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Módulo 7 - Propriedade mecânica dos materiais Ensaio de tração e compressão A resistência de um material depende de sua capacidade ele suportar uma carga sem deformação excessiva ou ruptura. Essa propriedade é inerente ao próprio material e eleve ser determinada por métodos experimentais. Um dos testes mais importantes nesses casos é o ensaio ele tração ou compressão. Para executar o ensaio ele tração ou compressão, prepara-se um corpo de prova do material com forma e tamanho "padronizados". A máquina de teste (Figura 1) é utilizada para alongar o corpo de prova a uma taxa muito lenta e constante, até ele atingir o ponto de ruptura. A máquina é projetada para ler a carga exigida para manter o alongamento do corpo de prova uniforme. Serão obtidos: dados da carga aplicada P em intervalos frequentes e o alongamento δ= L- L0. Esse valor δ é usado para calcular a deformação normal média no corpo de prova. Figura 1 - Máquina de teste Diagrama tensão-deformação Com os dados obtidos em um ensaio de tração ou compressão é possível calcular vários valores da tensão e da deformação correspondentes no corpo de prova e, então, construir um gráfico com esses resultados, denominado diagrama tensão-deformação. Esses gráficos podem ser descritos de duas formas apresentados a seguir: Diagrama tensão-deformação convencional Um diagrama tensão-deformação convencional é importante na engenharia porque proporciona um meio para obtenção de dados sobre a resistência à tração ou à compressão de um material sem considerar o tamanho ou a forma física do material. Tensão e deformação de engenharia são calculadas pela área da seção transversal e comprimento de referência originais do corpo de prova. A tensão nominal ou tensão de engenharia é obtida dividindo a carga aplicada P pela área original da seção transversal do corpo de prova, A0. 𝝈 = 𝑷 𝑨𝟎 A deformação nominal ou de engenharia é obtida dividindo a variação, δ, no comprimento de referência do corpo de prova pelo comprimento de referência original do corpo de prova, L0. 𝝐 = 𝜹 𝑳𝟎 Um material dúctil tem quatro comportamentos distintos quando é carregado: comportamento elástico, escoamento, endurecimento por deformação e estricção. Comportamento elástico: Ocorre o comportamento elástico do material quando as deformações no corpo de prova estão dentro da primeira região mostrada na Figura 2. Escoamento: é o comportamento apresentado quando um pequeno aumento na tensão acima do limite de elasticidade resulta no colapso do material e fará com que ele se deforme permanentemente. Na figura 2 é indicado pela segunda região da curva. Endurecimento por deformação: Quando o escoamento tiver terminado, pode- se aplicar uma carga adicional ao corpo de prova, o que resulta em uma curva que cresce continuamente, mas torna-se mais achatada até atingir uma tensão máxima denominada limite de resistência. O crescimento da curva dessa maneira é denominado endurecimento por deformação e é representado na terceira região da Figura 2. Estricção: no limite da resistência, a área da seção transversal começa a diminuir em uma região da seção transversal começa a diminuir em uma região localizada do corpo de prova, em vez de em todo o seu comprimento. As deformações são causadas por tensão de cisalhamento e como resultado tende a formar uma estricção gradativa na região. O diagrama de tensão-de- deformação tem de a curvar-se para baixo até o corpo de prova quebrar, quando atinge a tensão de ruptura. Essa é a quarta região indicada na Figura 2. Figura 2- Diagrama de tensão-deformação convencional e real para um material dúctil (sem/escala). Pontos importantes no diagrama tensão-deformação são o limite de proporcionalidade, o limite de elasticidade, a tensão de escoamento, o limite de resistência e a tensão de ruptura. Diagrama tensão-deformação real Em vez de sempre usar a área da seção transversal e o comprimento originais do corpo de prova para calcular a tensão e a deformação (de engenharia), poderíamos utilizar a área da seção transversal e o comprimento reais do corpo de prova no instante em que a carga é medida. Os valores da tensão e da deformação calculados por essas medições são denominados tensão real e deformação real, e a representação gráfica de seus valores é denominada diagrama tensão-deformação real. O gráfico desse diagrama tem a forma mostrada pela curva superior na Figura 2. Comportamento tensão-deformação de materiais dúcteis e frágeis Os materiais podem ser classificados como dúcteis ou frágeis, dependendo de suas características de tensão-deformação. Materiais dúcteis Qualquer material que possa ser submetido a grandes deformações antes de sofrer ruptura é denominado material dúctil. Um modo de especificar a ductilidade de um material é calcular o percentual de alongamento ou a redução percentual da área no instante da ruptura. A porcentagem de alongamento é a deformação de ruptura do corpo de prova expressa como porcentagem. Assim, se o comprimento de referência original do corpo de prova for L0 e seu comprimento na ruptura for Lrup, temos: 𝑷𝒐𝒓𝒄𝒆𝒏𝒕𝒂𝒈𝒆𝒎 𝒅𝒆 𝒂𝒍𝒐𝒏𝒈𝒂𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐 = 𝑳𝒓𝒖𝒑−𝑳𝟎 𝑳𝟎 (100%) A porcentagem de redução da área é definida por: 𝑷𝒐𝒓𝒄𝒆𝒏𝒕𝒂𝒈𝒆𝒎 𝒅𝒆 𝒓𝒆𝒅𝒖çã𝒐 𝒅𝒂 á𝒓𝒆𝒂 = 𝑨𝟎 − 𝑨𝒇 𝑨𝟎 (𝟏𝟎𝟎%) Onde: A0 = área de seção transversal original do corpo de prova Af = área de ruptura Materiais frágeis Materiais que exibem pouco ou nenhum escoamento antes da falha são denominados materiais frágeis. A tensão de ruptura sob tração para materiais frágeis não é bem definida, visto que o surgimento de trincas iniciais em um corpo de prova é bastante aleatório. Por essa razão, em vez da tensão de ruptura propriamente dita, registra-se a tensão de ruptura média observada em um conjunto de ensaios de tração. Lei de Hooke Um material é linear elástico se a tensão for proporcional à deformação dentro da região elástica. Essa propriedade é denominada lei de Hooke, e a inclinação da curva é denominada módulo de elasticidade ou módulo de Young, E. 𝝈 = 𝑬𝝐 Endurecimento por deformação Endurecimento por deformação é usado para estabelecer um ponto de escoamento mais alto para um material. O material é submetido à deformação além do limite elástico e, então a carga é retirada. O módulo de elasticidade permanece o mesmo, porém a ductilidade do material diminui (Figura 3). O ponto de escoamento de um material pode ser elevado por endurecimento por deformação, o que se consegue pela aplicação de uma carga grande o suficiente para provocar um aumento na tensão de modo a causar escoamento e, em seguida, liberando a carga. A maior tensão produzida torna- se o novo ponto de escoamento para o material. Figura 3- Diagrama de deformação permanente e elástica. Energia de deformação Energia de deformação é a energia armazenada no material por conta de sua deformação. Essa energia por unidade de volume é denominada densidade de energia de deformação. A densidade da energia de deformação pode ser expressa por: 𝒖 = ∆𝑼 ∆𝑽 = 𝟏 𝟐 𝝈𝝐 Se o comportamento do material for linear elástico então a Lei de Hooke se aplica, σ=Eϵ e pode-se expressar a densidade de energia de deformação em termos da tensão uniaxial como: 𝒖 = 𝟏 𝟐 𝝈𝟐 𝑬 Se a densidade de energia de deformação for medida até o limite de proporcionalidade, é denominada módulo de resiliência (Figura 4); se for medida até o ponto de ruptura, é denominada módulo de tenacidade (Figura 5). O módulode resiliência é dado por: 𝒖 = 𝟏 𝟐 𝝈𝒍𝒑𝝐𝒍𝒑 = 𝟏 𝟐 𝝈𝒑𝒍 𝟐 𝑬 Figura 4 - Módulo de resiliência. Figura 5- Módulo de tenacidade. Coeficiente de Poisson Quando a carga P é aplicada à barra, provoca uma mudança δ no comprimento e δ' no raio da barra (Figura 6). As deformações na direção longitudinal ou axial e na direção lateral ou radial são, respectivamente, 𝝐𝒍𝒐𝒏𝒈 = 𝜹 𝑳 e 𝝐𝒍𝒂𝒕 = 𝜹` 𝒓 Figura 6 - Tensão e compressão da barra. Coeficiente de Poisson, v, é uma medida da deformação lateral de um material homogêneo e isotrópico em relação à sua deformação longitudinal. De modo geral, essas deformações têm sinais opostos, isto é, se uma delas for um alongamento, a outra será uma contração. 𝒗 = 𝝐𝒍𝒂𝒕 𝝐𝒍𝒐𝒏𝒈 O diagrama tensão-deformação de cisalhamento O diagrama tensão-deformação de cisalhamento é um gráfico da tensão de cisalhamento em relação à deformação por cisalhamento. Se o material for homogêneo e isotrópico e também linear elástico, a inclinação da curva dentro da região elástica é denominada módulo de rigidez ou módulo de cisalhamento, G. Um material dúctil quando submetido a cisalhamento, exibe comportamento linear elástico e terá um limite de proporcionalidade definido τlp. Também ocorrerá endurecimento por deformação até que a tensão de cisalhamento máxima τm seja atingida. Por fim, o material começará a perder sua resistência ao cisalhamento até atingir um ponto no qual sofrerá ruptura, τrup (Figura7). Figura 7- Diagrama tensão-deformação de cisalhamento. A maioria dos materiais de engenharia, como o que acabamos de descrever, apresentará comportamento elástico linear e, portanto, a lei de Hooke para cisalhamento pode ser expressa por: 𝝉 = 𝑮𝜸 O valor do módulo de elasticidade, G, pode ser medido como a inclinação da reta no diagrama τ-Ƴ, isto é, G=τlp / Ƴlp (Figura 8). Figura 8- Diagrama tensão-deformação de cisalhamento As três constantes do material E, v, G podem ser relacionadas pela equação: 𝑮 = 𝑬 𝟐(𝟏 + 𝒗) Referência de Estudo Capítulo 3 HIBBELER, R. C. “Resistência dos materiais”, São Paulo, Prentice Hall, 7ª edição, 2010.