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CONCEITO DE AUDIENCIA DE CUSTORIA O conceito de custódia se relaciona com o ato de guardar, de proteger. A audiência de custódia consiste na condução do preso, sem demora, à presença de uma autoridade judicial, que deverá, a partir de prévio contraditório estabelecido entre o Ministério Público e a Defesa, exercer um controle imediato da legalidade e da necessidade da prisão, assim como apreciar questões relativas à pessoa do cidadão conduzido, notadamente a presença de maus tratos ou tortura. Assim, a audiência de custódia pode ser considerada como uma relevantíssima hipótese de acesso à jurisdição penal, tratando-se, então, de uma “das garantias da liberdade pessoal que se traduz em obrigações positivas a cargo do Estado”. FUNDAMENTAÇÃO NORMATIVA O texto da Constituição de 1988 estabelece que os direitos e garantias internas não ignoram as garantias previstas em convenções internacionais, pois as normas externas, quando devidamente ratificadas e promulgadas, são inclusas no ordenamento jurídico pátrio sendo consideradas como se estivessem escritas na própria Constituição. Em vista disso, os tratados internacionais que se referem aos direitos humanos são considerados fontes constitucionais, possuindo a mesma força normativa dos direitos já consagrados implicitamente no texto constitucional. Não há como dissociar a audiência de custódia das normas de direitos humanos, uma vez que, tal procedimento é uma forma de garantia que o custodiado possui de que terá, eventualmente, a legalidade e necessidade de sua prisão revista por uma autoridade competente, assim garantindo a preservação da sua liberdade e dignidade. A realização da audiência de custódia está prevista em pactos internacionais que tratam de direitos humanos, do qual o Estado brasileiro é signatário, entretanto, embora o país tenha ratificado os tratados em 1992, verificou-se, que de fato a implantação do procedimento no processo penal nacional ocorreu apenas em 2015. No âmbito Estadual está positivado no Provimento de n. 352, de 01 de outubro de 2015 o direito dos menores de 18 anos, presos em flagrante, serem apresentados e entrevistados por um juiz de Direito, no prazo de 24 horas, em uma audiência onde serão apresentadas também as manifestações do Ministério Público e da Defensoria Pública ou do advogado particular. Nesta audiência de custódia é analisada a legalidade da prisão do adolescente com a possibilidade de imediato estabelecimento de medida protetiva e/ou socioeducativa. A SISTEMATICA A audiência será presidida por autoridade que detém competências para controlar a legalidade da prisão. Além disto, serão ouvidas também as manifestações de um Promotor de Justiça, de um Defensor Público ou de seu Advogado. O preso será entrevistado, pessoalmente, pelo juiz, que poderá relaxar a prisão, conceder liberdade provisória com ou sem fiança, substituir a prisão em flagrante por medidas cautelares diversas, converter a prisão em preventiva ou ainda analisar a consideração do cabimento da mediação penal, evitando a judicialização do conflito, corroborando para a instituição de práticas restaurativas. OS EFEITOS A depender das circunstâncias do caso concreto, o juiz pode, prontamente, relaxar a prisão ou colocar o cidadão em liberdade, mediante certas condições ou não. Assim, a Convenção Americana de Direitos Humanos confere ao cidadão o direito de ter a legalidade da sua prisão em flagrante analisada por um magistrado, em tempo excessivamente curto, e ainda com a garantia do contato pessoal BENEFICIOS A audiência de custódia consiste, basicamente, no direito de (todo) cidadão preso ser conduzido, sem demora, à presença de um juiz para que, nesta ocasião, se faça cessar eventuais atos de maus tratos ou de tortura e, também, para que se promova um espaço democrático de discussão acerca da legalidade e da necessidade da prisão, alem de “aumentar o poder e a responsabilidade dos juízes, promotores e defensores de exigir que os demais elos do sistema de justiça criminal passem a trabalhar em padrões de legalidade e eficiência”, e ainda: – O relaxamento de eventual prisão ilegal (art. 310, I, do Código de Processo Penal); – A concessão de liberdade provisória, com ou sem fiança (art. 310, III, do Código de Processo Penal); – A substituição da prisão em flagrante por medidas cautelares diversas (arts. 310, II, parte final e 319 do Código de Processo Penal); – A conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva (art. 310, II, parte inicial); – A análise da consideração do cabimento da mediação penal, evitando a judicialização do conflito, corroborando para a instituição de práticas restaurativas; – Outros encaminhamentos de natureza assistencial. MALEFICIOS Há quem seja contra a implantação da Audiência de Custódia, esse posicionamento é quase sempre embasado no que eles chamam de análise de custo e benefício, vez que pregam que o benefício seria muito baixo e que os resultados almejados não seriam alcançados como se espera, além de acreditarem que a pouca estrutura material seria potencializada, sem ganhos efetivos para a defesa. Assim sendo, desacreditando do instituto e apontado que o elevado número de prisões não decorre da cultura do encarceramento ou mesmo de falhas nas técnicas procedimentais aplicadas, mas de diversas questões sociais que fazem com que a criminalidade no país seja elevada. Muitas são as controvérsias em torno da matéria, alguns pregam os muitos benefícios de sua implantação, enquanto outros acreditam que poucos serão os avanços na matéria.
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