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Psicopatologia e Transtornos Mentais

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1 
C E N T R O U N I V E R S I T Á R I O A R A R A Q U A R A 
 
 
 
 
 
P S I C O P A T O L O G I A 
 
Curso de Graduação em Psicologia 
 
 
 
Prof. Fábio de Carvalho Mastroianni 
 
 2 
 
PARTE I - CONCEITOS BÁSICOS 3 
Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais 3 
Doença Mental x Normalidade 4 
O Diagnóstico em Psicopatologia 4 
A Avaliação em Psicopatologia 5 
A Entrevista com o Paciente 5 
As Funções Psíquicas 6 
PARTE II - AS FUNÇÕES PSÍQUICAS E SUAS ALTERAÇÕES 7 
A Consciência e Suas Alterações 7 
A Atenção e Suas Alterações 9 
A Orientação e suas Alterações 11 
A Sensopercepção e suas Alterações 12 
A Memória e suas Alterações 16 
O Pensamento e suas Alterações 20 
O Juízo e suas Alterações 24 
A Afetividade e suas Alterações 27 
A Vontade, a Psicomotricidade e suas Alterações 30 
A Linguagem e suas Alterações 33 
Funções Psíquicas Compostas 36 
Consciência do Eu 36 
PARTE III – AS GRANDES SÍNDROMES PSIQUIÁTRICAS 39 
Esquizofrenia e outros Transtornos Psicóticos 39 
Transtornos do Humor (Afetivos) 48 
Transtornos de Ansiedade 54 
Transtornos Relacionados À Substâncias 63 
Transtornos Alimentares 68 
Transtornos Não–Orgânicos Do Sono 75 
Transtornos Sexuais, de Identidade de Gênero e Parafilias 82 
Transtornos de Personalidade 91 
Transtornos Somatoformes 100 
Transtorno Factício 102 
Transtornos Orgânicos 103 
BIBLIOGRAFIA: 106 
 
 
 
 
 
 
 
 3 
PARTE I - CONCEITOS BÁSICOS 
 
 
Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais 
 
- Semiologia médica – estudo dos sinais e sintomas das doenças, que permite ao 
profissional ordenar os fenômenos observados, formular diagnósticos e empre-
ender terapêuticas 
 Semiologia – ciência dos signos 
 - seu elemento nuclear é o signo 
Signo – é um tipo de sinal, qualquer estímulo emitido pelo objeto 
estudado, p.ex.: 
febre  signo/sinal  de uma infecção (reação orgânica) 
fala rápida e fluente  signo/sinal  síndrome maníaca 
(reação biopsicossocial) 
 
Em psicopatologia, sinais são os comportamentos objetivos, verificáveis pela 
observação direta do paciente (objeto do estudo) 
 Signos - sinais comportamentais objetivos 
Sintomas - vivências subjetivas relatadas, comunicadas pelo paciente, ou 
então: 
 (sintomas objetivos)  aquilo que é observado pelo examinador 
(sintomas subjetivos)  aquilo que é percebido apenas pelo pa-
ciente - relatado 
Semiotécnica – processo específico (procedimento) de observação e co-
leta de sinais e sintomas e sua correspondente interpretação 
Síndromes – conjunto, agrupamentos relativamente constantes e estáveis 
de determinados sinais e sintomas – descrição momentânea ≠ doença 
específica 
 
- Psicopatologia – conjunto de conhecimentos referentes ao adoecimento mental 
do ser humano, é a ciência que trata da natureza essencial do transtorno mental 
- A psicopatologia tem parte de suas raízes na tradição médica e outra na 
tradição humanística (filosofia, artes, psicanálise, psicologia) contudo, 
- é uma ciência autônoma, não é um prolongamento da Neuro-
logia nem da Psicologia 
- é uma ciência básica que serve de auxilio a outras práticas – 
psiquiatria 
- sendo ciência, é diferente de dogma, pois não julga moralmen-
te o objeto 
- e por ser ciência, possui seus limites, pois não se pode com-
preender ou explicar tudo o que existe em um homem por meio 
de conceitos psicopatológicos 
- A psicopatologia é tida, portanto, como: uma das abordagens possíveis 
de se compreender o homem mentalmente doente, mas não a única e 
exclusiva 
- Forma e conteúdo dos sintomas – os sintomas possuem dois aspectos básicos: 
 
Forma  estrutura básica, semelhante a todos os indivíduos / p.ex: delírio / ansi-
edade 
 
 4 
Conteúdo  aquilo que preenche essa estrutura (pessoal) / p.ex: conteúdo de 
culpa, perseguição 
 - está ligada a história de vida do paciente, sua cultura e personalidade 
 p.ex: delírio de ciúmes, de perseguição 
 
 
Transtorno Mental x Normalidade 
 
- O conceito de normalidade em psicopatologia impõe a análise do contexto soci-
ocultural 
- Existem diversos critérios de normalidade e anormalidade em psicopato-
logia, dependendo para a adoção destes a opção filosófica, ideológica e 
pragmática de cada profissional 
Critérios de normalidade 
 - ausência de doença  definição negativa 
 - normal é não ser 
 - ideal  utópico – depende dos critérios socioculturais 
 - estatística  frequência – curva de Gauss 
 - bem-estar  definição subjetiva – utópica 
- funcionalidade x disfuncionalidade 
- egossintônico x egodistônico 
- provoca sofrimento para o indivíduo e para o seu grupo 
social 
- como processo  de acordo com determinadas etapas do de-
senvolvimento 
 - subjetiva – percepção do próprio indivíduo sobre si mesmo 
 - normalidade operacional  definida a priori 
 
 
O Diagnóstico em Psicopatologia 
 
- Qual é o valor ou a importância de um diagnóstico psicopatológico ? 
Sem valor, serve apenas para “rotu-
lar” as pessoas “diferentes”, 
“excêntricas” 
 
X 
Auxilia a prática, a compreensão e à 
definição de estratégias terapêuticas 
 
- O psicodiagnóstico: são construtos/idéias que servem para conhecer o obje-
to/paciente 
 - diferente da realidade do paciente 
- O psicodiagnóstico se baseia nos dados clínicos 
– sinais e sintomas avaliados no momento da entrevista 
- constitui-se em: 
 - dados clínicos momentâneos (exame psíquico) 
- dados clínicos evolutivos (anamnese, história pregressa do 
transtorno) 
 - deve-se, portanto, ser pluridimensional 
 
 5 
 
O DSM-IV / DSM-IV R utiliza o diagnóstico pluridimensional baseado num siste-
ma multiaxial: 
 
Eixo 1 Diagnóstico do Transtorno Mental 
Eixo 2 Diagnóstico de personalidade e do nível de inteligência 
Eixo 3 Diagnóstico de transtornos somáticos associados 
Eixo 4 Problemas psicossociais e eventos da vida desencadeantes ou 
associados 
Eixo 5 Avaliação Global do Nível de funcionamento Psicossocial (AGF) 
 
Exemplo clínico: Eixo 1 – Síndrome de dependência de álcool 
 Eixo 2 – Personalidade histriônica 
 Eixo 3 – Cirrose hepática alcoólica 
Eixo 4 – estressores psicossociais – desemprego contí-
nuo, dependência financeira, abandono familiar 
Eixo 5 – Funcionamento adaptativo atual avaliado em 25, 
grave dependência dos serviços clínico e social 
 
 
 
A Avaliação em Psicopatologia 
 
- A entrevista e a observação são os principais instrumentos de conhecimento 
- A entrevista permite a avaliação de 2 aspectos: 
Anamnese – aspecto evolutivo, histórico dos sintomas e sinais, antece-
dentes pessoais, familiares e do meio social 
Exame psíquico – aspectos momentâneos ou atuais – exame do estado 
mental atual 
 
Componentes da avaliação psicopatológica 
 - avaliação física (psiquiatra x clínico geral) 
- avaliação neurológica – visa identificar topograficamente uma possível 
lesão ou disfunção no sistema nervoso central e/ou periférico 
 - psicodiagnóstico – testes de personalidade, screening, entre outros 
- Exames complementares (exames laboratoriais, neuroimagem, SPECT) 
 
 
A Entrevista com o Paciente 
 
- a habilidade está no “como” perguntar, no “quando” falar e no “evitar” falas ou 
comportamentos 
 - relação empática 
- dependendo da situação o profissional vai falar muito ou pouco 
 
 6 
- De modo geral, deve-se evitar: 
 - posturas rígidas, estereotipadas 
 - atitude neutra ou fria excessivas 
 - reações exageradamente emotivas – falsas intimidades 
 - comentários valorativos ou julgamentos morais 
 - pena/ compaixão 
 - hostilidade 
 - fala prolixa ou demasiadamente complexa – saber interromper 
 - anotações – observar se estas incomodam o paciente 
A primeira entrevista 
- o primeiro contato deve produzir no paciente uma sensação de confian-
ça e alívio do sofrimento 
 - deve-se facilitar a fala do paciente (desabafar) 
- garantir sigilo e colaboração mútua 
- evitar pausas e silêncios prolongados 
- Informações de parentes e terceiros podem ajudar a compreender melhor o 
quadro; assim como outros profissionais que já tiveram contato com o paciente 
- Dissimulação x simulação 
 
 
 
As Funções Psíquicas 
 
- O estudo das funções psíquicas, embora realizado de forma isolada, é apenas 
uma forma didática e útil para um estudo aprofundado e detalhado 
- dessa forma, a separação das funções deve ser considerada apenas 
em termos práticos e não como modo de se compreender um indivíduo 
em sua totalidade 
- não existem funções psíquicas isoladas 
 - é a pessoa inteira que adoece e não uma função 
 
- São consideradas as funções psíquicas: 
 - Consciência 
 - Atenção 
 - Orientação 
 - Memória 
 - Sensopercepção 
 - Pensamento 
 - Juízo 
 - Vontade e psicomotricidade 
 - Afetividade 
 - Linguagem 
 - Funções compostas: - consciência e valoração do eu 
 - personalidade 
 - inteligência 
 
 7 
PARTE II - AS FUNÇÕES PSÍQUICAS E SUAS ALTERAÇÕES 
 
 
 
A Consciência e suas Alterações 
 
- Consciência significa com conhecimento / com ciência 
- Do ponto de vista neuropsicológico, a consciência é o estado de estar 
desperto, acordado, vigil, lúcido 
- Do ponto de vista psicológico, a consciência é: 
- a dimensão subjetiva da atividade psíquica do sujeito que se 
volta para a realidade 
- a capacidade do indivíduo de entrar em contato com a realida-
de, perceber e conhecer seus objetos 
- Dentro desse processo, destacam-se duas formas de orientação da 
consciência: 
- consciência do eu – conhecimento que temos de existirmos co-
mo individualidade distinta das demais coisas do mundo 
- consciência dos objetos – conhecimento dos objetos que ocu-
pam o campo da consciência 
- A consciência não constitui algo imóvel, estático, mas sim em constante movi-
mento, que ao se voltar para a realidade demarca um campo 
– campo da consciência 
 
 
 
Alterações normais da consciência – processos fisiológicos 
- Complementar ao estado de “plena consciência”, ou seja, o estado vigil, existe o 
sono que juntos formam o ciclo sono-vigília 
O SONO 
- O sono é um estado de consciência que pode ser dividido em 
5 estágios: 
 - Sono REM (movimento rápido dos olhos) ou sono paradoxal 
- ocupa de 20-25% do sono total, nele ocorre a maior par-
te dos sonhos em forma de histórias 
 
- Sono não-REM (movimento não-rápido dos olhos) que pode ser 
divido em 4 estágios 
Estágio 1 - representa uma transição da vigília para o so-
no e ocupa cerca de 5% do tempo gasto dormindo, em 
adultos saudáveis 
Estágio 2 - caracterizado por formatos de ondas de EEG 
específicos (fusos de sono e complexos K), ocupa cerca 
de 50% do tempo de sono 
CS 
Sistema psíquico 
Realidade ICS 
 
 8 
Estágio 3 e 4 - também conhecidos coletivamente como 
sono de ondas lentas, são os níveis mais profundos de 
sono e ocupam cerca de 10-20% do tempo de sono 
 
 
 
- O sono REM ocorre ciclicamente durante a noite, alternando-se com 
sono NREM a cada 80-100 minutos, aproximadamente 
 
 
Alterações “anormais” da consciência – processos psicopatológicos 
- As alterações podem ocorrer de forma quantitativa, ou seja, há um rebaixamen-
to do nível de consciência do estado vigil (consciência) ao estado de não-
consciência 
Obnubilação da Consciência – há uma turvação da consciência, um re-
baixamento de leve a moderado do nível de consciência: 
- há dificuldade de integrar as informações oriundas do ambiente, 
certa confusão 
- diminuição do grau de clareza do sensório, com lentidão da 
compreensão e dificuldade de concentração 
 
Sopor – é um estado marcante de turvação da consciência, o paciente 
pode ser apenas despertado por estímulo energético, sobretudo de natu-
reza dolorosa 
- há um rebaixamento de moderado a grave do nível de 
consciência 
- paciente apresenta-se evidentemente sonolento, com reações 
de defesa, mas sem ação espontânea 
 
Coma – é o grau mais profundo de rebaixamento da consciência, não é 
possível qualquer atividade voluntária consciente – ausência de qualquer 
indício de atividade consciente 
O rebaixamento do nível de consciência pode ser observado em quadros tais 
como o Delirium (enquadram-se aqui as alterações tais como o estado onírico 
como a amência ou confusão mental) 
 
- As alterações podem ocorrer também de forma qualitativa, contudo, há quase 
sempre um rebaixamento do nível de consciência nessas alterações, ainda que 
mínimo, entre elas: 
 
 
 9 
Estados Crepusculares – ocorre estreitamento transitório da consciên-
cia, com a conservação da atividade motora mais ou menos organizada 
- O paciente pode executar uma série de atos coordenados e 
com certa finalidade, embora inconscientes 
- andar sem destino, enfrentar situações complexas como 
o sistema de transportes de uma grande cidade, fazer 
longas viagens 
- surgem e desaparecem de forma abrupta e tem uma duração 
variável de poucas horas a algumas semanas, acompanhado de 
amnésia em relação às vivências 
- podem ocorrer atos explosivos, violência e descontrole 
emocional 
 
Dissociação da Consciência (estados segundos) – há uma fragmenta-
ção ou divisão no campo da consciência, ocorrendo perda da unidade 
psíquica comum do ser humano 
- ocorre em situações de grande ansiedade, como forma de lidar, 
de se defender da ansiedade 
- uma forma de se desligar da realidade 
- as crises normalmente duram de minutos a horas 
- ocorrem com certa frequência nos quadros de histeria, sua ma-
nifestação mais frequente é o sonambulismo 
 
Transe – dissociação da consciência que se assemelha a um sonho 
acordado, mas dele difere pela presença motora automática e estereoti-
pada acompanhada de suspensão parcial dos movimentos voluntários 
- ocorrem em contextos religioso-culturais, porém, não se deve 
confundir o transe religioso com o transe histérico. 
 
Estado hipnótico – é um estado de consciência semelhante ao transe, 
no qual a sugestionabilidade do indivíduo está aumentada – atenção no 
hipnotizador 
 
 
A Atenção e suas Alterações 
 
- A atenção é a direção da consciência, o estado de concentração da atividade 
mental sobre determinado objeto: 
 
 
 
Tipos de atenção 
Voluntária – que exprime concentração ativa e intencional sobre 
um objeto; 
Espontânea – atenção suscitada pelo interesse momentâneo, incidental 
que o objeto desperta. 
 
CS Objeto ICS 
 
 10 
Direção da atenção 
Externa – projetada para fora do mundo subjetivo do sujeito. 
Interna – que se volta para os processos mentais, introspectiva, reflexiva. 
 
Amplitude da atenção 
Focal – que se mantém concentrada sobre um determinado campo. 
Dispersa – que não se concentra em um determinado campo, 
espalhando-se. 
 
Propriedades da atenção 
Tenacidade – capacidade de fixar a atenção sobre determinada 
área ou objeto 
Atenção sustentada – capacidade de manter a atenção sobre 
determinado objeto 
Vigilância – capacidade que permite o indivíduo mudar o seu foco de um 
objeto para outro 
Atenção seletiva – capacidade de selecionar estímulos e objetos 
específicos 
 
Atenção flutuante – consiste em deixar fluir livremente a ativida-
de mental,consciente e inconsciente, suspendendo ao máximo 
as motivações, desejos e memórias 
 
 
Alterações da atenção 
 
Hipoprosexia 
- há uma perda básica da capacidade de concentração e da atenção em 
todos os seus aspectos, com fadigabilidade aumentada, dificultando a 
percepção e a compreensão dos estímulos ambientais 
 
Hiperprosexia 
- é um estado de atenção exacerbada, há aumento quantitativo da aten-
ção, uma superatividade da atenção espontânea 
 
Distração 
- não se trata de um déficit de atenção, mas sim a uma superconcentra-
ção sobre determinados conteúdos e inibição dos demais 
 
 tenacidade  vigilância 
 
Distraibilidade 
- é o contrário da distração, é a dificuldade ou incapacidade de se fixar ou 
se manter em qualquer coisa que implique esforço produtivo, a atenção é 
muito facilmente desviada 
 
 tenacidade  vigilância 
 
 
 11 
A Orientação e suas Alterações 
 
- A consciência é a 1ª função psíquica a ser avaliada e a orientação é a melhor 
forma de avaliá-la 
- É a capacidade de se situar quanto a si mesmo e ao ambiente 
- Obviamente a orientação não é uma função autônoma e depende de 
outras funções, principalmente a memória e a sensopercepção. 
- A orientação em relação a si próprio, denomina-se autopsíquica 
- À capacidade de se orientar em relação ao mundo, ou seja, quanto ao tempo e 
ao espaço, denomina-se alopsíquica 
- O processo de desorientação ocorre primeiramente em relação ao tem-
po, apenas com o agravamento da desorientação é que esta se dá em re-
lação ao espaço e por último em relação a si mesmo: 
 
Tempo  Espaço  Si mesmo 
 
Alterações da orientação 
 
a) Desorientação por redução do nível de consciência 
- também conhecida como desorientação toporosa ou confusa – é aquela 
em que o indivíduo está desorientado por turvação da consciência, per-
dendo a capacidade de integrar os estímulos ambientais 
 
 
 
b) Desorientação por déficit de memória 
- também conhecida como desorientação amnéstica – é quando o indiví-
duo perde a capacidade de fixar as informações, perdendo a noção do 
fluir do tempo e do deslocamento do espaço 
 
c) Desorientação Demencial 
- ocorre não apenas pela perda da memória de fixação, mas pela perda e 
desorganização global das funções cognitivas – ocorre em quadros de-
menciais 
 
d) Desorientação Oligofrênica 
- ocorre em indivíduos com graves déficits intelectuais, por dificuldade em 
compreender o ambiente, de reconhecer e interpretar as normas sociais 
(calendário, horas, datas) 
 
e) Desorientação Apática ou abúlica 
- ocorrem devido a uma marcante alteração do humor e da volição – em 
indivíduos gravemente deprimidos, a falta de interesse e motivação de in-
vestir energia no mundo e se ater aos estímulos ambientais os tornam 
desorientados 
 
f) Desorientação Delirante 
- ocorre em indivíduos que estão imersos em um profundo estado deliran-
te – é comum a dupla orientação, na qual a orientação delirante (falsa) 
coexiste com a correta (real) 
 
 
 
 12 
g) Desorientação Histérica 
- ocorre em quadros histéricos graves, geralmente acompanhados de al-
terações da identidade pessoal 
 
h) Desorientação por desagregação 
- ocorre em pacientes psicóticos, geralmente esquizofrênicos em 
estado crônico 
 
 
A Sensopercepção e suas Alterações 
 
- É uma função importante na relação do indivíduo com o mundo interno e exter-
no (ambiente) 
- Sensação – é o fenômeno gerado por estímulos físicos (luz, som, calor, pres-
são), químicos (substâncias com sabor ou odor) ou biológicos variados, origina-
dos fora ou dentro do organismo, que produzem alterações nos órgãos recepto-
res, estimulando-os 
- Percepção – é um processo neuropsicológico de transformação de estímulos 
puramente sensoriais em fenômenos perceptivos conscientes – é a tomada de 
conhecimento sensorial de objetos ou de fatos exteriores mais ou 
menos complexos 
 - enquanto a sensação é um fenômeno passivo, a percepção é ativa 
- a percepção é a construção de um percepto pelo sistema nervoso e pe-
la mente do sujeito que dá significado a uma experiência a partir da sín-
tese dos estímulos sensoriais, confrontados com experiências passadas 
registradas na memória associadas ao contexto sociocultural em que o 
indivíduo se insere 
- a percepção, portanto, não é o resultado passivo do conjunto de estímu-
los sensoriais, mas sim recriações da mente de quem as percebe 
 
Imagem X Representação 
 
- O elemento básico da sensopercepção é a imagem perceptiva real ou 
imagem apenas 
- a imagem se caracteriza por: nitidez, corporeidade, estabilidade, extro-
jeção, ininfluenciabilidade voluntária e completude 
- Representação (imagem representativa ou mnêmica) é a re-apresentação da 
imagem na consciência, sem a presença real, externa do objeto 
- a representação se caracteriza por: pouca nitidez, pouca corporeidade, 
instabilidade, introjeção, e incompletude 
- Quando a evocação da representação é feita de forma bastante precisa e muito 
semelhante à percepção real, denominamos de imagem eidética (eidetismo) 
- Denominamos de pareidolias o fenômeno de perceber imagens visuais volunta-
riamente a partir de estímulos imprecisos 
– p.ex.: ver objetos formados pelas nuvens 
- A imaginação, portanto, seria uma atividade psíquica voluntária que consiste na 
evocação de imagens mnêmicas (percebidas no passado) ou na criação de no-
vas imagens (imagem criada) 
- a fantasia é um produto minimamente organizado da 
imaginação 
 
 
 13 
Alterações da sensopercepção 
 
- podemos dividir as alterações em quantitativas e qualitativas 
Quantitativas 
a) hiperestesia 
- é a condição na qual as percepções se encontram anormalmente au-
mentadas em sua intensidade ou duração 
- ocorre principalmente em intoxicações por LSD ou após inges-
tão de maconha, cocaína, entre outras 
- já a hiperpatia é o aumento de uma sensação desagradável, como a 
sensação de uma queimação dolorosa provocada por um leve estímulo 
da pele 
 
b) hipoestesia 
- é a condição na qual as percepções se encontram anormalmente dimi-
nuídas em sua intensidade ou duração 
- ocorrem principalmente em indivíduo depressivos que podem 
perceber o mundo circundante como mais escuro, sem brilho, 
com cores pálidas, coisas sem sabores ou sem odores 
 
c) anestesias táteis e analgesias 
- as anestesias táteis implicam na perda da sensação tátil em determina-
da área da pele 
- já a analgesia se refere à perda das sensações dolorosas de áreas da 
pele e partes do corpo 
- são denominadas de parestesias sensações táteis desagradá-
veis, embora não sentidas como dor, descritas como “formiga-
mentos, adormecimentos, picadas, agulhadas ou queimação” 
 
Qualitativas 
a) Ilusões 
- é a percepção deformada de um objeto real e presente 
- sempre há um objeto externo real, mas a percepção é adulterada por 
fatores diversos 
- basicamente ocorrem nas seguintes condições 
- estado de rebaixamento do nível de consciência 
- estado de fadiga grave ou inatenção marcante 
- em alguns estados afetivos devido a sua intensidade – ilusões 
catatímicas 
- as ilusões mais comuns são as visuais e as auditivas 
 
 
b) Alucinações 
- é a percepção clara e definida de um objeto, sem que este esteja pre-
sente, sem o estímulo sensorial respectivo 
- são mais comuns em pessoas com transtornos mentais graves, mas 
podem ocorrer em pessoas que não os apresente 
 
 
 
 
 14 
Tipos de alucinação 
 
I - Auditivas 
- são as mais comuns nos transtornos mentais 
- Dividem-se em simples e complexas-simples  são ouvidos apenas ruídos primários (cliques, burbu-
rinhos, zumbidos) 
- complexas  as mais comuns são as audioverbais, na qual o 
indivíduo escuta vozes sem qualquer estímulo real 
- geralmente as vozes o insultam ou o ameaçam 
- Sonorização do pensamento – vivência sensorial de ouvir o 
pensamento 
- eco do pensamento – o paciente reconhece claramen-
te que está ouvindo os próprios pensamentos 
- sonorização de pensamentos como vivência aluci-
natório-delirante – o paciente ouve pensamentos que fo-
ram introduzidos em sua cabeça por alguém estranho, 
sendo agora ouvidos por ele 
- publicação do pensamento – paciente tem a nítida 
sensação de que as pessoas ouvem o que ela pensa no 
exato momento em que está pensando 
 
II - Visuais 
- Dividem-se em simples e complexas 
-simples  também denominadas de fotopsias, onde o indivíduo 
vê cores, bolas e pontos brilhantes 
- complexas  incluem figuras de pessoas, partes do corpo, enti-
dades, objetos inanimados, animais entre outros 
- podem incluir a visão de uma cena completa – alucina-
ções cenográficas 
- estas podem aparecer com personagens minúsculos en-
tre objetos reais – alucinações liliputianas 
- sempre que as alucinações ocorrerem em pessoas idosas, es-
tado físico geral ruim, em intoxicações/abstinência de álcool ou 
drogas deve-se aventar a possibilidade de causa orgânica 
 
III - Táteis 
- o paciente sente espetadas, insetos ou pequenos animais cor-
rendo sobre sua pele 
- são frequentes alucinações táteis sentidas nos genitais 
 
IV – Olfativas e Gustativas 
- geralmente são raras, acompanhadas de forte conteúdo emoci-
onal, podendo estar relacionadas a interpretações delirantes 
- sinto cheiro de veneno de rato na comida, pois estão 
tentando me envenenar 
- sinto gosto de ácido na comida, pois estão tentando 
me matar 
 
 
 15 
V – Alucinações cenestésicas e cinestésicas 
- cenestésicas – sensações incomuns e claramente anormais em 
diferentes partes do corpo – p.ex.: sentir o cérebro diminuir, o fí-
gado despedaçar, uma víbora dentro do abdômen 
- cinestésicas – sensações alteradas de movimento do corpo 
– p.ex.: sentir o corpo afundando, o braço se elevando 
 
VI – Alucinações funcionais (em função de) 
- diferentes da ilusão em que apenas há a deformação de um ob-
jeto real e presente, nestas o objeto real e presente (estímulo re-
al) apenas desencadeiam a alucinação 
– p.ex.: o paciente começa a ouvir vozes assim que o 
chuveiro ou a torneira da pia são abertos 
 
VII – Alucinações combinadas (sinestesias) 
- são experiências alucinatórias com várias modalidades sensori-
ais (visão, tato, audição...) 
– p.ex.: o paciente vê uma pessoa que fala com ele e que 
o toca 
 
VIII – Alucinações extracampinas 
- são alucinações experimentadas fora do campo senso-
perceptivo usual 
– p.ex.: o paciente vê um objeto atrás de suas costas ou 
atrás de uma parede 
 
IX – Alucinação autoscópica 
- nessas o indivíduo vê a si mesmo, fora do próprio corpo con-
templando a si mesmo 
– fenômeno do duplo 
 
X – Alucinações hipnagógicas e hipnopômpicas 
- hipnagógicas – se manifestam no momento em que o indivíduo 
está adormecendo 
- hipnopômpicas – ocorrem na fase em que o indivíduo está 
despertando 
 
c) Alucinose 
- é o fenômeno pelo qual o indivíduo percebe tal alucinação como estra-
nha à sua pessoa 
- são acompanhadas de críticas pelo sujeito, reconhecendo seu 
caráter patológico 
 - diferente da alucinação, falta a crença nessa alucinação 
 - é egodistônica, enquanto a alucinação é egossintônica 
 
d) Pseudo-alucinação 
- embora se pareça com a alucinação, dela se difere por não apresentar 
aspectos vivos e corpóreos de uma imagem perceptiva real 
 - parece uma voz .... é como se fosse uma imagem .... 
 - diferente da alucinação, falta a crença nessa alucinação 
 
 16 
 - é egodistônica, enquanto a alucinação é egossintônica 
 
 
A Memória e suas Alterações 
 
- É a capacidade de registrar, manter e evocar os fatos já ocorridos, relaciona-se 
intimamente com a consciência, atenção e o interesse afetivo 
- é uma atividade altamente diferenciada do sistema nervoso, que permite 
ao indivíduo registrar, conservar e evocar a qualquer momento os dados 
aprendidos de uma experiência 
- A memória é composta de 3 fases ou elementos básicos 
 - fase de percepção, registro e fixação 
 - fase de retenção e conservação 
- fase de reprodução e evocação 
- Para a formação das unidades de memória a região do hipocampo (sistema 
límbico) é fundamental 
- O processo de memorização está relacionado a diversos fatores psicológicos 
 Fixação 
- do nível de consciência e do estado geral do organismo 
 - da capacidade de manutenção da atenção (tenacidade) 
 - da senso percepção preservada 
- do interesse e colorido emocional relacionado ao conteúdo (afe-
tividade) 
 - do empenho e interesse do indivíduo em aprender (vontade) 
- do conhecimento anterior e da capacidade de compreensão do 
conteúdo 
 - da disposição temporal das repetições 
 - dos canais sensoperceptivos envolvidos (multicanais) 
 
 Conservação 
- da repetição e da associação com outros elementos 
 
 Evocação 
- é a capacidade de recuperar e atualizar os dados fixados, o es-
quecimento seria a incapacidade de realizar essa função, poden-
do se dar por: 
 - fatores fisiológicos – por desinteresse ou desuso 
 - fatores psicológicos 
- por repressão – ficam estocados no sistema 
pré-consciente 
- por recalque – ficam estocados no sistema in-
consciente 
 
- O processo de memorização se divide em 3 fases: 
a) memória imediata ou de curtíssimo prazo: capacidade de reter o 
material imediatamente após ser percebido. Depende de fatores como a 
concentração, a fadigabilidade e de certo treino – capacidade limitada 
 
 17 
b) memória recente ou de curto prazo: capacidade de reter a informa-
ção por um período curto de tempo – de poucos minutos até meia ou uma 
hora – capacidade limitada 
c) memória remota ou de longo prazo: é a capacidade de evocação de 
informações e acontecimentos ocorridos no passado, meses ou anos – 
sua capacidade é bem mais ampla que as anteriores 
 
- Em caso de esquecimentos ou perda de memória, a regressão mnêmica costu-
ma seguir uma lei, conhecida como lei de Ribot: 
 
“a perda dos conteúdos mnêmicos tende a ocorrer na ordem e 
no sentido inverso em que foram adquiridos” 
 
- do mais recente  para o mais antigo 
- do mais complexo  para o mais simples 
- dos mais estranhos  para os mais familiares 
 
Tipos de memória 
A) Memória Explícita ou Declarativa 
- há um processo consciente e voluntário, 
p. ex.: evocar fatos ocorridos ou conhecimentos adquiridos 
 Memória episódica – recordação consciente de fatos reais 
p. ex.: Ontem almocei com o meu amigo em um restaurante 
chinês 
Memória semântica – recordação dos significados, inclui o conhecimento 
dos objetos 
 Ontem = dia anterior a hoje 
Amigo = pessoa que gostamos e que confidenciamos intimidade 
Restaurante chinês = local especializado na culinária chinesa 
 
 
B) Memória Implícita ou Não-declarativa 
- é uma memória automática ou reflexa, não depende de fatores consci-
entes e voluntários 
- manifesta-se em ações motoras e em atividades que não podem 
ser expressas por palavras 
 p. ex.: caminhar, andar de bicicleta, datilografar 
 
 
C) Memória de trabalho (operante ou executiva) 
- refere-se a um conjunto amplo de habilidades cognitivas que permitem 
que informações novas e antigas sejam mantidas ativas a fim de serem 
manipuladas- é utilizada no exercício de tarefas específicas 
p. ex.: seguir a orientação de um endereço, memorizar o número 
de um telefone e depois discar 
 
 
 
 
 18 
Alterações patológicas da memória 
 - as alterações podem ser divididas em quantitativas e qualitativas 
 
Quantitativas 
a) Hipermnésia 
- mais do que uma alteração, é a aceleração do processo de evocação 
 - diferente de hipertrofia da memória 
 - ocorrem em episódios de visão panorâmica da vida - ecmnésia 
 
b) Hipomnésia ou amnésias 
- é a perda da capacidade de fixar ou manter ou evocar antigos conteú-
dos mnêmicos 
 - as amnésias podem ter dois tipos de origem: 
 Amnésia psicogênica: há perdas de elementos mnêmicos que tem um va-
lor psicológico específico (valor simbólico, afetivo) 
 - tal conteúdo pode ser recuperado por um estado hipnótico 
 
Amnésia orgânica: há perdas de elementos mnêmicos relacionados há 
acidentes e doenças 
 - de maneira geral segue a lei de Ribot 
 
Tipos de Amnésia 
 Amnésia anterógrada: o indivíduo não consegue mais fixar elementos 
mnêmicos a partir o momento em que ocorreu o dano/trauma (psicológico 
ou orgânico) 
 
Amnésia retrógrada: o indivíduo perde a memória para fatos ocorridos an-
tes dano/trauma 
 
Amnésia retroanterógrada: há déficits para o que ocorreu antes e depois 
do dano/trauma 
 
 
 
Amnésia retroanterógrada: há déficits para o que ocorreu antes e depois 
do dano/trauma 
 
 
 
Qualitativas 
- nesses tipos de alteração há uma deformação do processo de evocação 
 
a) Ilusões mnêmicas 
- há um acréscimo de elementos falsos há um núcleo verdadeiro de 
memória 
- a lembrança adquire um caráter fictício 
 
Dano/Trauma retrógrada anterógrada 
retroanterógrada 
 
 19 
b) Alucinações mnêmicas 
- são verdadeiras criações imaginativas, o conteúdo não corresponde a 
nenhum acontecimento de fato ocorrido 
- as alucinações, junto com as ilusões mnêmicas constituem ma-
terial básico para a formação dos delírios 
 
c) Fabulações 
- as fabulações ou confabulações, são invenções, produtos da imagina-
ção utilizados para cobrir vazios de memória 
 - não intenção de mentir ou de enganar 
- podem ser induzidas, direcionadas pelo examinador, diferentes, 
portanto, das anteriores, onde o indivíduo está “convencido” de 
sua existência 
 
d) Criptomnésia 
- é o falseamento da memória, onde determinados conteúdos surgem 
como fatos novos 
- o indivíduo vivencia e conta histórias fortemente conhecidas 
como se fossem suas 
- é um processo que pode ocorrer em alguns episódios 
de plágio 
 
e) Ecmnésia 
- é a revivescência intensa, abreviada e panorâmica de uma recordação 
- o indivíduo revive uma lembrança de forma intensa e 
condensada 
 - fenômeno da visão panorâmica da vida 
 
f) Lembrança obsessiva 
- é o surgimento espontâneo de imagens mnêmicas passadas, que não 
podem ser repelidas conscientemente 
- ocorre nitidamente em pacientes com transtorno obsessivo 
compulsivo 
 
 
Transtornos do Reconhecimento 
- Reconhecimento é a capacidade de identificar o conteúdo mnêmico co-
mo lembrança e diferenciá-la da imaginação e de representações atuais 
- algumas alterações do reconhecimento podem ocorrer em estado de fa-
diga e não são patológicas, como: 
 
Fenômeno do já visto (Déjàvu): o indivíduo tem a nítida impressão de 
que está vendo, ouvindo, pensando ou vivenciando no momento algo que 
já foi experimentado no passado 
Fenômeno do jamais visto: o indivíduo apesar de já ter passado por de-
terminada experiência, tem a nítida sensação de que nunca a viu, ouviu, 
pensou ou viveu 
- Contudo, tais alterações podem estar associadas a alguns transtornos 
mentais 
 
 
 20 
 - Os transtornos do reconhecimento dividem-se em dois grandes grupos: 
 - agnosias - de origem essencialmente cerebral 
- transtornos do reconhecimento associados aos transtornos 
mentais – sem base orgânica definida 
Agnosias 
- são déficits do reconhecimento de estímulos sensoriais, objetos e 
fenômenos 
- não podem ser explicados por déficits sensoriais, transtornos da lingua-
gem ou perdas cognitivas globais 
 
Agnosias táteis: ocorrem uma incapacidade de reconhecer as formas do 
objeto colocado nas mãos (astereognosia) ou há capacidade de reconhe-
cer formas, mas incapacidade de reconhecimento global de tal objeto 
- na primeira não há reconhecimento das formas, na segunda o 
paciente consegue descrever como o objeto é, mas não sabe 
qual objeto é apresentado 
 
Agnosias visuais: incapacidade de reconhecer os objetos visualmente, o 
paciente os vê, descreve como são, mas não sabe o que são 
 
Agnosias auditivas: incapacidade de reconhecer sons: não linguísticos 
(agnosia auditiva seletiva) ou sons linguísticos (agnosia verbal) 
 
 
 
 
Transtornos do reconhecimento associados aos transtornos mentais 
- As síndromes descritas a seguir podem ser consideradas tanto como transtor-
nos do reconhecimento como quadros delirantes ou transtornos da consciência 
do eu 
 
Falso desconhecimento: o paciente não reconhece pessoas familiares 
ou muito próximas, dizendo jamais tê-los visto anteriormente 
 
Falso reconhecimento: também conhecida como síndrome de Frégoli, 
onde o indivíduo identifica falsamente uma pessoa estranha como se fos-
se alguém de seu círculo pessoal 
Síndrome de Capgras: o paciente diz que a pessoa que o visitou dizen-
do ser seu familiar é na verdade um sósia dessa pessoa, uma falsa cópia 
 
Síndrome do duplo subjetivo: o paciente acredita que outra pessoa 
transformou-se fisicamente a ponto de tornar-se idêntica a ela própria 
 
 
O Pensamento e suas Alterações 
 
- Tem como função selecionar e orientar os dados do conhecimento, tendo como 
objetivo alcançar uma integração significativa 
- O pensamento é um tipo de comportamento encoberto, mas que pode ser ex-
presso e, portanto, observado através da linguagem 
- O pensamento se constitui através de elementos sensoriais, que oferecem 
substrato para o processo de pensar: imagens perceptivas e as representações 
 
 21 
- Os elementos que constituem o pensamento são: o conceito, o juízo e o raci-
ocínio 
 
Conceitos: 
- se formam a partir das representações, porém, não apresentam elemen-
tos de sensorial idade, não sendo possível contemplá-lo, nem imaginá-lo 
- trata-se de um elemento cognitivo, intelectivo – não é possível ouvi-lo ou 
senti-lo 
- é o elemento estrutural básico, nele se exprimem apenas os caracteres 
essenciais dos objetos e dos fenômenos 
 - eliminação dos caracteres de sensorialidade 
 - generalização – é válido para todos 
- p.ex: tente descrever qual é a função, significado e como é um determi-
nado objeto, sem representá-lo 
 
 
Juízos: 
- é o processo que conduz ao estabelecimento de relações significativas 
entre os conceitos básicos – relação entre dois conceitos 
 
Conceito (1) = cadeira; Conceito (2) = utilidade 
Juízo = a cadeira é útil 
 
- linguisticamente, conceitos se expressam por palavras e juízos por fra-
ses ou proposições 
 
Conceito (1) = mãe; Conceito (2) = bebê 
Juízo (1) = a mãe cuida do bebê 
Conceito (3) = cuidar de; Conceito (2) = bebê 
Juízo (2) = os cuidados favorecem o desenvolvimento do bebê 
 
Raciocínio: 
- é o processo que conduz ao estabelecimento de relações significativas 
entre os conceitos e entre juízos – conceitos formam juízos, juízos con-
duzem a formação de novos juízos que formam o raciocínio 
 
Conceito (1) = mãe; Conceito (2) = bebê 
Juízo (1) = a mãe cuida do bebê 
Conceito (3) = cuidar de; Conceito (2)= bebê 
Juízo (2) = os cuidados favorecem o desenvolvimento do bebê 
Raciocínio = Os cuidados maternos favorecem o desenvolvimento 
do bebê 
 
Alterações dos Elementos do Pensar 
- Em relação aos conceitos podemos ter: 
 
Desintegração dos conceitos: quando os conceitos perdem seu signifi-
cado original – a idéia de determinado objeto e a palavra que normalmen-
te a designa passam a não mais coincidir 
Ateu = a teu comando = comandado de Deus 
 
 22 
 
Condensação dos conceitos: ocorre quando dois ou mais conceitos são 
fundidos em uma só idéia – formação de neologismos 
 
- Em relação aos juízos podemos ter: 
 
Juízo de realidade ou delírio: serão posteriormente estudados de forma 
detalhada devido a sua importância no estudo das psicopatologias 
 
- Em relação ao raciocínio / pensamento podemos ter: 
 
Pensamento mágico: fere frontalmente os princípios da lógica formal e 
da realidade – segue os desígnios dos desejos, das fantasias adequando 
a realidade ao pensamento, ou seja, faz uma associação puramente sub-
jetiva de fatos objetivos 
 
Pensamento dereístico: uma forma de pensamento mágico que se opõe 
marcadamente ao pensamento realista – o pensamento obedece a lógica 
e a realidade naquilo em que interessa ao sujeito, distorcendo a realidade 
para adaptá-la aos seus anseios - mitomania 
 
Pensamento concreto (concretismo): não ocorre a distinção entre a 
dimensão abstrata e simbólica e a dimensão concreta imediata dos fatos 
– não se consegue utilizar metáforas – leva-se ao pé da letra sem enten-
der o que essa metáfora significa 
 
Pensamento inibido: ocorre a inibição do raciocínio, com diminuição da 
velocidade, tornando o pensamento lento e pouco produtivo 
 
Pensamento vago: a concatenação de conceitos e juízos em raciocínio é 
feita de forma imprecisa – há falta de clareza e precisão do raciocínio 
 
Pensamento prolixo: dá-se longas voltas ao redor do tema, com dificul-
dade em obter uma construção direta, clara e acabada, falta capacidade 
de síntese – nunca se chega ao ponto central / roda-se em cima do 
mesmo tema – eventualmente conclui o raciocínio 
 
Pensamento deficitário (oligofrênico): é um pensamento de estrutura 
pobre e rudimentar, os conceitos são escassos e utilizados de forma mais 
concreta do que abstrata 
 
Pensamento confusional: devido a turvação da consciência, apresenta-
se um pensamento incoerente, que impede o indivíduo de apreender de 
forma clara e precisa os estímulos ambientais e processar o seu 
raciocínio 
 
Pensamento desagregado: pensamento radicalmente incoerente, os 
conceitos e os juízos não se articulam – mistura aleatória de palavras 
sem sentido – salada de palavras (jargonofasia – esquizofazia) 
 
Pensamento obsessivo: predominam idéias ou representações que 
apesar de absurdas ou repulsivas se impõem à consciência do indivíduo 
de modo persistente e incontrolável 
 
 
 
 
 
 23 
O Processo do pensar 
- No processo do pensar distinguem-se três aspectos: o curso, a forma e o con-
teúdo 
 
Curso – é o modo como o pensamento flui, a sua velocidade e o seu rit-
mo ao longo do tempo 
Forma – é a estrutura básica, sua “arquitetura”, preenchida pelos mais 
diversos conteúdos – é o modo como o pensamento se “mostra” 
– formato 
Conteúdo – é aquilo que dá substância ao pensamento, os seus temas 
predominantes, o assunto em si 
 
Alterações do curso 
 
Aceleração do pensamento: o pensamento flui de forma muito acelera-
da, uma idéia se sucedendo à outra rapidamente 
 
Lentificação do pensamento: o pensamento progride lentamente de 
forma dificultosa – há certa latência entre as perguntas e as respostas 
 
Bloqueio ou interceptação do pensamento: quando ao relatar algo, o 
paciente de forma brusca e repentina interrompe seu pensamento ao 
relatar algo 
 
Roubo do pensamento: frequentemente associado ao bloqueio do pen-
samento, porém o paciente tem a nítida sensação de que seu pensamen-
to foi roubado de sua mente por uma força ou ente estranho, ou objeto 
(antena, máquina) – é uma vivência de influência 
 
Alterações da forma 
 
Fuga de idéias: é secundária a aceleração do pensamento, onde as 
idéias se seguem de forma extremamente rápida perturbando as associ-
ações lógicas 
 
Dissociação do pensamento: os pensamentos passam a não seguir 
uma sequência lógica e bem organizada – os juízos não se articulam de 
forma coerente uns com os outros – há uma desorganização do 
pensamento 
 
Afrouxamento das associações – Descarrilamento do pensamento e 
Desagregação do pensamento: em ordem crescente de gravidade 
constituem-se em perdas dos enlaces associativos e da coerência do 
pensamento – o sujeito vai se perdendo em sua forma de pensar até 
chegar a uma desagregação 
 
Conteúdo do pensamento 
- Não se fala em alterações, mas existem temas que preenchem os sin-
tomas psicopatológicos: 
 - persecutórios 
 - depreciativos 
 - religiosos 
 - sexuais 
 
 24 
 - de poder, riqueza, prestígio ou grandeza 
 - de ruína ou culpa 
 - conteúdos hipocondríacos 
 
 
O Juízo e suas Alterações 
 
- Trata-se de um elemento do pensamento 
- Ajuizar quer dizer julgar, portanto todo juízo implica em um julgamento 
- Os juízos podem ser falseados por inúmeras formas, sendo ou não patológico 
 - entre os não patológicos destacam-se os erros simples 
 - entre os patológicos destacam-se as idéias prevalentes e os delírios 
 
Erros simples (não-patológico) 
- se origina da ignorância, do julgar apressado e com base em premissas 
falsas 
- p.ex.: pensar que o sol gira em torno da terra, se me cair um 
dente, um conhecido meu irá morrer 
- os erros são passíveis de serem corrigidos pela experiência, pelas pro-
vas e pelos dados que a realidade oferece 
- são psicologicamente compreensíveis devido à ignorância ou por situa-
ções afetivas intensas 
Preconceitos: são juízos a priori, baseados em falsas premissas e 
que geralmente visam atender os interesses de determinados 
grupos sociais em relação a um grupo 
 - p.ex.: racismo, classismo, sexismo 
 
Crenças culturais e superstições: são juízos compartilhados por 
determinado grupo cultural (religioso, político, étnico). As supers-
tições geralmente são motivadas por fatores afetivos (desejos, 
temores) 
- p.ex.: não comer determinados alimentos em algumas 
religiões / não passar em baixo de escadas, trevo de qua-
tro folhas etc... 
 
A) Idéias prevalentes ou sobrevaloradas (alteração patológica) 
- por conta da importância afetiva (catatimia) adquirem predominância 
enorme sobre os demais pensamentos, conservando-se obstinadamente 
em sua mente 
- diferem das idéias obsessivas, pois são egossintônica – aceitas pelo in-
divíduo que se identifica com elas 
 
Idéias obsessivas (muito insight)  idéias prevalentes 
 delírios (pouco insight) 
 
- p.ex.: uma mãe que se preocupa excessivamente com um filho 
quando este sai, acreditando que ele sempre está em perigo 
 
 25 
- p.ex.: um amante inseguro que não pára de pensar se sua ama-
da realmente o ama , buscando em cada detalhe provas contra 
esse amor 
 
- as idéias prevalentes possuem algumas características importantes: 
- são sustentadas com grande convicção, porém menos que 
no delírio 
- é compreensível a partir das experiências passadas de um indi-
víduo e de sua personalidade 
- causa sofrimento ou disfunção no sujeito e naqueles com quem 
ele convive 
- pode eventualmente progredir para um delírio verdadeiro 
- o paciente não busca ajuda por conta dessas idéias 
- assemelha-se a convicções religiosas oupolíticas apaixonadas 
 
B) O Delírio (alteração patológica) 
- as idéias delirantes ou delírio são juízos patologicamente falsos – é 
um erro do ajuizar que tem origem na doença mental 
- Não é a falsidade do conteúdo da crença que caracteriza o delírio, mas 
sobretudo a justificativa para a crença e o tipo de evidência que lhe asse-
gura que as coisas são assim 
- os delírios possuem 4 (quatro) características importantes: 
I – convicção extraordinária – uma certeza subjetiva pratica-
mente absoluta 
II – impossível modificação pela experiência – o delírio é irre-
movível 
III – o seu conteúdo é impossível – aspecto mas frágil para ava-
liação 
IV – é associal – geralmente se trata da produção de um ó ho-
mem, ao delirar, o sujeito se desgarra de seu universo cultural, 
social 
- Contudo, os delírios podem ocorrer em mais de uma 
pessoa – delírios compartilhados ou loucura a dois 
- isso ode ocorrer através do contato entre um sujeito re-
almente psicótico ou com transtorno delirante, que ao in-
teragir intimamente com uma pessoa influenciável ou com 
personalidade dependente acaba por gerar o delírio nes-
sa ou nessas pessoas 
 
Delírio primário 
 (idéias delirantes) 
x 
Delírio secundário 
(idéias deliróides) 
- é psicologicamente incompre-
ensível, impenetrável 
 
- Deriva de condições psicologi-
camente compreensíveis 
- origina-se de uma alteração 
primária do pensamento 
 
- estão ligados a alterações de 
outras funções 
 
- A temática delirante está relacionada a um tipo de alteração do humor, 
denominado humor delirante – período pré-delirante 
- nesse período o paciente experimenta aflição e ansiedade in-
tensas, como se algo terrível fosse acontecer, mas ele não sabe 
muito bem o que é 
 
 26 
- o humor delirante cessa quando o sujeito configura o delírio, ou 
seja, o delírio surge como uma revelação inexplicável do que está 
acontecendo 
- p.ex.: Ah, agora eu sei, entendi tudo, aquelas pessoas 
estão querendo me matar, estão fazendo um complô con-
tra mim 
- muitas vezes o indivíduo se acalma – dúvida x certeza / ansie-
dade x delírio 
- Deve-se pensar no delírio como uma construção, um processo de ten-
tativa de reorganização do funcionamento mental – um esforço para li-
dar com a desorganização que a doença de fundo lhe traz 
 
C) Percepção Delirante (alteração patológica) 
- Neste tipo, o delírio surge a partir de uma percepção normal, que imedi-
atamente recebe significação delirante 
- p.ex.: um sujeito entra em um recinto com pessoas vestidas com 
trajes de cor preta (uma percepção real) e imediatamente enten-
de que aquilo significa que estão tramando contra a sua pessoa 
- é vivenciada como uma revelação, uma descoberta abrupta que o leva a 
entender tudo o que se passa 
 
Alguns tipos de Delírios 
 
De perseguição (persecutório): o sujeito acredita que é vítima de um 
complô e está sendo perseguido por pessoas conhecidas ou desconheci-
das – é o tema mais frequente 
 
De referência (auto-referência): o sujeito apresenta a tendência domi-
nante a experimentar fatos cotidianos, fortuitos como referentes à sua 
pessoa – se alvo frequente e constante de referências depreciativas, ca-
luniosas – geralmente ocorre associado à perseguição 
 
De influência ou controle: o sujeito vivencia intensamente o fato de es-
tar sendo controlado, comandado ou influenciado por pessoa ou entidade 
externa – algo/alguém controla seus sentimentos, suas funções corporais 
– também contém um conteúdo persecutório 
 
De grandeza, poder: o sujeito acredita ser extremamente especial, dota-
do de capacidades e poderes, ter um destino espetacular – pensa que 
pode tudo, tem poderes e conhecimentos superiores ou especiais – qua-
dros maníacos 
 
Místico ou religioso: o sujeito afirma ser ou receber mensagens de que 
é o novo messias, um Deus, um Jesus, um santo poderoso ou até 
um demônio 
- não se deve confundir esse tipo de delírio com fanatismo religio-
so, fé religiosa 
 
De ciúmes, de infidelidade: o sujeito percebe-se traído pelo cônjuge de 
forma vil e cruel, que o outro tem centenas de amantes – normalmente o 
indivíduo é extremamente dependente do ser amado – é difícil diferenciar 
de idéia prevalente 
 
 
 27 
Erótico ou Erotomania: o sujeito afirma que uma pessoa de destaque 
social ou de grande importância para o paciente está totalmente apaixo-
nada por ele 
 
 
De conteúdo depressivo: intimamente relacionados a estados depressivos 
 
De ruína: o sujeito vive um repleto de desgraças, está condenado à misé-
ria, o futuro lhe reserva a ele e a sua família apenas sofrimentos e fracas-
sos – pode chegar a creditar que está morto ou que todos estão mortos 
 
De culpa e de auto-acusação: o sujeito afirma sem base real, ser culpa-
do por tudo de ruim que acontece no mundo e na vida das pessoas que o 
cercam – ser pessoa indigna, pecaminosa e que deve ser punida 
 
Negação de órgãos: relata que o seu corpo está destruído ou morto 
 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
 
Idéias prevalentes x idéias delirantes: as idéias delirantes são 
marcadas por: 
- convicção extraordinária, certeza subjetiva praticamente 
absoluta 
- impossibilidade de modificação da idéia pela experiência 
- caráter associal, não compartilhado pelo grupo cultural do 
sujeito 
 
Idéias obsessivas x idéias delirantes: 
- nas idéias obsessivas, o sujeito sofre com elas, tem crítica em 
relação a seu caráter absurdo - egodistônica 
- na idéias delirantes falta de modo geral a crítica ao caráter ab-
surdo - egossintônica 
 
 
 
A Afetividade e suas Alterações 
 
- A vida afetiva é a dimensão psíquica que dá cor, brilho e calor a todas as vivên-
cias humanas 
 - sem a afetividade a vida mental se torna vazia, sem sabor 
- Define-se afeto como a qualidade e o tônus emocional que acompanha uma 
idéia ou uma representação – Afetividade é um termo genérico que compreende 
várias modalidades de vivências afetivas – humor, emoções e os sentimentos 
 
Humor ou estado de ânimo 
- é a disposição afetiva de fundo que penetra toda a experiência psí-
quica, a lente afetiva que dá às vivências do sujeito, a cada momento, 
uma cor particular 
- esse estado amplia ou reduz o impacto das experiências reais e 
muitas vezes modifica o seu sentido e a sua natureza 
- o humor é vivido corporalmente e se relaciona com as funções 
vegetativas – é somático e psicológico 
 
 28 
- p.ex.: humor irritado, humor depressivo, humor maníaco 
ou elevado 
Emoções 
- são reações afetivas agudas, momentâneas, desencadeadas por estí-
mulos significativos 
- é um estado afetivo intenso de curta duração, originado como 
reação do indivíduo a certas excitações internas ou externas, 
conscientes ou não 
- é um movimento emergente, uma tempestade anímica que des-
concerta, comove e perturba o instável equilíbrio existencial 
- assim como o humor é uma experiência somática e psíquica 
 - p.ex.: alegria, raiva, susto 
 
Sentimento 
- são estados e configurações afetivas estáveis, são mais atenuados que 
às emoções em sua intensidade e menos reativos a estímulos 
passageiros 
- geralmente estão relacionados a representações, valores e con-
teúdos intelectuais 
- é um estado mais mental que somático – são as idéias que re-
presentam os afetos, mas energizadas por esses afetos 
 - p.ex.: tristeza, tesão, amor, culpa ... 
 
 
 
Paixões 
- é um estado afetivo extremamente intenso, que domina a atividade psí-
quica como um todo 
- dirige a atenção e o interesse do indivíduo em uma só direção, 
inibindo os demais interesses 
 
- A afetividadepode influenciar as demais funções através do humor, das emo-
ções e sentimentos 
- Catatimia – influência da vida afetiva sobre as demais funções – aten-
ção, memória, etc.. 
 
- A vida afetiva ocorre sempre num contexto de relações do Eu com o mundo e 
com as pessoas 
- denomina-se sintonização afetiva a capacidade do indivíduo ser influ-
enciado afetivamente por estímulos externos 
- denomina-se irradiação afetiva a capacidade do indivíduo em transmi-
tir, irradiar ou contaminar os outros com o seu estado afetivo – entrar em 
sintonia com ele 
- a impossibilidade ou dificuldade tanto de sintonização quanto de irradia-
ção afetiva denomina-se rigidez afetiva - não produz reações afetivas 
nos outros nem reage diante de uma situação afetiva específica 
 
A n s i e d a d e x A n g ú s t i a x M e d o 
- Ansiedade - é um estado desconfortável, de apreensão negativa em relação ao 
futuro, uma inquietação interna desagradável 
 
 29 
- Angústia – assemelha-se a ansiedade, mas tem conotação mais corporal e 
mais relacionada ao passado – relaciona-se a sensação de aperto no peito e na 
garganta, de compressão, sufocamento 
- Medo – diferente da angústia e da ansiedade, o medo se volta a objetos mais 
ou menos precisos – o medo, quase sempre é medo de algo 
 
 
Alterações Patológicas da Afetividade 
Alterações do humor 
 
Distimia: é o termo que designa alteração básica do humor, tanto no sen-
tido da exaltação quanto da inibição – distimia hipotímica e distimia 
hipertímica 
 
 
 
Disforia: é a distimia acompanhada de uma tonalidade afetiva desagra-
dável, mal-humorada – acompanhada fortemente pela irritação, amargura 
ou agressividade 
- irritabilidade patológica – hiper-reatividade desagradável, 
hostil 
 
Puerilidade: alteração do humor que se caracteriza por um aspecto in-
fantil, regredido – o sujeito ri ou chora por motivos banais, sua vida afeti-
va é superficial, sem afetos profundos 
 
Alterações das emoções e dos sentimentos 
 
Apatia: é a diminuição da excitabilidade emotiva e afetiva – o paciente 
não pode sentir alegria, tristeza, raiva nem nada – o indivíduo sabe a im-
portância afetiva que determinada experiência deveria ter, mas não con-
segue sentir nada (afetos) 
 
Anedonia: é um fenômeno muito próximo da apatia e pode ocorrer de 
forma simultânea – significa a perda da capacidade de sentir prazer 
 
Hipomodulação do afeto: incapacidade de modular a resposta afetiva 
de acordo com a situação existencial – indica rigidez na sua relação com 
o mundo 
 
Inadequação do afeto ou paratimia: reação completamente incongruen-
te a situações existenciais – contradição profunda entre a esfera ideativa 
e a afetiva 
 
Embotamento afetivo e devastação afetiva: perda profunda de todo ti-
po de vivência afetiva – ao contrário da apatia que basicamente é subjeti-
Humor normal 
Humor hipomaníaco 
Humor distímico 
Humor depressivo 
Humor maníaco / euforia 
 
 30 
va, o embotamento é observável por meio da postura e da atitude 
do paciente 
 
Labilidade afetiva e incontinência afetiva: são estados nos quais ocor-
rem mudanças súbitas e imotivadas de humor, sentimentos ou emoções 
– não consegue conter de forma alguma suas reações afetivas - geral-
mente são bastante desproporcionais, exageradas 
 
Fobias: são medos desproporcionais e incompatíveis com as possibilida-
des de perigo real oferecidas por desencadeantes chamados situações 
fobígenas 
- agorafobia – é o medo de espaços amplos e de aglomerações 
como estádios, cinemas, congestionamentos, supermercados 
- fobia social – é o medo de contato com interações sociais, 
principalmente pessoas pouco familiares e em situações onde se 
possa sentir examinado ou criticado 
 
Pânico: é uma situação de medo intenso, de pavor relacionado geral-
mente ao perigo imaginário de morte iminente, descontrole ou 
desintegração 
- manifesta-se através de ataques e crise agudas de extrema an-
siedade, medo de morte, de perder o controle e de acentuada 
descarga autonômica 
 
- Existem alguns sentimentos que embora considerados normais, em de-
terminadas ocasiões e em certo grau podem ter implicações patológicas: 
 - ciúme e inveja 
A Vontade, a Psicomotricidade e suas Alterações 
 
- A vontade é uma dimensão complexa da vida mental, relacionada intimamente 
com as esferas instintivas, afetiva e intelectiva 
 
Instinto: 
- modo relativamente organizado e complexo de resposta comportamen-
tal de uma dada espécie para melhor sobreviver em seu ambiente natural 
- p.ex.: as reações e os comportamentos associados à fome, ins-
tintos de sobrevivência 
 
Desejo: 
- é um querer, um anseio, um apetite de natureza consciente ou não que 
busca sempre satisfação, é diferente de: 
- necessidade – são fixas e inatas, independem da cultura e da história 
individual, não são móveis como os desejos – que dependem da cultura e 
da história individual 
 
Ato volitivo ou ato de vontade: 
- é traduzido pelas expressões típicas do “eu quero” ou “eu não quero” 
- como é influenciada pela razão e pelos afetos, distinguem-se 
em motivos (razões intelectuais) e móveis (influências afetivas) 
 
Processo Volitivo: 
- é dividido em 4 fases distintas: 
 
 31 
I – Intenção ou propósito – se esboçam as tendências básicas 
do indivíduo, suas inclinações e interesses – impulsos, desejos e 
temores inconscientes exercem influência decisiva sobre o ato 
volitivo – podem ser imperceptíveis para o indivíduo 
II – Deliberação – ponderação consciente, o indivíduo faz uma 
análise básica do que seria positivo ou negativo, favorável ou 
desfavorável 
III – Decisão propriamente dita – momento culminante do pro-
cesso volitivo, instante que demarca o começo da ação, no qual 
os móveis e os motivos vencidos dão lugar aos vencedores – pré 
– para a ação – (preparação) 
IV – Execução – etapa final do processo volitivo – conjunto de 
atos psicomotores simples e complexos decorrentes da decisão, 
colocados em funcionamento 
 
Atos Impulsivos x Atos Compulsivos 
 
- abole as 3 primeiras fases do ato 
voluntário em função da intensidade 
do desejo ou dos temores 
 
- São egossintônicos, não se tenta 
evitá-los ou adiá-los 
 
- geralmente são associados a im-
pulsos patológicos de natureza 
inconsciente ou à incapacidade de 
tolerância a frustração 
 
 
- há tentativa de adiá-lo, refrear o 
ato 
 
- são egodistônicos, experenciados 
como indesejáveis e estranhos ao 
indivíduo 
 
- há sensação de alívio ao se reali-
zar o ato 
 
- são associados a idéias 
obsessivas 
 
 
- O ato de vontade pautado por essas quatro etapas é denominado de 
ação voluntária 
- O oposto a ação voluntária são os atos impulsivos – espécie de curto 
circuito do ato voluntário – são as três primeiras fases são abruptamen-
te abolidas 
- Os atos impulsivos diferem-se dos atos compulsivos (quadro anterior) 
 
Impulsos e compulsões patológicas 
 
Automutilação: impulso ou compulsão seguido de comportamento de 
autolesão voluntária - a tricotilomania é uma forma de automutilação 
 
Frangofilia: impulso patológico de destruir os objetos que circundam o 
indivíduo 
 
Piromania: impulso de atear fogo a objetos, prédios e lugares 
 
Impulso ou ato suicida: deve-se sempre investigar em pacientes depri-
midos, cronicamente ansiosos, que se apresentam desesperançados ou 
desmoralizados, entre outros 
 
Bulimia: (fome de boi) impulso irresistível de ingerir rapidamente grande 
quantidade de alimento – após a ingestão há o sentimento de culpa, me-
do de engordar e consequente indução de vômito ou uso de laxantesDipsomania: impulso ou compulsão periódica de ingerir grandes quanti-
dades de álcool até ficar inconsciente 
 
Cleptomania: impulso ou compulsão de roubar, precedido geralmente de 
intensa ansiedade e apreensão que apenas se alivia quando o indivíduo 
realiza o roubo – o valor do objeto não é o fator mais importante 
 
 32 
 
Jogo patológico: é a compulsão por jogos de azar, fazer apostas, espe-
cular com dinheiro, apesar de prejuízos financeiros e sociais percebidos 
pelo sujeito 
 
Compulsão por comprar: o indivíduo sente necessidade premente de 
comprar objetos sem observar a utilidade, sem ter necessidade ou poder 
utilizar tais objetos 
 
Impulsos ou compulsões da esfera Sexual: são diversos os atos im-
pulso ou compulsivos relacionados a essa esfera: 
- fetichismo, exibicionismo, voyeurismo, froterismo, pedofilia, pe-
derastia, gerontofilia, ninfomania, satiríase, zoofilia, necrofilia e 
coprofilia 
- compulsão à masturbação, utilização de roupas íntimas do sexo 
oposto, introdução de objetos na vagina e no ânus 
 
 
Alterações da Vontade 
 
Hipobulia / Abulia: é a diminuição ou até abolição da atividade volitiva – 
o indivíduo não tem vontade para nada, sente-se desanimado, 
sem “pique” 
- geralmente está associada a apatia, são típicas em quadros 
depressivos 
 
Negativismo: oposição às solicitações do meio – nega-se a colaborar, 
opõem-se ao contato interpessoal – sitiofobia, mutismo 
- geralmente em quadros de esquizofrenia (catatônica) e quadros 
depressivos graves 
 
Obediência automática: oposto ao negativismo, perde-se a autonomia e 
a capacidade de conduzir seus atos volitivos 
 
Fenômenos em eco (ecopraxia, ecolalia, ecomimia e ecografia): o in-
divíduo repete de forma automática o entrevistador ou pessoa do meio 
 
Alterações da Psicomotricidade 
- A psicomotricidade são as alterações finais do ato volitivo 
 
Agitação psicomotora: é a aceleração e exaltação de toda a atividade 
motora do indivíduo – é uma das mais comuns e está ligada a um taqui-
psiquismo geral 
- geralmente está associada quadros maníacos, episódios esqui-
zofrênicos agudos, quadros paranóides e em síndromes demen-
ciais e orgânicas 
 
Lentificação psicomotora: reflete a lentificação de toda a atividade psí-
quica (bradpsiquismo), toda a atividade voluntária torna-se lenta, difícil, 
“pesada” 
Estupor: é a perda de toda a atividade espontânea, que atinge o indiví-
duo globalmente em um estado de consciência aparentemente preserva-
do e de capacidade sensório motora para reagir ao ambiente 
- o indivíduo geralmente fica restrito ao leito e pode chegar a de-
fecar e a urinar no local, não se alimenta e se lá deixado, fatal-
mente irá falecer 
 
 33 
- estupor melancólico – em quadros depressivos, geralmente 
hipotônico 
- estupor histriônico – relacionado a fatores psicogênicos com-
preensíveis – reação emocional e fisionômica de perplexidade 
- estupor catatônico – o enfermo permanece imóvel, não reage 
aos estímulos mais intensos nem manifesta movimentos 
de defesa 
 
Estereotipias motoras: são repetições automáticas e uniformes de de-
terminados ato motor complexo, indicando marcante perda do controle 
voluntário 
- o indivíduo repete o mesmo gesto com as mãos dezenas ou 
centenas de vezes em um mesmo dia 
- maneirismo – tipo de estereotipia motora caracterizada por mo-
vimentos bizarros repetitivos, geralmente complexos e esdrúxulos 
 
Tiques: são atos coordenados, repetitivos, breves e intermitentes, em ge-
ral envolvendo um grupo de músculos 
- acentuam-se muito com a ansiedade 
 - a maioria é reflexo condicionado que surgiu associado a deter-
minados estímulos emocionais ou físicos 
- são comuns em crianças ansiosas e podem ocorrer em pessoas 
sem qualquer alteração mental 
 
Conversão: são sintomas físicos de origem psicogênica (podendo haver 
paralisias, anestesias, parestesia, cegueira) 
- ocorre geralmente em situação estressante, de ameaça ou con-
flito intrapsíquico ou interpessoal significativo para o indivíduo – 
geralmente ocorre na histeria 
 
Apragmatismo ou hipopragmatismo: é a dificuldade ou incapacidade 
de realizar condutas volitivas e psicomotoras minimamente complexas 
como cuidados higiênicos ou outras tarefas produtivas básicas em seu 
meio – não há incapacidade neurológica para a realização 
- já na apraxia a incapacidade decorre sempre de lesões neuro-
nais - corticais 
 
 
A Linguagem e suas Alterações 
 
- A linguagem é o principal instrumento de comunicação dos seres humanos – 
fundamental na elaboração e na expressão do pensamento 
 
Funções da linguagem: 
- função comunicativa – garante a socialização do indivíduo 
- suporte do pensamento – função auxiliar ao pensamento 
- instrumento de expressão das emoções – das vivências internas, 
subjetivas 
- dimensão artística e lúdica – poesia, literatura 
 
 
 
 34 
Alterações da Linguagem 
Alterações secundárias a lesão neuronal identificável 
 
Afasia: é a perda da linguagem falada e escrita, por incapacidade de 
compreender e utilizar os símbolos verbais 
- é sempre a perda de habilidade linguística que foi previamente 
adquirida no desenvolvimento cognitivo – deve-se a lesão neuro-
nal no SNC 
a) Afasia de expressão ou de Broca – apesar do órgão fonador 
preservado, o indivíduo não consegue falar ou fala com 
dificuldades 
- a compreensão da linguagem está relativamente 
preservada; 
b) Afasia de compreensão ou de Wernicke – o indivíduo conti-
nua podendo falar, mas sua fala é muito defeituosa e às vezes in-
compreensível – o paciente não consegue compreender a lingua-
gem (falada e escrita) 
c) Global – tipo grave de afasia – lesões amplas 
 
Parafasias: são formas mais discretas de déficits de linguagem, nas 
quais o indivíduo deforma determinadas palavras (ocorre no início das 
síndromes demenciais) 
 - p.ex.: designar cadeira de “cameila”, livro de “ibro” 
 
Agrafia: é a perda, por lesão orgânica, da linguagem escrita, sem que 
haja qualquer déficit motor ou perda cognitiva global 
 
Alexia: é a perda, de origem neurológica, da capacidade previamente 
adquirida para a leitura 
 
Disartria: é a incapacidade de articular corretamente as palavras, devido 
a alterações neuronais referentes ao aparelho fonador 
- a fala é pastosa, aparentemente “embriagada”, de difícil 
compreensão 
 
Disfonia e Disfemia: são alterações da linguagem, da fala produzida pela mu-
dança na sonoridade das palavras 
- Afonia (disfonia): o indivíduo não consegue emitir qualquer pa-
lavra, som ou palavra – é causada por uma disfunção do apare-
lho fonador ou um defeito na respiração – é de causa orgânica 
- Afemia (disfemia): é como a afonia, mas está relacionada a 
conflitos e fatores psicogênicos – geralmente associada a esta-
dos emocionais intensos 
- Gagueira (disfemia): trata-se da dificuldade ou da impossibili-
dade de pronunciar certas sílabas no começo ou ao longo de 
uma frase, com repetição ou intercalação de fonemas, ou apenas 
trepidação na elocução 
- pode ocorrer tanto devido a defeitos mecânicos da fo-
nação (excessiva rapidez de emissão da voz, uso de tons 
inadequados, respiração viciosa) como devido a fatores 
emocionais – timidez, ansiedade 
 
 
 35 
Dislalia: é uma alteração da linguagem falada que resulta da deforma-
ção, da omissão ou da substituição dos fonemas, podendo ser: 
- orgânicas – resultam de defeitos na língua, dos lábios, da abó-
bada palatina ou de qualquer outro componente do aparelho 
fonador 
- funcionais – não se observam alterações orgânicas do apare-
lho fonador, sendo asua origem geralmente psicogênica – por 
conflitos interpessoais ou por imitação 
 
Alterações da linguagem associadas a transtornos psiquiátricos primários 
 
Logorréia, taquifasia e loquacidade: existe produção aumentada (logor-
réia) e acelerada (taquifasia) da linguagem verbal, um fluxo incessante de 
palavras e frases, podendo haver perda da lógica do discurso 
- na loquacidade o aumento não sofre qualquer prejuízo da lógica 
do discurso 
 
Bradifasia: é uma alteração da linguagem oposta à taquifasia – o pacien-
te fala muito vagarosamente, as palavras seguem-se umas às outras de 
forma lenta e difícil 
 
Mutismo: ausência de resposta verbal oral por parte do paciente, embora 
ele pudesse fazê-lo – os fatores podem ser de natureza neurobiológica, 
psicótica ou psicogênica 
- é uma forma de negativismo verbal, de se opor à solicitações do 
ambiente 
 
Ecolalia: é a repetição da última ou das últimas palavras que o entrevis-
tador, ou alguém do ambiente, falou ou dirigiu ao paciente 
 
Palialia: é a repetição automática e estereotipada pelo paciente, da últi-
ma ou últimas palavras que ele mesmo emitiu em seu discurso 
Logoclonia – repetição automática e voluntária das últimas síla-
bas que pronunciou 
 - ocorrem principalmente em quadros demenciais 
 
Tiques Verbais ou fonéticos: são produções de fonemas ou palavras de 
forma recorrente, imprópria e irresistível – geralmente sons guturais, ab-
ruptos e espasmódicos 
coprolalia – é a emissão de palavras obscenas, vulgares ou rela-
tivas a excrementos 
 - são observadas na síndrome de Giles De La Tourrete 
 
Verbigeração: é a repetição, de forma monótona e sem sentido comuni-
cativo aparente, de palavras, sílabas ou trechos de frases 
Mussitação - é a produção repetitiva de uma voz muito baixa, 
murmurada, em tom monocórdico, sem significado comunicativo 
– o paciente fala “para si”, apenas movendo discretamente 
os lábios 
 
 
 36 
Funções Psíquicas Compostas 
 
- São funções que resultam de uma somatória de atividades e capacidades men-
tais, entre elas destacam-se: 
 - Consciência do Eu 
 - Personalidade (será estudada junto com transtornos de personalidade) 
 - Inteligência (não será estudada) 
 
 
Consciência do Eu 
 
- Estão relacionadas à origem e o desenvolvimento do eu, ou seja, relacionadas 
ao processo de diferenciação entre Eu e o não-EU 
 - A criança forma gradativamente o seu eu através: 
- do contato contínuo com a realidade e a consequente submis-
são à suas vicissitudes 
 - do investimento amoroso e narcísico dos pais sobre ela 
- projeção dos desejos inconscientes dos pais sobre ela e a sua 
consequente assimilação desses desejos 
- identificação da criança com os pais, estes são tomados como 
modelo e introjetados 
- A consciência do Eu surge do sentimento de oposição entre o Eu e o 
mundo, pressupõe a tomada de consciência do próprio corpo, do “Eu físi-
co” – esquema de imagem corporal 
Características do Eu segundo Jasper (1979) 
- Consciência de atividade do Eu 
- Consciência de unidade do Eu 
- Consciência da identidade do Eu no tempo 
- Consciência da oposição do Eu em relação ao mundo 
 
Consciência de atividade do Eu 
- trata-se da consciência íntima de que, em todas as atividades psíquicas 
que ocorrem, é o próprio Eu que as realiza e a presencia 
- personalização 
- fenômeno no qual se percebe em todas as atividades psíquicas 
um tom especial de “meu”, de “pessoal”, daquilo que é feito e vi-
venciado por mim mesmo 
 
Alteração da consciência da existência 
- consiste na suspensão da sensação normal do próprio Eu, corporal e 
psíquico – é a condição na qual o homem existindo já não pode mais 
sentir a sua existência 
- p.ex.: Sou apenas uma máquina, um autômato / sinto-me como 
um nada, um morto 
 
Alteração da consciência de execução 
- nessa condição, o paciente ao pensar ou desejar alguma coisa, sente, 
porém que de fato foi outro que pensou ou desejou tais pensamentos 
ou desejos e os impôs de certa maneira 
 
 37 
- os pensamentos podem ser vivenciados como feitos e impostos 
por alguém ou algo externo – roubo de pensamento – vivência 
de influência 
 
Despersonalização 
- é o sentimento de perda ou de transformação do Eu – vivência de es-
tranhamento e infamiliaridade consigo mesmo 
- há uma sensação intensa de estranhamento com o seu próprio 
corpo – despersonalização corporal 
- pode haver perda de relação de familiaridade com o mundo co-
mum, pessoas e lugares parecem estranhos – desrealização – 
as coisas, tudo parece estranho 
 
 
Consciência de unidade do Eu 
- trata-se da consciência de que o Eu é sentido como algo uno e indivisí-
vel, ainda que haja ambivalência de sentimentos ou conflitos internos 
- na alteração desse tipo de consciência, o indivíduo se sente radicalmen-
te dividido, sente-se anjo e demônio ao mesmo tempo, ou homem e mu-
lher simultaneamente 
- difere da dissociação psíquica porque o indivíduo não alterna 
entre duas possibilidades, ele é as duas possibilidades distintas 
ao mesmo tempo 
 
 
 
Consciência de identidade do Eu no tempo 
- alguns pacientes relatam que atualmente em comparação à sua vida 
anterior (em especial antes do início da psicose) já não são a mesma 
pessoa 
- ao descrever a minha história, tenho consciência de que apenas 
uma parte do meu Eu atual vivenciou tudo isso que aconteceu 
no passado 
 
 
Consciência da oposição do eu em relação ao mundo 
- é a consciência da clara oposição do Eu ao mundo externo – separação 
entre o Eu subjetivo e o espaço externo 
- na alteração desse tipo de consciência, o indivíduo sente que o 
seu eu se expande para o mundo exterior e não mais se 
diferencia desse 
- isso leva os enfermos a buscarem identificações em objetos e 
coisas do mundo inanimado – ele pode “sentir”, situar objetos ex-
ternos dentro dele – não existe barreira entre o eu e o mundo ex-
terno, há certa permeabilidade – transitivismo 
- é possível observar esse tipo de alteração da consciência do eu 
em alterações tais como: eco do pensamento, publicação do 
pensamento, sonorização do pensamento 
- Pode ser observado também em fenômenos culturais como o 
êxtase religioso, meditação profunda e no fenômeno da 
possessão 
 
 
 38 
Ilustração de Caso – Exame psíquico 
 
A paciente é do sexo feminino, nasceu no interior do Mato Grosso, possui 
atualmente 23 anos de idade e aos 20 começou a apresentar os primeiros sinto-
mas psicóticos quando cursava o primeiro ano de Direito. A partir de então, pas-
sou a se isolar progressivamente da família e dos amigos, queixando-se de se 
sentir triste. Havia perdido o apetite e o estado da paciente foi piorando progres-
sivamente, passando também a ter insônia. Foi levada para a consulta com um 
médico clínico que lhe prescreveu Diazepam® para ser tomado no período notur-
no. A paciente teve melhora do sono, mas começou a dizer que seus amigos de 
faculdade haviam se unido aos seus vizinhos para humilhá-la e que o tom de voz 
dos professores estava esquisito. Passava pelos corredores da universidade e 
percebia que seus colegas “faziam-lhe sinais obscenos”. Em casa passou a ficar 
cada vez mais isolada e deixou de assistir TV, pois achava que estavam divul-
gando notícias sobre ela. Começou a se queixar de que não podia tomar banho, 
pois os vizinhos a estavam observando através de uma câmera. Passou a procu-
rar microfones ocultos pela casa porque sentia que estava recebendo algum tipo 
de transmissão de rádio que afetava o seu raciocínio, além disso, dizia que ouvia 
vozes comentando as transmissões. Decidiu então

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