda, evidenciaram o processo de seleção, produção e divulgação das informações através dos meios de comunicação (mídia). Uma relação de afinidade e de conflito. Talvez essa seja a melhor fórmula para definir a conexão entre a história e a comunicação. A similaridade decorre da proximidade e da convergência, tanto na hora de enfrentar seus dilemas quanto na de procurar solucioná-los. Ambas convivem com embates internos semelhantes, nem sempre bem resolvidos. Burke & Briggs (2002, p.12, apud VICENTE, 2009, p. 15), abordando essa afinidade, afirmam que 4 [...] seja qual for o ponto de partida, torna-se necessário que aqueles que se preocupam com a história e a comunicação e a cultura – tema que cada dia ganha mais adeptos – levem com mais seriedade e atenção a história, e os historiadores – seja qual for o tema ou período que estudem – considerem de maneira mais cuidadosa em seus estudos a comunicação (incluindo a teoria da comunicação). (apud VICENTE, 2009, p. 15) Aceitar esse desafio implica, inicialmente, identificar os assuntos mais polêmicos envolvidos nessa discussão, na tentativa de compreender seus pontos de atrito e apontar possíveis saídas. Numa perspectiva ampla, as divergências perdem sentido, resultando, na maioria das ocasiões, em questões alimentadas por posicionamentos teóricos e pessoais daqueles que estudam tanto a história quanto a comunicação, mas nada que crie obstáculos impossíveis de serem solucionados. Tal situação impede, na prática, a identificação das discordâncias reais geradoras dessa desconfiança mútua, assim como dificulta a conciliação de interesses e a procura por fatores convergentes. Os historiadores alimentam a ideia da superficialidade realizada pelos comunicólogos nas suas análises. Eles apresentariam os fatos de maneira rápida, descontextualizada, sem reflexão ou criticidade. Já os comunicólogos se sentem incomodados com a falta de atualização e preocupação dos historiadores com os episódios recentes. O passado seria o campo preferencial no qual a história procura encontrar seu sentido e fundamentar suas afirmações. Assim, excluindo o presente, a história teria pouca utilidade para a comunicação mais voltada para a atualidade. De imediato surge uma questão. Trata-se, apenas, de diferenças cronológicas, de concepções teóricas ou de desconhecimento mútuo? Responder a essa indagação remete à forma como as duas áreas procedem na elaboração dos seus estudos. Para isso, servimo-nos de algumas ideias de Bourdieu (1978, apud VICENTE, 2009, p. 16), notadamente a que diz respeito ao habitus e à maneira como isso resulta em organizações sociais. Para Bourdieu, os atores sociais se encontram inseridos num determinado contexto social que, de certa maneira, determina seu comportamento por estarem expostos às influências culturais, sociais, econômicas, políticas, artísticas etc. O campo social emerge como palco das disputas no qual cada grupo tenta fazer valer seus próprios valores. Assim, a ideia de campo social implica a aceitação de articulação dos sujeitos na formação de estruturas. Partindo dessas observações e aceitando que tanto a história quanto a comunicação coincidem na sua finalidade, ou seja, na compreensão e na decodificação da formação da sociabilidade, urge 5 identificar quais são os procedimentos usados na construção de narrativas explicativas dos fatos sociais. 3 PRIMEIRA FASE 3.1 Teoria Hipodérmica Fonte: medium.com O surgimento da Teoria Hipodérmica aconteceu entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, tendo por conhecimento o fato que a mídia lança uma informação sobre a sociedade que logo é aceita e propositalmente espalhada pela sociedade de massa, que não se comunica entre si, nem cria novas interpretações. Essa teoria em meio ao totalitarismo político conseguiu fazer com que o líder, obtivesse sucesso no direcionamento das informações e unisse a sociedade em torno de um ideal comum. Também conhecida como "Teoria da Bala Mágica", a Teoria Hipodérmica estudou o fenômeno da mídia a partir de premissas behavioristas. Seu modelo comunicativo é baseado no conceito de "estímulo/resposta": Quando há um estímulo(uma mensagem da mídia), esta adentraria o indivíduo sem encontrar resistências, da mesma forma que uma agulha hipodérmica penetra a camada cutânea e se introduz sem dificuldades no corpo de uma pessoa. Daí o porquê de esta teoria também ser conhecida como "Teoria da Bala Mágica", pois a mensagem da mídia conseguiria o mesmo efeito "hipodérmico" de uma bala disparada por uma arma de fogo. O conceito de "massa" é fundamental para se compreender a abordagem da teoria hipodérmica. Segundo os estudiosos desta corrente, a massa seria um conjunto de indivíduos isolados de suas referências sociais, agindo egoisticamente em nome 6 de sua própria satisfação. Uma vez perdido na massa, a única referência que um indivíduo possui da realidade são as mensagens dos meios de comunicação. Dessa forma, a mensagem não encontra resistências por parte do indivíduo, que as assimila e se deixa manipular de forma passiva. Talvez, na história das pesquisas estadunidenses sobre a comunicação, não exista um período mais obscuro e submerso em equívocos que aquele que compreende o que chamamos de teoria hipodérmica, teoria da bala mágica ou, de modo menos metafórico, teoria dos efeitos ilimitados. Tachada de ingênua e simplista, entretanto, a teoria hipodérmica desenvolve um papel importante na historiografia do campo quando nos remetemos à mass communication research (Cf. BERELSON, 1986; DEFLEUR, 1993; KATZ e LAZARSFELD, 2005; WOLF, 2002, por exemplo; apud VARÃO, 2009, p. 1). Aí, aparece muitas vezes como o marco zero, o primeiro passo rumo a uma aproximação entre o impacto dos meios de comunicação na sociedade de massa e o conhecimento científico – período que se estende desde a terceira década até meados da década de 1940 do século XX. Nessa história ainda, a teoria hipodérmica se insere na longa tradição dos estudos sobre os efeitos dos meios de comunicação, que perpassa teorias como o fluxo de dois passos (que, inclusive, “substitui” o modelo hipodérmico), até teorias mais recentes (como a hipótese da agenda setting), mesmo com o deslocamento efetuado em relação ao tipo de efeito: ora comportamental, ora cognitivo. Esse tipo de pesquisa, voltada para os efeitos, vai se revelar mesmo a tônica predominante nos estudos de comunicação. Como afirma Katz, A pesquisa empírica sobre as comunicações de massa [...] valoriza de fato os estudos de efeitos. Certamente, a pesquisa sobre os públicos ou sobre os conteúdos partem da retórica da mensagem ou da dimensão do público atingido, mas ela desemboca igualmente sobre o problema dos efeitos (KATZ, 2000, p. 1 apud VARÃO, 2009, p. 2) Contudo, embora a teoria hipodérmica surja como inauguradora dessas pesquisas, não pode ser considerada a partir de uma visão que a compreende como um movimento isolado, que irrompe sozinho no tempo, sem nos remetermos aos cenários que se constituíram antes de seu desenvolvimento, nem tampouco sem levarmos em conta a cena contemporânea que se formava no então jovem século XX. De fato, sua emergência revela certa continuidade em relação às propostas apresentadas anteriormente quando da discussão não científica acerca da imprensa, 7 que se inicia no século XVII e ganha força com a ascensão das ciências sociais ao final do século XIX (SOUSA, 2008, apud VARÃO, 2009, p. 2). Além disso, a teoria hipodérmica nasce sob os signos de todo um contexto social novo, a sociedade tecnológica, que exigia uma melhor compreensão dos fenômenos da comunicação de massa, não só a título de investigação científica, mas como forma de controlar de maneira mais eficaz a difusão de informações (em especial nos Estados Unidos). Nesse sentido, a teoria hipodérmica vem na esteira das reflexões sobre a sociedade de massa, na qual os meios de comunicação começavam a ter um papel considerável, fato enfatizado por Mauro Wolf ao afirmar que “[...] A principal componente da teoria hipodérmica é, de fato, a presença explícita de uma “teoria da sociedade de massa” (Wolf, 2002, p.23, apud VARÃO, 2009, p. 2). Não por acaso, portanto, se encontram nessas primeiras discussões nomes como Alexis de Tocqueville, John Stuart Mill, Karl Marx, Ferdinand Tönnies, Gabriel Tarde, Max Weber, e outros, todos eles autores voltados à compreensão das características da organização social resultante da economia de produção e da crescente industrialização. Por outro lado, com o avançar desses estudos, a discussão sobre os meios de comunicação (não mais somente a imprensa, mas todos os outros meios que se seguiram) na sociedade de massa, começou a ser revestida de pressupostos e análises mais próximas do método científico, dando início à conjugação ciência/fenômeno comunicacional que passou pela teoria hipodérmica e culminou nas pesquisas de Lazarsfeld e Katz sobre a influência pessoal na comunicação de massa, em 1955. Tal posição foi resultado, sobretudo, da ascensão da Escola de Chicago, nome que designa o mais forte grupo de pesquisas e cientistas sociais surgidos até então nos Estados Unidos, cujas diretrizes foram dominantes entre, pelo menos, 1915 a 1940. A Escola de Chicago influenciou decisivamente as pesquisas em comunicação, agregando aos estudos do campo que se formava um cabedal que somava: a aproximação entre as ciências sociais e as naturais, que deveriam funcionar segundo as mesmas diretrizes metodológicas; a observação do comportamento baseada na psicologia behaviorista; o interacionismo simbólico; a percepção de que a ciência deveria ter um fim prático. A teoria hipodérmica entra em declínio a partir da ascensão das pesquisas de Paul Lazarsfeld sobre a influência pessoal no processo de comunicação de massa, 8 para muitos a primeira a dar um estatuto científico ao campo comunicacional. Sua história, contada nesta introdução em linhas gerais, contudo, gera hoje uma série de dúvidas e causa controvérsias. Não exatamente porque exista uma infinidade de versões a seu respeito. Na verdade, as versões sobre a teoria hipodérmica costumam ser pouco conflitantes e muito repetitivas, como em DeFleur (1993 apud VARÃO, 2009, p. 3) e Wolf (2002, apud VARÃO, 2009, p. 3). Para o estadunidense DeFleur, que prefere chamar a teoria hipodérmica de teoria da bala mágica, o que a caracteriza é a “[...] ideia fundamental [...] que as mensagens da mídia são recebidas de maneira uniforme pelos membros da audiência e que respostas imediatas e diretas são desencadeadas por tais estímulos” (1993, p. 182, apud VARÃO, 2009, p. 3). Wolf corrobora a posição de DeFleur ao afirmar que: “A posição defendida por este modelo pode sintetizar-se na afirmação segundo a qual cada elemento do público é pessoal e diretamente 'atingido' pela mensagem” (WOLF, 2002, p.22, apud VARÃO, 2009, p. 3) O grande problema da teoria hipodérmica não está, portanto, no choque entre versões, mas se coloca na superficialidade com a qual sua especificidade teórica é abordada. Há tão poucas fontes e tão mínima informação que hoje, inclusive, há quem defenda (CHAFFEE e HOCHHEIMER, 1985; WARTELLA e REEVES, 1985, apud VARÃO, 2009, p. 3) que a teoria hipodérmica foi apenas uma invenção de Lazarsfeld e Katz, para justificar o fluxo de dois passos, que deveria surgir como uma contraposição a “alguma” pesquisa anterior. Este artigo procura, portanto, reavaliar a teoria hipodérmica, levando em consideração seus antecedentes e suas características, se colocando em meio a duas posições: a “pró-hipodérmica” (BINEHAM, 1988, apud VARÃO, 2009, p. 3), segundo a qual a teoria hipodérmica foi, realmente, o primeiro momento da pesquisa científica em Comunicação (cujo desenrolar foi sinteticamente descrito aqui), e a “anti- hipodérmica” (Idem, ibidem) que defende que a teoria foi apenas um mito. O que advogamos aqui é que apesar da teoria hipodérmica não poder ser entendida stricto sensu como uma teoria – mesmo porque nunca foi pensada como tal –,colocá-la como uma simples invenção é desconsiderar o que representam as pesquisas que se aglutinam no período entre 1920 e 1940. Falamos aqui, desse modo, mais de um período hipodérmico, que de uma teoria ou mito. Mas um período histórico relevante que precisa ser conhecido mais a fundo e reconsiderado. 9 Teoria hipodérmica aplicada à publicidade Apesar de ter sido superada, a teoria hipodérmica continua podendo ser aplicada em situações contemporâneas, especialmente no que diz respeito ao conteúdo que a mídia produz para as crianças. O público infantil tem algumas das características necessárias para atender a demanda proposta pela teoria, já que o mesmo é vulnerável a qualquer tipo de comunicação que consiga prender sua atenção. Isso deve ao fato de que as crianças não têm uma formação crítica e intelectual concreta. As crianças estão em processo de formação em todas as suas características, tanto físicas quanto psicológicas. O crescimento físico e as mudanças da puberdade se refletem na sua formação psicológica, influindo na consolidação do caráter, da capacidade crítica e do intelecto. Todos esses fatores fazem com que a mensagem recebida pela criança (o estímulo) seja assimilada na totalidade de sua informação, mesmo que seja uma mensagem fantasiosa ou uma inverdade. O público infantil acaba constituindo-se, portanto, como a porta de entrada para a publicidade nas famílias, uma vez que os adultos não são facilmente manipuláveis através de uma propaganda, mas dificilmente não atendem os desejos dos filhos, que são bombardeados e persuadidos, o tempo inteiro, por mensagens publicitárias. O fato de essas mensagens conseguirem afetar diretamente o público infantil chama a atenção tanto de publicitários quanto de órgãos sociais. Estes últimos tentam organizar, classificar e regulamentar as propagandas para que não sejam abusivas, e não violem os direitos do cidadão e nem se aproveitem da ingenuidade infantil. O principal órgão regulador desse tipo de publicidade é o CONAR – Conselho Nacional de Auto-regulamentação Publicitária, responsável não somente, pela publicidade infantil, mas sim por todo tipo de publicidade veiculada no Brasil. O CONAR não é uma ferramenta de censura e sim de regulamentação, pois ele não impede a veiculação de uma peça antes que esta seja posta no ar, mas simplesmente envia uma liminar ao veículo de comunicação pedindo a sustação da peça. Vale ressaltar que o CONAR nunca foi desobedecido. Os preceitos éticos básicos seguidos pelo código de auto-regulamentação são: todo anúncio deve ser honesto e verdadeiro e respeitar as leis do país; deve ser preparado com o devido senso de responsabilidade social, evitando acentuar 10 diferenciações sociais; deve ter presente a responsabilidade da cadeia de produção junto ao consumidor; deve respeitar o princípio da leal concorrência; deve respeitar a atividade publicitária e não desmerecer a confiança do público nos serviços que a publicidade presta. Segundo o site do CONAR a análise da campanha é feita da seguinte forma: “O Conar atende a denúncias de consumidores, autoridades, dos seus associados ou ainda formuladas pela própria diretoria. Feita a denúncia, o Conselho de Ética do Conar - o órgão soberano na fiscalização, julgamento e deliberação no que se relaciona à obediência e cumprimento do disposto no Código - se reúne e a julga, garantindo amplo direito de defesa ao acusado. Se a denúncia tiver procedência, o Conar recomenda aos veículos de comunicação a suspensão da exibição da peça ou sugere correções à propaganda. Pode ainda advertir anunciante e agência. ” (CONAR, 2010, apud VIEIRA, 2013, p. 3) O CONAR é mantido por meio de contribuições dos principais órgãos de publicidade do país. Todos os seus integrantes trabalham em regime voluntário. Desde 1980, ano de sua fundação, o CONAR vem obtendo sucesso no que se propôs, que é evitar o engano ou abuso do consumidor, causando constrangimentos. O órgão é um exemplo da organização de uma categoria de trabalhadores e fruto da luta pelos direitos. 3.2 Modelo de Lasswell Fonte: app.emaze.com 11 Não é de estranhar, com base nas preocupações políticas dos primeiros estudos de mídia, que um dos principais teóricos da comunicação tenha sido um dos cientistas políticos mais importantes da primeira metade do século nos Estados Unidos. Um dos primeiros modelos para o estudo da comunicação foi proposto por Harold D. Lasswell em 1948. Seu texto “ A estrutura e a função da comunicação da sociedade” se mantem como um dos clássicos da Comunicação. Lasswell procurou um modelo teórico, tomando como ponto de partida estudos sobre mídia e política. Ele foi um dos primeiros a se interessar pelos potenciais da comunicação na criação e/ou mudança de atitudes e opinião, percebendo que o estudo da política passava pela mídia, e elementos da comunicação ganharam mais e mais espaço em seus estudos. A estrutura e a função da comunicação na sociedade A análise de Lasswell sobre a comunicação política o levou à elaboração de um modelo teórico geral da Comunicação, exposto em um artigo de 1948. O modelo procura dar conta de uma articulação linear entre vários elementos de uma interação. Lasswell desenvolve sua concepção a partir de uma ampliação do modelo de comunicação de Aristóteles (Emissor – Mensagem – Receptor) exposto na Arte retórica. A partir daí Lasswell formula uma hipótese: “Uma maneira de estudar o processo de comunicação é perguntar ‘Quem’; ‘Diz o quê’; ‘Em que canal’; ‘Para quem’; ‘Com que efeito’. Lasswell desmonta a comunicação em partes simples, relacionando o estudo de cada uma delas com uma proposta especifica de comunicação: ao “quem” corresponde um estudo de produção; “diz o que”, volta-se para a análise de conteúdos, “em que canal”, focaliza o estudo na mídia; “para quem”, pesquisa a audiência e “com que efeito” o que acontece com a audiência diante da mensagem. O modelo de Lasswell Quem → Diz quê → Em que canal → Para quem → Com que efeito 12 Focos de estudo e tipos de análise: Emissor Estudo de produção → Mensagem Análise de conteúdo → Meio Análise de média → Receptor Estudos de audiência → Efeitos Estudos de efeitos O modelo de Lasswell se tornou a base para uma dezena de outros, seja apesar de sua simplicidade ou por conta de sua simplicidade. Alguns parágrafos depois, Lasswell especifica as funções da comunicação na sociedade. Ele entende que a comunicação tem uma função, isto é, faz alguma coisa com sociedade. O princípio geral das funções identificadas por Lasswell é uma concepção da mídia como o agente articulador da sociedade. Na prática são três: a) Articulação das partes com o todo A mídia é o canal por onde o conhecimento e as informações circulam pela sociedade. A integração entre diversas instituições sociais acontece a partir do fluxo de informações gerado e distribuído pelos meios de comunicação. Lasswell usa o sistema nervoso do corpo humano como uma metáfora da ação de mídia – os meios de comunicação seriam como as linhas de informação do organismo social, levando as mensagens de um lugar para outro – e para o controle central – como as células nervosas transmitem informações dentro do corpo. Em uma empresa, por exemplo, a tarefa de uma newsletter na ótica de Lasswell seria garantir a interação entre os diversos setores. Assim, cada um estaria provido de informações suficientes a respeito dos outros para agir de maneira integrada e garantir o funcionamento do todo. Essa função liga-se diretamente à segunda. b) Vigilância sobre o meio Quando algo está errado no organismo, células mandam as informações para o sistema nervoso central, que organiza uma maneira de identificar e solucionar o problema. Lasswell entende que a mídia faz algo parecido. Ao transmitirinformações das partes para o controle central, os meios de comunicação garantem a vigilância do centro sobre os componentes, evitando elementos hostis, assim, como as células brancas eliminam corpos estranhos. O pesquisador norte-americano diz que o consenso é a base da democracia, e qualquer conflito deve ser resolvido dentro das 13 regras do jogo democrático, sem rupturas ou quebras. A sobrevivência do regime democrático é assegurada por uma comunicação política montada para garantir a manutenção das ligações entre parte/todo. c) Transmissão da herança social A terceira função da comunicação na sociedade apresenta uma mudança de nível. Os meios de comunicação seriam responsáveis por garantir a continuidade do sistema a partir da transmissão dos conhecimentos e valores de uma geração para as seguintes. A ideia de “herança social” está ligada à transmissão dos significados culturais, das práticas e concepções de mundo entre as gerações. Um rápido olhar pela cultura de massa norte-americana desvela algumas dessas práticas. Há um episódio do Snoopy que focaliza o Dia de Ação de Graças, feriado norte-americano que celebra e chegada dos primeiros europeus à América do Norte. Esse episódio usa as personagens – Charlie Brown, Linus, Sally, Lucy, Snoopy – para representar a história. O heroísmo dos pioneiros europeus nos Estados Unidos (índios são brevemente mencionados) é ressaltado o tempo todo. Há episódio semelhantes retratando as práticas da Páscoa, do Dia dos Namorados (Valentine’s Day) e do Natal. Em todos eles, práticas são apresentadas como comportamentos e serem compreendidos e reproduzidos. Desenvolvimentos posteriores O modelo de Lasswell teve o mérito de ser o primeiro dirigido especificamente para a comunicação, auxiliando no estabelecimento de um campo autônomo de estudos. Os limites e as aplicações do modelo nos anos posteriores contribuíram para a consolidação de uma área de estudos especifica, voltada para a compreensão da mídia como uma instituição central na sociedade. 14 3.3 Teoria da Persuasão Fonte: prismagazineblog.wordpress.com Desenvolvida a partir da década de 1940, e ainda de caráter psicologista, a abordagem empírico-experimental (ou da persuasão) deflagra o abandono da perspectiva hipodérmica. De fato, a teoria em questão englobava duas visões: uma experimental – motivo pelo qual é eventualmente classificada como psicológico- experimental – e uma empírica – fundamentada em experiências de pratica de campo em relação a grupos (Wolf, 2009, apud MARQUIONI, 2017, p. 32). Em termos básicos, essa perspectiva pressupunha que a audiência poderia oferecer alguma resistência à mensagem recebida; porém, persuadi-la seria um objetivo alcançável, desde que tanto a forma quanto a organização da mensagem fossem compatíveis com os fatores pessoais que o destinatário evoca ao interpretar a mensagem. Ainda que mantenha a perspectiva de causa e efeito proposta pela teoria hipodérmica, a abordagem empírico-experimental a complexifica porque passa a considerar novos elementos no contexto comunicacional (faixa etária, sexo, classe social, grau de instrução etc.), até então tidos como irrelevantes, tanto para a teoria da bala mágica quanto para o modelo de Lasswell. A abordagem empírico-experimental considerada, em suma, que a audiência poderia não assimilar a mensagem imediatamente, sobretudo porque haveria uma variável associada a cada indivíduo; o membro da massa se interessaria inicialmente por mensagens: Que fizessem parte de seu contexto 15 Com as quais ele concordasse. A partir dessa perspectiva, as características do destinatário da mensagem passam a ser consideradas (promovendo-se a consequente segmentação do público em grupos para a condução das pesquisas), além da preocupação em organizar a mensagem. Isso, segundo Wolf (2009, p. 35, apud MARQUIONI, 2017, p. 32). “não só destrói o imediatismo e a uniformidade dos efeitos como também [...] mede a sua amplitude pelo papel desempenhado pelos destinatários”. (apud MARQUIONI, 2017, p. 32) Convém reiterar que havia, ainda, um evidente aspecto psicológico associado (posicionado no modelo proposto entre o estimulo e a resposta). Como mencionado, para a teoria hipodérmica, o processo poderia ser assim resumido: Causa (estimulo) → efeito (resposta) Já para a abordagem empírico-experimental, esse processo tornava-se mais complexo, adotando o seguinte formato: Causa (estimulo) → (processos psicológicos) → efeito (resposta) Consequentemente, haveria variações no entendimento da mensagem, uma “oscilação entre a ideia de que é possível obter efeitos relevantes, se as mensagens forem adequadamente estruturadas [,] e a certeza de que, frequentemente, os efeitos que se procurava obter não foram conseguidos” (Wolf, 2009, p. 34, grifo do original, apud MARQUIONI, 2017, p. 33). As avaliações, contudo, poderiam ser equacionadas se fossem ponderados: Fatores relativos à audiência, como o interesse em obter a informação, a consideração do perfil público exposto ao conteúdo e a forma como o público receberia e memorizaria a mensagem; Fatores à mensagem, por exemplo, a credibilidade do comunicador, a ordem da argumentação, a integralidade das argumentações e a explicação das conclusões. Tais fatores contribuíram para a persuasão do público. Outra perspectiva teórica, da orientação mais sociológica, floresceu também na década de 1940: trata-se de abordagem empírica de campo (ou dos efeitos limitados). Profundamente arraigada nas pesquisas realizadas em campo e tendo como base, portanto, a observação empírica, prática, das materialidades (dos produtos midiáticos) 16 apresentadas ao público, essa teoria passou a considerar a existência de efeitos indiretos associados aos meios: [enquanto] a teoria hipodérmica falava da manipulação, e [...] a teoria psicológica-experimental tratava de persuasão, esta teoria [dos efeitos limitados] fala de influência e não apenas da que é exercida pelos mass media, mas da influência mais geral que “perpassa” nas relações comunitárias e de que a influência nas comunicações de massa é só uma componente, uma parte. (Wolf, 2009, p. 47, grifo do original, apud, MARQUIONI, 2017, p. 33) A abordagem empírica de campo, desenvolvimento com bases na teoria da persuasão, atenua a influência dos meios de comunicação, por considerá-los apenas parte das relações comunitárias, que são mais gerais: a igreja, a escola, o ambiente político e afins, em conjunto com os meios de comunicação, exerciam influência sobre a sociedade. Assim, mesmo que o principal problema abordado ainda fosse o dos efeitos dos meios de comunicação, esses outros fatores passaram a receber tratamento qualitativamente distinto, uma vez que essa teoria passou a considerar os processos de comunicação de massa levando em conta também seu vínculo com o contexto social em que eles se realizam. De fato, a abordagem dos efeitos limitados possibilita uma revisão mais complexa da teoria hipodérmica. Mas convém observar que, às vezes, mesmo para nós, no século XXI, os meios são considerados “superpoderosos”, como se as pessoas fossem meros alvos indefesos, impactados diretamente pelas mensagens midiáticas – uma visão que, como descrito, remota a uma linhagem teórica proposta na década de 1920, mas revista já em 1940. Portanto, é necessário ter cautela ao diagnosticar os conteúdos das mídias como responsáveis por, pura e simplesmente, modificar a seu bel-prazer o comportamento das pessoas, tratando-as como “seres não pensantes”. Ao se observar que a teoria dos efeitos limitados já não enfatiza uma eventual relação causal direta entre propaganda dirigida às massas e manipulação da opinião pública, pois passa a considera-la integrante de um processo de influência indireto, no qual as dinâmicas sociais interatuam com os processoscomunicativos, é possível traçar uma relação direta com outra teoria, desenvolvida a partir da década de 1960 e, embora menos intensamente, ainda utilizada 50 anos depois: trata-se da Teoria do Agendamento, também conhecida como agenda-setting. 17 3.4 O modelo do Agenda-Setting Fonte: www.casadosfocas.com.br A dimensão dinâmica da comunicação está presente no modelo do Agenda- Setting, criado para explicar as relações entre o micronível da comunicação de massa e sua relação com o micronível das relações sociais. Desenvolvido nos anos 1960, nos Estados Unidos, o Agenda-Setting passou a ter ampla divulgação no Brasil devido ao trabalho clássico de Clóvis de Barros Filho, Ética na comunicação, publicado em 1995. Os primeiros estudos sobre o tema foram desenvolvidos por Marwell McCombs e Donald Shaw, da Universidade de Austin, no Texas, interessados em colocar em evidência um efeito a longo prazo dos meios de comunicação, a capacidade de definir os temas de conversas. A ideia do Agencia-Setting, “definição da agenda”, diz que os meios de comunicação determinam os assuntos discutidos pelas pessoas. O conceito de “agenda” refere-se a um grupo definido de temas discutidos em lugar e tempo específicos. Assim, a “agenda da mídia” são os temas presentes nos meios de comunicação; “agenda pública” são temas e assuntos presentes nas conversas entre pessoas. O modelo do Agenda-Setting prevê que os temas da agenda da mídia definem a agenda pública, isto é, passarão a ser discutidos pelas pessoas uma vez pautados pela mídia. Dessa maneira, se a mídia falar dos temas A, B e C, há uma tendência do público a tratar igualmente desses temas em suas conversas. 18 A seleção dos assuntos tratados pelos indivíduos em suas relações sociais está vinculada a inúmeros critérios e variáveis. A cada dia é possível verificar sobre quais assuntos falamos, e esses assuntos formam a nossa “agenda pessoal” de temas discutidos. Quando se presta atenção a esse conjunto de temas, é possível notar que a presença de assuntos vinculados à família ou ao trabalho tende a ser maior, em termos individuais, do que qualquer assunto da mídia. No entanto, o modelo de Agenda-Setting prevê que no meio dessa agenda temática pessoal é possível encontrar assuntos que estão pautados pela mídia. Os temas da mídia ganham importância em sua divulgação horizontal: não são as principais preocupações de ninguém, mas estão nas preocupações de praticamente todo mundo. Os temas presentes na agenda pessoal, bem como na agenda de mídia, por exemplo, o tema das manchetes é mais importante, segundo critérios da mídia, do que uma notícia publicada nas páginas finais de um suplemento trimestral em um obscuro jornal de bairro do interior. Na agenda pessoal preocupações imediatas ocupam um espaço maior e mais elaborado do que outros. Os temas de mídia, presentes na agenda de temas de grande parte do público, adquirem uma visibilidade social que nenhum tema da agenda particular deve ter. afinal, é esperado que poucas pessoas estejam interessadas em pautar nossa vida particular, enquanto temas da mídia são amplamente conhecidos e comentados. Os temas da mídia não ocupam os lugares mais importantes da agenda de ninguém, mas, como estão presentes nas posições intermediarias de um grupo considerável de indivíduos, ganham em força por conta dessa presença numérica. Os temas discutidos por um número alto de pessoas torna-se o principal tema da agenda pública. Agenda da mídia Agenda da público Tema 1 Tema 2 Tema 3 Tema N... → Tema 1 Tema 2 Tema 3 Tema N... McCOMBS, M. & Shaw, D. “The agenda-setting function of mass communication”. Public Opinion Quarterly, 36, 1971, p.176, apud MARTINO, 2014, p. 208. 19 Dessa maneira, a ideia do Agend-Setting mostra que os temas pautados pela mídia tendem a ser discutidos pela agenda pública. Há uma dinâmica constante nas transformações da agenda pública. Essas alterações estão ligadas à velocidade de agendamento dos temas nos meios de comunicação, de maneira que os dois sistemas – a mídia e o público – se ligam a partir da apropriação, pela agenda pública, dos principais temas discutidos pelos meios de comunicação. Um dos principais estudos de McCombs e Shaw foi conduzido em 1972. Eles mediram a influência de um programa de televisão na definição dos temas discutidos pelos indivíduos. Os pesquisadores tomaram como ponto central a exibição de The day after, sobre as consequências de uma guerra nuclear, estudando a audiência antes e depois do filme. Antes do filme, o tema “guerra nuclear” ocupava uma discreta 13ª posição nas preocupações do conjunto de sociedade. No dia seguinte a exibição, o tema pulou para o primeiro lugar: em uma noite, a guerra atômica passou a ser a principal preocupação da população da cidade. Dessa maneira McCombs e Shaw mostraram a existência de um vínculo entre os assuntos trabalhados nos meios de comunicação e a definição da agenda pública. McCOMBS, M. & Shaw, D. “The agenda-setting function of mass communication”. Public Opinion Quarterly, 36, 1971, p.176, apud MARTINO, 2014, p. 209. McCombs continuou trabalhando o tema nos anos subsequentes, e sua pesquisa passou a ser testada e avaliada em outras situações especificas. O valor da ficção em relação ao uso de notícias, por exemplo, bem como a possibilidade de influência mais ou menos direta da mídia na definição das percepções de mundo dos indivíduos foram estudados em livros e artigos subsequentes. 20 A especificação teórica dessa hipótese é sedutora por conta de sua aparente comprovação de uma intuição sempre presente nos estudos; a comprovação empírica tende a apresentar mais dificuldades. Essas dificuldades provêm geralmente dos problemas em especificar diretamente uma relação de causa e efeito entre a presença de um tema na mídia e sua relação nas conversas. 3.5 Teoria Empírica de Campo (Teoria dos Efeitos Limitados) A Teoria dos Efeitos Limitados segue uma orientação sociológica, constatando que o poder de persuasão da mídia possui limites, ou seja, ela não manipula mais exerce forte influência, assim como outras instituições, como igreja, família, partido político, etc. Também conhecida como abordagem empírica de campo, essa teoria afirma que o alcance das mensagens da mídia age de forma indireta sobre o público, que depende do contexto social em que estão inseridos, ficando sujeitas aos processos de comunicação que se encontram presentes na vida social. Sendo assim as mensagens midiáticas seriam filtradas muito mais por uma orientação social, conclui-se então que a palavra chave desta teoria é influência. Há ainda outros aspectos desta teoria que têm sido, por vezes, interpretados redutivamente, como se tratasse de pesquisas voltadas unicamente para o problema dos efeitos, enquanto os trabalhos mais significativos, neste âmbito, estudam na realidade fenómenos sociais mais amplos como, por exemplo, a dinâmica dos processos de formação das atitudes políticas. (WOLF, 2003 p.40) Duas correntes são determinantes para explicação sociológica desta teoria. A primeira faz referência ao estudo da composição dos diferentes tipos de público, assim como seus modelos de consumo, a segunda por sua vez faz referências a pesquisas a respeito da mediação social que caracteriza determinado consumo, ou seja, do objeto social no qual o consumidor está inserido. Para explicar melhor essas duas abordagens, a teoria faz estudo da atração dos programas perante ao telespectador, analisando o conteúdo da veiculação, a característica dos ouvintes, as gratificações e também contextualiza o ambiente social e os efeitos de comunicação de massa. “O coração desta teoria da mídia, ligada a pesquisa sociológica de campo, consiste no fato de unir os processos de comunicação de massa às 21 características do contextosocial em que eles se realizam”. (WOLF, 2003 p.33) 3.6 Teoria do Cultivo ou Análise do Cultivo Fonte: www.capparelli.com.br A hipótese do Cultivo Mediático, também conhecida como Teoria do Cultivo, Teoria da Cultivação ou Teoria do Efeito Cultivado, foi desenvolvida pelo pesquisador norte-americano George Gerbner a partir de um projeto de pesquisa denominado Cultural Indicators, em 1967. Na ocasião, o projeto buscava compreender as consequências do crescimento dos indivíduos num ambiente cultural centrado na televisão, através da análise das notícias e dos conteúdos violentos veiculados pelo meio. Mais tarde, o projeto se expandiu e passou a investigar os efeitos de qualquer conteúdo televisivo. De maneira preliminar, pode-se afirmar que essa hipótese considera que “cultivo é um contínuo e dinâmico processo de interação entre mensagens, audiências e contextos” (GERBNER et al, 2002, p. 49, apud CARDOSO FILHO, 2009, p. 3). É possível identificar o corpus teórico do qual deriva a hipótese do Cultivo Mediático como a teoria de efeitos de socialização. Defleur e Ball-Rokeach explicam que: Segundo uma perspectiva individual, a socialização equipa-nos para comunicar, pensar e resolver problemas utilizando técnicas aceitáveis pela sociedade, e, de maneira geral, para conseguirmos nossas adaptações singulares a nosso ambiente pessoal. Do ponto de vista da sociedade, a socialização leva seus membros a um conformismo suficiente, de modo a poderem ser preservadas a ordem social, a previsibilidade e a continuidade (DEFLEUR & BALL-ROKEACH, 1993, p. 226, apud CARDOSO FILHO, 2009, p. 3) 22 Essa derivação implica que a hipótese do Cultivo Mediático sofre dos mesmos problemas que abalaram a maioria das perspectivas de investigação no âmbito da socialização: desenvolver meios de comprovar suas teses levando em consideração tanto essas adaptações pelas quais os indivíduos passam quanto o aspecto contínuo e previsível dos padrões sociais. Enquanto não se resolve esse impasse, a hipótese do Cultivo Mediático continua uma mera hipótese. O termo cultivo é empregado, normalmente, para se referir aos cuidados com plantações – cultivo de hortaliças – ou terrenos, mas também está intimamente relacionado ao termo cultura. Na realidade, ambos são sinônimos – sendo possível se referir à cultura de hortaliças – o que permite aproximar a hipótese do Cultivo Mediático a uma espécie de hipótese da Cultura Mediática. Estabelecer a relação entre esses termos é importante porque no período em que a hipótese se desenvolveu, final da década de 60, a TV representava com força visão predominante do mundo através da sua capacidade de enculturação. Esse conceito, formulado pela antropologia, se refere ao processo de assimilação de valores, linguagem e julgamentos que permitem aos indivíduos a socialização. Quando Gerbner afirma que a TV cultiva determinados efeitos nos espectadores, o autor está chamando atenção para o processo dinâmico e contínuo característico de todas as práticas de enculturação. Ele procura demonstrar que sua hipótese está preocupada com os efeitos a longo prazo e não com os efeitos imediatos dos media, o que distingue essa construção teórica das perspectivas que pensam a ação dos meios como causadores de efeitos diretos para uma outra que os entende como alteradores da estrutura cognitiva e de socialização das pessoas. Esse processo de cultivo, no qual os indivíduos estão inseridos, tem como principal ator a televisão – responsável pela maior parte dos referenciais partilhados pela sociedade contemporânea. Partindo da ideia de uma sociedade centrada nos media, Gerbner afirma que, ao contrário de outros meios de comunicação de massa, como o rádio e o cinema, a televisão não perdeu sua força, uma vez que é ela quem fornece grande parte das informações sobre os assuntos que os indivíduos não experimentarão pessoalmente, “a TV é um sistema centralizado de narrativas. Seus dramas, comerciais, notícias e outros programas levam um sistema relativamente coerente de mensagens para o interior de cada casa” (GERBNER et al, 2002, p. 44, apud CARDOSO FILHO, 2009, 23 p. 4). Essas informações veiculadas pela televisão são usadas como atalhos para a construção dos juízos relativos às mais diversas situações, o que reafirma a ideia da TV como um dos agentes privilegiados do processo de cultivo. A formulação básica da hipótese do Cultivo Mediático é que os espectadores assíduos de TV tendem a perceber a realidade de acordo com o que é veiculado pelo meio, não se tratando da noção de “janela para o mundo” – como considerou Walter Lippman ao estudar os efeitos dos media, no capítulo de abertura de Public Opinion (1922) – mas a noção de um mundo em si mesmo, um ambiente simbólico dominante. O pesquisador L. J. Shrum explica que: A teoria do cultivo é uma teoria sobre os efeitos da experiência indireta na construção da realidade social. Na sua forma mais simples, a teoria do cultivo sugere que a experiência indireta adquirida da televisão irá substituir a experiência direta como primeiro embasamento para o desenvolvimento das crenças sociais. (SHRUM, 2001, p. 188, apud CARDOSO FILHO, 2009, p. 5) Essa percepção moldada pelo conteúdo televisivo incide sobre o julgamento do espectador assíduo, que tenderá a responder a questões relativas àquele conteúdo com uma “resposta de televisão”, mesmo que as estatísticas sobre o assunto, na realidade, sejam diferentes. Tal hipótese aponta para um efeito poderoso dos media na sociedade e toma como ponto pacífico o fato dos indivíduos não conseguirem distinguir entre os conteúdos televisivos e os problemas reais, apostando na confusão dos espectadores assíduos no que diz respeito a esses assuntos. A crítica estabelecida pelo próprio Shrum, no entanto, complexifica a ideia do efeito cultivado. Segundo o autor, os julgamentos estão vinculados aos conteúdos televisivos porque estes são mais acessíveis que outros conteúdos, e não porque os espectadores já não conseguem diferenciar entre o que é ficção e o que é realidade. Seu argumento deriva de um princípio subjacente das pesquisas em cognição social: o princípio da suficiência/heurística. “Este princípio estabelece que, quando as pessoas constroem julgamento, elas normalmente não utilizam toda a informação relevante para o julgamento, mas somente uma pequena porção de informação já disponível” (SHRUM, 2002, p. 71, apud CARDOSO FILHO, 2009, p. 6). Desse modo, os espectadores assíduos tendem a ter os conteúdos veiculados pela televisão disponíveis e mais acessíveis no processo de construção do julgamento, o que seria um forte indício de efeito cultivado. 24 Inicialmente formulada para compreender os modos como a exposição frequente aos conteúdos de violência mediática influenciava a opinião dos indivíduos sobre a possibilidade de serem vítimas de crime, a hipótese do Cultivo Mediático ganhou elasticidade e passou a ser empregada para avaliar a influência exercida pela TV sobre expectativas de casamento e de amor, sobre estatísticas de desigualdade social ou mesmo sobre políticas públicas. Enquanto alguns autores insistem na ideia de que cada gênero mediático vai cultivar respostas específicas nos espectadores assíduos e que, portanto, é preciso distinguir entre os diferentes conteúdos televisivos - “a exposição à ficção televisiva irá contribuir para percepções diferentes das que seriam produzidas pela exposição aos esportes televisionados ou notícias televisivas” (GANDY JR & BARON, 1998, p. 512, apud CARDOSO FILHO, 2009, p. 3) -, outros pesquisadores afirmam que não se trata mais de identificar um efeito cultivado por cada gênero mediático apenas, mas de compreender como o sistema narrativo característico da televisão promove influência no processo de construção de julgamentos e comportamentos. “Exposição ao padrão total ao invésde gêneros específicos ou programas é, portanto, o que conta para as consequências historicamente distintas de viver com a televisão: o cultivo de conceitos de realidade partilhados por diferentes públicos” (GERBNER et al, 2002, p. 44, apud CARDOSO FILHO, 2009, p. 6). As pretensões da hipótese do Cultivo Mediático se voltam, então, para o estabelecimento das relações entre o texto mestre televisivo e o efeito que ele cultiva em espectadores assíduos. As pretensões também avançam no sentido de identificar como os efeitos de nível perceptivo são capazes de proporcionar atitudes e comportamentos que afetarão o “mundo real” – como se engajar numa campanha contra o desarmamento, ou na luta pela preservação do meio ambiente. Nesse sentido, os pesquisadores associados à hipótese do Cultivo Mediático distinguem dois níveis de efeitos: os efeitos em primeira ordem, que atuam no âmbito perceptivo e cognitivo, cultivando um “julgamento televisivo” no espectador assíduo, e os efeitos em segunda ordem, que atuam no âmbito das atitudes e comportamento desse espectador – podendo levá-lo a adotar medidas condizentes com o proposto pelo texto mestre televisivo. Nabi e Sullivan (2001, apud CARDOSO FILHO, 2009, p. 7), por exemplo, exploram os efeitos em segunda ordem da hipótese do Cultivo Mediático numa pesquisa sobre os efeitos da TV no engajamento dos cidadãos em medidas 25 preventivas contra o crime e apontam alguns caminhos metodológicos para o refinamento da hipótese. Entre os principais desdobramentos já propostos, se destacam: a concepção da teoria da ação razoável que é usada a fim de complementar a análise de efeitos cultivados. “Pesquisas na área têm demonstrado evidências que, sob circunstâncias apropriadas, ‘visões de mundo’ podem de forma confiável prognosticar intenções de comportamentos e, de fato, transformar comportamentos” (NABI & SULLIVAN, 2001, p. 807, apud CARDOSO FILHO, 2009, p. 7). O efeito da linha central, que indica que os espectadores assíduos sofrerão de maiores efeitos cultivados se não tiverem qualquer tipo de experiência com o tema narrado pela TV, “especificamente, aqueles cujas experiências são mais discrepantes do mundo da televisão são os mais prováveis de serem influenciados por sua mensagem” (SHRUM & BISCHAK, 2001, p.190, apud CARDOSO FILHO, 2009, p. 7). O efeito de ressonância, oposto ao efeito da linha central, que afirma que espectadores assíduos que já tiveram experiência direta com o tema apresentado sofrem uma dose dobrada do efeito cultivado, “aqueles cujas experiências de vida são similares às experiências apresentadas pelo mundo da TV serão os mais prováveis influenciados pela mensagem” (SHRUM & BISCHAK, 2001, p.191, apud CARDOSO FILHO, 2009, p. 7). E o efeito de impacto impessoal, que aponta que a percepção do efeito cultivado ocorre, em primeiro lugar, no âmbito social ou pessoal e, posteriormente na natureza direta ou indireta da experiência, na qual o indivíduo avalia a proximidade do tema em relação a si mesmo, “isso sugere que o efeito de ver televisão varia em função do tipo de julgamento” (SHRUM & BISCHAK, 2001, p.193, apud CARDOSO FILHO, 2009, p. 8). Tais desdobramentos indicam uma preocupação dos pesquisadores dessa hipótese em identificar moderadores que atuem sobre a influência do cultivo dos media, aumentado ou reduzindo seu efeito. Esses moderadores buscam conceder maior importância às experiências individuais dos espectadores, ao relacionamento estabelecido entre estes e o texto mestre televisivo e, finalmente, às demais fontes de conhecimento além dos media. Explorar os modelos teóricos contemporâneos da investigação em media effects pode contribuir significativamente para a compreensão dos padrões de julgamento, percepção e atitude de uma sociedade cada vez mais calcada nos meios de comunicação massa. Explorar essa hipótese, em particular, implica conhecer seus 26 pontos fortes e fracos, apontar caminhos que norteiem pesquisadores e reconhecer seus limites. 3.7 Teoria Funcionalista Entre o final dos anos 1940 e os anos 1970, a teoria funcionalista significou uma passagem das abordagens interessadas nos efeitos da mídia para uma abordagem interessada nas funções. Inspira-se nos estudos sociais estrutural- funcionalistas, que concebem a sociedade como conjunto de sistemas interligados que dão suporte às estruturas sociais. Do ponto de vista programático, a Teoria Funcionalista desloca o interesse dos efeitos da comunicação de massa para as funções por eles exercidas. Concentra o interesse, também, na existência “normal” da comunicação de massa na sociedade – não mais nas ações da propaganda que permearam os estudos anteriores. Interessa-se pela dinâmica do sistema social e o papel desempenhado pelas comunicações de massa. Para a teoria estrutural-funcionalista, o equilíbrio do edifício social depende das relações funcionais que indivíduos e subsistemas ativam no seu conjunto. A lógica regulamenta os fenômenos sociais é constituída por relações de funcionalidade que presidem à solução de quatro problemas fundamentais, ou imperativos funcionais, que todo o sistema social deve enfrentar: a. A manutenção do modelo e o controle das tensões. b. A adaptação ao ambiente. c. A perseguição de objetivos (defesa de território, aumento da produtividade, etc.) d. A integração. (Deve existir fidelidade entre os elementos de um sistema e fidelidade ao próprio sistema no seu conjunto). Por exemplo, no que respeita ao problema da manutenção do esquema de valores, o subsistema das comunicações de massa é funcional, na medida em que desempenha parcialmente a tarefa de realçar e reforçar os modelos de comportamento existentes no sistema social. Os subsistemas podem ser disfuncionais na medida em que constituírem obstáculos à satisfação de alguns dos imperativos funcionais. 27 A função se diferencia do propósito: Enquanto este implica um elemento subjetivo associado à intenção do indivíduo que age, a função é entendida como consequência objetiva da ação. Em relação à sociedade, a difusão de informação desempenha duas funções: Alerta aos cidadãos ante ameaças e perigos imprevistos. Fornece instrumentos para certas atividades cotidianas institucionalizadas na sociedade, como, as trocas econômicas, etc. Em relação ao indivíduo, e no que diz respeito à “mera existência” dos meios de comunicação de massa, ou seja, independentemente da sua ordem institucional e organizativa, são observadas três outras funções: Atribuição de posição social e de prestigio às pessoas e aos grupos que são objetos de atenção por parte dos mass media. Legitimação de pessoas, grupos e tendências sociais. Reforço do prestigio daqueles que se identificaram com a necessidade, e o valor socialmente difundido, de serem cidadãos bem informados. Reforço das normas sociais e da ética vigente na sociedade. “É claro que os meios de comunicação de massa servem para confirmar as normas sociais, denunciando os seus desvios à opinião pública”. (Lazarsfeld e Merton, 1948, apud SILVA, 2012, p. 11) Disfunções No nível da sociedade: Os fluxos informativos que circulam livremente podem ameaçar a estrutura fundamental da própria sociedade. No nível dos indivíduos: Difusão de notícias alarmantes (sobre perigos naturais ou tensões sociais) pode provocar reações de pânico em vez de reações de vigilância consciente. (Orson Wells) No nível individual: O excesso de informações pode conduzir a um debruçar-se para o mundo particular, para a esfera das experiências e relações próprias. Disfunção narcotizante. Se se passar da análise funcional dos mass media, avaliados independentemente de serem parte da estrutura social e econômica, para a análise da ordem institucional e proprietária dos próprios meios, 28 individualizam-se outras funções como, por exemplo,a de contribuírem para o conformismo. “O impulso para o conformismo exercido pelos meios de comunicação de massa deriva não só de tudo o que neles é dito mas, mais ainda, de tudo o que não dizem”. Melvin de Fleur (1970, apud SILVA, 2012, p. 11) particulariza a capacidade de resistência do sistema dos mass media aos ataques, às críticas e às tentativas de elevar a baixa qualidade cultural e estética da produção e comunicações de massa. 3.8 Teoria Crítica Fonte:www.conceito.de A denominação “Teoria Crítica” é muito empregada, mas nem sempre de forma adequada. Decorrente da perspectiva marxista, o pensamento expresso pela Teoria Crítica foi sistematizado pelos teóricos da Escola de Frankfurt: Jürgen Habermas, Herbert Marcuse, Max Hokheimer e Theodor Adorno, com o propósito de “[...] repensar e reconstruir o significado de emancipação humana” (GIROUX, 1986, p. 21, apud GOES, 2018, p. 73). A Escola de Frankfurt foi formada por um grupo de intelectuais marxistas não ortodoxos, alemães, ligados ao Institute of Social Research (Instituto de Pesquisas Sociais), criado em 1923 na Universidade de Frankfurt. No início, Max Horkheimer, Theodor Adorno e Herbert Marcuse desenvolveram pesquisas e intervenções teóricas sobre o pensamento filosófico, social, cultural, estético, de tradição germânica, 29 especialmente em relação a Marx, Kant, Hegel e Weber (GIROUX, 1986; MATOS, 1993; KINCHILOE; MCLAREN, 2006, apud GOES, 2018, p. 74). Max Horkheimer, na coordenação do Instituto no período de 1930 a 1967, desencadeou modificações em relação à principal preocupação da Escola que era a “[...] análise da subestrutura socioeconômica”, para o interesse a superestrutura cultural (GIROUX, 1986, p. 24, apud GOES, 2018, p. 74). Ele assumiu um propósito claro, ao propor o desenvolvimento de uma teoria social para a interpretação da complexidade das mudanças políticas e econômicas do início do século XX. Seus membros articularam-se para entender (e explicar) a sociedade moderna de massas e industrial, em meio à expansão dos governos totalitários na Europa. Nessa perspectiva, suas pesquisas debruçavam-se sobre as questões que divergiam da promoção da liberdade e da igualdade (MATOS, 1993, apud GOES, 2018, p. 74). A Escola de Frankfurt toma como um dos seus valores centrais um compromisso de penetrar o mundo das aparências objetivas para expor as relações sociais subjacentes que frequentemente iludem. Em outras palavras, penetrar tais aparências significa expor, através de uma análise crítica, as relações sociais que tomaram o ‘status’ de coisas ou objetos. (GIROUX, 1986, p. 22, grifo do autor; apud GOES, 2018, p. 74). O posicionamento dos teóricos da Escola de Frankfurt, cuja sensibilidade política era influenciada pela devastação da Primeira Grande Guerra e pelo pós- guerra com sua depressão econômica – marcada pela inflação, desemprego, greves e protestos que irromperam na Alemanha e na Europa Central –, revelou que o mundo necessitava urgentemente de uma reinterpretação (KINCHILOE; MCLAREN, 2006, apud GOES, 2018, p. 75). Dessa forma, a escola de Frankfurt contribui teoricamente para desvelar questões sociais que emergem da sociedade atual. Dentre outras temáticas emergentes do processo de desenvolvimento do capitalismo, os teóricos que integravam o Instituto de Pesquisas Sociais se ocuparam com a multiplicação dos meios de comunicação; o esgotamento da autonomia da cultura em relação à economia; as relações sociais e de trabalho. Assim sendo, a diversidade de temas em debate foi uma das características dos integrantes do Instituto, relacionados à análise dos contextos históricos, tendo como mediadores as relações de dominação e de subordinação e enfatizando a importância do pensamento crítico. 30 Em decorrência da Segunda Guerra Mundial, e pelo posicionamento teórico político da escola de base marxista formada por judeus, houve a necessidade de transferência da Escola de Frankfurt para os Estados Unidos (EUA) em 1933. Enquanto estavam nos EUA, Horkheimer, Adorno e Marcuse produziram seu melhor trabalho, inspirado nas contradições entre a progressiva retórica americana da igualdade e a realidade da discriminação racial e de classe presente na sociedade. Em 1953, Horkheimer e Adorno retornaram à Alemanha e Herbert Marcuse permaneceu nos Estados Unidos, pois encontrou aceitação para seu trabalho na teoria social e foi reconhecido como o filósofo do movimento estudantil. Muitos intelectuais nos anos de 1960 voltaram-se à Teoria Crítica, pois viram nessa teoria uma forma de se opor, com seus trabalhos, àquelas formas de poder vigente. Apropriando-se da abordagem humanística do ato de pesquisar, os teóricos críticos opõem-se ao cientificismo da ‘objetificação’ que valoriza, acima de tudo, o método. Para eles, o conhecimento da realidade é decorrente do processo histórico sempre em transformação e sensível ao contexto e aos valores do pesquisador (KINCHILOE; MCLAREN, 2006, apud GOES, 2018, p. 75). Nesse sentido, a Teoria Crítica supera a teoria positivista, tradicional, propondo para a ciência uma perspectiva crítica de emancipação humana. A esse respeito, Silva e Sánchez Gamboa (2014, apud GOES, 2018, p. 75) complementam que: A pesquisa científica não é, portanto, uma atividade neutra, realizada ao acaso e movida pela curiosidade imparcial do pesquisador. Ela é, sim, de fato, influenciada pelo contexto social mais amplo como, por exemplo, as condições sociopolíticas e econômicas de determinada sociedade, por contextos mais específicos (relacionados à estrutura interna do curso ou instituição na qual é desenvolvida) e pelo próprio pesquisador, com seu sistema de valores, crenças etc. (SILVA; SÁNCHEZ GAMBOA, 2014, p. 50, apud GOES, 2018, p. 75). Ainda que com forte base marxista, a Teoria Crítica não leva em conta de forma tão radical a luta de classes e o determinismo da estrutura econômica. De acordo com os teóricos críticos, “[...] a crítica à economia política é insuficiente para compreender as possibilidades das transformações sociais, políticas e subjetivas” (MATOS, 1993, p. 39, apud GOES, 2018, p. 76). Assumindo tal postura, esses teóricos dispõem-se a realizar uma crítica radical ao tempo presente. Portanto, na perspectiva criticista, pressupõe-se que vivemos em um mundo onde a instrumentalização das coisas 31 acaba causando, também, a instrumentalização dos indivíduos (consciência coisificada). Apesar da notável contribuição da Escola de Frankfurt para a ciência, Kincheloe e McLaren (2006, p. 282, apud GOES, 2018, p. 76) indicam três motivos da dificuldade em determinar o que é, precisamente, a Teoria Crítica: “a) há inúmeras teorias críticas, e não apenas uma; b) uma tradição crítica está sempre mudando e evoluindo; e c) a teoria crítica tende a evitar a especificidade excessiva, pois há espaço para discordâncias entre teóricos críticos”. No entanto, o ponto de convergência das diferentes vertentes da Teoria Crítica encontra-se na aversão à racionalidade técnica instrumental Os criticistas advertem que a racionalidade instrumental “[...] geralmente separa o fato do valor em sua obsessão pelo método ‘apropriado’, perdendo, no processo, uma compreensão das escolhas de valor sempre envolvidas na produção dos assim chamados fatos” (KINCHELOE; MCLAREN, 2006, p. 284, grifo dos autores, apud GOES, 2018, p. 76). Nessa perspectiva, Matos (1993) esclarece que: Fez-se necessário à Teoria Crítica caminhar para a crítica da civilização técnica, uma vez que técnica no domínio da natureza e técnica na tomada do poder, no mundo atual, se conjugam. O pragmatismo e a ‘ação eficiente’ vêm tomando o lugar do pensamento e da reflexão. A empiria — a ação imediata não-reflexiva — quer corrigir seus desacertos pelo uso da violência e do terror. Ela supõe seres obedientes. Para os frankfurtianos, porém, pensar é o contráriode obedecer. (MATOS, 1993, p. 39, grifo da autora; apud GOES, 2018, p. 76). Nessa perspectiva, para entender a Teoria Crítica, é preciso compreender as relações entre o particular e o todo e entre o específico e o universal que existem na sociedade. Tal posicionamento diferencia-se totalmente da perspectiva positivista na qual a teoria é uma questão de ordenar e classificar os fatos. Ao rejeitar a ideia de considerar os fatos de forma absoluta, a Escola de Frankfurt argumenta que, na relação entre teoria e sociedade, existem mediações que dão significado à natureza que constitui os fatos e também à natureza e à substância do discurso teórico (GIROUX, 1986, apud GOES, 2018, p. 76). Outro elemento constitutivo da Teoria Crítica contrapõe-se à neutralidade enfatizada pelo positivismo. Isso corresponde ao reconhecimento dos interesses e dos valores ao refletir-se criticamente sobre o desenvolvimento histórico, bem como da gênese desses interesses e suas limitações em certos contextos históricos e sociais. 32 Ou seja, a correção metodológica não é garantia da verdade (MELO, 2011, apud GOES, 2018, p. 76). A função ‘desmascaradora’ da teoria e a força propulsora dessa função encontram-se na crítica imanente e no pensamento dialético. A crítica imanente “[...] é a afirmação da diferença, a recusa em identificar aparência e essência, a disposição de analisar o objeto social em função de suas possibilidades” (GIROUX, 1986, p. 33- 34, apud GOES, 2018, p. 76). O pensamento dialético, segundo esse mesmo autor, refere-se à crítica e à reconstrução teórica. Como modo de crítica, revela valores que são muitas vezes negados quando se analisa determinado objeto social. Nesse sentido, a noção de dialética é importante porque revela a incompletude, o que é em termos do que não é e das potencialidades ainda não realizadas. Como modo de reconstrução teórica: O pensamento dialético revela o poder da atividade humana e do conhecimento humano tanto como produto quanto como uma força na determinação da realidade social. [...] não para proclamar que os seres humanos dão sentido ao mundo. Ao invés disso, enquanto uma forma de crítica, o pensamento dialético argumenta que há uma ligação entre conhecimento, poder e dominação. (GIROUX, 1986, p. 34-35, apud GOES, 2018, p. 76). Insistindo na primazia do conhecimento teórico no campo das pesquisas empíricas, a Teoria Crítica enfatiza os limites da noção positivista de experiência, a qual poderia ser replicada por outro pesquisador. Ela defende, portanto, que toda teoria e prática estão inter-relacionadas, constituindo uma práxis. Horkheimer (1991, apud GOES, 2018, p. 77), em Teoria Tradicional e Teoria Crítica, considera que a práxis é a prática incorporada de teoria e se refere a toda e qualquer prática social. A práxis, segundo os autores, é uma ou a principal categoria na Teoria Crítica. Horkheimer lembra que a teoria crítica aspira a transformação revolucionária da sociedade, ao contrário da teoria tradicional, que visa manter o estado atual das coisas. Desse modo, os intelectuais que assumem verdadeiramente a teoria crítica não podem contentar-se com uma posição meramente compreensiva, contemplativa da prática social. [...]. É importante destacar uma diferença essencial entre a teoria tradicional e a teoria crítica, no que diz respeito a sua relação com a prática, que tem muito a ver com o papel que a intelectualidade que se pretende ligada à transformação das condições sociais desempenha hoje. A teoria tradicional, na qual o nexo com a objetividade é negado, tem como critério de legitimidade a produtividade, a possibilidade da aplicação imediata, que resulte em maior eficiência, menos tempo gasto na produção de mercadorias. A teoria crítica não tem essa aspiração. Pensar que a teoria crítica pode ser aplicada com esses mesmos critérios seria pensar de uma forma não crítica, tradicional. (VIEGAS, 2002, p. 461-462, apud GOES, 2018, p. 77). 33 Considerando a complexidade inerente aos pressupostos da Teoria Crítica evidenciada por seus precursores, Kincheloe e McLaren (2006, p. 292, apud GOES, 2018, p. 77) compreendem que o pesquisador fundamentado nessa teoria aceita certas suposições básicas da abordagem crítica. [...] de que todo pensamento é fundamentalmente mediado pelas relações de poder estabelecidas social e historicamente; de que os fatos nunca podem ser isolados do domínio de valores ou removidos de alguma forma de inscrição ideológica; de que a relação entre conceito e objeto e entre significante e significado nunca é estável ou fixa, sendo geralmente mediada pelas relações sociais da produção e do consumo capitalistas; de que a linguagem é central para a formação da subjetividade [...]; de que, em qualquer sociedade, certos grupos são privilegiados em relação a outros [...]; de que a opressão tem muitas faces, e de que o foco sobre apenas uma delas à custa das demais [...] muitas vezes elide as interconexões existentes entre elas; e, finalmente, a de que as práticas predominantes de pesquisa geralmente estão implicadas na reprodução dos sistemas de opressão de classe, de raça e de gênero [...]. (KINCHELOE; MCLAREN, 2006, p. 292-293, apud GOES, 2018, p. 77). A breve abordagem acerca da gênese e dos principais pressupostos da Teoria Crítica evidência a relevância dessa abordagem teórica para a pesquisa qualitativa em Ciências Humanas e Sociais para análise de questões contemporâneas presentes na sociedade. Apesar dos diferentes modelos críticos correspondentes aos teóricos precursores dessa teoria (Jürgen Habermas, Herbert Marcuse, Max Hokheimer e Theodor Adorno), há consenso no que diz respeito a um novo modo de observar e de refletir a realidade e o agir humano da nossa sociedade. Tal vertente teórica, portanto, constitui-se como um método em potencial para o desenvolvimento de pesquisas em várias áreas do conhecimento, dentre elas a da Educação Para além do exposto, levando em consideração o vasto campo de análise que a Teoria Crítica abrange, no próximo tópico abordam-se algumas de suas principais categorias de análise. A contribuição da Teoria Crítica para as pesquisas em avaliação educacional As pesquisas qualitativas podem ser fundamentadas nos pressupostos teóricos da Teoria Crítica. Segundo Carspecken (2011, p. 396, apud GOES, 2018, p. 84), “A pesquisa qualitativa crítica tem origem nos trabalhos de Paulo Freire (2000, apud GOES, 2018, p. 84) e Paul Willis (1977, apud GOES, 2018, p. 84)”. De acordo com Carspecken (2011, apud GOES, 2018, p. 84), Michael Apple e Henry Giroux são os teóricos que a representam. No caso de Freire, segundo Carspecken (2011, p. 396, 34 apud GOES, 2018, p. 84), a pesquisa e a pedagogia unem-se para que “[...] a geração de conhecimento, a conscientização e a mobilização por mudança social se juntassem”. As pesquisas em educação desenvolvidas a partir da Teoria Crítica primam tanto pela produção de conhecimento como pela promoção de intervenções críticas. Elas precisam ser concebidas como provocadoras da autorreflexão, o que significa que as pesquisas na área da educação podem fomentar experiências educativas que incentivam a autonomia do sujeito e, ao mesmo tempo, podem possibilitar o fortalecimento de posturas críticas e de resistência na sociedade atual tão marcada pela desigualdade social. Nesse sentido, a pesquisa qualitativa crítica não busca somente descrever a realidade social; ela tem, também, por projeto, a conscientização e a exposição das formas de conhecer e de julgar o conhecimento discursivo. Para Carspecken (2011, p. 398, apud GOES, 2018, p. 85), a “[...] pesquisa qualitativa crítica é informada por uma teoria epistemológica e social que esclarece a relação entre produção de conhecimento, ação, identidade humana, poder, liberdade e mudança social” (CARSPECKEN, 2011, p. 398, apud GOES, 2018, p. 85). Para os criticistas,cabe à pesquisa levar em consideração o contexto sócio histórico e cultural, para compreender como os intérpretes e os objetos de interpretação são construídos, em determinado tempo e lugar, o que facilita o entendimento de dinâmicas e certas estruturas ocultas presentes em significados sociais e de valores. “A hermenêutica central de muitos trabalhos qualitativos críticos envolve as interações entre pesquisa, sujeito (s) e essas estruturas sócio históricas que tem a função de situar” (KINCHELOE; MCLAREN, 2006, p. 290, apud GOES, 2018, p. 85), e, assim, procura relacionar as questões cotidianas enfrentadas pelos indivíduos com as questões públicas do poder, da justiça e da democracia. Portanto: A investigação que se aspira o nome crítica deve estar vinculada a uma tentativa de confrontar a injustiça de uma determinada sociedade ou esfera pública dentro da sociedade. A pesquisa torna-se, portanto, um esforço transformativo que não se incomoda com o rótulo político e nem tem medo de consumar uma relação com a consciência emancipatória. [...]. A pesquisa na tradição crítica assume a forma de crítica autoconsciente – autoconsciente no sentido de que os pesquisadores tentam ficar a par dos imperativos ideológicos e das pressuposições epistemológicas que invadem sua pesquisa e também suas próprias alegações subjetivas, intersubjetivas e normativas de referência. (KINCHELOE; MCLAREN, 2006, p. 293, grifos dos autores; apud GOES, 2018, p. 85). 35 Na acepção dos autores, os pesquisadores críticos desenvolvem suas pesquisas, tendo como premissa a possibilidade de ações políticas para reparar as injustiças encontradas no campo ou construídas no próprio ato da pesquisa. Conforme Chizzotti (2001, apud GOES, 2018, p. 85), ao adotar essa orientação, os pesquisadores partem de um fundamento teórico-epistemológico “[...] de que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, uma interdependência viva entre o sujeito e o objeto, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito” (CHIZOTTI, 2005, p. 79, apud GOES, 2018, p. 85). Como a educação é uma prática social, que resulta de condicionantes políticos, econômicos, sociais e culturais, a abordagem crítica em pesquisas educacionais pressupõe uma concepção unitária, coerente e orgânica do mundo e faz da crítica seu modelo paradigmático, de tal modo que não basta tentar compreender a realidade, faz-se necessário intervir nela visando a emancipação dos sujeitos. Considerando a possibilidade da adoção dos fundamentos da Teoria Crítica para o desenvolvimento de estudos e de pesquisas no âmbito da educação e da avaliação educacional, apoia-se nas proposições de Cappellett (2012, apud GOES, 2018, p. 86) quando ela afirma que se faz necessário dirigir esforços para que os pressupostos teóricos que as fundamentam estejam bem definidos e claros. A autora recomenda: a) Posição clara diante da ação humana visando esclarecimento das pessoas que assumem, fazendo-as capazes de descobrir quais seus interesses e levando esses agentes à libertação das coerções, às vezes auto impostas e sempre auto frustrantes; b) Processo que estrutura uma forma de conhecimento; c) Construto epistemológico com adesão às teorias críticas, reflexivas, em que o autor se conhece ao conhecer, diferentemente do paradigma “objetificante” das ciências naturais. (CAPPELLETTI, 2012, p. 219, grifo da autora; apud GOES, 2018, p. 86). As pesquisas fundamentadas na Teoria Crítica, portanto, contrapõem-se às de cunho objetivista, de base positivista, e pressupõem uma visão dialética da realidade, uma práxis, ou seja, a maneira como se estabelecem os nexos entre teoria e prática são diferentes na teoria tradicional e na teoria crítica. A relação teoria e prática, na teoria crítica, implica auto atividade e espontaneidade em oposição à forma pragmatista e mecânica como se liga a teoria à prática na teoria tradicional (HORKHEIMER, 1991, apud GOES, 2018, p. 86). 36 Na perspectiva crítica, as pesquisas têm um caráter dialógico, dialético e colaborativo. Há uma “[...] confluência de opiniões, valores, crenças e comportamentos divergentes e não de alguma falsa homogeneização imposta de fora. Além disso, as pessoas da comunidade absolutamente não são ‘objetos de conhecimento’; são colaboradores ativos no esforço de pesquisa” (ANGROSINO, 2009, p. 28, grifo do autor, apud GOES, 2018, p. 86). Cientes das múltiplas perspectivas teórico-epistemológicas que os pesquisadores críticos podem optar, considera-se importante a contribuição dos pressupostos da Teoria Crítica para a pesquisa em avaliação educacional. A opção pelo fundamento dialético crítico em pesquisa prima pela produção de conhecimento que visa a promoção, a autonomia e a emancipação humana, pressupondo, portanto, uma visão dialética da realidade, associando a teoria e a e prática. Para além do exposto, Cappelletti (2012, p. 214, apud GOES, 2018, p. 86) indica que a pesquisa em avaliação educacional na perspectiva crítica “[...] busca a compreensão do objeto em situação, no diálogo intersubjetivo com os envolvidos e com a necessária teoria requerida”. Assim sendo, “[...] essa busca ocorre por intermédio de uma investigação que não ignora o contexto da situação em pauta para ressignificá-la e transformá-la”. Convergindo com tais concepções de pesquisa em avaliação, Saul (2015, apud GOES, 2018, p. 86) expõe dois objetivos da avaliação emancipatória: o primeiro é o comprometimento com o futuro, as possíveis transformações, partindo do autoconhecimento crítico que permite clareza do real; já o segundo, baseia-se na crença de que o homem, por meio da consciência crítica, direcione ações no contexto em que vive e os valores com os quais se comprometem. Embora não sejam novas as discussões sobre avaliação e pesquisa em avaliação, elas reaparecerem com força nos últimos anos no meio acadêmico e educacional. Segundo Afonso (2010, apud GOES, 2018, p. 87), a problemática teórica e prática da avaliação educacional pode ser analisada a partir de múltiplos olhares e abordagens, porque: O campo da avaliação educacional é, assim, muito vasto e heterogéneo, pressupondo distintas funções e dimensões, explícitas ou implícitas, de natureza social, pedagógica, ética, técnica, científica, simbólica, cultural, política, de controlo e de legitimação, e envolvendo também diferentes instituições (governamentais ou não), grupos e atores educativos, bem como distintos quadros de análise, paradigmas e metodologias. (AFONSO, 2010, p. 1, grifo do autor; apud GOES, 2018, p. 87). 37 A partir das evidências expostas no diálogo com os autores contemplados neste estudo, conclui-se que as pesquisas qualitativas no âmbito educacional podem se beneficiar da perspectiva crítica como abordagem de pesquisa, em particular para estudos e pesquisas em avaliação educacional, tendo como categorias fundamentais além da práxis, o poder, a emancipação, a cultura, a ideologia e a justiça social. Os pesquisadores que elegem a Teoria Crítica para embasar suas pesquisas estão cientes da possibilidade de descrever os processos sociais opressivos relacionados à educação, bem como de conferir um caráter ideológico às pesquisas na área. A principal ambição das pesquisas críticas em avaliação educacional encontra-se na possibilidade de unir a práxis e a produção do conhecimento com a luta política por mudanças na estrutura da sociedade, promovendo, assim, um processo emancipatório. 4 SEGUNDA FASE 4.1 Teoria Gatekeeper Fonte: eurohlfs.blogspot.com As teorias da comunicação de massa da segunda fase analisam os emissores das mensagens. Para que houvesse uma revolução dos estudos que só analisavam na primeira fase a mensagem e os seus efeitos foram necessárias duas abordagens. A primeira segundo Wolf (2001, apud SILVA, 2013, p. 4) estudou o profissional da comunicação:
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