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Viagens aos confins do Comunismo Theodore Dalrymple Resumo

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Viagens aos confins do Comunismo - Theodore Dalrymple
Prefácio: O livro discorrerá sobre como é a vida em países que ainda mantêm 
o regime comunista, mesmo depois da queda da URSS. Dalrymple, entre os 
anos de 1989 e 1990 viajou para alguns desses países, levando em conta que 
provavelmente seria a última oportunidade para conhecer a vida das pessoas 
que sofreram em mãos de ditadores que os tratavam como máquinas em 
função do Estado. Ele cita que foi a esses lugares com uma visão negativa do 
comunismo, mas argumenta que neutralidade não é uma condição necessária 
para o conhecimento da verdade. Em contraste com o regime do politicamente
correto vivenciado nas sociedades ocidentais contemporâneas, percebe 
semelhanças com o controle mantido pelo estado comunista nestes países que 
visitou.
Capítulo 1 - Albânia
O autor começa a análise com sua chegada ao aeroporto. As obras literais 
presentes no local estavam todas associadas ao regime comunista presente 
naquele local. Ao caminhar pelas ruas, percebeu a tristeza e pobreza nos 
modos do povo, pessoas andando com roupas simples e cabeças baixas, 
normalmente magros. Ao conversar com jovens do local, os mesmos os 
abordavam de forma simpática para que ele doasse sapatos ou relógios. Os 
visitantes da Albânia não tinham muita liberdade para conhecer o país, a 
maioria dos locais só podia ser acessado com a companhia de guias. Em 
poucas de suas andanças, pôde perceber que a cultura albanesa estava 
morrendo, tanto em qualidade quanto em quantidade. Boa parte dos passeios 
acompanhados pelos guias levava os turistas a museus. Estes contavam a 
história de Enver Hoxha, o líder comunista que venceu os nazistas (em 
nenhum dos escritos oficiais é citada a colaboração da URSS e dos EUA nessa
batalha) e se tornou o grande ditador do país por 40 anos. Sempre apresentado
como um herói nacional, Hoxha na verdade ajudou a afundar a economia do 
seu país e tirar toda a liberdade econômica e religiosa. Os únicos livros que 
eram realmente permitidos no país era a visão histórica do próprio ditador 
sobre a história. Ao conversar com algumas pessoas em um dos momentos 
livres da viagem, Dalrymple descobriu que toda a escassez de produtos e 
trabalho quase-forçado poderia ser tolerado, mas não o é por dois motivos: 
Saber que essencialmente nada irá mudar e ter que propagar mentiras sobre o 
regime. Os mesmos não podem fugir da Albânia pois a probabilidade de 
serem mortos na fronteira é altíssima, além das represálias que suas famílias e 
amigos sofreriam caso houvesse a tentativa. Ao passear por uma cidade com o
ar claramente comunista (cheio de fuligem) alguns garotos o abordaram e o 
convidaram para entrar numa igreja que estava fechada. Ao pular seus muros, 
o autor percebeu como a milenar cultura cristã era tratada como lixo por 
indivíduos que se consideravam donos da razão. Alguns dos moradores da 
Albânia defendiam o regime, dizendo que Hoxha era realmente um gênio em 
todas as áreas possíveis do conhecimento, muito provavelmente esses 
indivíduos eram aqueles pequenos grupos dentro do regime comunista que 
conseguem ser "mais iguais que os outros". Ao ir numa fábrica têxtil com 
frases escritas nas paredes de louvor ao líder, percebia no rosto das costureiras
a tristeza e a falta de vontade de trabalhar pelo regime. Logo antes de ir 
embora, Dalrymple ouviu histórias, contadas pelos próprios guias, de 
violência causada contra indivíduos que não eram a favor do regime 
comunista. Isso contrasta muito bem com os seus defensores ao redor do 
mundo: enquanto esses veneram os grandes líderes que promovem a igualdade
nessas nações, milhares querem fugir e não podem, querem criticar o regime e
são mortos por isso, querem ser humanos de verdade e no fim, acabam 
esquecendo como sê-lo.
Capítulo 2 - Coreia do Norte 
O autor foi convidado a participar de um evento para jovens comunistas que 
ocorreria na capital da Coreia do Norte. Obviamente ele não é um comunista, 
mas foi chamado por ter trabalhado numa ditadura durante sua juventude. 
Logo no caminho até Pyongyang, Dalrymple pôde perceber o ressentimento 
no comportamento e estilo dos seus colegas de viagem. Principalmente ao se 
sentirem tão "parte do partido" por serem bem tratados, diferente de como 
eram nos seus países de origem. O autor nota a organização do local, mas 
sente claramente a falta de vida do local, principalmente associada às grandes 
obras arquitetônicas, que servem claramente à megalomania do líder. Parte da 
filosofia coreana é baseada em juch, que é uma teoria aprovada pelo Líder. 
Ela não é diferente de uma autoajuda bem fraca. Essas ideias ridículas são 
promovidas e obrigatoriamente repetidas pelos coreanos ad nauseam. Devido 
a isso, o autor se comove com o depoimento de um coreano, que o diz que ler 
Shakespeare e Dickens são os únicos prazeres de sua vida. Num dos passeios, 
Dalrymple foi numa "loja de departamento" no centro da cidade, e 
estranhamente percebia os indivíduos entrando e saindo da loja, sem levar ou 
comprar nada. Estranhando isso começou a seguir as pessoas e percebeu que 
tudo que acontecia naquele lugar era uma encenação, provavelmente para 
enganar os visitantes de outros países. O autor diz que existem muitos 
significados importantíssimos para o entendimento do comunismo. Como por 
exemplo, a falta de liberdade que uma economia planificada causa, tirando o 
poder de escolha das pessoas, que é um fim por si só na experiência humana, 
os deixando robotizados e escravos do Estado. Chegou o momento do 
discurso do grande líder, num estádio com 150 mil pessoas. Todos os 
coreanos o tratavam como o maior popstar da história da humanidade. 
Curiosamente, o discurso foi monótono. Muitas apresentações robóticas foram
feitas, só corroborando a forma como indivíduos são tratados na Coreia do 
Norte: Como engrenagens. Durante parte deste evento, guatemaltecas 
apresentaram, em sua língua natal, questões pertinentes ao comunismo. 
Obviamente a maior parte dos coreanos presentes não fazia ideia do que 
estava sendo dito, quando possível conversavam entre si. Isto fez o autor 
lembrar de uma conversa que teve com médicos africanos ali presentes. Estes 
disseram que as coreanas com quem conversavam diziam que tinham ódio 
pelo regime, ou seja, tudo naquele estádio era uma grande armação ideológica.
As mesas redondas nesse evento eram um show de conversas que não se 
ligavam entre si. Depois de muito aborrecimento devido a essas reuniões, o 
autor descobriu que haveria uma reunião de militantes pela democracia. 
Porém, ao conversar sobre ela com um guarda coreano, este pediu 
encarecidamente a Dalrymple que não participasse, curiosamente o fez apenas
por amor ao regime. Em seguida, houveram saraus, onde poesias exaltando o 
Grande Líder e o regime foram feitas. Obviamente, este tipo de demonstração 
artística só poderia existir em locais totalmente controlados pelo governo, 
afinal de contas, ninguém consumiria um lixo estético como esse. Para 
finalizar, a deleção inglesa foi levada à casa de um coreano campeão mundial 
em algum tipo de luta. Ao chegarem, foram cercados por reportes da televisão
nacional. Estes queriam filmar a alegria dos visitantes ao estarem usufruindo 
das benesses do regime. Dalrymple, num último ato de rebeldia, ao ser 
perguntado se gostava de esportes, disse que odiava. Obviamente sua 
tradutora modificou suas palavras (mudar a história é algo recorrente neste 
regime). O autor foi obrigado a dançar com coreanas, ao passo que ficou 
realmente nervoso e desatou a rir, ao perceber o teatro de malucos que 
participava.
3 - Romênia
Ao chegar em Bucareste, novamente, Dalrymple deu de frente com pessoas 
sem muita liberdade individual. Sua guia parecia ser uma mulher inteligente, 
mas com muito medo do regime. No hotel, não tinha variedade alguma de 
comida. A televisão apenas passava informações sobre o regime, como aquantidade de comida colhida nas fazendas estatais. Muita informação, pouco 
alimento. Ao sair às ruas percebeu um dos poucos pontos positivos que é 
comum a todo regime comunista: Bastante segurança pública. As ruas 
seguiam a mesma ideia da arquitetura de regimes socialistas, onde grandes 
obras reduziam ainda mais o indivíduo em relação ao Estado. As indústrias 
que viu em sua visita por Bucareste tinham aquele ar claramente soviético, 
onde tinha muita fumaça por pouca produção. Em suas lojas centrais, não 
haviam vendas, apenas demonstração de produtos porcamente copiados de 
suas fontes ocidentais. Parte das obras públicas ainda estavam sendo 
construídas, e Dalrymple pôde perceber que eram construções faraônicas 
stricto sensu: Pessoas trabalham com tecnologia quase nula para construir 
obras gigantes com pouca utilidade. Ao visitar alguns romenos, sentiu o medo 
de um Estado policial o vigiando, tomou muito cuidado em despeitar qualquer
agente do governo para então seguir a seus colegas. Ao conversar com um 
economista, percebeu que não havia o básico da liberdade econômica presente
em países capitalistas, e o efeito escravizante que isso causava o enojava. Este
efeito o fez ter mais raiva de Ceaușescu, o ditador romeno que chamava seu 
regime de "Era da Luz" mesmo que nesse regime a luz elétrica fosse 
racionada. Dalrymple ouviu muitas críticas aos intelectuais romenos por não 
se organizarem contra o regime. Coincidentemente, durante o processo de 
escrever este capítulo sobre a Romênia, o ditador Ceaușescu foi deposto. O 
que deixou o autor muito feliz, pois seu regime era realmente humilhante. A 
propaganda nele era para destruir toda a estrutura psicológica interna dos 
homens e não propriamente promover o regime. Dalrymple tinha algumas 
teses sobre o governo desse ditador, como por exemplo, as carências que ele 
mesmo gerava não eram acidentais ao terror, mas um de seus instrumentos 
mais poderosos, isso ia ao encontro das "Teses sobre Feuerbach" que o ser 
social não era determinado por sua consciência, mas sua consciência era 
determinada por seu ser social, uma tese materialista mas que fazia muito 
sentido neste regime. Ao conhecer um intelectual romeno, ficou abismado 
com a escolha dele, de permanecer no país, para mostrar a seus alunos que era
possível lutar pela história romena. Ao se deparar com essa história, 
Dalrymple se dá conta que estava cometendo o mesmo erro que muitos 
intelectuais ocidentais cometem: Achar que a verdadeira vida a ser vivida e 
histórias a serem escritas se caracterizam apenas pelo sofrimento. Ele ouviu 
muito sobre a história dos judeus na Romênia, que teve toda sua população de 
1 milhão de judeus totalmente massacrada. Os 20 mil que sobraram viviam 
com medo, e com a possibilidade de serem totalmente esquecidos pelo 
regime. Por mais que este país tenha uma história triste com judeus, ele 
conheceu duas senhoras que recursivamente saiam de Israel com direção a 
Romênia, apenas pelo prazer de poder falar em sua língua natal. Dalrymple 
mostra como várias vezes a história foi reescrita na Romênia, como no caso 
deles dissera que começaram o estudo da insulina antes do Canadá. Neste caso
ela foi escrita e reescrita, porque o cientista autor dessa teoria foi contra ao 
regime por determinada parte de sua vida. Dalrymple também viu num dos 
museus dedicados ao ditador que americanos levaram bandeiras da Romênia 
para a Lua, apenas por gostarem de seu ditador. Ao tentar anotar algumas 
dessas histórias absurdas, o autor quase foi preso. Transportar qualquer tipo de
conhecimento, como exportar livros, da Romênia para o exterior era um crime
no regime comunista. Dalrymple se mostra incomodado com a arquitetura da 
Romênia, mas nada chega perto de sua crítica à espionagem, que é um erro em
si mesma, afinal, o desencontro de informações ou a repetição dela acaba por 
fazer inúteis seus esforços. Antes de sua volta à Inglaterra, o autor visitou 
mais algumas pessoas, entre elas foi à casa de um ginecologista amigo de um 
garoto, este por sua vez era filho de uma mulher importante para o partido. 
Nisto ele pôde observar como as pessoas se moldavam sob o poder do Estado.
Ao precisar de gasolina, uma breve conversa da mãe deste garoto com os 
frentistas fez a gasolina aparecer, o que não havia ocorrido sem a ação pontual
do estado nesse caso. Dalrymple nota que é errado de sua parte julgar as 
pessoas que moravam neste país, pois não eram apenas inconveniências que 
os faziam ser fieis ao estado. No caso deles era questão de vida ou morte. E 
para Dalrymple, que tanto criticava estes regimes, foi muito curioso aceitar de 
bom grado a ajuda dessa agente.
4 - Vietnã
Ao continuar suas viagens por países comunistas, Dalrymple chega ao Vietnã.
Que diferente dos outros países visitados, foi um país cheio de vida aos seus 
olhos. O povo claramente odiava os russos pois eram o símbolo da destruição 
econômica de seu país. Nada se observava do colonialismo francês neste país, 
os revoltosos destruíram boa parte dessa influência. Logo no princípio de sua 
viagem ele conhece Nguyen, um ex-subtenente do exército sul-vietnamita, 
que lutava junto com os EUA. Após o fim da guerra, ele foi levado a um 
campo de concentração para lavagens cerebrais, e agora trabalhava 
transportando as pessoas por carroças que ele mesmo carregava. Ao ir a um 
hospital, descobriu que as pessoas lá apenas tralhavam para membros do 
governo, e que mesmo sendo público, as pessoas normais tinham que pagar 
muito caro pelas consultas. Com esse grande impacto do governo comunista 
na economia, Dalrymple percebe que o mercado não é apenas um mecanismo 
econômico sem alma, mas sim um fenômeno espiritual, onde não há liberdade
sem ele. O autor contrasta em duas estrofes consecutivas as incoerências do 
sistema, apresentando o irmão do carroceiro que lia um livro sobre "O que não
ensinam sobre a escola de negócios de Harvard" mas no seguinte dizendo que 
as pessoas não podem usar mais que 20 litros de gasolina por mês, isso se 
forem membros do governo. Ao ir num museu de guerra, pôde observar fotos 
que eram usadas pelo regime para lembrar da guerra. O autor também entrou 
num dos tuneis feitos pelos soldados, estes tuneis eram extremamente 
pequenos e desconfortáveis, algo que o autor achou marcante. Em conversa 
com alguns soldados que restaram da guerra, eles diziam que acreditaram 
naquela guerra, pois os líderes sempre disseram que todos os problemas 
internos e externos se resolveriam se eles lutassem, mas hoje todos sabem que 
aquilo era mentira. O autor visitou uma tumba, dita como uma das mais belas. 
Ficou impressionado com o silêncio quase místico do lugar e pensou se seria 
possível esse tipo de prazer em qualquer outro lugar do mundo, com todos os 
seus turistas tomando sorvete, batendo fotos e fazendo barulho.
5 - Cuba
Em sua visita à ilha, o autor percebe como tudo se resume a Fidel Castro. Seus
discursos infinitos tanto na televisão estatal quando em reunião de cientistas, 
tema que o Líder Máximo não entende absolutamente nada. Dalrymple cita 
que a análise mais consciente do regime de Fidel é um meio termo entre as 
benesses e as coisas negativas que seus defensores e opositores falam. 
Realmente, o regime de Batista era deveras injusto com a população mais 
pobre. Mas Fidel não fica muito atrás, e além disso ele politizou qualquer ato 
social, até a menor ajudar num postinho de saúde é usada em prol da ditadura. 
Mortalidade infantil entre outras benesses melhoraram em toda a América 
Latina, mas é apenas em Cuba que isso se deve ao regime. Numa de suas 
andanças, observou que só era possível obter cerveja em Havana em 
casamentos e aniversários de 15 anos, era necessário entregar documentos e 
todo tipo de comprovação. Obviamente, burocratizar as coisas mais simples 
da vida acabava criando pessoas infantilizadas pelo sistema, afinal de contas 
elasperdiam seu orgulho ao serem humilhadas pela ditadura para conseguir 
coisas simples em qualquer outro país livre do mundo. Juntamente com Fidel, 
José Marti é endeusado na ilha. Ele é um poeta que apoiou o regime. Ele 
realmente não era muito fã dos EUA, mas sem dúvida não gostaria de ser 
usado como moeda de troca pela pobreza dos cubanos ultimamente. Seus 
conterrâneos os respeitam como um intelectual do passado, por mais que o 
governo tente santificá-lo, criando até mesmo feriados em suas datas 
especiais. Todo conhecimento era malcuidado na ilha, típico de um país que 
quer esquecer coisas boas anteriores ao regime. Em seguida, Dalrymple cita 
Che Guevara. Este é visto pelo autor como um arrogante, que mesmo tendo a 
coragem de sair da sua posição confortável na Argentina, queria um mundo 
aonde as pessoas fossem arrogantemente iguais a ele. Menosprezava todo tipo 
de prazer que não fosse aqueles que ele tinha. Dalrymple o compara, junto a 
Castro, a adolescentes que tiveram sucesso nas suas ideias. Dalrymple 
interagiu com algumas pessoas muito pobres e percebeu coisas interessantes. 
Em conversa com dois carpinteiros com bastante tempo ocioso, percebeu o 
pensamento crítico que eles tinham em relação a Cuba e aos EUA. Eles 
disseram que não gostavam do regime, mas que também não iriam aos EUA, 
não parecia um lugar intelectualmente bom, em suas palavras era um lugar 
violento e racista. O autor citou que sem dúvida não poderia ter uma conversa 
como essa com carpinteiros ingleses. O autor foi num salão de festas em 
Havana e percebeu que as pessoas lá tentavam enganar a si mesmas que 
estavam se sentindo confortáveis e felizes com o tratamento. Mas o local era 
horrível, a comida péssima e como nos outros países socialistas, os garçons 
tinham um poder descomunal à sua posição (provavelmente por estarem perto 
da comida). Após conversar com alguns camponeses, que eram vistos pelas 
organizações externas como defensores do governo de Castro, mas em 
conversa percebido o contrário, o autor conheceu um bêbado que, 
diferentemente do que estava acostumado, viu em Dalrymple uma antítese ao 
que sempre foi ensinado. Dalrymple não concordava que o cubano era mais 
livre que ele. Houve uma discussão que acabou em silêncio da parte do 
bêbado. Ainda na questão da liberdade, o autor discute que, quando Fidel diz 
que "não há presos políticos na ilha" ele está querendo dizer que com o 
crescimento do estado socialista, acabam-se os crimes políticos, pois a causa 
fundamental do crime político é a existência da exploração do homem pelo 
homem. De tal forma que todas as pessoas presas na ilha são, na verdade, 
prisioneiros contrarrevolucionários. Ao percorrer Cuba, o autor percebe que 
boa parte das conquistas está resumida a ganhos militares, que deram mais 
Estado às pessoas, ao mesmo tempo que menos sabão e manteiga. Nas 
palavras de alguns estudantes cubanos, a Revolução deu fim à estrutura 
burguesa de ensino, onde apenas os filhos dos ricos poderiam ter educação. 
Essa educação os faria destruir toda a estrutura anterior. Isso significa destruir 
coisas maravilhosas como toda ciência e arte anterior a eles. O sonho de todo 
revolucionário adolescente. Em conversa com uma correspondente que 
morava em Cuba, percebeu os contorcionismos mentais. Um exemplo foi o 
envio de soldados às guerras africanas, onde a maioria era de negros. Isso 
poderia ser um exemplo de racismo ocorrido em Cuba, coisa que o regime 
sempre negou que existisse. Os próprios soldados diziam para a 
correspondente que essa escolha só acontecia porque a maioria dos 
convocados ao exército eram negros. No fim, o autor se compara a cubanos 
que foram a outros países fazer um estudo de uma cultura tão diferente da 
deles. Eles citavam simples vendas de rua como se fossem crimes. Essa 
"realidade que eles não entendiam" seria a mesma forma que Dalrymple 
olhava para Cuba? Ele discute se situações que ele citava como consequências
péssimas do regime (lojas vazias, prédios decadentes, filas, domínio de 
milhões de pessoas apenas por uma, falta de comida) seriam apenas um erro 
de sua própria visão.

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