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Curso livre de redação Uniasselvi 1-5

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REDAÇÃO 1
O TEXTO E SUAS 
ESPECIFICIDADES
O homem é um ser social. Ele não vive isoladamente no mundo, relaciona-
se com outros e interage com os ambientes em que se insere. Tais relações 
se efetivam por meio de textos, os quais se valem quer da linguagem verbal, 
quer da linguagem não verbal, ou seja, constantemente somos intimados a 
produzir, analisar e interpretar os mais variados gêneros de textos, com os 
quais efetivamos nossos discursos e nos inserimos nos contextos sociais e 
comunicativos de que fazemos parte.
Na sociedade em que vivemos estamos rodeados de textos na modalidade 
escrita. Esses textos vão desde os panfletos entregues no semáforo, passando 
pelos outdoors, rótulos de comidas, bulas de remédios, e-mails, WhatsApp, 
pichações nos muros até chegarmos aos textos profissionais e acadêmicos. 
Esses últimos sempre nos parecem mais “difíceis”, de elaboração e interpretação 
mais complexa, exigindo mais conhecimento.
Com o intui to de aprofundar os conhecimentos , habi l idades e 
competências que permitem a elaboração, a leitura e a interpretação de 
textos escritos, surge este Curso de Redação. Nele, apresentamos questões 
que facilitam a compreensão do que é esse objeto (o texto) com o qual 
lidamos diariamente, bem como elementos que nos possibilitam elaborá-los 
e interpretá-los de forma adequada.
Desse modo, este curso se divide em cinco unidades. A primeira dedica-
se ao estudo do objeto texto. São discutidas questões referentes ao conceito 
de texto, a diferença entre texto e discurso e as especificidades do texto 
escrito. Além das questões teóricas, há exemplos que ilustram os conceitos 
e exercícios que promovem uma fixação dos conhecimentos construídos.
A segunda unidade aborda a textualidade, elemento responsável por 
tornar um objeto escrito em texto. Nela, estudaremos os fatores de textualidade, 
tanto os que se relacionam diretamente com o texto como os que envolvem 
o seu contexto e o seu “recebedor”. Aqui, enfatizaremos a coesão e coerência, 
mas também veremos a intencionalidade, a aceitabilidade, a situacionalidade, 
a informatividade e a intertextualidade.
Já na Unidade 3, nos dedicaremos aos gêneros textuais e aos níveis de 
linguagem. No que se refere aos gêneros, procuraremos estabelecer a diferença 
entre tipo textual e gênero discursivo, enfatizando os gêneros notícia, artigo 
APRESENTAÇÃO
de opinião, crônica e editorial. Sobre os níveis de linguagem, destacaremos 
os níveis adequados para a produção de textos escritos, principalmente os 
profissionais e acadêmicos.
A Unidade 4, por sua vez, focaliza a leitura e a interpretação de textos, 
tanto verbais quanto não verbais. Além disso, apresentará as habilidades e 
competências necessárias para uma compreensão adequada dos textos que 
lemos, principalmente aqueles que dizem respeito ao nosso ambiente de 
estudo e ao nosso ambiente profissional. Assim, questões como a observação, 
análise, identificação, inferência, dedução, contextualização e interpretação 
serão trabalhadas, contribuindo para a construção de conhecimentos que 
aprimorem nosso ato de ler e interpretar.
A última unidade aborda as especificidades do texto acadêmico. Nela, 
veremos as características deste gênero do discurso, ou seja, quais são os 
elementos que o constituem como tal. Procuremos nos deter em alguns 
gêneros mais comuns em nossas disciplinas, como o fichamento, o resumo, a 
resenha e o paper. Igualmente, como nas demais unidades, haverá exemplos 
e atividades para facilitar o processo de assimilação.
Por fim, desejamos que este curso seja um instrumento valioso para sua 
produção textual, trazendo-lhe informações e conhecimentos necessários 
para auxiliá-lo nos atos de escrever, ler e interpretar, os quais são frequentes 
em nossas práticas sociais diárias. Bom trabalho e bom proveito!!
Organização
Elisabeth Penzlien 
Tafner
Reitor da 
UNIASSELVI
Prof. Hermínio Kloch
Pró-Reitora do EAD
Prof.ª Francieli Stano 
Torres
Edição Gráfica 
e Revisão
UNIASSELVI
Autora
Iara de Oliveira
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 1 - O TEXTO E SUAS ESPECIFICIDADES
O TEXTO E SUAS 
ESPECIFICIDADES
.01
1 INTRODUÇÃO
Para que possamos, acadêmico, atingir o objetivo de reconhecer as 
especificidades do texto para melhor analisá-lo e interpretá-lo, iniciaremos 
nossos estudos buscando entender o que é o texto. Por isso, deteremo-nos, 
neste primeiro capítulo, no conceito de texto, uma vez que o entendimento 
de suas dimensões é fundamental para uma prática textual adequada. Veremos 
também a diferença entre texto e discurso, bem como o que caracteriza um 
texto escrito. Vamos, lá?
1.1 O TEXTO
Imagine a seguinte situação:
Pedro e Paulo são amigos que acabaram de se encontrar. Estão colocando 
a conversa em dia, falando de amigos que não veem há bastante tempo e, 
em um determinado momento, Pedro diz:
- Nossa! Faz tempo que não vejo o Antônio. Tem o número dele? 
- Anota aí: 55328952
Na situação que acabamos de retratar, temos: Pedro, produtor da fala, 
por isso chamado de enunciador; Paulo, aquele que está ouvindo e, portanto, 
considerado o enunciatário; e o que foi dito, chamado de texto. Observe que 
a fala de Pedro está inserida em um contexto de comunicação: uma conversa 
entre amigos, a lembrança de um amigo que não é visto com frequência, a 
solicitação de um meio para reestabelecer o contato. No entanto, se lermos 
novamente o texto de Pedro com atenção, perceberemos que há algo além 
das palavras “ditas/escritas”, permitindo o entendimento de toda a situação 
comunicativa. Se nos fixarmos exclusivamente no que está “dito/escrito”, sem 
considerarmos o que está nas “entrelinhas”, Paulo poderia apenas dizer “Tenho” 
e não passar o número do telefone, afinal, a pergunta foi “Tem o número 
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 1 - O TEXTO E SUAS ESPECIFICIDADES
dele?”. No entanto, dentro deste contexto comunicacional, de acordo com 
os conhecimentos prévios que cada um dos participantes tem, percebe-se a 
intenção clara do enunciador: obter o número do amigo distante. 
A intenção com que o texto é produzido (solicitar, ordenar, afirmar, 
interrogar etc.), o contexto que envolve a produção e recepção desse texto 
é o que chamamos de enunciação. “A situação comunicativa como um todo, 
que envolve interlocutores, o assunto, o espaço e o tempo da comunicação, 
é chamada de enunciação e se relaciona com o discurso, que é a faceta 
dinâmica, viva do ato comunicativo” (SANTOS, 2010, p. 13).
No exemplo, a enunciação fica entendida na pergunta, mas ela poderia 
estar claramente expressa na fala se ele dissesse:
- Nossa! Faz tempo que não vejo o Antônio. Quero que, por favor, você 
me forneça o número de telefone dele. Quem sabe ligo ou mando uma 
mensagem para ele.
Todos nós, usuários da comunicação verbal, temos um conjunto de 
conhecimentos prévios, os quais são chamados por alguns autores de 
repertório, acumulados ao longo de nossa trajetória como falantes de uma 
língua, que nos permite compreender as intenções dos textos. Entendemos 
que, muitas vezes, uma pergunta significa indiretamente um pedido: “Você 
tem algum dinheiro?”, “Tem horas?”. Em outras, é de fato uma indagação: “Ela 
sabia?”, “A que horas ela chega?” Ou há casos em que a pergunta é um auxiliar 
na comunicação, uma forma de reforçar o que está sendo dito e permitir que 
se siga adiante: “Sério?”, “Não é?”.
Como fica evidente no que vimos anteriormente, de que um texto não 
pode ser entendido apenas como um conjunto de palavras, temos que o 
texto (escrito ou oral) se concretiza como parte de um processo maior que é 
a própria comunicação. Ele precisa de um enunciador, um enunciatário, uma 
intenção, um contexto (elemento primordial para sua significação) etc., para 
ganhar sentido, ter significação.
Vamos imaginar outra cena: 
Pedro está em um ônibus, não há nenhum conhecido, senta ao seu 
lado um senhor e se estabelece a seguinte conversação:
- Está quente hoje! – diz o senhor.
- Sim, está e faz tempo que não vejo o Antônio. Tem o número dele?
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO1 - O TEXTO E SUAS ESPECIFICIDADES
Parece conversa de malucos, não é? Então, vamos analisá-la mais 
detidamente. Há o enunciador, Pedro; há o enunciatário, senhor; mas qual 
é a intenção? Qual contexto gerou esta produção? Esses elementos não 
estão presentes, não existe um contexto enunciativo que possamos regatar, 
reconstruir. A que conclusão chegamos, considerando o que mencionamos 
no início deste tópico? Não temos um texto no que lemos acima.
É importante enfatizar que o texto se concretiza com base em um 
conjunto de fatores. Reunir palavras não é o suficiente. “A criação de um texto 
envolve uma intenção, e seu entendimento envolve não apenas o conteúdo 
semântico – aquilo que o texto diz – mas a interpretação da intenção de 
quem o produziu” (ABREU, 2008, p. 11).
Tudo o que vimos até agora deixa clara a perspectiva de que o texto é 
um ato comunicativo, não uma produção descontextualizada. Entendendo 
esta primeira dimensão, podemos aprofundar um pouquinho mais o seu 
conceito. Sigamos em frente!
1.1.1 O CONCEITO DE TEXTO E SUAS IMPLICAÇÕES
Os estudos sobre o texto avançaram significativamente nas últimas 
décadas. Com eles, o texto deixou de ser visto como um elemento escrito 
composto por palavras e frases inter-relacionadas e passou a ser compreendido 
como algo mais amplo, dinâmico e como parte integrante de nosso dia a dia, 
de nosso processo de comunicação, de nossa inserção na sociedade.
A palavra texto vem de textum (latim) e significa tecido. Como qualquer 
tecido no qual os fios são tramados para constituí-lo, também o texto é 
entrelaçamento de fios (palavras e orações) que formam o tecido (texto).
Para entender melhor a ideia de que os textos são parte integrante de 
nosso cotidiano, observe os elementos a seguir:
FONTE: Disponível em: <http://www.portugues.seed.pr.gov.
br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=719>. Acesso 
em: 29 mar. 2016.
FIGURA 1 – PROIBIDO FUMAR
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 1 - O TEXTO E SUAS ESPECIFICIDADES
FIGURA 2 – CARTAZ SOBRE DENGUE E CHIKUNGUNYA
FONTE: Disponível em: <http://www.todamateria.com.br/texto-de-campanha-
comunitaria/>. Acesso em: 29 mar. 2016.
FIGURA 3 – GRÁFICO SOBRE A PROFICIÊNCIA EM LÍNGUA PORTUGUESA DOS 
ALUNOS DO 3º ANO DO ENSINO MÉDIO, NA CIDADE DE SÃO PAULO
FONTE: Disponível em: <http://www.educacao.sp.gov.br/noticias/veja-os-graficos-
de-comparacao-da-distribuicao-dos-alunos-nos-niveis-de-proficiencia>. Acesso em: 
29 mar. 2016.
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 1 - O TEXTO E SUAS ESPECIFICIDADES
FIGURA 4 – CHARGE SOBRE A ESCRITA DA LÍNGUA PORTUGUESA
FONTE: Disponível em: <http://morfossintaxeaps.blogspot.com.
br/2012/11/sugestoes-de-textos-humoristicos.html>. Acesso em: 29 
mar. 2016.
FIGURA 5 – EMOTICON DE MEDO
Responda rapidamente: quais das figuras expostas anteriormente você 
classificaria como um texto? Acertou quem afirmou TODAS. Veja que na 
figura 1, mesmo não havendo “palavras” todos conseguimos perfeitamente 
interpretá-la: no ambiente em que esta imagem se localiza é expressamente 
proibido fumar. Ela foi colocada lá pelas pessoas que trabalham, que vivem 
naquele ambiente, portanto, os enunciadores do texto, sendo direcionada para 
todos os que circulam por aquele local, os enunciatários. O mesmo acontece 
com a figura 5, há uma carinha expressando medo, utilizada para representar 
este sentimento nas conversações pela internet. Quando a colocamos em 
algum lugar, estamos dizendo a alguém: “estou com medo”. Nos dois exemplos 
não foram utilizadas palavras, apenas imagens, temos, dessa forma, um texto 
não verbal.
FONTE: Disponível em: <http://br.depositphotos.com/63462997/stock-
illustration-scared-emoticon-smiley-cartoon.html>. Acesso em: 29 mar. 
2016.
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 1 - O TEXTO E SUAS ESPECIFICIDADES
As figuras 2, 3 e 4 misturam imagens e palavras que se associam para 
criar o sentido do texto. Na figura 2, temos as informações fornecidas pelas 
autoridades competentes de como evitar a proliferação dos mosquitos 
transmissores da Dengue da Chikungunya. Seu enunciatário é a população 
brasileira. Todos aqueles que se deparam com o cartaz e convivem com a 
questão entendem o que significa e qual sua intenção. Na figura 3, temos 
os dados de uma pesquisa e que são destinados a conhecer melhor um 
determinado objeto de estudo, neste caso, a proficiência em língua portuguesa 
dos alunos do final do ensino médio em São Paulo. Já a figura 4 ironiza 
o emprego de palavras escritas de forma inadequada nos textos em geral 
e que vêm levantando polêmicas e discussões principalmente nos meios 
acadêmicos. 
Note que, ao observamos qualquer uma das f iguras anter iores , 
conseguimos construir seu significado e nos apropriarmos das informações 
nelas contidas. Todas apontam para uma situação comunicativa, ou seja, 
fazem sentido e estabelecem comunicação dentro de um determinado 
contexto, recuperado facilmente pelo enunciatário. Por isso, esses objetos 
são claramente reconhecidos como textos.
Se ampliarmos essa dimensão, diremos que as interações humanas 
ocorrem por meio de textos dos mais variados gêneros. Como afirma Antunes 
(2010, p. 30, grifo do autor): “Por mais que esteja fora dos padrões considerados 
cultos, eruditos ou edificantes, o que falamos ou escrevemos, em situações 
de comunicação, são sempre textos”. Assim, podemos entender o texto como:
[...] uma unidade linguística concreta (perceptível pela visão ou audição), que 
é tomada pelos usuários da língua (falante, escritor/ouvinte, leitor), em uma 
situação de interação comunicativa específica, como uma unidade de sentido 
e como preenchendo uma função comunicativa reconhecível e reconhecida, 
independentemente de sua extensão (KOCH; TRAVAGLIA, 1992, p. 8-9).
Resumindo o que estudamos até o momento, o texto se define como 
qualquer produção (oral ou escrita) com uma finalidade, que estabeleça 
comunicação em um determinado contexto, envolvendo um enunciador e 
um enunciatário. Tratemos, agora, de estabelecer as diferenças entre texto e 
discurso.
Neste curso, por questões didáticas e em virtude de sua finalidade (auxiliar 
acadêmicos em suas produções textuais escritas), nos concentraremos 
nos textos escritos.
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 1 - O TEXTO E SUAS ESPECIFICIDADES
Para aprofundar seus conhecimentos sobre texto, recomendamos o livro:
ANTUNES, Irandé. Análise de textos: fundamentos e práticas. São Paulo: 
Parábola, 2010. (Série estratégias de ensino, 21).
Assista ao vídeo do professor: José Luiz Fiorin sobre a enunciação. 
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=RQzJaFYiqhc>. 
Acesso em: 29 mar. 2016.
1.2 O TEXTO E O DISCURSO
Uma questão de suma importância para entendermos melhor o texto 
e, desse modo, aprimorarmos nossa produção e interpretação de textos, é 
distinguir texto e discurso. Há autores que afirmam serem ambos iguais, têm 
o mesmo significado. No entanto, preferimos a linha de pensamento que vê 
o texto como a “materialidade” do discurso. Vejamos o que isto quer dizer.
Você certamente já ouviu ou leu a frase “O ser humano não é uma ilha”. 
Ela serve para mostrar que o sujeito não vive isolado, ele vive em sociedade 
e nas relações que estabelece com os demais sujeitos. Cada sociedade, por 
sua vez, apresenta ideais, ideologias, aspectos culturais, normas, princípios 
que são seus, que a marcam como tal. Assim, as sociedades são diferentes, 
mas inter-relacionam-se. Elas representam o contexto em que a comunicação 
se estabelece, afinal, como você já sabe, a comunicação é um ato social. 
Ninguém vive em sociedade sem estabelecer comunicação, por isso utilizamos 
os textos, como vimos no tópico anterior.
Toda vez que nos comunicamos, ou seja, que produzimos um texto, 
nele se inserem todos os elementos que marcam uma determinada sociedade 
(formas de pensar, aspectos culturais, ideologias, marcas etnográficas, 
históricas, espaciais etc.). Para que o enunciatário possa compreender o 
texto e concretizar a situação comunicativa, fará uso dos conhecimentos 
que construiu nessa sociedade em que se insere,conhecimentos prévios e 
de mundo.
Observemos o exemplo que segue:
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 1 - O TEXTO E SUAS ESPECIFICIDADES
FIGURA 6 – MAFALDA E MANOLITO
FONTE: Disponível em: <http://portugues.uol.com.br/redacao/texto-discurso.html>. Acesso 
em: 2 abr. 2016.
Os quadrinhos 1 e 2 da tirinha mostram o contexto: dois personagens, 
Mafalda e Manolito, encontram-se no bairro onde vivem e estudam, e começam 
uma conversação acerca do fragmento de jornal que Manolito tem nas mãos. 
Temos dois indivíduos que desempenham papéis sociais, inseridos em uma 
sociedade em um determinado tempo e espaço, procurando interagir. Ainda 
no quadrinho 2, aparece a informação sobre mercado de valores, o que gera as 
perguntas do quadrinho 3, demonstrando que Mafalda está preocupada com as 
questões éticas, morais, sociais, para as quais dá o devido valor. No entanto, o 
quadrinho 4, ao trazer a afirmação “dos que servem para alguma coisa”, revela 
a crítica de que em um mundo capitalista, voltado para o mercado e o lucro 
imediato, valores éticos, morais ou humanos não são apreciados e, portanto, 
são descartados. A tirinha é um texto que materializa, em palavras e imagens, 
o contexto sócio-cultural-ideológico (sociedade ocidental, capitalista, do 
século XX) em que foi produzido, ou seja, transforma em um objeto concreto 
o discurso que o gerou. Nessa concretude (texto) estão as marcas do que o 
locutor pensa sobre o mundo em que vive, as características da sociedade 
em que se insere e suas posições político-ideológicas sobre este seu “estar 
em sociedade”.
Vejamos um outro texto. Ele foi publicado na revista Housekeeping 
Monthly, em 1955. 
O guia da boa esposa
1. Tenha o jantar sempre pronto. Planeje com antecedência. Esta é uma 
maneira de deixá-lo saber que se importa com ele e com suas necessidades.
2. A maioria dos homens estão com fome quando chegam em casa, e esperam 
por uma boa refeição (especialmente se for seu prato favorito), faz parte 
da recepção calorosa.
3. Separe 15 minutos para descansar, assim você estará revigorada quando ele 
chegar. Retoque a maquiagem, ponha uma fita no cabelo e pareça animada.
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 1 - O TEXTO E SUAS ESPECIFICIDADES
4. Seja amável e interessante para ele. Seu dia foi chato e pode precisar que 
o anime e é uma das suas funções fazer isso.
5. Coloque tudo em ordem. Dê uma volta pela parte principal da casa antes 
do seu marido chegar. Junte os livros escolares, brinquedos, papel, e em 
seguida, passe um pano sobre as mesas.
6. Durante os meses mais frios você deve preparar e acender uma fogueira 
para ele relaxar. Seu marido vai sentir que chegou a um lugar de descanso 
e refúgio. Afinal, providenciando seu conforto, você terá satisfação pessoal.
7. Dedique alguns minutos para lavar as mãos e os rostos das crianças (se eles 
forem pequenos), pentear os cabelos e, se necessário, trocar de roupa. As 
crianças são pequenos tesouros e ele gostaria de vê-los assim.
8. Minimize os ruídos. Quando ele chegar desligue a máquina de lavar, 
secadora ou vácuo. Incentive as crianças a ficarem quietas.
9. Seja feliz em vê-lo. O receba com um sorriso caloroso, mostre sinceridade 
e desejo em agradá-lo. Ouça-o.
10. Você pode ter uma dúzia de coisas a dizer para ele, mas sua chegada não 
é o momento. Deixe-o falar primeiro, lembre-se, os temas de conversa dele 
são mais importantes que os seus.
11. Nunca reclame se ele chegar tarde, sair para jantar ou outros locais de 
entretenimento sem você. Em vez disso, tente compreender o seu mundo 
de tensão e pressão, e a necessidade de estar em casa e relaxar.
12. Seu objetivo: certificar-se de que sua casa é um lugar de paz, ordem e 
tranquilidade, onde seu marido pode se renovar em corpo e espírito.
13. Não o cumprimente com queixas e problemas.
15. Deixe-o confortável. Faça com que ele se incline para trás numa cadeira 
agradável ou deitar-se no quarto. Dê uma bebida fria ou quente pronta 
para ele.
16. Arrume o travesseiro e se ofereça para tirar os sapatos dele. Fale em voz 
baixa, suave e agradável.
17. Não faça-lhe perguntas sobre suas ações ou que questionem sua integridade. 
Lembre-se, ele é o dono da casa e, como tal, irá sempre exercer sua vontade 
com imparcialidade e veracidade. Você não tem o direito de questioná-lo.
18. Uma boa esposa sabe o seu lugar.
FONTE: GUIA da boa esposa. Housekeeping Monthly, 1955. Disponível em: <http://awebic.com/cultura/
guia-boa-esposa-1950/>. Acesso em: 2 abr. 2016
O texto, como você pode notar durante a leitura, reflete a forma de 
pensar de uma sociedade (Estados Unidos, década de 50, do século XX, mas 
aplicável às sociedades ocidentais da época) sobre a mulher. Fica evidente 
que a proposta deste escrito é mostrar às mulheres que elas devem ocupar-
se da casa, dos filhos e do marido, não se envolvendo com qualquer outra 
atividade ou pensamento que as afastem disso, ou seja, os redatores da 
revista defendem a visão de que o lugar da mulher é em casa, submissa ao 
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 1 - O TEXTO E SUAS ESPECIFICIDADES
marido e a transmitem em seu “guia”. Não se esqueça de que na década de 
50 do século XX, já havia movimentos buscando igualdade entre homens e 
mulheres, equidade de direitos e deveres, uma maior atuação da mulher nos 
postos de trabalho e nas questões sociais. O texto, então, traz o discurso de 
uma parcela da sociedade (ainda maioria naquele momento) que, contrária 
às mudanças, segue vendo a mulher como uma espécie de “organizadora” da 
casa, responsável pela harmonia doméstica e totalmente alheia ao que ocorre 
além dos portões de seu quintal. Uma verdadeira “Rainha do Lar” como foi 
“carinhosamente” denominada por tanto tempo.
Se fossemos adiante nesta ilustração, poderíamos verificar como essa 
visão foi se modificando nos textos das décadas seguintes, chegando às 
perspectivas que hoje circulam em nossas sociedades. No entanto, nosso 
foco aqui não é discutir a visão da mulher e sua emancipação (embora este 
seja um tema tão relevante quanto tantos outros em nossa esfera social), 
mas mostrar como os discursos se materializam nos textos que produzimos.
Desse modo, podemos conceber discurso como a produção e as trocas 
de efeitos de sentido, ocorridas em um dado contexto social, orientadas 
para uma determinada intenção comunicativa. Isso significa dizer que o 
discurso é dinâmico, pois é interativo e dialógico, estabelece vínculo com 
outros discursos; estabelece-se dentro de uma esfera social (familiar, de 
trabalho, jornalística, publicitária etc.); envolve sujeitos que desempenham 
papéis sociais; é constituído histórica e geograficamente, traz as marcas da 
época e do lugar em que é/foi produzido; é regulamentado pelas normas 
sociais de conduta; orienta-se para um determinado objetivo comunicacional. 
Questões que pudemos verificar na tirinha e no texto que trouxemos como 
exemplos.
Sendo o discurso o processo mencionado anteriormente: uma atividade 
social, histórica e geográfica de produção de enunciados; precisa materializar-
se em um instrumento que concebemos como texto. Por isso, a importância 
de estudarmos o texto e suas relações. 
Resumindo o que vimos neste item, trazemos as afirmações de Abreu 
(2008, p. 11): 
[...] podemos dizer que o texto é um produto de enunciação, estático, definido 
e, muitas vezes, com algumas marcas da enunciação que nos ajudarão na 
tarefa de decodificá-lo.
O discurso, entretanto, é dinâmico: principia quando o emissor realiza o 
processo de textualização e só termina quando o destinatário cumpre sua 
tarefa de interpretação. Nesse sentido, podemos dizer, também, que o discurso 
é histórico. Ele é feito, em princípio, para uma ocasião e público determinado.
Como neste curso nos preocupamos um pouco mais com a escrita, 
passaremos, a seguir, a estudar o texto escrito e seus componentes.
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 1 - O TEXTO E SUAS ESPECIFICIDADES
1.3 O TEXTO ESCRITO
Os textos podem ser produzidos tanto de forma oral quanto de forma 
escrita. No entanto, cada um deles possui dimensõesque lhes são próprias 
e as distinguem uns dos outros. Ao dizer isso, não estamos de modo algum 
afirmando que os textos escritos são melhores que os orais ou vice-versa, 
estamos única e exclusivamente expondo que são duas modalidades diferentes 
de produção textual. Em virtude dessa perspectiva, comecemos por estudar 
as diferenças entre eles.
1.3.1 O texto oral e o texto escrito
Já vimos que nos comunicamos por meio de textos. Esses textos 
podem ser falados ou escritos, dependendo das situações comunicativas 
das quais participamos. Se, por exemplo, estamos caminhando em um lugar 
desconhecido, estamos um pouco perdidos e precisamos chegar a um local 
específico, paramos alguém e lhe pedimos informação. Esse é um texto 
falado, pois no contexto exposto não vamos escrever e entregar o papel para 
a pessoa esperando que ela escreva a resposta, não é mesmo? Da mesma 
forma, quando em sala de aula o professor nos pede para que façamos uma 
redação, mesmo que depois a leiamos em voz alta, ela está na modalidade 
escrita.
É conveniente que saibamos as diferenças entre essas duas modalidades 
de produção textual, porque cada uma delas tem características que lhes são 
próprias e por mais que tentemos aproximar uma da outra, não podemos 
confundi-las ou misturá-las. Quando um de nossos professores nos pede 
algum tipo de produção escrita, ele não espera encontrar elementos como: 
“né?”, “tipo”, “então... , então... , então...”, “daí.. .” porque eles são típicos de 
produções orais. Nossos professores esperam um texto planejado, com um 
vocabulário adequado para o contexto acadêmico, com uma linguagem mais 
formal e uma correção textual.
Vale destacar que textos orais e textos escritos não são opostos, como 
já mencionamos anteriormente, não estão em polos diferentes. Lembre-
se de que existem níveis de linguagem e gêneros discursivos para cada 
situação comunicativa, questões que veremos mais adiante neste curso. Há 
os textos orais, produzidos “face a face”, que ocorrem em uma interação entre 
enunciador e enunciatário, os quais trazem repetições, fragmentações etc., 
mas há textos orais, como os que ocorrem em palestras, conferências, em 
que o texto oral se aproxima da escrita. Igualmente, há textos escritos que se 
aproximam da oralidade, como os que vemos em alguns blogs ou em seções 
específicas de jornais e revistas, ou seja, em conformidade com o contexto, 
os textos, quer orais, quer escritos, sofrem adequações.
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 1 - O TEXTO E SUAS ESPECIFICIDADES
Veja como Marcuschi aborda a questão dos textos orais e escritos na 
figura a seguir:
FIGURA 7 – REPRESENTAÇÃO DO CONTÍNUO DOS GÊNEROS TEXTUAIS NA FALA E NA ESCRITA
FONTE: Marcuschi (2003, p. 41).
1.3.1.1 O texto oral
Koch e Elias (2009) afirmam que durante bastante tempo esteve vigente 
a ideia de que linguagem oral e linguagem escrita (estendendo a perspectiva 
para textos orais e escritos) eram opostas, surgindo, inclusive, uma espécie 
de quadro de diferenças que as autoras reproduziram em seu livro e que 
mostraremos a seguir:
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Fala Escrita
Contextualizada Descontextualizada
Implícita Explícita
Redundante Condensada
Não planejada Planejada
Predominância do modus 
pragmático
Predominância do modus sintático
Fragmentada Não fragmentada
Incompleta Completa
Pouco elaborada Elaborada
Pouca densidade informacional Densidade informacional
Predominância de frases curtas, 
simples e coordenadas
Predominância de frases complexas, 
com subordinação abundante
Pequena frequência de passivas Emprego frequente de passivas
Poucas nominalizações Abundância de nominalizações
Menor densidade lexical Maior densidade lexical
QUADRO 1 – DIFERENÇA ENTRE FALA E ESCRITA
FONTE: Koch; Elias (2009, p. 16).
Observando o quadro mais detidamente, notamos que as características 
de cada uma das modalidades se apoia em opostos: maior/menor; pouco/
muito; pequena/grande; completa/incompleta. Já sabemos, pelo que vimos 
nos tópicos anteriores e por nossos conhecimentos prévios, que essa 
dicotomia/oposição não procede. As próprias autoras afirmam que o quadro 
não representa a realidade porque algumas das características apresentadas 
são aplicáveis às duas modalidades e porque tais atributos foram estabelecidos, 
tendo os textos escritos como referência, considerados durante um longo 
tempo nos estudos gramaticais e linguísticos, como ideais, como “corretos” 
(KOCH; ELIAS, 2009).
Para elucidar a questão, as mesmas autoras apresentam as características 
próprias da oralidade, visíveis nos textos orais:
• [...] é relativamente não planejável de antemão, o que decorre de sua 
natureza altamente interacional; isto é, ela necessita ser localmente planejada, 
ou seja, planejada e replanejada a cada novo lance do jogo da linguagem;
• o texto falado apresenta-se em se fazendo, isto é, em sua própria gênese, 
tendendo, pois, a por a nu o próprio processo da sua construção. Em outras 
palavras, ao contrário do que acontece com o texto escrito, em cuja elaboração 
o produtor tem maior tempo de planejamento, podendo fazer rascunhos, 
proceder revisões e correções, modificar o plano previamente traçado, no 
texto falado planejamento e verbalização ocorrem simultaneamente, porque 
ele emerge no próprio momento da interação;
• o fluxo discursivo apresenta descontinuidades frequentes, determinadas por 
uma série de fatores de ordem cognitivo-interacional, as quais têm, portanto, 
justificativas pragmáticas de relevância;
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• o texto falado apresenta uma sintaxe característica, sem, contudo, deixar 
de termo como pano de fundo a sintaxe geral da língua;
• a escrita é resultado de um processo, portanto, estática, ao passo que a fala 
é processo, portanto, dinâmica. (KOCH; ELIAS, 2009, p. 16-17).
Desse modo, considerando as afirmações de Koch e Elias (2009), o texto 
oral se concretiza de imediato, seu sentido é verificado concomitantemente a 
sua produção. Já está inserido em um contexto e o interlocutor, enunciatário 
da mensagem ou da informação está presente, é participante, ajuda a construí-
lo. Sua interpretação ocorre quase ao mesmo tempo em que sua produção. 
Inclusive, as repetições, correções, hesitações que ocorrem ao longo de uma 
conversação são recursos próprios desta modalidade e responsáveis por 
parte de sua estruturação. Em virtude disso, devem ser considerados quando 
analisamos um texto oral.
Reproduzimos, a seguir, um fragmento de fala, transcrito apenas para 
ilustrar o que acabamos de estudar sobre os textos orais:
[...] como no texto anterior...se bem que vocabulário deve ser trabalhado da 
mesma forma...não se esqueçam de trabalhar o vocabulário sempre dentro 
do contexto... pra que seja escolhida a acepção que mais couber dentro do 
contexto..outros aspectos que a gente poderia pensar em...em destacar aqui 
nesse texto...seriam aqueles aspectos de linguagem...que saltam diretamente 
aos olhos desde que a gente analisa... (SANTOS; CABRERA; GÓES, 2008, p. 7).
Note que o texto citado traz repetições, lacunas, marcadores de oralidade 
como “se bem que”, “a gente”, “saltam...aos olhos”, os quais são adequados ao 
texto oral, porque, como vimos, esta modalidade apresenta uma estrutura 
que permite tais recursos. O que não ocorre na modalidade escrita, como 
veremos a seguir.
Para saber mais sobre a diferença entre a escrita e a fala, assista ao vídeo 
do professor Marcuschi. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=XOzoVHyiDew&nohtml5=False>.
1.3.1.2 O texto escrito
Houve um tempo em que a escrita era para poucos. Somente um pequeno 
grupo da sociedade detinha o conhecimento da escrita e, portanto, era-lhe 
conferido o poder. Hoje, todos temos acesso à escrita e somos diariamente 
convocados a praticá-la. Pense em quanto tempo por dia você leva lendo 
e respondendo e-mails, conversas pelo WhatsApp, Skype ou qualquer outro 
comunicador instantâneo, atualizando suas redes sociais, alimentando-ascom 
novos textos, lendo e interpretando placas, cartazes, anúncios publicitários 
on-line etc.
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Por conta dessa “socialização” da escrita ao longo dos tempos, a 
forma de concebê-la também passou por transformações. Uma corrente 
de pensamento, normativa e tradicionalista, concebia a escrita com foco 
na língua. Para escrever bem, dominar a escrita, era necessário conhecer as 
normas gramaticais e ter um amplo vocabulário. Essa visão continha uma 
perspectiva de linguagem como um sistema fechado, pronto e acabado. O 
texto, portanto, era tido como o produto de uma codificação. Outra corrente 
concebia a escrita com foco no escritor. Nela, a escrita é a expressão do 
pensamento. O texto é visto como fruto do pensamento, como resultado de 
uma atividade “por meio da qual aquele que escreve expressa seu pensamento, 
suas intenções, sem levar em conta as experiências e os conhecimentos 
do leitor ou a interação que envolve esse processo” (KOCH; ELIAS, 2009, p. 
33). Por fim, a corrente que vigora hoje, a qual nos parece mais adequada a 
concepção de texto mantida na atualidade, é a escrita com foco na interação.
[...] a escrita é vista como produção textual, cuja realização exige do produtor a 
ativação de conhecimentos e a mobilização de várias estratégias. Isso significa 
dizer que o produtor, de forma não linear, “pensa” no que vai escrever e em 
seu leitor, depois escreve, lê o que escreveu, revê e reescreve o que julga 
necessário em um movimento constante e on-line guiado pelo princípio 
interacional (KOCH; ELIAS, 2009, p. 34).
Desse modo, a escrita é entendida como não apenas o domínio das 
regras gramaticais e vocabulário, ou dos pensamentos do escritor, mas fruto 
da interação entre enunciador-contexto-enunciatário-intenção comunicativa.
Todo texto é relacional e coletivo. É produzido num determinado tempo 
histórico por um enunciador para um enunciatário real ou virtual com base 
em toda a experiência textual que aquele tem na projeção que faz de seu 
interlocutor. Por outro lado, a interpretação do texto depende também do 
cálculo de sentido feito pelo enunciatário a partir de sua experiência de leitor 
e de produtor de textos (SANTOS, 2010, p. 14).
Como fica evidente nas palavras de Santos (2010), o texto escrito também 
se insere em um contexto específico, articula-se com um propósito e dirige-
se a um público, o qual, por sua vez, faz um esforço de interpretação. Sobre 
este último elemento (público/leitor), destacamos que há uma dinâmica 
diferenciada da escrita em relação à fala: “escrever quer prever o outro, isto é, 
prever um leitor. O texto está sendo produzido para alguém lê-lo, seu amigo, 
seu professor ou o cliente da empresa para a qual você trabalha” (TAFNER, 
2009, p. 12). Nosso enunciatário não está presente no momento em que 
escrevemos, ele não interage no exato momento da produção. É apenas uma 
imagem, uma projeção de quem imaginamos que lerá o que escrevemos. Sob 
certos aspectos, construímos, idealizamos o leitor de nosso texto, definimos 
que conhecimentos ele deve ter para compreender o que tentamos transmitir.
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Dito isso, podemos mencionar uma outra dimensão importante do texto 
escrito: a autonomia. Um texto escrito pode chegar onde a fala não alcança e 
ultrapassar as barreiras de tempo e espaço. Portanto, nele deverá existir uma 
amplitude de marcas e pistas que permitam ao enunciatário reestabelecer 
o contexto comunicacional e, desse modo, depreender a mensagem nele 
contida. O texto escrito, uma vez enviado a seu destino não pode mais ser 
“corrigido”, não haverá a possibilidade do “o que eu quis dizer...”. Ele deve ser 
claro e estruturado de tal forma que diga o que deve dizer e chegue a quem 
se destina.
Perceba que nas interações orais sempre há a possibilidade de “dizer 
novamente”, explicar, dizer com outras palavras. Podemos utilizar os recursos 
que estão disponíveis, gestos, expressões faciais e corporais, aumentar ou 
diminuir a velocidade da fala. Na escrita, no entanto, esses recursos não estão 
disponíveis. É preciso dispor exclusivamente dos recursos linguísticos para 
que o texto de fato cumpra seu objetivo e se faça inteligível.
Segundo Koch e Elias (2009, p. 43), ao escrevermos precisamos fazer 
uso de algumas estratégias:
• [ . . . ] ativação de conhecimentos sobre os componentes da situação 
comunicativa (interlocutores, tópico a ser desenvolvido e configuração textual 
adequada à interação em foco);
• seleção, organização e desenvolvimento das ideias, de modo a garantir a 
continuidade do tema e sua progressão;
• “balanceamento” entre informações explícitas e implícitas; entre informações 
“novas” e “dadas”, levando em conta o compartilhamento de informações 
como o leitor e o objetivo da escrita;
• revisão da escrita ao longo de todo o processo guiada pelo objetivo da 
produção e pela interação que o escritor pretende estabelecer com o leitor.
Em termos práticos, quando produzimos textos escritos, devemos 
considerar:
a) Intenção ou finalidade: o que queremos com este escrito? Com que intenção 
produzimos este texto? Queremos informar? Questionar algo? Defender 
um ponto de vista? Anunciar um produto? Reclamar de algo? Apresentar 
os resultados de alguma pesquisa? Relatar um feito? Elogiar alguém?
b) Gênero discursivo: qual o gênero de texto melhor se enquadra ao propósito 
do texto? Um anúncio? Uma charge? Um e-mail? Uma carta do leitor? 
c) Interlocutores: para quem estamos dirigindo nosso texto? Quem será o leitor 
deste texto? Está dirigido para um leitor específico? Que características ou 
conhecimentos prévios supomos que este leitor deve ter?
d) Lugar de circulação: em que lugar o texto estará? Em uma revista? Jornal? 
Panfleto? Nas redes sociais? Nos comunicadores instantâneos?
Observemos o que foi mencionado em um exemplo:
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STEPHEN KING VOLTA À VELHA BOA FORMA COM “MR. MERCEDES”
O primeiro capítulo de "Mr. Mercedes" reúne as melhores páginas que o 
americano Stephen King, 68, escreveu nos últimos 20 anos. Flagra um grupo 
de pessoas passando uma madrugada muito fria numa calçada. É uma fila 
para novas vagas de emprego.
Essa introdução chega a lembrar "filmes-catástrofe" dos anos 1970, 
como "Terremoto" ou "Inferno na Torre", que dedicavam sua parte inicial a 
apresentar os personagens que, em seguida, lutariam pela vida diante de 
terríveis infortúnios.
Mas aqui King prega uma peça. Os tipos interessantes que ele esboça 
nas conversas da madrugada vão desaparecer de cena no capítulo seguinte. 
Morrem ali, atropelados por um Mercedes. O carro, roubado de uma viúva 
rica, é largado perto dali. Nada se sabe de seu motorista.
Não, King não fez mais um "Christine - O Carro Assassino", um de seus 
clássicos do terror dos anos 1980 adaptados para o cinema. O motorista existe, 
é um sociopata e vai guiar a história que se segue.
Mas, apesar de o sr. Mercedes ser tão ignóbil, as atenções do leitor vão 
se desviar para seu antagonista, o policial aposentado Bill Hodges.
Depois de vender mais de 300 milhões de livros e deixar seus seguidores 
arrepiados, King finalmente preenche uma lacuna em sua extensa galeria de 
tipos. Para quem já criou cachorros e outros animais possuídos pelo demônio, 
máquinas com desejos assassinos, bonecos vingativos e outras entidades 
bizarras, faltava a ele o personagem mais comum e reverenciado da literatura 
de suspense e mistério: o detetive. Bill Hodges é tratado com muito carinho 
por seu criador.
"Mr. Mercedes" foi anunciado como o primeiro livro de uma trilogia de 
aventuras com o ex-policial. E King já manifestou o desejo de produzir uma 
série de TV para ele.
O escritor é venerado por muitos fãs por sua criatividade. Com justiça, 
embora sua produção prolixa e irregular dos últimos anos às vezes comprometa 
a percepção de sua obra extraordinária na literatura de terror e suspense do 
século passado.Por isso, muitos fãs devem estar esperando para ver quais as características 
que vão marcar o detetive de King. E aí vem a surpresa.
No lugar do recurso habitual de criar alguma bossa para um herói 
detetive – traumas familiares, alcoolismo, sede de vingança, hobbies esquisitos, 
coisas assim –, King rascunhou Hodges como um tipo bem comum. Bebe, 
sim, mas pouco, apenas para atenuar o tédio da aposentadoria. Tem lá seus 
probleminhas com o passado, mas nada que interfira na ação.
Hodges é apenas um veterano de investigações, um cara que conhece 
bem as ruas de sua cidadezinha no meio-oeste americano. Quando o sr. 
Mercedes envia ao ex-policial uma carta na qual assume a autoria dos 
atropelamentos e promete matar novamente, Hodges vai atrás dele porque 
é só isso que sabe fazer na vida: caçar e prender os caras maus.
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 1 - O TEXTO E SUAS ESPECIFICIDADES
"Mr. Mercedes" não é uma história de mistério. Sabemos quem é o 
assassino, o que ele fez e como fez logo no primeiro terço da narrativa. O 
que vale mesmo é a maneira tensa como King vai estabelecendo o confronto 
entre mocinho e bandido. O mestre do terror ainda sabe contar muito bem 
uma história.
FONTE: Thales de Menezes, Folha Ilustrada, Folha de São Paulo, 2 abr. 2016. Disponível em: <http://www1.
folha.uol.com.br/ilustrada/2016/04/1756627-stephen-king-volta-a-velha-boa-forma-com-mr-mercedes.
shtml>. Acesso em: 2 abr. 2016.
No texto é possível verificar que a intenção do escritor é apresentar 
o novo livro de Stephen King. Para alcançar tal propósito, utilizou o gênero 
artigo de opinião, uma vez que mostra a opinião que o crítico tem sobre a 
nova obra do autor mencionado; está dirigido para todos aqueles que leem 
o jornal Folha de São Paulo e são conhecedores e apreciadores das obras de 
Stephen King, bem como foi produzido para circular em um jornal. Perceba 
que o escritor se dirige a um público que já conhece a obra de King porque, 
ao longo do texto, faz referência a outras obras do autor e aspectos de suas 
produções, as quais, supõe, sejam do conhecimento de seus já leitores. Ao 
mesmo tempo, emite sua avaliação sobre a obra, apresentando os argumentos 
que consolidam seu julgamento.
Quando lemos o texto, fazemos um esforço de interpretação: buscamos 
reconstruir o contexto comunicacional, retomamos os conhecimentos que já 
temos sobre o assunto (neste caso específico, o que sabemos sobre Stephen 
King e sua produção), confrontamos as opiniões do autor do artigo com as 
nossas, analisamos seus argumentos etc., ou seja, interagimos com o texto, 
fazemos parte do processo, não apenas decodificamos o que está escrito, 
também nos apropriamos das informações ali contidas e as somamos aos 
conhecimentos que já construímos ao longo de nossa trajetória de leitores.
Além das questões levantadas até o momento, também é importante 
destacar que para cumprir os propósitos do texto, seu escritor precisará de 
um bom conhecimento da ortografia, da gramática e do léxico de sua língua. 
Dominar esses recursos permite uma escolha de vocabulários adequados à 
finalidade do texto, a dar transparência ao texto. 
Sob uma perspectiva interacional, obedecer às normas ortográficas é um 
recurso que contribui para a construção de uma imagem positiva daquele que 
escreve, porque, dentre outros motivos, demonstra: i) atitude colaborativa do 
escritor no sentido de evitar problemas no plano da comunicação; ii) atenção 
e consideração dispensadas ao leitor (KOCH; ELIAS, 2009, p. 37).
Ainda, finalizando as questões sobre o texto escrito, é importante 
destacar algumas características que todo texto escrito deve apresentar para 
que alcance seu leitor e seja devidamente compreendido por ele.
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 1 - O TEXTO E SUAS ESPECIFICIDADES
a) Clareza: apresentação das informações de modo fácil, simples, em uma 
ordem que facilite a compreensão. Muitas vezes, a clareza do texto se perde 
porque o autor tem muita familiaridade com o tema e, em virtude disso, 
deixa de mencionar dados importantes para a reconstrução de sentido, 
realizada por um leitor que não tem o mesmo domínio do assunto. Há, 
ainda, situações em que o escritor não tem dados suficientes sobre o 
tema, deixando em sua escrita lacunas que dificultam a compreensão da 
mensagem. Também o uso excessivo de termos técnicos pode comprometer 
sua clareza, bem como alguns termos que podem gerar ambiguidade.
Gold (2002 apud TAFNER, 2009) destaca que para a obtenção da clareza 
em nossos escritos, faz-se necessário: a) organizar a forma como o assunto 
será apresentado, estabelecendo uma lógica em sua sequencialização; b) 
empregar parágrafos de extensão curta, na qual se perceba a ideia central e 
as ideias secundárias; c) utilizar as frases em sua ordem direta; d) empregar 
uma linguagem simples, respeitando, entretanto, a formalidade e as normas 
gramaticais aplicáveis àquela produção específica; e) observar a relação que se 
estabelece entre as informações, evitando ambiguidades ou mal-entendidos.
Para ilustrar o que acabamos de expor, leia o fragmento que segue:
Por tudo o que restou até aqui exposto, considerada a legislação tributária 
de regência, e tendo em vista o atual panorama da jurisprudência aplicável 
à hipótese em foco, fica claro que a embargante realmente merece ver 
inteiramente cancelada, nesses autos de embargos contra execução fiscal, a 
insustentável e inaceitável exigência de ICMS objeto da malsinada CDA aqui 
guerreada pela empresa.
FONTE: FONSECA, Pedro Leal. Fim do juridiquês: Falta de clareza em textos faz juiz pular parágrafos. 
Consultor Jurídico. 2010. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2010-mar-31/falta-clareza-textos-
juridicos-faz-juiz-estafado-pular-paragrafos>. Acesso em: 2 abr. 2016. 
Como você notou durante sua leitura, o fragmento não apresenta 
clareza. A utilização de termos técnicos, a extensão excessiva das frases, bem 
como a distribuição das informações dificultam a compreensão. Agora, leia 
o fragmento reescrito:
Pelo que foi exposto, considerada a legislação tributária, e tendo em vista 
a jurisprudência aplicável à hipótese, fica claro que a embargante merece ver 
cancelada a exigência de ICMS objeto da CDA aqui combatida.
FONTE: FONSECA, Pedro Leal. Fim do juridiquês: Falta de clareza em textos faz juiz pular parágrafos. 
Consultor Jurídico. 2010. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2010-mar-31/falta-clareza-textos-
juridicos-faz-juiz-estafado-pular-paragrafos>. Acesso em: 2 abr. 2016. 
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Respeitando as especificidades deste que é um texto jurídico (com termos 
que são próprios à área), percebemos que a reescrita deixou-o mais claro. A 
utilização de frases mais curtas, permitiu que houvesse maior transparência 
e, com isso, a informação é mais facilmente compreendida.
b) Concisão: qualidade de expressar a informação, fazendo uso de um número 
mínimo de vocabulários. É a famosa perspectiva do “dizer muito em poucas 
palavras”. Lembre-se, porém, que ser conciso não significa tirar a riqueza do 
texto, significa fazer uso de vocabulários que permitam passar a mensagem 
de forma condensada. 
Voltemos aos fragmentos acima. No primeiro fragmento foram utilizadas 
60 palavras, no segundo 35 palavras. Toda a informação contida, de forma 
pouco clara, no primeiro fragmento, foi mantida e tornada mais transparente 
no segundo, com praticamente metade dos vocabulários. 
Para dar concisão ao texto evite a utilização de expressões desnecessárias 
como “hoje em dia”; uso excessivo de adjetivos; repetição de ideias; uso 
de clichês.
Observe, ainda, este outro texto:
É proibida a entrada, circulação, permanência, uso dos aparelhos e 
recursos da instituição por pessoas que não foram autorizadas pela direção.
A mesma mensagem pode ser passada assim:
É proibida a entrada de pessoas não autorizadas.
Note que não houve perda de informação, apenas uma escolha vocabular 
que permitiu dizer tudo que era necessário em poucos termos.
Em textos profissionaise acadêmicos, a concisão é um fator de suma 
importância para a garantia de um texto adequado à situação comunicativa.
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c) Objetividade: “[...] relaciona-se a identificar que ideias são relevantes ao 
expressarmos nosso pensamento. Se conseguimos diferenciar as ideias 
principais das secundárias, não distraímos nosso leitor” (TAFNER, 2009, p. 
54). Para atingirmos a objetividade, precisamos identificar qual é a ideia 
principal, quais são as ideias secundárias e dentre estas quais as que podem 
ser dispensadas ou devem ser mantidas.
Vejamos na prática:
Prezados Senhores,
É com imensa satisfação que entramos em contato para comunicar que, 
em virtude da qualidade de seus serviços, devidamente confirmada por seus 
usuários, bem como do ótimo atendimento, também positivamente avaliado 
pelos clientes, conferimos a esta tão bem conceituada empresa o prêmio 
Empresa TOP10.
Entraremos novamente em contato para confirmar a presença de um 
de seus representantes no local e hora a serem ainda definidos.
Parabenizando-os por esta conquista e certos de que manterão seu alto 
índice de aproveitamento e satisfação, despedimo-nos.
Atenciosamente,
Na correria de nosso dia a dia também os textos precisam ser de fácil 
depreensão. Não cabem mais textos escritos como o que lemos acima. Sua 
falta de objetividade faz com que tenhamos a tendência de fazer saltos na 
leitura, procurando identificar a ideias mais importantes. Observemos, agora, 
como é possível com objetividade, transformar o texto:
Prezados Senhores,
Informamos que sua empresa recebeu o Prêmio TOP10 pela qualidade 
nos serviços e no atendimento.
Assim que a data e local do evento de premiação sejam definidos, 
entraremos em contato.
Atenciosamente,
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Temos, no exemplo, um texto objetivo, direto, elegante, sem supérfluos. 
Ele não apenas é objetivo, mas também claro e conciso.
Por fim, não nos esqueçamos de que a correção gramatical também 
é importante para garantir que o texto escrito esteja adequado à situação 
comunicativa da qual é representante. Questão que já mencionamos antes. 
Escrever corretamente as palavras, fazer uso adequado das estruturas sintáticas 
e lexicais garante as relações necessárias para a constituição e a recepção 
do texto.
Como vimos ao longo de todo este capítulo, nos comunicamos por 
meio de textos, orais ou escritos, verbais ou não verbais. Eles concretizam os 
discursos e apresentam características que os tornam modalidades diferentes, 
mas com um mesmo propósito: estabelecer comunicação nas mais variadas 
situações. No próximo capítulo, nos dedicaremos a estudar a textualidade, 
elemento fundamental para a constituição do texto. 
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 1 - O TEXTO E SUAS ESPECIFICIDADES
RESUMO
Neste capítulo vimos:
•	 Enunciador: produtor do texto.
•	 Enunciatário: recebedor do texto.
•	 Enunciação: interação entre intenção do texto, contexto comunicacional, 
enunciador e enunciatário.
•	 Texto é uma unidade de sentido que estabelece comunicação em uma 
determinada situação, envolvendo enunciador e enunciatário.
•	 O texto materializa/concretiza o discurso.
•	 Discurso é a produção e a troca de sentido ocorridas em um contexto social 
e orientadas para uma determinada situação comunicativa.
•	 Textos orais e textos escritos constituem duas modalidades diferentes.
ᵒ Textos orais configuram-se como produções não planejáveis que ocorrem 
durante as interações entre falante e ouvinte. 
	Sua interpretação acontece quase ao mesmo tempo em que sua 
produção.
ᵒ	Textos escritos são produções planejáveis nas quais se evidenciam o 
contexto de produção, a finalidade, o público a quem se destina. 
	O leitor não está fisicamente presente no ato da produção.
	O leitor precisa reconstruir o sentido do texto a partir das pistas nele 
 presentes.
	O texto escrito é autônomo e deve apresentar clareza, concisão, 
objetividade e correção gramatical.
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AUTOATIVIDADE
1 Leia a tirinha que segue:
 
FONTE: Disponível em: <http://www.gel.org.br/estudoslinguisticos/volumes/32/htm/comunica/ci144_
arquivos/image002.jp>. Acesso em: 2 abr. 2016.
Da leitura é possível afirmar:
I- A pergunta de Helga tem o próposito de saber se Hagar quer que lhe sirva 
um pouco de café.
II- Hagar compreende perfeitamente a intenção da pergunta e a responde 
de maneira adequada.
III- Hagar interpreta a pergunta de maneira diferente do que espera Helga, 
causando o efeito de humor na tirinha.
Levando em consideração o que estudamos no tópico 1 deste capítulo, 
está(ão) CORRETA(S):
a) ( ) I e II.
b) ( ) II e III.
c) ( ) I e III.
d) ( ) I, II e III.
e) ( ) Somente I.
2 Leia as afirmativas que seguem, julgando-as falsas ou verdadeiras de acordo 
com o que foi estudado no tópico 1 do Capítulo.
( ) O texto pode ser definido como uma reunião de palavras ou frases, 
desvinculadas do contexto comunicacional.
( ) A interação entre os seres sociais pode ocorrer de diversas formas, uma 
delas é por meio de textos.
( ) O texto é um ato social, comunicativo e, portanto, totalmente relacionado 
à situação comunicativa em que foi gerado.
( ) Cabe ao enunciador interpretar o texto, atribuindo-lhe o significado 
adequado ao contexto em que foi produzido.
A sequência que CORRETA é:
a) ( ) F, F, V, F.
b) ( ) V, F, V, F.
c) ( ) V, V, F, V.
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d) ( ) F, V, V, F.
e) ( ) F, F, V, V.
3 Leia o texto a seguir:
Como ter uma boa noite de sono
O sono é o período de descanso do corpo e da mente. É o momento 
de relaxar nossos músculos e memorizar tudo o que aprendemos durante 
o dia. Além disso, várias funções biológicas são realizadas durante a noite. 
Nosso sistema imunológico produz substâncias fundamentais para o bom 
funcionamento do nosso organismo, além do hormônio do crescimento e 
do hormônio leptina (que causa sensação de saciedade), que também são 
secretados durante a noite.
Algumas pessoas não conseguem ter uma boa noite de sono, e isso afeta 
diretamente na qualidade de suas vidas. Por isso listaremos aqui algumas 
dicas básicas para uma boa noite de sono, que resultará em corpo e mente 
descansados.
• Refrigerantes, café e chá-preto são bebidas que devem ser evitadas antes do 
sono, pois contêm cafeína e xantina em sua composição e essas substâncias 
estimulam o sistema nervoso central, podendo atrapalhar o sono.
• Evite o consumo de frituras e comidas gordurosas que possam provocar 
má digestão e azia, prejudicando o sono.
• Não se deite logo após as refeições.
• Não pratique atividades físicas até 4 horas antes de dormir.
• Recomenda-se tomar uma xícara de leite morno com mel antes de dormir, 
pois o leite contém triptofano, um aminoácido essencial, que aumenta o 
nível de serotonina, um calmante natural do cérebro. E o mel, por ser um 
carboidrato, facilita a entrada de triptofano no cérebro.
• Manter um ritmo de sono é importante. Tente se deitar e acordar no mesmo 
horário todos os dias, mesmo em finais de semana.
• Evite fazer anotações, ler, estudar, trabalhar e assistir TV na cama.
• Durma em um local onde esteja tudo calmo e escuro.
• Nunca se deite com fome. Uma fruta é uma boa opção para enganar a fome 
e não dormir de barriga vazia.
• Um banho morno relaxa o corpo e ajuda a prepará-lo para uma boa noite 
de sono.
• Se tiver muita dificuldade para dormir à noite, é bom evitar dormir durante 
o dia.
• Esqueça todos os problemas na hora de dormir.
• Evite dormir com a TV ligada, pois isso impede que a pessoa chegue à fase 
do sono profundo.
• O tabaco é estimulante, por isso evite fumar horas antes de se deitar.
• Se você se deitar e não conseguir dormir, levante-se e faça alguma atividade 
relaxante, como ouvir músicas calmas.
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 1 - O TEXTO E SUAS ESPECIFICIDADES
• Manter uma rotina de atividades físicas colaborapara boas noites de sono.
• Tenha colchão e travesseiros confortáveis.
 
Essas são algumas dicas que resultarão em uma excelente noite de sono. 
Basta segui-las para melhorar seu sono e sua qualidade de vida. Bons sonhos!
FONTE: MORAES, Paula Louredo. Como ter uma boa noite de sono. Disponível em: <http://
mundoeducacao.bol.uol.com.br/saude-bem-estar/como-ter-uma-boa-noite-sono.htm>. Acesso em: 2 
abr. 2016.
Os textos possuem um contexto de uso, uma função social e um objetivo 
comunicativo. Após a leitura do texto, podemos concluir que sua função é:
a) ( ) Expor a opinião da autora sobre o ato de dormir bem.
b) ( ) Orientar os leitores sobre os cuidados que devem ter para que consigam 
dormir bem.
c) ( ) Criticar os leitores que não conseguem ter uma boa noite de sono.
d) ( ) Divulgar um produto que promete ajudar pessoas que não conseguem 
dormir bem.
e) ( ) Apresentar como funciona o sono do ponto de vista biológico.
4 Analise as seguintes afirmações:
I- O texto escrito é uma modalidade de produção textual superior ao texto 
oral, por isso, deve ser utilizado de forma prioritária.
II- Os textos orais são considerados não planejáveis porque ocorrem durante 
as situações comunicativas, na interação direta entre falantes e ouvintes.
III- Os textos escritos utilizam-se do aparato linguístico, ao contrário dos 
textos orais que podem fazer uso também de gestos, expressões faciais etc.
IV- Os enunciatários dos textos escritos não precisam fazer um esforço de 
interpretação porque essa função cabe exclusivamente ao enunciador.
Estão CORRETAS:
a) ( ) I e II.
b) ( ) I e III.
c) ( ) II e III.
d) ( ) II e IV.
e) ( ) I e IV.
5 Analise os seguintes textos:
Texto 1
“Eles acham que não chateia, mas machuca de verdade“, disse, “Vim 
representar as pessoas que não têm dinheiro para pagar um advogado (…) 
Esse ódio gratuito das pessoas, de não pensar no próximo… E eu falei: “cara, 
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 1 - O TEXTO E SUAS ESPECIFICIDADES
eu não posso deixar isso passar impune”. (Depoimento da cantora Ludmilla à 
revista Todateen sobre o racismo que sofreu nas redes sociais).
FONTE: Disponível em: <http://todateen.com.br/souassimtt/ludmilla-sofre-com-racismo-desabafa-
machuca-de-verdade/>. Acesso em: 10 jun. 2016.
Texto 2
“BF: E o que deu o start para colocar o livro em andamento? Houve um 
episódio, um fato curioso? 
 RQ: Na época, eu trabalhava numa revista feminina e pintou uma 
reportagem sobre o tema. Sou apaixonada por música, toco piano e adoro 
cantar MPB, Bossa Nova etc. A pauta caiu para mim e eu pirei... fiquei um 
mês atrás das histórias, e me encantei muito especialmente com a Lígia do 
Tom. Tom Jobim é um ícone para mim. Desde a publicação dessa matéria, 
já imaginei que daria um livro, e nunca mais abandonei o assunto. Só que, 
nesse meio tempo, o mundo roda, a vida também, trabalho pela sobrevivência, 
então não podia parar para fazer um projeto independente. Nos últimos três 
anos, contudo, coloquei como prioridade, me virei nos 30 e fiz, de maneira 
independente, mas já com uma editora interessada na publicação”. (Entrevista 
com a jornalista Rosane Queiroz sobre seu livro Musas e música – a mulher 
por trás da canção para a revista Bons Fluídos).
FONTE: Disponível em: <http://bonsfluidos.uol.com.br/noticias/entrevista/livro-reune-depoimentos-de-
mulheres-que-inspiraram-as-mais-belas-cancoes-da-mpb.phtml#.V11ZCLsrLMx>. Acesso em: 10 jun. 
2016.
Sobre os textos é correto afirmar:
a) ( ) Ambos são textos representantes da modalidade escrita, evidenciada 
pelo uso de pontuação e vocabulário simples, mas formal.
b) ( ) O primeiro é um texto representante da modalidade oral, e o segundo 
é um texto representante da modalidade escrita, dada sua extensão.
c) ( ) Ambos os textos são representantes da modalidade oral, verificável pelo 
uso de expressões como “cara”, “pintou”, “pirei”.
d) ( ) Os dois não podem ser definidos como textos, pois não apresentam 
sentido no contexto comunicativo em que se apresentam.
e) ( ) Apenas o segundo texto é representante da modalidade escrita porque 
é dotado de clareza, objetividade, concisão e correção gramatical.
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 1 - O TEXTO E SUAS ESPECIFICIDADES
REFERÊNCIAS
ABREU, Antônio Suárez. Curso de redação. 12. ed. São Paulo: Ática, 2008.
ANTUNES, Irandé. Análise de textos: fundamentos e práticas. São Paulo: 
Parábola, 2010. (Série estratégias de ensino, 21).
KOCH, Ingedore; TRAVAGLIA, Luiz C. Texto e coerência. São Paulo: Cortez, 
1992.
______; ELIAS, Vanda Maria. Ler e escrever: estratégias de produção textual. 
São Paulo: Contexto, 2009. 
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Da fala para a escrita: atividades de 
retextualização. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2003.
SANTOS, Gerson Tenório dos. Texto e textualidade. São Paulo: Unicastelo, 
2010.
SANTOS, Flávia Andreia dos; CABRERA, Lúcia Gandarillas; GÓES, Vera Lúcia. 
Retextualização do texto oral. Revista Anagrama, São Paulo, ano 1, ed. 4, p. 
1-14, junho/agosto 2008. Disponível em: <http://www.revistas.univerciencia.
org/index.php/anagrama/article/viewFile/6278/5696>. Acesso em: 7 abr. 
2016.
TAFNER, Elisabeth Penzlien. Redação na vida acadêmica e profissional. 
Blumenau: Nova Letra, 2009. (Coleção Estudos Independentes).
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 1 - O TEXTO E SUAS ESPECIFICIDADES
GABARITO
1 C
2 A (F, F, V, F)
3 B
4 C
5 C
REDAÇÃO 2
OS FATORES DE 
TEXTUALIDADE
Agora que já sabemos o que é um texto, em particular o escrito, vamos 
estudar sua composição. Nesta unidade, aprenderemos que um texto só é 
visto como tal porque apresenta textualidade. A textualidade, por sua vez, 
é composta por elementos que estudaremos separadamente: coerência, 
coesão, intencionalidade, aceitabilidade, situacionalidade, informatividade e 
intertextualidade. Iniciaremos entendendo o que é a textualidade e quais suas 
implicações para o texto. Vamos lá?
APRESENTAÇÃO
Organização
Elisabeth Penzlien 
Tafner
Reitor da 
UNIASSELVI
Prof. Hermínio Kloch
Pró-Reitora do EAD
Prof.ª Francieli Stano 
Torres
Edição Gráfica 
e Revisão
UNIASSELVI
Autora
Iara de Oliveira
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 2 - OS FATORES DE TEXTUALIDADE
OS FATORES DE 
TEXTUALIDADE
.02
1 INTRODUÇÃO
Agora que já sabemos o que é um texto, em particular o escrito, vamos 
estudar sua composição. Nesta unidade, aprenderemos que um texto só é 
visto como tal porque apresenta textualidade. A textualidade, por sua vez, 
é composta por elementos que estudaremos separadamente: coerência, 
coesão, intencionalidade, aceitabilidade, situacionalidade, informatividade 
e intertextualidade. Iniciaremos entendendo o que é a textualidade e quais 
suas implicações para o texto. Vamos lá?
2 A TEXTUALIDADE E SEUS FATORES TEXTUAIS
Na Unidade 1, estudamos o que é um texto em termos conceituais; 
as diferenças entre o texto e o discurso, apontando para o caráter estático 
do primeiro e a dinamicidade do segundo; e as diferenças entre texto oral 
e escrito, identificando as características de cada um. Como o escrito é o 
nosso foco neste curso, vamos estudar um pouco mais sobre o que faz de 
uma produção verbal um texto.
Já vimos que um texto escrito não é apenas uma sequência de palavras 
ou frases. Existe algo que faz com que ele se caracterize, materialize-se como 
texto. Observemos o exemplo que segue:
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 2 - OS FATORES DE TEXTUALIDADE
a) Colégios reforçar H1N1 de rotina e SP mudar gripe higiene surto.
Está bastante claro que temos apenas um emaranhado de palavras. 
Não há qualquer sentido que se possa atribuir a este conjunto de palavras. 
Elas não constituem um texto, não é mesmo? Será preciso rearranjá-las para 
tentar atribuir-lhes alguma significação juntas. Talvez alguém com algum 
domínio das estruturas sintáticas de nossa língua diga: é preciso ordenar 
sintaticamente os elementos para que façam sentido. Uma frase em ordem 
direta é, normalmente, constituída de sujeito + verbo + complementos, ou 
seja, quem? O quê? Quando, como, onde? Será que isso é o suficientepara 
tornar esse conjunto um texto? Observemos:
b) Colégios de SP leva reforçar mudar rotina higiene surto da gripe H1N1.
Parece melhor agora? Não! Note que temos quem (Colégios de SP), verbo 
(leva/reforçar/mudar), complementos (rotina higiene surto da gripe H1N1). 
No entanto, isso não foi suficiente para atribuir sentido a esse ato discursivo. 
Façamos mais uma tentativa:
c) Surto da Gripe H1N1 leva colégios de SP a mudar a rotina e reforçar a higiene.
Agora sim! Conseguimos entender a informação. Temos uma combinação 
de estruturas, organizadas de modo a atender a uma demanda comunicativa: 
informar os leitores de algo, nesse caso específico, do que as escolas estão 
fazendo para prevenir-se da gripe H1N1. Essa organização com sentido é o que 
transforma um conjunto de estruturas linguísticas em texto. A isso chamamos 
textualidade. Portanto, é possível afirmar que textualidade é um conjunto 
de características que dão sentido ao que está escrito, tornando-o um texto. 
Nas palavras de Abreu (2008, p. 13, grifo nosso), “Um texto não é uma unidade 
construída por uma soma de sentenças, mas pelo encadeamento semântico 
[de sentido, de significação] delas, criando, assim, uma trama semântica a 
que damos o nome de textualidade”.
A textualidade é constituída de sete fatores, ou seja, existem sete 
características que tornam “uma ocorrência linguística um todo significativo” 
(COSTA VAL, 2008, p. 4). Dois deles se referem diretamente ao texto: a 
coerência e a coesão. Os demais centram-se no enunciatário ou no extratexto: 
a situacionalidade, a aceitabilidade, a informatividade, a intencionalidade e a 
intertextualidade. Passaremos, a seguir, ao estudo de cada um desses fatores.
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 2 - OS FATORES DE TEXTUALIDADE
2.1 RELAÇÃO ENTRE COESÃO E COERÊNCIA
Quando nos deparamos com um texto, observamos dois aspectos: sua 
macroestrutura, ou seja, o seu todo; e suas microestruturas, isto é, as pequenas 
partes que o compõem. Assim, temos a coerência (macroestrutura) e a 
coesão (microestruturas). Ambas estão relacionadas e a utilização adequada 
de uma, influencia diretamente na outra. Entretanto, não necessariamente 
são indissociadas. Há textos coerentes, mas não coesos; bem como textos 
coesos, mas não coerentes.
Observe os textos a seguir:
Texto 1 – Circuito Fechado
Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água, 
espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água 
fria, água quente, toalha. Creme para cabelo; pente. Cueca, camisa, abotoaduras, 
calça, meias, sapatos, gravata, paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta, 
chaves, lenço, relógio, maços de cigarros, caixa de fósforos. Jornal. Mesa, 
cadeiras, xícara e pires, prato, bule, talheres, guardanapos. Quadros. Pasta, 
carro. Cigarro, fósforo. Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papéis, telefone, 
agenda, copo com lápis, canetas, blocos de notas, espátula, pastas, caixas de 
entrada, de saída, vaso com plantas, quadros, papéis, cigarro, fósforo. Bandeja, 
xícara pequena. Cigarro e fósforo. Papéis, telefone, relatórios, cartas, notas, 
vales, cheques, memorandos, bilhetes, telefone, papéis.
Relógio. Mesa, cavalete, cinzeiros, cadeiras, esboços de anúncios, fotos, 
cigarro, fósforo, bloco de papel, caneta, projetos de filmes, xícara, cartaz, 
lápis, cigarro, fósforo, quadro-negro, giz, papel. Mictório, pia, água. Táxi. Mesa, 
toalha, cadeiras, copos, pratos, talheres, garrafa, guardanapo, xícara. Maço de 
cigarros, caixa de fósforos. Escova de dentes, pasta, água. Mesa e poltrona, 
papéis, telefone, revista, copo de papel, cigarro, fósforo, telefone interno, 
externo, papéis, prova de anúncio, caneta e papel, relógio, papel, pasta, cigarro, 
fósforo, papel e caneta, telefone, caneta e papel, telefone, papéis, folheto, 
xícara, jornal, cigarro, fósforo, papel e caneta. Carro. Maço de cigarros, caixa 
de fósforos. Paletó, gravata. Poltrona, copo, revista. Quadros. Mesa, cadeiras, 
pratos, talheres, copos, guardanapos. Xícaras, cigarro e fósforo. Poltrona, livro. 
Cigarro e fósforo. Televisor, poltrona. Cigarro e fósforo. Abotoaduras, camisa, 
sapatos, meias, calça, cueca, pijama, espuma, água. Chinelos. Coberta, cama, 
travesseiro.
FONTE: RAMOS, Ricardo. Circuito Fechado. Disponível em: <http://portugues.uol.com.br/redacao/
textos-sem-coesao.html>. Acesso em: 2 abr. 2016.
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 2 - OS FATORES DE TEXTUALIDADE
Texto 2 – Poema de um louco
Era meia-noite e o sol brilhava no horizonte
Um negro careca penteava sua linda cabeleira loira com um pente sem dentes
Pertinho dali, a 100 mil milhas de distância
Enquanto um cego analfabeto lia um jornal
Sem letras, de ponta cabeça
Um surdo-mudo sentado em pé em uma pedra de madeira feita de barro dizia:
A vida é como uma canoa, que navega de cabeça pra baixo nas ondas 
de um poço sem água.
Enquanto isso, na sua direita ao lado esquerdo um jacaré voava nadando 
devagar em alta velocidade.
As vacas pulavam de galho em galho a procura de seus ninhos em rítmo 
de Yê-Yê-Yê
Os passarinhos pastavam o capim que nascia no asfalto.
No outro lado da cidade, em um bosque sem árvores, um elefante 
descansava
Aliviadamente apavorado, debaixo da sombra de uma couve sem folha
Os animais observavam, de olhos fechados, uma mulher gritando baixo 
em voz alta:
Prefiro me matar, do que perder a vida!
FONTE: Disponível em: <http://visaocontraria.blogspot.com.br/2009/02/era-meia-noite-e-o-sol-
brilhava-no.html>. Acesso em: 2 abr. 2016.
Perceba que no texto 1 temos uma sequência de palavras a qual, numa 
leitura desatenta, poderia não ter significação. No entanto, uma leitura atenta 
mostra uma sequência de atos executados pelo narrador e revelados na 
utilização de substantivos. Ao lermos a ordenação de substantivos, vamos 
construindo a rotina do narrador do texto, da hora em que desperta até o 
momento de deitar-se. Embora não haja conectivos ligando as palavras, ou 
mesmo, frases interligadas, percebemos a construção de sentido do texto. 
Ele é um típico exemplo de texto coerente, porque apresenta sentido em 
sua macroestrutura, mas totalmente desprovido de coesão, porque não 
foram utilizados os elementos linguísticos que promovem a articulação das 
sentenças.
Já o texto 2 apresenta coesão. Há partículas que ligam as estruturas, que 
vão ajustando as microestruturas para a formação do todo. Porém, o texto 
tem seu sentido comprometido, uma vez que retrata situações totalmente 
absurdas como “cego analfabeto lendo jornais”, “negro careca penteava a 
cabeleira loira”, “vacas voavam”, “passarinhos pastavam”. O texto é coeso, mas 
desprovido de coerência.
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 2 - OS FATORES DE TEXTUALIDADE
Vale ressaltar que nossos textos acadêmicos e profissionais, em virtude do 
contexto comunicativo em que se inserem, necessitam obrigatoriamente 
de coesão e coerência.
Embora seja possível, como vimos nos exemplos, produzir textos 
desprovidos de coesão ou de coerência, em virtude do efeito que se quer 
gerar com eles ou a finalidade, quando nos propomos a produzir textos 
escritos, principalmente nos meios profissionais e acadêmicos, devemos 
considerar esses dois fatores como essenciais para sua elaboração. Afinal, eles 
promovem a textualidade que, como vimos, é responsável pela atribuição de 
sentido ao texto. Vamos entender melhor como cada um deles contribui para 
a significação da escrita. Concentremo-nos primeiro na coerência.
2.2 COERÊNCIA
A coerência é extremamente importante para a textualidade. Segundo 
Koch e Travaglia (2008, p. 53-54):
[...] é a coerência que faz com que uma sequência linguística qualquer seja 
vista como um texto, porque é a coerência, através de vários fatores, que 
permite estabelecer relações (sintático-gramaticais, semânticas e pragmáticas) 
entre os elementos da sequência (morfemas, palavras, expressões, frases, 
parágrafos, capítulos etc.), permitindo construí-la e percebê-la, na recepção, 
como constituindo uma unidade significativa global. Portanto, é a coerênciaque dá textura ou textualidade à sequência linguística, entendendo-se por 
textura ou textualidade aquilo que converte uma sequência linguística em 
texto.
Os autores afirmam que a coerência é um fator diretamente inter-
relacionado com o enunciatário e o contexto, pois, segundo eles, um texto 
pode ser incoerente em uma determinada situação comunicativa e para 
alguns tipos de enunciatários, e ter total sentido em outras situações e para 
outros enunciatários.
Koch e Travaglia (2008) também destacam a importância dos elementos 
linguísticos do texto para a concretização da coerência. [...] São eles que 
permitem o estabelecimento de pistas as quais ajudam a ativar “conhecimentos 
armazenados na memória, constituindo-se em ponto de partida para a 
elaboração de inferências, ajudando a captar a orientação argumentativa dos 
enunciados que compõem o texto etc.” (KOCH; TRAVAGLIA, 2008, p. 71).
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 2 - OS FATORES DE TEXTUALIDADE
Ainda segundo os autores, o conhecimento de mundo que cada um de 
nós constrói ao longo de sua trajetória como sujeito social, é fundamental 
para o estabelecimento de coerência no texto. Quando um texto trata de 
assuntos que desconhecemos, não terá sentido, não será lógico (KOCH; 
TRAVAGLIA, 2008).
Observe:
Peroxissomos
Os peroxissomos são fisicamente parecidos com os lisossomos, mas 
diferentes em dois aspectos importantes. Primeiro, acredita-se que eles 
sejam formados por autorreplicação (ou talvez por “brotamento” do retículo 
endoplasmático liso) e não pelo complexo de Golgi. Em segundo lugar, eles 
contêm oxidases em vez de hidrolases. Diversas oxidases são capazes de 
combinar oxigênio com íons hidrogênio derivados de diferentes substâncias 
químicas intracelulares para formar o peróxido de hidrogênio (H2O2). O 
peróxido de hidrogênio é uma substância altamente oxidante e é usado em 
combinação com a catalase, outra oxidase presente em grandes quantidades 
nos peroxissomos, para oxidar muitas substâncias que poderiam de outra 
forma ser tóxicas para a célula.
FONTE: GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica. 11. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 
2006. p. 16.
Muitos de nós, pertencentes às mais diversificadas áreas do conhecimento, 
lerão o fragmento acima e não conseguirão entendê-lo. Como profissionais 
não pertencentes à medicina ou à área da saúde, não conseguiremos atribuir 
sentido ao texto e, portanto, ele não terá coerência. O texto do exemplo 
relaciona-se a conhecimentos que não temos e, em função disto, não 
conseguimos estabelecer as relações necessárias para sua significação. No 
entanto, o mesmo texto, lido por um médico ou alguém atuante na área da 
saúde, conseguirá acionar conhecimentos prévios que deem coerência a ele, 
dando-lhe significação. 
Retomemos o exemplo do texto de Ricardo Ramos, Circuito Fechado. 
Vimos que não possui elementos de coesão, porém quando o lemos atribuimos 
a ele significação. Isso ocorre porque aciona os conhecimentos de mundo e 
linguísticos que temos. Refere-se a elementos do mundo que conhecemos 
com os quais lidamos diariamente e à língua que usamos.
Com o que vimos até agora podemos então inferir que para atribuir 
sentido ao texto, caracterizando-o como coerente, “é preciso que haja 
correspondência ao menos parcial entre os conhecimentos nele ativados e o 
nosso conhecimento de mundo, pois, caso contrário, não teremos condições 
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 2 - OS FATORES DE TEXTUALIDADE
de construir o universo textual, dentro do qual as palavras e expressões do texto 
ganham sentido” (KOCH; TRAVAGLIA, 2008, p. 76-77, grifo dos autores). Ou seja, 
embora duas pessoas não consigam compartilhar o mesmo conhecimento 
de mundo, é necessário que haja uma sintonia de conhecimentos entre um 
e outro. Quanto menor for essa sintonia, maior será o esforço de explicitação 
que o enunciador terá que fazer em seu texto. Quanto maior for a sintonia, 
mais facilmente o enunciatário fará inferências e atribuirá significação ao 
texto. Fica evidente, dessa forma, que a coerência não está apenas no texto, 
ou no autor, ou no leitor, mas na inter-relação entre esses três elementos. 
“Inferência é a operação pela qual, utilizando seu conhecimento de 
mundo, o receptor (leitor/ouvinte) de um texto estabelece uma relação 
não explícita entre dois elementos (normalmente frases ou trechos) deste 
texto que ele busca compreender e interpretar, ou, então, entre segmentos 
de texto e os conhecimentos necessários para sua compreensão” (KOCH, 
TRAVAGLIA, 2008, p. 79). Esse procedimento será um dos assuntos do 
capítulo 4 deste manual.
Ainda sobre a coerência, autores como Koch e Travaglia (2008) fazem 
uso dos estudos do francês Michel Charolles, publicados no livro "Introdução 
aos problemas de coerência textual". O autor estabelece quatro princípios 
fundamentais, responsáveis pela coerência textual, os quais denominou de 
metarregras. São elas:
a) Metarregra da repetição: todo texto deve retomar alguns elementos com 
o objetivo de manter o sentido. Não se trata de repetir ideias, porque, 
nesse caso, teríamos um problema de coerência, mas a reiteração de traços 
linguísticos que permitam manter o foco no assunto tratado. Veja o pequeno 
texto que construímos para ilustrar essa metarregra:
O líder(1) tem um papel muito importante no rendimento de seus 
colaboradores(2). Cabe a ele(1) mantê-los(2) motivados, mediar conflitos, 
passar feedback de erros e acertos e, ainda, fazer com que estejam(2) 
engajados com as necessidades da empresa. Este papel não é fácil e requer 
constante atualização de conhecimento por parte de quem ocupa um cargo 
de liderança(1).
Perceba que, no intuito de manter o sentido da informação, o elemento 
(1), líder, é retomado ao longo do texto, não de forma excessiva, mas para 
manter o foco. O mesmo acontece com o item (2), colaboradores.
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 2 - OS FATORES DE TEXTUALIDADE
b) Metarregra de progressão: um texto coerente não apenas reitera ou retoma 
elementos ou ideias, também avança na exposição do assunto, traz novas 
ideias, novas informações à medida que vai se desenvolvendo. O texto 
que ilustra a metarregra da repetição também serve de exemplo para a 
metarregra de progressão. Note que ele vai agregando informações, dando 
sequência ao assunto abordado. Diferente do que acontece no exemplo 
que formulamos a seguir:
A empresa indicou, em seus relatórios, um lucro anual de 20% do valor 
de sua renda bruta. Ela indica que houve um superávit este ano. Apresentou 
que os lucros foram altos, ou seja, a empresa cresceu financeiramente.
Aqui não há qualquer progressão de informação ou ideias. Todos os 
períodos que compõem o parágrafo dão a mesma informação, utilizando 
apenas vocabulários diferentes. É evidente como a coerência textual fica 
comprometida quando há este tipo de procedimento textual.
c) Metarregra da não contradição: uso de argumentos, ideias, dados, 
compatíveis entre si. Um texto coerente não pode afirmar A e, na sequência, 
negar A, ele deve respeitar princípios lógicos elementares.
Antônio não gosta de ler. Ele fica muito feliz quando alguém lhe dá um 
livro.
Perceba que há uma contradição entre a primeira e a segunda informação. 
Se Antônio não gosta de ler, não pode ficar feliz quando ganha um livro. As 
ideias são opostas, a segunda negando a primeira. O Poema de um louco, 
anteriormente mencionado, também é um exemplo de como a contradição 
compromete o sentido textual. “Era meia-noite e o sol brilhava” são opostos, 
quando há um não há outro.
Vale lembrar que o poema, em virtude de sua natureza artística e o uso 
diferenciado da linguagem, permite que construções como a do “Poema 
de um louco” ocorram.
d) Metarregra da relação: “em um texto coerente, seu conteúdo deve estar 
adequado a um estado de coisas no mundo real ou em mundos possíveis” 
(ABREU, 2008, p. 43). As informações contidas em um texto não podem 
ferir o senso de realidade que cada indivíduo constrói. Observe:
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 2 - OS FATORES DE TEXTUALIDADE

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