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MBA em Administração e Qualidade Sistemas ISO 9000 e Auditorias da Qualidade Considerações para a Adoção de um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) Prof. Wanderson Stael Paris MBA em Administração e Qualidade | Sistemas ISO 9000 e Auditorias da Qualidade | Considerações para a Adoção de um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) 2 Olá! Confira no vídeo a seguir alguns temas que serão abordados nesta aula. Bons estudos! Introdução Em um cenário globalizado, com a internacionalização, surgem novas formas de competição. Este fato, aliado à necessidade de desenvolvimento de modelos eficientes de gestão da qualidade e garantia de resultados econômicos, têm provocado alterações profundas no planejamento estratégico das organizações. Três fatores básicos posicionam a qualidade como fator crítico de sucesso para as organizações, gerando assim a necessidade de um tratamento estratégico em sua gestão. Vídeo 1 O nível de qualidade dos produtos e serviços oferecidos. A agilidade exigida no desenvolvimento de novos produtos e na solução de problemas inesperados. A exigência de altos índices de produtividade com base na redução de custos. MBA em Administração e Qualidade | Sistemas ISO 9000 e Auditorias da Qualidade | Considerações para a Adoção de um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) 3 Logo, o constante aprimoramento dos sistemas de gestão da qualidade tem se mostrado um fator fundamental na manutenção e abertura destes mercados. A qualidade enquanto elemento estratégico configura-se como base para a gestão organizacional na produção de bens e serviços. O sistema de gestão da qualidade deve ser estruturado como um sistema formado pelo somatório de vários conceitos de áreas específicas, que formam um conjunto de valores que estarão delimitando o sistema em estudo. Considerações para a adoção de um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) O avanço tecnológico é preponderante para o processo de propagação de inovações. Este fator ultrapassa os limites da organização, interagindo com o mercado e afetando todo o sistema produtivo. Segundo Porter, a existência de relações cooperativas entre organizações, associada a um ambiente institucional propício à absorção do avanço tecnológico, são fatores determinantes para o sucesso na implantação de estratégias inovadoras. De acordo com Paris, uma visão abrangente do processo de disseminação tecnológica sugere que a motivação e capacitação da organização não bastam para assegurar a interiorização do avanço tecnológico. É necessária a utilização de outras variáveis, a fim de gerar esta garantia. MBA em Administração e Qualidade | Sistemas ISO 9000 e Auditorias da Qualidade | Considerações para a Adoção de um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) 4 Estas relações podem ser representadas por parcerias tecnológicas, subcontratações, interação empresa-fornecedor e empresa-cliente, participação do funcionário, acesso à infraestrutura, estabilidade das regras da economia, entre outros. As inovadoras práticas de sistemas de gestão da qualidade são análogas ao conjunto das inovações tecnológicas. Os fatores empresariais concernentes à disseminação da cultura da qualidade total são atribuídas, basicamente, à capacitação tecnológica e gerencial armazenada pela empresa, associadas a uma predisposição (por parte da alta administração) em assimilar a relação custo-benefício originadas pelas mudanças organizacionais. Relações intra e intersetoriais Relação capital- trabalho Relação estado-setor MBA em Administração e Qualidade | Sistemas ISO 9000 e Auditorias da Qualidade | Considerações para a Adoção de um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) 5 O impacto de cada um desses agentes sobre a difusão da cultura da qualidade é indiscutível e, ao analisar sua influência e seus efeitos, é preciso considerar aspectos e especificidades internacionais, nacionais e regionais. Para conhecermos um pouco mais sobre a adoção de um SGQ, vamos assistir ao vídeo a seguir. Confira! A experiência internacional tem demonstrado que os benefícios são significativos, independentemente do setor considerado. Os custos, por sua vez, estão muito mais ligados ao aprendizado do que aos investimentos prévios requeridos. Vídeo 2 MBA em Administração e Qualidade | Sistemas ISO 9000 e Auditorias da Qualidade | Considerações para a Adoção de um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) 6 Com efeito, definida a introdução da qualidade como um objetivo estratégico da empresa, os avanços tendem a aparecer muito mais como fruto da capacidade adaptativa da empresa do que da mobilização de vastas somas de capital ou de grandes recursos de projeto de produto ou processo. A condução inadequada do processo pode constituir foco de tensão entre os vários segmentos da empresa, levando ao fracasso e, até mesmo, à mudanças organizacionais corretamente concebidas. (KUPFER, 1993) De acordo com as formas de integração entre empresas de uma mesma cadeia produtiva, definem-se horizontes variáveis para a incorporação da cultura da qualidade. Estes não se limitam às possibilidades de certificação de fornecedores ou, ainda, a outros métodos de garantia da qualidade. O que está em questão é, principalmente, a intensidade da cooperação existente entre empresas, através de programas de qualificação de fornecedores e de assistência técnica a clientes, indutores de interações tecnológicas sinérgicas. Em um estágio superior de cooperação, pode ocorrer uma reestruturação da própria cadeia de produção. A inexistência de “soluções prontas” confere um caráter experimental ao período de adoção dos novos métodos do sistema de gestão da qualidade, uma vez que as rotinas da empresa são sensivelmente alteradas. MBA em Administração e Qualidade | Sistemas ISO 9000 e Auditorias da Qualidade | Considerações para a Adoção de um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) 7 Processos de terceirização ou subcontratação, desde que tecnologicamente racionais, podem fazer a cadeia produtiva avançar em direção a graus ótimos de especialização, que permitam incrementos significativos da cultura da qualidade em todos os seus elos. E, se o elemento chave na implantação de um Sistema de Gestão da Qualidade está diretamente ligado à criação de uma cultura organizacional voltada ao aprendizado da qualidade, precisamos então discutir seu significado, junto aos grandes pensadores desta área. De acordo com Juran, a qualidade está diretamente ligada às características do produto percebidas pelo cliente; quanto melhores forem as características, mais alta será a qualidade. Por analogia o autor diz também, que quanto maior a ausência de defeitos, maior a percepção de qualidade. Afirma ainda, que existem duas formas diferentes de se tratar a qualidade em relação aos custos do produto. Clique a seguir e conheça cada uma delas. a. Quando a qualidade está associada à satisfação das necessidades do cliente agregando valor direto ao produto (características percebidas), este tende a custar mais com o aumento da qualidade. b. Quando a qualidade é orientada pelo custo com foco na eliminação de falhas e deficiências, quanto maior o de qualidade, menor é o custo associado ao produto. MBA em Administração e Qualidade | Sistemas ISO 9000 e Auditorias da Qualidade | Considerações para a Adoção de um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ)8 Segundo Juran, as necessidades dos clientes são categorizadas pela forma com que são externadas. Para Paladini o termo qualidade é de uso comum e, por vezes, gera um mau entendimento sobre seu conceito, sendo percebido a partir de comportamentos, políticas, prioridades etc. Assim, qualidade “é um conjunto de características imputadas a um produto, serviço ou processo, visando satisfazer e superar expectativas explícitas e implícitas do cliente, considerando todos MBA em Administração e Qualidade | Sistemas ISO 9000 e Auditorias da Qualidade | Considerações para a Adoção de um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) 9 os fatores que influenciam sua percepção no tempo e no espaço.” (PARIS) As primeiras demonstrações sobre a importância do foco voltado ao cliente e do envolvimento total das pessoas no processo produtivo, foram relatadas a partir da reconstrução do Japão. Para Miccoli, o sucesso na introdução da filosofia da qualidade produzida (da qualidade total) nas empresas, passa por uma mudança de cultura na organização. Este processo, portanto, inicia, necessariamente, com a sensibilização da alta administração e alta gerência. Esta sensibilização, em muitas empresas, tem início em uma avaliação de potenciais de ganhos, um pré-mapeamento. Após isso, recomendam-se seminários internos, e até visitas a empresas japonesas, para que fossem constatados, in loco, os bons resultados com a aplicação das técnicas da qualidade total. Mas não somente sensibilização é necessário. É preciso que haja a real vontade de mudar. Muitas vezes o desejo de mudar não está alinhado com o fato de que a mudança deve começar por você. O desejo e mudar, mas MBA em Administração e Qualidade | Sistemas ISO 9000 e Auditorias da Qualidade | Considerações para a Adoção de um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) 10 sem que eu precise mudar, foi apelidada como a "síndrome da insanidade", por Albert Einstein. Você já consegue definir o que é um sistema de gestão? Para que essa definição fique mais clara assista ao vídeo a seguir. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=7pMoSeRnGYo>. MBA em Administração e Qualidade | Sistemas ISO 9000 e Auditorias da Qualidade | Considerações para a Adoção de um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) 11 A qualidade total como modelo de partida da ISO9001 A gestão da qualidade total, segundo a norma NBR ISO 8402: “... é o modo de gestão de uma organização, centrado na qualidade, baseado na participação de todos os seus membros, visando ao sucesso a longo prazo, através da satisfação do cliente e dos benefícios para todos os membros da organização e para sociedade”. (ABNT, 1994). (Fonte: http://www.midwestexpressgroup.com/Certifications.aspx) Para conhecer mais sobre o assunto assista ao vídeo a seguir. Vamos conferir! A gestão pela qualidade total é baseada na formação de uma cultura organizacional onde os processos são perfeitamente compreendidos e corretamente realizados através do sucesso nos relacionamentos entre funcionários, fornecedores e clientes. Conforme a abordagem da trilogia de Juran: Vídeo 3 MBA em Administração e Qualidade | Sistemas ISO 9000 e Auditorias da Qualidade | Considerações para a Adoção de um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) 12 Cada um desses processos segue uma sequência de passos conforme mostrado no quadro a seguir. Os três processos universais de gerência para a qualidade (JURAN, p. 16, 1992) A gestão da qualidade total é um conjunto de atividades coordenadas para administrar uma organização com base em princípios de gestão da qualidade, com foco na competitividade, superando as necessidades e expectativas dos clientes ao longo do tempo. MBA em Administração e Qualidade | Sistemas ISO 9000 e Auditorias da Qualidade | Considerações para a Adoção de um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) 13 Oliveira apresenta dez princípios a serem desenvolvidos pela organização para que se tenha sucesso na implantação da qualidade total. I. Total satisfação do cliente. II. Gerência participativa. III. Desenvolvimento de recursos humanos. IV. Constância de propósitos. V. Aperfeiçoamento contínuo do sistema. VI. Gestão e controle de processos. VII. Disseminação de informações. VIII. Delegação. IX. Assistência técnica. X. Gestão das interfaces com agentes externos. Segundo Paladini, ações táticas e operacionais, no âmbito da qualidade, são pouco expressivas em mercados altamente competitivos. Assim, é necessária a adoção de uma postura estratégica no seu tratamento. Para elaborar uma visão estratégica para a qualidade há que se considerar dois aspectos básicos que deverão sustentar esta visão: MBA em Administração e Qualidade | Sistemas ISO 9000 e Auditorias da Qualidade | Considerações para a Adoção de um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) 14 São muitas as vantagens quando se desenvolve um sistema de Gestão Qualidade com base na Qualidade Total: Segundo Feigenbaum, a qualidade total é um modelo que objetiva a perfeita integração dos esforços de todas as áreas da indústria, visando a plena satisfação do cliente. Esta afirmação conota a importância da abordagem por processos, eliminando as barreiras setoriais da organização quando do uso de abordagem funcional. Outro fator importante a ser trazido da gestão da qualidade total é a administração da variabilidade do processo. Em um processo produtivo sempre há algum tipo de variação, seja ela da MBA em Administração e Qualidade | Sistemas ISO 9000 e Auditorias da Qualidade | Considerações para a Adoção de um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) 15 matéria-prima, da máquina, do homem, da forma de medir etc. Estas variações podem ser categorizadas por causas distintas. Você conhece as causas comuns e as causas especiais da gestão da qualidade total? E as ferramentas e metodologias da qualidade? Para iniciarmos o assunto, vamos assistir ao vídeo a seguir. Confira! Segundo Deming, o Dr. Shewhart tratava estas diferenças como sendo: causas de variação aleatórias e causas designáveis; e que por motivos pedagógicos o autor alterou as expressões por causas comuns das causas especiais de variação: Para tratar estas variações e os desvios de qualidade do processo, a qualidade total faz uso de ferramentas e metodologias em todas as atividades de controle ligadas à agregação de valor, ou seja, de Vídeo 4 MBA em Administração e Qualidade | Sistemas ISO 9000 e Auditorias da Qualidade | Considerações para a Adoção de um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) 16 todos os processos que influenciam diretamente na satisfação do cliente, visando a eliminação das causas especiais e o controle das causas comuns. Dentre as ferramentas estão: Folha de Verificação, Histograma, Diagrama de Causa e Efeito, Diagrama de Pareto, Carta de Controle, Diagrama de Dispersão, Gráficos, Brainstorming, Análise da Árvore de Falhas (FTA), entre outras. Algumas metodologias: Em resumo... Fundamentos de suporte ao SGQ São muitos os fundamentos que dão sustentação ao SGQ. Aqui se pretende promover uma conceituação de alguns deles, no sentido Um sistema de gestão com base na qualidade total é aplicável em qualquer tipo de organização por tratar-se de uma abordagem simples e bastante abrangente, que objetiva a melhoraria da competitividade através do aumento dos índices de eficácia, eficiência e flexibilidadede uma organização. Isto se dá por meio de planejamento, organização e compreensão de cada processo, envolvendo todos os indivíduos de todos os níveis da organização. MBA em Administração e Qualidade | Sistemas ISO 9000 e Auditorias da Qualidade | Considerações para a Adoção de um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) 17 de auxiliar o leitor na construção de um modelo de gestão voltado a excelência da qualidade. Indicadores da qualidade A avaliação da qualidade deve estar fundamentada em informações. Os indicadores da qualidade são essenciais para a análise e avaliação da qualidade. O processo de elaboração e definição dos indicadores a serem utilizados é delicado, pois uma escolha equivocada pode mascarar a realidade. Neste sentido, alguns aspectos devem ser considerados. Esses aspectos devem ser claros, precisos, objetivos e viáveis. Segundo Paladini, os indicadores podem estar associados aos variados ambientes da qualidade (in-line, off-line e on-line) e classificados em três categorias: Para que o assunto fique bem claro, vamos assistir ao vídeo a seguir. Confira! MBA em Administração e Qualidade | Sistemas ISO 9000 e Auditorias da Qualidade | Considerações para a Adoção de um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) 18 Liderança Ao trabalhar a cultura da qualidade total em uma organização é de fundamental importância o comprometimento da alta administração. Uma importante tarefa da administração é gerenciar a interdependência dos processos que formam o sistema da qualidade. Resolver conflitos e eliminar os obstáculos que impedem a cooperação mútua são responsabilidades ligadas à alta administração. Dentre os objetivos de um líder está a concepção de sistema voltado à melhoria contínua do desempenho empresarial considerando a necessidade de todas as partes interessadas Segundo Deming, o sucesso na condução de uma organização reside no fato de saber dirigir e controlar os processos de forma transparente e sistemática. Ele afirma que a principal função da alta direção é criar um ambiente que envolva totalmente as pessoas através de liderança e ações, promovendo um sistema de gestão da qualidade capaz de obter altos índices de eficácia e eficiência. Hoje não se permite mais aquele perfil autocrata, é preciso mais uma mudança de paradigma. O líder deve estimular o treinamento e crescimento, gerando as condições propícias à produção e sabendo ouvir o que seus liderados têm a dizer. Outro fator importante é o desenvolvimento da visão sistêmica, conhecendo as interações entre todos os elementos que compõe o processo. É essencial a compreensão das interfaces de comunicação entre gerentes, funcionários, clientes e fornecedores Vídeo 5 MBA em Administração e Qualidade | Sistemas ISO 9000 e Auditorias da Qualidade | Considerações para a Adoção de um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) 19 dentro do sistema da qualidade. Ao lidar com pessoas que possuem expectativas e anseios diferentes, os gestores devem identificar as habilidades específicas de cada colaborador para poder extrair o melhor proveito de cada um, favorecendo um ambiente que permita a motivação de seus recursos humanos. Para uma maior efetividade de sua liderança, o gestor deve promover, periodicamente, conversas informais com seus comandados a fim de compreender seus objetivos, necessidades, anseios e expectativas. Estes encontros devem acontecer pelo menos uma vez por ano. Cultura e Aprendizagem Organizacionais Você conhece a relação entre liderança, cultura e aprendizagem organizacionais e custos da qualidade? Vamos responder essa pergunta assistindo ao vídeo a seguir. Vídeo 6 MBA em Administração e Qualidade | Sistemas ISO 9000 e Auditorias da Qualidade | Considerações para a Adoção de um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) 20 A adequação de padrões locais de qualidade, aliados às expectativas singulares de clientes e parceiros locais, gera certo conforto com relação ao tema, em função de uma cultura já internalizada: a cultura local. Entretanto, o processo de globalização transformou as singularidades locais em exigências internacionais. As práticas de gestão bem sucedidas, rapidamente são disseminadas no mercado, e com isso, experiências particulares, quando comprovadamente eficazes, têm formado modelos de gestão internacionalizados num curto espaço de tempo. Existe uma falta de compreensão generalizada por boa parte de empresários e pessoas ligadas à implantação de técnicas da gestão da qualidade. Por que não conseguimos obter os resultados esperados ao introduzir as técnicas de gestão da qualidade? Por que existe a necessidade de alterações e adaptações no modelo? A resposta as estes questionamentos é simples. Ao adotar um modelo de gestão criado, idealizado e testado em um país, cujos aspectos culturais são muito diferentes, são necessárias algumas adaptações culturais. Neste momento, uma terceira cultura organizacional, híbrida, deve ser gerada; esta será formada pela cultura organizacional da empresa e a cultura do país de origem do modelo a ser adotado. Deming explica que as técnicas e procedimentos nas empresas japonesas fazem parte do comportamento e da cultura daquele MBA em Administração e Qualidade | Sistemas ISO 9000 e Auditorias da Qualidade | Considerações para a Adoção de um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) 21 país, não são apenas procedimentos. Isso conota a necessidade de relacionar a cultura organizacional à gestão da qualidade. No entanto, segundo Paris e Barbosa, confirmando uma tendência global, o relacionamento entre empresas de países diferentes vêm se transformando na última década, incorporando a noção de rede internacional de relacionamento que permite avaliar a relação como uma fonte de aprendizado mútuo. Ao interpretar cada cliente como um parceiro de negócio no exterior, a empresa pode aproveitar a aprendizagem internacional para alterar as estratégias globais e aprimorar as tecnologias empregadas. O conflito de valores e interesses entre culturas diferentes pode colocar em risco o planejamento e a estratégia global da organização, ao fazer com que as intenções de redução de custos e busca da qualidade, sejam minados pela adoção de ações ajustadas à visão da gerência a respeito das oportunidades e expectativas locais. A ausência de uma visão sistêmica mais aguçada por parte desses gestores promove a tomada de decisões individualizadas, muitas vezes, contrárias às decisões necessárias para garantir o suporte à estratégia global. Todavia, a concentração das atividades em negócios locais apresenta vantagens para o alcance dos objetivos globais, uma vez que, a experiência e o conhecimento da cultura local facilitam o atendimento das expectativas dos clientes e demais partes interessadas, favorecendo a obtenção de vantagens competitivas e realização de negócios, de maneira mais eficiente, ao ajustar suas ações e estratégias. (PARIS; BARBOSA, 2003) MBA em Administração e Qualidade | Sistemas ISO 9000 e Auditorias da Qualidade | Considerações para a Adoção de um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) 22 A utilização de sistemas internacionais padronizados de gestão da qualidade incorpora também as políticas de qualidade a serem aplicadas nas empresas. Porém, a necessidade de adequação às exigências dos fornecedores e clientes locais força a negligência de parte dessas recomendações, o que pode pôr em risco a identidade e os interesses da organização. Deming enfatiza a necessidade de a mudançado paradigma ensinar pelo novo modelo: aprender. O saber está em toda parte, em todos os níveis e não exclusivamente nas elites. É preciso criar alguns estímulos para a participação de todos no processo de melhoria contínua. Fica evidenciada a necessidade do fator transformação. “A aprendizagem organizacional pode ser entendida como um processo de adaptação da empresa ao seu meio ambiente. Sua avaliação estruturada e organizada permite que sejam realizadas as adaptações necessárias de uma forma consciente, e não apenas baseada na capacidade natural de seus indivíduos”. (PARIS; BARBOSA, 2003). Os eventos históricos podem se transformar em lições aprendidas. Porém, faz-se necessária uma análise retrospectiva para tratá-los, gerar um conhecimento útil e formar uma consciência comum. O conhecimento adquirido individualmente deve ser registrado, formando uma base de dados comum a todos os envolvidos. O benefício direto está na melhoria do processo de tomada de decisões, com base em fatos. Deming afirma que o processo de aprendizagem deve ser tratado de forma estruturada. Para isso o autor propõe a utilização do ciclo MBA em Administração e Qualidade | Sistemas ISO 9000 e Auditorias da Qualidade | Considerações para a Adoção de um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) 23 Shewhart de aprendizagem e melhoria: o Ciclo PDSA (Plan, Do, Study, Act). Fluxograma de aprendizagem e melhoria (DEMING, 1997. Adaptado) Este ciclo desenvolvido por Shewhart foi adaptado por Deming para que pudesse ser usado durante os processos de melhoria contínua dentro das organizações. O PDCA é a base da gestão da qualidade total, e esta adaptação se deu apenas com a troca do S (study) pelo C (check). Desta forma ampliou-se o planejamento com P D S A MBA em Administração e Qualidade | Sistemas ISO 9000 e Auditorias da Qualidade | Considerações para a Adoção de um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) 24 a inserção de resultados esperados e onde se fazia o estudo dos resultados agora faz-se a comparação dos valores obtidos com os valores esperados. Com esta alteração, promoveu-se a adaptação do PDSA (feito apenas por estudiosos) para o PDCA (adaptado ao chão de fábrica). Custos da qualidade Ao tratar esta conceituação, é preciso fazer uma ressalva para que se possa distinguir os custos da qualidade dos custos da não qualidade, evitando enganos no tratamento do tema. Os custos da qualidade estão associados aos custos de manutenção dos padrões de qualidade dos produtos, representando os gastos com as conformidades ou não conformidades aos requisitos estabelecidos pelo cliente. Alguns pensadores da qualidade, dentre eles Jurane Crosby, afirmam que o aperfeiçoamento da qualidade está diretamente ligado à redução dos custos da qualidade. Eles também caracterizam os custos da qualidade como sendo de três tipos distintos: Custos de prevenção. MBA em Administração e Qualidade | Sistemas ISO 9000 e Auditorias da Qualidade | Considerações para a Adoção de um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) 25 Custos de avaliação. Custos de falhas. Os custos de prevenção são aqueles representados pela estrutura industrial, utilizada para evitar a ocorrência da falha. Este processo preventivo minimiza a ocorrência de erros na produção, eliminando os gastos com este tipo de problema. Como exemplo, é possível citar alguns elementos que compõe este custo: mão de obra envolvida com os procedimentos preventivos da qualidade; treinamentos; planejamento da qualidade; contratação de terceiros; etc. Os custos de avaliação são aqueles decorrentes das atividades de inspeção e controle de produtos ou componentes defeituosos, e tem como objetivo básico a detecção dos erros antes que se transformem em falhas internas ou externas. Os custos de falhas também podem ser tratados de duas formas distintas, em função da falha ocorrer internamente à organização ou fora dela, podendo assim ser tratadas e qualificadas de maneira diferenciada. Os custos de falhas internas são provenientes daqueles formados pelos gastos com processamento, insumos e matéria-prima desperdiçados ao longo do processo produtivo. MBA em Administração e Qualidade | Sistemas ISO 9000 e Auditorias da Qualidade | Considerações para a Adoção de um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) 26 Estes desperdícios são chamados de: Os custos de falhas externas estão associados ao dispêndio financeiro necessário para corrigir um problema no cliente. Este defeito poderá requerer apenas um reparo, onde o gasto será representado pela substituição de componentes defeituosos e pela assistência técnica autorizada que deverá promover a correção. Por outro lado, pode exigir a troca do produto completo e aí envolverá custos relativos à substituição do produto, logística e tempo para reposição do produto. As falhas externas podem gerar, ainda, um outro custo difícil de ser mensurável – aquele caracterizado pelo dano à imagem da organização. As três categorizações possuem um forte grau de interdependência. Quanto maiores os investimentos em prevenção, menores serão os gastos associados à detecção e às falhas, resultando em redução dos custos da qualidade. Um sistema de controle de custos da qualidade deve possuir indicadores financeiros para que seja Cabe salientar que o custo é inversamente proporcional ao poder de detecção do defeito, ou seja, quanto mais rapidamente for identificado, menor será o processamento desperdiçado e, consequentemente, menor será o custo associado. MBA em Administração e Qualidade | Sistemas ISO 9000 e Auditorias da Qualidade | Considerações para a Adoção de um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) 27 efetivo, não bastando apenas à utilização de outro tipo de indicador quantitativo, pois, para implantar uma categoria de custo, há necessidade de evidência da forma de mensuração. Os custos da qualidade não devem superar o montante de 5% do faturamento da empresa. (CROSBY, 1999) Algumas questões para discussão Hoje, qual seria a melhor conceituação para o termo “qualidade” para o seu ramo de negócios? Ao abordar os tipos de causas de problemas, qual delas é de responsabilidade dos gestores e qual delas é de responsabilidade dos operadores? Como podemos classificar os custos da qualidade, diferenciando-os? Quais as categorias de indicadores que podem ser classificados segundo o ambiente de qualidade em que estão inseridos? Quais são as habilidades essenciais para um líder? A partir de uma avaliação estruturada e organizada, como pode ser entendida a Aprendizagem Organizacional? Como funciona o ciclo Shewhart de aprendizagem e melhoria? Conforme a abordagem da trilogia de Juran, a gestão da qualidade deve ser trabalhada a partir de três processos sequenciados. Quais são os processos e quais os passos associado a eles? MBA em Administração e Qualidade | Sistemas ISO 9000 e Auditorias da Qualidade | Considerações para a Adoção de um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) 28 Quais são os agentes que estimulam a difusão da cultura da qualidade? O que tem demonstrado a experiência internacional com relação a adoção do sistema da qualidade? Agora, vamos conferir os principais temas tratados nesta aula! Vídeo 7 MBA em Administração e Qualidade | Sistemas ISO 9000 e Auditorias da Qualidade | Considerações para a Adoção de um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) 29 ReferênciasASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 8402: sistemas de gestão da qualidade – requisitos. Rio de Janeiro, 2000. CARVALHO, M. M. Gestão da qualidade: teoria e casos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. CROSBY, P. B. Qualidade é investimento. 7. ed. Rio de Janeiro: José Olímpio, 1999. DEMING, W. E. A Nova economia: para a indústria, o governo e a educação. Rio de Janeiro: Qualitimark, 1997. FEIGENBAUM, A. V. 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Ciência e Tecnologia no Brasil: Política Iindustrial, Mercado de Trabalho e Instituições de Apoio. Rio de Janeiro: FGV, 1993. Vol. 2. Parte I. apud. PARIS, W. S., Metodologia para identificação... Dissertação de Mestrado. 2003. MARQUESINI, A. G. Estudo do processo de implantação de sistemas da qualidade normalizados no setor industrial Brasileiro. Dissertação de Mestrado. São Paulo: Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, 1995. MARTINS, P. G.; LAUGENI, F. P. Administração da produção. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. NÓBREGA, C. Gestão é resultado, não esforço. Disponível em: <http://www.clementenobrega.com.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/st art.htm?infoid=271&sid=4>. Acesso em: 6/8/2007. OLIVEIRA, O. J. (Org). Gestão da qualidade: tópicos avançados, São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004. PALADINI, E. P. Gestão da qualidade: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2000. PALADINI, E. P. Avaliação estratégica da qualidade. São Paulo: Atlas, 2002. MBA em Administração e Qualidade | Sistemas ISO 9000 e Auditorias da Qualidade | Considerações para a Adoção de um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) 31 PARIS, W. S., Metodologia para identificação de causa raiz e solução de problemas complexos em processos industriais: um estudo de caso. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós- Graduação em Engenharia Mecânica. Curitiba: UFPR, 2003. PARIS, W. S.; BARBOSA, S. L., Aprendizagem organizacional e relações entre uma subsidiária brasileira e matriz de uma companhia multinacional na indústria automobilística. Anais do XXIII Encontro Nacional de Engenharia de Produção ENEGEP – Ouro Preto: ABEPRO, 2003. PORTER, M. E. Estratégia competitiva: técnicas para análise de indústrias e da concorrência. 7.ed. Rio de Janeiro: Campus, 1986. RODRIGUES, M.V.C. Ações para a qualidade – GEIQ, gestão integrada para a qualidade: padrão seis sigmas, classe mundial. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2004.
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