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ARTIGO PI MELHORIA NO PROCESSO DE MEDIÇÃO DE MANGUEIRAS HIDRÁULICAS EM UMA DISTRIBUIDORA

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PROJETO APLICADO
INSTITUTO POLITÉCNICO – Centro Universitário UNA
MELHORIA NO PROCESSO DE MEDIÇÃO DE MANGUEIRAS HIDRÁULICAS EM UMA DISTRIBUIDORA
CURSO: ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Amanda Mendes, Franciele Cavalcante,
Michel Plinio, Natielly Freitas, Pedro Lobo
Rayara Rezende, Thais Avelar.
Professor Orientador: Henrique Galante.
Professores Co-orientadores: Agnaldo Moura, 
Glayson Carvalho, Grazielle Santana, 
Odivanei Ramos Pedro
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RESUMO
As mudanças constantes do mercado fazem com que as empresas dêem mais foco as melhorias de processos, a fim de reduzir os desperdícios de materiais no chão de fábrica, trazendo lucratividade e permitindo a entrega de produtos de qualidade utilizando o mínimo de recurso necessário. A organização analisada foi uma empresa de distribuição de mangueiras hidráulicas, onde o processo é relativamente simples, porém a falta de análise das possíveis perdas por processo leva a prejuízos significativos. A proposta do trabalho é então demonstrar como a introdução de um sistema simples baseado em uma ferramenta do Lean Manufacturing pode trazer um retorno financeiro positivo, bem como reduzir o número de reclamações por parte dos clientes. 
Palavras Chave: Processos, Mangueiras, Poka-Yoke, Perdas, Investimento.
INTRODUÇÃO
Atualmente, as empresas se empenham cada vez mais em aperfeiçoar seus processos, visando maior lucratividade, redução de custos, desperdícios e maior rendimento em curto prazo, para entregar produtos ou serviços de qualidade e que estejam de acordo com a necessidade do cliente (MARIANO, 2006).
As perdas no processo determinam o quão eficiente ele é, ou seja, quanto maior for o número de perdas no mesmo, menor a eficiência. As empresas então devem objetivar o maior controle de seu processo gerindo de forma eficaz todas as atividades ligadas ao mesmo. (ABREU, 2002).
A empresa estudada possui atualmente um processo de medição pouco confiável, realizado por meio de um padrão de medidas adaptado ao piso. Nele as mangueiras são alongadas e marcadas de forma imprecisa, em seguida são levadas a guilhotina e então cortadas.
Este trabalho irá identificar as perdas de material que ocorrem devido a não confiabilidade nos processo de medição e corte de mangueiras e sugerir uma alteração que minimize ou cesse com as mesmas, a partir de levantamento de dados e introdução de uma ferramenta da metodologia Lean Manufacturing.
REFERENCIAL TEÓRICO 
 MANGUEIRAS HIDRÁULICAS
Segundo Petenon (2015) mangueiras hidráulicas são componentes de ligação entre dois pontos para transmissão de energia ou pressão dentro de um sistema hidráulico a partir da utilização de um fluido.
As mangueiras hidráulicas substituem tubulações, no entanto são mais flexíveis, possibilitam articulações, resistem à corrosão e absorvem vibrações. Estão disponíveis em variadas bitolas e comprimentos, para aplicações diversas (VEIGA, 2015).
 A EMPRESA
Empresa de origem Alemã e atuante no Brasil desde 2008, focada em atender lojistas e montadores de mangueiras hidráulicas, com uma gama de produtos que incluem mangueiras hidráulicas, mangueiras industriais, terminais, adaptadores e engates hidráulicos.
Todos os produtos passam por um controle de qualidade rigoroso e atendem as normas de qualidade e segurança internacionais como ISO, SAE e DIN, o que garante que não haverá problemas durante seu uso, trazendo mais confiabilidade para a empresa e mais segurança para seus clientes.
 DETALHAMENTO DO PROCESSO
O processo de distribuição de mangueiras é relativamente simples já que não há produção, apenas adequação às metragens do produto solicitado pelos clientes. O fluxograma abaixo demonstra as etapas do processo:
Figura 1: Fluxograma do processo
Fonte: Desenvolvido pelos autores
 PROBLEMAS NO PROCESSO DE MEDIÇÃO 
Os problemas de medição aparecem a partir da não execução adequada de um processo utilizado, ou quando o item solicitado pelo cliente não é do tamanho da peça inteira, o que pode deixar um retalho, que é um pedaço do item que ainda pode ser comercializado ou uma sobra que em sua maioria não atenderá as dimensões solicitadas pelos clientes (JUNIOR; PINHEIRO & THOMAZ, 2004).
Muitas vezes as empresas deixam de sanar o problema e arcam com os prejuízos da falta de controle no processo, mas o problema fica muito maior quando o valor passa a ser verificado e identificado como muito significativo (SILVA, 2008).
MELHORIA DE PROCESSO
As organizações são compostas por combinações de recursos que visam atender aos mesmos objetivos, sendo que essas combinações afetam diretamente a organização de forma positiva ou negativa dependendo de seu resultado (UFSC, 2012). 
MÉTODO LEAN MANUFACTURING
O termo ‘Lean Manufacturing’ foi criado no Japão na década de 50 por Taiichi Ohro, responsável pelo Sistema Toyota de produção (STP), para designar a busca por de eliminação de desperdícios, redução de custos, minimização da variação e aumento da eficiência do processo (prazo, custo, qualidade) preparando a empresa para um mercado cada vez mais competitivo (LAREAU, 2002).
FERRAMENTAS DO LEAN MANUFACTURING: POKA-YOKE
Segundo Riani (2006) para efetivar a implantação do Lean Manufacturing são utilizadas algumas ferramentas, alguns exemplos destas são: Gerenciamento Diário do Lean (LDMS); Produção Enxuta e reestruturação de métodos, técnicas e ferramentas (Kaisen Blitz); Mapeamento do fluxo de valor (VSM); 5S, entre outros.
O método Poka-Yoke é uma das ferramentas utilizadas no sistema Lean, foi criado no Japão em 1961, por Shige Shingo engenheiro da Toyota. Essa ferramenta consiste na utilização de métodos simples que levem a redução de defeitos e falhas nos produtos, o método possui ainda duas categorias (NOGUEIRA, 2010): 
Prevenção: As ferramentas empregadas evitam que o erro ocorra. 
Detecção: Ferramentas de detecção do erro divididas em dois critérios:
- Controle: Os métodos empregados param o processo, pois o erro causou um defeito;
- Advertência: Os métodos empregados emitem algum sinal de alerta sonoro ou luminoso, pois o erro ocorreu contudo não causou um defeito. 
INVESTIMENTO E PAYBACK
Payback nada mais é do que o tempo gasto para se ter o retorno de um dado investimento. A definição do prazo de Payback é dada de acordo com a análise de fluxo do projeto, onde são analisados o valor total do investimento e os recursos que se detêm, além dos resultados que se esperam alcançar com o investimento (PEREIRA, 2006). 
Segundo Bischoff (2013) o método Payback pode ser aplicado de duas formas:
Payback simples: Para verificar a aceitação ou não do investimento é necessário calcular se o retorno se dará antes ou depois do prazo estipulado, caso o resultado seja um retorno tardio em relação ao prazo, o investimento no projeto deve ser rejeitado.
Payback descontado: Este método ao contrário do Payback simples leva em consideração o valor do capital em relação ao tempo estipulado considerando os juros da operação. Da mesma forma, sua aceitação é verificada a partir do cálculo do retorno, sendo que este deve estar dentro do prazo estipulado para ser considerado viável.
METODOLOGIA
Este artigo baseia-se no mapeamento de custos, lucros e perdas relacionados ao processo de medição e corte de uma distribuidora de mangueiras hidráulicas. Sendo que a primeira etapa constitui uma abordagem teórica por meio de pesquisas bibliográficas a fim de construir a base conceitual, e abordagem descritiva ao levantar a real situação do processo da empresa. Na segunda etapa os dados quantitativos relacionados às perdas são identificados e tratados. Por meio de abordagem de natureza aplicada, que objetiva a geração de conhecimento para aplicação prática, orientados a solução de problemas específicos, é sugerida a utilização de novo equipamento, que atende a ferramenta Poka-Yoke. Na terceira etapa é realizada a verificação da viabilidade de investimento e tempo de retorno do mesmo (Payback). 
RESULTADOSDADOS
A faixa pintada no chão usada para medição das mangueiras pela empresa não possui aprovação do Inmetro e erro conhecido, o que diminui sua confiabilidade. 
Para análise do impacto da imprecisão de medição foi selecionada a mangueira HLR28 (anexo I) dentre as 124 mangueiras existentes nas 16 linhas fornecidas pela empresa. Abaixo dados obtidos dos relatórios de movimentação de estoque, valor de custo e venda e correção de saldo realizada no inventário:
Tabela 1: Dados coletados - Mangueira HLR28
	Dados Mangueira HLR28
	Período
	01/06 a 31/12/2016
	Saldo Inicial
	42.674,00
	Σ Entradas
	128.950,00
	Σ Saídas
	105.360,00
	Saldo Final
	66.264,00
	Saldo Final Inventário
	64.623,00
	Preço de Custo Médio
	R$ 7,56
	Preço de Venda Médio
	R$ 11,31
	Faturamento do Período
	R$ 1.191.621,60
	Lucro do Período
	R$ 395.100,00
Fonte: Autoria própria (adaptado de dados fornecidos pela empresa), 2017
 PERDA POR IMPRECISÃO NA MEDIÇÃO
Com base na tabela 1 e devido ao ajuste realizado após a identificação do estoque no inventário, é possível verificar o percentual de mangueira perdido e o percentual financeiro de prejuízo à empresa, conforme tabela abaixo:
Tabela 2: Apuração da perda semestral
	Perda Material/Financeira
	Material Perdido
	1.641,00
	% Perda de Material
	2,48%
	Prejuízo Financeiro
	R$ 18559,71
	% Perda Financeira
	1,56%
Fonte: Autoria própria, 2017
 SOLUÇÃO
A resposta encontrada para a redução da perda é o uso da máquina CaterMeter 5000, que realiza medições em cabos, mangueiras e cordas de variadas espessuras. A máquina tem funcionamento simples: a mangueira é inserida e permeia por ela, ao chegar à metragem programada pelo operador o equipamento trava, faz uma marcação na mangueira, emite uma iluminação de advertência e um sinal sonoro.
 APLICAÇÃO FERRAMENTA POKA-YOKE
Esse equipamento evita que o erro na medição seja cometido, ele dispensa a atenção interrupta do operador ao produto em processamento e possui baixo investimento, portanto atende a ferramenta Poka Yoke de forma preventiva.
 INVESTIMENTO E PAYBACK
O investimento na CaterMeter 5000 com impostos e fretes inclusos é de R$ 13.150,00. O Payback descontado se dará em 6 meses, as informações e os cálculos detalhados se encontram no anexo II. O retorno será breve. Se for considerado as perdas das demais mangueiras comercializadas pela empresa que também utilizarão o equipamento o prazo de retorno do investimento seria demasiadamente menor.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABREU. Renato Araújo, Perdas no processo produtivo. Rio de Janeiro, 2002. Disponível em: <http://soraianovaes.com/inovacaoedesign/artigos_cientificos/perdas_
no_processo_produtivo.pdf >. Acesso em: 21/04/17.
BISCHOFF. Lisandra, Análise de projetos e investimentos. Rio de Janeiro, 2013. Disponível em: <https://www.editoraferreira.com.br/Medias/1/Media/Livros/Sumarios/analise_proj_investimentos.pdf> Acesso em: 04/06/17.
JUNIOR. José Aélio, PINHEIRO. Plácido, THOMAZ. Antonio, Otimização das perdas em cortes guilhotinados para bobinas de aço na indústria metal mecânica. São João Del Rei, MG, 2004. Disponível em:<http://www.decom.ufop.br/marcone/Disciplinas/InteligenciaComputacional/CortesGuilhotinadosBobinaAco.pdf > Acesso em: 14/05/17.
LAREAU. Willian, Office Kaizen: Transforming office operationsinto a strategiccompetitive.Milwaukee, 2002. Disponível em: <https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=X4IHLWMpU-gC&oi=fnd&pg=PT7&dq=transforming+office+operations+into+a+strategic+competitive+advantage&ots=FbykIf4uZE&sig=XAZ9Om4sjrPxI7v9UQGzikBBKyc#v=onepage&q&f=false>. Acesso em 23/04/17.
MARIANO. Lucia Helena Fazzane de Castro, Gestão da qualidade e gestão do conhecimento: fatores-chave para produtividade e competitividade empresarial. São Paulo, 2006. Disponível em: http://www.simpep.feb.unesp.br/anais/anais_13/artigos/598.pdf Acesso em: 21/04/17.
NOGUEIRA. Lucio José Martins, Melhoria da qualidade através de sistemas Poka-Yoke, 2010. Disponível em:<https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/59614/1/000141304.pdf> Acesso em: 28/05/17.
PEREIRA. Nelson Braga Chelini, A utilização de metodologias de análise de investimentos empresariais voltada para análise de investimentos pessoais, Juiz de Fora – MG, 2006. Disponível em: <http://www.ufjf.br/ep/files/2014/07/2005_3_Nelson.pdf> Acesso em: 04/06/17.
PETENON. Cristian, Dimensionamento de um sistema hidráulico para uma bancada de ensaios mecânicos.Horizontina, 2015. Disponível em: <http://www.fahor.com.br/publicacoes/TFC/EngMec/2015/CristianMichelPetenon.pdf> Acesso em: 10/04/17.
RIANI. Aline Mattos, O Lean Manufacturing aplicado na Becton Dickinson. Juiz de Fora, 2006. Disponível em: <http://www.ufjf.br/ep/files/2009/06/tcc_jan2007_alineriani.pdf>. Acesso em 23/04/2017.
SILVA, Sarah El Achkar. Otimização no processo de corte unidimensional de barras de aço. São Paulo, 2008. Disponível em: <http://www.decom.ufop.br/marcone/Disciplinas/InteligenciaComputacional/CortesGuilhotinadosBobinaAco.pdf> Acesso em 14/05/17.
UFSC, 2012. Organização, sistemas e métodos. Disponível em: <http://portal.cad.ufsc.br/files/2012/03/apostila-2012.pdf> Acesso em: 16/04/17.
VEIGA. Vitor, Concepção de equipamento de ensaio de mangueiras de alta pressão.Porto/Portugal, 2015. Disponível em: <https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/81698/2/37480.pdf> Acesso em: 10/04/17.
ANEXO 1 – ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS DA MANGUEIRA HLR28
Mangueira: HLR28 - LEMMAN HARD ROCK/2T -8
Norma: SAE 100 R2 TIPO AT / EN 853 2SN
Tubo interno: Borracha Sintética NBR.
Reforço: Dois trançados de fios de aço de alta resistência.
Aplicação: Circuitos hidráulicos de alta pressão. Atende ou excede aos requisitos da norma SAE 100R2 e EN 2SN.
Temperatura de trabalho: -40ºC (-40ºF) à +100ºC (212ºF) para óleo e derivados de petróleo.
	Bitola
	Diâmetro
	Pressão Trabalho
	Pressão Ruptura
	Raio Mínimo de Curvatura
	Peso
	Traço
	Pol
	Interno
	Reforço
	Externo
	Bar
	Psi
	Bar
	Psi
	
	
	-8
	1/2"
	12,7
	19,8
	22,2
	275
	4000
	1100
	16000
	180
	0,59
ANEXO 2 – CÁLCULOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTO
TMA (taxa mínima de atratividade): 0,93% a.m (SELIC, 05/2017)[1: SELIC, 2017. Disponível em: <http://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/tributaria/pagamentos-e-parcelamentos/taxa-de-juros-selic> Acesso em 15/06/2017.]
Cálculo de valor presente: 
Onde:
PV: Valor presente;
FV: Valor futuro;
TMA: Taxa Mínima de Atratividade;
n: prazo.
Receitas de fluxo de caixa:
	Prejuízo Semestral
	Lucro Perdido Semestral
	Perda Total Semestral
	Perda Total Mensal
	R$ 12.405,96
	R$ 6.153,75
	R$ 18.559,71
	R$ 3.093,29
A receita considerada será o valor perdido mensal, que com o investimento no equipamento não haverá perdas de material 	que será então faturado pela empresa. 
Cálculo de payback descontado:
	CaterMeter5000 
	 Mês 0 
	 Mês 1 
	 Mês 2 
	 Mês 3 
	 Mês 4 
	 Mês 5 
	 Mês 6 
	Fluxo de Caixa
	-13.150,00
	3.093,29
	3.093,29
	3.093,29
	3.093,29
	3.093,29
	3.093,29
	Valor Presente
	-13.150,00
	2.830,09
	2.589,28
	2.368,97
	2.167,40
	1.982,98
	1.814,26
	Saldo do projeto
	-13.150,00
	-10.319,91
	-7.730,63
	-5.361,66
	-3.194,26
	-1.211,28
	602,98
10

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