Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PLANO DE AULA Professora: Samara Maia Andrade Queiroz e Francisco Jorge Gondim Curso/semestre: Educação Física – Licenciatura – 5º semestre Disciplina: Didática e Educação Física Tema: Teatro do oprimido e Identidade da Educação Física. Turma: Alunos da disciplina Didática e Educação Física Faixa etária/perfil acadêmico: Maiores de 17 anos graduandos em Educação Física. Data: 04/06/18 Horário: 18:30h Duração: 1hora e 30 min. OBJETIVOS: o Compreender, de forma preliminar, a história e o conceito do Teatro do Oprimido (T.O). o Discutir e construir, através do Teatro do oprimido possíveis respostas para 3 perguntas-problema: O que é Educação Física? Como quem não é da área, vê a Educação Física? Qual a Educação Física que eu quero? CONTEÚDOS o História do T.O A história do T.O se entrelaça com a história de seu autor, Augusto Boal. Nascido em 1931 e formado Dr. Em Engenharia Química e formado em teatro (ambos os títulos em Nova York), iniciando (de fato) sua carreira no teatro. Boal começa a expor seus anseios e críticas aos problemas sociais através da forma de Teatro jornal em 1956 com o teatro Arena, o qual assumiu após regressar dos Estados Unidos, discutindo os problemas sociais da época e assumindo o teatro como uma forma de transformação política e social. O T.O, propriamente dito, surgiu durante o exílio político de seu criador, nos anos de 1971 a 1975, que foi condenado por sua “resistência democrática” feita através da arte, mais especificamente na França e 1973 em uma oficina que ministrava, quando uma espectadora substituiu, voluntariamente, a protagonista e mostrou como a cena deveria ser feita. o Conceito e metodologia do T.O Teatro do Oprimido vem em sua essência como um “teatro para todos”, criticando assim o teatro aristotélico que trazia um distanciamento entre protagonista e espectador. Uma célebre frase de Boal é: “Qualquer pessoa pode fazer teatro, até mesmo os atores”. Expressando assim a sua ideia da Arte como meio de mudança social e política. Dizia também que: “ O Teatro do Oprimido, é um teatro das classes oprimidas e de todas os oprimidos, mesmo no interior das classes”. O criador do T.O acredita que liberando o indivíduo da condição de mero espectador ele poderá liberar-se também de outras opressões. T.O tem 2 principais objetivos: Transformar o espectador da posição de um ser passivo e depositário, em protagonista da ação dramática. Nunca se contentar em refletir sobre o passado, mas se preparar para o futuro Sua ideologia é pautada na ideia marxista, Boal considera o oprimido como o indivíduo em si, aquele que foi destituído do seu direito de fala. Boal sistematizou jogos e exercícios e fórmulas diferentes de criar e apresentar cenas, com isso faz-se o T.O um movimento teatral de prática cênico-pedagógica, destinado a mobilização do público, um teatro de resistência. Baseado nos problemas do cotidiano os próprios espect-atores construíam as cenas, liberando seu corpo através dos mais variados tipos de expressão, não se prendendo apenas a linguagem verbal, mas livre em todas suas possibilidades sensoriais. E isso é dado em quatro etapas: Conhecimento teatral do corpo (físico e social) Corpo expressivo (possibilidades que exploram a expressão corporal) Teatro como linguagem (exercícios teatrais) Teatro como Discurso (construção de cenas simples, com a intervenção do espectador. o T.O: política, pedagogia ou estética? Boal não considera T.O como unicamente teatro, ele considera como método estético que trabalha todo o tipo de arte, tendo suas raízes na ética e na política (com bases na teoria marxista) tornando-o indissociável desses três conceitos. Através do T.O o spect-ator (definição que rompe com o conceito de espectador que está apenas passivo e envolto na catarse da cena e passa a intervir na ficção, fazendo da mesma um ensaio para realidade) aprender a refletir sobre o seu protagonismo e suas ações no contexto real, tudo isso, através da cena. E por isso acontecer há uma estética específica, onde através dos jogos e da beleza que há nesse fenômeno, o spect-ator passa a conhecer e transformar a realidade. o Educação física e sua identidade. Esse momento é crítico-reflexivo, será extraído do conceito dos graduandos ao longo da aula através dos exercícios e reflexões estimuladas pelo T.O, visto que a psicologia social assume um conceito de identidade através de Dubar como: “...resultado do processo de socialização, que compreende o cruzamento dos processos relacionais (ou seja, o sujeito é analisado pelo outro dentro dos sistemas de ação nos quais os sujeitos estão inseridos) e biográficos (que tratam da história, habilidades e projetos da pessoa). Para ele, a identidade para si não se separa da identidade para o outro, pois a primeira é correlata à segunda: reconhece-se pelo olhar do outro”. (apud Faria e Souza, 2011, p.38) METODOLOGIA: o Exposição de conceitos - 15 min: Inicia-se a aula com a exposição da história, do conceito e da metodologia do T.O além de apresentação de manchetes e notícias relacionadas à Educação Física, com as 3 perguntas provocativas: O que é Educação Física? Como quem não é da área vê a Educação Física? Qual a Educação Física que eu quero? o Conhecimento teatral do corpo (físico e social) – 10 min » Atores dispõem-se lado a lado em duas filas, um de frente para o outro e começam a massagear o rosto do outro, primeiro em movimentos em cruz enérgicos, (passando pelas sobrancelhas, lateral do rosto, lados do nariz, bochechas até o queixo). Depois faz leves movimentos circulares respeitando a mesma trajetória. » Os atores farão um círculo com um deles ao centro, esse terá que deixar o corpo cair em qualquer direção e os que estão no círculo terão que fazê-lo “passear” por todo o círculo. » Agora em duplas os atores irão escolher quem será o condutor e quem será a marionete. Como se a marionete tivesse um fio ligado a suas articulações e pontas (pontas dos dedos, nariz, nádegas, umbigo), o condutor terá que movê-lo por esses fios e a marionete deverá responder apenas aos movimentos dos fios que são manipulados, pode ser manipulado apenas um fio de cada vez, ou vários ao mesmo tempo. o Corpo expressivo (possibilidades que exploram a expressão corporal) – 15 min *É de extrema importância que o professor atente os alunos para a percepção de cada toque, movimento, sentido, durante todas as atividades. A característica reflexiva do T.O deve estar presente em toda a aula. Além de que para que o espectador passe a ser ator o sujeito precisa estar completamente imerso na ação. É interessante sempre provocar relações com o contexto do grupo (nesse caso a Educação Física). » Os atores irão caminhar em uma velocidade que considerem ser a de número 1 por todo o espaço da sala, ao longo do tempo o professore irá modificando a velocidade da caminha sem ter, obrigatoriamente. Uma lógica específica, pode sair da velocidade 1 para a 2, ou não. O professor deve considerar a dinâmica da turma para definir de irá adotar a progressão lógica de velocidade ou não. » Agora os 3 atores (apontados pelo professor) deverão escolher individualmente a velocidade em que vão andar e todo o grupo deverá escolher 1 deles para harmonizar, sem combinações ou gestos que possam “pedir” que escolham um em detrimento de outro. Nesse jogo as velocidades escolhidas não podem se repetir. » Os atores repetirão a atividade anterior, agora com as articulações de joelhos e cotovelos rígidas, não podem fazer flexãodessas articulações. Nesse caso é interessante respeitar uma progressão e não colocar uma velocidade muito intensa para que não haja lesões por impacto demasiado nas articulações. Variações: Durante a atividade o professor irá aumentando a dificuldade com situações cotidianas, ex: Os alunos estão caminhando com as articulações rígidas e o professor dará o comando: agora pegue o seu casaco e vista ou pegue agulha e linha e passe a linha no buraco da agulha, ou pegue um copo e beba água. Etc. » Para estimular os aspectos sensoriais e aumentar mais ainda a dificuldade com o corpo, o professor pedirá que os alunos caminhem pela sala, no momento em que o grupo estiver mais distante da porta, o professor pedirá que todo fiquem parados em seus lugares, desligará a luz e dirá que eles só podem voltar a andar quando ele disser: GOKU. Eles voltaram a andar pela sala sem enxergar e o professor revelará outro comando: DRAGON BALL Z, quando o nome do desenho for dito pelo professor os atores terão que procurar a porta da sala. Dependendo do tempo disponível o professor pode acender as luzes antes dos atores chegarem à porta. o Teatro como linguagem (exercícios teatrais) – 15 min » Os atores farão duplas onde um será o escultor e outro o barro, o escultor deverá fazer uma escultura sempre relacionada ao curso. Barro não fala, não tem vontade própria, por isso só poderá se movimentar segundo o manuseio do escultor » Agora será escolhido um ator para ser o escultor e todos os outros serão o barro e o escultor será responsável por fazer uma imagem relacionada à Educação Física vivida por ele ou entendida como identidade do curso. *Caso o grupo seja muito grande pode-se dividi-lo e formar duas imagens com dois escultores. » Os atores voltarão duplas para dialogar, cada um pensará em uma situação vivida na Educação Física (pode ser boa, ruim, interessante, desinteressante) e terá que contar essa situação à sua dupla, porém a única palavra que poderão dizer é: BLÁ. o Teatro como Discurso (construção de cenas simples, com a intervenção do espectador. – 20 min » Improvisação: As histórias contadas na atividade anterior deverão ser modificadas (ou solucionadas) pelo grupo através da atividade do “troca”. O professor irá escolher um ator para publicizar sua história e esta será o ponto de partida da atividade. O ator escolherá outros para auxiliá-lo na execução da cena, estes iniciarão a interpretação e ao comando: TROCA (dado pelo professor) um dos atores que estão assistindo a cena deverão entrar na mesmo no lugar de outro ator a sua escolha e modificá-la. RECURSOS Datashow, som, notebook, folhas, canetas. AVALIAÇÃO – 15 min Somativa: Roda de conversa e relato escrito individualmente das respostas para as 3 perguntas problemas. REFERÊNCIAS BOAL, Augusto Pinto. 200 exercícios e jogos para o ator e o não-ator com vontade de dizer algo através do teatro . 4. ed. RIO DE JANEIRO: CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA, 1982. 123 p. Disponível em: <https://onedrive.live.com/?cid=B3CCC59F2F23DB64&id=B3CCC59F2F23DB64%21 764&parId=root&o=OneUp>. Acesso em: 25 maio 2018. BOAL, Augusto Pinto. Teatro do Oprimido e Outras Poéticas Políticas . 6. ed. RIO DE JANEIRO: CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA, 1991. 234 p. Disponível em: <https://artenocampo.files.wordpress.com/2013/09/teatro-do-oprimido-e-outras- poc3a9ticas-polc3adticas-1.pdf>. Acesso em: 01 jun. 2018. CANDA, Cilene. Pedagogia do jogo e aprendizagem do Teatro do Oprimido. Trapiche, educação,cultura & artes , Sergipe, n. 1, p. 16-34, jan. 2014. Disponível em: <https://seer.ufs.br/index.php/trapiche/article/view/1942>. Acesso em: 20 mai. 2018. FARIA, E.; SOUZA, V. L. T. Sobre o conceito de identidade: : apropriações em estudos sobre formação de professores. Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional , SÃO PAULO, v. 15, n. 1, p. 35-42, jan. [JUNHO]. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/pee/v15n1/04.pdf>. Acesso em: 01 jun. 2018. TEIXEIRA, Tânia Márcia Barauna. Dimensões sócio educativas do Teatro do Oprimido : Paulo Freire e Augusto Boal. 2007. 335 f. TESE (Doutorado em Educação e Sociedade)- Departamento de Pedagogia Sistemática e Social, Universidade Autônoma de Barcelona, Bellaterra, 2007. Disponível em: <https://seer.ufs.br/index.php/trapiche/article/view/1942>. Acesso em: 27 maio 2018.
Compartilhar