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E-BOOK MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I Materiais de construção APRESENTAÇÃO Materiais de construção são todos os corpos, objetos ou substâncias que são usados em qualquer obra de engenharia. Desde o início da civilização, os materiais são utilizados para facilitar a vida do ser humano. Na Pré-história, o sílex lascado era o principal material utilizado na confecção de objetos e ferramentas. Na sequência, o homem passou a produzir seus utensílios cotidianos a partir da pedra polida, evoluindo para aplicação de cerâmicas em materiais a partir da descoberta do fogo. Neste mesmo período, o que hoje conhecemos como compósito, o barro reforçado com madeira e palha possibilitava a construção de casas. Nesta Unidade de Aprendizagem você vai conhecer os conceitos da ciência e engenharia de materiais aplicados a materiais de construção e reconhecer a importância destes materiais. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Conceituar os pilares da ciência e engenharia de materiais aplicados a materiais de construção. • Definir materiais de construção civil.• Identificar os níveis de estudo/informações sobre os materiais.• DESAFIO Imagine que você seja o candidato à vaga de técnico em qualidade de uma empresa que fabrica telhas. Após a entrevista, você deve realizar um teste com a seguinte questão: Defina o material argila e a propriedade que permite que este material seja moldado em finas camadas sem que se rompa. Por que o material é vermelho? INFOGRÁFICO Obras de engenharia civil são realizadas com a utilização de materiais de construção. O uso racional destes materiais, do ponto de vista técnico e econômico, exige o conhecimento adequado das suas propriedades e dos processos de fabricação ou de transformação. Só assim será possível selecionar, entre as variadas opções viáveis que existem atualmente, aquela que permita melhores desempenhos. Observe no infográfico as propriedades dos materiais de construção. CONTEÚDO DO LIVRO As tarefas do arquiteto e do engenheiro seriam de impossível realização sem o suporte de dezenas de agências reguladoras, associações comerciais, organizações profissionais e outros grupos que produzem e disseminam informações sobre materiais e métodos de construção. Alguns dos mais importantes serão discutidos nas seções do livro "Fundamentos de Estruturas de Philip Garrison". Comece seus estudos a partir do titulo Materiais estruturais: concreto, aço, madeira e alvenaria. Boa leitura. Albano, J.F. – Vias de transporte Allen, E.; Iano, J. – Fundamentos da engenharia de edificações: materiais e métodos, 5.ed. Beer, F.P. et al. – Estática e mecânica dos materiais Beer, F.P. et al. – Mecânica dos materiais, 7.ed. Cocian, L.F.E. – Introdução à engenharia Dym, C.L. et al. – Introdução à engenharia: uma abordagem baseada em projeto, 3.ed. Leet, K.M.; Uang, C.; Gilbert, A.M. – Fundamentos da análise estrutural, 3.ed. Najafi, M. – Tecnologia não destrutiva: planejamento, equipamentos e métodos Nash, W.A.; Potter, M.C. – Resistência dos materiais, 5.ed. Neville, A.M. – Propriedades do concreto, 5.ed. Neville, A.M.; Brooks, J.J. – Tecnologia do concreto, 2.ed. Peurifoy, R.L. et al. – Planejamento, equipamentos e métodos para construção civil, 8.ed. O projeto estrutural é parte fundamental de qualquer projeto mecânico ou de construção civil, seja de uma máquina, de um edifício ou de uma ponte. O cálculo estrutural envolve conceitos físicos e formulações matemáticas para definição da geometria e a análise da estabilidade e da resistência de uma estrutura. Fundamentos de Estruturas traz os conceitos essenciais da matéria em linguagem simples, clara, objetiva e ilustrativa para facilitar sua compreensão e sua aplicação. O leitor encontrará neste texto: conceitos estruturais explicados com o uso de analogias e de exemplos; conceitos matemáticos expressos com clareza e no contexto dos conceitos físicos envolvidos; exemplos e casos do mundo real para enfatizar a relevância do conteúdo apresentado. Leitura indicada para as disciplinas de Estruturas, Estruturas de Concreto e Alvenaria, Estruturas de Madeira, Estruturas Metálicas, Resistência dos Materiais, Estabilidade, Análise de Estruturas e afins ministradas nos cursos de engenharia civil, arquitetura, construção civile engenharia mecânica. Este livro contém apresentações em PowerPoint com todas as fotografias do livro a cores. Também está dis- ponível a solução (em inglês) de alguns dos problemas propostos. Os interessados nestes materiais podem acessar o , buscar pela página dosite loja.grupoa.com.br livro e clicar no ícone Conteúdo Online. D:\Trabalho\Bookman\03173 - GARRISON - Fundamentos de Estrutura - 3ed\Arquivo aberto\03173 - GARRISON_Fundamentos_Estruturas_3ed 20-06.cdr quinta-feira, 12 de julho de 2018 16:14:26 Perfil de cores: Desativado Composição Tela padrão G242f Garrison, Philip. Fundamentos de estruturas [recurso eletrônico] / Philip Garrison; tradução: Ronald Saraiva de Menezes; revisão técnica: Luttgardes de Oliveira Neto. – 3. ed. – Porto Alegre: Bookman, 2018. Editado como livro impresso em 2018. ISBN 978-85-8260-481-6 1. Engenharia civil. I. Título. CDU 624.01 Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin – CRB 10/2147 Philip Garrison BSc, MBA, CEng, MICE, MIStructE, MCIHT, é engenheiro civil e estrutural credenciado e professor sênior de Design Estrutural do Departamento de Engenharia Civil da Leeds Beckett University. 21 Materiais estruturais: concreto, aço, madeira e alvenaria Introdução O foco principal deste livro são os fundamentos da análise estrutural. Até aqui, não prestamos muita atenção no material constituinte de uma viga, um pilar ou uma laje. Existem, é claro, mui- tos materiais disponíveis para usarmos, mas neste capítulo vamos examinar os quatro principais materiais estruturais, que são: concreto, aço, madeira e alvenaria. Tanto arquitetos quanto engenheiros têm que decidir já num estágio inicial qual material (ou combinação de materiais) usarão em um projeto específico. Mas é difícil tomar tal decisão se você não sabe nada sobre os diversos materiais. O propósito deste capítulo é discutir diferentes materiais disponíveis para o profissional da construção. Qual é o melhor material? Uma pergunta natural a essa altura é: qual é o melhor material? Bem, depende do que você quer dizer com “melhor”. “Melhor” significa mais resistente, mais rígido, mais barato, prontamente disponível ou mais atraente? Ou tudo isso? Ou talvez nada disso? Se pararmos para pensar, concluiremos que não existe um material de construção que seja o melhor em todos os aspectos. Se existisse, todas as estruturas de edificações no mundo seriam feitas exclusivamente deste material. Isso claramente não acontece. Quando observamos o mun- do à nossa volta, vemos edificações de tijolos ou de pedra, de madeira, com estruturas de aço ou de concreto armado. Em certas partes do mundo, vemos edificações construídas de gelo, lama ou bambu. Fica claro que há muitos materiais diferentes que podem ser utilizados em edificações e cada um tem suas vantagens e desvantagens. A analogia da chaleira elétrica Se você observar seu ambiente cotidiano, perceberá que objetos específicos tendem a ser feitos de certos materiais. Isso porque tais materiais são especialmente apropriados para certas apli- cações. Pneus de carro, por exemplo, são feitos de borracha, janelas são feitas de vidro e canetas geralmente são feitas de plástico. Sabemos também que certos materiais são flagrantemente inadequados para determinadas aplicações. Por exemplo: • lentes de contato jamais são feitas de aço • fuselagens de aviões jamais são construídas com tijolos • computadores jamais são feitos de concreto • radiadores jamais são feitos de plástico (embora talvez até pudessem ser) Garrison_21.indd 218Garrison_21.indd 218 30/05/2018 17:46:0930/05/2018 17:46:09 Capítulo 21 • Materiaisestruturais: concreto, aço, madeira e alvenaria 219 Vejamos o caso de uma chaleira elétrica como exemplo. Se você revisar as propriedades desejá- veis numa chaleira elétrica, talvez chegue a algumas ou a todas as seguintes conclusões: • Resistência: a chaleira elétrica deve ser forte o bastante para conter água e resistir à pressão do vapor em seu interior. Também deve ser resistente o bastante para não quebrar se alguém deixá-la cair numa superfície dura. • Propriedades termais: a chaleira elétrica deve ser capaz de resistir à temperatura da água em ebulição e não deve quebrar, derreter ou se deformar a tais temperaturas. Também deve ser capaz de suportar mudanças bruscas de temperatura se, por exemplo, água fria for derrama- da dentro de uma chaleira elétrica que recém continha água fervente. • Rigidez: a chaleira elétrica não deve se deformar devido à pressão da água ou do vapor. • Descarte: o que acontecerá com a chaleira elétrica no fim de sua vida útil? • Disponibilidade de materiais: os materiais devem estar prontamente disponíveis nas quanti- dades necessárias para a produção em massa de chaleiras elétricas. • Custos de fabricação: o processo fabril deve ser suavemente integrado, para que as chaleiras elétricas sejam produzidas ao menor custo possível. • Durabilidade: a chaleira elétrica não deve apodrecer, ser corroída ou se degradar de alguma outra forma com o uso. • Vedação: a chaleira elétrica deve ser à prova d’água. • Atratividade: a chaleira elétrica deve ter um visual suficientemente atraente para que as pes- soas desejem comprá-la. Um fabricante de chaleiras elétricas tem de encontrar um material que apresente todas as pro- priedades listadas. Até o fim dos anos 70, todas as chaleiras elétricas eram feitas de aço; então, fo- ram desenvolvidos plásticos capazes de suportar as altas temperaturas sem se deformarem. Hoje em dia, a maioria das chaleiras elétricas é feita de plástico, pois existem plásticos disponíveis que atendem a todos os requisitos recém citados e que são mais baratos do que o aço. Vejamos quais seriam as consequências de fabricar chaleiras elétricas usando outros materiais. • Uma chaleira elétrica de madeira é possivelmente mais cara de fabricar. Seria difícil obter uma vedação à prova d’água, e a madeira acabaria apodrecendo sob tamanha umidade e vapor, a menos que conservantes – que podem ser venenosos! – fossem usados. • Seria difícil (e, portanto, economicamente inviável) criar uma chaleira elétrica de concreto com as dimensões necessárias; caso contrário, ela seria pesada demais. Ademais, a superfície do concreto poderia acabar se dissolvendo na água em ebulição. • Uma chaleira elétrica de alvenaria seria impraticável pelos mesmos motivos que uma feita de concreto, com a formação de juntas à prova d’água representando um problema adicional. Então qual foi o motivo dessa conversa sobre as propriedades preferíveis numa chaleira elétrica? Bem, algumas das propriedades recém listadas, desejáveis na fabricação de chaleiras elétricas, também representam propriedades importantes dos materiais a serem usados em estruturas. Examinemos algumas delas detalhadamente. Fatores a serem considerados na seleção de materiais Disponibilidade Materiais de construção são usados em grandes quantidades e, portanto, precisam estar pronta- mente disponíveis. Pedras e argila são extraídas na maior parte do Reino Unido, por isso a alve- naria (uso de pedras, tijolos e blocos de concreto) é amplamente usada em construção doméstica. (Até os anos 60, por exemplo, todas as edificações na cidade escocesa de Aberdeen eram feitas de granito, que estava facilmente disponível numa jazida local). Em algumas partes do mundo, Garrison_21.indd 219Garrison_21.indd 219 30/05/2018 17:46:1130/05/2018 17:46:11 220 Fundamentos de Estruturas outros materiais localmente disponíveis são excelentes para construção. Além disso, a mão de obra local costuma estar familiarizada com o uso de materiais localmente disponíveis. Resistência Os materiais precisam ser resistentes o suficiente (sob tração e/ou compressão) para o seu pro- pósito-alvo. Claramente, alguns materiais são mais resistentes do que outros. A escolha de um material frágil demais para uma aplicação específica é um equívoco óbvio, mas a seleção de um material mais resistente do que o necessário também é indesejável. Rigidez Rigidez, ou dureza, não deve ser confundida com resistência: alguns materiais resistentes não são rígidos (como as cordas) e alguns materiais rígidos não são resistentes (como o vidro). Quan- to mais rígido um material, menos ele sofrerá deflexão. A rigidez de um material é proporcional ao valor do seu módulo de Young. (Para uma derivação do módulo de Young, veja o Capítulo 18.) Os valores típicos para o módulo de Young sendo considerados neste capítulo são os seguintes: • Aço: 210 kN/mm2 • Alumínio: 71 kN/mm2 • Concreto: 14 kN/mm2 • Madeira: 5 – 10 kN/mm2 Pode-se perceber, a partir desses valores, que o aço é de longe o mais rígido dentre os materiais estruturais comuns – para uma mesma seção transversal, o aço é três vezes mais rígido do que o alumínio, 15 vezes mais rígido do que o concreto e mais de 20 vezes mais rígido do que a madei- ra. Lembre-se, porém, que isso só vale para uma mesma seção transversal, então essas rigidezes relativas irão variar dependendo da seção transversal usada. Vimos no Capítulo 1 que a deflexão precisa ser controlada, mas é menos crítica em algumas aplicações do que em outras. Um material super-rígido, portanto, nem sempre é necessário ou mesmo desejável. Velocidade de construção Alguns tipos de construções podem ser erigidas mais depressa do que outras. Uma estrutu- ra reticular de aço pode ser completada em bem menos tempo do que uma de alvenaria. Mas velocidade de construção nem sempre é crucial, e às vezes uma perda em agilidade pode ser contrabalançada por custos menores. Para ilustrar, basta imaginar alguém lhe dizendo que uma edificação pode ser construída duas vezes mais rápido, só que pelo dobro do custo. Custo/economia Uma questão complexa. Arquitetos e engenheiros estão sempre procurando minimizar custos. Há um velho ditado que diz que um engenheiro pode fazer por um centavo aquilo que qualquer pessoa pode fazer por dois centavos. Precisamos levar em consideração o custo das matérias- -primas, o custo de conversão do material em sua forma utilizável, custos de transporte e custos associados à mão de obra. Capacidade de acomodar movimento Todas as edificações tendem a se mover. Alguns materiais são capazes de acomodar isso melhor do que outros. Construções de tijolos, por exemplo, conseguem suportar movimento melhor do que uma estrutura com pórtico de aço. Garrison_21.indd 220Garrison_21.indd 220 30/05/2018 17:46:1130/05/2018 17:46:11 Capítulo 21 • Materiais estruturais: concreto, aço, madeira e alvenaria 221 Durabilidade Com o passar do tempo, alguns materiais apodrecem, se decompõem, sofrem corrosão ou per- dem lascas, etc. Com certos materiais, isso acontece antes do que com outros; em outras palavras, alguns materiais são mais duráveis do que outros. Custos e programas de manutenção precisam ser levados em consideração. É notório, por exemplo, que a Ponte Ferroviária do Rio Forth, na Escócia, é repintada a cada 3 ou 5 anos a fim de controlar a corrosão da estrutura de aço. Descarte Nada dura para sempre. Que destino será dado à edificação ao final de sua vida útil? O material poderá ser reutilizado ou convertido em algo aproveitável? Quais são os custos associados a isso? Proteção contra incêndio Existe a lamentável possibilidade de que qualquer edificação venha a pegar fogo. Alguns mate- riais apresentam melhores propriedades anti-incêndio do que outros. Tamanho e natureza do local A localização de uma edificação pode influenciar a escolha de materiais. Problemas de engarra- famentos, exigências legais locais e obstruções físicas podem limitar o porte das entregas ao locale quantas vezes ao dia elas podem ocorrer. Analisaremos agora cada um dos principais materiais estruturais individualmente. Como você verá, cada material tem suas vantagens e desvantagens. Concreto Concreto é fabricado misturando-se ingredientes – cimento, agregados miúdos (areia), agrega- dos graúdos (seixos e pedras britadas) e água – em proporções predeterminadas de uma maneira controlada para formar um fluido cinzento semelhante a mingau. Esse concreto fresco é trans- portado para o local onde se faz necessário e é derramado em “moldes” do formato e tamanho exigidos. Esses moldes, conhecidos como formas ou nichos, costumam ser feitos de madeira ou de aço. Reações químicas ocorrem no concreto, que levam ao assentamento, endurecimento e ganho em resistência ao longo de um período de semanas. A produção de concreto precisa ser cuidadosamente controlada. Em primeiro lugar, seus materiais constituintes de ocorrência natural são variáveis em qualidade. Em segundo, concreto fresco é suscetível a altas ou baixas temperaturas e precisa ser aplicado em seu destino o mais rápido possível antes da “pega” (ou seja, antes de seu endurecimento). Em terceiro lugar, um tra- tamento descuidado do concreto fresco – quando, por exemplo, ele é derramado de uma grande altura ou quando bate contra a forma – pode levar à segregação de seus constituintes, o que pode afetar a integridade do concreto acabado. O concreto é resistente sob compressão (usualmente 30 – 40 N/mm2), mas frágil sob tração (3 – 8 N/mm2). Como vimos no Capítulo 3, qualquer elemento estrutural f lexionado – como uma viga ou uma laje – experimenta tração; portanto, se um elemento for feito de concreto, ele precisa ser reforçado por barras de aço. Concreto com barras de aço é conhecido como concreto armado. Na prática, todo o concreto visto em estruturas é concreto armado. O concreto armado tem inúmeras vantagens: • Apresenta alta resistência à compressão. • É moldável em qualquer formato desejável. • Por ser moldável, pode ser usado para formar elementos estruturalmente contínuos. Garrison_21.indd 221Garrison_21.indd 221 30/05/2018 17:46:1230/05/2018 17:46:12 222 Fundamentos de Estruturas • É durável: não sofre corrosão nem apodrece. • Apresenta boas propriedades anti-incêndio. • Também tem boas propriedades de isolamento térmico e acústico. • É relativamente barato de se produzir – embora sua colocação no local exija bastante mão de obra, o que aumenta os custos. • Pode ser usado em composição (isto é, dois materiais atuando em conjunto) com aço estrutural. • Pode ser amplamente usado em fundações, pilares, vigas, lajes, pontes, estradas e dormentes ferroviários. • É adequado para estruturas de pequenos vãos em edifícios altos ou baixos. • O concreto protendido – concreto no qual fios ou cabos protendidos são instalados – é mais resistente do que o concreto armado e, portanto, elementos mais longos e mais esbeltos po- dem ser obtidos. Por isso, o concreto protendido é adequado para grandes vãos e pórticos rígidos. Você lerá mais a respeito de protensão no Capítulo 25. • Elementos feitos de concreto (vigas, pilares, etc.) podem ser produzidos em fábricas para, só então, depois de endurecidos, serem transportados para um local de construção e erigidos na posição desejada. Tais elementos são chamados de pré-moldados. A construção mais usual com concreto, em que o material é derramado em formas ou nichos no local, é chamada de construção in situ. Contudo, as seguintes desvantagens do concreto armado também precisam ser levadas em con- sideração: • É pesado, tanto física quanto esteticamente. • Como indicado anteriormente, a construção usando concreto armado precisa ser cuidadosa- mente controlada e exige bastante mão de obra. É “bagunçada”, exigindo formas, armadura, colocação e compactação do concreto. • Depois de derramado, o concreto leva várias semanas para atingir a resistência necessária. Isso atrasa as atividades de construção subsequentes (a menos que o concreto seja pré-moldado). • Ainda que não sofra corrosão ou apodrecimento, o concreto pode sofrer outros problemas, como esboroamento, fissuras (levando a possível corrosão da armadura) e carbonação (rea- ção química com a atmosfera que causa deterioração). Alvenaria Tradicionalmente, o termo alvenaria remete à ocupação do alvenel (pedreiro). Nos tempos atuais, o termo costuma se aplicar às construções envolvendo tijolos e blocos cerâmicos ou de concreto. Tijolos e blocos (cerâmicos ou de concreto) vêm em pequenas unidades cuboides que podem ser erguidas manualmente. Eles são dispostos em fileiras por um pedreiro para formar paredes ou pilares. Argamassa é usada para “colar” as unidades individuais umas às outras e preencher as lacunas ou quaisquer irregularidades entre as unidades. As vantagens da alvenaria são as seguintes: • Possui grande resistência compressiva, tornando-a ideal para paredes, pilares e arcos, todos os quais encontram-se sob compressão pura. • É durável – nenhum acabamento é necessário. • É feito de matérias-primas facilmente encontradas a baixo custo. • Nenhuma planta complicada é necessária. • Apresenta uma aparência atraente. • Apresenta flexibilidade em termos de design – tijolos e blocos podem ser combinados para compor formatos complexos. • A alvenaria apresenta boas propriedades anti-incêndio e boas propriedades térmicas/acústicas. Garrison_21.indd 222Garrison_21.indd 222 30/05/2018 17:46:1230/05/2018 17:46:12 Capítulo 21 • Materiais estruturais: concreto, aço, madeira e alvenaria 223 As desvantagens da alvenaria são as seguintes: • Possui baixíssima resistência à tração, o que significa que não pode ser usada para elementos que sofrem flexão, como vigas e lajes. • Comparada à madeira (o outro material usado para construção doméstica de poucos pavi- mentos), a alvenaria é pesada; portanto, amplas fundações são necessárias, e os custos de transporte são altos. • Gelo e ataque químico podem causar esboroamento em alvenaria. • Eflorescência – formações de salitre de má aparência (mas inofensivas) – podem ocorrer em alvenaria após um ciclo de umedecimento e secagem. Devido à sua durabilidade, edificações de alvenaria têm excelente potencial para novos aprovei- tamentos. A Figura 21.1 exibe uma igreja tradicional de pedra na cidade holandesa de Maastricht que atualmente desfruta de uma vida nova como uma livraria. Madeira A madeira é o único material estrutural que é usado em seu estado de ocorrência natural. O com- primento e a seção transversal de uma viga de madeira são limitados pela altura e pela espessura da árvore da qual ela é obtida. Vigas de madeira mais longas e de maior seção transversal podem ser obtidas fatiando-se a madeira em tábuas mais finas e colando-as entre si ao longo de seus comprimentos e em suas Figura 21.1 Uma igreja transformada em livraria. Garrison_21.indd 223Garrison_21.indd 223 30/05/2018 17:46:1230/05/2018 17:46:12 224 Fundamentos de Estruturas extremidades, mas este é um processo caro raramente usado no Reino Unido. Isso é conhecido como madeira laminada colada (MLC). São dois os tipos de madeira disponíveis: 1. as folhosas (hardwood), obtidas de árvores decíduas (que perdem suas folhas); 2. as coníferas (softwood), obtidas de árvores perenes. As coníferas costumam ser usadas para propósitos estruturais. A madeira é um dos materiais mais antigos usados em edificação e apresenta as seguintes vantagens estruturais: • É leve, com uma alta razão resistência/peso. • É fácil de cortar e moldar. • Ao contrário do que seria de se esperar, comporta-se bem em caso de incêndio. • Apresenta boa durabilidade química. • Tem uma aparência agradável. • É relativamente barata. • Embora tenha pouca rigidez, é relativamente rígida considerando-se sua leveza. • É adequada para estruturas de edificações baixas que sustentam cargas pequenas ou mode- radas, para pórticos rígidos e para coberturas. Mas a madeira apresenta as seguintes desvantagens:• Devido à sua baixa resistência, seus vãos são limitados, assim como a altura de edificações de madeira. • É difícil formar junções em certas circunstâncias. • Como mencionado há pouco, o tamanho de uma peça de madeira está limitado ao tamanho da árvore da qual ela provém. • A madeira é suscetível a apodrecimento e degradação se não passar por manutenção ade- quada. Aço As peças estruturais de aço são fabricadas em perfis padronizados. Elas apresentam as seguintes vantagens: • Sua resistência é alta tanto sob tração quanto sob compressão (mas aço sob compressão pode ser um problema – veja logo adiante). • O aço apresenta uma alta razão resistência/peso. • Como os perfis de aço são produzidos em fábricas sob condições cuidadosamente aferidas, um alto controle de qualidade é garantido. • A aparência do aço é elegante, com elementos esbeltos, superfícies suaves e bordas retas e agudas. • Pré-fabricação é possível. • O aço apresenta alta rigidez. • O aço é um material econômico: uma pequena quantidade sustenta uma carga relativamente grande. • O aço é indicado para edifícios baixos/altos e estruturas de telhados com quaisquer vãos. O aço, porém, apresenta as seguintes desvantagens: • É pesado: são necessários guindastes para levantar elementos metálicos. • É um material de alto custo. • Apresenta um problema de durabilidade: sofre corrosão se não receber proteção e manutenção. Garrison_21.indd 224Garrison_21.indd 224 30/05/2018 17:46:1230/05/2018 17:46:12 Capítulo 21 • Materiais estruturais: concreto, aço, madeira e alvenaria 225 • Apresenta baixa resistência a fogo; portanto, elementos estruturais metálicos precisam ser protegidos por outros materiais. • Devido aos perfis esbeltos usados em elementos metálicos, eles são propensos à f lambagem sob compressão. Este é um critério importante ao se projetar um elemento estrutural metálico. O Sage, na cidade de Gateshead, norte da Inglaterra, é uma casa de espetáculos que abrange três salas de concerto separadas, envelopadas por uma casca de aço e vidro que se curva em três di- mensões, o que exigiu a fabricação de elementos metálicos complexos. Seus críticos afirmam que o edifício ficou parecendo uma lesma gigante. Alumínio O alumínio raramente é usado como material estrutural, exceto em estruturas muito pequenas (como estufas). Suas principais propriedades são as seguintes: • Sua resistência é aproximadamente a mesma que a do aço-carbono (mild steel). • É mais rígido do que o concreto ou a madeira. • É menos rígido do que o aço, mas é mais leve. • Apresenta uma alta razão resistência/peso. • Mas é caro. Então como eu decido quais materiais usar em determinada edificação? A discussão a seguir diz respeito a construções no Reino Unido, embora parte dela também pos- sa se aplicar a outras partes do mundo. Estrutura com pórtico ou sem pórtico? A primeira decisão a ser tomada é se a estrutura terá ou não um pórtico. Em uma estrutura com pórtico, um “esqueleto” de vigas e pilares é usado para conduzir as cargas estruturais edifício Figura 21.2 Sage, Gateshead, Inglaterra. Garrison_21.indd 225Garrison_21.indd 225 30/05/2018 17:46:1230/05/2018 17:46:12 226 Fundamentos de Estruturas abaixo, até suas fundações. O pórtico costuma ser feito de aço ou de concreto armado, mas em estruturas bem pequenas (geralmente de um único pavimento), ele pode ser feito de madeira ou de alumínio. O edifício acabado costuma apresentar também paredes externas e internas, mas elas não são estruturais e não sustentam outras cargas além de seu próprio peso. Em uma estrutura sem pórtico, as paredes sustentam cargas e costumam ser feitas de alvena- ria, mas também podem ser feitas de concreto armado. Exemplo 21.1 Imagine o seguinte cenário: Dependendo de sua especialização, você chefia ou um escritório de arquitetura ou uma agên- cia de consultoria em engenharia. Um dos seus clientes, uma incorporadora, propõe construir um edifício comercial em um local específico. As dimensões do prédio planejado ainda precisam ser concluídas, mas sabe-se que ele terá dois pavimentos, com área total de 60 m × 20 m. Depois de completado, o prédio será alugado ou para uma única empresa ou, com as subdivisões apro- priadas, para inúmeras empresas inquilinas de menor porte. Na primeira reunião com a equipe responsável pelo projeto, o cliente pede seu conselho so- bre a necessidade de ter ou não um pórtico estrutural. Escreva sua resposta, apresentando justi- ficativas completas para sua escolha. Após refletir sobre isso, sua resposta provavelmente seria de que uma estrutura com pórtico é a opção apropriada, pelos seguintes motivos: • Está claro que o uso do prédio não foi rigidamente definido. Trata-se de um edifício de escri- tórios, mas pode ser ocupado por várias empresas, e as empresas inquilinas podem crescer (e consequentemente precisar de mais espaço) ou encolher (exigindo menos espaço). Empresas inquilinas podem ir e vir com o passar do tempo. Sendo assim, o espaço disponível deve ser o mais flexível possível, a fim de acomodar as necessidades variáveis dos inquilinos. O melhor é que tal f lexibilidade não seja tolhida pela presença de paredes internas de sustentação de carga (paredes estruturais). • A ausência de paredes estruturais implica que haverá mais área útil. Embora esse aumento em área útil acabe sendo relativamente pequeno, será uma boa notícia para a incorporadora cliente, que estará ávida para espremer o máximo possível de metros quadrados locáveis dentro do prédio. • Se não houver paredes estruturais – que seriam feitas de concreto ou de alvenaria e, portan- to, relativamente pesadas – o edifício como um todo será mais leve. Essa leveza relativa im- plicaria na atuação de cargas menores sobre as fundações, o que, por sua vez, significaria que as fundações poderiam ser menos substanciais e, portanto, mais baratas. Seu cliente ficaria encantado com qualquer economia de custos que você pudesse lhe oferecer. • Estruturas com pórtico de aço ou de concreto armado podem ser erigidas em bem menos tempo que estruturas com cargas sustentadas por alvenaria. Isso novamente agradará seu cliente, que preferirá ver a estrutura concluída (e, assim, faturando com locações) o mais cedo possível – de preferência para ontem. No entanto, como ocorre com a maioria dos projetos no “mundo real”, as coisas não avançam assim, sem sobressaltos, e ocorre uma virada nesse enredo: Na segunda reunião com a equipe responsável pelo projeto, o seu cliente se mostra temeroso pela possível chegada de uma recessão que causará uma diminuição drástica na demanda por ocupação de escritórios. Ele vislumbra, porém, uma demanda crescente por acomodações hote- leiras de qualidade e, por isso, acabou substituindo o projeto do edifício de escritórios pelo pro- jeto de um hotel no mesmo local, o qual, quando concluído, será vendido para a rede hoteleira Dream Easy Inn. Devido a restrições de planejamento, a altura e as dimensões gerais do prédio continuarão as mesmas que antes. Garrison_21.indd 226Garrison_21.indd 226 30/05/2018 17:46:1230/05/2018 17:46:12 Capítulo 21 • Materiais estruturais: concreto, aço, madeira e alvenaria 227 Seu cliente lhe pergunta se essa mudança de uso alteraria seu conselho anterior a respeito da estrutura do edifício. Qual é a sua resposta? Apresente motivos. Agora o esquema mudou totalmente. Ainda que o formato e o tamanho finais do prédio con- tinuem os mesmos que antes, ele será usado para um fim completamente diferente. As necessi- dades de uma rede hoteleira (e dos hóspedes, que pagam por suas acomodações) são vastamente diferentes das demandas de uma empresa inquilina de espaço para escritório (e dos funcionários que ela emprega). Por isso, o arquiteto e o engenheiro precisam repensar o projeto. Nesse caso, você pode muito bem decidir que a estrutura com pórtico não é apropriada, pelas seguintes razões: • Os hóspedes de um hotel querem ter uma boa noite de sono. Por isso, é importanteque o quarto de hotel esteja na temperatura certa e seja silencioso – nenhum hóspede gosta de ser perturbado por barulho do quarto vizinho ou da rua. Altos níveis de isolamento térmico e acústico são, portanto, prioridades. Faz sentido usar paredes de alvenaria estrutural, pois, corretamente especificadas, elas proporcionam um nível adequado de isolamento térmico e acústico, além de formarem parte da estrutura do edifício. • Ao contrário do projeto envolvendo escritórios, nenhuma flexibilidade é necessária num prédio usado como hotel. É improvável que seu proprietário tenha a necessidade de alterar, no futuro, o tamanho dos quartos individuais ou a localização de determinadas paredes. • Mais uma vez, você deve levar em consideração as necessidades do seu cliente. Como ele ven- derá o prédio para uma rede hoteleira depois de concluída a obra, sua principal preocupação é que o edifício acabado seja uma aquisição atraente para tal operador. Seu cliente não está preocupado com o faturamento potencial do prédio no futuro. • Vale ressaltar que este é um edifício baixo (apenas dois andares). A decisão poderia ser dife- rente com um edifício alto, onde a eficiência de uma estrutura com pórtico acabaria suplan- tando outras considerações. Podemos extrapolar as lições que aprendemos a partir deste exemplo específico para casos gerais da seguinte forma: Características de estruturas com pórtico: • flexibilidade: apto a acomodar novos usos; • pequeno ganho de área útil; • mais leve, exigindo fundações menores (e consequentemente mais baratas); • mais rapidez na construção. Características de estruturas sem pórtico: • propriedades inerentes de isolamento térmico e acústico na alvenaria, tornando-se útil para hotéis ou prédios de apartamentos onde o isolamento é importante; • nenhuma flexibilidade no uso do prédio – mas isso talvez nem seja uma necessidade. A seguir temos uma lista dos materiais usados para constituintes estruturais específicos. Paredes • alvenaria (estruturas sem pórtico) • alvenaria, montante de madeira, painéis de alumínio (estruturas com pórtico) Pisos • vigotas de madeira sustentando tábuas corridas (uso doméstico: pequenas cargas, vãos curtos) • concreto armado in situ (uso industrial/comercial geral) • concreto pré-moldado (indicado para leiautes de piso regulares e repetitivos) • compósito: concreto in situ sobre chapas de aço onduladas (popular em edifícios oficiais) Garrison_21.indd 227Garrison_21.indd 227 30/05/2018 17:46:1230/05/2018 17:46:12 228 Fundamentos de Estruturas Vigas • madeira (apenas para vão curtos) • concreto armado in situ (uso industrial/comercial geral) • concreto pré-moldado (incomum, a não ser protendido) • concreto protendido (indicado quando longos vãos são necessários) • aço Pilares • madeira (apenas para uso doméstico e construção de pequena escala) • concreto armado • aço Tesouras de telhado • treliça de madeira ou construção com caibros/terças (uso apenas doméstico) • treliça ou pórtico de aço (edifícios comerciais/industriais com vãos mais amplos) Fundações • concreto (geralmente armado, a não ser para construção doméstica) Garrison_21.indd 228Garrison_21.indd 228 30/05/2018 17:46:1230/05/2018 17:46:12 DICA DO PROFESSOR O vídeo a seguir apresenta a você os principais materiais de construção utilizados para as diversas obras de engenharia civil, bem como suas principais caraterísticas e propriedades, fatores que interferem na escolha do material mais adequado para cada projeto. Não é possivel executar qualquer tipo de obra sem a utilização de algum tipo de material de construção, por isso, parte da qualidade de uma obra depende da qualidade dos materiais nela empregada. Assista ao vídeo! Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Não se caracteriza como uma premissa na escolha dos materiais de construção: A) Durabilidade. B) Qualidade. C) Condições estéticas. D) Sustentabilidade. E) Baixo custo. 2) Qual a definição de dureza? A) A relação entre a massa do componente com o mesmo volume de agua destilada em temperatura específica. B) Resistência que o material oferece à penetração de um corpo duro. C) A relação entre massa e volume. D) O espaço que determinada quantidade de material ocupa. E) Propriedade do material de ocupar determinado lugar no espaço. 3) Qual a definição de peso? A) A relação entre a massa do componente com o mesmo volume de agua destilada em temperatura específica. B) Resistência que o material oferece à penetração de um corpo duro. C) A relação entre massa e volume. D) O espaço que determinada quantidade de material ocupa. E) É definido como a força com que a massa é atraída para o centro da Terra e varia de local para local. 4) Se colocarmos um tijolo na água, ele sairá molhado por ter a característica de absorver água. Tal característica ocorre em função de uma propriedade do tijolo. Que propriedade é essa? A) Maleabilidade. B) Porosidade. C) Desgaste. D) Ductilidade. E) Dureza. 5) A figura a seguir demonstra um dos esforços aos quais os materiais de construção estão constantemente submetidos. Trata-se de um esforço de: A) Tração. B) Compressão. C) Torção. D) Flexão. E) Cisalhamento. NA PRÁTICA Você sabia que a denominação "cimento Portland" é genericamente utilizada até hoje e que não representa nenhuma marca comercial? O cimento atual é uma combinação química de cálcio, sílica, ferro e alumínio, que passa por complexos processos industriais. Esta receita básica é praticamente a mesma desde os tempos de Aspdin, mesmo havendo diferenças significativas em função das modernizações do processo e das matérias-primas utilizadas. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Ensaio de resistência à compressão de concreto - LABMATEC - UNIVASF. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Resistência à flexão de uma viga de concreto armado. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Aula 01 - Conceitos Básicos - Propriedades dos Materiais Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Processo Geológicos na Formação das Rochas APRESENTAÇÃO Uma rocha corresponde a um agregado sólido de grãos, que ocorre naturalmente sendo constituído por um ou mais minerais ou mineraloides, ou seja, matéria sólida não mineral. Nesta Unidade de Aprendizagem estudaremos os processos de formação das rochas. Além disso, conheceremos os três tipos de rochas existentes, bem como suas importâncias para a geologia. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar os três tipos de rochas existentes.• Relacionar a importância das rochas e seus recursos.• Reconhecer as propriedades das rochas.• DESAFIO As rochas formam-se por cristalização dos magmas ao resfriarem-se. Também podem ser formadas pela litificação de sedimentos após serem soterrados. As rochas anteriores podem ser submetidas ou não a altas temperaturas e pressões no interior da Terra que alteram sua mineralogia, textura ou composição química. Os fósseis podem ser definidos como sendo restos de seres vivos ou também registros de suas atividades biológicas preservados em diversos materiais. Essa preservação ocorre principalmente em rochas, mas também pode ocorrer em outros materiais, como resinas, solos, etc. Como exemplo de fósseis podem ser citados ossos e caules fossilizados, conchas, ovos e pegadas. Nesse contexto os fósseis fornecem dados importantes a respeito da atividade biológica, datação e reconstituição da história geológica da Terra. Com base nas informações acima, imagine que você em uma escavação encontrou um fóssil. Diante das características dos três tipos de rocha apresentados, você poderia afirmar que a rocha em questão seria de que tipo? INFOGRÁFICO Veja agora as principais propriedades dos minerais que veremos a seguir: CONTEÚDODO LIVRO Para entendermos os processos que ocorrem ao longo do tempo geológico, devemos buscar evidências existentes para deduzir eventos que ocorreram em um determinado local. Essas evidências são preservadas em corpos rochosos, através da mineralogia e estruturas geológicas. Vamos acompanhar um trecho do livro Para Entender a Terra de John Grotzinger e Ton Jordan, que explica os principais tipos de rochas. Inicie a leitura a partir do título O que é uma rocha?. CYAN VS Gráfica VS Gráfica MAG VS Gráfica YEL VS Gráfica BLACK GEOCIÊNCIAS www.grupoa.com.br JOHN GROTZINGER TOM JORDAN TERRA P A R A E N T E N D E R A SEXTA EDIÇÃO GROTZINGER & JORDAN SEXTA EDIÇÃO PA RA EN TEN D ER A TERRA Desde que Frank Press e Raymond Siever lançaram a primeira edição de Para Entender a Terra (1965), este manual vem sendo paulatinamente atualizado e hoje se tornou um dos mais importantes livros-texto de universidades de vários países. Sucessores dos grandes mestres que iniciaram esta obra, Tom Jordan e John Grotzinger, dois cientistas de gran- de envergadura na atualidade, terminam, nesta sexta edição, o ciclo de uma grande reestruturação em relação à primeira edição. A introdução de desenhos e esquemas inovadores, a mo- derna concepção sobre tectônica de placas, a concepção da Terra como um sistema interativo e a análise de como a di- nâmica planetária tem infl uenciado a evolução da vida evi- denciam a profunda modernização deste livro-texto. O leitor é estimulado a fazer e pensar como os geólogos, enten- dendo como eles adquiriram o conhecimento que possuem, como esse conhecimento impacta a vida dos cidadãos e o que se pode fazer para melhorar o ambiente da Terra. Leitura indicada para os cursos de bacharelado e licen- ciatura em Geologia, Geografi a, Ciências da Terra, Cli- matologia, Meteorologia, Ciências do Solo, Agronomia, Engenharias, Biologia, Ecologia, Ciências Ambientais e afi ns. A obra destina-se também a técnicos e profi ssionais que necessitem complementar e atualizar seus conhecimen- tos gerais fora da área de especialização e ao público em geral que se interessa pelos fenômenos da Terra e da natureza. TERRA P A R A E N T E N D E R A SEXTA EDIÇÃO G ROTZ I NG E R & JOR DAN 42685 Para Entender a Terra.indd 142685 Para Entender a Terra.indd 1 31/01/2013 10:05:0731/01/2013 10:05:07 Catalogação na publicação: Natascha Helena Franz Hoppen CRB10/2150 G881e Grotzinger, John. Para entender a terra [recurso eletrônico] / John Grotzinger, Tom Jordan ; tradução: Iuri Duquia Abreu ; revisão técnica: Rualdo Menegat. – 6. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Bookman, 2013. Editado também como livro impresso em 2013. Tradução da 4. ed. de Rualdo Menegat, Paulo César Dávila Fernandes, Luís Aberto Dávila Fernandes, Carla Cristine Porcher. ISBN 978-85-65837-82-8 1. Geociências. 2. Geologia. I. Jordan, Tom. II. Título. CDU 55 Tradutores da 4ª edição Rualdo Menegat Professor do Instituto de Geociências/UFRGS Paulo César Dávila Fernandes Professor da Universidade do Estado da Bahia Luís Aberto Dávila Fernandes Professor do Instituto de Geociências/UFRGS Carla Cristine Porcher Professora do Instituto de Geociências/UFRGS 74 PA R A E N T E N D E R A T E R R A Hábito cristalino O hábito cristalino de um mineral é a forma como seus cristais individuais ou agregados de cristais crescem. Al- guns minerais têm hábitos cristalinos tão distintivos que são facilmente reconhecíveis. Um exemplo é o quartzo, que é formado por uma coluna de seis lados que culmi- na em um conjunto de faces em forma de pirâmide (ver Figura 3.7). Os hábitos cristalinos têm nomes frequente- mente relacionados a formas geométricas, como lâminas, placas e agulhas. Essas formas indicam não só os planos de átomos ou íons, como também a velocidade e a direção de crescimento típicas do cristal. Assim, um cristal acicular cresce muito rápido em uma direção e muito lentamente em todas as outras. Em contraste, um cristal em forma de placa (muitas vezes denominado de placoide) cresce muito rápido em todas as direções que forem perpendiculares à única direção onde o crescimento é lento. Os cristais fibro- sos tomam a forma de múltiplas fibras, longas e estreitas, que constituem essencialmente agregados de longas agu- lhas. O nome genérico asbesto aplica-se a um grupo de silicatos com hábito mais ou menos fibroso, o que faz com que os cristais permaneçam entranhados nos pulmões após terem sido inalados (Figura 3.22). O Quadro 3.4 resume as propriedades físicas dos mi- nerais, discutidas nesta seção. O que é uma rocha? A primeira tarefa de um geólogo é entender as proprie- dades da rocha e deduzir sua origem geológica a partir delas. Tais deduções promovem a compreensão do pla- neta em que vivemos e fornecem informações impor- tantes sobre recursos economicamente importantes. Por exemplo, saber que o óleo forma-se em certos tipos de rochas sedimentares ricas em matéria orgânica permite- -nos explorar novos reservatórios de um modo mais inte- ligente. Entender como as rochas se formam também nos guia na resolução de problemas ambientais. Por exemplo, o armazenamento subterrâneo de material radioativo e outros rejeitos depende da análise da rocha que vai ser usada como reservatório. Estará certa rocha propensa aos movimentos do solo provocados por terremotos? Como ela poderia transmitir a água poluída no solo? Propriedades das rochas Uma rocha é um agregado sólido de minerais ou, em al- guns casos, matéria sólida não mineral que ocorre natu- FIGURA 3.22 � Crisotilo, um tipo de asbesto. As fibras são re- tiradas do mineral com muita facilidade. [Runk/Schoenberger/ Grant Heilman Photography] QUADRO 3.4 Propriedades físicas dos minerais Propriedade Relação com a composição e com a estrutura cristalina Dureza Fortes ligações químicas resultam em alta dureza. Minerais com ligações covalentes são geralmente mais duros que minerais com ligações iônicas. Clivagem A clivagem é pobre se as ligações na estrutura cristalina forem fortes e boa se as ligações forem fracas. Ligações covalentes geralmente resultam em clivagens pobres ou em ausência de clivagem. Ligações iônicas são fracas e, portanto, originam excelentes clivagens. Fratura O tipo de fratura é produto da distribuição das forças de ligação ao longo de superfícies irregulares não correspondentes a planos de clivagem. Brilho Tende a ser vítreo nos cristais com ligações iônicas e mais variável nos cristais com ligações covalentes. Cor Determinada pelos tipos de íons e por traços de impurezas. Muitos cristais com ligações iônicas são inco- lores. A presença de ferro tende a produzir forte coloração. Traço A cor do pó é mais característica que a do mineral maciço, pois o pó é formado por grãos de pequeno tamanho. Densidade Depende do peso atômico dos átomos ou íons e da proximidade do seu empacotamento na estrutura cristalina. Hábito cristalino Depende dos planos de átomos ou íons presentes na estrutura cristalina do mineral e da velocidade e direção de crescimento específicas de cada cristal. Grotzinger_03.indd 74Grotzinger_03.indd 74 05/12/12 08:5405/12/12 08:54 C A P Í T U LO 3 � MAT E R I A I S DA T E R R A: M I N E R A I S E R O C H A S 75 ralmente. Em um agregado, os minerais são unidos de ma- neira a manter suas características individuais (Figura 3.23). Certas rochas são compostas por matéria não mineral, onde se incluem materiais não cristalinos, rochas vulcâni- cas vítreas, obsidiana e pedra-pomes, 18 assim como carvão, que são restos de plantas compactados. O que determina a aparência física de uma rocha? Elas variam na cor, no tamanho dos seus cristais ou grãos e nos tipos de minerais que as compõem. Ao longo de um corte de estrada, por exemplo, podemos encontrar uma rocha áspera com manchas brancas e rosas. Perto dali, podemos ver uma rocha acastanhada, com muitos cristais grandes e brilhantes de mica e com alguns grãos de quartzoe fel- dspato. Sobrejacentes a ambas as rochas, podemos ver camadas horizontais de rocha marrom-clara que parecem ser compostas por grãos de areia cimentados juntos. E es- sas rochas podem estar sobrepostas por uma rocha escura de grãos finos com minúsculos pontos brancos. A identidade de uma rocha é determinada, em parte, por sua mineralogia e, em parte, por sua textura. Aqui, o termo mineralogia refere-se à proporção relativa dos mi- nerais constituintes de uma rocha. A textura descreve os tamanhos e as formas dos cristais ou grãos de uma rocha e o modo como estão unidos. Esses cristais (ou grãos), que, na maioria das rochas, têm apenas alguns milímetros de diâmetro, são chamados de grossos, se forem grandes o bastante para serem vistos a olho nu, e de finos, caso contrário. A mineralogia e a textura que determinam a aparência de uma rocha são, por sua vez, estabelecidas pela origem geológica da rocha – onde e como foi forma- da (Figura 3.24). A rocha escura do corte de estrada há pouco referido, chamada de basalto, foi formada por uma erupção vulcâ- nica. Sua mineralogia e textura dependem da composição química das rochas que foram fundidas nas profundezas da Terra. Todas as rochas que se formam pela solidificação de rochas fundidas, como basalto e granito, são chamadas de rochas ígneas. A camada de rocha marrom-clara do corte de estrada, um arenito, foi formada pela acumulação de partículas de areia, talvez em uma praia, que foram cobertas, soterradas e cimentadas juntas. Todas as rochas formadas como pro- dutos do soterramento de camadas de sedimentos (como areia, lama e conchas de carbonato de cálcio de organis- FIGURA 3.23 � Uma rocha é uma ocorrência natural de minerais agregados. [John Grotzinger/ Ramón Rivera-Moret/Harvard Mineralogical Museum] Biotita Biotita Plagioclásio Plagioclásio Materiais constituintes Rocha (granito) Quartzo Quartzo Ortoclásio Ortoclásio Grotzinger_03.indd 75Grotzinger_03.indd 75 05/12/12 08:5405/12/12 08:54 76 PA R A E N T E N D E R A T E R R A mos marinhos), sejam elas depositadas em terra ou no mar, são chamadas de rochas sedimentares. A rocha de cor marrom do exemplo do corte de estra- da, um xisto, contém cristais de mica, quartzo e feldspato. Ela formou-se na profundeza da crosta terrestre, em altas temperaturas e pressões, que transformaram a mineralo- gia e a textura de uma rocha sedimentar soterrada. Todas as rochas formadas pela transformação de rochas sólidas preexistentes sob a influência de alta pressão e tempera- tura são chamadas de rochas metamórficas. Os três tipos de rocha vistos em nosso exemplo do corte de estrada representam as três grandes famílias de rochas: ígneas, sedimentares e metamórficas. Vamos ana- lisar mais de perto cada uma dessas famílias e os proces- sos geológicos que as formaram. Rochas ígneas As rochas ígneas (do latim ignis, “fogo”) formam-se pela cristalização do magma. À medida que um magma esfria lentamente no interior da Terra, os cristais microscópicos começam a ser formados nos minerais que ele contém. Como o magma esfria abaixo da temperatura de fusão, alguns desses cristais têm tempo para crescer até poucos milímetros ou mais antes que toda a massa seja cristali- zada como uma rocha ígnea de granulação grossa. Mas quando o magma é extrudido de um vulcão na superfí- cie terrestre, ele esfria e solidifica tão rapidamente que os cristais individuais não têm tempo para crescer gradual- mente. Neste caso, muitos cristais minúsculos formam-se simultaneamente, e o resultado é uma rocha ígnea de gra- nulação fina. Os geólogos distinguem dois grandes tipos de rochas ígneas com base no tamanho de seus cristais: intrusivas e extrusivas. ROCHAS ÍGNEAS INTRUSIVAS E EXTRUSIVAS As rochas íg- neas intrusivas cristalizam-se quando o magma intrude em uma massa de rocha não fundida em profundidade na crosta terrestre. Cristais grandes crescem enquanto o magma esfria, produzindo rochas de granulação grossa. As rochas ígneas intrusivas podem ser reconhecidas por seus cristais grandes intercrescidos (Figura 3.25). O grani- to é uma rocha ígnea intrusiva. As rochas ígneas extrusivas formam-se pelo rápido res- friamento do magma que chega à superfície por meio de erupções vulcânicas. As rochas ígneas extrusivas, como o basalto, são reconhecidas facilmente por suas texturas ví- treas ou de granulação fina. MINERAIS COMUNS DE ROCHAS ÍGNEAS A maioria dos mi- nerais das rochas ígneas são silicatos, em parte porque o silício é muito abundante na crosta da Terra e em parte porque vários minerais silicatados fundem-se nas altas temperaturas e pressões alcançadas nas partes mais pro- fundas da crosta e do manto. Entre os minerais comuns de silicato encontrados nas rochas ígneas estão o quartzo, o feldspato, a mica, o piroxênio, o anfibólio e a olivina (ver Quadro 3.5). Rochas sedimentares Os sedimentos, precursores das rochas sedimentares, são encontrados na superfície terrestre como camadas de par- tículas soltas, como areia, silte e conchas de organismos. Essas partículas originam-se dos processos de intempe- rismo e erosão. O intemperismo são todos os proces- sos químicos e físicos que desintegram e decompõem as rochas em fragmentos e dissolvem substâncias de vários tamanhos. Essas partículas são, então, transportadas pela FIGURA 3.24 � As três famílias de rochas são formadas em diferentes ambientes geológicos e por diferentes processos. [granito e gnaisse: John Grotzinger/Ramón Rivera-Moret/Harvard Mineralogical Mu- seum; arenito: John Grotzinger/Ramón Rivera-Moret/MIT] Exemplo Processo formador da rocha Tipo de rocha e material-fonte ÍGNEA Fusão de rochas na crosta quente e profunda e no manto superior Cristalização (solidificação de magma ou lava) Granito Arenito Gnaisse SEDIMENTAR Intemperismo e erosão das rochas expostas na superfície Deposição, soterramento e litificação METAMÓRFICA Rochas sob altas temperaturas e pressões nas profundezas da crosta e no manto superior Recristalização em estado sólido de novos minerais Grotzinger_03.indd 76Grotzinger_03.indd 76 05/12/12 08:5405/12/12 08:54 C A P Í T U LO 3 � MAT E R I A I S DA T E R R A: M I N E R A I S E R O C H A S 77 erosão, que é o conjunto de processos que desprendem o solo e as rochas, transportando-os morro e rio abaixo para o local onde são depositados em camadas de sedimentos (Figura 3.26). Os sedimentos são depositados de duas formas: � Sedimentos siliciclásticos são partículas deposi- tadas fisicamente, como os grãos de quartzo e fel- dspato derivados de um granito alterado. (Clástico é derivado da palavra grega klastos, “quebrado”.) Esses sedimentos são depositados pela água corrente, pelo vento e pelo gelo. � Sedimentos químicos e biológicos são substân- cias químicas novas que se formam por precipitação quando alguns dos componentes das rochas dissol- vem-se durante o intemperismo e são carregados pelas águas dos rios para o mar. A halita é um se- dimento químico que precipita diretamente da água do mar em evaporação. A calcita é precipitada por organismos marinhos para formar conchas ou esque- letos, que formam sedimentos biológicos quando os organismos morrem. DO SEDIMENTO À ROCHA SÓLIDA A litificação é o pro- cesso que converte os sedimentos em rocha sólida, e isso ocorre de uma das seguintes maneiras: � Por compactação, quando os grãos são compactados pelo peso do sedimento sobreposto, formando uma massa mais densa que a original. � Por cimentação, quando minerais precipitam-se ao re- dor das partículas depositadas e agregam-nas umas às outras. Os sedimentos são compactados e cimentados de- pois de serem soterrados sob mais camadas de sedimen- tos. Dessa maneira, o arenito é formado por litificação de partículas de areia, e o calcário, pela litificação de conchas e de outras partículas de calcita. CAMADAS DE SEDIMENTOS Os sedimentos e as rochas sedimentares são caracterizados pela estratificação,a formação de camadas paralelas de sedimentos à medi- da que as partículas depositam-se. Pelo fato de as rochas sedimentares serem formadas por processos superficiais, elas cobrem grande parte dos continentes e do fundo dos oceanos. A maioria das rochas encontradas na superfície terrestre é sedimentar, mas essas rochas sofrem intempe- rismo com facilidade, portanto seu volume é menor que o das rochas ígneas e metamórficas, que constituem o prin- cipal volume da crosta. MINERAIS COMUNS DE ROCHAS SEDIMENTARES Os mine- rais comuns dos sedimentos siliciclásticos são os silicatos, porque eles predominam nas rochas que são alteradas para FIGURA 3.25 � As rochas ígneas formam-se pela cristalização do magma. [John Grotzinger/Ramón Rivera-Moret/Harvard Mineralogical Museum] As rochas ígneas extrusivas são formadas quando o magma extravasa na superfície, onde rapidamente se resfria. As rochas ígneas intrusivas formam-se quando o magma intrude rochas não fundidas e resfria lentamente. Os cristais grandes crescem durante o lento processo de resfriamento, produzindo rochas de granulação grossa como o granito, mostrado aqui como exemplo. A rocha resultante, como este basalto, é finamente granulada ou tem uma textura vítrea. QUADRO 3.5 Alguns cristais comuns de rochas ígneas, sedimentares e metamórficas Rochas ígneas Rochas sedimentares Rochas metamórficas Quartzo Quartzo Quartzo Feldspato Argilominerais Feldspato Mica Feldspato Mica Piroxênio Calcita* Granada Anfibólio Dolomita* Piroxênio Olivina Gipsita* Estaurolita Halita* Cianita Nota: o asterisco indica minerais não silicatos. Grotzinger_03.indd 77Grotzinger_03.indd 77 05/12/12 08:5405/12/12 08:54 78 PA R A E N T E N D E R A T E R R A formar as partículas sedimentares (ver Quadro 3.5). Os mi- nerais mais abundantes nas rochas sedimentares clásticas são o quartzo, o feldspato e os argilominerais. Os argilomi- nerais formam-se pelo intemperismo e pela alteração de minerais silicatos pre existentes, como o feldspato. Os minerais mais abundantes nos sedimentos pre- cipitados química ou biologicamente são os carbonatos, como a calcita, o principal constituinte do calcário. A do- lomita é um carbonato de magnésio e cálcio formado por precipitação durante a litificação. Dois outros sedimentos químicos – a gipsita e a halita – formam-se por precipita- ção quando a água do mar evapora. Rochas metamórficas As rochas metamórficas têm seu nome derivado das pa- lavras gregas que significam “mudança” (meta) e “forma” (morphe). Essas rochas são produzidas quando as altas temperaturas e pressões das profundezas da Terra atuam em qualquer tipo de rocha – ígnea, sedimentar ou outra rocha metamórfica – para mudar sua mineralogia, textu- ra ou composição química – embora mantendo sua forma sólida. As temperaturas do metamorfismo estão abaixo do ponto de fusão das rochas (aproximadamente 700°C), mas são altas o bastante (acima de 250°C) para as rochas modificarem-se por recristalização e por reações químicas. METAMORFISMO REGIONAL E DE CONTATO O metamorfis- mo pode ocorrer em uma área extensa ou, pelo contrário, limitada (Figura 3.27). O metamorfismo regional ocorre onde as altas pressões e temperaturas estendem-se por regiões amplas, o que acontece onde as placas colidem. O metamorfismo regional acompanha as colisões das pla- cas, resultando na formação de cadeias de montanhas e no dobramento e fraturamento das camadas sedimenta- res que até então eram horizontais. Onde as temperaturas altas restringem-se a áreas pequenas, como as rochas que estão perto ou em contato com uma intrusão, as rochas são transformadas por metamorfismo de contato. Ou- tros tipos de metamorfismo, que serão descritos no Capí- tulo 6, incluem metamorfismo de alta pressão e de ultra- -alta pressão. FIGURA 3.26 � As rochas sedimentares formam-se de partículas de outras rochas. [John Grotzinger/Ramón Rivera-Moret/MIT] Rocha ígneaRocha ígnea Delta Praia Recifes de corais Lago Rocha ígnea Rocha metamórfica 1 As partículas de rocha são geradas pelo intemperismo... 2 ...transportadas morro abaixo pela erosão... 3 ...e depositadas como camadas de sedimento no solo ou na água,... 4 ...onde formam camadas paralelas ou estratificação. 5 Os sedimentos soterrados litificam-se pela compactação e cimentação. 6 Os sedimentos siliciclásticos, que são compostos por partí- culas depositadas de areia, for- mam rochas como este arenito. 7 Os sedimentos químicos e biológicos podem ser precipitados diretamente da água do mar ou por organismos como os corais que formaram estes esqueletos fossilizados. Grotzinger_03.indd 78Grotzinger_03.indd 78 05/12/12 08:5405/12/12 08:54 C A P Í T U LO 3 � MAT E R I A I S DA T E R R A: M I N E R A I S E R O C H A S 79 Muitas rochas metamorfizadas regionalmente, como os xistos, têm uma foliação característica, isto é, superfí- cies onduladas ou planares produzidas quando a rocha foi deformada estruturalmente por dobras. As texturas gra- nulares são mais típicas na maioria das rochas de meta- morfismo de contato e em certas rochas de metamorfismo regional formadas por temperatura e pressão muito altas. MINERAIS COMUNS DE ROCHAS METAMÓRFICAS Os sili- catos são os minerais mais abundantes das rochas me- tamórficas, pois as rochas parentais também são ricas nesses minerais (ver Quadro 3.5). Os minerais típicos das rochas metamórficas são o quartzo, o feldspato, a mica, o piroxênio e os anfibólios (os mesmos silicatos também característicos das rochas ígneas). Muitos outros silicatos – como a cianita, a estaurolita e algumas variedades de granadas – são exclusivos das rochas metamórficas. Es- ses minerais formam-se sob condições de alta pressão e temperatura na crosta e não são característicos das rochas ígneas. Eles são, portanto, bons indicadores do metamor- fismo. A calcita é o principal mineral dos mármores, os quais são calcários metamorfizados. O ciclo das rochas: interação dos sistemas da tectônica de placas e do clima FIGURA 3.27 � As rochas metamórficas formam-se sob condições de alta temperatura e pres- são. [cornubianitos: Biophoto Associates/Photo Researchers; eclogito: Julie Baldwin; micaxisto: John Grotzinger; xis- tos azuis: Mark Cloos] Fossa Crosta oceânica Litosfera oceânica Sedimentos Crosta continental Litosfera continental Astenosfera Formação de cornubianito Magma MicaxistoCornubianito Eclogito Xisto azul O metamorfismo de contato ocorre em áreas limitadas onde a intrusão magmática metamorfiza a rocha vizinha pela ação do calor, formando os cornubianitos. O metaforfismo regional ocorre onde altas pressões e temperaturas estendem-se por vastas regiões. O metaforfismo de alta pressão e baixa temperatura ocorre onde há subducção de crosta oceânica na borda principal de uma placa continental. O metamorfismo de ultra-alta pressão ocorre na litosfera continental profunda e na crosta oceânica. Grotzinger_03.indd 79Grotzinger_03.indd 79 05/12/12 08:5405/12/12 08:54 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. DICA DO PROFESSOR No vídeo estudará as interações entre o sistema da tectônica de placas com o sistema clima e suas consequências nas formações das rochas que conhecemos. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) É correto afirmar sobre uma rocha ígnea: A) Fusão de rochas na crosta quente e profunda e no manto superior. B) Intemperismo e erosão das rochas expostas na superfície. C) Rochas sob altas temperaturas e pressões nas profundezas da crosta e no manto superior. D) Ocorrem processos de deposição soterramento e litificação. E) Ocorre recristalização em estado sólido de novos minerais. 2) Exemplos de minerais comuns em rochas sedimentares são: A) Quartzo, feldpato, mica, granada,dolomita. B) Quartzo, argilominerais, calcita, gipsita e halita. C) Piroxênio, anfibólio, olivina, estaurolita e ciantia. D) Feldspato, calcita, cianita, estaurolita e mica. E) Anfibólio, olivina, mica, feldpspato e quartzo. 3) Qual a diferença entre rochas ígneas intrusivas e extrusivas? A) A primeira é formada quando o magma intrude rochas e resfria lentamente e a segunda quando o magma extravasa na superfície e resfria rapidamente. B) A primeira é formada fruto da erosão e a segunda fruto da litificação. C) A primeira é fruto da recristalização de rochas e a segunda resfria rapidamente na superfície. D) A primeira intrude outras rochas resfriando-se lentamente e a segunda é fruto da erosão de outras rochas. E) A primeira e a segunda são formadas no interior da terra sendo diferenciadas pela taxa de resfriamento. 4) A litificação converte sedimentos em rocha sólida e isso ocorre de duas formas: A) Erosão e sedimentação. B) Compactação e erosão. C) Cimentação e erosão. D) Cimentação e compactação. E) Compactação e sidmentação. 5) Como tipos de metamorfismos podemos citar: A) Regional e de contato. B) Regional e intrusivo. C) Regional e extrusivo. D) Intrusivo e extrusivo. E) Contato e erosão NA PRÁTICA Acompanhe de que forma ocorre a exploração e depósito de minerais. A mineração vale a pena? A exploração de minerais de minério é uma atividade importante e desafiadora. Encontrar um depósito promissor é apenas o primeiro passo rumo à extração de materiais úteis. A forma do depósito e a distribuição e contração do minério devem ser estimados antes do início da mineração. Isso é realizado com a perfuração de orifícios com pouco espaçamento e obtendo núcleos contínuos através do depósito de minérios e da rocha circundante. O planejamento de operações de mineração geralmente baseia-se em análises químicas e mineralógicas dos núcleos extraídos, a partir das quais duas grandezas são calculadas: - O teor refere-se à concentração de minerais de minério em rochas parentais sem valor econômico (resíduos de rocha). - A massa é a quantidade de minério que tem o potencial de ser extraído do depósito. As duas grandezas são importantes porque o teor e a massa sozinhos não são suficientes para a identificar um depósito de valor econômico. A perfuração e a análise de amostras de testemunhos demonstraram que o ouro em depósito da Rocks-r-Ur tem teor médio de 0,02% em todos os testemunhos. Determinou-se que o depósito tem uma geometria retangular que se estende lateralmente por 50m em uma direção e 1.500m na outra com espessura de 2m. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Para entender a terra. 6. ed. Porto Alegre : Bookman, 2013. Princípios de Geologia - Técnicas, Modelos e Teorias. 14. ed. Porto Alegre : Bookman, 2013. Pedras naturais como material de construção APRESENTAÇÃO As rochas constituem os elementos em que são instaladas as obras civis como fundações, túneis, pontes, galerias, etc. Esses materiais são utilizados em construção em sua forma natural, beneficiada ou industrializada. Cada rocha possui suas características próprias, como mineralogia, textura, estrutura atômica, etc. que devem ser compreendidas e estudadas para que os projetos sejam executados conforme o escopo inicial, tendo como resultado uma obra com qualidade, durabilidade e segurança. Nesta Unidade de Aprendizagem você vai estudar sobre aplicação de pedras naturais em construção civil, suas características e propriedades. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar os principais minerais e suas propriedades.• Conceituar pedras naturais e elencar suas principais características.• Listar aplicações destes materiais.• DESAFIO Imagine que você seja o responsável pela obra de uma pizzaria situada à beira-mar de uma cidade do litoral. Diante das exigências você deve optar entre uma rocha carbonática ou silicática como rocha ornamental para o piso do hall de entrada e rocha de revestimento para a fachada do prédio. Explique ao cliente quais os principais minerais representam cada tipo e qual o mais adequado. INFOGRÁFICO As rochas, que se formam na crosta terrestre, são materiais estudados em diversas áreas de estudo, tais como Geologia, Geografia, Paleontologia, Química, Engenharia Civil, Engenharia Química, Ciência dos Materiais entre outras. O conceito que difere as classes de materiais é explicada pela sua respectiva aplicação. Observe no infográfico. CONTEÚDO DO LIVRO Os basaltos são rochas eruptivas encontradas em uma variedade de ambientes tectônicos na Terra, por exemplo, dorsais meso-oceânicas, arcos de ilhas, grandes províncias ígneas e riftes intracontinentais. Se considerarmos todas as rochas vulcânicas observadas na superfície terrestre, as variedades de basalto são as que ocorrem em maior volume. Para aprofundar ainda mais seu conhecimento, acompanhe o capítulo Pedras Naturais como Material de Construção do livro Materiais de Construção que norteia as discussões presentes nesta Unidade. MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO André Luis Abitante Ederval de Souza Lisboa Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 A148m Abitante, André Luís. Materiais de construção [recurso eletrônico] / André Luís Abitante, Ederval de Souza Lisboa. – Porto Alegre : SAGAH, 2017. Editado como livro impresso em 2017. ISBN 978-85-9502-009-2 1. Materiais de construção. I. Lisboa, Ederval de Souza. CDU 691 Livro_Materiais_construcao.indb IILivro_Materiais_construcao.indb II 12/01/2017 15:07:4812/01/2017 15:07:48 Pedras naturais como material de construção Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identifi car os principais minerais e suas propriedades. Conceituar pedras naturais e elencar suas principais características. Listar aplicações destes materiais. Introdução As rochas constituem os elementos em que são instaladas as obras civis como fundações, túneis, pontes, galerias, entre outros. Esses materiais são utilizados em construção em sua forma natural, beneficiada ou industrializada. Já que cada rocha possui suas características próprias, como mine- ralogia, textura, estrutura atômica, etc., você, como profissional, deve compreendê-las e estudá-las para que seus projetos sejam executados conforme o escopo inicial, e o resultado seja uma obra com qualidade, durabilidade e segurança. Portanto, neste capítulo você vai estudar sobre aplicação de pedras naturais em construção civil, suas características e propriedades. Os minerais e suas propriedades Materiais chamados pedras naturais são todos aqueles encontrados/extraídos prontos para uso ou que passam por processos e tratamentos simplifi cados para acabamento, como lavagem, polimento, redução de tamanho, fl ambagem, Materiais_construcao_U1_C01.indd 1Materiais_construcao_U1_C01.indd 1 22/12/2016 15:00:5222/12/2016 15:00:52 apicoamento, jateamento (com areia) e/ ou espelhamento (polimentos sucessivos com equipamento especializado e utilização de abrasivos). As rochas, ou “pedras naturais”, são associações compatíveis e estáveis de um ou mais minerais. Sua formação se dá nos ambientes geológicos geradores, que variam pelos elementos atuantes de pressão, temperatura ou composição química. Veja a seguir os tipos de rochas: Rochas magmáticas: resultam do resfriamento de um líquido pastoso complexo, denominado magma, gerado pela fusão parcial de rochas no interior da Terra. As principais rochas magmáticas são granitos (feldspato e quartzo), dioritos (feldspato e anfibólio), sienitos (feldspato), gabros (feldspato, piroxênio e olivina) e basalto (feldspato, piroxênio e olivina). Rochas sedimentares: resultam da acumulação e compactação dos produtos gerados pelo intemperismo de rochaspré-existentes, produtos estes denominados de sedimentos, que se depositam de forma estra- tificada (em camadas). O intemperismo pode ser químico ou físico. No primeiro caso os minerais da rocha pré-existente são alterados quimicamente com a produção de novos, com destaque para as argilas formadas à custa do feldspato e dos minerais ferromagnesianos (micas, anfibólios, piroxênios, olivinas). Rochas metamórficas: resultam de rochas pré-existentes que sofreram aquecimento e deformação posterior por esforços no interior da Terra. Pelo aquecimento os minerais das rochas pré-existentes reagem entre si formando novos – os minerais metamórficos. São exemplos de rochas metamórficas a pedra mineira, as ardósias, os itabiritos, os micaxistos e os gnaisses. Por metamorfismo as rochas naturais sofrem as seguintes alterações: Os calcários transformam-se em mármores. Os arenitos em quartzitos. Os basaltos e gabros em anfibolitos. Os granitos em gnaisses e migmatitos. Outra rocha metamórfica típica é o esteatito (pedra sabão), constituído por uma mistura de talco e serpentina, com estruturas maciças ou planares. Materiais de construção2 Materiais_construcao_U1_C01.indd 2Materiais_construcao_U1_C01.indd 2 22/12/2016 15:00:5322/12/2016 15:00:53 São gerados a partir de rochas magmáticas magnesianas como os dunitos, peridotitos e piroxenitos. Figura 1. Vista geral de uma jazida de basalto. Fonte: Yoeml / Shutterstock.com. Minerais constituintes Tradicionalmente os minerais formadores de rochas são classifi cados em minerais silicatados e não silicatados. Os minerais silicáticos mais comuns nas rochas naturais são: O quartzo (incolor, leitoso, róseo, esverdeado, cinzento, azulado, cas- tanho, preto). Os feldspatos (brancos, cor de creme, róseos, cor de carne, cinzentos). Os feldspatóides (cinzentos, azuis). As micas (prateadas, esverdeadas, castanhas, pretas). Os piroxênios (cinzas, azuis, verde-claros, verde-escuros, pretas). As olivinas (cinza-esverdeadas). 3Pedras naturais como material de construção Materiais_construcao_U1_C01.indd 3Materiais_construcao_U1_C01.indd 3 22/12/2016 15:00:5322/12/2016 15:00:53 As granadas (vermelhas). As dumortieritas (azuis). O talco (branco, amarelado, acastanhado). A serpentina (branca, verde, castanha, amarelada). A caulinita (é o principal componente de argilas). Entre os minerais não silicáticos destacam-se: Os carbonatos (calcita, magnetita, dolomita, siderita) – componentes principais dos calcários e mármores. Nos itabiritos o óxido de ferro (hematita, magnetita) – este mineral confere à rocha uma cor escura reluzente que pode variar para um preto esverdeado quando associado à clorita, uma mica verde ou anfibólibo (grumerita e odinolita). Propriedades das pedras naturais São as qualidades exteriores que caracterizam e distinguem os materiais. Um determinado material é conhecido e identifi cado por suas propriedades e por seu comportamento perante agentes exteriores. Bauer (2008) defi ne algumas das principais propriedades físicas dos materiais, dentre as quais as de maior infl uência nas características das rochas, destacam-se: Massa: a quantidade de matéria e é constante para o mesmo corpo, esteja onde estiver. Peso: definido como a força com que a massa é atraída para o centro da Terra varia de local para local. Massa específica: a relação entre sua massa e seu volume. Peso específico: a relação entre seu peso e seu volume. Densidade: a relação entre sua massa e a massa do mesmo volume de água destilada a 4ºC. Porosidade e compacidade: a propriedade que tem a matéria de não ser contínua, havendo espaços (vazios) entre as massas. Dureza: definida como a resistência que os corpos opõem ao serem riscados. Tenacidade: a resistência que o material opõe ao choque ou percussão. Materiais de construção4 Materiais_construcao_U1_C01.indd 4Materiais_construcao_U1_C01.indd 4 22/12/2016 15:00:5322/12/2016 15:00:53 Durabilidade: a capacidade que os corpos apresentam de permanecerem inalterados com o tempo. Desgaste: a perda de qualidades ou de dimensões com o uso contínuo. Estas propriedades físicas são fundamentais aos materiais de construção, pois estes estão constantemente submetidos a solicitações como cargas, peso próprio, ação do vento, entre outros – os chamados esforços. Os principais esforços solicitantes aos quais os materiais podem ser submetidos, caracteri- zando as rochas mecanicamente, são: Compressão: esforço aplicado na mesma direção e sentido contrário que leva a um “encurtamento” do objeto em que está aplicado. Tração: esforço aplicado na mesma direção e sentido contrário que leva o objeto a sofrer um alongamento na dire ção em que o esforço é aplicado. Flexão: esforço que provoca uma deformação na direção perpendicular ao qual é aplicado. Torção: esforço aplicado no sentido da rotação do material. Cisalhamento: esforço que provoca a ruptura por cisalhamento. Em relação às propriedades geológicas das rochas naturais, é importante a clivagem, o fraturamento e a alterabilidade: Clivagem: são planos de rompimento potenciais ou reais, paralelos, que refletem planos de fraqueza na estrutura cristalina regular dos minerais. As micas são minerais caracterizados por um sistema de clivagem muito bem desenvolvido e cerrado, fato que permite “esfoliá– las”, subdividindo um mineral mais espesso em numerosas folhas finas. As serpentinas e o talco também apresentam esse tipo de clivagem. Minerais com clivagens bem desenvolvidas e grandes coeficientes de dilatação não devem ser expostos a amplas variações térmicas. As sucessivas dilatações e contrações destes minerais enfraquecem progressivamente a trama da rocha e aumentam as infiltrações de agentes líquidos. Fraturas: são fendas irregulares em minerais não controladas por sua estrutura cristalina. A maior ou menor facilidade de um mineral ao fraturamento (ou quebra) depende do seu coeficiente de elasticidade. Minerais que sofrem quebra são denominados de quebradiços. A quebra 5Pedras naturais como material de construção Materiais_construcao_U1_C01.indd 5Materiais_construcao_U1_C01.indd 5 22/12/2016 15:00:5322/12/2016 15:00:53 depende tanto do valor do esforço aplicado quanto da velocidade de sua aplicação. Alterabilidade: minerais silicáticos são mais ou menos inertes aos agentes do intemperismo e a produtos da indústria química e de limpeza. O quartzo resiste a todos os agentes com exceção do ácido fluorídrico, que não tem uso em residências. A alteração de micas escuras, anfibó- lios, piroxênios e granadas sempre se associa à liberação de óxido de ferro, que mancha a rocha, comprometendo sua estética. Carbonatos, por sua vez, são facilmente solúveis em ácidos. Uma característica que depende diretamente das propriedades físicas, mecânicas e geológicas é a trabalhabilidade, isto é, a facilidade de moldar a pedra de acordo com o uso. Depende de fatores como a dureza e a homoge- neidade da rocha. Como visto anteriormente, a dureza é a resistência ao risco ou ao corte e no caso da trabalhabilidade das rochas indicará o meio de corte mais adequado. De acordo com Petrucci (1975), peças mais brandas podem ser cortadas com serras de dentes enquanto peças mais duras demandam corte com diamante. Segundo o mesmo autor, uma rocha homogênea é aquela que apresenta as mesmas propriedades em amostras diferentes e que ao choque do martelo se quebra em pedaços e não em grãos, como ocorre nas rochas não-homogêneas. Dessa forma, a homogeneidade permite a obtenção de peças com formatos adequados. Pedras naturais Obviamente é muito mais fácil construir com tijolos ou blocos de concreto perfeitamente moldados, mas também é possível construir belas e sólidas obras com pedras. Paredes de pedra, por exemplo, apresentam excelente massa térmica, o que signifi ca que absorvem a temperatura externa,
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