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Psicopatologia
O QUE É A PSICOPATOLOGIA? 
É o estudo dos fenómenos psicopatológicos. 
Um fenómeno é sempre biológico na sua raiz e social. Na 
sua extensão final. Mas não nos devemos esquecer, 
também, de que, entre esses dois, ele é mental. 
O conceito de saúde mental segundo a OMS: Modelo 
biopsicossocial 
Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental 
e social e não apenas a ausência da doença ou de 
enfermidade. 
CONCEITOS BÁSICOS PARA ENTENDER A 
PSICOPATOLOGIA: 
PSIQUIATRIA: 
É o ramo da medicina que se ocupa com os transtornos 
mentais e da conduta explícitos, com o propósito de 
estudá-los, classificá-los, trata-los e preveni-los. Lida com a 
prevenção, atendimento, diagnostico tratamento e 
reabilitação das doenças mentais em humanos, sejam elas 
de carater orgânico ou funcional. A meta principal é o 
alívio do sofrimento psíquico e o bem-estar psíquico. 
PSICOLOGIA: 
É o ramo da ciência que estuda de modo sistemático a 
vida psíquica (normal)- os processos mentais 
(pensamentos, perceções, sensações, emoções, 
representações mentais) e que habitualmente 
adota/”abraça” intervenções em casos de desvio de 
normalidade. Estuda também o comportamento humano 
e animal, nos sus aspetos e condutas observáveis, que 
podem ser medidos, testados, compreendidos, controlado, 
descritos e preditos objetivamente. 
PSICOPATOLOGIA: 
É o ramo da ciência que trata da natureza essencial da 
doença mental: as mudanças estruturais e funcionais 
associadas a ela e ás suas formas de manifestação. 
Conhecimento semiológico da psiquiatria (semiologia é a 
parte da medicina que trata dos sintomas ou sinais das 
doenças permitindo ao profissional de saúde identificar 
alterações físicas e mentais, ordenar os fenómenos 
observados, formular diagnósticos e estabelecer métodos 
de tratamento). Parte da psicologia que estuda as 
variações mórbidas do psiquismo. Estuda-se a patologia do 
psíquico, as alterações metais. 
UMA VISÃO PSICOPATOLÓGICA DOS PROBLEMAS 
DEVERÁ INTERESSAR-SE POR QUATRO ASPETOS 
CENTRAIS: 
o Os comportamentos enquanto componente 
externalizável da conduta, dizendo respeito à 
presença do ser-no-mundo; 
o As vivências, enquanto experiências vividas pelo 
próprio, dotadas de singularidade e dinamismo 
irrepetíveis; 
o Os estados de perturbação do funcionamento 
psicológico, nas suas vertentes afectiva, cognitiva 
e relacional; 
o O encontro, no sentido existencial, do Homem 
perturbado consigo mesmo e com os outros, 
visando «compreender-se», isto é, situar-se em 
relação às suas próprias condutas e evidenciar 
em cada uma delas a intencionalidade com que 
as orienta e subentende (como é que o doente 
se relaciona consigo e com os outros?). 
Ela tenta, especialmente, estabelecer a diferença entre o 
normal e o patológico (NORMALIDADE VS. DESVIO). 
Dicionário: 
Sintoma: é toda a informação descrita pelo paciente, a 
partir das suas vivências, sensações e impressões. Não é 
passível de confirmação pelo examinador, já que é uma 
sensação do paciente ex: mau-estar. 
Anamnese: é a via através da qual a semiologia visa 
elucidar, investigar e analisar os sintomas. Constrói-se 
assim a história clínica do paciente. No caso específico da 
psicopatologia refere-se à entrevista conduzida pelo 
profissional de saúde com o seu paciente. Esta entrevista 
pode ter diversos objetivos, dentre eles ser um ponto de 
partida para o estabelecimento de um diagnóstico (ou 
seja, a demarcação de um quadro clínico). 
Sinal: refere-se a toda a alteração objetiva que é passível 
de ser percebida pelo examinador (ex. um tique, um 
gesto repetitivo) 
Nosologia: é o ramo da medicina que estuda, trata das 
doenças em geral e ainda as classifica do ponto de vista 
explicativo, isto é, em função dos seus mecanismos ou da 
sua etologia) 
NORMALIDADE E DESVIO 
Conceito de normalidade 
 
Conceito complexo 
 
Pode ser perspetivado em função de diferentes 
dimensões: patológica, estatística e social. 
DIMENSÃO PATOLOGICA: 
Normalidade ou saúde é entendida como ausência de 
disfunção, incapacidade ou doença. 
Desvio é entendido como disfunção, incapacidade ou 
doença. 
Dicotomia: a saúde ou normalidade está presente ou 
ausente. 
DIMENSÃO ESTATISTICA: 
A normalidade em relação a uma determinada condição, 
por exemplo, deficiência mental, hipertensão, obesidade, é 
definida em função da sua distribuição numa população. 
Desvio será tudo o que se afasta da distribuição 
considerada normal para essa população. 
 
DIMENSÃO SOCIAL: 
Normalidade é definida em função dos valores que 
determinam normas para um determinado grupo social. 
Nesta dimensão é possível analisar duas conceções do 
conceito de desvio: uma conceção tradicional ou 
positivista e uma conceção moderna. 
Na conceção tradicional enquadram-se definições como: 
a) A violação de normas ou expectativas sociais, 
desde que inclua qualquer comportamento que 
suscite reprovação ou indignação dos outros 
(por ex: crime) 
b) Um comportamento que é fortemente 
desvalorizado pela sociedade (por ex: é possível 
enquadrar como desviante, problemas como a 
doença mental, a deficiência visual ou a 
deficiência auditiva) 
Na conceção moderna: 
O comportamento desviante não representa já uma 
qualidade do ato do indivíduo que o pratica, mas é antes 
uma consequência da aplicação da designação desviante 
aqueles que alegadamente violaram determinadas normas 
legais, éticas ou morais 
PRESPETIVA TRADICIONAL: 
 O comportamento desviante é algo concreto 
 O comportamento pode ser analisado em termos 
objetivos permitindo uma distinção clara entre o 
comportamento desviante e o comportamento 
não desviante ou de conformidade com as 
normas em causa. 
PERSPETIVA MODERNA: 
Não se centra nas causas do comportamento desviante, 
mas sim no significado deste comportamento e na 
interação entre o sujeito ao qual é atribuído o 
comportamento desviante e os outros, aos quais são 
atribuídos comportamentos de conformidade. 
Deslocamento do enfoque no indivíduo para a sociedade, 
ou seja, a caracterização do comportamento desviante 
depende dos valores, normas, princípios éticos ou legais 
válidos na sociedade e na cultura na qual o indivíduo se 
insere. 
Em suma: 
 A avaliação da normalidade/ saúde vs psicopatologia 
segue os seguintes critérios: 
− Universalidade 
− Intensidade dos sintomas 
− Frequencia dos sintomas 
− Impacto social e ocupacional 
FENÓMENOS PSICOPATOLÓGICOS 
O Funcionamento Psicológico assenta em variadas 
funções Psicológicas: Em cada uma delas pode surgir a 
perturbação. 
Objectivo: Observar, Identificar, Descrever, Caracterizar as 
principais perturbações do funcionamento psicológico, 
sempre do ponto de vista da vivência do sujeito. 
PERTURBAÇÕES AO NÍVEL DAS FUNÇÕES 
PSICOLÓGICAS: 
 Consciência 
 Orientação 
 Memória 
 Atenção 
 Perceção 
 Pensamento 
 Linguagem 
 Comunicação não verbal 
 Competência Social 
 Inteligência 
 Inteligência Emocional 
 Afetos e emoções 
 Comportamento Aberto: 
o Movimento 
o Alimentação 
o Sexualidade 
o Sono 
Moderadores (influencia a força de uma relação ): Idade, 
género, estatuto socioeconómico, etnia, características 
Biológicas 
Mediadores (identifica e explica uma relação entre duas 
variáveis ): Competência pessoais e sociais, coping, 
resiliência, traços de personalidade, contextos, eventos de 
vida... 
 
PERTURBAÇÕES DA CONSCIÊNCIA: 
Consciência: Conjunto de memórias psicológicas que num 
determinado momento permitem o conhecimento do 
próprio eu e da vida exterior. 
2 dimensões fundamentais: 
− Consciência da realidade externa/Consciência do 
mundo 
− Consciência da realidade interna/ Consciência de 
si 
PERTURBAÇÕES QUANTITATIVAS: 
Alterações da função, da forma ou da estrutura da 
Consciência que resultam de perturbações ao nível do 
ritmo de Vigília /Sono, nomeadamente em termos deduração/intensidade: 
 Hipervigilidade: O Sujeito dorme pouco, está 
excessivamente desperto (Situações de medo e 
ansiedade, perturbações afetivas, consumo de 
substâncias estimuladoras do SNC como a 
cocaína) 
 Hipovigilidade: Nível de vigília diminuída 
(“embotamento”) (fatores orgânicos cerebrais - 
Distúrbios mentais resultantes de disfunção 
transitória ou permanente de tecido cerebral, os 
quais são atribuíveis a fatores orgânicos, 
perturbações afetivas como a perturbação 
bipolar e a depressão) 
PERTURBAÇÕES QUALITATIVAS 
Em termos de conteúdo o sujeito consciente: 
A) Capta os seus próprios processos corporais 
B) Capta os seus próprios processos psicológicos 
C) Capta o mundo externo 
EXISTE, PORTANTO, A POSSIBILIDADE DE PERTURBAÇÃO 
A 3 NÍVEIS: 
a) Perturbações da consciencia do corpo: 
O corpo é objeto de várias preocupações que 
podem degenerar em patologia: 
- Dismorfofobias (preocupações com o 
corpo ligadas à estética) 
- Hipocondria (preocupações com o corpo 
ligadas à saúde) 
b) Perturbações da consciência do eu mental 
- Despersonalização: perda de sentido da 
realidade interna (sentimentos de 
irrealidade, de rutura com a 
personalidade, processos amnésicos e 
apatia; transtorno bipolar, transtorno de 
personalidade borderline, depressão, 
esquizofrenia, stresse pós-traumático e 
ataques de pânico) 
c) Perturbações da consciência do mundo exterior 
- Desrealização: Perda de sentido da 
realidade externa (Na desrealização, o 
paciente descreve a sensação de que 
existe uma neblina ou parede de vidro 
que o separa dos seus arredores e do 
seu ambiente.) 
PERTURBAÇÕES DA ORIENTAÇÃO 
Orientação: Capacidade individual de situar-se quanto a si 
mesmo (o que inclui as relações de proximidade e 
diferença em relação ao outro) e ao ambiente (espaço e 
tempo). Está relacionada com o funcionamento da 
consciência. 
 
 
2 DIMENSÕES FUNDAMENTAIS DA ORIENTAÇÃO 
OBJETIVA: 
• Temporal (hora, dia, mês, ano) 
• Espacial (Lugar, cidade) 
• Pessoal/ Autopsíquica (Orientação do indivíduo 
em relação a si mesmo; Identidade própria: o 
sujeito sabe quem é, idade, data de nascimento, 
profissão, estado civil e etc.) 
• Situacional /Alopsíquica (situacional: Capacidade de 
orientar-se em relação ao mundo, isto é, quanto 
ao espaço (orientação espacial) e quanto ao 
tempo (orientação temporal). 
SUBJETIVA: 
• Vivência do tempo (interior, pessoal) vs tempo 
objetivo (exterior, cronológico, mensurável). 
• Vivência do espaço (espaço subjetivo- a minha 
vivência pessoal) vs características físicas do 
espaço. 
PERTURBAÇÕES DA ORIENTAÇÃO OBJETIVA: 
DESORIENTAÇÃO: Perda de capacidade para se situar 
corretamente em termos de tempo e lugar por: 
 CONFUSIONAL OU AMENSIAL (turvação da 
consciência: redução do estado de alerta e confusão 
mental) 
 AMNÉSIA (Turvação da memória: devido a 
prejuízo da memória) 
 DELIRANTE (Turvação do juízo: secundária a 
pensamento delirante) 
 APÁTICA (Turvação da vontade: desinteresse 
extremo pelo mundo exterior) 
PERTURBAÇÕES DA ORIENTAÇÃO SUBJETIVA: 
ALTERAÇÕES DA VIVÊNCIA DO TEMPO 
- PERDA DA REALIDADE DO TEMPO/ PERDA DA 
CONSCIÊNCIA DO TEMPO (falta a consciencia de 
um contínuo temporal) 
- TEMPO IDENTIFICADO (estados depressivos) ou 
ACELERADO (estados maníacos ou de ansiedade) 
- PERDA DO FUTURO (impossibilidade de considerar 
o futuro) 
- IMOBILIZAÇÃO DO TEMPO (paragem do tempo; 
“o tempo parou”) 
- DESCONTINUIDADE DO TEMPO (o tempo acelera-
se ou então para podendo inclusivamente 
retroceder ou então falhar de forma intervalada). 
ALTERAÇÕES DA VIVENCIA DO ESPAÇO 
- ALTERAÇÕES DA AMPLITUDE DO ESPAÇO VIVIDO 
(como o paciente vive o mundo- o espaço vivido 
pode ser deformado, inibido e constrito diante 
um horizonte de possibilidades; no estado 
depressivo tende a haver um estreitamento da 
vivência espacial) 
- ALTERAÇÕES DO ESPAÇO AFETIVO (como me 
relaciono com o espaço; a tonalidade do espaço 
vivido é função do humor; estados fobicos há um 
estranhamento- perda de intimidade- com certas 
regiões do espaço) 
PERTURBAÇÕES DA ATENÇÃO/ CONCENTRAÇÃO 
A ATENÇÃO tem a ver com a orientação (ativa ou 
passiva) da consciencia para algo que se experimenta. 
A CONCENTRAÇÃO é a persistência concentrada da 
atenção. 
INTENCIONALIDADE: 
ATENÇÃO ATIVA: Controlo cognitivo direto, voluntario 
(esforço de concentração) ex: estudar, vamos fazer um 
esforço para nos concentrarmos. 
ATENÇÃO PASSIVA: Involuntária, suscitada por estímulos 
significativos. Ex: movimento reflexo. 
PROCESSOS: 
- Alerta: Resposta comportamental fisiológica à 
entrada de estímulos. 
- Focalização: Ter a capacidade de focar num 
elemento relativamente aos restantes. 
- Ativação: Preparação, intenção comportamental. 
 
 
PERTURBAÇÕES: 
INATENÇÃO: Dificuldade ou incapacidade para prestar 
atenção a estímulos externos. Origem orgânica (estados 
agudos orgânicos- lesão cerebral difusa). Origem 
psiquiátrica (concomitante com psicopatologia: 
esquizofrenia- impossibilidade de atenção ativa pela 
fixação nas vivências interiores) 
DISTRATIBILIDADE: Dificuldade em manter a atenção 
focalizada num estímulo: o sujeito irá distrair-se com 
facilidade, ou seja, a atenção foca-se por pouco tempo, 
em múltiplos estímulos. Origem orgânica ( intoxicação por 
álcool e drogas: fadiga e influencia de sedativos) origem 
psicológica ( estados maníacos- um maníaco cheio de 
ocorrências, ideias e impulsos tem dificuldade em fixar e 
manter a sua atenção sobre determinada coisa.) 
HIPERPROSEXIA/FIAXAÇÃO: A atenção concentra-se num 
determinado estímulo e fica nesse estímulo, ou seja, 
foca-se demasiado tempo nesse estímulo. EX: depressão 
grave e hipocondria. 
PERTURBAÇÕES DA MEMÓRIA 
A memória é um conjunto de processos psicológicos que 
consiste na nossa capacidade de fixar e reter os factos 
com a possibilidade subsequente quer do seu 
esquecimento, quer da sua evocação. 
PROCESSOS FUNDAMENTAIS: 
Fixação: relacionada com a memória a curto prazo. 
Evocação: relacionado com a memória a longo prazo. 
Dimensão temporal: 
 Aquilo que ouvimos no momento 
Memória imediata Memoria a curto prazo Memoria 
a longo prazo Lembrarmo-nos daqui a 3/4 meses 
 Lembramo-nos durante muito tempo 
Diferentes níveis de perturbação: 
o Patologia da fixação 
o Patologia da evocação 
o Patologia da conservação 
PRETURBAÇÕES QUALITATIVAS: 
Paramnésias: Alterações em termos do memorizado. Ex: 
Distorções da memória- recordações deficitárias ou 
distorcidas; Ocorrência de uma ideia memorizada como 
inteiramente original.; Evocação súbita de imagens com tal 
intensidade que parecem vividas no presente. 
PERTURBAÇÕES QUANTITATIVAS 
HIPERMNÉSIAS: Capacidade invulgar de evocar um 
determinado acontecimento. Demasiada informação dita. 
Incremento anormal da capacidade de evocação (estados 
febris, indução por drogas, vivências relativas a acidentes 
que põem em perigo a vida- quedas de lugares altos, 
vivências de morte eminente). 
HIPOMNESIAS: Diminuição parcial da memoria ao nível da 
fixação. no que diz respeito ao tempo e ao conteúdo 
(lacunas de memória limitadas em relação ao conteúdo 
ou ao tempo). As causas podem ser orgânicas (ex. um 
acidente que causa uma lesão cerebral; embriaguez 
patológica) ou psicogénicas ( situações afetivas 
excecionais tais como estados intensos de terror, medo, 
pânico, furor ou desesperação- há quase sempre um 
estreitamento da consciência e depois uma amnésia 
parcial ) 
AMNÉSIAS: Perda total de recordações referentes a um 
determinado acontecimento ou período de tempo. 
(analisar: origem, intensidade, natureza, extensão, causas) 
A amnésia pode acontecer na síndrome psicorgânica ou 
mnéstica., nas lesões cerebrais difusas (que atingem todo 
o cérebro), de etiologia vária, é primeiramente afetada a 
memória recente, enquanto a memória remota se 
conserva durante mais algum tempo. 
Nesta síndrome podemosdiferenciar 3 fases: 
1) modificações negativas do caráter 
2) degradação intelectual e alterações dos 
afetos 
3) destruição muito grave das funções 
intelectuais, cognitivas, mnésticas, afetivas 
até um estado meramente vegetativo. 
Síndrome de Korsakoff preenchem-se as lacunas da 
memória mediante confabulações. Estas formam-se 
compulsivamente preenchendo os vazios da memória. 
Pensa-se que servem para o restabelecimento da 
continuidade mnésica. O próprio paciente considera-se 
como recordações. 
A “diminuição da memória” é uma queixa muito frequente 
em estados depressivos de todo o tipo. Não se deve 
“atribuir” esta má memória aos sentimentos de 
insuficiência depressiva, mas o facto é que é 
efetivamente difícil aos depressivos recordarem-se. O 
depressivo grave já não dispõe plenamente do seu 
potencial intelectual (pseudodemência). 
PERTURBAÇÕES DA PERCEÇÃO 
A perceção é a tomada de consciencia de dados 
sensoriais concretos do mundo interno e exterior. 
A ter em conta: Elemento sensorial/ significado 
psicológico. 
As perturbações da perceção estão fortemente ligadas 
às perturbações do pensamento. 
A PERCEÇÃO É UM PROCESSO QUE ENVOLVE 3 
FASES: 
1. EXISTÊNCIA DE UM EVENTO SENSORIAL (por 
exemplo, um objeto, uma música, um aroma) 
2. PERCEÇÃO SENSORIAL, em que os órgãos 
sensoriais captam o evento (por exemplo, ao ver 
um objeto, ao ouvir uma música ou ao cheirar 
um aroma); esta fase depende do bom 
funcionamento dos órgãos sensoriais 
3. PERCEÇÃO COM SIGNIFICADO em que à 
perceção sensorial é atribuído um significado (por 
exemplo, quando se tem a noção de que se está 
a ouvir uma música ou a ver determinado 
objeto). 
QUANDO HÁ PATOLOGIA DA PERCEÇÃO AS PRINCIPAIS 
ÁREAS A SEREM AFETADAS SÃO: 
- Consciência do objetivo (ao termos consciente 
um dado estamos conscientes da perceção; o 
dado surge-nos com caráter de objeto- ou seja, 
com carater de corporalidade e de objetividade). 
- Juízo da realidade (a nossa consciência 
estabelece um juízo de realidade sobre tudo o 
que apreendemos, classificando-o em verdadeiro 
ou não). 
CONSCIENCIA DE OBJETO VS JUÍZO DE REALIDADE 
A diferença entre consciência de objeto e juízo de 
realidade surge claramente no exemplo dados pelas 
miragens: vê-se fisicamente um lago (como objeto e, 
portanto, como se fosse realmente um lago); no entanto, 
imediatamente se considera que o referido lago não é 
real (juízo de realidade). 
QUANDO HÁ PATOLOGIA DA PERCEÇÃO AS PRINCIPAIS 
ÁREAS A SEREM AFETADAS SÃO: 
- Configuração: percecionar o todo e as partes 
- Conteúdo interpretativo/consciencia do significado 
(a configuração do que é percecionado possui 
para nós um determinado significado situacional e 
biográfico e por isso também uma ressonância 
afetiva; temos perante nós o que é 
percecionado, com um determinado significado – 
consciência de significado) 
- Experiência do mundo/relação da perceção com 
a realidade (real é o que é percetível e sobre o 
qual estão livremente de acordo os indivíduos 
sãos e sem preconceitos; a perceção é um 
compromisso entre uma função fáctica (objetiva) 
e uma visão subjetiva (própria da personalidade; 
para o Homem não existe uma visão “pura” da 
realidade; o extremo é representado por uma 
conceção autística-desreal do mundo no delírio e 
nas alucinações) 
As perturbações da perceção dividem-se em dois 
grupos: 
1) Distorções das perceções ou distorções 
sensoriais (existe um objeto real cuja perceção é 
distorcida) - Quantitativas: 
hiperpercepção/hiperestesia; 
hipopercepção/hipostesia - Qualitativas: 
deformações espaciais; estranheza do percebido 
2) Falsas perceções (correspondem a falsas 
perceções que podem surgir na ausência de 
estímulo (fenómenos alucinatórios), ou em 
resposta a um estímulo (ilusões)) - Ilusões - 
Alucinações 
PERTURBAÇÕES QUANTITATIVAS DA PERCEÇÃO: 
MUDANÇA DOS NÍVEIS DE PERCEÇÃO 
HIPERPERCEÇÃO/ HIPERESTESIA: Estado psicológico em 
que as perceções que o sujeito tem são mais numerosas 
e intensas que o habitual. (estados de hipervirilidade, 
intoxicação por substâncias, estados ansiosos) A 
intensidade da perceção está aumentada. Significa que as 
vivências percetivas são mais ricas, vivas e coloridas, do 
que o habitual. Ocorre na mania e sob a ação de 
alucinogénios. 
→ Hiperestesia auditiva: pode ocorrer em situações 
como a enxaqueca ou a depressão em que, 
embora não haja uma real melhoria da acuidade 
auditiva, há uma redução do limiar a partir do qual 
o som passa a ser incomodativo. 
→ Hiperestesia Visual: pode ocorrer na intoxicação 
por determinadas drogas ou na mania. 
HIPOPERCEÇÃO/HIPOSTESIA: Estado psicológico em que 
as perceções que o sujeito tem são menos numerosas e 
intensas que o habitual. Causas orgânicas: deterioração 
das capacidades cognitivas; Causas psíquicas: estados 
depressivos, estados confusionais. A intensidade da 
perceção está reduzida. O caráter da perceção é menos 
vivo e nítido do que habitualmente, que tudo se 
apresenta insipido e cinzento e pálido, incolor, coberto, 
como que envolto em nevoeiro. Pode ocorrer no delirium 
em que existe um aumento do limiar para todas as 
sensações, mas também nos depressivos (depressões 
graves de natureza diversa), num esgotamento geral 
grave e sob doses elevadas de neurolépticos. Está ligada 
à despersonalização. 
PERTURBAÇÕES QUALITATIVAS DA PERCEÇÃO: 
MUDANÇA DA QUALIDADE DA PERCEPÇAO DO OBJETO. 
ESTRANHEZA DO PERCEBIDO: O sujeito perceciona o 
mundo, as coisas ou até a ele próprio como estranhos, 
irreais, insólitos (está relacionado com a despersonalização 
e a desrealização) Esta relacionada com a perturbação da 
consciencia. 
→ Desrealização: (o meio envolvente surge como 
irreal, nebuloso, estranho e insólito; esquizofrenia, 
ocasionalmente em depressivos e em 
determinadas perturbações da personalidade 
como o estado-limite) 
→ Sensação de distância ou proximidade insólitas: 
sensação de um hiato ou vazio insólito entre o 
objeto percecionado e o sujeito que o 
perceciona; existem relações com a 
despersonalização – não apenas o meio 
envolvente aparece como estranho e afastado 
como igualmente o doente se sente a si próprio 
como estranho, distanciado e sem se conseguir 
aproximar dos objetos; surge nas psicoses por 
alucinógenos e na esquizofrenia) 
→ Sinestesia: Associação de perceções em várias 
áreas sensoriais; perceção acústico-visual e a 
contemplação de cores (sinestesia auditivo-visual); 
são frequentes nas psicoses psicadélicas. 
→ Falso reconhecimento/”deja vu”: Impressão de 
familiaridade de uma experiência de perceção, 
em si nova. Com frequência surgem associadas à 
desrealização e à despersonalização; não são um 
sinal especificamente patológico (surgem também 
em indivíduos sãos). 
DEFORMAÇÕES ESPACIAIS: São alterações das 
características dos objetos percecionados, 
nomeadamente na esfera visual: o sujeito perceciona o 
objeto aumentado, diminuído (predominantemente causa 
orgânica). Perceção alterada da cor, da dimensão e da 
forma dos objetos (também perceção alterada sobre o 
próprio - distorção da imagem corporal) 
→ Alterações da cor: geralmente são distorções 
visuais secundárias ao consumo de substâncias 
tóxicas, em que o todo o campo visual fica mais 
intenso e com cores alteradas, podendo ocorrer 
xantopsia (amarelo), cloropsia (verde), eritropsia 
(vermelho) 
→ Alterações da dimensão ou dismegalopsia: Ocorrem 
sobretudo em doentes com lesões temporais e 
parietais, na epilepsia, ou raramente na 
esquizofrenia; pode haver aumento (macropsia 
ou megalopsia) ou redução (micropsia) dos 
objetos do campo visual 
→ Alterações da forma ou dismorfopsias: perceção 
deformada da forma ou figura de um objeto – 
pode ocorrer na esquizofrenia. 
→ Alterações Relativas ao próprio corpo 
o Autometamorfopsia: percepção alterada 
sobre o próprio corpo ou membros 
isolados do mesmo (ex. os pés parecem 
estar auma distância de quilómetros e, 
contudo, serem gigantescos (podem 
ocorrer durante o adormecer, em 
estados de cansaço e frequentemente 
em intoxicações com drogas, como LSD) 
o Autoscopia: vê-se alucinatoriamente a 
própria figura, como se se tratasse de 
um “duplo” (pode ocorrer em indivíduos 
sãos durante estados excessivos de 
cansaço, durante o adormecer bem 
como em epiléticos e em certos 
doentes com tumores cerebrais 
o Dismorfofobia ou perturbação dismórfica 
corporal: distorção da imagem corporal 
com avaliação negativa do próprio corpo; 
pode ser classificada aqui a distorção da 
imagem corporal em que há uma 
perceção do corpo como estando 
exageradamente gordo ou 
hiperbolizando pequenos defeitos físicos; 
pode surgir na anorexia nervosa ou na 
perturbação dimórfica corporal 
FALSAS PERCEÇÕES 
ILUSÕES: Transformação subjetiva de um objeto 
realmente presente, sendo mantido o juízo crítico. Vários 
processos psicológicos podem conduzir à ilusão: Estado 
emocional (e.g., cansaço), deficiências na 
atenção/circunstâncias (e.g., entardecer) Ex: um arbusto é 
tomado por um homem que espreita; ao despertar da 
anestesia, a enfermeira é tomada por um familiar; 
soldados excessivamente cansados julgam que as árvores 
são inimigos. Podem ocorrer em indivíduos com ou sem 
patologia psiquiátrica; as ilusões quase sempre visuais 
ocorrem em estados de fadiga grave ou inatenção e em 
casos de privação sensorial, de abaixamento do nível de 
consciência, em que os estímulos são percebidos de 
forma deformada. 
→ Pareidolia: refere-se à criação de formas 
imaginárias a partir de perceções resultantes de 
objectos de forma mal definida; resultam 
sobretudo da capacidade imaginativa e ao 
contrário das restantes ilusões não são extintas 
pelo aumento da atenção (ex. ver rostos nas 
nuvens) 
→ Imagem eidética: fenómenos sensoriais que 
surgem quando imagens de objetos são 
sobrepostas num fundo escuro e depois 
removidas e os indivíduos continuam a ver estas 
imagens com todo o pormenor. 
→ Ilusão de preenchimento: quando se completa um 
padrão familiar, mas não terminado. Ex: estar a 
ler um texto em que falta uma letra ou uma 
palavra e nem sequer se repara que algo falta, 
pois mentalmente completamos a frase ou a 
palavra; este tipo de fenómeno ocorre quando se 
está mais desatento) 
→ Ilusão de afeto: em que uma perceção pode ser 
alterada de acordo com o estado de humor, por 
exemplo, um doente maníaco poderá ler num 
anúncio de emprego “precisa-se de pessoa 
inteligente” em vez de “precisa-se de pessoa 
fluente em...” 
ALUCINAÇÕES: Ocorrência de uma perceção sem 
estímulo externo que lhe corresponda, estando o sujeito 
absolutamente convicto da sua realidade. Pode dizer 
respeito a qualquer esfera sensorial operativa: Auditivo-
verbal, Visual, táctil, Olfativo-Gustativa, Somática. As 
alucinações ocorrem sobretudo em casos psicóticos 
funcionais (esquizofrenia, mania psicótica, depressão 
psicótica) ou em casos de privação sensorial. 
→ Alucinações auditivas: 
o Tipo elementar-ouvir barulhos, gritos, 
murmúrios. 
o Parcialmente organizadas: ouvir uma 
música que não existe. 
o Completamente organizadas ou auditivo-
verbais: ouvir vozes, palavras. 
→ Alucinações auditivo-verbais: podem ser 
caracterizadas quanto: 
o Qualidade: claras ou vagas 
o Conteúdo: imperativas- dar ordens; 
interpelativas- comentários sobre atos 
o Impacto: agressivas, amigáveis 
o Dirigidas diretamente ao doente ou não: 
Vozes que se dirigem ao doente 
diretamente na segunda pessoa (tu) ou 
um conjunto de vozes que falam entre 
si, comentando indiretamente o 
comportamento do doente na terceira 
pessoa (ele); quando as vozes que falam 
entre si se contradizem denominam-se 
alucinações antagonistas. 
As alucinações auditivo-verbais são muito 
características da esquizofrenia. Podem 
ocorrer também em perturbações do humor 
(depressão ou mania psicóticas), no 
alcoolismo cronico. Nas perturbações 
dissociativas e em personalidade borderline, 
esquizoide, esquizotípica ou histriónica 
→ Alucinações visuais: Tipo elementar: clarões, 
chamas ou sombras. Parcialmente organizadas: 
padrões, figuras geométricas. Completamente 
organizadas: pessoas, objetos, animais, cenas 
o Alucinações cénicas: semelhantes ao 
desenvolvimento do sonho com 
dramática participação do doente (visões 
de fogo, cenas de crucificação, grande 
multidões) 
o Alucinações liliputianas (cenas com 
personagens minúsculas) ou gulliverianas 
(gigantes) ou ainda representações de 
animais (zoópsias) repugnantes, ou 
perigoso, monstruosos e fantásticos. 
→ Alucinações olfativas: O doente queixa-se de 
cheiro a gás ou a borracha queimada ou que ele 
próprio emite mau cheiro. 
→ Alucinações gustativas: O doente poderá sentir 
gostos estranhos na comida (com a respetiva 
interpretação delirante de assumir tratar-se de 
comida envenenada, recusando-se a comer – 
sitiofobia). É diferente do delírio secundário em 
que o doente esquizofrénico se sente 
fisicamente alterado, o que o leva a pensar que 
foi envenenamento. 
→ Alucinações motoras: 
o Tipo elementar: movimentos 
indeterminados. (sente que está a fazer 
movimentos, mas na verdade não está a 
fazer nada) 
o Complexas: com sensação de voar, 
sentir o corpo a afundar-se, um braço a 
elevar-se, levitar, andar, etc. 
→ Alucinações táteis ou de sensibilidade superficial: 
Tipo elementar: movimentos indeterminados 
o Sensação de toque – em que os 
doentes sentem que tocam em objetos 
que não existem (alucinações tácteis 
ativas) ou que são tocados por alguém, 
pessoa ou objeto (alucinações tácteis 
passivas) - Sensações de calor, frio, 
choques elétricos, sopros, picadas ou de 
insetos a rastejar na pele ou logo abaixo 
dela (formicação). 
o Alucinações sexuais: toques sexuais, 
reações forçadas, violação (podem 
ocorrer em quadros de esquizofrenia e 
nas demências) 
→ Alucinações cenestésicas ou de sensibilidade 
profunda: Todas as sensações corporais para 
além das tácteis, ex. dor profunda, sensações 
musculares ou articulares. 
o Alucinações viscerais: ex. achar que os 
órgãos se estão a deslocar pelo corpo, 
ou ter animais que se movem no interior 
do corpo. 
o Parasitoses alucinatórias: ter a sensação 
do corpo estar infestado de 
animais/parasitas, associando-se nestas 
circunstâncias ao delírio zoomórfico ou 
zoopático. 
Associação entre fenómenos psicopatológicos: Os temas 
das alucinações podem ser comuns com os do delírio 
(não cedendo à argumentação crítica nem ao juízo da 
realidade) 
 
PERTURBAÇÃO DO PENSAMENTO 
Pensar significa manter-se aberto a questões, escutar, 
compreender, ter presente, perceber significados, 
relacionar entre si e dotar de sentido; 
Implica também a explicação de causas e uma reflexão 
antecipada, planeadora de atividades bem como a tomada 
de decisões e a formação de juízos. 
Em resumo: organizar as realidades (materiais e imateriais) 
relativas a nós mesmos e ao nosso mundo. 
ALTERAÇÕES DO PENSAMENTO DIVIDEM -SE EM 
QUATRO GRANDES GRUPOS: 
1. Alterações do curso do pensamento (ritmo e 
continuidade) 
2. Alterações da forma do pensamento (Goldstein; 
Cameron; e Schneider) 
3. Alterações da posse do pensamento (ideias 
obsessivas e alineação do pensamento/alterações 
do pensamento relacionadas com a vivência do 
eu) 
4. Alterações do conteúdo do pensamento (ideias 
sobrevalorizadas; ideias delirantes/delírios; ideias 
de suicídio) 
ALTERAÇÕES DO CURSO DO PENSAMENTO: 
→ RITMO: 
o Pensamento acelerado ou taquipsiquismo: 
Aumento da velocidade do fluxo do 
pensamento, refletindo-se no discurso 
por aumento do débito verbal (a 
velocidade do pensamento e da 
linguagem está acelerada). Pode associar-
se ou não a fuga de ideias. O examinador 
consegue ainda quase sempre seguir a 
associação de ideias (contrariamente ao 
que acontece com o pensamento 
incoerente) ainda quede modo fugaz e 
superficial. (ex. estados de hipomania, 
mania, intoxicação alcoólica inicial e nas 
psicoses tóxicas) 
o Pensamento ideofugitivo ou digressivo e 
fuga de ideias: Uma ideia segue 
imediatamente a outra e o pensamento 
muda constantemente de objetivo, em 
função das associações e perde a sua 
finalidade (não há um regresso ao 
pensamento principal) - Ocorre sempre 
na presença de pensamento acelerado - 
As associações da cadeia do pensamento 
são determinadas por associações 
casuais sonoras, verbais (ex.. assonâncias 
- figura de linguagem ou recurso sonoro 
que consiste em repetir sons de vogais 
num verso ou numa frase, 
especialmente as sílabas tónicas, 
aliterações - repetição das mesmas 
letras, sílabas ou sons numa frase (ex.: 
passo a passo se anda espaço), ou pela 
presença de estímulos exteriores. - 
Ocorre tipicamente na mania. O fim não 
é igual ao pensamento inicial. Ex de 
esquizofrenia: O jovem doente queixa-se 
desesperadamente: “O meu pensamento 
está perturbado, as ideias fogem-me...já 
não consigo pensar...sinto-me em 
desagregação” 
 
Os pensamentos seguem-se uns aos outros sem 
aparente direção, com fácil distração por estímulos 
externos e dominados por exacerbação das associações, 
havendo um afastamento do pensamento principal inicial. 
o Pensamento circunstanciado: 
Pensamento prolixo (difuso, que usa 
demasiadas palavras) que se perde em 
entediantes detalhes desnecessários, 
mostrando uma incapacidade para 
distinguir o essencial do acessório. Porém, 
o pensamento não perde a sua finalidade 
(há um regresso ao pensamento 
principal). Não é possível deixar de lado o 
que é secundário. Ocorre tipicamente 
em perturbações da personalidade (e.g., 
personalidades obsessivas). Perde-se em 
coisas desnecessárias, mas consegue 
voltarão pensamento. 
 
O pensamento procede lentamente, com muitos detalhes 
não relevantes antes de chegar ao objetivo, regressando, 
no entanto, ao pensamento principal inicial. 
o Pensamento lentificado ou 
bradipsiquismo: O pensamento progride 
lentamente, com diminuição do poder de 
associação de ideias e dificuldade de 
passar de um tema para outro; - 
Observa-se o aumento da latência das 
respostas, lentidão de discurso e 
capacidade de decisão reduzida (torpidez 
na forma como o doente fala e reage) - 
O pensamento inibido (vem a seguir) 
está frequentemente lentificado - Típico 
de estados depressivos, inicio de 
processos confusionais, e na doença de 
Parkinson (também perturbações da 
consciência, na sonolência, nos 
esquizofrénicos fortemente pressionados 
e oprimidos). Consigo ver, consigo 
perceber que existe/está presente no 
doente. 
o Pensamento inibido: Há inibição do 
raciocínio (“custa a pensar”) e o doente 
sente resistências ao fluxo do 
pensamento que é lento, hesitante e 
irregular. - Esta hesitação é vivida 
subjetivamente (experienciada) como 
dificuldade em pensar e tomar decisões, 
perda da clareza do pensamento - 
Ocorre na depressão, esquizofrenia 
catatónica inibida, quadros demenciais e 
fadiga. - Enquanto o pensamento 
lentificado é um fenómeno observado 
(objetivo), o pensamento inibido é 
experienciado pelo sujeito (subjetivo). 
Não consigo observar esta patologia no 
doente, o doente é que consegue sentir. 
Ex de esquizofrenia: “Eu já não 
conseguia tratar de mais nada. Os 
pensamentos andavam sempre à roda, 
logo a seguir interrompiam-se 
bruscamente, para recomeçar de novo 
desde o princípio. Como tal nunca 
conseguia concluir os pensamentos.” “O 
pior é o que se passa com o meu 
pensamento: não posso, de todo, fazer 
avançar os meus pensamentos. As ideias 
não fazem mais do que andar às voltas 
e, às vezes, tenho a impressão de que 
já não tenho pensamentos...nem sequer 
memória...e já não consigo concentrar-
me em nada”. 
 
→ CONTINUIDADE: 
o Bloqueio do pensamento: Súbita 
suspensão do curso do pensamento. O 
doente detém-se a meio de uma 
conversa, cala-se, “perde o fio” do 
discurso, ocasionalmente retoma a 
conversa com outro tema. Os bloqueios 
ocorrem em clara consciência e não 
devem ser confundidos com a 
interrupção do curso do pensamento 
provocada por uma ausência. 
Descontinuidade da progressão do 
pensamento com suspensão brusca e 
aparentemente imotivada do 
pensamento (observada e/ou 
experienciada), manifestada por uma 
interrupção súbita da fala, no meio de 
uma frase em plena clareza de 
consciência. - Quando o doente 
consegue retomar o discurso, fá-lo com 
outro assunto, sem conexão com a 
ideação anterior, com sentimento de 
embaraço ou como experiencia 
aterradora devido ao vazio completo no 
curso do pensamento. - Típico da 
esquizofrenia ou quadros ansiosos 
o Perseveração ideativa ou perseveração 
de conteúdo: O pensamento repete-se; 
uma ideia persiste além do ponto em 
que é relevante. Uma mesma ideia “dá 
continuamente voltas à cabeça” (ou 
então, alguns pensamentos), impõe-se 
constantemente, sem que consiga ser 
elaborada ou concluída.. O doente não 
pode abandonar uma ideia para passar 
para outra, sentindo-se incapaz de se 
adaptar a questões sucessivas, repete 
voluntariamente a mesma resposta a 
uma variedade de questões, mostrando 
uma incapacidade de se adaptar a uma 
mudança de tópico (perseveração 
temática). É também escrito como 
pensamento circular, ruminação 
depressiva, “estado” incómodo, “cisma”. 
Frequente durante o adormecer, na 
insónia, em período de preocupações - 
Ocorre na depressão grave e na 
esquizofrenia crónica - As ideias 
obsessivas são também, quase sempre, 
perseverantes. 
o Perseveração verbal: Repetição 
involuntária de palavras ou frases das 
últimas palavras ou frases num diálogo 
que interfere com a fluidez das ideias. 
Esta situação difere da ecolalia e da 
estereotipia verbal (veremos mais à 
frente nas alterações da linguagem). 
 
ALTERAÇÕES DA FORMA DO PENSAMENTO 
Nas alterações da forma do pensamento estão alterados 
a organização e o processo associativo do pensamento, 
sobretudo no que se refere à sua componente abstrata 
e de conceptualização. 
Manifestam-se através da comunicação e da produção 
do discurso, podendo a linguagem apresentar apenas 
alterações semânticas ou também sintáticas. 
CARL SCHNEIDER: 
→ Descarrilamento: O pensamento flui para um 
pensamento subsidiário sem relação com o 
primeiro, ex. “Vou apanhar o autocarro, vou a 
casa dos meus pais, o presidente da república 
controla-me as ideias, as camaras estão na minha 
sala”. 
 
O pensamento flui para um pensamento subsidiário sem 
relação com o primeiro, havendo um afastamento do 
pensamento principal inicial. 
→ Fusão: Existe a justaposição e entrelaçamento 
de conteúdos heterogéneos e incompreensíveis. 
Ou seja, várias ideias a,b,c, são interligadas. Ex.: 
“Eu sei que os marcianos me andam a perseguir 
desde aquele dia na praia. A forma do meu 
quarto mudou desde que eu tenho estes 
poderes sobrenaturais e a minha mãe sabe disso. 
Assim os marcianos vão voltar para me apanhar 
e aquela praia continua azul, mas os poderes que 
eu tenho a minha mãe nunca os negou”. 
 
Existe uma justaposição de conteúdos heterogéneos e 
incompreensíveis, várias ideias a,b,c são interligadas, 
havendo também geralmente um afastamento do 
pensamento principal inicial. 
→ Suspensão ou omissão: Súbita interrupção de 
uma cadeia de pensamentos e da intenção 
contida num determinado pensamento ou parte 
dele, ex.: “Vou apanhar o autocarro para...hoje 
almocei peixe e estava bom” (semelhante ao 
bloqueio do pensamento). 
→ Pensamento desagregado: Miscelânea de 
fragmentos de pensamentos heterogéneos; 
existe perda das associações e o pensamento 
não faz sentido (de acordo com Sims (2006), 
este ocorre quando existe um grau 
dedescarrilamento e fusão elevado) 
ALTERAÇÕES DA POSSE DO PENSAMENTO 
→ Ideias obsessivas: Ideias persistentes que ocorrem 
contra a vontade do doente(que as sente como 
intrusivas, parasitas e inaceitáveis, resistindo 
contra elas – egodistónicas) e que se associam a 
uma elevada carga ansiogénica. Geralmente a 
temática destas ideias é repugnante para o 
doente, ex. Um doente que seja muito religioso 
poderá ter pensamentos blasfémicos. Alguém 
sensível às questões morais, pensamentos 
relacionados com a tortura dos outros. Alguém 
sensível às questões da sexualidade, 
pensamentos relacionados com esta área 
Existe também manutenção da autocrítica 
relativamente ao carácter patológico deste 
problema. Embora se fale geralmente de ideias 
obsessivas, as obsessões podem também tomar 
a forma de: 
o - Imagens (e.g., o doente vê imagens 
dele a esfaquear alguém) 
o - Impulsos (e.g., de tocar, de cometer 
atos sociais reprováveis) 
o - Medos (e.g., de contaminação) 
o – Dúvidas 
Quanto aos temas obsessivos, destacam-se: 
- Ideias relacionadas com contaminação 
- Preocupação com possíveis doenças 
- Dúvidas (existenciais, filosóficas) 
- Necessidade de simetria 
- Ideias com teor agressivo, sexual ou 
religioso, etc 
As obsessões levam muitas vezes às 
compulsões- atos motores ou mentais, que são 
irresistíveis e reduzem a ansiedade provocada 
pelas obsessões. 
• Atos motores: verificação (e.g., 
verificar várias vezes a fechadura ou 
se as janelas estão fechadas); 
limpeza (ex. lavar persistentemente 
as mãos) 
• Atos mentais (ex. recitar orações) 
As obsessões são típicas de perturbações 
ansiosas (sobretudo da perturbação obsessiva 
compulsiva), mas também podem star presentes 
em perturbações depressivas, e na esquizofrenia. 
→ Alienação do pensamento (também designada 
por perturbações do pensamento relacionadas 
com perturbações da vivência do eu) - 
perturbação do pensamento relacionadas com 
perturbação da vivencia do eu: O doente pensa 
que os seus pensamentos são controlados por 
uma entidade extrínseca (externa) ou que os 
outros participam no seu pensamento. Ocorre 
tipicamente na esquizofrenia e é de 3 tipos: 
o Influenciamento do pensamento ou 
imposição do pensamento: convicção de 
que as suas ideias ou representações 
são influenciadas ou impostas pelo 
exterior; o doente sente que os seus 
pensamentos são induzidos por 
entidades extrínsecas (e.g., através de 
radares, laser) 
o Roubo do pensamento ou interseção do 
pensamento: o doente tem a convicção 
de que as ideias desapareceram porque 
se apoderaram dos seus pensamentos, 
lhos roubaram através de procedimentos 
distintos e com intenções variadas; os 
doentes têm a sensação de que lhes 
roubam e lhes escondem os 
pensamentos. 
o Difusão do pensamento: o doente sente 
que o seu pensamento não lhe 
pertence, que outros participam no 
pensamento (pensamento compartilhado) 
ou que leem os seus pensamentos 
(leitura de pensamento), que os seus 
pensamentos são conhecidos dos outros 
(divulgação ou difusão do pensamento), 
que ouve os seus pensamentos em voz 
alta (sonorização do pensamento) ou que 
há repetição imediata (eco do 
pensamento). 
ALTERAÇÕES DO CONTEÚDO DO PENSAMENTO 
a) Ideias sobrevalorizadas ou prevalentes 
b) Delírios 
c) Ideias de suicídio 
IDEIAS SOBREVALORIZADAS: 
Ideias erróneas por superestimação afetiva. O conteúdo 
do pensamento centraliza-se em torno de uma ideia 
particular, que assume uma tonalidade afetiva acentuada; 
é irracional e aceite pelo indivíduo que não resiste contra 
ela (egossintonia; ao contrário das ideias obsessivas, onde 
há ideias persistentes que ocorrem contra a vontade do 
doente que as sente como intrusivas resistindo contra 
elas). Porém, sustentada com menos intensidade que uma 
ideia delirante (irredutibilidade e convicção plena ausentes 
ou pouco prevalentes). 
É compreensível com contexto da personalidade e/ou 
história do doente. 
Em suma: Convicções acentuadas por um estado afetivo 
muito forte, compreensível tendo em conta a 
personalidade do doente. 
Causa perturbação no funcionamento da pessoa ou 
sofrimento (ex. ideias de ciúme no ciúme mórbido, ideias 
de ter uma parte do corpo disforme na dismorfofobia, 
achar que se está doente na hipocondria ou achar-se 
com excesso de peso na anorexia nervosa. 
 
Irredutibilidade convicção plena- tem a ver com o juízo 
de realidade. (quando está presente não há juízo de 
realidade). 
 
DELÍRIOS 
(como as alucinações presentes na perceção) 
Uma crença falsa, inabalável, provinda de processos 
mórbidos e que contrasta com o contexto cultural e 
social do doente. 
Segundo Jaspers (1913), trata-se de um falso juízo que 
comunga das seguintes características: 
- Irredutibilidade – perante argumentação lógica ou 
opinião coletiva, não sendo passível de ser 
influenciada externamente 
- Convicção plena – certeza subjetiva absoluta, 
evidência a priori, independente da experiência 
- Conteúdo impossível – este último fator é 
controverso podendo surgir alguns delírios muito 
próximos da plausibilidade, nomeadamente, na 
perturbação delirante, sendo esta característica 
substituída por outros autores por 
incompreensibilidade psicológica (em rutura com 
o contexto sociocultural do doente). 
O delírio pode ser subdividido em delírio primário ou 
delírio secundário. 
DELÍRIOS PRIMÁRIOS: ideias ou vivencias que não estão 
associadas a outros processos psicológicos e não derivam 
deles (aparecem sem causa aparente a partir de 
vivências delirantes primárias) 
Tem um carácter de evidência, em que surge, como 
algo inteiramente novo, um novo significado, súbito e 
revelador, associado a perceções ou acontecimentos 
psicológicos num determinado instante da vida do sujeito, 
e representa uma quebra radical na sua biografia e uma 
transformação qualitativa de toda a existência. 
Associa-se à esquizofrenia aguda (sobretudo nas fases 
iniciais) ao contrário do delírio secundário associado a 
outro fenómeno psicológico (ex. perturbação do humor) 
As vivências delirantes primárias podem ser classificadas 
em: 
 HUMOR DELIRANTE: O doente tem um 
pressentimento (estado afectivo difuso) de que 
algo está a acontecer à sua volta, que o inquieta 
e que tem um carácter ameaçador, estranho e 
misterioso, mas o doente não sabe exactamente 
o que é. Ao pressentir uma mudança 
incompreensível no que o rodeia pode ocorrer 
perplexidade, despersonalização ou desrealização, 
com uma estranheza radical que pode ir até à 
sensação de fim do mundo. Pode cessar sem 
qualquer desenvolvimento delirante, mas a maior 
parte das vezes ele sobrevém. 
 PERCEÇÃO DELIRANTE: Atribuição de um novo 
significado anormal, geralmente 
autorreferenciado, a um objecto normalmente 
percebido [estrutura com dupla vertente: 
percepção final ligada, por um lado à percepção 
verdadeira do objecto real (pelo indivíduo) e por 
outro, sem motivação compreensível, a um novo 
significado]. Exemplo: um doente esquizofrénico 
diz que descobriu que era perseguido pela máfia 
porque reparou que tinha uma nódoa na camisa. 
Não se trata de uma perturbação do percebido 
mas do seu significado (pelo que se considera 
uma perturbação do pensamento) que é 
vivenciada como uma revelação uma descoberta 
abrupta 
 
Recordação delirante do tipo perceção delirante- histórias 
do passado reais que são ligadas a outro significado. 
 OCORRÊNCIA OU INTUIÇÃO DELIRANTE: O delírio 
surge completamente formado na mente do 
doente, como uma ideia ou certeza súbita, um 
significado anormal, sem suporte perceptivo e a 
partir de uma revelação quase “pura”, 
fenomenologicamente indistinguível de uma ideia 
normal. Exemplo: O mesmo doente após 
perceber que o avião é dos serviços secretos 
desenvolve uma ideia delirante súbita em que 
acha que está a ser perseguido pelo governo. 
 RECORDAÇÃO DELIRANTE: 
o Recordação delirante do tipo perceção 
delirante: Histórias do passado reais que 
são ligadas a outro significado. Por 
exemplo: O doente afirma ser de 
ascendênciareal porque em criança se 
lembra que as colheres com que comia 
tinham uma coroa desenhada (facto que 
tudo leva a crer que seja verdadeiro). 
Aqui a perceção final está ligada, por um 
lado, à perceção do objeto real e, por 
outro, a um novo significado (ver figura 
da estrutura de dupla vertente da 
perceção delirante). 
o Recordação delirante do tipo ocorrência 
delirante: Esta presente numa memória 
falsa/inventada. Por exemplo: O doente 
afirma ser de ascendência real porque o 
rei saudou-o de forma especial quando 
era criança (tal acontecimento não é 
real). Aqui o delírio está contido na 
memória (falsa), não apresenta a 
estrutura de dupla vertente. 
Diferenças entre delírios; alucinações e ilusões 
 
Delírios secundários: São derivados de outras 
perturbações, existe uma perturbação maior(major) e 
dentro dela os delírios, ou seja, são secundários aquilo 
que é o palco principal (perturbação principal). Pode ser 
compreendido em termos de história psiquiátrica e 
pessoal. 
São derivados ou vinculados a outros processos 
psicológicos (por exemplo, esquizofrenia crónica, mania 
ou depressão). 
São exemplos de delírios secundários as ideias de 
grandeza na mania, decorrentes de um humor eufórico, e 
as ideias de perseguição no delirium, decorrentes do 
rebaixamento do nível de consciência. 
O delírio pode classificar-se de acordo com a temática: 
1. DELÍRIO PERSECUTÓRIO OU PARANOIDE: É a 
forma mais comum, com ideias delirantes de 
prejuízo e a vivência de que existe uma 
agressividade contra o doente. Ele sente-se 
ameaçado, atacado, incomodado, prejudicado, 
perseguido ou vítima de uma conspiração, 
envenenamento ou tentativa de morte. “Os meus 
pais quiseram matar-me ontem”. Frequente na 
esquizofrenia ou na perturbação delirante 
2. AUTORRELACIONAÇÃO, AUTORREFERÊNCIA 
DELIRANTE: Refere a si mesmo as suas 
experiências delirantes, convencido que os 
acontecimentos fortuitos lhe dizem respeito Por 
exemplo: Ao passar diante de um grupo de 
pessoas que conversam, diz-se alvo de 
constantes referências depreciativas. Falam dele, 
riem dele, dizem que é desonesto. Muitas vezes 
existe uma personalidade prévia com traços 
sensitivos. Frequente na esquizofrenia. 
3. DELÍRIO DE GRANDEZA: O conteúdo envolve 
sentimento físico e mental de poder, 
conhecimento ou importância exagerados, em 
contraste com a realidade. Convicção de possuir 
algum grau de parentesco ou ligação com 
personalidades importantes (delírio de filiação), de 
possuir algum grande talento (inteligência, cultura, 
beleza), poder ou destino especial, algum dom 
magistral ou ser possuidor de grande fortuna. 
Característico da esquizofrenia ou da mania 
delirante onde pode assumir a forma de delírio 
megalómano. 
4. DELIRIO MISTICO OU RELIGIOSO: pessoa que 
caredita numa relegião e que desenvolve uma 
nova historia sobre essa religião, acreditando 
plenamente nela. Relacionado com ideias religiosas 
ou espirituais, mas fora do que é culturalmente 
aceite, às vezes suportado por vozes ou visões 
alucinatórias. Pode tornar-se messiânico quando 
está convicto de ter um papel de 
salvador/redentor. Pode ocorrer na esquizofrenia 
ou na mania (quando o delírio místico está 
associado a uma valorização pessoal extrema – 
“sou o messias, o salvador do mundo”). 
5. DELIRIO SOMÁTICO OU HIPOCONDRÍACO: O 
conteúdo envolve uma mudança ou perturbação 
no funcionamento corporal e crê inabalavelmente 
que tem uma doença incurável. O doente queixa-
se de preocupações e sintomas somáticos sem 
nenhuma causa orgânica. Presente na 
esquizofrenia e em depressões graves 
6. DELIRIO DE INFESTAÇÃO: Preocupação com 
micróbios, piolhos ou vermes que invadiram o 
corpo. Pode associar-se a alucinações da 
sensibilidade superficial (formicação, por exemplo) 
ou profunda. Ocorre na esquizofrenia, na 
depressão grave, no delirium tremens e na 
intoxicação por cocaína e alucinogénios. 
7. DELIRIO NIILISTA (muito importante): Delírio de 
negação, nega a existência do corpo, da sua 
mente e do mundo à sua volta, que está 
destruído e estão todos mortos. Pode estar 
presente, por exemplo, na depressão grave 
psicótica. Muitas vezes o delírio de negação da 
pessoa no seu todo é conhecido por delírio de 
Cotard, embora as ideias delirantes de não 
existência da pessoa no seu todo ou de partes 
dela sejam apenas um dos constituintes da 
Síndrome de Cotard original (síndrome do cadáver 
ambulante). 
8. DELÍRIO DE NEGAÇÃO DE ÓRGÃOS: Considera que 
o corpo está destruído, as veias estão secas, não 
tem órgãos. Frequente nas depressões graves 
psicóticas. Muitas vezes conhecido por delírio de 
Cotard, embora as ideias delirantes de não 
existência da pessoa no seu todo ou de partes 
dela sejam apenas um dos constituintes da 
Síndrome de Cotard original. 
9. DELÍRIO DE CULPA: O doente acredita ter 
cometido uma falta ou pecado imperdoável, ser 
uma pessoa indigna, pecaminosa, suja, 
irresponsável, que deve ser punida pelos seus 
pecados. Característica de depressão psicótica e 
de esquizofrenia 
10. DELÍRIO DE RUÍNA: Acredita que está arruinado, 
condenado à miséria, sem capacidades para 
sobreviver, bem como a sua família, com a 
certeza de que irão passar fome, apesar da 
documentação e a realidade evidenciar o 
contrário. Característico da depressão psicótica. 
11. DELÍRIOS PASSIONAIS: 
a. Delírio de ciúme ou de infidelidade: 
Convicção de ser traído pelo parceiro. 
Pode ocorrer em todas as psicoses, mas 
mais caracteristicamente no alcoolismo 
crónico. 
b. Erotomania: Convicção que certa pessoa, 
geralmente com destaque social (artista, 
médico, professor) está apaixonado/a por 
ela/e e de que irá abandonar tudo para 
que se possa casar com ele/a. Ver 
síndrome de Clérambault 
12. IDENTIFICAÇÃO DELIRANTE: 
a. Síndrome de Capgras ou deliriio de sosias: 
Descrita por Capgras e Reboul-Lachaux, 
em 1923. O doente acredita que alguém 
próximo dele (por exemplo, familiar) foi 
substituído por um duplo, que os seus 
conhecidos foram substituídos por sósias 
(são quase idênticos, mas no fundo são 
impostores, falsários quase perfeitos) – 
iguais fisicamente, mas diferentes 
psicologicamente (Uma mulher que foi 
substituída pela minha mãe e é 
fisicamente igual mas eu sei q não é ela.) 
b. Síndrome de fregoli: Descrita por Courbon 
e Fail, em 1927. Nesta situação existe um 
falso reconhecimento delirante dos 
outros, o doente acha que pessoas 
desconhecidas são suas conhecidas, mas 
que estão disfarçadas (diferente 
fisicamente, mas igual psicologicamente) 
As pessoas são diferentes fisicamente, 
mas iguais psicologicamente. 
c. Síndrome das intermetamorfoses: Descrita 
por Courbon e Tusques, em 1932. O 
doente acredita que alguém se 
transformou noutra pessoa adquirindo as 
suas características físicas e psíquicas. 
Por exemplo, que uma pessoa estranha 
(perseguidor) adquiriu as características 
físicas e psicológicas de um seu familiar. 
d. Síndrome dos duplos subjetivos: Descrita 
por Christodolou, em 1978. O doente 
acredita que outra pessoa se 
transformou fisicamente nele próprio 
RELATIVAMENTE AO GRAU DE ORGANIZAÇÃO OU 
ESTRUTURA DOS DELÍRIOS, ELES PODEM SER: 
→ SISTEMATIZADOS: Quando existe um delírio 
principal e todo o restante sistema delirante é 
ordenado e coerentemente construído à volta 
desse erro. Por manter uma lógica interna podem 
adquirir uma maior credibilidade. Estes doentes 
muitas vezes como que constroem um 
argumento, podendo os delírios ser 
sistematizados em sector ou em rede. O aspeto 
fundamental é a presença de uma única ideia 
delirante fixa, elaborada, que pode assumir vários 
contornos: delírio de reivindicação ou querelante, 
delírios passionais (ciúme, erotomania), delírio 
imaginativo (características da parafrenia tardia, 
privilegiando temas de grandeza) e delírios 
interpretativos monotemáticos (típico da 
perturbação delirante crónica). Nos delíriossistematizados, os doentes nãos e prestam a 
impedir o desenvolvimento ou criticar o delírio, 
mas a buscar mais elementos para o justificar e 
sistematizar. Este tipo de delírios é frequente em 
estádios avançados da esquizofrenia ou na 
perturbação delirante 
→ NÃO SISTEMATIZADOS: Quando envolvem ideias 
delirantes dispersas referidas a vários temas. Os 
doentes são mais desorganizados e pouco 
convincentes, não formam um argumento e não 
tentam explicar as suas ideias (“as coisas são 
“porque sim”, “eu sei”, “todo o mundo sabe”). 
Típico da esquizofrenia desorganizada 
→ SIMPLES (MONOTEMÁTICOS): Em torno de um 
só conteúdo. 
→ COMPLEXOS (PLURITEMÁTICOS): Englobando 
vários temas ao mesmo tempo, com múltiplos 
focos. 
→ COMPARTILHADOS OU LOUCURA A DOIS 
(FOLIE À DEUX): Em que o convivente, 
habitualmente com personalidade sugestionável, 
dependente ou frágil socioculturalmente ou com 
limitação física ou psicossocial, passa a delirar 
(sobre o mesmo tema do doente). Podem 
ocorrer delírios grupais. (Basicamente é quando 
uma pessoa com um delírio influencia uma 
segunda pessoa.) 
IDEIAS DE SUICÍDIO 
As ideias de suicídio podem adquirir um carácter 
sobrevalorizado e poderão ser classificadas na secção das 
alterações do conteúdo do pensamento. Podem ir desde 
os pensamentos de morte até à intenção suicida 
estruturada (com ou sem planificação suicida). 
 
 
HUMOR, EMOÇÃO E AFETOS 
Os vários autores são unânimes em afirmar que o 
desenvolvimento da psicopatologia da afetividade não foi 
paralelo ao das outras áreas, tendo ocupado um papel 
acessório. 
Isto pode explicar a multiplicidade de conceitos, sua 
ambiguidade e dificuldade em unificar e classificá-los. 
Para a compreensão da psicopatologia do humor, 
emoção e afetos, é importante definir os termos 
utilizados com a máxima clareza: emoção, sentimentos, 
afeto, humor e temperamento. 
EMOÇÃO: 
Resposta a curto prazo, desencadeada por uma perceção 
(interna ou externa) e que evoca mudanças fisiológicas. 
PODE DIVIDIR-SE EM 3 COMPONENTES: 
 COMPONENTE COMPORTAMENTAL: Expressão 
física da emoção. Expressões verbais ou não 
verbais- sorrir, chorar ou fugir. 
 COMPONENTE SOMÁTICA OU FISIOLÓGICA: 
excitação corporal- frequência cardíaca, 
temperatura e mudanças respiratórias. (sistema 
nervoso autônomo (luta ou fuga). Sistema 
endócrino (hormônios). 
 COMPONENTE COGNITIVA: avaliação e 
interpretação subjetiva dos sentimentos e 
ambiente. 
António Damásio: “Eu vejo a essência da emoção como a 
coleção de mudanças no estado corporal que são 
induzidos em órgãos por terminais de células nervosas, 
sob o controle de um cérebro dedicado sistema, que 
está respondendo ao conteúdo de pensamentos relativos 
a uma determinada entidade ou evento. Muitas das 
mudanças no estado corporal – aquelas na cor da pele, 
corpo postura e expressão facial – são na verdade 
percetíveis para um observador externo. (Na verdade, a 
etimologia da palavra sugere bem uma direção externa, a 
partir do corpo: emoção significa literalmente "movimento 
para fora"). Outras mudanças no estado do corpo são 
percetíveis apenas ao dono do corpo em que eles 
ocorrem". 
(Segundo António Damásio, a emoção é um conjunto de 
reações corporais, automáticas e inconscientes, face a 
determinados estímulos provenientes do meio onde estamos 
inseridos) 
2 PERSPETIVAS: 
PERSPETIVAS DAS EMOÇÕES BÁSICAS: Perspetivas que 
situam as emoções em termos de emoções básicas- 
estudo das emoções nos seus componentes mais 
básicos, tentaram encontras as emoções mais universais. 
Ekman propôs a presença de seis emoções básicas: 
raiva, medo, nojo, surpresa, felicidade e tristeza. 
 
Mais tarde Brown propõe um conjunto de emoções 
universais, incluindo expressões faciais universais. 
 
PRESPETIVA DAS DIMENSÕES DAS EMOÇÕES- ESTUDO DAS 
EMOÇÕES ENQUANTO CONSTRUÇÕES PSICOLOGIAS- 
procuramos emoções 
Reações emocionais a estímulos e eventos podem ser 
caracterizados por dois fatores: Valência (agradável- 
desagradável) e excitação/arousal (alto- baixo) (maior 
ativação emocional/ menor ativação emocional). 
Os fatores valência e arousal refletem-se nas nossas 
ações futuras (aproximar ou evitar) e estão relacionados 
com o nível de antecipação do evento associado à 
emoção (antecipado ou inesperado). 
Uma valência positiva vai causar aproximação, se for 
negativa causa um evitamento. 
A ativação tem a ver com o evento ser esperado ou 
não, um invento inesperado causa maior 
ativação/excitação. 
 
Num contínuo entre gostava e não gostava - valência 
(abordagem ou retirada). Diferentes reações emocionais 
ou estados podem nos motivar ou a abordar ou a retirar. 
Ex. felicidade e surpresa pode excitar uma tendência de 
abordagem ou engajamento nas situações de 
provocação, enquanto o medo e o nojo podem nos 
motivar a retirar-se das situações de provocação. 
Além disso, de acordo com o nível de antecipação (num 
contínuo entre eventos antecipados e inesperados) – 
excitação (agitado ou calmo). 
O MODELO CIRCUNPLEXO DE AFETO: UMA 
ABORDAGEM INTEGRATIVA AO AFETIVO 
NEUROCIÊNCIA, DESENVOLVIMENTO COGNITIVO E 
PSICOPATOLOGIA 
O modelo circunplexo de afeto propõe que todos os 
estados afetivos decorrem de interpretações cognitivas 
de sensações neurais do núcleo que são produto de dois 
sistemas neuropsicológicos independentes. 
Este modelo está em contraste com teorias de emoções 
básicas, que afirmam que um discreto sistema neural 
independente serve todas as emoções. 
Propomos que teorias básicas da emoção não expliquem 
adequadamente o vasto número de observações 
empíricas de estudos em neurociência afetiva, e 
sugerimos que é necessária uma mudança conceptual 
nas abordagens empíricas levadas para o estudo da 
emoção e psicopatologias afetivas. 
O modelo cincunplexo de afeto é mais consistente com 
muitas descobertas recentes do comportamento, 
consciencia cognitiva, neuroimagem e estudos 
desenvolvimentais dos afetos. 
Além disso, o modelo oferece novas abordagens teóricas 
e empíricas para estudar o desenvolvimento de 
transtornos afetivos bem como os fundamentos 
genéticos e cognitivos de processamento afetivo dentro 
do sistema nervoso central. 
 
Os autores distinguem quatro “zonas”: emoções básicas; 
apparaisal(avaliação); construção psicológica e construção 
social. 
 
Apparaisal: Começa a haver um desfoque das fronteiras 
entre a geração de emoção e regulação da emoção. 
Não há mais a suposição de uma separação acentuada 
entre geradores de emoções subcuticais e sistemas de 
controle cortical. 
Construção social: as emoções são vistas como 
artefactos ou performances culturalmente prescritas que 
são constituídas por fatores socioculturais e constrangidas 
pelo contexto social. 
EMOÇÕES E AFETIVIDADE: PERSPETIVA PSICODINÂMICA 
CONCEÇÃO DE FREUD 
Uma das contribuições mais fundamentais da psicanálise à 
psicopatologia tem sido na área da afetividade. 
A angústia tem importância central na teoria freudiana 
dos afetos. 
De modo geral, Freud concebe a angústia como um 
afeto básico que emerge do eterno conflito entre o 
indivíduo, os seus impulsos ins1n1vos primários, os seus 
desejos e as suas necessidades, por um lado, e, por 
outro, as exigências de comportamento civilizado, 
restrições (p. ex., não desejar a mulher do próximo, não 
matar, respeitar o tabu do incesto, etc.) que a cultura 
impõe ao indivíduo. 
Devido a tais restrições, a pessoa experimenta 
irremediável “mal-estar na cultura”. 
Numa primeira teorização, Freud [1895] (1986) postulou 
que a angústia seria uma transformação da libido não-
descarregada. Ou seja, a energia sexual que, por algum 
motivo, não fosse adequadamente descarregada (p. ex., 
por meio do ato sexual) ficaria re1da, presa no aparelho 
psíquico, gerando a angústia como subproduto. 
Numa teoria posterior, Freud [1926] (1986) postulou que a 
angús1a seria não um subproduto da libidoretida, mas um 
sinal de perigo, enviado pelo Eu, no sentido de evitar o 
surgimento de algo muito mais ameaçador ao indivíduo, 
algo que poderia gerar angústia muito mais intensa. 
A angústia funcionaria então como sinal de desprazer que 
suscitaria da parte do Eu uma reação de defesa passiva 
ou ativa, ativando o recalque ou outros mecanismos de 
defesa, a fim de evitar uma situação de perigo mais 
importante e, consequentemente, uma angústia muito 
maior. 
A depressão ou melancolia (termo mais utilizado em 
psicanálise) relaciona-se com o modo particular de 
elaboração inconsciente de perdas reais ou simbólicas. 
Para Freud, quando perde um objeto significativo (pessoa 
próxima, um ideal, um certo status, o emprego, etc.), o 
sujeito tende, para não perdê-lo totalmente, a identificar-
se narcisicamente com ele e a introjetá-lo ao próprio Eu. 
Caso tal objeto de alguma forma fosse muito amado, mas 
também inconscientemente muito odiado (investimento 
libidinal ambivalente) pelo sujeito, o rancor e o ódio 
inconsciente que guardava por tal objeto tenderiam a ser 
vertidos sobre o próprio Eu. 
Surgem, então, as auto-acusações, os sentimentos de 
culpa e de fracasso, a autopunição em forma de descuido 
consigo próprio, perda do apetite e ideias e atos suicidas. 
CONCEÇÃO DE MELANIE KLEIN 
A psicanalista Melanie Klein (1974), da escola inglesa de 
psicanálise, deu importante ênfase à vida afetiva nas suas 
concepções sobre o funcionamento mental humano. 
Os afetos, na sua teoria, seriam centrais para toda a 
psicopatologia e estariam intimamente associados às 
fantasias primitivas e às chamadas relações de objeto 
(objeto aqui é conceitualizado como representações 
mentais, na maior parte das vezes inconscientes, de 
pessoas ou personagens reais ou fantasiadas, completas 
ou parciais). 
Nessa concepção, haveria afetos primários, primitivos, 
como o ódio, a inveja, o medo de ser retaliado, etc., e 
outros, que indicariam maior maturidade psíquica do 
indivíduo, como a gratidão, a reparação e o amor. 
Os afetos resultariam, em grande parte, do tipo e da 
qualidade das relações do sujeito com os seus objetos 
internos (conscientes e, sobretudo, inconscientes). 
Assim, as fantasias de ataque invejoso e destrutivo a 
objetos internos gerariam sentimentos de medo ou 
ansiedade paranoide e temor de retaliação. 
Já o reconhecimento dos objetos internos, como seres 
inteiros, protetores e vivos, geraria afetos como os 
sentimentos de reparação e de gratidão. 
EMOÇÃO: FUNDAMENTOS NEUROFISIOLÓGICOS 
SISTEMA NERVOSO CENTRAL 
Um cérebro totalmente intacto é condição prévia para 
um desenvolvimento normal da afetividade. 
Cérebro emocional é constituído por tronco cerebral 
anterior, o tálamo, e o sistema límbico (muito importante 
+ amígdala), bem como as vias fronto-talâmicas e 
revestem-se de especial importância para estas vivências. 
Sabe-se que alterações (tumores ou focos de inflamação) 
ou lesões deliberadamente provocadas (leucotomia) nas 
referidas regiões, provocam modificações da vida 
emocional: ausência de emoções, embotamento, redução 
da resposta afetiva à dor física, etc. 
SISTEMA NERVOSO AUTÓNOMO (VEGETATIVO)- EM 
PARTICULAR, O SISTEMA SIMPÁTICO 
É o sistema cujos centros se encontram estritamente 
relacionados com as referidas regiões cerebrais (em 
especial, com o hipotálamo) e é responsável por preparar 
o organismo para responder a situações de stress e 
emergência (aumentar a a1vidade cardíaca e a pressão 
arterial, libertar adrenalina, contrair e relaxar músculos). 
Todas as emoções são acompanhadas, ainda que em 
diferente medida – consoante a intensidade, a acuidade e 
a capacidade individual de reação – por excitação 
vegetativa (sobretudo, de origem simpática), que 
determina as manifestações somáticas concomitantes às 
emoções: sudação, rubor, aumento da irrigação 
sanguínea cutânea, palpitações, aumento ou descida da 
tensão arterial, hiperventilação, necessidade de urinar, 
diarreia, etc. 
Nas emoções extremas, medo intenso, pânico, ira, etc., 
podem despoletar-se os chamados padrões motores, que 
cons1tuem padrões de comportamento filogene1camente 
gravadas, como, por exemplo, desmaio, reflexo de “fazer-
se de morto”, estado de furor com fuga ou ataque 
violento. 
SISTEMA ENDÓCRINO: 
tem a ver com as hormonas. 
Produzem-se, igualmente, modificações hormonais, 
intimamente relacionadas com os processos do sistema 
nervoso central: o sistema endócrino desempenha um 
papel essencial, sobretudo nas situações de urgência 
associadas a medo e ansiedade (relação entre a hormona 
adrenocorticotrófica -ACTH- e a hipófise) 
Quando existe stresse/situação de emergência cria-se o 
cortisol para se ter energia para responder a essa 
situação. (Cortisol- hormona do stress). 
A hormona libertadora de cor/cotrofina (CRH) atua sobre 
a hipófise provocando a libertação da hormona 
adrenocor/cotrófica (ACTH). 
A hormona adrenocor/cotrófica (ACTH) induz a 
libertação, pelo córtex adrenal, de cor/sol. 
O cor/sol e outros cor/coides circulantes – essenciais 
para o aumento do metabolismo e a disponibilização de 
energia - inibem a libertação de CRH e ACTH. 
O eixo CRH-ACTH-cor/sol é um componente central da 
resposta ao stress. 
Sem a hormona ACTH, ocorre atrofia do córtex adrenal 
e a libertação de cor/sol virtualmente cessa – não temos 
energia para lidar com situações de medo e ansiedade. 
 
 
 
 
 
 
O SISTEMA LÍMBICO: um dos objetivos da pesquisa sobre 
a neurociência cognitiva é identificar e entender os 
sistemas neurais subjacentes diferentes estados 
emocionais e processos. 
 
AMÍGDALA 
Pequena estrutura em forma de amêndoa no lobo 
temporal medial adjacente á porção anterior do 
hipocampo. 
A amígdala foi primeiramente descrita como importante 
para a aprendizagem emocional e memória. 
Dano na amígdala normalmente não prejudica repostas 
emocionais para estímulos inaptamente aversivos ou 
gratificantes, mas sim um subconjunto de respostas 
emocionais aprendidas. 
Este papel da amígdala na aprendizagem emocional afeta 
um número de comportamentos emocionais relacionados 
com a aprendizagem implícita, a memória explicita, as 
respostas sociais e a vigilância. 
 
AMIGDALA: APRENDIZAGEM EMOCIONAL E MEMÓRIA- 
ESTUDOS INICIAIS COM ANIMAIS E “EMOTIONAL 
BLINDNESS” 
As estruturas do lobo temporal medial forma primeiro 
propostas como importantes para as emoções quando 
Kluver e Bucy (em 1939) documentaram respostas 
emocionais inusuais em macacos com danos nesta região. 
Déficit observado: “psychic blindness” (cegueira psíquica) 
ou “emotional blindness” (cegueira emocional”) -Tendência 
aproximam-se de objetos que são indutores de medo 
1950: a amígdala foi identificada como uma estrutura 
primária do lobo temporal medial subjacente aos déficits 
observado com o que ficou conhecido como “síndrome 
de Kluver-Bucy”. 
Desde então, a amígdala tem sido um foco de pesquisa 
sobre o processamento emocional no cérebro. 
Embora os humanos com danos na amígdala não 
apresentam os sinais clássicos da síndrome de Kluver-
Bucy, mostram vários deficits mais sutis no 
processamento emocional. 
O síndrome de Kluver-Bucy descreve uma variedade de 
sintomas associados ao dano na amígdala. Kluver-bucy 
pode ser causado por acidente vacular cerebral, 
encefalopatias, tumores e até uma lobotomia. 
Normalmente, Kluver-bucy é expressado quando uma ou 
ambas as amígdalas, e muitas vezes partes do lobo 
temporal foram danificadas. 
Em 1939, Kluver e Bucy descreveram pela primeira vez 
os sintomas apos a condução bilateral de lobotomias nos 
macacos rhesus. 
Após a lobotomia os macacos apresentaram 
comportamentos orais estranhos como meter objetos 
nas suas bocas que normalmente não metem. 
Os macacos mostraram comportamentos hipersexuais, 
como esforços para acasalar com objetos inanimados. 
Um sintoma final foi que os macacos medrosose 
agressivos se tornaram tranquilos quando expostos a 
objetos temerosos como as cobras. 
A remoção da amígdala pareceu mudar experiências 
emocionais como reduzir desgosto provocado pela 
colocação de objetos prejudiciais na boca, e falta de 
medo ou agressão quando apresentados com situação 
de perigo. 
Condicionamento do medo: Paradigma primário usado 
para investigar o papel da amígdala na aprendizagem 
emocional. A lesão na amígdala impede o aprendizado. 
 
Duas vias para o processamento das emoções no 
cérebro: 
Low road: via mais direta, temos a informação sensorial 
que é projetada para o tálamo e do tálamo para a 
amígdala. São respostas de tipo mais automático. 
Tálamo amígdala 
High road: Informação projetada para o tálamo, é enviada 
para o córtex sensorial (analisa mais fina á emoção) e só 
depois é que vai para a amígdala. Permite avaliação- 
envolve o pensamento que me vai ajudar a decidir a 
melhor resposta. 
Tálamo córtex sensorial amígdala 
 
Associada á amígdala temos as memórias emocionais. 
Ex: Quando um caminhante se depara com uma cobra, a 
informação visual ativa memórias afetivas através de 
projeções para a amígdala. 
Essas memórias não só produzem alterações autónomas, 
como influenciam o aumento da frequência cardíaca e da 
pressão sanguínea, mas também pode influenciar ações 
subsequentes através de projeções para o córtex pré-
frontal. 
O caminhante usará esta informação carregada de 
emoções na escolha da sua próxima ação. 
EMOÇÃO E DECISÃO 
LeDoux’s model (1999) 
Caminho curto (do tálamo para a amígdala) - rápida “luta 
ou voa” 
Caminho longo (passa pelo neocórtex e hipotálamo) -
Envolve o “pensar” ou avaliação cognitiva”. “É realmente 
perigoso? Amigo ou inimigo?” permite flexibilidade de 
resposta. 
A amígdala transforma informação em sinais emocionais 
e inicia e controla as respostas emocionais. 
 
Danos na amígdala prejudicam o reconhecimento 
emocional da música 
O papel da amígdala no reconhecimento do perigo 
(medo) está bem estabelecido para estímulos visuais 
como caras. 
Um papel similar numa outra classe de estímulos 
emocionalmente potentes- música- foi recentemente 
sugerido pelo estudo de pacientes epiléticos com 
resseção unilateral da parte anteromedial do lobo 
temporal. 
Reconhecimento prejudicado de música assustadora após 
uma excisão unilateral do lobo temporal. 
Objetivo: avaliar o papel específico da amígdala no 
reconhecimento do medo da música. 
Sujeito: SM (lesão bilateral completa relativamente restrita 
á amígdala) 
Tarefa 1: SM e os controles combinados foram solicitados 
a avaliar a intensidade do medo, tranquilidade, felicidade e 
tristeza da música instrumental gerada por um 
computador e criada propositadamente para expressar 
aquelas emoções. 
Tarefa 2: Os sujeitos avaliaram também a excitação e a 
valência de cada estímulo musical. 
Tarefa 3: Uma tarefa de detenção de erro avaliou a 
função preceptiva auditiva básica. 
Resultados: SM teve um desempenho normal na tarefa 
preceptiva, mas foi seletivamente prejudicado no 
reconhecimento de música assustadora e música triste. 
Em contraste, o seu reconhecimento da música feliz era 
normal. 
Além disso, SM julgou a musica assustadora menos 
excitante e a musica pacifica menos relaxante do que os 
controles. 
 
No geral, o padrão de comportamento na SM é 
semelhante ao relatado em pacientes com uma lesão no 
lobo temporal anteromedial. 
Os julgamentos emocionais de SM ocorrem face ao 
processamento intacto das características da música que 
são emocionalmente predominantes. 
O uso de dicas de tempo e modo para distinguir músicas 
alegres de músicas tristes também foi poupado por SM. 
Assim, a amígdala parece ser mais necessária para o 
processamento emocional da música do que o 
processamento percetual em si. 
EMOÇÃO VS RAZÃO? 
Emoção e tomada de decisão: António Damásio 
Emoção: Sinais fisiológicos como uma reação aos 
estímulos. 
Sentimentos: Interpretações conscientes das emoções 
que vem após a interpretação dos estímulos pelo 
cérebro. 
Medo: Uma emoção útil- o stress ativa adrenalina e 
cortisol. A memória ou experiências temerosas estão 
alocadas no córtex. Os humanos podem controlar 
usualmente o medo irracional, mas nem sempre. 
(ansiedade, fobias, transtornos de pânico, transtorno de 
stress pós traumático) 
 
 
PHINEAS GAGE 
Trabalhador mineiro que após uma explosão uma barra 
de ferro atravessou-lhe o crânio e este continuou vivo, 
embora apresentasse alterações emocionais. 
ANTÓNIO DAMÁSIO: O ERRO DE DESCARTES 
UM PHINEAS GAGE MODERNO: ELLIOT 
→ Meningioma, empurrando contra o tecido 
cerebral. 
→ Tumor removido cirurgicamente assim como o 
tecido do lobo frontal que foi danificado. 
→ Habilidades cognitivas intactas 
→ Mudança total da personalidade: tornou-se 
terrível na função executiva (tomada de decisão) 
e não conseguiu manter empregos, tomou 
decisões que o levaram á falência e 
causaram/provocaram dois divórcios. 
→ Por fim, os pagamentos da segurança social 
foram negados devido à recusa do governo em 
aceitar a sua deficiência. 
 
O QUE A NEUROBIOLOGIA NOS DIZ SOBRE AS EMOÇÕES E 
A RASÃO 
A razão aparentemente normal pode ser perturbada por 
preconceitos enraizados na emoção. 
Uma redução da emoção pode constituir uma fonte 
igualmente importante de comportamento irracional. 
HIPÓTESE DE UM MARCADOR SOMÁTICO (ANTÓNIO 
DAMÁSIO) 
O marcador somático é um sinal automatizado que 
“reduz drasticamente as suas opções”. 
 
Perspetiva reação intestinal 
Resposta à imagem de um mau 
resultado que vem à mente 
Resumindo, os marcadores somáticos são uma instancia 
especial de sentimentos gerados a partir de segundas 
emoções. Estas emoções e sentimentos foram 
conectados, pela aprendizagem em prever resultados 
futuros de certos cenários. 
A HIPÓTESE DO MARCADOR SOMÁTICO É TESTÁVEL 
À medida que o marcador acontece no corpo, a resposta 
de condução da pele pode ser usada para deteta-lo de 
forma confiável. 
A tarefa de jogo Lowa: 
 
Resultados: 
Os pacientes normais aprenderam a mudar para os decks 
mais seguros ao longo do tempo; 
Os pacientes VMPFC não. Eles sempre escolheram 
miopicamente. 
Ambos os pacientes VMPFC e os normais registaram 
SCR ao receberem recompensas ou penalidades. Os 
pacientes de VMPFC apenas não conseguiam usar essa 
informação para aprendizagem. 
Os pacientes da amígdala realmente não SCR quando 
recebiam recompensas ou penalidades. 
Lesão no córtex ventro medial frontal (VMPFC)- 
não sabem o que é vantajoso a longo prazo. 
Resultado final: As emoções são o aparelho para 
aprender. Elas ajudam nos a desenvolver um modelo 
preditivo interno. 
Duas possibilidades: 
o A estimativa cognitiva conecta-se 
automaticamente com o estado somático. 
o Estimativa secreta e não consciente precede 
qualquer processo cognitivo sobre o tema. 
 
SENTIMENTOS: 
Constituem a experiência subjetiva da emoção. 
Apresentam uma maior duração e estabilidade e não 
apresentam correlação somática 
DIFERENÇA ENTRE EMOÇÃO E SENTIMENTO. (ANTÓNIO 
DAMASIO) 
A emoção é um conjunto de reações corporais, 
automáticas e inconscientes, face a determinados 
estímulos provenientes do meio onde estamos inseridos. 
As emoções estão na vida inconsciente- são apenas 
alterações corporais. 
Os sentimentos estão a nível da consciencia core. 
Experiências mentais que partem de alterações corporais, 
é a medida que o cérebro interpreta as alterações 
corporais. 
 
O insight essencial de Damasio é que os sentimentos são 
“experiências mentais de estados corporais” que surgem 
à medida que o cérebro interpreta as emoções, elas 
próprias são estados físicos decorrentes das respostas do 
corpo a estímulos externos. 
A ordem de tais eventos é: 
1. Estou ameaçado (estímulo ameaçador) 
2. Eu sinto medo (emoção) 
3. Sinto horror (sentimento) 
 
 Inconsciente ConscientesEstímulo externo→ alterações do corpo→ interpretação 
 Emoções Sentimentos 
Consciência cor 
(core self) 
HUMOR 
Estado afetivo basal do sujeito, sendo o sinónimo de 
estado de ânimo 
Corresponde a uma disposição emocional a longo termo, 
prevalente, que dá a tonalidade à forma subjetiva de 
perceção do mundo. 
A aparição de um estado de ânimo pode ser espontânea 
ou ser precedida por estímulos concretos, internos ou 
externos. 
TEMPERAMENTO 
Remete para a personalidade. Características estáveis de 
natureza emocional do individuo. 
Traços característicos estáveis de natureza emocional de 
um indivíduo, a qualidade e labilidade preponderantes no 
seu humor, a prontidão e intensidade das suas reações 
emocionais. 
Trata-se de uma predisposição com possível base 
genética. 
PODERÁ FALAR-SE DE 5 TIPOS PRINCIPAIS DE 
TEMPERAMENTO: 
1. Temperamento hipertímico: Pessoa 
tendencialmente otimista, com alto nível de 
energia 
2. Temperamento distímico: Pessoa tendencialmente 
pessimista, com baixo nível de energia 
3. Temperamento ciclotímico: Pessoa com tendência 
a variações bruscas do estado de ânimo 
4. Temperamento irritável: Pessoa 
predominantemente impaciente, com baixo nível 
de tolerância 
5. Temperamento ansioso: Pessoa tendencialmente 
preocupada, com maior sensibilidade ao ambiente 
externo 
ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS DO HUMOR: 
EUTIMICO: estado “normal”, sem predomínio de nenhum 
tipo particular de emoção. 
 
HIPERTIMIAS: 
DENTRO DA NORMALIDADE: Alegria-sentimento positivo 
de bem-estar. 
PATOLÓGICAS (Apresentadas de forma crescente em termos 
de intensidade): 
 Euforia: Aqui está presente uma alegria patológica 
desproporcionada à circunstância e que se traduz 
por um estado de completa satisfação e 
felicidade; ocorre principalmente na 
mania/hipomania. O termo euforia, ou alegria 
patológica, define o humor morbidamente 
exagerado, no qual predomina um estado de 
alegria intensa e desproporcional às 
circunstâncias. 
 Expansão: Corresponde a um estado de marcada 
boa disposição associada a dificuldade de controlo 
das próprias emoções, o que leva a uma elevada 
desinibição; ocorre principalmente na 
mania/hipomania 
 Exaltação: Não está apenas presente euforia, 
mas também aumento da convicção do próprio 
valor e das aspirações (o que pode originar, nos 
casos mais graves, ideias delirantes 
megalómanas/de grandiosidade); associada 
geralmente a grande agitação psicomotora; 
ocorre principalmente na mania. Na exaltação há, 
além da alegria patológica, a expansão do Eu, 
uma sensação subjetiva de grandeza e de poder. 
O Eu vai além dos seus limites, ganhando o 
mundo. 
 Êxtase: Trata-se de um estado de alegria intensa, 
experiência de beatitude (felicidade completa), 
com sensação de dissolução do EU e tendência a 
compartilhar estados afetivos interiores; como os 
anteriores, poderá ocorrer na mania, mas 
também é possível acontecer nos êxtases 
místicos, no transe histérico, na epilepsia, estados 
crepusculares, e na esquizofrenia. No estado de 
êxtase, há perda das fronteiras entre o eu e o 
mundo exterior. Nesse caso (que também pode 
ser classificado como transtorno da consciência 
do eu), o sujeito sente como se estivesse 
fundido ao mundo exterior. 
Nota: Estados crepusculares (perturbação qualitativa 
da consciência): Estreitamento do campo da 
consciência, com atenção exclusiva para determinada 
vivência interior e suspensão (ou diminuição) da 
capacidade de resposta a estímulos vindos do meio 
externo; Diminuição, também, das respostas a 
estímulos exteriores; O pensamento está, em 
diferentes graus, enevoado (até à confusão); 
habitualmente sobrevém uma amnésia total em 
relação ao período crepuscular). 
Todos estes estados elevados de humor podem 
acompanhar-se de: 
a) Alterações de motricidade (nos casos menos graves 
estão alterados os movimentos expressivos – vivacidade 
da mímica facial, aumento da gesticulação – nos mais 
graves está presente a agitação psicomotora 
generalizada 
b) Alterações do pensamento – nos casos menos graves 
está alterado o curso do mesmo com aceleração do 
mesmo e fuga de ideias –, nos mais graves pode haver 
alterações do conteúdo do pensamento com ideias 
delirantes, geralmente de grandiosidade. 
(Vinheta 14) 
HIPOTIMICAS: 
DENTRO DA NORMALIDADE: Tristeza normal- adequada 
às circunstâncias que a provocam, em termos de 
intensidade e duração 
PATOLÓGICOS: 
Humor depressivo: é o sintoma de base das perturbações 
depressivas, embora não seja sinónimo da mesma, uma 
vez que nos quadros depressivos, além do humor 
depressivo estão normalmente presentes outros 
sintomas como a anedonia (caracteriza se por uma perda 
da satisfação e interesse em realizar atividades que 
anteriormente eram consideradas agradáveis), alterações 
da energia vital (alterações da líbido, do sono, redução da 
energia vital), da atividade motora (hipocinesia), entre 
outros. 
No humor depressivo predomina a tristeza patológica 
sem desencadeante ou, perante um estímulo 
apresentado, com uma intensidade e duração 
desproporcionadas. 
Estão presentes a tríade cognitiva (consiste nos 3 
padrões cognitivos major, típicos dos doentes 
deprimidos): visão negativa de si mesmo (vê-se a si 
próprio como inadequado ou defeituoso), visão negativa 
das suas interações com o meio ambiente (assumindo-se 
como derrotado nas situações de interação com o meio 
ambiente) e visão negativa do futuro (antecipa que o seu 
sofrimento permanecerá indefinidamente). 
E vários pensamentos automáticos (estes pensamentos 
correspondem a erros sistemáticos no pensamento da 
pessoa deprimida e que, em conjunto, caracterizam os 
esquemas cognitivos característicos), tais como: 
- Inferência arbitrária (extrair uma conclusão 
específica na ausência de evidências que 
suportem essa conclusão) 
- Abstração seletiva (focalizar um detalhe extraído 
do contexto, ignorando outros factos) 
- Hipergeneralização (extrair uma regra geral ou 
conclusão com base num ou mais incidentes 
isolados e plicá-la indiscriminadamente) 
- Magnificação/minimização (erros de avaliação da 
importância ou magnitude de um evento) 
- Personalização (propensão a relacionar eventos 
externos a si próprio, sem base para tal conexão) 
- Pensamento dicotómico (tendência a colocar 
todas as experiências em uma entre duas 
categorias opostas). 
O humor depressivo pode associar-se a sintomas 
somáticos marcados, falando-se aqui de tristeza vitalizada - 
“sentida no corpo” (qualitativamente diferente da tristeza 
normal) 
Um doente deprimido pode referir, por exemplo: “Esta 
tristeza vem de dentro do meu corpo...Sinto uma dor no 
peito que me impede de respirar, uma pressão que me 
comprime a cabeça e não me deixa pensar” l O humor 
depressivo pode, em casos graves, associar-se à 
presença de ideação suicida e de sintomas psicóticos 
(alucinações e delírios) geralmente catatímicos 
(consistentes com a tonalidade afetiva) – alterações da 
perceção e do conteúdo do pensamento 
Integram-se aqui os estados de humor que não 
correspondem a uma elevação ou a uma depressão do 
humor, mas podem traduzir uma patologia mista do 
humor. 
HUMOR DISFÓRICO - É um sintoma de difícil definição 
acompanhado de uma tonalidade afetiva mal-humorada, 
predominando uma sensação de mal-estar - Estão 
presentes ansiedade, irritação e agressividade 
HUMOR IRRITÁVEL - Difícil de distinguir do anterior - 
Predomina uma hiperactividade desagradável, hostilidade e 
eventualmente agressividade a estímulos externos 
(cônjuge, TV, casa, trabalho) - É facilmente perturbado e 
reativo 
Ambos estes tipos de estados de ânimo podem ocorrer 
em quadros orgânicos, depressivos e ansiosos, na 
perturbação bipolar (sendo muito típico dos episódios 
mistos, mas também ocorrendo na mania), ou na 
esquizofrenia 
O humor irritável tem sido incluído também nas 
característicaspsicológicas dos doentes epiléticos. 
É importante considerar que, dentro dos episódios de 
humor, é frequente a coexistência dos vários tipos de 
humor descritos. 
Por exemplo, não é raro num episódio de mania a 
presença simultânea de euforia e irritabilidade. 
Segue-se a descrição de algumas PERTURBAÇÕES DA 
EXPRESSÃO AFETIVA E EMOCIONAL que poderão ser 
observadas no exame psicopatológico. 
→ ANEDONIA: Incapacidade para experimentar 
prazer, sintoma comum na depressão major. O 
doente refere não ter prazer em atividades que 
habitualmente lhe proporcionavam este 
sentimento. Por exemplo: poderá dizer que ler 
um livro ou ver um programa não lhe dá o 
prazer que sentia habitualmente. “Estou 
completamente morto por dentro, já não posso 
sentir absolutamente nada, tudo está morto e 
vazio dentro de mim, já não me alegro com 
nada e também já nada me põe triste. Já nada 
me comove, tudo secou e endureceu no meu 
íntimo”. Ocorre frequentemente na depressão 
→ ANESTESIA AFETIVA: Definida como ausência de 
sentimentos, incapacidade de sentir prazer, mas 
também de sentir outros afetos. O doente 
queixa-se de “não ser capaz de sentir”. Ocorre na 
depressão e em estados de choque emocional, 
prisioneiros de guerra, deportados. 
→ DISSOCIAÇÃO AFETIVA: Há uma falha na 
manifestação de emoções em situações em que 
era esperável que isso ocorresse. Pode surgir em 
situações que motivem o aparecimento de 
ansiedade extrema (por exemplo, situações de 
guerra, alegando-se que poderá aqui funcionar 
como um mecanismo de defesa que evite a 
perda de controlo) ou acompanhar sintomas de 
conversão [Atualmente, define-se conversão 
como a presença de um ou mais sintomas ou 
défices que afetam a função motora voluntária 
ou sensorial, sugerindo a presença de uma 
doença neurológica ou de outra condição médica 
que não pode ser comprovada objetivamente] 
que ocorrem sobretudo em pacientes com 
personalidades histriónicas (tomando aqui a 
designação de belle indifférence). 
O termo “la belle indifference” é um termo 
Francês, que se traduz para “ bonita ignorância”. 
La belle indifference é definida como uma 
ausência paradoxal de angustia apesar de ter 
uma doença médica grave ou sintomas 
relacionados a uma condição de saúde. Esta 
condição é mais associada ao transtorno da 
conversão (CD). 
 
→ EMBOTAMENTO AFETIVO: Redução da 
expressão emocional (geralmente existe uma 
incapacidade para se estar consciente das 
emoções). Entorpecimento ou perda global do 
afeto. Manifesta-se pela diminuição ou ausência 
observada para os outros da expressão não 
verbal (e.g., expressão facial, postura) que à 
partida seria esperada por exemplo numa 
interação social. Presente frequentemente na 
esquizofrenia 
→ LABILIDADE AFETIVA: Mudanças rápidas e 
imotivadas no estado emocional geralmente 
independentes dos estímulos externos. Pode 
ocorrer na perturbação bipolar. Exemplo: “um 
doente comove-se muito durante o diálogo e 
manifesta tristeza e nostalgia quando lhe 
perguntam pela sua casa, pelos seus familiares e 
eventualmente pelo seu cão. No entanto, anima-
se rapidamente de novo ao recordar algo de 
belo ou agradável, manifestando então um 
estado de humor totalmente contrário ao 
anterior. 
→ AMBIVALÊNCIA AFETIVA: Sentimentos positivos 
e negativos direcionados para um mesmo objeto. 
Presente frequentemente nos doentes 
esquizofrénicos, mas também em perturbações 
de personalidade “estado-limite” Exemplo: “Eu 
adoro o meu pai; é a coisa melhor do mundo 
para mim, mas às vezes apetece-me matá-lo, 
odeio-o de ta forma...” 
→ INCONTINÊNCIA AFETIVA: Falta de controlo na 
expressão dos afetos, estados afetivos que 
surgem rapidamente e atingem uma intensidade 
excessiva que não pode ser dominada. Pode 
surgir, por exemplo, na mania e nas demências. 
Exemplo: Um demente senil ao qual se pergunta 
o nome da sua mulher, começa a chorar 
amargamente. 
→ RIGIDEZ AFETIVA: Perda da capacidade de 
modulação dos afetos. - Ao contrário do que 
acontece com a pobreza de sentimentos, o 
doente dispõe ainda de determinados afetos, mas 
fica bloqueado nos seus estados de humor ou 
afetos, independentemente da situação externa 
ou do objeto de diálogo. Deste modo, por 
exemplo, durante um diálogo prolongado no qual 
são aflorados diversos assuntos, o doente 
persiste no mesmo irritado mau humor ou numa 
atitude de desconfiança e rejeição. Presente 
nalguns tipos de personalidade (e.g., obsessiva) 
→ APATIA: Termo que foi tendo vários significados 
ao longo da história da psicopatologia, tendo sido 
sinónimo do que se entende atualmente por 
embotamento (pessoa sem habilidade de se 
expressar emocionalmente). Considera-se aqui 
como perda de interesse. 
→ INDIFERENÇA OU FRIEZA AFETIVA: Perda de 
reatividade/ressonância emocional com fisionomia 
e aspetos exteriores inexpressivos. Enquanto na 
rigidez estão presentes respostas emocionais, 
mas ausente a capacidade de as modular, aqui 
elas estão ausentes. - Pode ocorrer nalguns tipos 
de personalidade, na esquizofrenia, em 
traumatismos cranianos ou em demências. O 
termo indiferença tem sido usado por alguns 
autores como sinónimo de embotamento. 
→ PARATIMIA, INCONGRUÊNCIA OU 
INADEQUAÇÃO AFETIVA: As emoções não 
correspondem ao contexto das vivências. O 
doente poderá, por exemplo, rir-se e mostrar-se 
alegre ao falar da morte de um familiar. Pode 
ocorrer na esquizofrenia. Exemplo: “Ao mesmo 
tempo que se ri, um doente informa que, 
durante toda a noite anterior, foi de novo 
torturado da forma mais horrível”. 
→ PERPLEXIDADE: Estado de desnorteamento, 
sentimento relacionado com o questionar de si 
próprio, da sua situação, do seu futuro e do que o 
rodeia. Muito característico do humor delirante mas 
também na ansiedade e depressão. 
→ NEOTIMIA: Experiência afectiva inteiramente 
nova; é a designação para sentimentos e 
experiências afetivas inteiramente novos, 
estranhos e bizarros; difícil de reconhecer porque 
nunca havia sido experimentado antes; 
sentimentos novos que podem estar ligados a 
objetos que não tinham valor especial; pode ser 
vivenciada em estados de êxtase, nos estados 
crepusculares mas é típica da psicose aguda 
(tomando o nome aqui de esquizoforia - em que 
a experiência afectiva tem uma tonalidade 
estranha, bizarra, ameaçadora. Vivenciada por 
doentes em estado psicótico no período que 
antecede o surgimento da revelação delirante) 
→ ALEXITIMIA OU “EMOTIONAL BLINDNESS”: A 
definição mais encontrada na literatura é a de 
que se trata de um constructo multidimensional, 
integrado pelos seguintes fatores: 
A. Dificuldades em identificar e descrever 
sentimentos subjetivos 
B. Dificuldades em fazer distinção entre 
emoções e sensações físicas 
C. Escassez de sonho e incapacidade de 
simbolizar ou fazer relação entre afeto e 
fantasia 
D. Um estilo de raciocínio concreto e objetivo, 
voltado para a realidade externa. 
Este sintoma pode estar presente nalguns tipos 
de personalidade 
→ PUERILIDADE: Alteração do humor com aspetos 
infantis. Ri e chora por motivos banais. A 
puerilidade é uma alteração do humor que se 
caracteriza pelo especto infantil, simplório, 
regredido. O indivíduo ri ou chora por motivos 
banais; sua vida afetiva é superficial, sem afetos 
profundos, consistentes e duradouros. Verifica-se 
a puerilidade especialmente em indivíduos com 
déficit intelectual, em alguns quadros histéricos e 
personalidades histriónicas e em personalidades 
imaturas de modo geral. 
→ MORIA: Assemelhando-se à puerilidade, a moria 
é uma forma de alegria muito pueril, ingénua, 
insípida, sem conteúdo afectivo. Ocorre 
principalmente em pacientes com lesões 
extensas dos lobos frontais, em indivíduos com 
deficiência mental e em indivíduos com quadros 
demenciais acentuados. 
→ Desmoralização: Consciência de se ser incapaz 
de lidar com um problema ou de se ficar à quem 
das suasexpectativas/ou dos outros. Muito 
próximo do termo desesperança (helplessness). 
SINDROMES AFETIVAS ISOLADAS (NÃO É NECESSÁRIO 
SABER) 
 Síndrome depressiva 
 Síndrome maníaca 
 Síndrome esquizoafetiva 
 Síndrome de ansiedade (+ alguns fenómenos 
psicopatológicos associados à ansiedade) 
 Disforia, síndrome disfórica 
 Síndrome hipocondríaca 
 Reações afetivas suprapessoais (reações 
primitivas) 
 Distimias crónicas pós-traumáticas 
ANSIEDADE 
Dada a controvérsia entre as várias fontes, em relação ao 
posicionamento da ansiedade no que se refere às 
classificações dos sintomas, opta-se por descrever a 
ansiedade separada das outras perturbações de humor, 
afetos e emoções. 
Os termos ansiedade e angústia são usados quase 
indistintamente. 
No entanto, enquanto a primeira está mais relacionada 
com um componente psíquico, a segunda associa-se mais 
com um componente somático. 
 
 
ANTÓNIO DAMÁSIO: UMA ABORDAGEM DA 
CONSCIÊNCIA 
António Damásio: “Sempre me intrigou o momento do 
penetrar na luz, o momento preciso em que, sentados 
no meio do público, vemos abrir a porta do palco e um 
intérprete entra na zona da luz; ou, observando este 
acontecimento na perspetiva do intérprete, o momento 
preciso em que aguarda na obscuridade vê a mesma 
porta abrir-se e avança para dentro da luz que ilumina o 
palco e público”- este momento de penetrar a luz é uma 
poderosa metáfora para a consciência, para o nascimento 
do conhecimento, para o advento ao mesmo tempo 
simples e esmagador da entrada do SI no mundo da 
mente. 
SI/SELF: Embora não haja palavra em português que 
corresponda exatamente ao inglês self, a palavra SI traduz 
a ideia de forma inequívoca. 
Mesmo quando recorremos à definição mais simples – a 
perceção do organismo do seu próprio ser e do seu 
ambiente – conseguimos facilmente imaginar como a 
consciência deve ter permitido à evolução humana uma 
nova ordem de criações que não seriam possíveis sem 
ela: a consciência moral, a religião, a organização social e 
a política, as artes, as ciências e a tecnologia 
A consciência é a função biológica critica que nos permite 
conhecer a tristeza ou a alegria, sentir a dor ou o prazer, 
sentir a vergonha ou o orgulho, chorar a morte ou o 
amor que se perdeu. Tanto o pathos (= sofrimento) 
como o desejo são produtos da consciência. Sem ela, 
nenhum desses estados poderia ser conhecido por cada 
um de nós. 
A consciência é: 
1) Uma mente, que é um fluxo de imagens mentais 
(estas imagens podem ser padrões sensoriais 
visuais, por exemplo). Este fluxo de imagens 
mentais é a mente. 
2) O self, nos somos donos das nossas mentes. E 
temos a perceção de que é cada um de nós que 
esta a experiência um certo evento 
Por isso, para termos uma mente consciente, temos um 
self(eu) dentro da mente consciente. O self introduz na 
mente a perspetiva subjetiva, e só estamos plenamente 
conscientes quando a consciência ganha um self. 
O que necessitamos de saber para abordar este mistério 
é: 
1. Como é que as nossas mentes se reúnem no 
cérebro 
2. Como é que os selfs são construídos 
Para construirmos mentes precisamos de mapas 
neuronais. 
Mapa visual: Retina – Córtex visual (atividade dos 
neurónios na retina – parte do cérebro localizada no 
globo ocular ou numa camada do córtex visual - 
constroem mapas que permitem a experiência mental; 
ou seja, da retina partimos para o córtex visual – o 
cérebro acrescenta informação aos sinais que provêm da 
retina mas também mapas auditivos relativos a sons com 
diferentes frequências; mapas de tato pelo contacto da 
nossa pele com um objeto...) 
Regiões mentais que permitem a construção dos mapas 
 
Verde: Informação tátil 
Azul: Informação 
auditiva 
 
Essas regiões que 
formam imagens onde 
temos a formação de 
todos esses mapas 
neuronais, podem 
então fornecer sinais 
para este oceano de 
roxo que vêm em 
redor quer é o córtex de associação, onde podemos 
registar o que se passou nessas áreas de formação de 
imagens. 
O mais incrível é que podemos partir da memória: fora 
desses córtices de associação e criar as mesmas imagens 
nas mesmas regiões que têm perceção – como é 
maravilhosamente conveniente e “preguiçoso” o cérebro.: 
O cérebro capacita certas áreas para a perceção e 
formação de imagens e estas são exatamente as 
mesmas que vão ser usadas para a formação de 
imagens quando recordamos informação. 
Mente consciente – segundo Damásio, aqui o mistério é 
menor porque sabemos como formamos estas imagens. 
Mas e em relação ao self; ao SI? 
Como é que 
podemos ter este 
ponto e referência, 
esta estabilidade 
que é necessária 
para manter a 
continuidade do 
self, dia após dia? 
A solução para este problema é nós gerarmos mapas 
cerebrais do interior do corpo e usamo-los como a 
referência para todos os outros mapas. 
Se vamos ter uma referência que conhecemos enquanto 
SELF - O “EU”, O “MIM” – no nosso próprio 
processamento precisamos de ter algo que seja estável, 
algo que não varie muito de dia para dia. 
O PONTO DE PARTIDA: Temos um único corpo (não 
dois ou três...). 
Existe apenas um ponto de referência que é o corpo, 
mas o corpo tem muitas partes e as coisas crescem a 
ritmos diferentes e têm tamanhos diferentes e pessoas 
diferentes. Mas o mesmo não se aplica ao seu interior. 
As coisas relacionadas com o nosso ”internal milieu” – 
meio interno – por exemplo, toda a gestão dos processo 
químicos no nosso corpo – são, de facto, extremamente 
mantidas dia após dia (POR UMA BOA RAZÃO). 
Se nos desviarmos demasiado dos parâmetros que estão 
próximos da linha média desse intervalo de sobrevivência 
– que nos permite viver, adoecemos ou morremos. 
Então temos um sistema interno nas nossas próprias 
vidas que garante algum tipo de continuidade. Uma quase 
infinita constância de dia para dia. 
Porque se não tivermos essa constância, fisiologicamente, 
iremos adoecer ou morrer, então este é mais um 
elemento para esta continuidade e a última coisa é que 
existe uma união muito forte entre a regulação do nosso 
corpo dentro do cérebro e o corpo em si mesmo, 
diferente de qualquer outra união. 
o Exemplo: estou a criar imagens de vocês, mas 
não existe um vínculo fisiológico entre as 
imagens que tenho de vocês enquanto audiência 
e o meu cérebro. No entanto, existe um vínculo 
próximo e mantido de forma permanente entre 
as partes do meu cérebro que regulam o corpo 
e o meu próprio corpo. 
 
Tronco cerebral: Entre o córtex cerebral e a 
espinal medula 
 
É nesta região que temos este alojamento de todos os 
dispositivos de regulação vital do corpo. Isto é tão 
específico que, por exemplo, se olharmos para a parte 
coberta a vermelho na parte superior do tronco cerebral 
– se a danificarmos, por exemplo, na sequência de um 
AVC – entramos em coma ou em estado vegetativo que 
é claro um estado em que a nossa mente desaparece, a 
nossa consciência desaparece. 
O que sucede é que perdemos a base do “EU”, deixamos 
de ter acesso a qualquer sentimento da nossa própria 
existência e de facto pode haver imagens a formarem-se 
no córtex cerebral, mas nós não sabemos que elas lá 
estão. Perdemos, efetivamente, a consciência quando 
sofremos danos naquela secção vermelha do tronco 
cerebral. 
Mas se considerarmos a parte verde do tronco cerebral, 
nada disso acontece. É assim tão específico. 
Na parte verde do tronco cerebral – se a lesionarmos, o 
que acontece com frequência, o que temos é uma 
paralisia total, mas a nossa mente consciente é mantida. 
Sentimos, sabemos, temos uma mente completamente 
consciente que podemos expor de forma muito indireta. 
Esta é uma condição terrível. 
Locked-in Syndrome 
As pessoas estão, de facto,” presas” dentro dos seus 
próprios corpos mas têm realmente uma mente: 
Locked-In Syndrome 
 
Pessoas com Locked-in Syndrome ao contrario do 
estado vegetativo, apresentamconsciência, mas não 
apresentam movimentação corporal. 
Nessa secção vermelha do tronco cerebral existem, para 
simplificar, todos esses pequenos quadrados - 
periaqueductal gray (PAG) + superior colliculus (SC) + 
medial parabrachial nucleus (PBN) - que correspondem a 
módulos que formam na verdade mapas cerebrais de 
diferentes partes do nosso interior, diferentes aspetos do 
nosso corpo. Eles são extraordinariamente topográficos, e 
estão extraordinariamente interligados num padrão 
recorrente. É a partir daqui e desta forte união entre o 
tronco cerebral e o corpo que António Damásio acredita 
que geramos este mapeamento do corpo que fornece a 
base do “EU” e isso vem na forma de sentimentos – 
sentimentos primordiais. 
Olhem para o 
córtex cerebral, 
para o tronco 
cerebral e para o 
corpo e ficam 
com uma ideia da 
interligação na 
qual temos o 
tronco cerebral a 
fornecer a base 
para o EU numa interligação muito forte com o corpo - E 
temos o córtex cerebral a fornecer o grande espetáculo 
das nossas mentes com a profusão de imagens que são 
de facto os conteúdos das nossas mentes e aos quais 
normalmente prestamos mais atenção, como 
deveríamos, porque esse é realmente o filme que está a 
passar nas nossas mentes. 
Relativamente às setas: 
→ Representam uma interação muito próxima. 
→ Não podemos ter uma mente consciente se não 
tivemos a interação entre o córtex cerebral e o 
tronco cerebral 
→ Não podemos ter uma mente consciente se não 
tivemos 
a 
interação entre o tronco cerebral e o corpo. 
O tronco cerebral que nós temos é partilhado com uma 
variedade de outras espécies. 
Nos vertebrados, o design do tronco cerebral é muito 
semelhante ao nosso, o que é uma das razões pelas quais 
António Damásio pensa que essas outras espécies têm 
mentes conscientes tal como nós. 
Exceto que não são tão ricas como as nossas porque 
eles não têm um córtex cerebral como o nosso. 
 É aí que reside a diferença. 
Neste sentido, António Damásio discorda fortemente da 
ideia de que a consciência deveria ser considerada como 
o grande produto do córtex cerebral. 
Apenas a riqueza das nossas mentes o é, não o facto em 
si de termos um EU/self, de nos podermos referir à 
nossa própria existência, e de termos a perceção de 
sermos pessoas. 
Há 3 níveis do EU a considerar: 
→ Proto self (eu proto): sistema de regulação 
vital- não consciente: hipotálamo, tronco 
cerebral e insula- emoção (Réptil) 
→ Core self (eu núcleo): consciência nuclear- 
sentimento (mamíferos) 
→ Autobiographical self (eu autobiográfico): 
consciência alargada (só o ser humano) 
Os primeiros dois são partilhados com muitas muitas 
outras espécies e estão a sair, em grande medida, to 
tronco cerebral e no que quer que exista de córtex 
nessas espécies. É o EU autobiográfico, que algumas 
espécies possuem (os cetáceos, os primatas e os cães 
têm, em certa medida, um EU autobiográfico), MAS o EU 
autobiográfico é construído com base em recordações 
passadas e em recordações dos planos que fizemos; é o 
passado vivido e o futuro antecipado. 
O EU autobiográfico conduziu à memória ampliada, ao 
raciocínio, à imaginação, à criatividade e à linguagem. 
E daí resultaram os instrumentos da cultura: religiões, 
justiça, comércio, artes, ciência e tecnologia. 
É no âmbito dessa cultura que podemos realmente obter 
– e é esta a novidade – algo que não é inteiramente 
determinado pela nossa biologia. É desenvolvido nas 
culturas. Desenvolveu-se nos coletivos de seres humanos. 
E esta é claro a cultura na qual desenvolvemos a 
regulação sociocultural. 
 
 
 
Emoções- inconsientes 
Sentimentos- Já passou para a consciencia (core-self) 
CONSCIÊNCIA: PRESSUPOSTOS FUNDAMENTAIS 
1. Alguns aspetos dos processos da consciência 
podem ser relacionados com a operação de 
regiões e sistemas específicos do cérebro, 
abrindo deste modo a porta para a descoberta 
da arquitetura neural que suporta a consciência. 
2. A consciência e a vigília (estar vígil significa estar 
acordado) assim como a consciência e a atenção 
elementar podem ser separadas. Este facto 
baseia-se na evidencia clara de que certos 
doentes neurológicos podem estar acordados e 
atentos sem que tenham uma consciência 
normal. 
3. Consciência e emoção não se podem separar. 
Quando a consciência se encontra alterada, o 
mesmo se passa com a emoção. 
4. A consciência não é monolítica, pelo menos nos 
seres humanos: pode ser dividida em espécies 
simples e complexas e a evidencia neurológica 
torna esta divisão transparente 
A espécie mais simples – consciência nuclear –fornece 
ao organismo um sentido do si num momento – agora – 
e num lugar – aqui. 
O âmbito da consciência nuclear é o aqui e o agora. A 
consciência nuclear não ilumina o futuro, e o único 
passado que nos permite vagamente vislumbrar é o que 
ocorreu no instante exatamente anterior. 
Não corresponde a nenhum algures, não corresponde a 
nenhum ante, nem corresponde a nenhum depois. 
A espécie mais complexa de consciência – consciência 
alargada – e da qual existem vários níveis e graus – 
fornece ao organismo um elaborado sentido de si – uma 
identidade e uma pessoa – e coloca essa pessoa num 
determinado ponto da sua história individual, amplamente 
informada acerca do passado que já viveu e do futuro 
que antecipa e, agudamente alerta para o mundo que a 
rodeia. 
Os dois tipos de consciência correspondem a dois tipos 
de si/self: 
 O sentido do si na consciência nuclear: si nuclear 
(core self) – uma entidade transitória, recriada 
incessantemente para todos os objetos com os 
quais o cérebro interage. 
 O sentido do si na consciência alargada: si 
autobiográfico (autobiographical self) – 
corresponde a um conjunto não transitório de 
factos e modos de ser singulares que 
caraterizam uma pessoa (ligado à identidade). 
O si autobiográfico depende de memórias sistematizadas 
de situações em que a consciência nuclear permitiu o 
conhecimento das caraterísticas mais invariantes da vida 
de um organismo: quem foram os pais, onde nasceu, 
quando, de que coisas se gosta e que coisas se detestam, 
a reação habitual face a um problema ou conflito, o 
nome, etc. O termo memória autobiográfica designa o 
arquivo organizado dos principais aspetos da biografia de 
um organismo. 
PORQUE É QUE IMPORTA SE É O TRONCO CEREBRAL OU O 
CÓRTEX CEREBRAL E COMO É QUE ISTO ACONTECE? 
3 RAZÕES: 
→ Curiosidade: os primatas são extremamente 
curiosos e os humanos acima de todos; se nos 
interessamos, por exemplo, pelo facto de que a 
antigravidade está a puxar as galáxias para longe 
da Terra, porque é que não deveríamos 
interessar-nos pelo que se passa dentro dos 
seres humanos? 
→ Compreender a sociedade e a cultura: Deveríamos 
olhar para a forma como a sociedade e a cultura 
nesta regulação sociocultural são um trabalho em 
curso. 
→ Medicina: não esqueçamos que algumas das 
piores doenças da humanidade são doenças 
como a depressão, alzheimer, a dependência de 
drogas, pensem em AVCs que podem devastar 
a vossa mente ou deixar-vos inconscientes. Não 
têm hipótese de tratar essas doenças de forma 
eficaz e não aleatória se não souberem como 
isto funciona. Por isso existe uma razão muito 
boa para além da curiosidade que justifica o que 
estamos a fazer, e que justifica termos algum 
interesse no que se passa nos nossos cérebros. 
Teste: 
É apresentado um protocolo clinico: quais as 
perturbações, porque acha isso 
2 ou 3 Perguntas de desenvolvimento.

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