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1 
 
MATERIA: REPRODUÇÃO TEXTUAL (PORTUGUÊS INTRUMENTAL I) 
 
AULA 1 – FALANDO SOBRE A ESCRITA 
 
Sem comunicação, não seríamos capazes de viver em grupo. Percebemos que, para comunicar as nossas ideias 
verbalmente, ou seja, fazendo uso de palavras, falamos ou escrevemos. Como mostram as imagens, há vários 
ditados que ilustram a importância da fala e da escrita na nossa sociedade. 
 
Fala e escrita que fala e escrita são modalidades distintas de uso da língua. Com a nossa experiência ao longo 
da vida escolar, já entendemos que a escrita não é uma simples transcrição da fala. Quando escrevemos, 
diferentemente do que ocorre quando falamos, o contexto de produção e o contexto de recepção não 
coincidem. Se, em uma conversação natural, o planejamento e a execução acontecem ao mesmo tempo, em 
um texto escrito, temos tempo para planejar, escrever e revisar o que produzimos. Nosso objetivo não é tratar 
fala e escrita de modo polarizado, ou seja, de um lado a fala, de outro, a escrita. Concordamos com Koch e Elias 
(2009, p.14) e tantos outros autores quando ressaltam que fala e escrita não devem ser vistas “de forma 
dicotômica, estanque, como era comum até há algum tempo e, por vezes, como acontece ainda hoje”. 
 
Fala e escrita: modalidades de uso da língua 
Sobre esse aspecto, destacamos a proposta de Marcuchi (2004) que afirma que “as diferenças entre fala e 
escrita se dão dentro de um continuum tipológico das práticas sociais e não na relação dicotômica de dois 
polos opostos.” (apud, Koch & Elias (2009:14)). 
Desde modo, poderíamos situar os diversos tipos de práticas sociais de produção textual ao longo desse 
contínuo, partindo da conversação espontânea, coloquial até chegarmos à escrita formal. Perceberíamos, 
assim, que alguns textos escritos como bilhetes, cartas familiares e textos de humor estariam mais próximos às 
nossas conversações naturais. Por outro lado, alguns contextos de língua falada como conferências e algumas 
entrevistas profissionais estariam mais próximas à escrita formal. 
 
Como surgiu a escrita? 
Já vimos que a comunicação é indispensável para a vida em sociedade, mas como o homem interagia com os 
outros membros do seu grupo? 
Ao longo da história, vimos que o homem, inicialmente, fazia uso de imagens para expressar suas ideias. 
Depois, vieram as palavras orais e, só mais tarde, a escrita. 
 
Segundo Sautchuk (2011:2), “o fato de a escrita ocupar uma posição segunda dentre as possibilidades de 
comunicação verbal não significa que ocupe uma posição secundária. Pelo contrário: saber escrever é e sempre 
será requisito essencial para promover a ascensão social, cultural, profissional e econômica de qualquer 
indivíduo”. 
 
Por que escrevemos? 
Ao longo da vida, escrevemos diferentes textos para diferentes destinatários e com diversos objetivos. 
Notamos que escrever é um ato individual, pois é o produtor do texto o responsável por algumas decisões: a 
quem escrever, o que escrever, como escrever. 
 
a) FUNÇÃO DE TRANFERÊNCIA: a partir da escrita, é possível transferir o ato de comunicação para um 
outro momento ou um outro local. No entanto, isso não seria suficiente para explicar a necessidade 
de continuarmos escrevendo. Como salienta o autor, temos, hoje, uma série de recursos tecnológicos 
capazes de exercer a mesma função que a escrita como as gravações em DVD. 
b) FUNÇÃO DE PRESERVAÇÃO: segundo essa função, escrevemos para armazenar informações o que 
atualmente pode ser informações, o que, atualmente, pode ser feito também por meio de outros 
recursos. 
c) FUNÇÃO DE MEMORIZAÇÃO: escrevemos para registrar dados que serão utilizados ainda no presente. 
Como exemplo, podemos destacar o uso de agendas. 
 
O papel da escola na aquisição da escrita 
Já vimos que a fala é desenvolvida a partir do convívio com os nossos familiares, mas como podemos adquirir a 
escrita? 
A primeira observação a ser feita refere-se aos verbos utilizados na pergunta apresentada: a fala é 
“desenvolvida”; a escrita é “adquirida”. Desde modo, para que um indivíduo adquira um sistema de escrita, é 
2 
 
necessário que ele passe por um processo de educação formal. Por outro lado, para falar, basta que esse 
indivíduo esteja exposto a uma língua. 
É importante refletir que o fato de um indivíduo não dominar o sistema de escrita não compromete seu 
desempenho ao utilizar a língua falada. 
 
 
AULA 2 – ESCREVER – MISSÃO POSSÍVEL 
 
Escrever missão impossível 
É comum ouvir enunciados como os apresentados aqui. Quem nunca vivenciou uma crise em frente a 
uma folha de papel em branco? 
Por que colocar as nossas ideias no papel, em alguns momentos, é tão difícil? Será mesmo? 
Nesta aula, vamos entender que escrever pode sim ser uma “missão possível”! Não vamos pensar que, 
para escrever, é preciso ter inspiração. Na verdade, para escrever bem, é preciso, como dizem, transpiração. A 
tarefa pode não ser fácil no início, mas é, sem dúvida, muito prazerosa. Afinal, o que é “escrever bem”? Como 
conseguir isso? 
 
Planejar é importante 
Em algumas situações da vida, falamos sem pensar e acabamos em arrependimento. Nos contextos da 
língua falada, não podemos voltar atrás. No entanto, isso não acontece na língua escrita. Nela, podemos refletir 
sobre o que vamos abordar em nosso texto. O planejamento serve exatamente para isso. 
Planejar faz parte da execução de uma atividade. Um arquiteto, antes de construir a casa, faz uma 
planta. O empresário planeja a sua indústria antes de começar as suas atividades. O Estado programa a 
aplicação dos recursos. Imagine o caos de oferecer uma festa de aniversário, convidar seus amigos e não 
planejar nada! Você acha que a festa seria um sucesso? Será que você e seus convidados ficariam satisfeitos? 
Percebemos que “planejar” é o primeiro passo para o sucesso da festa. Pode até ser alguma coisa dê 
errado, mas, com um planejamento bem feito, as chances de isso acontecer são minimizadas. Bem, como 
acontece em quase todas as situações da vida (sabemos que algumas fogem ao nosso controle...), precisamos 
de planejamento. Nas conversações naturais, planejamos a nossa fala no momento da interação, mas, quando 
produzimos um texto escrito, temos a possibilidade de fazer isso com mais tranquilidade. 
 
Abordamos um determinado tema, ou seja, já sabemos sobre o que vamos escrever. As ideias surgem. 
Temos, portanto, uma (ou mais) ideia, e agora? Precisamos planejar o que vamos escrever! Se você planejar o 
seu texto, você conseguirá expor suas ideias com mais clareza. Sem isso, você estará mais suscetível a ter 
dificuldades, pode se perder e acabar tendo como resultado um texto superficial. 
Por isso, ter um plano é fundamental para tornar o seu texto mais claro. Assim, organizamos o nosso 
pensamento e não caímos no erro de repetir as ideias. O plano representa a estrutura do que vamos abordar. 
O segundo passo é preencher essa estrutura. Ao construir o plano, trabalhamos a organização do 
nosso texto: o que vem primeiro, o que virá em seguida, etc. Desse modo, organizamos o conjunto. 
Observe os desfiles das escolas de samba. A ideia é contar uma história acerca de um determinado 
tema. Cada ala representa uma ideia, uma parte de um todo maior que se relaciona ao tema, é claro. A partir 
disso, vamos preencher o “recheio” dessa estrutura. Para isso, os carnavalescos usam os carros alegóricos, os 
componentes das alas com suas coreografias e fantasias, etc. Qual é o papel dos jurados ao avaliar o desfile de 
uma escola de samba? Eles estão analisando o conjunto da obra, se a história foi bem contada, se as partes 
(alas) estão conectadas e fazem sentido. Por isso, o planejamento é tão importante. 
O resultado é, de fato, muito bonito. Notamos que, mal acaba o carnaval, os carnavalescos já 
começam a preparação do próximo desfile. Por isso, quando alguns autores dizem que para escrever é preciso 
inspiração, dizemosque, para executar tal tarefa com propriedade, é necessário, antes de tudo, planejamento. 
É importante salientar que, ao longo da nossa produção, trabalhamos com um plano provisório, 
responsável por nos ajudar a delimitar o assunto abordado, a estabelecer as partes do texto a ser construído. 
Uma versão mais definitiva do plano vai surgindo à medida que desenvolvemos o texto. 
É importante salientar que, ao longo da nossa produção, trabalhamos com um plano provisório, 
responsável por nos ajudar a delimitar o assunto abordado, a estabelecer as partes do texto a ser construído. 
Uma versão mais definitiva do plano vai surgindo à medida que desenvolvemos o texto. 
 
Como se planeja um texto? 
A tarefa é árdua: riscamos, anotamos, rasgamos a folha, recomeçamos e assim por diante. Propomos 
uma sugestão de direcionamento. Primeiramente, vamos pensar sobre o próprio ato de escrever: por que 
escrever? Para quem escrever? Qual é o meu objetivo ao escrever? Com isso em mente, é hora de apresentar 
3 
 
ao seu leitor o assunto que será abordado. Em seguida, vamos desenvolver as ideias, formando assim o corpo 
do texto. Por fim, vamos finalizá-lo, apresentar ao leitor um fechamento sobre o que escrevemos. 
 
Pensando no meu leitor... 
A regra básica da comunicação é “Alguém diz alguma coisa a uma outra pessoa”. Por essa razão, 
quando produzimos um texto escrito, sempre escrevemos a alguém. Esse “alguém” pode ser um leitor 
identificado, conhecido ou não. Assim, os colunistas escrevem aos leitores de um determinado jornal. Não 
sabemos dizer se é o fulano ou beltrano, mas sabemos que o leitor daquele jornal apresenta um determinado 
perfil. 
Você pode estar pensando no que acontece quando escrevemos um diário. Quem será o nosso leitor? 
Nós mesmos (por que não?) ou até nossas próximas gerações. A ideia é registrar um fato para sua lembrança 
em um momento futuro. 
Pensamos no nosso leitor, mas também não podemos nos esquecer da nossa intenção ao produzir o 
texto, assim como das ideias que vão compor esse material e do modo como vamos organizá-lo para o nosso 
destinatário, não é mesmo? 
 
E as ideias? Como surgem? 
Partimos sempre do conhecido, daquilo que já temos armazenado, não é mesmo? Sendo assim, 
escrevemos com mais facilidade sobre um assunto do nosso interesse, cujos conteúdos sejam dominados por 
nós. Se você é um especialista em restauração de objetos de arte conseguirá escrever mais facilmente, por 
exemplo, sobre o papel dos restauradores na preservação da nossa cultura do que alguém que nem conheça 
essa atividade. Então, só podemos escrever sobre assuntos que façam parte da nossa vida cotidiana? Será que 
precisamos ser especialistas em um determinado assunto para conseguir escrever sobre ele? 
 
Abaixo, há uma lista com informações distintas. Você deve reconhecer qual é o tema e o que poderia 
fazer parte do conjunto de ideias a serem desenvolvidas. 
 
• O papel da mídia na divulgação e na difusão do bullying. 
• A família e a escola nas situações de bullying. 
• Bullying, ato de violência e preconceito. 
• Os traumas de quem sofre bullying e as causas de quem o pratica. 
• O bullying na sociedade moderna. 
 
GABARITO: 
 
TEMA: O bullying na sociedade moderna. 
 
IDEIAS: 
Bullying, ato de violência e preconceito. 
Os traumas de quem sofre bullying e as causas de quem o pratica. 
A família e a escola nas situações de bullying. 
O papel da mídia na divulgação e na difusão do bullying. 
 
Como começar um texto? 
O que faz você se interessar por um filme? O que o leva a passar dos seus primeiros minutos e assistir 
à película até o final? Certamente, você respondeu que o início do filme é fundamental para que você se 
interesse pelo desenrolar da história, não é mesmo? Pois é, assim como, em um primeiro encontro, queremos 
chamar a atenção do nosso pretendente, em um texto, isso também acontece. 
 
Uma apresentação bem feita atrai o olhar do leitor ao nosso texto e o leva a percorrê-lo até o final. 
Por isso, podemos dizer que “ganhamos” o nosso leitor na introdução, o ponto de partida de tudo. Isso vale 
para a produção de qualquer texto. A introdução dever ser “atraente” até mesmo em uma tese de doutorado, 
por exemplo, ainda que seja um texto que circule no meio acadêmico. 
 
Segundo Boaventura (2007, p. 16), definição e indicação são requisitos imprescindíveis a qualquer 
introdução. O escritor deve, primeiramente, definir a questão a ser apresentada, de modo a despertar o 
interesse do leitor. Em seguida, ele deve indicar o caminho a ser seguido pelo leitor na construção do sentido 
do texto. Afinal de contas, todo leitor que se propõe a ler um determinado texto quer saber o que será tratado 
naquele material. 
4 
 
 
Para que a ideia seja apresentada adequadamente ao leitor, antes de tudo é preciso que o próprio 
produtor do texto tenha em mente exatamente o que deseja abordar em seu texto. Por isso, delimitar o 
assunto a ser tratado é também um grande desafio para um escritor competente. 
 
Veja a seguir um exemplo de plano de introdução. 
O papel do setor público no desenvolvimento do Nordeste (cf. Boaventura, 2007:22) 
 
Introdução. 
• A região e o setor público (ideia geral do tema). 
• A situação geográfica (situação do assunto). 
• As disparidades de renda entre as regiões (motivação, ideias diretrizes). 
• A ação do Estado na coordenação de seus recursos e na incitação ao setor privado (anúncio do plano). 
 
Qual é o objetivo do “desenvolvimento” e da “conclusão” do texto? 
Portanto, devemos agir como pescadores: usar a introdução como uma isca apetitosa aos leitores à 
leitura de todo o texto. 
Depois da introdução, precisamos desenvolver o nosso texto em partes e finalizá-lo com uma 
conclusão. 
Desenvolver o assunto do texto em partes é uma maneira interessante de facilitar a vida do nosso 
leitor. Ao planejar a divisão do texto, temos em mente tornar a interação produtor-leitor mais dinâmica, pois 
cada ideia será desenvolvida separadamente sem, entretanto, esquecermos o todo do texto. 
 
1) Introdução – anúncio do tema. 
 
• Fornecer a ideia geral do tema, 
• Situar na história, na teoria, no espaço e no tempo. 
• Motivar para prender a atenção. 
• Fornecer as ideias diretrizes. 
• Anunciar o plano. 
 
2) Corpo da exposição – o desenvolvimento por partes. 
 
3) Conclusão – o resumo marcante. 
 
Escrevendo com qualidade 
Ao escrever um texto, devemos pensar em alguns fatores, que serão responsáveis pela qualidade daquilo que 
produzimos. Sautchuk (2011, p. 5) destaca alguns fatores de decisão e de escolha envolvidos nesse ato: 
1. para quem estou escrevendo – é o destinatário, o leitor. 
 
2. por que estou escrevendo – é o seu objetivo, a sua intenção. 
 
3. o que vou escrever – é o conteúdo do texto. 
 
4. como vou escrever – é o formato, o molde do texto e também a maneira como você via expressar as ideias 
no papel, a “aparência” escrita do seu texto, construída por meio das palavras, das frases. 
 
 
AULA 3 – O CONCEITO DE TEXTO – TECENDO IDEIAS 
 
Ao produzirmos um texto, tecemos ideias, entrelaçamos partes para que tenhamos um todo inter-relacionado. 
Então, vamos entender essa “textura”, ou seja, essa rede de relações de um texto ao longo da nossa aula. 
Para se compreender melhor o fenômeno da produção de textos escritos, importa entender previamente o que 
caracteriza o texto, escrito ou oral, unidade linguística comunicativa básica, já que o que as pessoas têm para 
dizer umas às outras não são palavras nem frases isoladas, são textos. 
 
De acordo com a citação apresentada, palavras ou frases isoladas não são textos. Tomamos, como exemplo, a 
palavra “socorro”, que, isoladamente, não constitui um texto, mas vamos analisar as situações A e B abaixo: 
A) SOCORRO! Pode pular! 
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B) SOCORRO? Olá, João! Como vai? 
Nas situações apresentadas, percebemosque a palavra “socorro”, inserida nesses contextos comunicativos, 
traz uma significação. Entendemos que, na situação A, ela é utilizada para um pedido de ajuda; na situação B, 
trata-se do nome de uma das participantes do ato de comunicação. Portanto, podemos concluir que um texto é 
uma unidade de significação que pressupõe, necessariamente, um contexto, um evento comunicativo para se 
realizar. 
 
Retomando a ideia de “textura”, apresentada no início da aula, temos que ter em mente que o significado de 
uma parte do texto não é autônomo. Quando produzimos um texto, devemos pensar como suas partes se 
relacionam. Isso vale para a atividade de leitura também. Afinal, não basta entender as partes do texto 
isoladamente. É preciso, de fato, relacioná-las de modo a construir um sentido para aquele todo. 
 
Texto verbal e não verbal 
Como afirma Sautchuk (2011), “há duas maneiras básicas de comunicação: ou você a faz por meio de palavras 
faladas (comunicação verbal oral) ou palavras escritas (comunicação verbal escrita) ou por meio de imagens ou 
gestos (comunicação não verbal)” (p.1). 
A escolha pelo texto verbal ou pelo não verbal depende muito da intenção daquele que quer comunicar e 
aquilo que se quer comunicar. Em alguns casos, uma imagem, uma música (sem a letra, só a melodia), um 
gesto podem valer muito mais do que algumas palavras. Por exemplo, ao nos depararmos com a imagem ao 
lado, em um hospital, logo saberemos que devemos fazer silêncio: 
 
Texto literário e não literário não literário 
Como estamos falando sobre texto, deve ter vindo à sua mente os conceitos de texto literário e texto não 
literário. Como distingui-los? 
Apesar de ainda haver muita discussão a esse respeito, vamos partir dos critérios utilizados por Platão e Fiorin 
(1999:358). Segundo os autores, não é o tema abordado pelo texto que fará com que ele seja um texto literário 
ou não. Afinal, podemos pensar que não há conteúdos específicos da literatura. É bem verdade que, ao longo 
das nossas aulas de literatura, sabemos que alguns temas foram tratados em determinadas épocas (os autores 
da época barroca, por exemplo, contemplaram muito a ideia de que a vida é transitória e a morte, inevitável). 
 
Texto literário - Tem função estética, apresentando, portanto, os seguintes traços: relevância do plano da 
expressão, intangibilidade da organização linguística (se, por exemplo, resumíssemos uma poesia; ela não teria 
mais “graça”), criação de conotações (o autor cria novos significados), plurissignificação (apresenta mais de um 
sentido). 
 
Texto não literário - Tem função utilitária (informar, convencer, explicar, responder, ordenar etc.), há uma 
busca por um único significado, uso denotativo das palavras (significado real). 
 
Os contextos sociais, históricos e ideológicos presentes nos textos 
Um texto, querendo ou não, apresenta suas marcas sócio-históricas e ideológicas. Como leitores, podemos ou 
não ter consciência disso. Entretanto, é importante enfatizar que, para ser um bom leitor e produtor de texto, 
temos de entender como as vozes estão relacionadas no texto. Para exemplificar este conceito, analisemos a 
música “Meu caro amigo”, do compositor e cantor Chico Buarque de Holanda. 
 
Nela, ele e Francis Hime produzem uma carta musicada ao amigo Augusto Boal que estava exilado na época da 
ditadura militar brasileira. 
 
O que faz, então, um texto ser um texto? 
Para que um texto seja um texto e não uma sequência de frases, devemos pensar na noção de textualidade. 
Beaugrande e Dressler (1983), citados em Val (1999), apresentam sete fatores responsáveis pela textualidade: 
*os elementos da língua precisam estar ordenados e relacionados de forma a haver textualidade. 
a) Coerência: refere-se ao sentido do texto. Em um enunciado como “O chão está molhado. Choveu 
muito hoje.” Percebemos, com base no nosso conhecimento de mundo, que o que está expresso faz 
sentido, é um todo coerente. 
 
b) Coesão: diz respeito a unidade formal do texto, constrói-se a partir de mecanismos gramaticais e 
lexicais. Em “O chão está molhado porque choveu muito hoje.” É possível notar a presença de um 
elemento linguístico responsável pela conexão causal (porque). 
 
6 
 
c) Intencionalidade: refere-se à intenção do produtor ao produzir seu texto. 
 
d) Aceitabilidade: diz respeito à cooperação do receptor do texto, pois ele precisa cooperar e usar o 
conhecimento de que dispõe a serviço da compreensão do que foi produzido. 
 
e) Situcionalidade: refere-se à adequação do texto à situação sociocomunicativa. 
f) Informatividade: diz respeito à quantidade de informações presentes em texto. O ideal é o que o texto 
contenha informações novas e informações já conhecidas, equilibrando, assim, o que é mais fácil de 
ser processado e o que vai exigir mais trabalho para ser entendido pelo outro. 
g) Intertextualidade: refere-se à relação que um texto estabelece com outros. 
 
Platão e Fiorin (1999) apresentam algumas propriedades de um texto. Para os autores, um texto tem que: 
I - ter coerência de sentido – em um texto, “um sentido de uma frase depende do sentido das demais com que 
se relaciona; (...) o sentido de qualquer passagem de um texto é dado pelo todo” (p.14). 
II - ser delimitado – um texto é “delimitado por dois brancos. Se o texto é um todo organizado de sentido, ele 
pode ser verbal (um conto, por exemplo), visual (um quadro), verbal e visual (um filme) etc. Mas, em todos 
esses casos, será delimitado por dois espaços de não sentido, dois brancos, um antes de começar o texto e 
outro depois” (p.17). 
III - estar inserido em um contexto histórico-social – um texto é “produzido por um sujeito num dado tempo e 
num determinado espaço. Esse sujeito, por pertencer a um grupo social num tempo e num espaço, expõe em 
seus textos as ideias, os anseios, os temores, as expectativas de seu tempo e de seu grupo social. Todo texto 
tem um caráter histórico, não no sentido de que narra fatos históricos, mas no de que revela os ideais e as 
concepções de um grupo social numa determinada época”(p.17). 
 
Com base no que vimos sobre o conceito de texto, podemos refletir sobre os conhecimentos utilizados quando 
produzimos um texto escrito (cf. KOCH e ELIAS, 2009): 
a) Conhecimento linguístico: precisamos conhecer a ortografia, a gramática e o léxico da nossa língua; 
b) Conhecimento enciclopédico: recorremos aos conhecimentos que temos, em nossa memória, sobre as 
coisas do mundo. Temos, portanto, segundo as autoras, uma “enciclopédia” mental; 
c) Conhecimento de textos: ativamos nossos conhecimentos sobre “modelos” de práticas comunicativas 
configuradas em texto. Assim, pensamos do modo de organização textual, estilo, função etc. Quando 
produzimos, por exemplo, um currículo, sabemos quais informações devem ser apresentadas, sua estrutura 
etc.; 
d) Conhecimentos interacionais: devemos apresentar, no texto, nossa intenção ao produzi-lo. Além disso, 
precisamos refletir sobre a quantidade de informações que vamos apresentar ao nosso leitor, sobre o grau de 
formalidade do texto que estamos produzindo, sobre recursos linguísticos que ajudarão o leitor etc.. 
 
 
AULA 4 – O PARÁGRAFO COMO UNIDADE DO TEXTO 
 
Você sabia? 
O símbolo § é utilizado para representar o parágrafo naqueles textos em que não há o recuo à esquerda. Sua 
utilização é comum em códigos e leis. Ele representa dois “SS”, abreviatura de signum sectionis, que significa 
“sinal de separação ou de seção”. (GARCIA, 2006). 
 
Definições de parágrafo 
“É a unidade de composição do texto que apresenta uma ideia básica à qual se agregam ideias secundárias 
relacionada pelo sentido.” (ANDRADE, M. M.; HENRIQUES, A. Língua Portuguesa: noções básicas para cursos 
superiores. Rio de Janeiro: Atlas, 2007.) 
 
“É uma estrutura superior à frase, que desenvolve, eficazmente, uma única ideia-núcleo.” (ABREU, Antonio 
Suarez. Curso de redação. São Paulo: Ática,2001.) 
 
“É uma unidade de composição constituída por um ou mais de um período, em que se desenvolve determinada 
ideia central ou nuclear, a que se agregam outras, secundárias, intimamente relacionadas pelo sentido e 
logicamente decorrentes dela.” (GARCIA, Othon M. Comunicação em prosa moderna. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 
2006.) 
 
7 
 
Observamos, nas definições, o fato de que, a cada parágrafo, o produtor do texto desenvolve um ideia. Há, 
assim, uma ideia central e outras ideias secundárias, responsáveis pelo desenvolvimento dessa ideia central. 
Desse modo, percebemos que o parágrafo é um importante elemento de organização textual, um recurso 
utilizado pelo produtor do texto escrito para facilitar a compreensão de suas ideias pelo leitor. 
 
Por isso, devemos pensar que “a noção de parágrafo depende, de certo modo, da percepção mais ou menos 
intuitiva que nós temos de uma hierarquia de ideias e de fatos, de uma organização do mundo que não se 
reduz a um macete ou a uma regra fixa.” 
 
Cabe destacar que esse conceito de parágrafo pode ser atribuído a um tipo de parágrafo considerado padrão, 
que, segundo Garcia (2006), é composto: 
a) Introdução ou tópico frasal. Um ou dois períodos curtos iniciais, em que se expressa de maneira 
sucinta a ideia-núcleo. 
b) Desenvolvimento. Explanação da ideia-núcleo. 
c) Conclusão. Mas rara, principalmente em parágrafos curtos. 
 
Assunto – mais amplo e genérico. 
Tema – direcionado, especifico. 
Título – elemento importante para atrair a atenção do leitor ao nosso texto. 
 
O primeiro parágrafo de um texto é o nosso abre alas. Boaventura (2007) ilustra a importância da introdução 
com a seguinte metáfora: “Ao se receber uma vista, a primeira coisa é abrir-lhe a porta. Da mesma forma, na 
exposição é preciso abrir assunto (...). não se começa viagem sem se saber o destino; fazem-se provisões e 
previsões; avisam-se os amigos e hotéis” (p.11). 
Como salienta o autor, devemos “caprichar” na introdução de modo a convidar o leitor a participar da 
construção do sentido de um texto. Por isso, todos os parágrafos (especialmente, o primeiro) devem ser bem 
construídos. Uma possibilidade é iniciar o parágrafo é iniciar o parágrafo com um tópico frasal, “que 
literalmente significa ‘a frase do topo’ ou ‘a frase que contém a ideia principal’. É esse frase ou período que 
orienta ou governa as informações restantes do parágrafo.” (SAUTCHUK, 2011, p.187). 
 
Ao usar um tópico frasal para construir um parágrafo, estamos chamando a atenção do nosso leitor para a 
ideia que será desenvolvida mais adiante naquele bloco. Por essa razão, o tópico frasal marca uma organização 
do assunto. Esse procedimento pode ser feito em todos os parágrafos de seu texto. 
No entanto, vale destacar que nem sempre é obrigatório que o produtor do texto o apresente logo no início de 
seu parágrafo. Há casos em que ele pode ser apresentado apenas do final, como estratégia para atrair o leitor. 
 
 
AULA 5 – O DESENVOLVIMENTO DE PARÁGRAFOS NARRATIVOS, DESCRITIVOS, DISSERTATIVOS (EXPOSITIVOS 
E ARGUMENTATIVOS) E INJUTIVOS 
 
Topologia textual e Gênero textual 
Podemos classificar um texto em relação à tipologia e ao gênero. Primeiramente, vamos rever o conceito de 
tipologia textual. 
Quando pensamos na tipologia de um texto, devemos refletir as sequências presentes no texto, ao modo como 
o texto foi estruturado, e as suas características internas. 
Assim, podemos ter sequências em que descrevemos alguém ou um fato, em que contamos uma história, em 
que ensinamos alguém a fazer algo ou em que apresentamos uma ideia. 
Os tipos textuais “designam uma espécie de sequência teoricamente definida pela natureza linguística de sua 
composição (aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas)”. 
Os tipos textuais são limitados a algumas categorias fundamentais: NARAÇÃ, DESCRIÇÃO, DISSERTAÇÃO E 
INJUÇÃO. 
 
NARRAÇÃO: o autor conta uma história que pode ser real ou imaginária. 
DESCRIÇÃO: o autor apresenta as características, qualidades ou especificações dos objetos, seres ou processos. 
DISSERTAÇÃO: o autor expõe ideias, expressa o que sabe ou acredita saber a respeito de determinado assunto, 
podendo ou não ter como objetivo convencer o leitor. Por isso, temos a distinção entre um texto expositivo 
(cujo objetivo é informar) e um texto argumentativo (cujo objetivo, além de informar, é convencer o leitor 
sobre um determinado pronto de vista). 
INJUNÇÃO: o autor pede, recomenda ou ordena algo ao leitor. Têm como objetivo instruir ou prescrever. 
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É importante destacar que “um texto, porém, só raramente apresenta-se em estado puro, ou seja, totalmente 
pertencente a um só modo de organização discursiva. Na maioria das vezes, sua classificação se faz pela 
predominância de sequência de um tipo sobre os demais”. 
 
É comum, portanto, temos, em um texto narrativo, algum trecho descritivo. 
 
E os gêneros textuais? 
Os gêneros textuais são os textos que encontramos em nossa vida diária e que apresentam características 
sociocomunicativas definidas pelos conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição características. 
Para entendermos melhor o cito de gênero textual, vamos pensar em uma receita culinária. 
Em geral, os falantes, leitores da língua, reconhecem uma receita em uma revista, em um livro de culinária ou 
em um programa de televisão. 
Que características esse texto apresenta? 
Em que contexto esse texto pode ser utilizado? 
Qual é a intenção de quem apresenta, escreve ou lê uma receita? 
 
Os gêneros textuais existem em grande quantidade na nossa sociedade. Por isso, o domínio de diferentes 
gêneros textuais, ao longo da vida, o entendimento de sua estrutura, suas marcas peculiares, objetivos e 
propósitos comunicativos e seu uso nas diferentes situações de comunicação é fundamental na formação do 
escritor/leitor competente. 
Vale lembrar que um tipo textual pode aparecer em qualquer gênero textual, da mesma forma que um único 
gênero pode conter mais de um tipo textual. Uma carta, por exemplo, pode ter passagens narrativas, 
descritivas, injuntivas e assim por diante. 
 
Como desenvolver os parágrafos? – Reconhecendo as características estruturais dos tipos de parágrafos. 
 
Para produzirmos um parágrafo, partimos da explanação da ideia-núcleo. No entanto, também precisamos 
entender que cada tipo de parágrafo apresentará características estruturais especificas. 
Em parágrafos descritivos e narrativos, temos uma referência ao mundo natural. Por isso, usamos elementos 
concretos (substantivos concretos, complementados por adjetivos e verbos), em nosso texto, para mostrar ao 
leitor uma representação de uma forma real ou imaginária. 
 
Para distinguir um trecho narrativo de um descritivo, devemos refletir a questão do tempo. Em uma descrição, 
temos a apresentação dos elementos como se estivessem estáticos no tempo. 
Por outro lado, em uma narração, o tempo regride ou progride. Desde modo, a mudança de tempos verbais e o 
uso de advérbios ou expressões utilizados como marcadores de tempo são fundamentais para estabelecer essa 
distinção. 
 
“Nos trechos narrativos, o centro de referência ao tempo é representado por verbos no pretérito perfeito do 
indicativo; tudo o que acontecer para trás desse tempo – portanto, voltando mais ainda ao passado – será 
assinalado por verbos no pretérito mais-que-perfeito e o que ocorrer para adiante será assinalado por verbos 
no futuro do pretérito”. 
 
Como ficam os parágrafos dissertativos – expositivos e argumentativos? 
Quando produzimos um parágrafo expositivo, temos como objetivo informar o leitor: definir, enumerar, 
comparar dados, comunicar algo. Nele, predominam os seguintes tempos verbais: o presente do indicativo, o 
pretérito perfeito (indicando retrospectiva) e o futuro do presente. 
 
Exemplo 
Vamos a um exemplo com verbos no presente do indicativo: 
Markentig é uma orientaçãoda administração que visa proporcionar a satisfação do cliente e o bem-estar do 
consumidor a longo prazo, como forma de satisfazer os objetivos e as responsabilidades da organização. 
 
Nos textos argumentativos, além de informar, o autor, a partir de seu posicionamento critico, busca convencer 
o leitor. Em sua estrutura, percebemos o desenvolvimento de uma raciocínio lógico a fim de que não haja 
contradição. Observamos marcas e avaliação pessoal do autor apresentadas de modo atemporal. 
 
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E um trecho injuntivo? Produzimos parágrafos injuntivos quando queremos pedir, recomendar ou ordenar. 
Vamos observar três exemplos que ilustram o caráter mais convidativo: 
Exemplo A – convidativo – “Invista em imóveis comerciais. Você não irá se arrepender!” 
Exemplo B – instrucional – “Bata no liquidificador o leite condensado, a lata de leite in natura e 4 gemas e leve 
ao fogo brando até engrossar” 
Exemplo C – impositivo – “art. 6º Ninguém poderá pleitear, em nome próprio, direito alheio, salvo quando 
autorizado por lei. 
 
Como reconhecer a necessidade de mudarmos de parágrafo? 
Em um trecho predominantemente narrativo, a mudança de parágrafo acontecerá em função de mudanças de 
tempo e lugar, de personagem e de ação, como se tivéssemos uma sequência de cenas. Em um texto 
descritivo, tomamos como base para a paragrafação a ordem de focalização do que está sendo descrito ou a 
intenção do autor. Em textos dissertativos (expositivos e argumentativos), levamos em consideração a lógica e 
a clareza de exposição das ideias. 
 
 
AULA 6 – COMO PRODUZIR UM TEXTO? A QUESTÃO DA COERÊNCIA 
 
Coesão e coerência: elementos importantes da textualidade. 
Já vimos que, para que um texto seja, de fato, um texto, precisamos da textualidade. Duas qualidades são 
essenciais para que um texto tenha essa textualidade: a coesão e coerência. 
 
“Escrever um bom texto exige de nós a capacidade de estabelecer relações claras entre as várias ideias a serem 
apresentadas. O desafio a ser enfrentando é descobrir a melhor maneira de construir essas relações com os 
recursos que a língua nos oferece. 
Pense, por exemplo, na construção de uma casa. As paredes são essenciais para a sua sustentação. No texto, as 
ideias, as informações e argumentos equivalem aos tijolos que, dispostos lado a lado, permitem que as paredes 
de uma casa sejam erguidas. 
Mas, assim como os tijolos precisam de argamassa para mantê-los unidos, o texto precisa de elementos que 
estabeleçam uma ligação entre ideias, informações e argumentos. 
A “argamassa” textual se define em dois níveis diferentes. O primeiro deles é o aspecto formal, linguístico, 
alcançado pela escolha de palavras (elementos linguísticos específicos) cuja função é justamente a de 
estabelecer referências e relações, articulando entre si as várias partes do texto. A isso chamamos de coesão 
textual. 
O segundo nível da “argamassa” textual é o da significação. Somente a seleção e a articulação de ideias, 
informações, argumentos e conceitos compatíveis entre si produzirão como resultado um texto claro. Nesse 
caso, como a articulação textual promove a construção do sentido, ela é chamada de coerência textual.” 
 
Comparar a coesão e a coerência a uma “argamassa” textual foi uma ótima estratégia das autoras para mostrar 
como esses dois elementos são fundamentais à articulação do texto. 
 
Coerência: o sentido do texto. 
Vamos conhecer a análise etimológica da palavra “coerência”, apresentada por Savioli e Fiorin (1999): 
“A palavra coerência, da mesma família de aderência e aderente, provém do latim cohaerentia (formada pelo 
prefixo co+ junto com + o verbo haerere + estar preso). Significa, conexão, união estreita entre várias partes, 
relação entre ideias que se harmonizam, ausência de contradição. É a coerência que distingue um texto de um 
aglomerado de frases.” (p.393) 
 
Ao observamos a origem da palavra “coerência”, notamos a referência à união e à harmonia das partes do 
texto. Entendemos, assim, que um texto é coerente a partir do momento que o leitor consegue perceber como 
as ideias que compõem o texto se articulam. 
 
O que fazemos quando lemos ou construímos um texto coerente? Segundo Abaurre e Abaurre (2007), “quando 
avaliamos a coerência de um texto, o que fazemos é investigar se os nexos de sentido estabelecidos entre as 
informações, dados, argumentos correspondem, de fato, a relações possíveis entre as ideias apresentadas. 
Para construir um texto coerente, portanto, precisamos garantir que a articulação entre as ideias seja 
estabelecida de modo adequado”. 
 
10 
 
É importante destacar que a coerência não está no texto, mas é construída a partir dele. Como diz Marcuschi 
(2008:121), “a coerência é em boa parte de um texto que atua sobre a proposta do autor. E, nesse afã, o 
receptor segue as pistas (deixadas pelo autor nas operações de coesão textual) como primeiros indicadores 
interpretativos. De todo modo, a coerência é uma atividade interpretativa e não uma propriedade imanente ao 
texto. Liga-se, pois, a atividades cognitivas e não ao código apenas”. 
 
Ao lermos um texto, estamos construindo o seu sentido a partir da interação entre o texto, o escritor e o leitor. 
Como exemplifica Sautchuk (2001:204), “é por isso que um mesmo texto – um artigo cientifico, por exemplo – 
pode não ter sentido algum para um determinado leitor, ter poucas informações novas para outro e ser 
altamente informativo para outro. A coerência não existe antes do texto, mas vai se construindo 
simultaneamente à construção/recepção do próprio texto”. 
 
O que fazer para que seu texto tenha coerência? 
“Primeiramente, cuide para que seu texto não apresente incoerências locais, aquelas que se originam de 
qualquer defeito que afete a clareza ou a exatidão. Depois confira, principalmente em texto mais extenso, se 
ele forma um todo organizado, se não há contradição entre os diversos segmentos textuais. E, finalmente, 
avalie muito bem para que tipo de leitor você está escrevendo e quais são os objetivos reais que você quer 
atingir.” 
 
Desde modo, podemos dizer que a coerência: 
- relaciona-se à possibilidade de se construir um sentido para o que lemos ou ouvimos; 
- é uma atividade interpretativa, construída a partir do texto. 
 
A importância do conhecimento de mundo no estabelecimento da coerência textual 
As relações de sentido de um texto são estabelecidas de várias maneiras. No entanto, é fundamental que 
tenhamos em mente a importância do conhecimento de mundo. 
 
Na prática, quando escrevemos um texto, devemos ter muita atenção ao modo como vamos desenvolver o 
tema, pois, dependendo do nosso público-alvo, precisaremos ter cuidado com a seleção a apresentação das 
nossas ideias. Sem isso, corremos o risco de nosso leitor achar o texto incoerente, independentemente do fato 
de que ele tenha sido produzido com clareza, objetividade, precisão e correção. Assim, mesmo que o texto 
esteja bem escrito, devemos pensar no conhecimento prévio que o nosso leitor tem sobre o que será 
abordado. 
 
Coerência textual: conhecimento compartilhado e focalização. 
A coerência de um texto depende de uma série de fatores. Com base em Sautchuk (2011:206), vamos destacar 
dois desses fatores: o conhecimento partilhado e a focalização. Entenderemos como eles podem ser úteis na 
construção de um texto coerente. 
 
Fatores de coerência 
Carneiro (2001) apresenta, além de conhecimento de mundo, focalização e conhecimento partilhado, outros 
fatores de coerência, tais como: o conhecimento linguístico, interferências, fatores de contextualização, 
situacionalidade, informatividade, interxtualidade, intencionalidade e aceitabilidade, consistência e relevância. 
 
Diferentemente do conhecimento de mundo, o conhecimento partilhado envolve apenas determinado escritor 
e determinado leitor (ou grupo de leitores). É necessário que um texto, para ser coerente, apresente umasérie 
de conhecimentos comuns entre escritor e leitor. Quanto menos conhecimento for compartilhado, mais será 
preciso explicar as informações. Por outro lado, quando escritor e leitor compartilham conhecimentos, essa 
explicitação será desnecessária, ou então seremos redundantes. 
 
Outro fator de coerência, que merece a nossa atenção quando produzimos um texto, é a focalização. Esse fator 
de coerência refere-se ao modo de ver especifico de determinado conhecimento. Há casos em que nos 
deparamos com uma informação que nos fornece uma pista de como devemos estabelecer o sentido do texto. 
Há outros em que buscamos em nossa mente ao ler um texto. 
 
A exploração da incoerência de um texto pode ser intencional? 
Há casos em que a incoerência de um texto pode ser proposital, cumprindo, de algum modo, as intenções do 
seu produtor. Isso é muito comum em textos publicitários, humorísticos e, até mesmo, jornalísticos. 
 
11 
 
A incoerência pode ser percebida na parte final do texto. Como temos um texto publicitário, o objetivo do 
produtor foi, de um modo bem criativo, reforçar a ideia de que Aruba, destino sugerido na propaganda, é um 
local maravilhoso, capaz de fazer com que seus visitantes voltem a ser crianças. 
 
 
AULA 7 – COMO PRODUZIR UM TEXTO? A QUESTÃO DA COESÃO (PARTE I) 
 
A coesão textual 
Na aula 3, ao definirmos “texto”, recorremos à sua etimologia, que se relaciona à palavra “tecido”. Podemos 
pensar nos fios que se unem para compor, preferencialmente, um tecido. Da mesma forma, ao construirmos 
um texto, devemos refletir sobre elementos/recursos linguísticos que podem ser usados para garantir o 
entrelaçamento do que se quer dizer. Como queremos que o nosso leitor entenda o que escrevemos, 
precisamos facilitar essa tarefa com uma boa utilização dos recursos coesivos. 
Saber usar os elementos que promovem a ligação das ideias no texto é um importante passo para um texto 
bem escrito e um sinal de maturidade do escritor. As crianças, por exemplo, quando começam a produzir seus 
textos, geralmente produzem algo como: “Minha mãe é bonita. Minha mãe é legal. Minha mãe me dá 
presentes.”, ou: “Ai, o menino chegou. Ai, a mãe brigou com o menino.” Percebemos, assim, estruturadas 
sintáticas bem simples. 
 
Ao produzirmos um texto, podemos usar os recursos coesivos para estabelecer funções diferentes. Segundo 
Koch (1989), apud Marcuschi (2008), há dois tipos de coesão: a referencial e a sequencial. 
 
A) Coesão referencial: são usados diferentes recursos para retomar um exemplo já mencionado no texto, 
substituindo-o ou reiterando-o. 
 
Exemplo 1: Minha mãe é bonita. Ela é legal. No exemplo (1), percebemos que o pronome “ela” substitui o 
referente “minha mãe” mencionado na primeira oração. 
Exemplo 2: Um leão foi encontrado abandonado em uma praça no subúrbio. O animal estava muito ferido. 
No exemplo (2), “um animal” foi a forma encontrada para fazer menção ao referente “um leão”, apresentado 
inicialmente. O uso de um termo com um significado mais genérico foi o recurso para reiterá-lo. 
 
B) Coesão sequencial: é a utilização de diferentes recursos para estabelecer uma relação lógica ou 
significativa entre diferentes segmentos do texto, fazendo com que ele apresente uma progressão. 
Exemplo 1 – A noiva foi pontual, pois o transito estava bom. 
No exemplo (1), percebemos a articulação das duas orações. O “pois” introduz uma explicação ou justificativa 
para o fato apresentado na primeira oração. 
 
Os mecanismos de coesão referencial. 
A coesão referencial refere-se ao modo de retomada de referentes que já foram introduzidos no texto. 
Vejamos a definição de Kch (1989 apud MARCUSCHI, 2008, p.108): 
“Chamo, pois, de coesão referencial aquela em que um componente da superfície do texto faz remissão a 
outro(s) elemento(s) do universo textual.” 
 
Devemos estar atentos ao que afirma Abreu (2001). Segundo o autor, a coesão referencial pode representar 
uma marca da enunciação. Vamos aos exemplos citados pelo autor e retomados abaixo: 
Exemplo 1: João Paulo II esteve, ontem, em Varsóvia. Lá, sua santidade disse que a Igreja continua a favor do 
celibato. 
Exemplo 2: João Paulo II esteve, ontem, em Varsóvia. Lá, o mais recente aliado do capitalismo ocidental, disse 
que a Igreja continua a favor do celibato. 
 
É possível perceber duas formas de coesão referencial. Uma relacionada à utilização de itens lexicais plenos 
(repetições, sinônimos, hiperônimos, hipônimos, nomes genéricos, expressões nominais definidas, 
nominalizações); outra, à utilização de itens gramaticais, tais como: pronomes, artigos, numerais, formas 
verbais e advérbios. 
 
Exemplos: 
a) Repetições: comprou o livro, mas o livro estava rasgado; 
b) Sinônimos: o menino estava com fome. O moleque devorou o sanduiche num minuto; 
c) Hiperônimos: comprei um novo automóvel. O veículo estava com um ótimo preço; 
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d) Hipônimos: João comprou flores e deu as violetas para a sua amada; 
e) nomes genéricos: comprei cadernos, livros e canetas. Essas coisas são importantes; 
f) expressões nominais definidas: Ronaldo foi à Espanha, onde o Fenômeno foi premiado; e 
g) nominalizações: estudar é bom e o estudo amplia os conhecimentos. 
 
Exemplificamos, a seguir, o segundo grupo: 
a) pronomes: Maria e Paula foram à festa, mas elas não comeram nada. Paulo e Pedro são irmãos. Este 
é calmo. Aquele é agitado. Adorei o novo carro. Vou pagá-lo com o dinheiro da minha herança. 
b) Artigos: pedi um sanduiche. O sanduiche, entretanto, estava estragado. 
c) Numerais: comprei o livro de matemática e o de português. Os dois custaram caro. 
d) Formas verbais: o diretor pediu demissão, mas o gerente não fez o mesmo. 
e) Advérbios: pronominais. A casa da minha avó é legal. Lá posso brincar na rua. 
 
 
AULA 8 – COMO PRODUZIR UM TEXTO? A QUESTÃO DA COESÃO (PARTE II) 
 
Os mecanismos de coesão sequencial. 
Vimos que a coesão refere-se à ligação significativa entre as partes do texto. Além dos mecanismos de coesão 
referencial, temos também outros recursos responsáveis por essa ligação. Ao escrever, é preciso estar atento à 
utilização de alguns elementos que têm como tarefa promover ligações semânticas e sintáticas entre as partes 
que compõem um texto. 
Por que ligações semânticas e sintáticas? 
Exemplo: 
A política conseguiu prender os ladrões. 
O dinheiro roubado ainda não foi recuperado. 
 
a) A política conseguiu prender os ladrões, mas o dinheiro roubado ainda não foi recuperado. 
b) A política conseguiu prender os ladrões, entretanto, o dinheiro roubado ainda não foi recuperado. 
c) A política conseguiu prender os ladrões, no entanto, o dinheiro roubado ainda não foi recuperado. 
 
Podemos pensar em outras formas de articular as duas sentenças: 
d) Embora a polícia tenha conseguido prender os ladrões, o dinheiro roubado ainda não foi recuperado. 
e) Apesar de a polícia ter conseguido prender os ladrões, o dinheiro roubado ainda não foi recuperado. 
 
Após analisarmos a articulação dessas sentenças, a que conclusões podemos chegar? 
 
1- Tendo em mente a classificação tradicional, fazem parte do grupo dos articuladores sintáticos as conjunções 
(mas, porém, entretanto...), as locuções conjuntivas (muito embora, ainda que, posto que...) e as locuções 
prepositivas (apesar de, a despeito de...). 
 
2- Devemos estar atentos à posição (fixa ou móvel) ocupada pelos articuladores ao utilizarmos alguns 
articuladores para relacionar sentenças. 
 
3-Devemos ajustar o verbo utilizado (“conseguiu”, “tenha conseguido” e “ter conseguido”). 
 
Para responder a essa pergunta, precisamos mais uma vez pensar na nossa intenção ao produzirmos um texto. 
Abreu (2001) destaca que, quando articulamos sentenças como, por exemplo, temos um efeito de 
modalização, ou seja, procuramos mostrar um determinado posicionamento em relação ao que foi dito. A 
modalização, portanto, pode servir para confirmar,atenuar ou impor uma determinada ideia. 
 
Outras ideias, além da de oposição, podem ser veiculadas por outros articuladores. Listamos, a seguir, com 
base em Abreu (2001), outras funções semânticas de principais articuladores: 
Causa: porque, pois, como, por isso que, já que, visto que, uma vez que, por, por causa de, em vista de, em 
virtude de, devido a, em consequência de, por motivo de, por razões de. 
 
Condição: se, caso, contanto que, desde que, a menos que, a não ser que. 
 
Fim: para, a fim de, com o propósito de, com a intenção de, com o fito de, com o intuito de, com o objetivo de. 
 
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Conclusão: logo, portanto, então, assim, por isso, por conseguinte, pois (posposto ao verbo), de modo que, em 
vista disso. 
 
Há casos em que a articulação sintática pode ser estabelecida por meio da utilização do gerúndio. Vamos aos 
exemplos: 
Fim: Havendo uma recuperação do paciente, ele poderá ter alta. 
Condição: Prestando atenção à explicação do professor, você não vai errar. 
Causa: Estando casando, parei de correr. 
 
O papel dos conectivos no texto 
Ao produzirmos um texto, sempre temos em mente o nosso leitor. Por isso, nosso objetivo é facilitar seu 
processo de construção do sentido para aquilo que ele lê. Se fizermos conexões malfeitas em nosso texto, 
certamente dificultaremos sua tarefa, pois estaremos comprometendo também a articulação das ideias 
apresentadas. 
 
Sautchuk (2011:181) apresenta os textos a seguir que se destacam pela conexão malfeita, com relações 
ilógicas: 
Exemplo (1) 
 
É mais fácil mostrar o Brasil como um país modernizado, sendo que grande parte da população vive em estado 
de miséria. 
 
Vejamos a proposta de correção da autora: 
É mais fácil mostrar o Brasil como um país modernizado, ainda que grande parte da população vive em estado 
de miséria. 
 
Vamos ao exemplo (2) também de Satuchuk (2011, p.181): 
A Internet é uma tecnologia desgastante, pois, além de oferecer aos jovens momentos de distração, reduz o 
tempo que poderiam dedicar ao cinema ou ao esporte. 
 
Com a correção sugerida pela autora, percebemos que “apesar de” estabelece, devidamente, a relação de 
oposição: 
 
A Internet é uma tecnologia desgastante, pois, apesar de oferecer aos jovens momentos de distração, reduz o 
tempo que poderiam dedicar ao cinema ou ao esporte. 
 
Como nos mostra Abreu (2001), dependendo do modo como articularmos as ideias em um texto, podemos 
estabelecer qual dessas ideias terá destaque no parágrafo. Vejamos um exemplo de articulação citado pelo 
autor: 
1) Muitas empresas multinacionais estão decepcionadas com alguns aspectos da nova Constituição. 
2) Muitas empresas multinacionais continuarão a investir no Brasil. 
3)Muitas empresas multinacionais acreditam no futuro do Brasil. 
 
Vamos às articulações com foco especial em cada sentença. 
- Articulação com relevância à primeira sentença: 
 
Muitas empresas multinacionais estão decepcionadas com alguns aspectos da nova Constituição, mas 
continuarão a investir no Brasil, uma vez que acreditam no futuro do país. 
- Articulação com relevância à segunda sentença: 
 
Muitas empresas multinacionais continuarão a investir no Brasil, já que acreditam no futuro do país, embora 
estejam decepcionadas com alguns aspectos da nova Constituição. 
 
- Articulação com relevância à terceira sentença: 
Muitas empresas multinacionais acreditam no futuro do país, uma vez que continuarão a investir aqui, apesar 
de estarem decepcionadas com alguns aspectos da nova Constituição. 
 
 
AULA 9 – ASPECTOS NORMATIVOS EM UM TEXTO – PARTE I 
14 
 
 
Como queremos facilitar a vida do nosso leitor, é preciso selecionar adequadamente as palavras, sempre 
objetivando a construção de um texto claro, breve e objetivo. Afinal, não queremos ser *prolixos, *repetitivos 
e *imprecisos. Além disso, devemos estar atentos aos erros ortográficos, pois, em um texto escrito, ficamos 
mais expostos em relação ao uso que fazemos da língua. 
 
Texto (1) 
“De acordo com o que foi decidido na última reunião da diretoria, a entrada e a permanência em qualquer 
setor desta empresa de pessoas estranhas a todo tipo de atividade administrativa ou técnica são 
terminantemente proibidas. No caso de necessidade extrema, deverão ser previamente autorizadas pelo chefe 
da segurança, permanecendo no local o tempo mínimo necessário.” (p. 81) 
 
Texto (2) 
“É proibida a entrada de pessoas não autorizadas.” (p. 82) 
 
Todos nós vamos concordar que o texto (2), por ser mais objetivo, exige menos esforço para compreensão. 
Percebemos que todas as informações desnecessárias, apresentadas no texto (1), foram eliminadas de modo a 
favorecer a clareza e a objetividade da mensagem. Por isso, economizamos tempo e esforço no momento da 
leitura. 
 
Podemos concluir que “escrever bem” é escrever de modo claro e objetivo, evitando informações 
desnecessárias e facilitando o trabalho do nosso leitor. 
 
Algumas pessoas têm o hábito de dizer que “as palavras têm poder”. Podemos perceber “esse poder” quando 
produzimos um texto. Dependendo da nossa seleção, podemos: 
a) tornar a nossa mensagem mais clara ou mais obscura; 
b) “brincar” com os diferentes significados de uma palavra; 
c) ser julgados sobre o uso que fazemos da língua; 
d) mostrar desconhecimento ou confusão em relação ao significado de uma palavra. 
 
Assim, quanto mais dominarmos o vocabulário da nossa língua, melhor conseguiremos selecionar 
adequadamente as palavras para elaboração de um texto. 
Devemos lembrar que uma mesma palavra pode apresentar vários sentidos. Por isso, devemos estar atentos a 
essa variedade de significados quando construímos o nosso texto. Perceberemos que determinados gêneros 
textuais, como as propagandas, por exemplo, exploram o caráter polissêmico das palavras. 
 
Vamos apresentar os problemas mais comuns no que se refere à seleção e à adequação do vocabulário: 
PROPRIEDADE VOCABULAR 
Veja o exemplo abaixo: 
 
“No momento da transmissão dos desfiles das escolas de samba, foi possível perceber que o câmera estava, a 
todo o momento, fiscalizando aquela linda modelo.” 
Será que o indivíduo que produziu o texto realmente queria dizer “fiscalizando”? Ou será que sua intenção (o 
que seria, de fato, mais adequado ao contexto) era dizer “focalizando”? 
 
Segundo Sautchuk (2011), “o uso de palavras inadequadas decorre de dois fatores: ou a pessoa não sabe o que 
significa exatamente a palavra ou pensa que sabe. E em ambos os casos não se dá ao trabalho – ou ao bom 
senso – de confirmar o significado em um dicionário.” (p. 86) 
 
Vimos que é comum a comum a confusão em relação ao uso de palavras com sons muito parecidos. Há 
também aqueles casos em que o indivíduo quer usar um vocabulário mais rebuscado, mas sem conhecer o 
significado das palavras. Nessas duas situações, vale a pena sempre consultar um dicionário. Caso isso não seja 
possível de ser feito no momento da produção do texto, uma solução mais apropriada é não usar determinada 
palavra. 
 
Uso do dicionário 
É comum a ideia, totalmente equivocada, de que o dicionário é o “pai dos burros”. Ao produzirmos um texto 
escrito, como buscamos a exatidão de sentido, precisamos estar atentos à nossa seleção de palavras. Desse 
modo, nossa mensagem terá algumas qualidades importantes como concisão e clareza. 
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Veja a dica de Sautchuk (2011): 
“Quem escreve bem recorre ao dicionário inúmeras vezes, perseguindo a palavra perfeita para o sentido 
preciso, pois sabe a diferença entre exato e o aproximado.” (SAUTCHUK, I. Perca o medo de escrever – da frase 
ao texto. São Paulo: Saraiva, 2011.) 
 
ESTRANGERISMOS 
 
É preciso ter muito cuidado com o uso de palavras estrangeiras quando construímos um texto. A preocupação, 
no entanto, não deve acontecer com formas que já foram aportuguesadas, pois essas já fazem parte da nossa 
língua. Nossa atenção deve ser redobradacom aquelas palavras que são usadas em sua forma original de 
grafia. Nesse caso, bom senso é sempre a melhor saída. 
Existem situações em que não temos um termo equivalente em português. Por isso, o estrangeirismo acaba 
sendo necessário. No entanto, há pessoas que usam a palavra estrangeira para mostrar modernidade e, 
geralmente, acabam, dificultando a vida do leitor, que ou não conseguirá entendê-la ou terá que dispor de 
mais tempo e atenção para compreender seu significado no texto. 
Vale, então, a preferência na utilização de uma palavra equivalente na nossa língua portuguesa. Por que dizer 
“Comprei este vestido numa sale da loja XXX.” se podemos, sem problemas, usar a palavra “liquidação”, 
equivalente na nossa língua portuguesa? 
 
NEOLOGISMOS 
 
O mesmo bom senso em relação aos estrangeirismos deve ser utilizado em relação aos neologismos, aquelas 
palavras criadas a partir de outras. Novas palavras surgem a todo o momento. Umas cumprem uma 
determinada função comunicativa em um determinado tempo e desaparecem (são as gírias); outras 
permanecem e, assim, começam a fazer parte do nosso acervo. 
 
Tudo é uma questão de adequação ao contexto comunicativo. Já que estamos buscando sempre a clareza e a 
exatidão de sentido, o uso de um neologismo, em alguns textos, pode não ser adequado. 
 
GÍRIA: vocabulário que caracteriza um determinado grupo social. 
JARGÃO: vocabulário utilizado por indivíduos que compartilham a 
mesma profissão. 
ARCAÍSMOS: formas que já saíram do uso da língua corrente. 
 
ECO e CACOFONIA 
Nas seleções das palavras que compõem o texto, devemos ter cuidado com a combinação de palavras para que 
elas não rimem entre si (eco) ou não provoquem um efeito indesejado (cacofonia). 
Eco: “É constrangedor que o pintor tenha feito aquele horror com o ator famoso.” 
Cacofonia: “Ela não pode escrever. Tem uma mão ruim.” (uma mão x um mamão). 
 
REPETIÇÃO e REDUDÂNCIA 
É preciso estar atento à repetição de palavras no texto. Há casos em que a repetição pode cumprir um 
determinado efeito expressivo. 
Exemplo: 
a) Maria pediu ajuda ao prefeito e ajudou a fazer melhorias para o bairro.” 
b) Levei um menino de rua a um restaurante, e ele comeu, comeu, comeu... 
 
GARFIA 
O que você pensaria se lesse um bilhete com o seguinte texto: 
“A coiza mais importante é conceguir o suceço, mais, para isso, é precizo trabalhar muito.” 
 
 
AULA 10 – ASPECTOS NORMATIVOS EM UM TEXTO – PARTE II 
 
Chegamos à nossa última aula! Depois de abordarmos a importância da seleção e da adequação do 
vocabulário, vamos refletir alguns aspectos relacionados à estrutura do texto, ao modo como as ideias são 
organizadas e apresentadas ao leitor. 
 
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Sendo assim, veremos o quanto a organização do conteúdo respeitando a ordem S-V-C (sujeito-verbo-
complemento) contribui para que o texto seja claro. Também vamos rever alguns aspectos normativos, 
relacionados direta ou indiretamente à ordem, tais como pontuação, concordância e regência. 
 
Como combinar os elementos na frase com exatidão? 
Além da boa escolha das palavras, saber como combiná-las é um desafio para quem escreve um texto. 
Há, na língua portuguesa, padrões de combinação dos termos na frase. No entanto, não podemos negar que há 
também algumas possibilidades de inversões, o que pode ser interessante em alguns gêneros textuais, mas não 
em outros. 
Por isso, devemos estar atentos para que qualquer alteração no modo de combinar as palavras na frase não 
comprometa a exatidão e a clareza da sua mensagem. 
 
Como afirma a professora Inez Sautchuk, “escrever é falar de maneira clara”. Vamos refletir o que diz a autora 
a seguir: 
“Antes de verificar os ‘erros de português’ no seu texto, observe se suas frases estão bem construídas. Como 
você vai fazer isso? Por incrível que pareça, é usando basicamente conhecimento sintático. Para aprender a 
construir boas frases, basta deixar de fazer análise sintática de uma maneira mecânica, apenas dando nome a 
um termo grifado, mas utilizá-la para conferir se estamos realmente sendo claros ao escrever” (2011, p. 19). 
 
Vamos começar a usar o nosso conhecimento sintático? Para isso, faça uma revisão sobre os conceitos de 
frase, oração e período. 
 
O PADRÃO SVC (SUJEITO-VERBO-COMPLEMENTO) 
Há um modo comum de construirmos frases na nossa língua. A chamada ordem direta é aquela em que temos 
um sujeito, um verbo, seguido ou não de seu complemento. Como esse complemento é o “objeto” direto ou 
indireto do verbo, também podemos nos referir a essa ordem como SVO, ou seja, sujeito- verbo-objeto. Vale 
lembrar que nem todos os verbos irão necessitar de um complemento. São os verbos intransitivos. Para esses 
casos, teremos apenas uma estrutura SV (sujeito-verbo). 
 
Vejamos o padrão de construção de frases em português: 
S + V + C 
 
Perceberemos que a parte principal da frase aparece nesse padrão. Embora possam ser apresentadas algumas 
informações acessórias, a ideia central aparecerá nessa estrutura SVC. Vamos ao exemplo apresentado em 
Sautchuk (2011): 
 
 
“Tendo sido expulso pelo partido, [o vereador] [guardou] durante um bom tempo [mágoa de seus ex-
companheiros], antigos colegas de campanhas.” 
 
S = o vereador 
V = guardou 
C = mágoa de seus ex-companheiros 
 
(SAUTCHUK, Inez. Perca o medo de escrever – da frase ao texto. São Paulo: Saraiva, 2011.) 
 
Apesar da existência de ideias acessórias, reconhecemos que a ideia principal foi apresentada na ordem direta 
SVC o que é, sem dúvida, um facilitador para o leitor. 
 
“No começo da noite, com as janelas fechadas, sem um único som na sala, entre móveis cobertos de pó...” 
 
“No começo da noite, com as janelas fechadas, sem um único som na sala, entre móveis cobertos de pó, um 
estranho vulto aparece.” 
 
EXPANDINDO O PERÍODO – O USO DE IDEIAS ACESSÓRIAS 
 
Sabemos que, ao produzirmos nossos textos, não usamos apenas estruturas SVC, pois precisamos de ideias 
acessórias que contribuem para a compreensão do leitor. Ao analisarmos os exemplos (1) e (2) a seguir, 
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reconhecemos a necessidade de situarmos o nosso leitor em relação a algum aspecto (tempo, causa, modo 
etc.); 
 
(1) Um grande número de pessoas precisará de ajuda emocional. 
(2) Em algum momento de sua vida, um grande número de pessoas precisará de ajuda emocional. 
Podemos pensar, então, na posição mais adequada para a inserirmos essas informações. Sautchuk (2011) 
comenta a inserção de ideias acessórias em quatro posições diferentes. 
POSIÇÕES PARA A INSERÇÃO DE IDEIAS ACESSÓRIAS: S V C 
 
São elas: 
Posição à esquerda da ideia principal: 
em algum momento de sua vida, um grande número de pessoas precisará de ajuda emocional (posição 1). 
 
Posição interna à ideia principal: 
um grande número de pessoas, em algum momento de sua vida, precisará de ajuda. emocional. (posição 2) 
 
São elas: 
Um grande número de pessoas precisará, em algum momento de sua vida, de ajuda emocional (posição 3). 
 
Posição no final da ideia principal: 
um grande número de pessoas precisará de ajuda emocional em algum momento de sua vida (posição 4). 
 
QUAL É A MELHOR POSIÇÃO PARA A INSERÇÃO DE IDEIAS ACESSÓRIAS? 
 
Diante dessas quatro possibilidades, precisamos analisar a melhor forma de inserirmos as ideias acessórias na 
estrutura SVC sem deixar de lado a clareza do nosso texto. Vejamos algumas observações importantes: 
I- As extremidades são as melhores posições para as ideias acessórias. 
II- Como clareza é fundamental, devemos evitar a posição 3. 
III- A seleção à esquerda ou à direita da frase dependerá da sua intenção ao produzir o texto, da necessidade 
em destacar ou não a ideia acessória. 
IV- Uma ideia acessória na posição 2, se for muito longa, também pode dificultar a leitura do texto. 
 
PROBLEMAS NA CONSTRUÇÃO DO PERÍODO 
 
É preciso ter bom senso na inserção das ideias acessórias ao produzirmos um período.Se a falta de 
informações pode dificultar a compreensão do texto, o excesso também pode prejudicar sua clareza. 
Vamos a um exemplo de um período com problemas em sua construção (SAUTCHUK, 2011): 
“Na última semana, uma de nossas colegas de trabalho, a do setor de planejamento financeiro, sofreu, na 
parte da manhã, em virtude da imprudência de alguns colegas que insistem em jogar cascas de frutas no chão, 
um grave acidente.” 
(SAUTCHUK, I. Perca o medo de escrever – da frase ao texto. São Paulo: Saraiva, 2011.) 
 
Analisemos os comentários da autora: 
É difícil para o leitor perceber um SVC em que esteja a ideia central: Uma de nossas colegas de trabalho sofreu 
um grave acidente. 
Há muitas informações secundárias: na última semana; a do setor de planejamento financeiro; na parte da 
manhã; em virtude da imprudência de alguns colegas que insistem em jogar cascas de frutas no chão. 
Vale refletir sobre o equilíbrio entre as ideias acessórias úteis e as dispensáveis em um único período. 
 
O PADRÃO SVC E A PONTUAÇÃO 
Como as placas de trânsito orientam os motoristas, os sinais de pontuação orientam seu leitor a percorrer os 
caminhos do texto. 
Vamos voltar a nossa atenção a um sinal muito importante na organização das ideias no texto: a vírgula. 
 
O PADRÃO SVC E A CONCORDÂNCIA 
Vamos rever a regra básica de concordância verbal: 
O verbo deve concordar com o em número e em pessoa. 
O menino assistiu ao novo filme do Homem-Aranha. 
Os meninos assistiram ao novo filme do Homem-Aranha. 
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O PADRÃO SVC E A REGÊNCIA 
 
É importante estar atento à necessidade de preposição introduzindo ou 
não os complementos verbais, o que pode levar até a mudança em 
relação ao significado do verbo: 
Não conseguimos aspirar um ar puro em uma grande cidade 
(aspirar = respirar). 
 
O novato do setor já aspira a um cargo de chefia 
(aspirar = ter por objetivo). 
 
Quando pensamos em regência verbal, pensamos também no uso do acento grave para indicar a crase, fusão 
da preposição A com o artigo A.

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