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UFAM - UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FT – FACULDADE DE TECNOLOGIA FT01 – ENGENHARIA CIVIL DEPARTAMENTO DE CONSTRUÇÃO FTC115 – MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I MANAUS – AM UFAM - UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FT – FACULDADE DE TECNOLOGIA FT01 – ENGENHARIA CIVIL PEDRO HENRIQUE DA SILVA CRISÓSTOMO 20815029 DEPARTAMENTO DE CONSTRUÇÃO FTC115 – MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I PEDRAS NATURAIS SETEMBRO – 2010 Trabalho solicitado pelo Prof° Rui de Sá, ministrante da disciplina FTC-115 Materiais de Construção I, para obtenção de nota parcial para o período 2010/2. SUMÁRIO INTRODUÇÃO............................................................................................... 1 ESTUDO DAS PEDRAS NATURAIS.......................................................... 2 1. MINERAIS............................................................................. 2 1.1. Propriedades Físicas dos Minerais.................................. 3 1.1.1. Brilho..................................................................... 3 1.1.2. Cor......................................................................... 4 1.1.3. Traço...................................................................... 4 1.1.4. Clivagem................................................................ 4 1.1.5. Fratura.................................................................... 4 1.1.6. Dureza.................................................................... 4 1.1.7. Tenacidade............................................................. 5 1.1.8. Magnetismo........................................................... 6 1.1.9. Peso Específico...................................................... 6 1.2.Classificação Química dos Minerais................................. 6 1.2.1. Silicatos.................................................................. 6 1.2.2. Carbonatos............................................................. 7 1.2.3. Sulfatos.................................................................. 7 1.2.4. Halóides................................................................. 7 1.2.5. Óxidos................................................................... 8 1.2.6. Sulfetos.................................................................. 8 1.2.7. Fosfatos.................................................................. 8 1.2.8. Elementos Nativos................................................. 8 2. ROCHAS................................................................................. 9 2.1.Ciclo das Rochas................................................................ 10 2.2.Petrologia........................................................................... 12 2.3.Classificação das Rochas................................................... 13 2.3.1. Rochas Magmáticas ou Ígneas............................... 13 2.3.2. Rochas Sedimentares............................................. 16 2.3.3. Rochas Metamórficas............................................ 17 3. PEDRAS NATURAIS............................................................ 21 3.1.Resistência Mecânica das Pedras Naturais........................ 21 3.1.1. Resistência à Compressão...................................... 21 3.1.2. Resistência ao Funcionamento.............................. 22 3.1.3. Resistência a Flexão, Tração e ao Corte................ 22 3.1.4. Resistência ao Desgaste......................................... 22 3.1.5. Resistência ao Esmagamento................................. 23 3.1.6. Resistência ao Choque........................................... 23 3.2.Características Físicas........................................................ 23 3.2.1. Estrutura e textura.................................................. 23 3.2.2. Fratura.................................................................... 24 3.2.3. Homogeneidade..................................................... 24 3.2.4. Dureza.................................................................... 25 3.2.5. Aderência aos ligantes........................................... 26 3.2.6. Densidade.............................................................. 26 3.2.7. Compacidade......................................................... 27 3.2.8. Porosidade.............................................................. 28 3.2.9. Permeabilidade...................................................... 29 3.2.10. Higroscopicidade................................................... 29 3.2.11. Gelividade.............................................................. 30 3.2.12. Baridade................................................................. 31 3.2.13. Condutibilidade Térmica....................................... 31 3.3.Características Químicas................................................... 31 3.4.Usos e Aplicações das Pedras Naturais............................. 32 3.5.Obtenção de Pedras Naturais............................................. 33 4. PATOLOGIA DAS PEDRAS NATURAIS.......................... 34 4.1.A Ação da Água................................................................ 36 4.2.A Ação do Sais Solúveis.................................................... 38 4.3.A Ação do Vento............................................................... 39 4.4.A Ação da Temperatura..................................................... 39 4.5.A Ação dos Agentes Biológicos........................................ 40 4.6.A Ação da Poluição Atmosférica...................................... 41 4.7.A Ação do Fogo................................................................ 41 4.8.A Ação Humana................................................................ 42 4.9.Patologia de Pedras Naturais em Revestimento................ 43 5. ROCHAS ORNAMENTAIS.................................................. 46 CONCLUSÃO................................................................................................. 49 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................... 50 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1: Estrutura cristalina de um cristal de sal (NaCl)..................................... 2 FIGURA 2: Amostra de alguns minerais................................................................... 3 FIGURA 3: Ciclo da Rocha ou Ciclo Litológico....................................................... 10 FIGURA 4: Formação característica dos maciços graníticos (Serra da Estrela)....... 15 FIGURA 5: Aspecto de uma gruta numa formação calcária, mostrando as estalagmites e estalactites....................................................................... 17 FIGURA 6: Maciço de rochas metamórficas deformadas......................................... 20 FIGURA 7: Esquema de Extração à Britagem de Pedras Naturais........................... 33 FIGURA 8: Evidências do estado da cola no suporte depois de retirada das placas de pedra natural que mostravam colagem deficiente............ 44 FIGURA 9: Evidências dos Pontos de Cola.............................................................. 45 LISTA DE TABELAS TABELA 1: Escala de Dureza de Mohs.................................................................... 5 TABELA 2: Composição química das rochas Ígneas mais comuns.......................... 14 TABELA 3: Rochas Ígneas mais comuns.................................................................. 15 TABELA 4: Rochas Metamórficas comuns..............................................................19 TABELA 5: Escala EPC – e a correspondente classificação dos calcários............... 26 TABELA 6: Densidade aparente de algumas rochas................................................. 27 TABELA 7: Relação entre a dureza, a densidade e a resistência à compressão das pedras calcárias............................................................................... 28 TABELA 8: Modo de comercialização das rochas Ornamentais calcárias............... 46 TABELA 9: Matérias primas minerais utilizadas na construção de uma casa.......... 48 1 INTRODUÇÃO Estudar as Rochas sempre foi valorizado, devido a rocha ser o material de origem da maioria dos solos (sedimentares), e os minerais da rocha, tornam-se importantes por serem a fundamental fonte de nutrientes para as plantas. Por exemplo, na região amazônica, há predominância de Arenito, que é uma rocha formada por quartzo. Já o famoso Granito, é composto pelos minerais de quartzo, feldspato e mica. As rochas, formadoras em essência da crosta terrestre, sempre foram material de estudo de diversas áreas, como a Geologia, Geografia, Paleontologia, Química, Engenharia Civil e outras. Entretanto, a diferenciação está na aplicação. Sabe-se que as rochas constituem os elementos onde são instaladas as obras de engenharia (fundações, túneis, pontes, galerias, etc.) ou mineiras. Nestas obras, são ainda utilizados como material de construção, na sua forma natural (pedra britada, saibro), beneficiada (rochas para revestimento) ou, ainda, industrializada (cimento). Rochas também são os materiais envolvidos em fenômenos naturais, muitas vezes catastróficos, como escorregamentos, erosão, assoreamento e outros. Assim, na Engenharia, trabalha-se com uma grande variedade de tipos rochosos. Todavia, cada tipo tem características intrínsecas (mineralogia, textura, estrutura, etc.) que devem ser conhecidas para que as obras sejam planejadas e executadas com menor custo e maior segurança, resultando na melhoria da qualidade final do trabalho realizado. Neste trabalho, focar-se-á as Pedras Naturais, cuja utilização em obras, especialmente como agregado do concreto, exige que alguns conceitos relativos a sua resistência sejam dados. Para uma melhor compreensão do tema em questão, dividiu-se o trabalho em cinco partes principais. No primeiro tópico, teremos uma breve explanação sobre os minerais e suas propriedades. No segundo capítulo, o assunto predominante serão as rochas e sua classificação. O terceiro tópico será norteado pela temática das Pedras Naturais e suas características. Por se tratar de um tema primordial, a Patologia das Pedras Naturais, será abordada com exclusividade no quarto capítulo deste trabalho. O último tópico tratar-se-á das Pedras Ornamentais e suas reais funções para a Engenharia Civil. 2 ESTUDO DAS PEDRAS NATURAIS 1. MINERAIS Mineral é uma substância sólida natural, inorgânica e homogênea, que possui composição química definida e estrutura atômica característica. Na natureza, os minerais se formam por cristalização, a partir de líquidos magmáticos ou soluções termais, pela recristalização em estado sólido ou, ainda, como produto de reações químicas entre sólidos e líquidos. A cristalização se dá quando os átomos, íons ou grupos iônicos, em proporções definidas, são atraídos por forças eletrostáticas e distribuídos ordenadamente no espaço. A menor unidade desta rede tridimensional, determinada pela disposição dos átomos na estrutura do mineral, é conhecida como cela unitária (retículo cristalino) e pode condicionar, além da forma externa do cristal, outras propriedades físicas como a dureza, a clivagem, etc. Alguns minerais são amorfos – não tem forma própria – por não apresentarem estrutura interna definida. Minerais não amorfos ocorrem como cristais, que são corpos com forma geométrica, limitados por faces, arranjadas de maneira regular e relacionadas com a orientação da estrutura atômica. Um ou mais elementos químicos podem constituir os minerais. Os minerais formados por um só elemento são menos comuns e pertencem à classe dos elementos nativos, como, por exemplo, ouro, cobre, enxofre, carbono, etc. Este último forma dois polimorfos, o diamante e a grafita, minerais de mesma composição química, mas com estrutura cristalina e, consequentemente, propriedades físicas distintas. Figura 1: Estrutura cristalina de um cristal de sal (NaCl). Fonte: Wikipédia. 3 Em sua grande maioria, contudo, os minerais são compostos químicos resultantes da associação de átomos de dois ou mais elementos. Muitas vezes, exibem isomorfismo, fenômeno apresentado por substâncias que possuem estrutura cristalina semelhante e composição química distinta. É o caso dos plagioclásios, que formam uma série isomórfica onde a variação do conteúdo de Sódio e Cloro na estrutura cristalina determina uma variação de espécies minerais. Os minerais variam na sua composição desde elementos químicos, em estado puro ou quase puro, e sais simples a silicatos complexos com milhares de formas conhecidas. Embora em sentido estrito o petróleo, o gás natural e outros compostos orgânicos formados em ambientes geológicos sejam minerais, geralmente a maioria dos compostos orgânicos é excluída. Também são excluídas as substâncias, mesmo que idênticas em composição e estrutura a algum mineral, produzidas pela atividade humana (como, por exemplo, oconcreto eos diamantes artificiais). O estudo dos minerais constitui o objeto da mineralogia. Figura 2: Amostra de alguns minerais Fonte: USGS 1.1. Propriedades Físicas dos Minerais A estrutura cristalina e a composição química dos minerais são responsáveis por diversas propriedades físicas dos minerais, úteis para sua determinação macroscópica, quais sejam: 1.1.1. Brilho Aspecto apresentado pela superfície de fratura recente do mineral, ao refletir a luz incidente. O brilho pode ser metálico, vítreo, resinoso ou graxo, sedoso, perláceo, adamantino, fosco, etc. 4 1.1.2. Cor Está relacionada com defeitos estruturais, composição química ou impurezas contidas no mineral. Pode ser característica de um determinado mineral, como, por exemplo, a cor amarelo- latão da pirita. Mas, no geral, é variável para um mesmo mineral. O quartzo pode apresentar ampla variação de cores, correspondendo as variedades denominadas ametista (lilás), citrino (amarelo-queimado), etc. 1.1.3. Traço É a cor do pó mineral que se observa quando este risca uma superfície áspera de porcelana branca e dura. Nos minerais opacos de brilho metálico (óxidos e sulfetos), esta é uma das propriedades diagnósticas para a identificação da espécie. 1.1.4. Clivagem Superfície de fratura plana, paralela a uma face real ou possível do cristal. O tipo da estrutura cristalina determina a presença ou ausência de plano de clivagem, segundo uma ou mais direções. É qualificada como perfeita, boa, distinta e imperfeita. 1.1.5. Fratura Superfície de quebra do mineral, independente do plano de clivagem, podendo ser do tipo irregular ou concóide, esta última igual a do vidro. 1.1.6. Dureza Resistência do mineral de ao risco ou abrasão. É medida pela resistência que a superfície do mineral oferece ao risco por outro mineral ou por outra substância qualquer. A determinação desta propriedade é referida a uma escala padrão de dez minerais, conhecida como escala de Mohs, que consta dos seguintes minerais de referência (ordenados por dureza crescente): 5 Escala de Dureza MineraisPadrão ReferênciasRelativas Tipos de Minerais 1 Talco Riscam-se com a unhaMoles 2 Gipsita 3 Calcita Risca-se com objeto de cobre 4 Fluorita Riscam-se com o canivete ou com o canto do vidro 5 Apatita Semiduros 6 Ortoclase Risca o vidro com dificuldade 7 Quartzo Riscam o vidro 8 Topázio 9 Corindo Riscam o vidro com facilidade Duros 10 Diamante Tabela 1: Escala de Dureza de Mohs Fonte: ABGE 1.1.7. Tenacidade Resistência que os minerais oferecemà flexão, ao esmagamento, ao corte, etc. Os minerais do grupo das Micas são flexíveis e elásticos. O quartzo, os feldspatos e a calcita são quebradiços. O talco, o gipso e a serpentina são sécteis. A tenacidade não reflete necessariamente a dureza, antes sendo dela geralmente independente: o diamante, por exemplo, possui dureza muito elevada (é o termo mais alto da escala de Mohs), mas tenacidade relativamente baixa, já que quebra facilmente se submetido a um impacto. A tenacidade dos minerais é expressa em termos qualitativos, utilizando uma linguagem padronizada: Quebradiço ou frágil – o mineral parte-se ou é pulverizado com facilidade; Maleável – o mineral, por impacto, pode ser transformado em lâminas; Séctil – o mineral pode ser cortado por uma lâmina de aço; Dúctil – o mineral pode ser estirado para formar fios; Flexível – o mineral pode ser curvado sem, no entanto, voltar à sua forma original; Elástico – o mineral pode ser curvado, voltando à sua forma original quando o forçamento cessa. 6 1.1.8. Magnetismo Os minerais que contém o elemento ferro são afetados pelo campo magnético. Os diamagnéticos são repelidos e os paramagnéticos são atraídos pelo ímã. Os que são fortemente atraídos pelo ímã são chamados ferromagnéticos, como é o caso da magnetita (Fe3O4). Os exemplos mais comuns são a pirrotite e outros com elevado teor de metais que podem ser magnetizados após aquecimento, como o manganês, o níquel e o titânio. 1.1.9. Peso Específico Corresponde ao peso do material em relação ao peso de igual volume de água, sendo assim calculado: O valor é constante para cada espécie, pois tem relação com a composição e a estrutura cristalina. Os minerais, normalmente, têm peso específico entre 2 e 4. Quando acima de 4, são denominados pesados. 1.2. Classificação Química dos Minerais Os minerais podem ser classificados de acordo com sua composição química e são listados abaixo na ordem aproximada de abundância na crosta terrestre. 1.2.1. Silicatos O grupo dos silicatos é de longe o maior grupo de minerais, sendo compostos principalmente por silício e oxigênio, com a adição de cátions como o magnésio, o ferro e o cálcio. Alguns dos mais importantes silicatos constituintes de rochas comuns são o feldspato, o quartzo, as olivinas, as piroxenas, as granadas e as micas. 7 1.2.2. Carbonatos O grupo dos carbonatos é composto de minerais contendo o ânion (CO3) 2- e inclui a calcite e a aragonita (carbonatos de cálcio), a dolomita (carbonato de magnésio e cálcio) e a siderita (carbonato de ferro). Os carbonatos são geralmente depositados em ambientes marinhos pouco profundos, com águas límpidas e quentes, como, por exemplo, em mares tropicais e subtropicais. Os carbonatos encontram-se também em rochas formadas por evaporação de águas pouco profundas (os evaporitos, como, por exemplo, os existentes no Great Salt Lake, Utah) e em ambientes de karst, isto é regiões onde a dissolução e a precipitação dos carbonatos conduziu à formação de cavernas com estalactites e estalagmites. A classe dos carbonatos inclui ainda os minerais de boratos e nitratos. 1.2.3. Sulfatos Todos os sulfatos contêm o ânion sulfato na forma SO4. Os sulfatos formam-se geralmente em ambientes evaporíticos, onde águas de alta salinidade são lentamente evaporadas, permitindo a formação de sulfatos e de halóides na interface entre a água e o sedimento. Também ocorrem em sistemas de veios hidrotermais sob a forma de minerais constituintes da ganga associada a minérios de sulfetos. Os sulfatos mais comuns são a anidrita (sulfato de cálcio), a celestita (sulfato de estrôncio) e o gesso (sulfato hidratado de cálcio). Nesta classe incluem-se também os minerais de cromatos, molibdatos, selenatos, sulfetos, teluratos e tungstatos. 1.2.4. Halóides O grupo dos halóides é constituído pelos minerais que formam os sais naturais, incluindo a fluorite, a halite (sal comum) e o sal amoníaco (cloreto de amônia). Os halóides, como os sulfatos, são encontrados geralmente em ambientes evaporíticos, tais como lagos do tipo praia e mares fechados (por exemplo nas margens do Mar Morto). Inclui os minerais de fluoretos, cloretos e iodetos. 8 1.2.5. Óxidos Os óxidos constituem um dos grupos mais importantes de minerais por formarem minérios dos quais podem ser extraídos metais. Ocorrem geralmente como precipitados em depósitos sitos próximo da superfície, como produtos de oxidação de outros minerais situados na zona de alteração cerca da superfície ou ainda como minerais acessórios das rochas ígneas da crusta e do manto. Os óxidos mais comuns incluem a hematite (óxido de ferro), a espinela (óxido de alumínio e magnésio, um componente comum do manto) e o gelo (de água, ou seja óxido de hidrogênio). São também incluídos nesta classe os minerais de hidróxidos. 1.2.6. Sulfetos Muitos sulfetos são também economicamente importantes como minérios metálicos, incluindo-se entre os mais comuns a calcopirita (sulfeto de cobre e ferro) e a galena (sulfeto de chumbo). A classe dos sulfetos também inclui os minerais de selenetos, teluretos, arsenietos, antimonetos, os bismutinetos e ainda os sulfossais. 1.2.7. Fosfatos O grupo dos fosfatos inclui todos os minerais com uma unidade tetraédrica de AO4 onde A pode ser fósforo, antimônio, arsênio ou vanádio. O fosfato mais comum é a apatite, a qual constitui um importante mineral biológico, encontrado nos dentes e nos ossos de muitos animais. Esta classe inclui os minerais de fosfatos, vanadatos, arseniatos e antimonatos. 1.2.8. Elementos Nativos O grupo dos elementos nativos inclui os metais e amálgamas intermetálicas (como as de ouro, prata e cobre), semi-metais e não-metais (antimônio, bismuto, grafite e enxofre). Este grupo inclui também ligas naturais, como o electrum (uma liga natural de ouro e prata), fosfinos (hidretos de fósforo), nitritos e carbetos (que geralmente são só encontrados em alguns raros meteoritos). 9 2. ROCHAS Rocha é um corpo sólido natural, resultante de um processo geológico determinado, formado por agregados de um ou mais minerais, arranjados segundo as condições de temperatura e pressão existentes durante sua formação. Também podem ser corpos de material mineral não- cristalino, como o vidro vulcânico (obsidiana) e materiais sólidos orgânicos, como o carvão. As rochas, de acordo com seu modo de formação, constituem três grandes grupos: ígneas, sedimentares e metamórficas, cada qual com características peculiares.Estes grupos rochosos se inter-relacionam, evidenciando o caráter cíclico e dinâmico da formação das rochas, como mostrado na figura 3. As rochas geradas num determinado ambiente geológico são estáveis enquanto permanecem nesse mesmo ambiente. Uma mudança nas condições do ambiente, induzem a transformações, mais ou menos lentas, de modo a que asrochas se adaptem e fiquem estáveis nessas condições. As principais alterações são as da sua textura e a criação de novos minerais de acordo com onovo ambiente, a partir da destruição de outros que, mediante as novas condições, deixam de ser estáveis. As rochas são estáveis no seu ambiente e refletem as características termodinâmicas do mesmo. Uma vez sujeitas a outro ambiente, ficam instáveis e tendem a adaptar-se aos novos parâmetros de pressão e temperatura. Por exemplo, muitos dos minerais das rochas que se formam em zonas profundas da litosfera, alteram-se quando chegam à superfície, dando origem a outros minerais que vão participar na formação de rochas sedimentares. Estas rochas, com o decorrer do tempo geológico, podem ser sujeitas a novas condições termodinâmicas, originando rochas metamórficas e mesmo magmáticas quando há fusão do material. Podemos dizer que as rochas dependem umas das outras e que, também, ao longo do tempo se transformam umas nas outras, dando lugar ao diferentes tipos litológicos 1 ou petrográficos. À medida que se dá a fusão das rochas preexistentes, todos os seus componentes minerais são 1 A Litosfera é uma camada formada essencialmente de rochas, sua espessura varia entre 10 km e 13 km nas regiões oceânicas e, em média, é de 35 km nas regiões continentais, alcançando até 60 km nas regiões de montanhosas. A parte da crosta continental da litosfera é constituída predominantemente de rochas graníticas ricas em Si e Al, já a crosta oceânica é composto predominantemente de rochas de natureza basáltica, ricas em Si e Mg. 10 destruídos e os seus elementos químicos são homogeneizados nos líquidos resultantes. Quando o magma se resfria, cristais de novos minerais desenvolvem-se e formam novas rochas magmáticas. 2.1. Ciclo das Rochas As rochas ígneas que se formam nas fronteiras de placas em colisão, juntamente com rochas sedimentares e metamórficas associadas ascendem, então, sob a forma de uma elevada cordilheira montanhosa à medida que uma secção da crosta terrestre se torna enrugada e deformada. A este processo que começa com a colisão das placas e termina com a formação de montanhas chamamos de orogenia. Figura 3: Ciclo da Rocha ou Ciclo Litológico Fonte: Baseada na teoria deste trabalho. 11 A seguir à elevação, as rochas da crosta sobrejacentes às rochas ígneas que sofreram ascensão, meteorizam gradualmente (essa meteorização é um processo natural de decomposição ou desintegração de rochas e solos, e seus minerais constituintes, por ação dos efeitos químicos, físicos e biológicos que resultam da sua exposição ao ambiente), criando material solto que a erosão retira, expondo a rocha ígnea à superfície. A rocha ígnea, agora num ambiente mais frio e úmido, longe do seu local de nascimento, no interior quente da Terra, também meteoriza e alguns dos seus minerais também experimentam mudanças químicas. Os minerais de ferro, por exemplo, podem “enferrujar” formando óxidos de ferro. Os minerais de alta temperatura, como os feldspatos, podem transformar-se em minerais de baixa temperatura, como os minerais de argila. Algumas substâncias, tal como as piroxenas, podem dissolver-se completamente à medida que a chuva se precipita sobre elas. A meteorização da rocha ígnea produz fragmentos rochosos de variados tamanhos e tipos que são levados pela erosão. Muitos dos detritos rochosos são transportados por cursos de água até aos rios e, por fim, até aos oceanos, onde se depositam formando estratos de areia, silte e outros sedimentos formados de material dissolvido, tal como o carbonato de cálcio das conchas. Estes sedimentos depositados no oceano, tal como aqueles depositados pela água ou pelo vento nos continentes, são enterrados debaixo de sucessivas camadas de sedimento onde gradualmente se litificam em rocha sedimentar. Quando a rocha sedimentar litificada afunda cada vez mais na crosta, ela torna-se mais quente. Quando a profundidade exceder os dez quilômetros e a temperatura exceder os 300ºC, os minerais presentes na rocha, ainda sólida, começam a transformar-se em novos minerais mais estáveis àquelas condições de temperatura e pressão mais elevadas. Este é o processo de metamorfismo, o qual transforma as anteriores rochas sedimentares em rochas metamórficas. Continuando com o aquecimento, pode dar-se a fusão das rochas e formação de um novo magma a partir do qual novas rochas ígneas irão cristalizar recomeçando o ciclo novamente. Qualquer tipo de rocha (metamórfica, sedimentar ou ígnea) poder sofrer levantamento durante uma orogenia, ser meteorizada e erodida, formando novos sedimentos. O ciclo litológico é eterno, está sempre a operar a diferentes fases e em diferentes partes do Mundo, formando e erodindo montanhas num lugar e depositando e afundando os sedimentos erodidos em outro lugar. As rochas que constituem a Terra sólida são continuamente recicladas, 12 mas podemos ver apenas as fases superficiais do ciclo, nos forçando a deduzir a reciclagem da crosta profunda e do manto através de provas indiretas e suposições. 2.2. Petrologia Petrologia é o estudo sistemático das rochas. Ela inclui a descrição e identificação das rochas - Petrografia - e procura explicar a sua origem e transformações posteriores a sua formação - Petrogênese. A Petrologia é uma ciência auxiliar da Geologia e está intimamente ligada a Mineralogia e a Geoquímica. Qualquer profissional que se dedique a um dos ramos da Geociências, abordando problemas de Estratigrafia, Tectônica, Vulcanologia, Paleontologia, Prospecção de Recursos Minerais, não obstante a diversidade de suas metas, começa suas investigações com o arcabouço rochoso da Terra. Assim, o conhecimento das rochas constitui o núcleo de cada problema geológico e proporciona um ponto de encontro aos vários ramos da Geologia. No estudo das rochas uma habilidade é absolutamente essencial: a cuidadosa observação do detalhe. Esta ferramenta, básica de qualquer ciência natural, não se adquire rápida e facilmente, exige um esforço concentrado e prática contínua até que se torne hábito. Mesmo assim, nunca se está livre do perigo de passar por cima de um ponto significativo. Assim o estudo de qualquer rocha começa no local onde ela é coletada. Os afloramentos e outras exposições de rochas revelam dados muito importantes e que não podem ser obtidos através do simples exame de amostras isoladas. Estes dados estão relacionados a feições estruturais tais como: juntas, estratificação, xistosidade e outras estruturas planares e lineares. Igualmente devem ser observados e considerados, no campo, os efeitos do intemperismo e outros agentes de transformação das rochas, pois dão detalhes que um material inalterado nem sempre consegue fornecer. Para o estudo e reconhecimento das rochas três parâmetros são de fundamental importância: textura, estrutura e conteúdo mineralógico. Em geral, o termo estrutura refere-se aos aspectos de grande escala identificados no campo, tais como a disposição em camadas. Por outro lado, a palavra textura refere-se ao grau de cristalização, ao tamanho dos grãos ou granulação e às relações recíprocas entre os constituintes das rochas. Estes aspectos texturais dão informações importantes sobre as condições de formação das rochas, visto que os processos físico-químicos 13 envolvidos imprimem nos minerais, o modo pelo qual eles agem. O conteúdo mineralógico também é respeitável, porque além do fato de permitir classificar a rocha em função dos seus minerais, sabe-se que muitos deles, originam-se em condições de pressão e temperaturalimitadas, determinando assim o ambiente de formação das rochas. Em suma, a determinação da natureza das rochas é feita através das observações realizadas nos trabalhos de campo, envolvendo forma de ocorrência, estruturas, tipos rochosos associados e outros. Sua classificação petrográfica (usualmente determinada em estudos microscópicos) é obtida com base na mineralogia, arranjo textural e granulometria, cada qual com maior importância relativa conforme o tipo de rocha. O conjunto destes parâmetros define o comportamento mecânico das rochas. IAEG (1981) propôs os principais critérios utilizados na descrição e classificação de rochas para fins de Engenharia. Deve-se ressaltar que os critérios propostos se baseiam no princípio de que as propriedades físicas, atualmente exibidas pela rocha, refletem os efeitos combinados da sua origem e subseqüente história evolutiva, que inclui os processos de alteração. Seu conhecimento, aliado aos resultados de ensaios mecânicos, permite delimitar unidades rochosas espacialmente homogêneas do ponto de vista geotécnico. 2.3. Classificação das Rochas Ao estudar as características dos três tipos de rochas é importante ter sempre em consideração ociclo das rochas. Estas podem parecer que são grandes massas imutáveis quando na realidade não osão. As modificações demoram geralmente períodos de tempo que ultrapassam na maior parte doscasos a escala humana de tempo. 2.3.1. Rochas Magmáticas ou Ígneas As rochas ígneas formam-se quando o magma arrefece e cristaliza. Esta rocha fundida, com origem aprofundidades até 200 km no interior da Terra, compõe-se de elementos encontrados nos minerais dotipo silicatos e de alguns gases, sobretudo vapor de água, todos confinados no magma pela pressãodas rochas confinantes. Como a massa magmática é menos densa que os maciços de rochascircundantesforça o seu movimento em direção à superfície podendo escapar-se de modo 14 violento, produzindo uma erupção vulcânica. O material expelido durante uma erupção vulcânica pode ser acompanhado pela libertação de gases devido à diminuição de pressão à superfície, originando explosões por vezes muito violentas. Acompanhando a projeção de blocos rochosos, aerupção pode gerar o derrame de grandes quantidades de lava, cuja composição é semelhante à domagma, mas sem a maior parte dos componentes gasosos. A rocha resultante da solidificação da lava é classificada como extrusiva ou vulcânica, sendo o basaltoo exemplo mais conhecido. Quando o magma não alcança a superfície pode eventualmente solidificare cristalizar em profundidade, num processo bastante mais lento formando uma massa sólida decristais imbricados entre si. As rochas ígneas produzidas deste modo são chamadas intrusivas ou plutônicas, das quais o granito é o exemplo mais abundante, e só aparecem à superfície após a atuação de movimentos tectônicos e a ação de processos de erosão das camadas derochas superiores. Quando a solidificação do magma se verifica em profundidades intermédias,formando filões, as rochas resultantes designam-se por hipoabissais (exemplo do dolerito). A velocidade do arrefecimento do magma vai originar cristais de diferentes tamanhos. Umarrefecimento lento produz cristais de grandes dimensões enquanto que um arrefecimento rápido iráoriginar uma massa rochosa formada por cristais de pequenas dimensões, por vezes impossíveis deobservar sem meios de ampliação. Quando o arrefecimento é extremamente rápido não há formaçãode cristais formando-se uma matéria sólida sem estrutura cristalina (matéria amorfa). Tabela 2: Composição química das rochas Ígneas mais comuns Fonte: ZEFERINO, Artur. MARTINS, João Guerra. Materiais de Construção I – Pedras Naturais. 4ª Edição. 2006. 15 As Rochas Ígneas possuem diversas aplicações. Uma delas é a utilização do Granito e do Basalto na Construção Civil - Grandes blocos para pedestal de monumentos, pedras para muros e meio-fios, paralelepípedos e pedras irregulares para pavimentação, brita para concreto, placa polidas para revestimento de paredes, pias, lavabos, etc. Tabela 3: Rochas Ígneas mais comuns Fonte: ABGE Figura 4: Formação característica dos maciços graníticos (Serra da Estrela). Fonte: Internet 16 2.3.2. Rochas Sedimentares Os materiais resultantes dos processos erosivos constituem a base para a formação das rochassedimentares. A palavra sedimentar ilustra a natureza destas rochas uma vez que significa oresultado do processo de deposição dos sedimentos em suspensão ou transportados por um fluido, normalmente a água. Os geólogos estimam que as rochas sedimentares constituem apenas 5% dacamada exterior de 16 km de espessura da Terra. No entanto a importância deste grupo de rochas émuito maior do que aquela que esta percentagem poderia indicar. A maioria de formações rochosas àsuperfície são de natureza sedimentar (cerca de 75%) o que está relacionado com o fato dos sedimentos se acumularem à superfície da terra. Como as rochas sedimentares têm a sua origem na deposição sucessiva de camadas horizontais desedimentos apresentam-se normalmente em estratos cuja inclinação varia consoante a ação de movimentos tectônicos ao longo da vida geológica das formações.É de referir que muitas rochas sedimentares têm uma grande importância econômica. O carvão, porexemplo, é classificado como uma rocha sedimentar. O petróleo e o gás natural são tambémencontrados em associação com outras rochas sedimentares tais como, por exemplo, o sal-gema. Os materiais que se acumulam como sedimentos têm duas origens principais. Os sedimentos podemser acumulações de materiais resultantes dos processos erosivos e transportados na forma departículas. As rochas sedimentares são neste caso chamadas de detríticas. O segundo grande grupode origem dos sedimentos corresponde aos materiais produzidos por precipitação química, de origeminorgânica ou orgânica. São as chamadas rochas sedimentares químicas. O calcário é a rocha sedimentar química mais comum. É composta essencialmente pelo mineralcalcite e pode ser formada por processos tanto inorgânicos como orgânicos, sendo estes últimos osmais comuns. A origem orgânica da maior parte dos calcários pode não ser tão evidente porque amaior parte das conchas sofre processos consideráveis de transformação antes de se constituíremem rochas. As rochas sedimentares bem cimentadas podem se constituir em bom material para blocos de fundação e de alvenaria, calçadas, meios fios, etc. Ex: arenito de Botucatu.Quando poucos cimentados ou trabalhados por agentes geológicos, as rochas sedimentares podem dar origem a 17 depósitos de areias e pedregulhos ou de lamitos, com imensa utilização na construção civil, os primeiros no concreto e os últimos, na fabricação de tijolos e cerâmicas. Figura 5: Aspecto de uma gruta numa formação calcária, mostrando as estalagmites e estalactites. Fonte: Terra planeta “vivo”, http://domingos.home.sapo.pt/index.html. 2.3.3. Rochas Metamórficas Grandes áreas de rochas metamórficas estão expostas em todos os continentes em regiõesrelativamente planas conhecidas por escudos. Outras formações de rochas metamórficas constituemuma parte importante de muitas cadeias de montanhas. Mesmo o interior estável continental,geralmente coberto por rochas sedimentares, tem como base rochas metamórficas. Em todas estasformações as rochas metamórficas apresentam-se geralmente muito deformadas e com penetraçãode grandes massas ígneas (exemplo dos batólitos, principal formação dos granitos). De fato, partessignificativas da crusta terrestre são compostas por rochas metamórficas associadas com rochasígneas.O metamorfismo (mudança de forma) constitui a transformação de uma rocha preexistente, que podeser ígnea, sedimentar ou mesmo metamórfica. Os agentes de transformação ou demetamorfismo incluem o calor, pressão e fluidos quimicamente ativos, que produzem modificaçõesde textura e composição mineral. O metamorfismo pode ocorrer com um grau de baixa intensidadefazendo com que por vezes seja difícil distinguir a rocha original da final. Noutros casos atransformação é tão intensa que não é possível identificar a rocha de origem. No metamorfismo degrau elevado, características estruturais tais como planos de estratificação, 18 fósseis e espaços vaziosvesiculares, que poderiam existir na rocha original são completamente destruídas. Quando as rochas são submetidas a ações intensas de calor e pressão direcional comportam-se demodo plástico donde resultam dobras por vezes de aspecto intrincado. É importantereferir que durante os processos de metamorfismo de grau elevado a rocha mantém-se sempre noestado sólido porque uma vez atingida a fusão desta entra-se num processo de natureza ígnea. O processo de metamorfismo inicia-se quando uma rocha é submetida a condições diferentesdaquelas em que se formou originalmente. A rocha começa então a sofrer transformações até atingirum estado de equilíbrio com o novo ambiente. Estas modificações ocorrem a profundidades a partir de alguns quilômetros até próximo da fronteira entre a crusta e o manto. A formação de rochasmetamórficas ocorre em zonas completamente inacessíveis ao contrário de muitas rochassedimentares e algumas ígneas, donde resulta o seu estudo ser mais difícil. O metamorfismo pode ser de três tipos: o metamorfismo regional ocorre na formação de cadeias demontanhas quando grandes quantidades de rochas são submetidas a tensões de elevada intensidadee altas temperaturas associadas com os grandes níveis de deformação; o metamorfismo de contatosucede quando a rocha fica perto ou em contacto com uma massa de magma, onde as altastemperaturas são a causa primária das transformações das rochas encaixantes; finalmente ometamorfismo dinâmico ou cataclástico ocorre quando a rocha é submetida pressões muito elevadase bruscas como, por exemplo, em zonas de falhas. Considera-se como sequência metamórfica o conjunto de rochas derivadas de mesmo tipo derocha original, correspondentes a sucessivos graus crescentes de metamorfismo (InstitutoGeológico e Mineiro). Sequência Argilosa - Originada a partir de argilitos ou de siltitos é representada pela sucessão: ARDÓSIA FILÁDIOS MICAXISTOS GNAISSES Sequência Básica - Originada a partir de basaltos, gabros, etc. É representada pela sucessão: XISTOS VERDES ANFIBOLITOS 19 Sequência Quartzo-feldspática - Originada a partir de rochas graníticas e riolíticas, mostra os seguintes termos: GNAISSES MIGMATITOS Sequência Carbonatada - Com inicio nos calcários, evolui para mármores. CALCÁRIOS MÁRMORES Sequência Carbonácea - Desenvolvida a partir de carvões fósseis, é representada por: ANTRACITE GRAFITE Tabela 4: Rochas Metamórficas comuns Fonte: ABGE A utilização de rochas metamórficas na Construção Civil dependerá de sua composição mineralógica e grau de metamorfismo. Pedra britada – aproveitam-se os gnaisses, quartzitos e os mármores. Devido a tendência de formar fragmentos lamelares, as rochas xistosas não são apropriadas para material de brita, seja para concreto, seja para asfalto. Revestimento de pisos e paredes – o mármore, por sua beleza quando polido e pelo seu preço acessível é sempre bastante requisitado. Os engenheiros devem estar atentos para o fato de que, em pisos de prédios públicos, o mármore (dureza 2) em pouco tempo estará totalmente riscado pelos fragmentos de areia (dureza 7). A presença de micas na grande maioria das rochas metamórficas confere-lhes um brilho de grande beleza que, combinado com a imensa variedade 20 de cores e a facilidade com que desagregam em plaquetas, fazem delas requisitados materiais de revestimento de fachadas e paredes internas. Coberturas – a facilidade de separarem-se em placas confere às ardósias a possibilidade de serem utilizadas como telhas ou como lajotas de revestimento de calçadas. Figura 6: Maciço de rochas metamórficas deformadas. Fonte: (ISRM). 21 3. PEDRAS NATURAIS Dada a sua origem e o modo de formação bastante diverso, as pedras apresentamcaracterísticas bem diferentes que permitem a sua distinção e determinam a sua posteriorutilização em obra.Essas características são de três tipos: mecânicas, físicas e químicas. Assume o seu conhecimento particular importância, quer para as operações de extração etransformação, quer para uma correta seleção nas suas utilizações. Abordam-seseguidamente estas características particularizando o seu estudo em certos casos de maiorinteresse. Assim, embora muitas sejam as propriedades que as pedras naturais possuem, ouque se desejam, passando-se a expor apenas as mais significativas. 3.1. Resistência Mecânica das Pedras Naturais As propriedades de resistência a f1exão, ao corte e à tração para uma pedra têm poucaimportância e consideram-se geralmente nulas.Interessam essencialmente as resistências à compressão e ao desgaste. Na verdade, o papel dapedra na construção é, sobretudo, de resistir a compressão e ao desgaste. 3.1.1. Resistência à Compressão É, pelas razões já apontadas, a mais importante. Muito embora a aplicação das pedras naturaisser cada vez mais ornamental, pelo que outras características vão sobressaindo.Essa resistência varia com o efeito de cintagem, podendo-se para a mesma pedra encontrarvalores distintos devido a este fator. Por isso é que se utilizam altos coeficientes desegurança para as pedras, podendo atingir o valor de 10.Em regra, quanto mais densa é a pedra maior é a sua resistência à compressão. Existindo umafórmula que relaciona a resistência com a densidade aparente, nos calcários.Também esta resistência depende do grau de umidade. Quanto mais saturada está a pedramenor é a sua resistência. Caso dos calcários, que quanto mais geladiça 2 for a pedra menor é aresistência. 2 Diz-se da pedra, que absorve facilmente a água e que por isso é rejeitada para construções nas regiões frias.(De gelar)[Dicionário Candido de Figueiredo, 1913] 22 Com fórmula que pretende aferir do índice de qualidade da pedra a este fator, temos: Resistênciaseca / Resistênciaúmida No caso dos calcários, se este quociente for menor que 1,6 a pedra considera-se geladiça.Portanto, este quociente também caracteriza o grau de geladicidade da pedra. Por exemplo,num granito a Resistênciaseca / Resistênciaúmidavaria de 1,05 a 1,10. 3.1.2. Resistência ao Funcionamento Tomemos um provete e coloquemos sobre ele uma pastilha de aço a que se aplica uma força.A área tende a expandir-se lateralmente, pois está sendo comprimida. Essa expansão estáimpedida e aumenta assim a resistência.Por outro lado, há ainda a considerar a resistência ao corte do provete. Assim, a resistênciavem nesse ponto muito aumentada em relação a resistência da pedra quando a força é exercidaem toda a área (quase triplicada). Se comprimirmos um provete numa área reduzida a tensão de rotura é maior do que se ocomprimirmos em toda superfície.Se uma pedra está nestas condições podemos dar-lhe um coeficiente de segurança mais baixo. 3.1.3. Resistência a Flexão, Tração e ao Corte A resistência a f1exão é da ordem de15% da resistência à compressão. A resistência ao corte e à tração é cerca de 5% da resistência a compressão.Estas três resistências são muito pequenas e podem mesmo não se chegarem a desenvolver.Por exemplo as pedras fissuradas não podem suportar tais esforços. Devido a isto na práticaescolhem-se formas construtivas adequadas apenas ao exercício de esforços de compressão. 3.1.4. Resistência ao Desgaste A resistência ao desgaste tem particular importância para as pedras aplicadas na fabricação de concreto e em locais de circulação intensa, ficando assim sujeitas a solicitações de 23 abrasãofreqüente, como ladrilhos, lajetas de pavimentos, cobertores de degraus, etc.O desgaste influi não só na perda de espessura/peso dos elementos, como na manutenção doseu brilho e mesmo visibilidade da sua matriz decorativa, sendo um parâmetro essencial naaferição de desempenho de uma pedra natural. 3.1.5. Resistência ao Esmagamento É a propriedade que mede a dificuldade em esmagar uma pedra natural por ação de forçastransversais à mesma, sendo medida pela quantidade de material friável. Entende-se porpartículas friáveis aquelas que se esmagam quando apertadas entre os dedos. 3.1.6. Resistência ao Choque Trata-se de uma importante propriedade a ser quantificada nas pedras naturais, dado que asmesmas estão freqüentemente sujeitas a ações dinâmicas, ainda que baixa intensidade. Associada diretamente a grandezas como a fratura, a resistência ao choque é de primordialimportância em elementos sujeitos a ações externas com significados, como o trânsito deviaturas e mesmo pessoas. 3.2. Características Físicas Dentre as características físicas que maior relevância apresentam na análise duma pedranatural, como material de construção, contam-se: 3.2.1. Estrutura e textura Estas propriedades, sendo bem distintas, são correntemente confundidas de modo incorreto.Assim, enquanto que a textura diz respeito, principalmente, às dimensões forma e arranjo dosmateriais constituintes e à existência ou não de matéria vítrea (donde os tipos fundamentais detextura: holocristalina e vítrea), a estrutura refere-se essencialmente ao sistema, 24 mais oumenos ordenado, formado pelas diacláses e juntas do maciço rochoso (dando, então, lugar aostipos de estrutura: laminar, em bancos, colunar, estratificada, etc). As estruturas e a textura das pedras são propriedades deveras interessantes uma vez quepermitem uma avaliação preliminar das restantes propriedades, dado que influi sobre asqualidades de resistência mecânicas, homogeneidade, porosidade, clivagem e/ou fratura, etc.Dando-nos, também, uma idéia sobre a trabalhabilidade da pedra e sua aderência àsargamassas.Todavia somente uma longa prática de laboratório permite a classificação adequada, bemcomo o extrair as ilações daí resultantes. Está relacionada com o aspecto granular da pedra. Assim se classificam por exemplo osgranitos em grão fino, médio, grosso, etc. O granito grão fino é fácil de trabalhar e adere bemàs argamassas. 3.2.2. Fratura A fratura refere-se ao aspecto que apresentam as superfícies de rotura - normalmente obtidapor percussão - da pedra. O exame destas superfícies permite reconhecer os constituintes dapedra e a sua forma de agregação, bem ainda como o grau de dificuldade da sua lavra. É uma característica estreitamente ligada às anteriores e considera-se inútil mencionar as suasclassificações, dado que anteriormente se referiu, ser indispensável uma larga prática delaboratório para o seu conhecimento e correto emprego. 3.2.3. Homogeneidade A homogeneidade é uma característica importantíssima do ponto de vista da utilização da pedra como material construtivo, no seu estado natural. Se uma pedra for homogênea, podemos contar com as mesmas propriedades qualquer que seja a zona em estudo e se não houver homogeneidade, não podemos, por exemplo, contar com a mesma resistência mecânica em todos os pontos. Uma pedra homogênea não deve apresentarveios (fissuras delgadas preenchidas por matéria mole), crostas ou geodes (cavidades preenchidas com matéria cristalizada, pode ser observada na imagem). Por exemplo, temos que uma pedra é de boa qualidade quando a sua rotura (por 25 percussão com o martelo) se dá com projeção de suas partículas, ela será de má qualidade caso se desfaça em pequenos grãos. 3.2.4. Dureza Define-se como a resistência que opõem os corpos, em virtude da coesão, a deixar-se penetrarou riscar por outros. Como tal, esta propriedade mede a resistência mecânica das pedras acompressões pontuais. Utiliza-se normalmente para a sua avaliação a escala de Mohs que, embora sem rigorcientífico – não é fruto de qualquer expressão matemática que relacione a dureza dosmateriais – permite a sua classificação relativa. Para análise expedita da dureza das pedras segundo esta escala, pode recorrer-se a substânciascorrentes e com classificação conhecida. Por exemplo, um pedaço de quartzo (pontiagudopara se poder riscar com ele) tem dureza 7; um pedaço de feldspato tem dureza 6; o vidro 5(ou pouco superior); uma lâmina de canivete 5 a 6; um alfinete de latão (ou uma moeda decobre) cerca de 3; a unha um pouco mais que 2. As substâncias de dureza 1 são untuosas ao tato.O conhecimento da dureza das pedras é também muito importante para a seleção dosinstrumentos de corte a utilizar. Tendo em vista este objetivo decorre do processo prático de trabalho a seguinte classificação quanto à dureza das pedras: Brandas – quando se cortam com uma lâmina de aço; Mediamente duras – quando se cortam com uma lâmina de aço atuando com jatode água e areia; Duras – quando só podem ser cortadas com uma lâmina de aço atuando com jato de água e esmeril; Duríssimas – quando só se cortam com Carborundum ou serras diamantadas. No caso particular das pedras calcárias, torna-se necessário para atender à sua gama extremamente variada uma escala mais “ fina “. Daí que em certos países seja corrente outra escala – Escala EPC – e a correspondente classificação dos calcários: 26 Tabela 5: Escala EPC – e a correspondente classificação dos calcários Fonte:ABGE 3.2.5. Aderência aos ligantes A aderência aos ligantes não é característica intrínseca das pedras, uma vez que dependetambém da natureza do ligante.A rugosidade da superfície, embora deveras importante, pois dá origem a uma aderência emescala macroscópica, não é a causa única. Na verdade, surgem normalmente situações em quea aderência das pedras aos ligantes é bastante diferente consoante se trate de liganteshidrófilos (hidráulicos) ou hidrófobos (hidrocarbonatos). Nos primeiros, os hidráulicos, oendurecimento processa-se em presença da água, nos segundos, os hidrocarbonados, aaderência é feita a quente. Quando se utilizam os primeiros as pedras têm que se molhar,quando utilizamos os segundos convém aquecer a pedra. Uma pedra pode ter boa aderênciapara um tipo de ligantes e não ter para outro.Esta propriedade tem, no entanto, apenas interesse na utilização sob a forma fragmentada epara a formação de materiais compósitos (inertes para argamassas e concretos, agregados parapavimentação, etc.). 3.2.6. Densidade Em geral, importa considerar no estudo das pedras a densidade absoluta e a densidadeaparente. 27 Tabela 6: Densidade aparente de algumas rochas Fonte: ABGE A primeira é a relação entre a massa da pedra, a temperatura determinada, e a massa de umvolume de água a 4ºC, igual ao volume da pedra sem vazios. A segunda é a relação entre amassa da pedra e a massa de igual volume de águaa 4ºC. A densidade aparente das pedras é sempre inferior ao valor numérico do peso específicomédio dos seus componentes, dado a sua constituição estrutural incluir sempre um certovolume de vazios.A densidade aparente das pedras varia, geralmente, para as diferentes pedras. 3.2.7. Compacidade Se atendermos a que as massas específicas dos seus constituintes (quartzo, feldspato, micas,calcite, etc.) variam, na generalidade, de 2600 a 3200 Kg /m3 constata-se o interesse doconhecimento da grandeza que relaciona a densidade aparente (γa) com a densidade absoluta(γ). Essa grandeza é a compacidade e exprime-se: Retira-se da expressão anterior que para uma pedra da mesma natureza a densidade aparente éproporcional à compacidade, sendo assim lícito deduzir que nestas condições a resistênciamecânica seja uma função crescente da densidade aparente. 28 Embora desejável, o estabelecimento dessa função para a generalidade das pedras não temsido conseguido devido à grande dispersão nos resultados obtidos. Contudo, foi possívelestabelecê-la para uma mesma família de pedras – os calcários – que têm um papelpreponderante na construção. Na tabela 6 adapta-se, da forma francesa AFNOR B 10.001, as relações entre durezas,densidades aparentes e tensões de rotura à compressão de pedras calcárias.Esta escala é todavia somente aplicável aos calcários, pois para pedras com densidades iguaismas de natureza distinta são diferentes as suas resistências mecânicas. Tabela 7: Relação entre a dureza, a densidade e a resistência à compressão das pedras calcárias Fonte: Instituto Geológico e Mineiro 3.2.8. Porosidade Define-se correntemente porosidade como a relação entre o volume de vazios e o volumetotal. Porém, no estudo das pedras não é aquele o conceito com mais interesse, mas sim arelação entre o volume máximo possível de água absorvida e o volume total, isto é, o grau desaturação dos poros do material. É óbvio que o conceito inicialmente referido não é mais que o limite para que tende esteúltimo, designando-se assim aquele por porosidade absoluta e este por porosidade relativa ouaparente (também designado coeficiente de embebição). 29 É também corrente a definição do coeficiente de embebição como o acréscimo de peso de umprovete saturado de água em relação ao correspondente no estado seco e o peso do mesmoprovete neste último estado. ( ) Portanto, a porosidade será o número de vazios por unidade de volume. Geralmenteconfunde-se porosidade com volume de vazios, mas estes conceitos são, porém, diferentes.Para determinarmos a porosidade usa-se um ensaio que consiste em determinar o volumeaparente da pedra, esmagá-la e depois medir o volume real. Normalmente não é assim que se procede: embebemos a pedra em água e calculamos o pesode água absorvida pela pedra (avaliação do coeficiente de absorção de água). Claro que osdois processos não conduzem ao mesmo resultado, pois no segundo ensaio há vazios que nãosão preenchidos pela água.É também certo que a porosidade depende das dimensões dos vazios e da sua quantidade. 3.2.9. Permeabilidade A permeabilidade é a propriedade que os materiais têm de se deixarem atravessar pela água,ou outros fluidos, segundo certas condições. Esta propriedade depende, fundamentalmente, daporosidade do material, da comunicação entre os seus poros e dos diâmetros destes. Nas pedras geralmente o fluído é a água e define-se como a quantidade de água que aatravessa numa hora e a uma dada pressão.Geralmente uma pedra porosa é permeável, mas permeabilidade e porosidade não são a mesma coisa.Uma pedra pode ser inteiramente compacta, ter porosidade nula, e serpermeável, basta para isso que tenha fraturas. Há, portanto, que ter em atenção possíveis fraturas nas pedras usadas, pois essas fraturas são ou podem ser zonas permeáveis.Para as pedras, e no caso particular da permeabilidade à água, esta também dependerá damaior ou menor agressividade da água, do seu teor em impurezas ou materiais em suspensão,etc. Dependerá ainda de uma elevação de temperatura (que aumentará o diâmetro dos poros ediminuirá a viscosidade do líquido), ou de uma variação de pressão. 30 3.2.10. Higroscopicidade A higroscopicidade é a faculdade que os materiais – as pedras, no caso presente – têm deabsorver e reter a água por sucção capilar. É assim a manifestação, face à água, de umfenômeno geral para os líquidos – a capilaridade.Como se sabe, a capilaridade depende da tensão superficial do líquido em questão e dapossibilidade de molhagem das paredes do material pelo líquido. As pedras, cujos vasoscapilares são hidrófilos e contém, geralmente, água absorvida ou mesmo de sucção capilar,são molháveis pela água não o sendo facilmente por líquidos oleosos. A água por efeito da tensão superficial sobe na pedra por capilaridade. A água dos alicercessobe assim pelas paredes dos edifícios. Uma conseqüência deste fato é o aparecimento demanchas de salitre. O salitre provém da terra, da água ou da própria pedra, sobe com a água equando esta se evapora deposita-se nas paredes. Também nos calcários tem o seu efeitonefasto, pode levar a fenômenos de geladicidade. A água que sobe por capilaridade quandosujeita a temperaturas baixas gela e provoca tais fenômenos. Nas pedras homogêneas a elevação de água é proporcional ao quadrado do tempo, sendo alinha de separação, da parte seca e molhada, horizontal (lei de Darcy).O salitre que se forma, principalmente no granito, ataca e destrói a pedra, assim como ageladicidade. Daí a necessidade de evitar a higroscopicidade. Há processos de conservação destas pedras: primeiro utilizou-se a pintura com vidro solúvel(silicatos de sódio ou potássio), mas o calcário reagia com este e dava origem ao salitre(silicato de cálcio) de modo que foi substituído por fluorsilicatos de potássio, alumínio, entreoutros, que não têm tal inconveniente. A higroscopicidade ainda é proporcional ao peso da água absorvida num dado tempo.Para evitar a infiltração de água nas paredes, estas podem ainda ser hidrofugadas, isto é, usasseum material hidrófugo (repelente à água) que pode ser, por exemplo, o asfalto, paraimpermeabilizar as construções. Sobre este assunto falaremos mais tarde com mais pormenor. 3.2.11. Gelividade A gelividade de uma pedra é a característica que ela apresenta de se fragmentar quando, por ação de um abaixamento de temperatura, a água que contém nos seus poros solidifica comconseqüente aumento de volume. Conclui-se, assim, que uma pedra nestas condições 31 seráporosa, higroscópica e de fraca resistência, pois absorve água e não resiste ao acréscimo devolume devido à congelação. Esta característica é comum aos calcários a aos grés, fragmentando-se os primeiros – quandofriáveis – em lamelas e esboroando-se os segundos.Contudo, este fenômeno que assume grande importância em climas muito frios e acentuadaamplitude térmica diurna (caso dos países nórdicos, por exemplo) não é entre nós, acentuado –salvo em regime de altitude. Como medida expedita de verificar a sua aptidão de uso, deixa-se geralmente as pedras aotempo durante um Inverno após a sua extração e antes de serem trabalhadas. 3.2.12. Baridade A baridade define-se como o quociente da massa da pedra pelo volume por esta ocupado emdadas condições de compactação.A baridade varia de pedra para pedra. No calcário a baridade é muito mais baixa que nobasalto por exemplo. Até na mesma pedra a baridade é muito variável.Normalmente nos granito e calcários a resistência aumenta com a baridade. 3.2.13. CondutibilidadeTérmica O coeficiente de condutibilidade térmica é a quantidade de calor que passa através de umasuperfície com uma unidade de área, na unidade de tempo e, quando o gradiente térmico entreduas superfícies é de 1ºC, se for 1 cm a espessura da parede.Este coeficiente tem muito interesse no que diz respeito ao conforto de habitação e norespeitante a isolamentos térmicos como, por exemplo, na construção de câmaras frigoríficas. Devemos usar um material de condutibilidade térmica pequena, para evitar que haja trocas decalor entre o interior e o exterior. Normalmente não há cuidado de fazer esta escolha prévia econstrói-se primeiro, a parede e só depois esta é revestida de material isolante. Isto encarecebastante as construções. O xisto se não reagir com o concreto é um material excelente para este fim, pois tem fracacondutibilidade térmica.O coeficiente de condutibilidade térmico é tanto mais baixo quanto mais leve é o material. 32 3.3. Características Químicas Dentre as características químicas a que assume maior importância é a estabilidade. Efetivamente, a baixa sensibilidade à agressividade química é cada vez mais influente na seleção de uma pedra natural. Hoje, os agentes agressivos encontram-se quer na chuva(acentuadamente ácida), quer nos produtos de limpeza, quer mesmo noutros materiais deconstrução que poderão reagir com as pedras naturais. Dai, que o conhecimento do ambiente que a pedra vai encontrar seja de essencial para a suaescolha. Como exemplo, se quisermos fazer idéia da maior ou menor alteração duma pedraque se vai utilizar numa dada localidade, fazemos urna visita ao cemitério e analisamos aslajes, dado que como estão datadas, nos dão uma boa indicação da sua alteração. 3.4. Usos e Aplicações das Pedras Naturais Os dados de produção das substâncias comerciais serão apresentados por tipo de indústriaconsumidora, por se entender que esta classificação é a que melhor caracteriza as matériasprimasem causa. As pedras naturais podem ser utilizadas em numerosos sectores da atividade econômica,nomeadamente nas indústrias da construção civil e obras públicas, de transformação de rochasornamentais, do cimento, do papel, química, cerâmica, do vidro, dos abrasivos. As pedras naturais valorizam a estética dos empreendimentos e têm longa vida útil, mas necessitam de cuidados na aplicação. Existem cerca de 550 tipos de granitos e 60 tipos de mármores disponíveis no mercado. A utilização dessas pedras é uma questão de escolha, mas também de engenharia e arquitetura, condicionada pela região onde se está por razões logísticas (existência de jazidas próximas) e até culturais. No Nordeste e em algumas regiões do litoral brasileiro, por razões culturais, revestimentos cerâmicos e com pedras dominam o mercado imobiliário residencial. Já no Estado de São Paulo, onde se concentram cerca de 60 a 70% do comércio de pedras naturais, o material é mais utilizado em prédios comerciais. É importante considerar o tipo de ambiente (interior ou exterior), o grau de poluição atmosférica da região, a distância que a obra se encontra do litoral e o local de uso (piso ou 33 fachada) para otimizar o desempenho do revestimento e evitar prejuízos e patologias. As vantagens obtidas quando se utilizam pedras naturais como revestimento são muitas. O efeito estético que valoriza a edificação pode ser aliado à grande durabilidade da fachada. Para tanto, devem ser programadas manutenções preventivas com o decorrer do tempo. Ao realizar o projeto de uma estrutura (seja de concreto ou aço), o engenheiro calculista deve considerar todas as cargas atuantes na estrutura, inclusive do revestimento, seja de rocha ou outro material. Nas fachadas, onde a pedra está exposta às intempéries, é importante ter um critério mais rigoroso na escolha da rocha. As fezes dos pássaros, a poluição, as chuvas e a deposição de fuligem são agentes que mudam o pH da superfície do revestimento, demandando lavagens periódicas. As dilatações e contrações devidas ao calor do sol podem provocar fissuras em algumas pedras. 3.5. Obtenção de Pedras Naturais Abaixo segue um esquema da extração das Pedras Naturais até a obtenção da pedra britada: Figura 7: Esquema de Extração à Britagem de Pedras Naturais Fonte: ABGE 34 4. PATOLOGIA DAS PEDRAS NATURAIS As pedras naturais estão sujeitas, em obra, a ações que lhes podem produzir apenas desgastesnas arestas e ângulos salientes, eventualmente desagregações de lamelas superficiais semalteração da sua composição química ou mineralógica ou, pelo contrário, a ações queintroduzem nestas uma alteração profunda, dando origem à sua destruição.As primeiras ações caracterizam-se por processos físicos de destruição das pedras e, desdeque a pedra seja de boa qualidade, assumem pequena importância.As segundas caracterizam os processos químicos de destruição que revestem particularimportância nas pedras calcárias, pela sua enorme susceptibilidade aos ácidos e, de um modogeral, nas pedras com feldspatos, como os granitos, pelas suas possibilidades de caulinização. Estas alterações são particularmente graves nos monumentos e edifícios de interesse históricoe artístico, construídos em pedra calcária.Na MEMÓRIA Nº.165 do LNEC é aconselhado o uso de técnicas de conservação em vez dedesvirtuar a autenticidade da obra recorrendo a obras de reconstrução ou de renovação.Não havendo soluções gerais para estes problemas, cada caso deve ser analisadopontualmente. Causas de Alteração: Via química – por ação de agentes da atmosfera ou outros específicos dospróprios materiais ou do solo; Via física – temperatura, gelo, dilatações, ventos carregando abrasivos; Ação de organismos vivos – o homem, pombas, pássaros e micro organismoscomo algas, fungos e líquenes (que vivem em sítios sombrios e alimentam-se de saisdas pedras e de matéria orgânica nelas existente). O dióxido de carbono, componente natural do ar, penetra nas pedras arrastado pelas águas dachuva e facilita a dissolução do carbonato de cálcio dos calcários, dando origem a umasolução de bicarbonato de cálcio.Quando a pedra seca, por evaporação da umidade, o bicarbonato deposita-se novamente soba forma de carbonato, dando origem, ao fim de ciclos sucessivos, a uma camada superficial dapedra constituída por uma crosta exterior endurecida, sob a qual se encontra uma zona dematerial desagregado e pulverulento. O dióxido enxofre resulta da combustão dos compostos sulfurosos presentes noscombustíveis. Combinando-se com a água da chuva origina o ácido sulfuroso, que 35 reagindocom o carbonato de cálcio dá o sulfito de cálcio.Este por sua vez oxida e, como produto final, transforma-se em sulfato de cálcio, ficando,assim, uma camada deste composto (facilmente solúvel na água e permitindo a erosão dapedra por dissolução). Este sulfato hidratando-se constitui o gesso que cristaliza, do queresulta: Acentuado aumento de volume, exercendo tensões sobre o calcário; Ficar a pedra menos rica em calcário, no seu interior; Dando origem à desintegração mecânica e ao seu enegrecer. O coeficiente de dilatação do sulfato de cálcio é muito maior (cerca de 150 vezes) do que o docarbonato de cálcio. Então, para uma qualquer diferença de temperatura existe uma variaçãode volume diferente para cada composto, o que origina tensões da parte do sulfato, pois nãopode dilatar-se livremente, podendo até originar roturas no calcário. Existem outros agentes químicos capazes de deteriorar as pedras e que estarão na sua própriacomposição, nos materiais que estão em contacto com alvenarias de base, nas argamassas deassentamento,nos metais empregues nas suas ligações, etc. Também no solo, e em casos particulares de exposição em atmosfera salina, ou nacomposição dos produtos usados na limpeza ou conservação das construções.Sendo, normalmente, os agentes agressivos sais solúveis que cristalizam quando arrastadospela água que penetra nas paredes, por higroscopicidade, através das fundações. Assim,quando esta se evapora constitui as conhecidas por eflorescências, quando a cristalização sedá junto à superfície, ou criptoflorescências se aquela se dá no interior da pedra.As eflorescências não revestem normalmente efeitos prejudiciais, exceto o mau aspectoquando superficiais, sendo suficientes uma lavagem corrente para eliminar os seus efeitos. Contudo, nos casos em que se dá uma evaporação rápida das soluções salinas, os saiscristalizam imediatamente sob a superfície, induzindo esforços mecânicos de desagregação daobra.As criptoflorescências apresentam estes inconvenientes no interior das pedras.Também a água das chuvas pode dissolver sais da própria pedra. Ao chegar à superfície estaságuas evaporam-se, deixando os sais depositados na pedra formando o chamado salitre. Estadepositação pode ser à superfície, se a evaporação é lenta, ou mais interiormente se aevaporação for rápida. Quando os sais se depositam à superfície basta lavar a pedra para elas desaparecerem. Quandoa deposição é no interior, eles têm uma ação desgastadora sobre a rocha, já que com asvariações das condições físicas do meio, estes sais dilatam-se, retraem-se, dissolvem-se, etc. 36 Tradicionalmente, para evitar a penetração das águas usa-se um produto hidrófugo, que éaplicado em todo o perímetro da construção. Como produtos hidrófugos podemos citar oasfalto ou uma argamassa rica em ligante e em finos. A esta operação chama-se tambémserzitamento. Deve-se considerar também a corrosão química provocada pelo depósito de dejetos de animais, nomeadamente de pássaros e pombos. Também é de assinalar a ação demicroorganismos, tais como bactérias nitrificantes e sulfurosas, e vegetações parasitárias.Estas se desenvolvem na superfície das pedras, ou sob elas, nutrindo-se, por vezes, dos sais ematérias orgânicas que extraem do material a que se afixam. No entanto, é controversa a ação das bactérias na corrosão das pedras, não parecendo de qualquer forma muitoimportantes. O feldspato é um mineral resultante da associação de dois ou três silicatos, um silicato dealumínio ao qual se encontra associado um outro silicato alcalino ou alcalino – terroso. Por ação da água das chuvas, normalmente tendo em solução gás carbônico, os silicatosanidros associados de alumínio e do metal alcalino hidratam-se, separando-se.A alteração dos feldspatos assume particular importância uma vez que este mineral é um dosconstituintes principais das rochas eruptivas, como por exemplo o granito. São muitas as causas de deterioração das pedras, sendo umas naturais (como a ação da água,da temperatura e dos organismos vivos, etc.) e outras ligadas à ação do homem (como apoluição, os erros técnicos de conservação e manutenção, etc.), podendo o mecanismo pelaqual atuam ser físico, químico ou biológico e mesmo a combinação dos mesmos.São muitas as causas de deterioração das pedras, sendo umas naturais (como a ação da água,da temperatura e dos organismos vivos, etc.) e outras ligadas à ação do homem (como apoluição, os erros técnicos de conservação e manutenção, etc.), podendo o mecanismo pela qual atuam ser físico, químico ou biológico e mesmo a combinação dos mesmos. 4.1. A Ação da Água A água é, por assim dizer, o inimigo número um das pedras em edificações. Com efeito, a suapresença está ligada à maior parte dos processos de deterioração e pode atuar por ummecanismo físico ou químico, pois sem água nenhum dos agentes químicos de alteração reagecom os componentes da pedra à temperatura ambiente. 37 Fenômenos como a evaporação do cloreto de sódio, a formação de nevoeiro, a condensação de umidade atmosférica, o gelo - degelo, a saturação, não são mais que diferentesmanifestações da água, sendo estes fenômenos de particular importância.A água que existe no solo sobe por capilaridade para o interior dos materiais arrastandoconsigo sais, como o cloreto de sódio (o mais quantificável), que dão lugar à deterioração darocha (sobretudo calcárias) que se destaca em lascas, por vezes de dimensões consideráveis, ese cobre de eflorescências. A chuva, o nevoeiro e a conservação da umidade atmosférica são outras fontes de umidadenos edifícios. A água infiltra-se através dos poros da pedra e penetra do exterior para ointerior. A sua conseqüência mais simples é a dissolução de certas pedras quando expostas ásintempéries, como por exemplo o calcário. A alternância das chuvas e do tempo seco que levam a repetidas variações do teor em água,em ciclos de molhagem e secagem, dando lugar a fenômenos periódicos de dissolução ecristalização de sais, são uma das causas principais da formação de crostas. A água da chuva pode também ter uma ação mecânica de erosão, nomeadamente quando cai sob a forma desaraiva. Nos climas frios o congelamento da água e os ciclos sucessivos de gelo e degelo são outracausa possível de alteração, que pode mesmo levar à rotura e desagregação das pedras. Comefeito, a água ao congelar aumenta aproximadamente um décimo do seu volume e pode gerartensões internas quando contida num espaço confinado. Devido ao fato de certas pedras conterem materiais expansivos (argilas, por exemplo) e aosseus sucessivos ciclos de molhagem, causados por variações do teor em água, correspondementão ciclos de expansão e retração desses materiais. As tensões internas assim geradas podem originar fissuras microscópicas, ou mesmo macroscópicas, que se tornarão em outrastantas vias de acesso para outros agentes de deterioração. A chamada água de pedreira pode também ser causa de deterioração, com efeito, as pedrasrecém extraídas da pedreira encontram-se muito saturadas de água e se, nestas circunstâncias,forem utilizadas em obra, a secagem subseqüente pode levar à que se destaquem fragmentoscorrespondentes a zonas de menor coesão. Nos climas frios também podem ocorrer fraturas pela ação de congelação da água de pedreira que, aumentando de volume e encontrando- seconfinada nos poros da pedra praticamente saturada, origina tensões que podem levar à rotura. 38 É pois necessário deixar que o material perca a água de pedreira antes de ser utilizado emobra.A chuva ácida é um fenômeno causado pela poluição atmosférica, que não é mais do que acombinação dos agentes proliferadores de poluição atmosférica e a água existente nas nuvens.Combinação essa que assume particular importância nas cidades industrializadas, onde osníveis de poluição são elevados. A tendência ainda é para piorar, se bem que o controlo sobrea poluição, no que se refere, por exemplo, à União Européia, está a ser levado a cabo. 4.2. A Ação do Sais Solúveis A água que penetra nas pedras, por higrospicidade, através das fundações pode conter saisdissolvidos. Também a água da chuva pode dissolver sais da própria pedra. A cristalizaçãodos sais pode dar-se à superfície formando eflorescências (salitre) ou no interiorcriptoflorescências. As eflorescências formam-se, em geral, quando a evaporação se faz com certa lentidão e asimples exposição à chuva (a chamada lavagem natural) leva ao seu desaparecimento(também se poderá recorrer a lavagem artificial).Quando a deposição é no interior, eles têm uma ação desgastadora sobre a rocha, já que comas variações das condições físicas do meio estes sais dilatam-se, retraem-se, dissolvem-se, etc. Os sais solúveis podem ser de origem
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