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Lajes Aula 4 Prof. Carlos Henrique 1 Lajes INTRODUÇÃO Na teoria das estruturas, consideram-se elementos de superfície aqueles em que uma dimensão, usualmente chamada espessura, é relativamente pequena em face das demais, podendo receber as seguintes denominações : - placas: elementos de superfície plana sujeitos principalmente a ações normais ao seu plano; - cascas: elementos de superfície não plana; e - chapas: elementos de superfície plana sujeitos principalmente a ações contidas em seu plano. As lajes maciças de concreto armado constituem estruturas laminares, tipo placa. 2 Lajes 14.7.2.2 Vãos efetivos de lajes ou placas Quando os apoios puderem ser considerados suficientemente rígidos quanto à translação vertical, o vão efetivo deve ser calculado pela seguinte expressão: lef = l0 + a1 + a2 Os valores de a1 e a2, em cada extremidade do vão, podem ser determinados pelos valores apropriados de ai definidos na Figura 14.5. Com onde: lef vão efetivo da laje; l0 distância entre faces de dois apoios (vigas) consecutivos; t comprimento do apoio paralelo ao vão da laje analisada; h espessura da laje. 3 Lajes 4 Conhecidos os vãos teóricos considera-se lx o menor vão, ly o maior e = ly /lx . De acordo com o valor de é usual a seguinte classificação: Lajes Classificação das Lajes As lajes maciças de concreto armado podem apresentar: − curvatura em uma só direção (Lajes armadas em uma só direção) − curvaturas em duas direções ortogonais (Lajes armadas em duas direções). Quando a laje apresenta curvatura em uma só direção, seu comportamento é idêntico ao de uma viga de larga base e pouca altura. As lajes com curvaturas em duas direções ortogonais têm comportamento de placa. 5 Lajes 6 Lajes Vinculação das lajes As lajes apresentam as seguintes condições de continuidade: • Apoio simples, onde a extremidade da laje é considerada rotulada, transmitindo à viga suporte somente cargas verticais (reação de apoio); • Apoio contínuo, onde duas lajes contíguas transmitem somente cargas verticais (reação de apoio) para a viga suporte; e • Borda livre, onde a extremidade da laje é considerada em balanço. Convenção. • A borda livre é representada por uma linha tracejada. • O apoio simples é representado por uma linha contínua. • O engaste é representado pela hachura. 7 Lajes Vinculação das lajes 8 Lajes Quando sobre um apoio comum, duas lajes contíguas apresentarem diferentes dimensões, considera-se o engaste no vão maior se este for igual ou superior a 2/3 do vão menor. 9 13.2.4.1 Lajes maciças Nas lajes maciças devem ser respeitados os seguintes limites mínimos para a espessura: a) 7 cm para cobertura não em balanço; b) 8 cm para lajes de piso não em balanço; c) 10 cm para lajes em balanço; d) 10 cm para lajes que suportem veículos de peso total menor ou igual a 30 kN; e) 12 cm para lajes que suportem veículos de peso total maior que 30 kN; No dimensionamento das lajes em balanço, os esforços solicitantes de cálculo a serem considerados devem ser multiplicados por um coeficiente adicional n, de acordo com o indicado na Tabela 13.2. 10 13.2.4.1 Lajes maciças ESTIMATIVA DA ALTURA DA LAJE Para o cálculo das lajes é necessário estimar inicialmente a sua altura útil. Existem vários e diferentes processos para essa estimativa, sendo um deles dado pela equação seguinte: d ≅ (2,5 − 0,1 n)l* onde: d = altura útil da laje (cm); n = número de bordas engastadas da laje; l* = dimensão da laje assumida da seguinte forma: 𝑙∗ ≤ 𝑙𝑥 0,7𝑙𝑦 com lx ≤ ly e l*, lx e ly em metro. Com a altura útil calculada fica simples determinar a altura h da laje: h = d + l/2 + c 11 Lajes Cargas Permanentes Piso O piso é o revestimento final na superfície superior da laje, assentado sobre a argamassa de regularização. Para a sua correta quantificação é necessário definir o tipo ou material do qual o piso é composto, o que normalmente é feito com auxílio do projeto arquitetônico, que define o tipo de piso de cada ambiente da construção. Os tipos mais comuns são os de madeira, de cerâmica, carpetes ou forrações, e de rochas, como granito e mármore. A Tabela 1 da NBR 6120/80 fornece os pesos específicos de diversos materiais, valores estes que auxiliam no cálculo da carga do piso por metro quadrado de área de laje. 12 Lajes Cargas Permanentes Contrapiso A camada de argamassa colocada logo acima do concreto da superfície superior das lajes recebe o nome de contrapiso ou argamassa de regularização. A sua função é de nivelar e diminuir a rugosidade da laje, preparando-a para receber o revestimento de piso final. A espessura do contrapiso deve ser cuidadosamente avaliada. Recomenda-se adotar espessura não inferior a 3 cm. A argamassa do contrapiso tem comumente o traço 1:3 (em volume), sendo considerado o peso específico (contr ) de 21 kN/m3. A ação permanente do contrapiso é função da espessura (e) do contrapiso: gcontr = contr . e = 21 . e (kN/m2); e = espessura do contrapiso (m). 13 Lajes Cargas Permanentes Peso Próprio O peso próprio da laje é o peso do concreto armado que forma a laje maciça. Para o peso específico do concreto armado (conc) a NBR 6118/2014 indica o valor de 25 kN/m3. O peso próprio para lajes com espessura constante é uniformemente distribuído na área da laje, e para um metro quadrado de laje pode ser calculado como: gpp = conc. h = 25 . H (kN/m2); h = altura da laje (m). 14 Lajes Cargas Permanentes Revestimento do Teto Na superfície inferior das lajes (teto do pavimento inferior) é padrão executar- se uma camada de revestimento de argamassa, sobreposta à camada fina de chapisco. Para essa argamassa, menos rica em cimento, pode-se considerar o peso específico (rev ) de 19 kN/m3. De modo geral, este revestimento tem pequena espessura, mas recomenda-se adotar espessura não inferior a 1,5 ou 2 cm. Para o revestimento de teto a ação permanente é: grev. teto = rev . e = 19 . e (kN/m2); e = espessura do revestimento (m). 15 Lajes Exercício: Determinar o carregamento em uma laje de edifício comercial. A laje terá de 10 cm de espessura, contra-piso (argamassa de cimento e areia) de 1 cm, acabamento superior com tacos e acabamento inferior com forro de gesso com 1 cm de espessura. 16 Lajes Cargas Permanentes Paredes A carga das paredes sobre as lajes maciças deve ser determinada em função da laje ser armada em uma ou em duas direções. É necessário conhecer o tipo de unidade de alvenaria (tijolo, bloco, etc.), que compõe a parede, ou o peso específico da parede, a espessura e a altura da parede, bem como a sua disposição e extensão sobre a laje. O peso específico da parede pode ser dado em função do peso total da parede, composta pela unidade de alvenaria e pelas argamassas de assentamento e de revestimento, ou pelos pesos específicos individuais dos materiais que a compõe. 17 Lajes Cargas Permanentes Laje Armada em Duas Direções Para as lajes armadas em duas direções considera-se simplificadamente a carga da parede uniformemente distribuída na área da laje, de forma que a carga é o peso total da parede dividido pela área da laje, isto é: com: alv = peso específico da unidade de alvenaria que compõe a parede (kN/m3); gpar = carga uniforme da parede (kN/m2); e = espessura total da parede (m); h = altura da parede (m); l = comprimento da parede sobre a laje (m); Alaje = área da laje (m2) = lx . ly Para blocos cerâmicos furados a NBR 6120/80 recomenda o peso específico (γalv) de 13 kN/m3 e para tijolos maciços cerâmicos 18 kN/m3. 18 Lajes CargasPermanentes Não se conhecendo o peso específico global da parede pode-se determinar a sua carga com os pesos específicos individuais da parede, calculando-se a carga da parede por metro quadrado de área: 19 O peso por unidade de área de uma parede rebocada em ambas as faces pode ser representado por: ppar = alv ealv + 2 arg earg Onde •γpar = peso específico da parede (kN/m2); •γalv = peso específico da unidade de alvenaria (kN/m3); •ealv = espessura da unidade de alvenaria que resulta na espessura da parede (m); Lajes Cargas Permanentes Para materiais componentes de parede, podem ser usados os seguintes valores: tijolo de furado.................................................................................. 12 kN/m³ tijolo de maciço ................................................................................. 16 kN/m³ reboco ................................................................................................ 20 kN/m³ A Tabela abaixo mostra alguns valores de peso de parede. Nela foi considerado reboco de 2,5 cm de espessura por face. 20 Tijolo (cm) Tijolo furado (kN/m²) Tijolo maciço (kN/m²) Parede (cm) Tijolo furado (kN/m²) Tijolo maciço (kN/m²) 10 1,2 1,6 15 2,2 2,6 12 1,44 1,92 17 2,44 2,92 15 1,8 2,4 20 2,8 3,4 20 2,4 3,2 25 3,4 4,2 Lajes Cargas Permanentes 21 onde: gpar carga uniformemente distribuída, devida à parede, por unidade de área, atuando em toda laje, geralmente em kN/m²; ppar peso da parede por unidade de área, geralmente em kN/m²; lpar largura da parede, em metro; hpar altura da parede, em metro; Lajes Cargas Permanentes Cargas de paredes em lajes armadas em uma só direção As cargas de paredes apoiadas em lajes de uma só curvatura se situam em duas condições: 22 • Paredes paralelas ao lado maior da laje; • Paredes paralelas ao lado menor da laje. A carga de parede paralela ao lado maior é considerada como uma carga linear uniformemente distribuída ao longo de sua largura, cujo valor é dado por: P = alv . e . h .1 P = alv . e . h com: P = força concentrada representativa da parede (kN); γalv = peso específico da parede (kN/m3); e = espessura da parede (m); h = altura da parede (m). Lajes Cargas Permanentes 23 • Paredes paralelas ao lado maior da laje; • Paredes paralelas ao lado menor da laje. A carga de parede paralela ao lado maior é considerada como uma carga linear uniformemente distribuída ao longo de sua largura, cujo valor é dado por: gpar = ppar × hpar Lajes Cargas Permanentes Exercícios Determinar a carga das paredes atuantes na laje abaixo representada. A altura das paredes corresponde a 2,7 m e são constituídas de tijolo furado de 10 cm, reboco de 1,5 cm em cada face. 24 Lajes Cargas Permanentes Exercícios Determinar a carga das paredes atuantes nas lajes abaixo representadas. A altura das paredes corresponde a 2,7 m e são constituídas de tijolo furado de 12 cm, reboco de 1,5 cm em cada face. 25 Lajes Cargas Variáveis A ação variável nas lajes é tratada pela NBR 6120/80 (item 2.2) como “carga acidental”. Na prática costumam chamar também de “sobrecarga”. A carga acidental é definida pela NBR 6120 como “toda aquela que pode atuar sobre a estrutura de edificações em função do seu uso (pessoas, móveis, materiais diversos, veículos, etc.). As cargas verticais que se consideram atuando nos pisos de edificações, além das que se aplicam em caráter especial, referem-se a carregamentos devidos a pessoas, móveis, utensílios materiais diversos e veículos, e são supostas uniformemente distribuídas, com os valores mínimos indicados na Tabela 2”. 26 Lajes Cargas Variáveis Parapeitos e balcões Ao longo dos parapeitos e balcões devem ser consideradas aplicadas, uma carga horizontal de 0,8 kN/m na altura do corrimão e uma carga vertical mínima de 2 kN/m (ABNT NBR 6120, item 2.2.15). 27 Lajes Cargas Variáveis Redução de cargas acidentais em pilares e fundações No cálculo dos pilares e das fundações de edifícios para escritórios, residências e casas comerciais não destinadas a depósitos, as cargas acidentais podem ser reduzidas de acordo com os valores indicados na Tabela abaixo (ABNT NBR 6120, item 2.2.1.8). 28 Lajes Determinação de esforços em lajes Para a determinação dos esforços em lajes maciças de concreto armado, duas simplificações são admitidas: • Existe uma separação virtual entre as lajes e as vigas que suportam o painel de lajes; • A reação de apoio das vigas suporte do painel de lajes se faz de forma uniformemente distribuída. Embora concretadas de forma monolítica, admite-se que as lajes e vigas sejam separadas virtualmente, de tal forma que possam ser projetadas individualmente. As vigas suporte das lajes são consideradas como apoios indeslocáveis. 29 Lajes Uma vez que as vigas suportes das lajes são consideradas como indeslocáveis, pode-se admitir que as reações de apoio existentes nas interfaces lajes/vigas sejam consideradas como uniformemente distribuídas 30 Lajes Reações de apoio Segundo a ABNT NBR 6118/07, item 14.7.6.1, as reações de apoio das lajes maciças retangulares com carga uniformemente distribuída, em cada apoio, são as correspondentes às cargas atuantes nos triângulos ou trapézios determinados por retas inclinadas, a partir dos vértices com os seguintes ângulos: - 45° entre dois apoios do mesmo tipo; - 60° a partir do apoio considerado engastado, se o outro for considerado simplesmente apoiado; e - 90° a partir do apoio, quando a borda vizinha for livre. 31 32 Lajes Para o calculo das reações de apoio, podemos nos basear em tabelas para determinação de quinhões de lajes isoladas com carga distribuída uniforme, como será visto a seguir; • Em Lajes armadas em duas direções, • Em Lajes armadas em uma direção, 33 Lajes Exercício: Determinar os esquemas de carregamento das vigas do painel abaixo representado. Determinar, também, os carregamentos nos pilares. Dados: - carga permanente atuante nas lajes (peso próprio incluído): 3,5 kN/m2; - carga acidental atuante nas lajes: 1,5 kN/m2; - paredes atuantes sobre as vigas de contorno (tijolo furado de 10 cm, reboco de 1,5 cm e 2,5 m de altura): 4,5 kN/m; e - peso próprio das vigas (20 cm x 50 cm): 2,5 kN/m. 34 Lajes Lajes isoladas A determinação dos esforços em lajes isoladas pode ser feita por processos aproximados. O processo a ser desenvolvido nesta disciplina será o de Czerny. As tabelas de CZERNY foram confeccionadas para varias condições de contorno e carga. Os momentos fletores são dados pelas seguintes expressões: 35 Lajes onde: lx menor vao; ly maior vao; mx momento fletor positivo na direção x; my momento fletor positivo na direção y; m’x momento fletor negativo (borda) na direção x; M'y momento fletor negativo (borda) na direção y; p carga uniformemente distribuída em toda laje; x coeficiente para definição do momento fletor positivo na direção x; y coeficiente para definição do momento fletor positivo na direção y; x coeficiente para definição do momento fletor negativo (borda) na direcao x; e y coeficiente para definição do momento fletor negativo (borda) na direção y. Se a carga uniformemente distribuída corresponder a um valor característico (pk = gk + qk) os momentos fletores resultarão característicos (mk). Se a carga corresponder a um valor de calculo (pd = g gk + q qk), os momentos fletores resultarão de calculo (md). 36 Lajes 37 Lajes 38 Lajes Determinar os momentos fletores de calculo atuantes no painel de lajesabaixo indicado. Considerar: • Estado limite ultimo, combinações ultimas normais (g = 1,4 e q = 1,4); • Carga permanente uniformemente distribuída (gk): 4 kN/m2: e • Carga acidental uniformemente distribuída (qk): 2 kN/m2. 39
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