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elementos introdutórios 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fernando Henrique Fogaça Carneiro
 
 
 
 
 
FERNANDO HENRIQUE FOGAÇA CARNEIRO 
 
 
 
 
 
 
ESCRITA DA LÍNGUA DE SINAIS 
elementos introdutórios 
 
 
 
 
 
1ª edição 
 
 
 
 
 
 
Porto Alegre 
UFRGS 
2017 
 
Ficha Técnica 
 
Reitoria da Universidade Federal do Rio 
Grande do Sul (UFRGS) 
Rui Vicente Oppermann 
Jane Fraga Tutikian 
 
Pró-Reitoria de Extensão da UFRGS 
Sandra de Fátima Batista de Deus 
Cláudia Porcellis Aristimunha 
 
Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas da 
UFRGS 
Maurício Viegas da Silva 
Vânia Cristina Santos Pereira 
 
Coordenação do Núcleo de Inclusão e 
Acessibilidade da UFRGS 
Adriana Maria Arioli 
 
Direção do Instituto de Letras da UFRGS 
Sérgio de Moura Menuzzi 
Beatriz Cerisara Gil 
 
Equipe da Escola Especial para Surdos Frei 
Pacífico 
Luciane Zanetti dos Santos 
Jaqueline Pagote Ruas 
 
Coordenação do Projeto de Extensão 
“Escrita da Língua de Sinais” 
Fernando Henrique Fogaça Carneiro 
 
Ilustrações da Capa 
Wafaa Ayyad 
(Disponível livremente na Internet por meio 
da plataforma DeviantArt) 
 
 
 
Catalogação na publicação. Bibliotecária Josiene da Silva Niesciur CRB 10/2256 
 
 C289e 
 
Carneiro, Fernando Henrique Fogaça 
 Escrita da Língua de Sinais : elementos introdutórios / 
Fernando Henrique Fogaça Carneiro. -- 1. ed. -- Porto Alegre : 
UFRGS, 2017. 
 58 p. : il. 
 
 
 ISBN 978-85-9489-083-2 
 
 1. ESCRITA DA LÍNGUA DE SINAIS. I. Título. 
 
 CDU 81’221.24 
CDD 419 
 
 
 
 
 
Este trabalho está licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 
Internacional. Para ver uma cópia desta licença, visite http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/. 
 
 
 
 
Apresentação 
 
 
A presente obra é fruto de um projeto de extensão financiado pelo povo brasileiro por 
meio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. As informações aqui apresentadas são 
baseadas nos estudos de Valerie Sutton e o sistema SignWriting desenvolvido pela autora, 
principalmente da sua obra “Lessons in SignWriting”, considerada um cânone do código. 
Também foram levados em consideração os estudos de linguistas como William Stokoe e Lucinda 
Ferreira-Brito, bem como a emblemática obra sobre SignWriting no Brasil de Madson Barreto e 
Raquel Barreto. 
A partir deste material, espero que a Escrita da Língua de Sinais seja difundida e 
compreendida, em especial nas escolas de surdos, oferecendo a possibilidade de alfabetização 
em LIBRAS para estes alunos bilíngues. Dessa forma, creio que outras possibilidades possam 
surgir a partir do entendimento de que o surdo também tem uma forma de registrar suas ideias 
em um papel, contribuindo para seu processo de alfabetização e letramento, tanto em LIBRAS 
como em língua portuguesa. 
Por fim, cabe ressaltar que esse trabalho só foi possível com o apoio da Universidade 
Federal do Rio Grande do Sul e seus diferentes órgãos, com a concordância da Pró-Reitoria de 
Extensão, bem como a cedência de minhas horas de trabalho pela Pró-Reitoria de Gestão de 
Pessoas e o Núcleo de Inclusão e Acessibilidade, atualmente o local de exercício dos Tradutores 
e Intérpretes de Língua de Sinais, cargo que exerço nesta mesma instituição. Além disso, também 
agradeço ao Instituto de Letras, unidade em que estou lotado, pelo aceite dado à realização da 
ação de extensão “Escrita da Língua de Sinais”. A todos esses, meu muito obrigado. 
 
Fernando Henrique Fogaça Carneiro 
 
 
Lista de Figuras 
 
 
Figura 1 – DanceWriting ................................................................................................................ 10 
Figura 2 – Primeiros sinais em SignWriting ................................................................................... 10 
Figura 3 – Configurações de Mão da LSCB (dividida em duas páginas) ........................................ 13 
Figura 4 – Segunda-feira, terça-feira e quarta-feira: diferentes CM ............................................ 17 
Figura 5 – Números em ASL .......................................................................................................... 18 
Figura 6 – Cavalo e coelho: diferentes OM ................................................................................... 25 
Figura 7 – Planos anatômicos: Coronal, Sagital e Transversal, respectivamente. ........................ 26 
Figura 8 – Orientação da Mão (Plano da Parede) ......................................................................... 26 
Figura 9 – Orientação da Mão (Plano do Chão) ............................................................................ 27 
Figura 10 – Dedos voltados para o centro do corpo ..................................................................... 27 
Figura 11 – Grafias corretas e incorretas em relação ao posicionamento das mãos ................... 33 
Figura 12 – Perguntar e pesquisar: diferentes movimentos ........................................................ 35 
Figura 13 – Possíveis movimentos do sinal de “apoiar” ............................................................... 36 
Figura 14 – Exceções à regra do centro do sinal ........................................................................... 36 
Figura 15 – Um dos planos diagonais ........................................................................................... 40 
Figura 16 – Sábado e aprender: diferentes locações .................................................................... 45 
Figura 17 – Articulações da mão ................................................................................................... 47 
Figura 18 – Sinais com movimentos dos dedos ............................................................................ 48 
 
 
 
 
 
 
Lista de Quadros 
 
 
Quadro 1 – Categorias do Parâmetro Movimento da LSCB (dividido em duas páginas) ............. 14 
Quadro 2 – Pontos de Articulação da LSCB ................................................................................... 15 
Quadro 3 – Relação entre a LS e a ELS .......................................................................................... 16 
Quadro 4 – Sinais com contato “encostar” ................................................................................... 29 
Quadro 5 – Sinais que não exigem o símbolo do contato “encostar” .......................................... 30 
Quadro 6 – Sinais com o contato “escovar” ................................................................................. 30 
Quadro 7 – Sinais com contato “esfregar” .................................................................................... 31 
Quadro 8 – Sinais com o contato “bater” ..................................................................................... 31 
Quadro 9 – Sinais com o contato “pegar” ..................................................................................... 31 
Quadro 10 – Sinais com contato “intercalar” ............................................................................... 32 
Quadro 11 – Símbolos de superfície ............................................................................................. 32 
Quadro 12 – Movimentos retilíneos com setas simples ............................................................... 37 
Quadro 13 – Movimentos curvos com setas simples ................................................................... 37 
Quadro 14 – Sinais com setas simples .......................................................................................... 38 
Quadro 15 – Movimentos retilíneos com setas duplas ................................................................38 
Quadro 16 – Movimentos curvos com setas duplas ..................................................................... 39 
Quadro 17 – Sinais com setas duplas ............................................................................................ 39 
Quadro 18 – Sinais com movimentos nos planos diagonais ......................................................... 41 
Quadro 19 – Sinais envolvendo movimentos laterais................................................................... 41 
Quadro 20 – Sinais envolvendo movimentos de pulso ................................................................. 42 
Quadro 21 – Movimento do antebraço ........................................................................................ 42 
Quadro 22 – Símbolos de movimentos circulares da mão e do pulso .......................................... 43 
Quadro 23 – Sinais que precisam de símbolos de locação ........................................................... 46 
Quadro 24 – Sinais com símbolos de dinâmica ............................................................................. 49 
 
 
Sumário 
 
 
1 HISTÓRIA ................................................................................................................... 9 
2 RELAÇÃO ENTRE A LIBRAS E A ELS ............................................................................. 13 
3 CONFIGURAÇÕES DE MÃO (CM) ............................................................................... 17 
3.1 Indicador ........................................................................................................................... 18 
3.2 Indicador e médio ............................................................................................................. 19 
3.3 Indicador, Médio e Polegar ............................................................................................... 19 
3.4 Quatro dedos..................................................................................................................... 20 
3.5 Cinco dedos ....................................................................................................................... 20 
3.6 Mínimo e Polegar .............................................................................................................. 21 
3.7 Anelar e Polegar ................................................................................................................ 22 
3.8 Médio e Polegar ................................................................................................................ 23 
3.9 Indicador e Polegar ........................................................................................................... 23 
3.10 Polegar ............................................................................................................................... 24 
4 ORIENTAÇÃO DA MÃO (OM) .................................................................................... 25 
5 TIPOS DE CONTATO .................................................................................................. 29 
6 MOVIMENTO DA MÃO, DO PULSO E DO ANTEBRAÇO ............................................... 35 
6.1 Setas simples: plano transversal ....................................................................................... 36 
6.2 Setas duplas: plano coronal .............................................................................................. 38 
6.3 Nem transversal, nem coronal: os planos diagonais ........................................................ 40 
6.4 Movimentos para os lados ................................................................................................ 41 
6.5 Movimento de pulso ......................................................................................................... 41 
6.6 Movimentos do antebraço ................................................................................................ 42 
6.7 Movimentos circulares ...................................................................................................... 43 
 
 
 
 
7 LOCAÇÃO (L) ............................................................................................................. 45 
8 MOVIMENTO DOS DEDOS ......................................................................................... 47 
9 DINÂMICA DO MOVIMENTO ..................................................................................... 49 
10 EXPRESSÕES NÃO MANUAIS (ENM) ........................................................................... 51 
10.1 Cabeça ............................................................................................................................... 51 
10.2 Região dos olhos ................................................................................................................ 52 
10.3 Bochechas e respiração ..................................................................................................... 52 
10.4 Região da boca .................................................................................................................. 53 
10.5 Língua e dentes .................................................................................................................. 54 
10.6 Torso .................................................................................................................................. 54 
10.7 Pontuação .......................................................................................................................... 55 
11 BIBLIOGRAFIA SUGERIDA .......................................................................................... 57 
 REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 59 
 Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 9 
 
 
 
1 História 
 
Dada a quantidade de pesquisas, cursos, disciplinas e eventos envolvendo assuntos como 
a alfabetização e o letramento de crianças, parece ser inegável a importância conferida à 
aquisição dos processos de leitura e escrita para o desenvolvimento da linguagem humana. Ao 
lançarmos olhar sobre os surdos e os estudos que vêm sendo desenvolvidos nas áreas da 
educação e da linguística, nos deparamos com uma problemática sobre esses processos: a 
aquisição da língua escrita. Os surdos, sujeitos considerados inerentemente bilíngues (KARNOPP, 
2004), cuja língua tem percepção visual e expressão espacial (QUADROS; KARNOPP, 2004), 
apresentam, segundo estudos de Quadros e Cruz (2011), processos de aquisição da linguagem 
equivalentes, porém diferentes em função da modalidade de sua língua natural, e 
consequentemente uma forma diferente de aquisição da linguagem escrita. 
Aliadas a essa preocupação em relação ao desenvolvimento da criança surda, também 
estão as questões comunicacional e histórica. Stumpf e Wanderley (2016), no trabalho 
emblematicamente intitulado “Quem fala português, escreve em português. Quem fala inglês, 
escreve em inglês. E os surdos: em que língua escrevem?”, problematizam a ausência de uma 
escrita da língua de sinais e pontuam algumas implicações dessa falta. Uma das questões 
levantadas pelas autoras é a exigência do encontro presencial ou “ao vivo” para a expressão por 
meio da língua de sinais entre dois ou mais interlocutores – exceto nos casos de 
videoconferência, tecnologia que circula há poucas décadas na sociedade. 
A pesquisadora Marianne Rossi Stumpf, reconhecida por ser a primeira surda a se 
interessar pela Escrita da Língua de Sinais (ELS), em sua tese de doutoramento, menciona que, 
por conta dessa necessidade dos encontros presenciais, não era possível gerar registros 
históricos que fossem capazes de perpetuar narrativas e saberes advindos do povo surdo 
(STUMPF,2005). Além disso, afirma que, por a língua de sinais ser a primeira língua do surdo, 
matriz de referência para o desenvolvimento da sua linguagem, haveria um “salto” no ensino da 
10 Capítulo 1 – História 
 
escrita da sua segunda língua, a língua oral vigente em seu país. Não ocorreria uma transposição 
da escrita de língua de sinais para a escrita da língua oral, apenas a ausência dessa primeira. 
Preocupados com essas situações, diz Stumpf (2005), muitos sistemas de escrita da língua 
de sinais foram criados. A autora cita cinco deles: a notação de Stokoe, a notação de François 
Neve, o Hamnosys, o sistema D’Sign e o sistema SignWriting. Além destes, destaca-se o sistema 
ELiS, desenvolvido por uma pesquisadora brasileira na Universidade Federal de Santa Catarina 
(BARROS, 2008). 
Para Stumpf (2005), dentre os sistemas de escrita de língua de sinais, o que mais se 
sobressaiu por sua clareza e fidelidade foi o SignWriting. Criado em 1974 pela pesquisadora 
norte-americana Valerie Sutton, a pedido do pesquisador Lars Von der Lieth, da Universidade de 
Copenhagen (SUTTON, [2007?]), trata-se de uma modificação a partir do sistema que tinha o 
objetivo de escrever passos de dança chamado DanceWriting, também criado pela mesma 
pesquisadora, ilustrado na Figura 1. A partir desse momento, relata Sutton ([2007?], on-line), 
muitas pesquisas ocorreram e provocaram mudanças na forma como o SignWriting havia sido 
inicialmente concebido: “[...] basicamente o DanceWriting da cintura para cima, com algumas 
mudanças.”1, conforme a Figura 2. 
 
Figura 1 – DanceWriting 
 
Fonte: Sutton ([2007?], on-line). 
 
Figura 2 – Primeiros sinais em SignWriting 
 
Fonte: Sutton ([2007?], on-line). 
 
Com o tempo, novos elementos foram sendo incorporados até que o SignWriting 
chegasse ao ponto em que hoje se encontra (SUTTON, [2007?]). Pesquisas aos poucos foram 
 
1 Tradução nossa. No original: “[...] basically DanceWriting from the waist up, with a few differences.”. 
 Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 11 
 
 
 
surgindo e, no Brasil, foi inicialmente explorado pela pesquisadora surda Marianne Stumpf em 
sua tese de doutoramento, intitulada “Aprendizagem de escrita de língua de sinais pelo sistema 
SignWriting: línguas de sinais no papel e no computador”. Além do trabalho de Stumpf (2005), 
também se destaca, no Rio Grande do Sul, a dissertação de Érika Vanessa de Lima Silva (2013), 
voltada para a investigação de narrativas de professores de surdos sobre a ELS. A nível nacional, 
destaca-se a obra de Barreto e Barreto (ano), a qual foi muito utilizada para a construção deste 
material aqui apresentado. 
Enfim, vistos o histórico do SignWriting e as pesquisas desenvolvidas até o momento no 
país, pode-se entender que se trata de uma ferramenta pouco explorada, muito recente, porém 
muito potente. Inspirados por essa potência, muitas práticas envolvendo a ELS foram realizadas 
em escolas de surdos, dentre as quais destaco a ocorrida na Escola Especial para Surdos Frei 
Pacífico, divulgada no evento local XIV Seminário da Comunicação, em 2017. Segundo os 
professores dessa instituição, a ELS é utilizada com crianças desde a educação infantil até o 
ensino fundamental final e tem funcionado como importante ferramenta, capaz de permitir a 
expressão dos alunos em LIBRAS por outros meios que não o espacial. 
Diante desse panorama, vê-se a importância que a ELS parece assumir com o passar dos 
anos, relevante o suficiente para figurar nos cursos de Letras-Libras como disciplina obrigatória. 
A partir disso, intuo que a ELS tem assumido uma outra posição com o passar dos anos, 
“caminhando” das margens do conjunto de saberes constituído pela comunidade surda em 
direção ao seu centro; vive em um momento de ruptura, potencialmente importante na sua 
história no Brasil. 
 
 Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 13 
 
 
 
2 Relação entre a LIBRAS e a ELS 
 
Na obra de Quadros e Karnopp (2004), encontramos informações linguísticas da LIBRAS, 
inclusive os parâmetros2 fonológicos dessa língua: configuração, locação (ou ponto de 
articulação), movimento, orientação e expressões não manuais. Tais parâmetros também são 
chamados de “pares mínimos” e equivalem aos fonemas das línguas orais, cujo agrupamento 
conforma morfemas (QUADROS; KARNOPP, 2004). 
Os primeiros estudos sobre os parâmetros fonológicos publicados no Brasil são 
usualmente referenciados à pesquisadora Lucinda Ferreira-Brito (1990, 1995), professora 
adjunta da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Em artigo publicado em 1990, a autora 
pontua que as configurações de mão presentes na então Língua de Sinais dos Centros Urbanos 
Brasileiros (LSCB) são as seguintes: 
 
Figura 3 – Configurações de Mão da LSCB (dividida em duas páginas) 
 
 
2 Conforme Battison (1978), baseado em uma conversa com a pesquisadora Ursula Bellugi, passou-se a utilizar o 
termo “parâmetros” (no original, primes) para evitar eventuais confusões com “fonema” – usualmente vinculado 
às línguas orais. Já antes disso, evitou-se o uso do termo “quiremas”, inicialmente utilizado por William Stokoe 
(1960), por não ser considerado um termo politicamente interessante para expressar a equivalência das línguas 
de sinais em relação às línguas orais, importante pauta da época. 
14 Capítulo 2 – Relação entre a LIBRAS e a ELS 
 
 
Fonte: Ferreira Brito (1990, p. 24), construídos a partir da obra de Klima e Bellugi (1979). 
 
Já o movimento, foi classificado em diferentes categorias. No mesmo documento, 
constam os seguintes pontos: 
 
Quadro 1 – Categorias do Parâmetro Movimento da LSCB (dividido em duas páginas) 
TIPO 
Contorno ou Forma Geométrica 
– retilíneo 
– helicoidal 
– circular 
– semicircular 
– sinuoso 
– angular 
– pontual 
Interação 
– alternado 
– de aproximação 
– de separação 
– de inserção 
– cruzado 
Contato 
– de ligação 
– de agarrar 
– de deslizamento 
– de toque (início, final, duplo) 
– de esfregar 
– de riscar 
– de escovar ou pincelar 
Torcedura do Pulso 
– rotação (p/dir. e p/esq.) 
– com refreamento (p/direita ou 
p/esquerda) 
Dobramento do pulso 
DIRECIONALIDADE 
Direcional 
– unidirecional: 
(para cima) 
(para baixo) 
(para direita) 
(para esquerda) 
(para dentro) 
(para fora) 
(para o centro) 
(para lateral inferior esquerda) 
(para lateral inferior direita) 
(para lateral superior esquerda) 
(para lateral superior direita) 
(para específico ponto referencial) 
– bidirecional: 
(p/cima e baixo) 
(p/esqueda e direita) [sic] 
(p/dentro e fora) 
(p/laterais opostas superior 
direita e inferior esquerda) 
– multidirecional 
 
Não-Direcional 
MANEIRA 
Qualidade, Tensão e Velocidade 
 
– contínuo 
– de retenção 
– refreado 
 
 
FREQÜÊNCIA [sic] 
Repetição 
 
– simples 
– repetido 
 Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 15 
 
 
 
– para cima ('supinate') 
– para baixo ('pronate') 
Interno das Mãos 
– abertura simultânea/gradativa 
– fechamento simult./gradativo 
– curvamento simult./alternado 
– dobramento simult./alternado 
Fonte: Ferreira Brito (1990, p. 33), adaptado para fins de diagramação. 
 
De acordo com esse mesmo documento, também foram mapeadas as locações da LSCB, 
expostas em um quadro, apresentado a seguir: 
 
Quadro 2 – Pontos de Articulação da LSCB 
Espaço Neutro 
Cabeça 
 Rosto Inteiro 
 Topo da cabeça 
 Parte superior do rosto 
 Testa 
 Lado (esquerdo e/ou direito) 
 da testa 
Olhos 
 Lado (esquerdo e/ou direito) 
 do olho 
Nariz 
 Centro 
 Embaixo 
 Lado direito e/ou esquerdo 
 
Parte inferiordo rosto 
 Queixo 
 Boca 
 Sob o queixo 
Face 
 Centro 
 Lado 
Orelha 
Pescoço 
 Centro 
 Lado esquerdo e/ou direito 
Torso 
 Busto (Lado esquerdo, 
 direito ou centro) 
 Estômago 
 Cintura 
 Ombro 
 
Braço 
 Parte superior do braço 
 Cotovelo 
 Parte interna do antebraço 
 Parte externa do antebraço 
 Parte interna do pulso 
 Parte externa do pulso 
Mão 
 Costas 
 Palma 
 Lateral 
Fonte: Ferreira Brito (1990, p. 40), adaptado para fins de diagramação. 
 
Esses foram os três parâmetros abordados por Ferreira Brito (1990), possivelmente em 
decorrência do trabalho de Stokoe (2010), o qual descreveu apenas esses três “quiremas”. 
Pesquisas posteriores ao do pesquisador estadunidense acabaram incluindo novos parâmetros à 
esse conjunto: a orientação da mão e as expressões não manuais. Sobre esse primeiro, destaca-
se a obra de Battison (1974), a qual já propõe a incorporação de ambas, orientação e expressões 
não manuais, no mote. Contudo, esta última foi mais explorada por Baker-Shenk (1983) em sua 
tese, sendo uma das autoras mais reconhecidas por suas contribuições nessa área. 
No decorrer desta apostila, ver-se-á que a ELS contempla todos esses parâmetros e outros 
elementos que possivelmente foram sendo incorporados à língua com o passar do tempo, 
mostrando de forma clara cada um deles por meio de símbolos específicos. Mesmo contendo 
16 Capítulo 2 – Relação entre a LIBRAS e a ELS 
 
todos os parâmetros das línguas de sinais, o sistema SignWriting apresenta uma organização 
ligeiramente diferenciada, com um pouco mais de detalhamento em relação a cada parâmetro, 
quais sejam: configuração de mão, orientação de mão, tipo de contato, locação, movimento da 
mão, movimento dos dedos, dinâmica do movimento, pontuação e expressões não manuais. Esta 
organização está exposta no Quadro 3 em forma de esquema. 
 
Quadro 3 – Relação entre a LS e a ELS 
Língua de Sinais Escrita da Língua de Sinais 
Configuração de Mão Configuração de Mão 
Movimento Dinâmica do Movimento 
Movimento da Mão 
Movimento do Antebraço 
Movimento do Pulso 
Movimento dos Dedos 
Tipo de Contato 
Locação (ou Ponto de Articulação) Articulação na cabeça 
Articulação no corpo 
Articulação no espaço neutro 
Articulação nos braços 
Orientação da Mão Mãos paralelas ao plano coronal 
Mãos paralelas ao plano transversal 
Expressões Não Manuais Movimento da Bochecha 
Movimento da Cabeça 
Movimento da Cintura 
Movimento da Língua 
Movimento da Testa 
Movimento das Sobrancelhas 
Movimento do Nariz 
Movimento do Queixo 
Movimento dos Cílios e das Pálpebras 
Movimento dos Lábios 
Movimento dos Ombros 
Olhar 
Outras Expressões Corporais 
Pontuação 
Respiração 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
 
A apostila está dividida em capítulos, cada um apresentando um desses agrupamentos do 
SignWriting. Breves discussões sobre cada um desses conjuntos serão feitas a cada seção. 
 
 Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 17 
 
 
 
3 Configurações de Mão (CM) 
 
Tanto Stokoe (2010) quanto Quadros e Karnopp (2004), obras de referência na área da 
linguística da língua de sinais e da LIBRAS, respectivamente, não apresentam uma definição clara 
do conceito de Configuração de Mão (CM). Contudo, é usual encararmos esse parâmetro como 
o formato que as mãos e os dedos assumem na composição de um morfema em língua de sinais. 
Utilizando estratégia análoga à de Quadros e Karnopp (2004), apresento a seguir um exemplo de 
sinais que possuem todos os parâmetros idênticos, exceto a CM, a fim de ilustrar tal “quirema”. 
 
Figura 4 – Segunda-feira, terça-feira e quarta-feira: diferentes CM 
 
Fonte: Dicionário Gaúcho da Língua de Sinais (FUNDAÇÃO..., 2010, p. 79; 87; 94), adaptado. 
 
Conforme Kyle e Woll (2000), a CM varia para cada LS e pode ser adaptada de acordo com 
os sinais utilizados pela língua local. Por exemplo, na língua de sinais japonesa são mais 
frequentemente utilizadas configurações de mão que não são usuais na LIBRAS, por isso na lista 
de CM da língua de sinais japonesa podem constar algumas que não estão presentes na LIBRAS 
e, consequentemente, não são usualmente vistas na ELS. Caso uma nova configuração de mão 
18 Capítulo 3 – Configuração de Mão (CM) 
 
seja introduzida, um novo símbolo deve também ser implantado na ELS para atender à mudança. 
Assim, a ELS é adaptável e está em constante mudança, assim como a LS ou qualquer outra língua. 
Segundo o sistema SignWriting, as configurações de mão estão divididas em 10 grupos, 
cada um representado pela CM dos números de 1 até 10 da American Sign Language (ASL), 
apresentados na Figura 5. A imensa quantidade de CM já registradas no SignWriting deve-se ao 
vasto número de CM utilizadas nas diferentes línguas de sinais, ou mesmo as que podem vir a 
ser utilizadas, mostrando uma “base” que pode servir para a elaboração de novas CM. 
 
Figura 5 – Números em ASL3 
 
Fonte: Sítio eletrônico “American Sign Language” (AMERICAN..., 2017, on-line). 
 
Veja a tabela com as CM registradas no portal SignPuddle (SUTTON, 2017) e apresente 
um exemplo de sinal que possui a configuração correspondente. Note que algumas dessas CM 
que são ditas alofônicas, ou seja, são CMs tão próximas que são consideradas como se fossem 
iguais, de forma que a utilização de uma ou outra não altera o significado do sinal (BARRETO; 
BARRETO, 2010). 
Para essa atividade, desconsidere outros parâmetros, como a orientação da mão, focando 
apenas nas configurações de mão apresentadas. Note que algumas células estão em cinza: estas 
são as presentes no software brasileiro SW-Edit (TORCHELSEN; COSTA, 2002). Cabe destacar que 
todas as imagens são padronizadas e se encontram à disposição no portal SignPuddle (SUTTON, 
2017). 
 
3.1 Indicador 
 
CM Sinal CM Sinal CM Sinal 
 
3 O número 0 não constitui um grupo de CM do SignWriting. 
 Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 19 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.2 Indicador e médio 
 
CM Sinal CM Sinal CM Sinal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.3 Indicador, Médio e Polegar 
 
CM Sinal CM Sinal CM Sinal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 Capítulo 3 – Configuração de Mão (CM) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.4 Quatro dedos 
 
CM Sinal CM Sinal CM Sinal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.5 Cinco dedos 
 
CM Sinal CM Sinal CM Sinal 
 
 
 
 
 
 Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 21 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.6 Mínimo e Polegar 
 
CM Sinal CM Sinal CM Sinal 
 
 
 
 
 
 
22 Capítulo 3 – Configuração de Mão (CM) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.7 Anelar e Polegar 
 
CM Sinal CM Sinal CM Sinal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 23 
 
 
 
3.8 Médio e Polegar 
 
CM Sinal CM Sinal CM Sinal3.9 Indicador e Polegar 
 
CM Sinal CM Sinal CM Sinal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 Capítulo 3 – Configuração de Mão (CM) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.10 Polegar 
 
CM Sinal CM Sinal CM Sinal 
 
 
 
 
 
 
 
 Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 25 
 
 
 
4 Orientação da Mão (OM) 
 
 
Novamente, não há uma descrição específica sobre o significado de OM, mas entende-se 
como o lado para o qual a palma da mão está direcionada. Da mesma forma que no capítulo 
anterior, vejamos exemplos de sinais que se diferenciam somente pela OM. 
 
Figura 6 – Cavalo e coelho: diferentes OM 
 
Fonte: Dicionário Gaúcho da Língua de Sinais (FUNDAÇÃO..., 2010, p. 20-21), adaptado. 
 
Na ELS, a OM pode ser transcrita de diferentes perspectivas. Sutton (2014) menciona 
duas: a receptiva e a expressiva. A receptiva é escrita em relação ao que se enxerga de outras 
pessoas sinalizando, ou seja, vinculada à sinalização do outro. Já a expressiva é escrita em relação 
à própria sinalização, isto é, o que eu vejo enquanto sinalizo. Convencionou-se a utilização da 
perspectiva expressiva, sendo possível a utilização da perspectiva receptiva em alguns casos – 
por exemplo, na transcrição de um vídeo sinalizado por outra pessoa. 
A questão da perspectiva faz-se importante quando tratamos da OM, pois a criadora do 
SignWriting baseou-se nos planos anatômicos do corpo humano, quais sejam, plano sagital (ou 
mediano), plano coronal (ou frontal) e plano transversal (ou horizontal). Tais espaços são 
mostrados na Figura 7, a seguir. 
26 Capítulo 4 – Orientação da Mão (OM) 
 
 
Figura 7 – Planos anatômicos: Coronal, Sagital e Transversal, respectivamente. 
 
Fonte: Portal what-when-how (ORGANIZATION..., 2012, on-line). 
 
As OMs, no SignWriting, são separadas em dois grupos, referentes a diferentes planos: o 
plano do chão e o plano da parede (SUTTON, 2014). Em qualquer um dos casos, a palma da mão 
é escrita em branco (ou transparente), enquanto o dorso da mão é escrito em preto. Para os 
lados da mão, preenche-se parcialmente a CM, conforme imagem a seguir. 
 
Figura 8 – Orientação da Mão (Plano da Parede) 
 
Fonte: Sutton (2014, p. 14-15), adaptado. 
 
 Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 27 
 
 
 
A Figura 8 mostra CMs e OMs referentes ao plano da parede, ou seja, paralelo ao plano 
coronal. Note que, por estarmos utilizando a perspectiva expressiva, sempre escreveremos em 
relação ao sinalizante, olhando de trás para frente. No caso de adoção da perspectiva receptiva, 
deve-se inverter essa ordem, observando de frente para trás. 
Quando se trabalha com o plano do chão, ou seja, aquele paralelo ao plano transversal, 
deixa-se um espaço na articulação proximal da mão. Veja a Figura 9: 
 
Figura 9 – Orientação da Mão (Plano do Chão) 
 
Fonte: Sutton (2014, p. 31), adaptado. 
 
Nesse caso, a visão é sempre vista de cima para baixo, independente do tipo de 
perspectiva (receptiva ou expressiva), no qual os dedos são desenhados de acordo com o que 
está sendo visto. Muitas vezes, quando os dedos estão para frente ou para trás, podem existir 
dúvidas sobre a grafia destes. Para evitar tais ambiguidades, convencionou-se que os dedos 
devem sempre ser escritos voltados para o plano sagital do corpo, caso ilustrado na Figura 10. 
 
Figura 10 – Dedos voltados para o centro do corpo 
 
Fonte: Sutton (2014, p. 44). 
 Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 29 
 
 
 
5 Tipos de Contato 
 
 
 
Os tipos de contato podem ser considerados como dentro do parâmetro “Movimento” 
da LS. Contudo, são parte importante da ELS por mostrar como o contato deve ser feito entre as 
partes do corpo (mãos, dedos, peito etc.) durante a execução de um sinal. Na ELS, como mostra 
Sutton (2014), temos seis tipos de contato: 
 
a) Encostar ( ) 
b) Escovar ( ) 
c) Esfregar ( ) 
d) Bater ( ) 
e) Pegar ( ) 
f) Intercalar ( ) 
 
O contato “encostar” é escrito com um asterisco. Nesse contato, há um toque gentil entre 
as partes do corpo envolvidas. Dois símbolos de “encostar” significam a realização desse contato 
repetidamente, intercalando entre aproximação e afastamento. Em geral, todos os tipos de 
contato podem ser repetidos, colocando até dois símbolos no sinal escrito, significando a 
repetição da ação. Exemplos de sinais com tipo de contato “encostar”: 
 
Quadro 4 – Sinais com contato “encostar” 
 
Casa Combinar Contato 
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos símbolos padrão. 
 
30 Capítulo 5 – Tipo de Contato 
 
Uma questão importante do contato “encostar”, mencionado por Sutton (2014), é que 
em alguns casos não é necessária a sua colocação no sinal. Exemplos disso são os sinais de 
“Celular/Telefone”, “Descobrir/Encontrar” e “Desculpa”, que podem ser escritos da maneira 
exposta a seguir4: 
 
Quadro 5 – Sinais que não exigem o símbolo do contato “encostar” 
 
 
 
Celular/Telefone Descobrir/Encontrar Desculpa 
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos símbolos padrão. 
 
O contato “escovar” é escrito com um círculo com um ponto preto no centro. Nesse 
contato, temos um toque de esfregar que sai da superfície de contato logo em seguida. Exemplos 
de sinais com tipo de contato “escovar”: 
 
Quadro 6 – Sinais com o contato “escovar” 
 
 
Perguntar Escrever Caderno 
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos símbolos padrão. 
 
O contato “esfregar” é escrito como um espiral. Nesse contato, temos um toque de 
esfregar que não sai da superfície. Caso não haja setas que mostrem o movimento da mão, o 
contato “esfregar” deve ser feito em círculos. Exemplos de sinais com o contato “esfregar”: 
 
 
4 Importante destacar que a ELS permite muitas formas de escrita de um mesmo sinal, por isso as grafias expostas 
no Quadro 5 não podem nem devem ser consideradas “as corretas”. Em qualquer caso, pode-se colocar o 
símbolo de contato “encostar”, mesmo que não pareça ser algo obrigatório. 
 Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 31 
 
 
 
Quadro 7 – Sinais com contato “esfregar” 
 
Prazer Pesquisar Falso 
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos símbolos padrão. 
 
O contato “bater” é escrito com traços horizontais e verticais, formando um ‘jogo da 
velha’. Nesse contato temos um impacto forte com a superfície. Exemplos de sinais com o 
contato “bater”: 
 
Quadro 8 – Sinais com o contato “bater” 
 
 
Pagar Soco Susto 
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos símbolos padrão. 
 
O contato “pegar” é escrito com um sinal positivo. Nesse contato a mão literalmente pega 
a outra mão, a roupa ou outra parte do corpo. Exemplos de sinais com o contato “pegar”: 
 
Quadro 9 – Sinais com o contato “pegar” 
 
Carne Maravilha Presencial 
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos símbolos padrão. 
 
O contato “intercalar” é representado por duas barras verticais, englobando algum outro 
tipo de contato – mais comumente o de “encostar”. Nesse contato uma parte do corpo atravessa 
a outra, geralmente entre os dedos. Exemplos de sinais com o contato “intercalar”: 
32 Capítulo 5 – Tipo de Contato 
 
Quadro 10 – Sinais com contato “intercalar” 
 
 
Bilinguismo Intervalo Voltar 
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos símbolos padrão. 
 
Há também alguns símbolos complementares que podem ser muitoúteis na expressão 
clara de onde o contato, caso haja, deve acontecer. São os símbolos de superfície, e eles mostram 
em qual posição, seja no plano coronal ou no transversal, deve ocorrer o contato. 
 
Quadro 11 – Símbolos de superfície 
Símbolo(s) Significado Símbolo(s) Significado 
 
Sobre a superfície 
(Plano transversal) 
Sob a superfície 
(Plano transversal) 
 
No lado esquerdo da 
superfície 
(Plano transversal) 
 
No lado direito da 
superfície 
(Plano transversal) 
 
A frente da superfície 
(Plano coronal) 
Atrás da superfície 
(Plano coronal) 
 
No lado esquerdo da 
superfície (Plano 
coronal) 
 
No lado direito da 
superfície (Plano 
coronal) 
 
Entre duas 
superfícies 
horizontais (Plano 
transversal) 
 
Entre duas 
superfícies verticais 
(Plano transversal) 
 
Entre duas 
superfícies 
horizontais (Plano 
coronal) 
 
Entre duas 
superfícies verticais 
(Plano coronal) 
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos símbolos padrão. 
 
Por fim, vale ressaltar que não há uma posição considerada correta para colocar os 
símbolos de contato, eles apenas devem figurar próximos ao local onde ocorrem, tanto quanto 
possível. Contudo, Sutton (2014) afirma que há uma posição correta de posicionar as mãos que 
apresentam contato: próximas umas das outras. Segundo a autora, isso facilita o entendimento 
 Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 33 
 
 
 
do sinal grafado. A seguir, apresento uma tabela com sinais em ASL grafados corretamente, junto 
de seus correspondentes incorretos, respectivamente. 
 
Figura 11 – Grafias corretas e incorretas em relação ao posicionamento das mãos 
 
Fonte: Sutton (2014, p. 195). 
 
Independente dos significados dos sinais, podemos analisar cada um deles, verificando os 
motivos pelos quais são considerados (in)corretos. No primeiro sinal, seu correspondente está 
incorreto porque as CMs estão afastadas, quando deveriam estar próximas. Lembrando da regra 
de ouro: quando há contato, as CMs devem sempre estar próximas. 
No segundo sinal, vê-se situação semelhante, e também que houve a supressão do 
símbolo de contato “encostar” na grafia considerada correta. Isso porque, dada a proximidade 
das CMs, não foi necessário expressar que ambas deveriam se encostar. Contudo, não seria 
considerado errado de o símbolo estivesse presente, desde que posicionado em outro lugar 
próximo, sem ser entre as CMs. 
34 Capítulo 5 – Tipo de Contato 
 
Outros casos semelhantes ocorrem nas demais linhas, mostrando que, mesmo em casos 
nos quais há mais de um tipo de movimento (terceira e quinta linhas), deve-se respeitar a regra 
de ouro. 
 Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 35 
 
 
 
6 Movimento da mão, do pulso e do antebraço 
 
 
 
 
Assim como o próprio nome diz, movimento se refere à movimentação o sinal no espaço. 
A seguir, vemos alguns sinais com parâmetros iguais, exceto pelo movimento. 
 
Figura 12 – Perguntar e pesquisar: diferentes movimentos 
 
Fonte: Dicionário Gaúcho da Língua de Sinais (FUNDAÇÃO..., 2010, p. 74), adaptado. 
 
A maioria dos sinais apresenta movimentação das mãos ou antebraços. Na ELS, esses 
movimentos são mostrados por meio de setas. Estas setas percorrem todos os planos possíveis: 
paralelo ao plano coronal, paralelo ao plano sagital etc. Antes de vermos as diferentes setas 
existentes, cabe citar a importância do que Sutton (2014) chama de centro do sinal. 
Para a autora (SUTTON, 2014), todo sinal possui um centro. No caso de contato entre as 
mãos ou o corpo, o centro se encontra nesse contato; no caso de sinais no espaço neutro, fica 
no centro da mão (caso o sinal seja feito com apenas uma mãos) ou entre as mãos (caso sejam 
utilizadas ambas as mãos). As setas de movimento, salvo raras exceções, começam (ou 
terminam) apontadas para o centro do sinal. Vejamos um exemplo do sinal de “apoiar” as 
possíveis posições de um movimento das mãos. 
36 Capítulo 6 – Movimento da mão, do pulso e do antebraço 
 
 
Figura 13 – Possíveis movimentos do sinal de “apoiar” 
 
Fonte: Sutton (2014, p. 199), adaptado. 
 
As mencionadas exceções englobam sinais nos quais a seta posicionada no mesmo 
esquema da Figura 12 atrapalharia a compreensão do sinal, pois ficaria por cima de algum outro 
símbolo. Alguns exemplos seriam os sinais de “Bom” e “Pedir”, retratados na Figura 13. 
 
Figura 14 – Exceções à regra do centro do sinal 
 
Bom Pedir 
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos símbolos padrão. 
 
Vemos que as setas não estão nem começando e nem terminando no centro do sinal, que 
seria o local do contato. Contudo, isso não seria possível, porque as setas ficariam sobre o 
símbolo da cabeça, e isso causaria ambiguidades no entendimento. Essas exceções ocorrem 
geralmente quando utilizamos as setas simples, com apenas um traço, as quais significam 
movimentos paralelos ao plano transversal (plano do chão). 
 
6.1 Setas simples: plano transversal 
 
 Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 37 
 
 
 
Os movimentos paralelos ao plano transversal podem ser retilíneos ou curvos, fazendo 
trajetos específicos, aproximando-se ou afastando-se do corpo. No caso de movimentos 
retilíneos, basta utilizarmos setas simples, sem a necessidade de indicar se estamos ou não nos 
aproximando/distanciando do corpo. A presença de três setas, iguais ou alternadas, representa 
um movimento repetitivo. 
 
Quadro 12 – Movimentos retilíneos com setas simples 
Símbolo(s) Significado Símbolo(s) Significado 
 
Movimento único, 
para frente ou para 
trás, com diferentes 
intensidades 
 
Movimentos 
repetitivos 
alternados, para 
frente e para trás 
 
Movimento em cruz 
paralelo ao plano 
transversal 
 
Diferentes 
movimentos (em “n”, 
zigue-zague, 
quadrado...) 
 
Movimentos 
repetitivos, para 
frente ou para trás 
 
Movimentos pra 
frente com 
movimentação do 
braço ou tremendo 
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos símbolos padrão. 
 
As setas apresentadas estão todas preenchidas de preto. Nesse caso, representam a 
movimentação da mão direita. Caso estivessem vazias ou pintadas de branco, representariam os 
movimentos da mão esquerda. Se estivessem abertas, envolveriam ambas as mãos. Essa regra 
vale para todos os tipos de movimento: branco para a mão esquerda, preto para a mão direita, 
vazio para ambas as mãos (em contato). 
Os movimentos curvos são um pouco mais elaborados no caso das movimentações 
paralelas ao plano transversal, pois precisam indicar se está se aproximando ou se distanciando 
do corpo. Sempre que a movimentação for em direção ao corpo, o risco será mais grosso. O 
contrário vale para o distanciamento do corpo, no qual as setas vão ficando mais finas. 
 
Quadro 13 – Movimentos curvos com setas simples 
Símbolo(s) Significado Símbolo(s) Significado 
38 Capítulo 6 – Movimento da mão, do pulso e do antebraço 
 
 
Movimento curvo em 
formato de parábola, 
afastando-se ou 
aproximando-se do 
corpo 
 
Movimentos curvos 
paralelos ao plano 
transversal 
 
Movimento curvo 
“quicando”, 
afastando-se ou 
aproximando-se do 
corpo 
 
Movimento curvo 
sob ou sobre o braço, 
afastando-se ou 
aproximando-se 
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos símbolos padrão. 
 
Vejamos exemplos de sinais que utilizam setas simples em sua composição. 
 
Quadro 14 – Sinais com setas simples 
Sinal Significado Sinal Significado 
 
Antes 
 
Forte (intensidade) 
 
Oceania 
 
Quem? 
 
Ajudar (a você) 
 
Ir (deslocamento) 
Fonte:Elaborado pelo autor a partir dos símbolos padrão. 
 
6.2 Setas duplas: plano coronal 
 
As setas duplas mostram movimentos paralelos ao plano coronal (plano da parede), ou 
seja, para cima e para baixo. Vejamos algumas delas. 
 
Quadro 15 – Movimentos retilíneos com setas duplas 
Símbolo(s) Significado Símbolo(s) Significado 
 
Movimento único, 
para cima ou para 
Movimentos 
repetitivos 
 Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 39 
 
 
 
baixo, com diferentes 
intensidades 
alternados, para 
frente e para trás 
 
Movimentos 
repetitivos, para 
frente ou para trás 
Diferentes 
movimentos (em “n”, 
zigue-zague, 
quadrado...) 
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos símbolos padrão. 
 
Vejamos alguns movimentos curvos com setas duplas. 
 
Quadro 16 – Movimentos curvos com setas duplas 
Símbolo(s) Significado Símbolo(s) Significado 
 
Movimento curvo em 
formatos circulares 
Diferentes formatos 
curvos 
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos símbolos padrão. 
 
Assim como nos movimentos com seta simples, podem ser utilizadas setas pretas, brancas 
ou vazias, cujo significado é análogo. Vejamos alguns exemplos de sinais com esses diferentes 
tipos de setas. 
 
Quadro 17 – Sinais com setas duplas 
Sinal Significado Sinal Significado 
 
Abelha 
 
Aluno / Criança 
 
Campeonato 
 
Marcar (com um X) 
 
Paz 
 
Português (língua) 
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos símbolos padrão. 
 
40 Capítulo 6 – Movimento da mão, do pulso e do antebraço 
 
Perceba que, assim como na LS é indiferente qual mão é a ativa e qual é a passiva (seja 
esquerda, seja direita), na ELS também há essa não distinção. Sendo assim, é possível encontrar 
diferentes escritas para um mesmo sinal. Muitos dos sinais registrados nesse documento estão 
baseados na sinalização de canhotos em função de essa ser minha mão dominante, contudo não 
há problema algum em realizar uma escrita destra, desde que sejam respeitadas as regras 
apresentadas até o momento, principalmente a da cor das setas. 
 
6.3 Nem transversal, nem coronal: os planos diagonais 
 
Às vezes, precisamos realizar movimentos para frente e para cima, ou para frente e para 
baixo etc. Para isso, existem as setas situadas no plano diagonal, e consistem em setas duplas 
com uma marcação em seu interior, quais sejam, um círculo preto para indicar movimentos para 
trás e para baixo; um traço para indicar movimentos para frente e para cima; uma área pintada 
próxima à cabeça da seta para indicar movimentos para trás e para cima; uma área pintada 
próxima ao início da seta para indicar movimentos para frente a para baixo. Vejamos uma 
ilustração dos dois primeiros tipos de situação. 
 
Figura 15 – Um dos planos diagonais 
 
Fonte: Sutton (2014, p. 126). 
 
Os outros casos citados anteriormente estão em outro plano diagonal. Ao contrário do 
exposto na Figura 14, este começa de cima e vai até o chão. Vale lembrar que, em todos os casos, 
segue a convenção sobre as cabeças das setas: preta para mão direita, branca para mão esquerda 
e traçada para ambas as mãos. Abaixo estão exemplos de sinais utilizando esse tipo de 
movimento. 
 Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 41 
 
 
 
 
Quadro 18 – Sinais com movimentos nos planos diagonais 
Sinal Significado Sinal Significado 
 
Avião 
 
(Deus) Abençoar-me 
 
(Deus) Abençoar-te 
 
Assembleia 
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos símbolos padrão. 
 
6.4 Movimentos para os lados 
 
Ambas as setas podem se movimentar para os lados (esquerda e direita). Por isso, é 
importante destacar que esses movimentos laterais podem ser escritos com qualquer uma das 
setas, simples ou duplas. Vejamos alguns exemplos, todos corretos: 
 
Quadro 19 – Sinais envolvendo movimentos laterais 
Sinal Significado Sinal Significado 
 
Até Menor 
 
Reais (dinheiro) 
 
Tentação 
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos símbolos padrão. 
 
6.5 Movimento de pulso 
 
Estipulados os movimentos paralelos aos planos do chão (transversal) e da parede 
(coronal) realizados pela mão, podemos utilizar a mesma lógica para representar os movimentos 
42 Capítulo 6 – Movimento da mão, do pulso e do antebraço 
 
feitos por outras articulações do corpo humano. Uma delas é o pulso, o qual pode se movimentar 
para frente (flexão), para trás (extensão), lateralmente para dentro (desvio radial) e lateralmente 
para fora (desvio ulnar). Nesse caso, adicionamos uma barra simples antes das setas de 
movimentos. Veja exemplos: 
 
Quadro 20 – Sinais envolvendo movimentos de pulso 
Sinal Significado Sinal Significado 
 
Cinema 
 
É 
 
Não 
 
Sim 
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos símbolos padrão. 
 
As regras apresentadas até o momento se aplicam ao movimento de pulso: cor das setas, 
arbitrariedade quando ao uso de setas simples ou duplas para movimentos laterais etc. 
Lembrando que alguns desses movimentos podem parecer provenientes do antebraço, o qual 
naturalmente se mexe junto no momento da execução do movimento. Entretanto, atentemos 
para o fato de que os movimentos em geral não são puramente de uma articulação ou outra, 
mas atrelados a um conjunto de elementos que, propositalmente ou não, funcionam em 
sincronia para a execução do movimento. Nosso objetivo, aqui, é identificar a articulação 
predominante no movimento, registrando de forma e ser o mais claro e intuitivo para a leitura. 
 
6.6 Movimentos do antebraço 
 
Os movimentos com o antebraço são representados por barras próximas às CMs. Eles 
podem ocorrer paralelos ao plano transversal ou ao coronal. Para tal, aplicam-se as mesmas 
regras: linha simples para antebraços paralelos ao plano do chão; linha dupla para antebraços 
paralelos ao plano da parede. É possível, ainda, realizar movimentos de mão e de antebraço 
simultaneamente, juntando-se ambos os símbolos de movimento. Veja exemplos de cada caso: 
 
Quadro 21 – Movimento do antebraço 
Sinal Significado Sinal Significado 
 Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 43 
 
 
 
 
Árvore 
 
Converter / Transpor 
 
Bilinguismo 
 
Educação Física 
 
Língua 
 
Mar 
 
Promoção 
 
Prova (exame) 
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos símbolos padrão. 
 
6.7 Movimentos circulares 
 
Existem quatro tipos básicos de movimentos circulares: movimentos da mão referente ao 
plano coronal ou ao plano transversal; movimento do pulso referente ao plano transversal ou ao 
plano sagital. Cada um possui símbolos próprios, apresentados a seguir. 
 
Quadro 22 – Símbolos de movimentos circulares da mão e do pulso 
Símbolo(s) Significado Símbolo(s) Significado 
 
Movimento circular 
da mão, referente ao 
plano coronal 
 
Movimento circular 
do pulso, referente 
ao plano sagital 
 
Movimento circular 
da mão, referente ao 
plano transversal 
 
Movimento circular 
do pulso, referente 
ao plano coronal 
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos símbolos padrão. 
 
 Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 45 
 
 
 
7 Locação (L) 
 
A locação, ou ponto de articulação, faz menção ao local onde o sinal é realizado. Vejamos 
exemplos de sinais com mesmos parâmetros, mas somente com locação diferente. 
 
Figura 16 – Sábado e aprender: diferentes locações 
 
Fonte: Dicionário Gaúcho da Língua de Sinais (FUNDAÇÃO..., 2010, p. 11; 86), adaptado. 
 
Por padrão, o sinal ocorre no “espaço neutro”, logo a frente do torso do sinalizador, 
sempre acima da cintura.Em alguns casos o sinal é realizado em outras partes do corpo, como 
rosto, braços, peito, pescoço etc. Nesses casos, é preciso indicar esses locais com símbolos 
próprios. O SignWriting possui agrupamentos com as Locações, que serão apresentadas a seguir, 
juntamente com as Expressões não manuais vinculadas a estas, apresentadas no capítulo 10. São 
eles: 
 
Símbolo(s) Significado Símbolo(s) Significado 
 
Cabeça 
 
Pontos da cabeça 
46 Capítulo 7 – Locação (L) 
 
 
Cabelo 
 
Pescoço 
 
Sobrancelha 
 
Testa 
 
Orelhas 
 
Nariz 
 
Boca 
 
Atrás da cabeça 
 
Cabeça (visão de 
cima com ombros) 
Cabeça (visão de cima 
com nariz) 
 
Braços 
 
Ombros/Peito/Cintura 
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos símbolos padrão. 
 
Vejamos alguns exemplos de sinais que precisam dessa identificação de locação para 
serem compreendidos: 
 
Quadro 23 – Sinais que precisam de símbolos de locação 
 
Corpo Aranha Acusar-te 
 
 
 
Representar Não pode Maravilha 
 
 
Esperar Óculos Silêncio 
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos símbolos padrão. 
 Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 47 
 
 
 
8 Movimento dos Dedos 
 
 
 
Além dos movimentos e mãos e braços, temos também os movimentos de dedos. Para 
que possamos entender melhor cada movimento, vamos ver um pouco da anatomia da mão. 
Cada dedo (exceto o polegar) possui três articulações: distal, medial e proximal, conforme 
imagem a seguir: 
 
Figura 17 – Articulações da mão 
 
Fonte: Elaborado pelo autor a partir de uma imagem de domínio público. 
 
Vejamos, então, os tipos de movimento de dedos existentes na ELS: 
 
 Articulação medial abre ( ) 
 Articulação medial fecha ( ) 
 Articulação proximal abre ( ) 
 Articulação proximal fecha ( ) 
48 Capítulo 8 – Movimento dos Dedos 
 
 Articulação proximal abre e fecha ( ) 
 Articulação proximal abre e fecha alternadamente ( ) 
 
Além desses, também existem outros símbolos complementares de movimento dos 
dedos, os quais expressam movimentações graduais ou pouco comuns. 
 
 Articulação proximal abre/fecha gradualmente ( ) 
 Articulação medial abre/fecha gradualmente ( ) 
 Articulação proximal abre e/ou fecha lateralmente, como uma tesoura ( ) 
 
Vejamos alguns exemplos de sinais que utilizam os símbolos mostrados até o momento. 
 
Figura 18 – Sinais com movimentos dos dedos 
 
 
 
Explicar Assunto/Título Acordar 
 
Querido Observar Coisas 
 
Animais Igual Bom 
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos símbolos padrão. 
 
No caso do polegar, considera-se que os símbolos de “abrir/fechar a articulação medial” 
funcionam como “abrir/fechar articulação distal”, visto que este dedo não possui tal articulação 
mencionada. 
 Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 49 
 
 
 
9 Dinâmica do Movimento 
 
 
Dependendo do sinal, algumas dinâmicas devem ser aplicadas, como a diferenciação do 
sinal “hoje” e “agora”, ou como marcação de intensidade, como em “demorado” ou “muito 
demorado”. Temos pelo oito tipos de dinâmicas na ELS até o momento. Veja: 
 
 Movimento simultâneo ( ) 
 Movimento alternado ( ) 
 Movimento intercalado ( ) 
 Movimento lento ( ) 
 Movimento rápido ( ) 
 Movimento tenso ( ) 
 Movimento relaxado ( ) 
 Movimento gradual ( ) 
 
Quadro 24 – Sinais com símbolos de dinâmica 
 
 
Crescente Brincar Computador 
 
 
Construir Rápido Amar (muito) 
50 Capítulo 10 – Expressões não manuais (ENM) 
 
 
 
 
Desenvolvimento 
(inicialmente lento e 
depois rápido) 
Palavra Preguiça 
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos símbolos padrão. 
 
Importante mencionar que, por convenção, sempre que forem expressos classificadores, 
a mão dominante deve vir acompanhada de um símbolo de tensão, a fim de marcar esse fato. 
Fora esse caso, vemos que muitas vezes os símbolos de dinâmica são suprimidos. Contudo, 
devem ser amplamente utilizados em narrativas, próximas ao que realmente é sinalizado 
presencialmente, visto que suas ações dão vida à sinalização, mostrando elementos importantes 
de um discurso, como a cadência. 
 
 Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 51 
 
 
 
10 Expressões não manuais (ENM) 
 
 
 
Expressões faciais também podem ser escritas na ELS. Alguns autores gostam de escrever 
expressões faciais no máximo de sinais possíveis, enquanto alguns preferem utilizar apenas para 
não prejudicar o significado do sinal. O importante é manter a clareza da narrativa. Expressões 
faciais são mais frequentemente utilizadas ao transcrevermos classificadores. Elas são facilmente 
identificadas, pois sua escrita é pautada na visualidade. 
Da mesma forma, expressões corporais também podem ser escritas. Posição do tronco, 
posição dos ombros, posição dos braços, posição da cabeça. Também são utilizados 
principalmente em narrativas e na transcrição de classificadores. Vejamos, nas seções que 
seguem, cada uma dessas expressões. Em função do grande volume de elementos, não serão 
apresentados exemplos. Todos estes foram organizados por mim a partir dos sinais padrão. 
 
10.1 Cabeça 
 
Símbolo(s) Significado Símbolo(s) Significado 
 
Cabeça 
 
Pontos da cabeça 
 
Movimento da 
cabeça (Plano da 
parede) 
Movimento da 
cabeça (Plano do 
chão) 
 
Cabeça torcendo 
 
Nariz torcendo 
 
Movimento curvo 
(Plano da parede) 
 
Movimento curvo 
(Plano do chão) 
52 Capítulo 10 – Expressões não manuais (ENM) 
 
 
Cabeça girando 
 
Posição da cabeça 
(Plano da parede) 
 
Posição da cabeça 
(diagonal) 
 
 
10.2 Região dos olhos 
 
Símbolo(s) Significado Símbolo(s) Significado 
 
Diferentes posições 
de sobrancelha 
Testa enrugada 
 
Testa contraída 
 
Olhos cerrados 
 
Olhos fechados 
 
Olhos piscam uma 
vez 
 
Olhos piscam 
repetidas vezes 
Olhos parcialmente 
fechados 
 
Olhos arregalados 
 
Olhos abrindo 
lentamente 
 
Olhos piscam 
enquanto ficam 
parcialmente 
fechados 
 
Cílios 
 
Cílios para baixo 
 
Cílios se movem 
repetidas vezes para 
cima e para baixo 
 
Direção do olhar, 
para cima e para 
baixo 
Direção do olhar, 
para frente e para 
trás 
 
Olhar virando (Plano 
coronal) 
Olhar virando (Plano 
transversal) 
 
10.3 Bochechas e respiração 
 
Símbolo(s) Significado Símbolo(s) Significado 
 
Bochechas inflam 
 
Bochechas neutras 
 
Bochechas sugadas 
 
Bochechas 
tensionadas 
 
Nariz contraído 
 
Nariz treme 
 Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 53 
 
 
 
 
Nariz enrugado 
 
Expiração 
 
Inspiração 
 
10.4 Região da boca 
 
Símbolo(s) Significado Símbolo(s) Significado 
 
Boca fechada, para 
frente 
Boca fechada, 
contraída 
 
Sorriso 
 
Sorriso tensionado 
nas laterais 
 
Sorriso aberto 
 
Expressão de tristeza 
 
Expressão de tristeza 
tensionada nas 
laterais 
Expressão de tristeza 
aberta 
 
Boca em “O” 
 
Boca em “O” para 
frente 
 
Boca em “O” 
tensionada 
Boca neutra, 
levemente aberta 
 
Boca neutra, 
levemente aberta e 
tensionada 
Boca em elipse 
 
Boca em formato 
quadrado 
Boca em formato 
quadrado tensionada 
 
Boca em formato de 
retângulo 
Beijo 
 
Beijo para frente 
 
Beijo tensionado 
 
Boca tensionada 
 
Boca tensionada para 
frente 
 
Boca tensionada para 
trás 
Lábios para dentroLábio inferior sobre o 
superior 
Lábio superior sobre 
o inferior 
 
Boca delineada 
 
Laterais enrugadas 
 
Laterais enrugadas 
repetidamente 
 
 
54 Capítulo 10 – Expressões não manuais (ENM) 
 
10.5 Língua e dentes 
 
Símbolo(s) Significado Símbolo(s) Significado 
 
Língua para fora, 
projetada para frente 
Língua para cima, 
encostando nos 
lábios 
 
Língua entre os 
lábios 
Língua no céu da 
boca 
 
Língua para cima 
 
Língua na bochecha 
 
Língua para fora, 
horizontal 
Língua ao centro, 
dentro da boca 
 
Dentes à mostra 
 
Dentes à mostra, 
movendo-se 
 
Mordendo a língua 
 
Mordendo a língua, 
movendo-se 
 
Dentes mordendo os 
lábios 
Dentes mordendo os 
lábios, movendo-se 
 
Dentes mordendo os 
lábios por dentro da 
boca 
 
 
Queixo para cima e 
para baixo 
 
Queixo ara frente e 
para trás 
 
Expressão radiante 
 
10.6 Torso 
 
Símbolo(s) Significado Símbolo(s) Significado 
 Ombros neutros Ombros para cima 
 Ombros para baixo 
Apenas um ombro 
para cima ou para 
baixo 
 
Ombros para cima e 
para baixo, 
alternados 
 
Clavículas para cima 
e para baixo 
 
Clavículas para frente 
e para trás 
Ombros se inclinam 
para frente/trás e 
peito para o lado 
oposto 
 Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 55 
 
 
 
 
Peito se inclina para 
frente/trás e ombros 
para o lado oposto 
 
Movimento giratório 
dos ombros (Plano 
coronal) 
 
Movimento giratório 
dos ombros (Plano 
transversal) 
Membros superiores 
se inclinam para 
frente e para trás, a 
partir do quadril 
 
10.7 Pontuação 
 
Símbolo(s) Significado Símbolo(s) Significado 
 Pausa (vírgula) Pausa breve 
 Pausa lenta Pausa abrupta 
 Ponto final Ponto final breve 
 Ponto final lento Ponto final abruto 
 Dois pontos Ponto-e-vírgula 
 Parênteses 
 Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 57 
 
 
 
11 Bibliografia sugerida 
 
 
As duas principais obras que auxiliaram na construção desta apostila foram o manual 
escrito por Valerie Sutton em 1974 (SUTTON, 2014) e também o livro Escrita de Sinais sem 
mistérios de Madson Barreto e Raquel Barreto (2012), que é uma livre interpretação detalhada 
e adaptada para a LIBRAS do manual de Sutton. A primeira obra está atualmente na 4ª edição, 
publicada em 2014 e disponível gratuitamente on-line em inglês (verificar as referências). 
Também está disponível on-line uma versão em português dessa mesma obra numa versão 
parcialmente traduzida por Marianne Stumpf e colaboradores (facilmente localizável em algum 
buscador). A segunda obra pode ser adquirida no sítio eletrônico dos autores: 
<http://www.librasescrita.com.br>. 
 
 Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 59 
 
 
 
Referências 
 
 
BARRETO, Madson; BARRETO, Raquel. Escrita de Sinais sem mistérios. Belo Horizonte: Edição 
do autor, 2012. 
 
FERREIRA BRITO, Lucinda. Uma abordagem fonológica dos sinais em LSCB. Espaço, Rio de 
Janeiro, v. 1, n. 1, p. 20-43, 1990. 
 
FERREIRA BRITO, Lucinda. Por uma gramática das línguas de sinais. Rio de Janeiro: Tempo 
Brasileiro, 1995. 
 
FUNDAÇÃO DE ARTICULAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA PESSOAS 
COM DEFICIÊNCIA E ALTAS HABILIDADES NO RIO GRANDE DO SUL. Dicionário gaúcho da Língua 
de Sinais. Porto Alegre: FADERS, 2010. Disponível em: 
<http://www.portaldeacessibilidade.rs.gov.br/uploads/Dicionario_Libras_CAS_FADERS1.pdf>. 
Acesso em: 13 set. 2017. 
 
KARNOPP, Lodenir Becker. Língua de sinais na educação de surdos. In: THOMA, Adriana da 
Silva; LOPES, Maura Corcini (Org.). A invenção da surdez: cultura, alteridade, identidade e 
diferença no campo da educação. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2004. p. 103-113. 
 
KLIMA, Edward; BELLUGI, Ursula. The Signs of Language. Cambridge, USA: Harvard University 
Press, 1979. 
 
KYLE, Jim G.; WOLL, Bencie. Sign Language: study of deaf people and their language. 
Cambridge, England: Cambridge University Press, 2000. 
 
ORGANIZATION of the Human (Structure and Functions) (Nursing) Part 1. In: what-when-how. 
[S.l.: s.n.], 2012. Disponível em: <http://what-when-how.com/nursing/organization-of-the-
human-structure-and-function-nursing-part-1/>. Acesso em: 02 out. 2017. 
 
STOKOE, William C. Sign Language Structure: an outline of the visual communication systems of 
the american deaf. Journal of Deaf Studies and Deaf Education, Oxford, England, v. 10, n. 1, p. 
3-37, 2005. [Reimpressão de artigo homônimo do autor, originalmente publicado em 1960]. 
 
STUMPF, Marianne Rossi. Aprendizagem de Escrita da Língua de Sinais pelo sistema 
SignWriting: Línguas de Sinais no papel e no computador. 2005. 330 f. Tese (Doutorado) – 
60 Referências 
Programa de Pós-Graduação em Informática na Educação, Centro Interdisciplinar de Novas 
Tecnologias na Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005. 
 
STUMPF, Marianne Rossi; WANDERLEY, Débora Campos. Quem fala português, escreve em 
português. Quem fala inglês, escreve em inglês. E os surdos: em que língua escrevem? Revista 
Letras Raras, Campina Grande, v. 5, n. 1, p. 93-107, 2016. 
 
SUTTON, Valerie. SignWriting History. La Jolla, USA: The SignWriting Site, [2007?]. Disponível 
em: <http://www.signwriting.org/library/history/index.html>. Acesso em: 31 ago. 2017. 
 
SUTTON, Valerie. Lessons in SignWriting. 4th ed. La Jolla, USA: The SignWriting Press, 2014. 
 
TORCHELSEN, Rafael Piccin; COSTA, Antônio Carlos da Rocha. SW-Edit: um editor para textos de 
línguas de sinais escritos em SignWriting. Pelotas: UCPEL, 2002. [Software atualmente fora de 
circulação]. 
 
QUADROS; Ronice Müller de; CRUZ, Carina Rebello. Língua de sinais: instrumentos de 
avaliação. Porto Alegre: Artmed, 2011. 
 
QUADROS, Ronice Müller de; KARNOPP, Lodenir Becker. Língua de sinais brasileira: estudos 
linguísticos. Porto Alegre: Artmed, 2004.3

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