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Gênero: Klebsiella ssp. (superbactérias) Prof. Ms. Tércio Lemos de Morais E-mail: Terciotms@uni9.pro.br Klebsiella ssp. • Bacilos Gram negativos • Anaeróbia facultativa • Imóveis • Capsulados • Espécies de interesse médico: • Klebsiella pneumoniae β-lactamase de espectro entendido (ESBL) • Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC) Importância Clínica • É o agente patogênico mais relacionado com as infecções hospitalares, com alta prevalência; • Com potencial para causar morbidade severa e mortalidade em pacientes pediátricos. • Pode causar infecção em qualquer sítio; • Pneumonia lobar superior necrosante – principal infecção; • Infecções urinárias, endocardite e infecções pós- cirúrgica – mais raramente; Pneumonia lobar direita. Pneumonia afetando apenas o lobo superior do pulmão direito Habitat • Trato gastrointestinal • Fezes • Água • Solo • Vegetais e frutas • Cereais Klebsiella pneumoniae Exame Microbiológico Diagnóstico Clínico e Tratamento Resistência Bacteriana • Como começou a resistência? • Evolução da adaptação genética • Uso indevido de antibióticos Klebsiella pneumoniae β-lactamase de espectro entendido - ESBL Klebsiella pneumoniae β-lactamase de espectro entendido - ESBL • As β - lactamases são enzimas bacterianas que hidrolizam os agentes antimicrobianos beta-lactâmicos (confere resistência): • Penicilínicos • Cefalosporinas de 3 geração • Alemanha e EUA, em 1980 – Descrição desta enzimas em cepas de Klebsiella sp. e logo depois em cepas de E.coli. • 1990 – Transformou-se num problema global. Klebsiella pneumoniae β-lactamase de espectro entendido (ESBL) • Nos últimos vinte anos muitos antibióticos beta-lactâmicos foram desenvolvidos e especificamente preparados para serem resistentes a esta ação hidrolítica das ESBL; • No entanto, com o passar do tempo , novas enzimas surgiram pela pressão seletiva do uso e abuso dos novos antibióticos. A maior parte das ESBL são mutações das beta-lactamases TEM-1, TEM-2 e SHV-1. Importância Clínica • Cepas produtoras de ESBL são responsáveis por grandes surtos hospitalares com alta morbidade e mortalidade; • Importante fonte de transferência de resistência aos antibióticos para outros microrganismos (transferência plasmidial); • Infecção mais comuns: • Bacteremia - causada geralmente por infecção de cateter vascular; • Ferida cirúrgica e infecção hospitalar Alta incidência de ESBL é indicativo de Atividades deficientes no controle de infecção e do uso de antibióticos. Epidemiologia Diagnóstico Diagnóstico Diagnóstico • Alta prevalência de enterobactérias produtoras de beta-lactamases determinou o desenvolvimento de metodologias para a detecção da produção destas enzimas; • Condições importantes para o tratamento do paciente; • Porque permite a seleção do antibiótico adequado evitando antibióticos ineficazes. Tratamento • Limitado a poucos agentes de amplo espectro de ação; • Os quais também poderão falhar diante de Mo que produzem múltiplas beta-lactamases; • A produção de ESBL não afeta a ação: • Cefalosporinas de 2 geração (Cefoxitina e Cefotetano) • Carbapenemos (Meropenem e Imipenem) • Beta-lactâmicos associados com inibidores de Beta-lactamases. • A produção de ESBL torna o Mo resistente: • Ampicilina, piperacilina, gentamicina, guinolonas • Cefalosporinas de 3 geração • Aztreonam Problema? O problema do tratamento das infecções causadas por cepas de bactérias que produzem ESBL é universal, e ocorre principalmente em hospitais que usam de maneira indiscriminada as cefalosporinas de amplo espectro de ação. Medidas de Controle • Rotação da terapêutica envolvendo as diferentes classes de antibióticos de amplo espectro de ação no tratamento das infecções graves – ITU’s. Bons resultados foram obtidos com ciclo de quatro meses/ano: • 1º período - piperacilina/tazobactam • 2 º período – carbapenem • 3 º´período - cefepime A implementação de uma restrição rigorosa ao uso de cefalosporinas de amplo espectro de ação, podem diminuir a prevalência das cepas produtoras de ESBL. Precauções de barreira (emprego de aventais e luvas para o contato com o paciente colonizado ou infectado, aliada a boa anti-sepsia). Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC) O que é KPC? • É uma bactéria (K. pneumoniae) produtora de uma enzima chamada de Carbapenemase, que confere resistência aos antimicrobianos carbapenêmicos, além de inativar: penicilina, cefalosporinas e monobactâmicos. • A KPC (Klebsiella pneumoniae carbapenemase), a “superbactéria”; • Identificada pela 1ª vez nos EUA em 2000, depois de ter sofrido uma mutação genética que lhe conferiu resistência a múltiplos antibióticos (aos carbapenêmicos, em especial) e a capacidade de tornar resistente outras bactérias. Características • Encontrada em fezes, água, solo, vegetais e cereais e frutas; • Multiplicação a cada 20 minutos; • Infecções: • Pneumonia • Bacteremia • Infecções urinárias Público alvo • Crianças • Idosos • Pessoas debilitadas com doenças crônicas • Imunidade baixa • Períodos longos de internação Sintomas • Febre • Prostração • Dores no corpo (bexiga, quando tem ITU) • Tosse (episódios de pneumonia) Diagnóstico • Cultura • E-test (provas bioquímicas) • Antibiograma Gênero: Salmonella ssp. Prof. Ms. Tércio Lemos de Morais E-mail: Terciotms@uni9.pro.br Características gerais • Bacilos gram negativos; • Maioria moveis – peritríquios • Não produtores de esporos • Anaeróbios facultativos • Produzem gás a partir da glicose (menos S.typhi) • Antígenos • LPS – antígeno O • Flagelos – antígeno H • Capsula – antígeno K Características gerais • Temperatura ideal: 35 a 37ºC • pH ótimo para multiplicação: 7.0 • Não resiste a pH <4,0 e > que 9.0 • Não toleram concentrações de sal superiores a 9% Epidemiologia • São distribuídas em 3 grupos: • As que infectam apenas os seres humanos: S. typhi e S. paratyphi; • Sorotipos adaptados ao hospedeiro (alguns dos quais são patógenos humanos e costumam ser adquiridos por meio de alimentos): • S. gallinarum (frango) • S. dublin (bovinos) • Sorotipos não adaptados (sem preferencia por hospedeiro) são patogênicos aos humanos e animais, incluindo muitos sorotipos causadores de infecções alimentares. Epidemiologia • Amplamente distribuídas na natureza, sendo o trato gastrointestinal do homem e de animais os principais reservatórios. • Entre os animais as aves são as mais importantes – podem ser portadoras assintomáticas = eliminação de Salmonella nas fezes. • Alimentos envolvidos: Carnes, ovos e leite cru; Transmissão • Consumo de alimentos contaminados = Salmonelose humana • Transmissão direta: • Animal – animal • Humano – humano • Água - esgoto Características da doença • As doenças causadas por salmonelas são divididas em: • Febre tifoide – S. typhi • Febre entérica – S. paratyphi • Enterocolites (Salmoneloses) – demais salmonelas Febre tifóide • Só acomete o homem ( água e alimentos contaminados com material fecal humano); • Sintomas muito graves: septicemia, febre alta, diarreia e vomito; • Se multiplica dentro de células fagocitárias (macrófagos e neutrófilos); • Duram de 1 a 8 semanas • Antibiótico: Cloranfenicol e ampicilina Febre entérica • Semelhante a febre tifóide, mas o sintomas são mais brandos; • Dura no máximo 3 semanas; • Antibióticos: Cloranfenicol e ampicilina Patogenia- Febre tifóide e Febre entérica Enterocolites – Salmoneloses• As infecções são causadas pela ingestão de alimentos que contenham números significativos de sorotipos não hospedeiro – específicos do gênero Salmonella. • A S. choleraesuis foi descrita como a que apresenta maior taxa de mortalidade (21%) • S. dublin e S. enteretidis também são as mais patogênicas para o homem. • Sintomas: Vomito, febre e dores abdominais • Geralmente não necessitam de antibióticos = tratamento. • Em crianças e imunodeprimidos: pode ser grave atingindo outros órgãos. Mecanismo de patogenicidade • Bactéria infecta a mucosa do intestino delgado e colón • Invadem a mucosa epitelial intestinal e se proliferam; • São fagocitadas resultando em uma resposta inflamatória; • Onde ocorre o processo de multiplicação e após a célula se rompe liberando novas bactérias = morte da célula. • Não invadem a corrente sanguínea. Ficam restritas à mucosa. Gênero: Pseudomonas ssp. Prof. Ms. Tércio Lemos de Morais E-mail: Terciotms@uni9.pro.br Características Gerais • Bacilos gram negativos • Aeróbios • Moveis • Necessidades nutricionais mínimas • Sobrevivem em uma variedade de ambientes • Solo e na água • Pode fazer parte da microbiota intestinal e pele de 3 a 5% da população Pseudomonas aeruginosa • É a principal espécie patógena ao ser humano do gênero; • Causa infecções oportunistas especialmente em pacientes imunocomprometidos, como vítimas de queimaduras e pacientes com câncer; • Crescem em condições desfavoráveis aos outros microrganismos; • Possuem resistência intrínseca e adquirida aos antimicrobianos mais comuns; • Causa frequente de infecções hospitalares; • Bactéria invasiva e toxigênica. Fatores de Virulência • Estes fatores podem ser estruturais (ex: fímbrias) ou produzidos e liberados para o meio (ex: enzimas e toxinas). • Proteases que destroem proteínas da matriz extracelular; • Fosfolipase C que degrada fosfolipídio da membrana celular das células animais; • Hemolisina que promove morte celular, principalmente entre as células de defesa; • Toxina A que promove necrose tecidual • Endotoxina (lipopolissacarídeo – LPS) presente na membrana externa, responsável pelas manifestações sistêmicas (Febre). Patogênese • É necessário uma porta de entrada (pele lesionada – queimadura, feridas abertas), paciente debilitados imunologicamente ou em pacientes em uso prolongado de cateteres intravenosos ou urinários. • Fixação à pele ou mucosa – através das fimbrias • Em seguida prolifera-se e coloniza a áreas, escapando das células de defesa através da capsula e hemolisina. • A partir desse foco inicial ela invade o tecido e atinge a corrente sanguínea (os fatores que favorecem essa invasão são a fosfolipase C, a toxina A e o flagelo). • O LPS é responsável pelas manifestações clínicas: febre, choque, oligúria, leucocitose ou leucopenia, coagulação intravascular disseminada (CID) e síndrome da angústia respiratória do adulto (SARA). • Os sinais e sintomas dependem do órgão afetado. Manifestações Clínicas Manifestações Clínicas • Infecções de feridas traumáticas ou cirúrgicas e queimaduras, produzindo um exsudato azul-esverdeado. Manifestações Clínicas • Meningite, quando introduzida por punção lombar; • Infecção do trato urinário, quando introduzida por cateteres urinários e outros instrumentos; • Pneumonia necrotizante, pelo uso de respiradores contaminados; • Otite externa branda dos nadadores, já que a bactéria é amplamente encontrada em ambientes aquáticos; • Otite externa maligna (invasiva) em pacientes diabéticos; • Infecção ocular após lesão traumática ou procedimentos cirúrgicos; • Sepse fatal, principalmente em lactentes e indivíduos muito debilitados (pacientes com leucemia e linfoma que foram submetidos a radioterapia ou quimioterapia, pacientes com queimaduras muito graves); • Ectima gangrenoso, necrose hemorrágica da pele que ocorre na sepse por P. aeruginosa. Diagnóstico • Amostras: lesões cutâneas, exsudato, urina, sangue, LCR e escarro, dependendo do local da infecção. • Esfregaço: presença de bacilos Gram-negativos. • Cultura: pode ser utilizado o ágar-sangue ou meios para o crescimento de bacilos Gram-negativos entéricos (àgar nutrientre). Cultura • A incubação pode ser feita a 42ºC, o que inibe o crescimento de outras espécies de Pseudomonas. Na cultura podem ser observados os seguintes aspectos: • Colônias circulares e lisas, com produção de pigmento azul (piocianina) e/ou esverdeado fluorescente (pioverdina); • Hemólise (no cultivo em meio ágar-sangue); • Odor característico. Testes de atividade bioquímica: a reação da oxidase e o metabolismo de diversos substratos permitem diferenciar a P. aeruginosa das outras espécies de pseudomonas. Em geral, a identificação da P. aeruginosa baseia-se na morfologia das colônias, na positividade da oxidase, na presença de pigmentos característicos e no crescimento a 42ºC. Tratamento • É de extrema importância a realização de um ANTIBIOGRAMA As principais medidas terapêuticas para P. aeruginosa são: • Associação de penicilina ativa contra P. aeruginosa (ticarcilina ou piperacilina) + aminoglicosídeo (gentamicina, amicacina ou tobramicina); • Aztreonam, imipenem, quinolonas mais recentes (ciprofloxacina); • Cefalosporinas de 4ª geração (ceftazidima). Epidemiologia e Controle • Importante agente de infecção hospitalar • Responsável por 15% bas bacteremias causadas por BGN; • Cresce em vários aparelhos e substâncias, principalmente em ambientes úmidos, como: respiradores, tubulações, pias, banheiras, alimentos, desinfetantes e medicações com validade vencida, etc Epidemiologia e Controle • As medidas de controle da infecção por pseudomonas incluem: • Utilização de materiais estéreis, evitando sua contaminação durante a manipulação; • Realização cuidadosa de técnicas assépticas; lavagem das mãos antes e depois de manipular o paciente; • Realização de controle periódico da qualidade da água e dos alimentos; • Evitar uso indiscriminado de antimicrobianos de amplo espectro para evitar a seleção de cepas resistentes. • A vacina contra pseudomonas confere alguma proteção contra a sepse quando administrada a pacientes de alto risco (queimados, imunossuprimidos, pacientes com fibrose cística ou leucemia). FIM
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