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elementos introdutórios
Fernando Henrique Fogaça Carneiro
FERNANDO HENRIQUE FOGAÇA CARNEIRO
ESCRITA DA LÍNGUA DE SINAIS
elementos introdutórios
1ª edição
Porto Alegre
UFRGS
2017
Ficha Técnica
Reitoria da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS)
Rui Vicente Oppermann
Jane Fraga Tutikian
Pró-Reitoria de Extensão da UFRGS
Sandra de Fátima Batista de Deus
Cláudia Porcellis Aristimunha
Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas da
UFRGS
Maurício Viegas da Silva
Vânia Cristina Santos Pereira
Coordenação do Núcleo de Inclusão e
Acessibilidade da UFRGS
Adriana Maria Arioli
Direção do Instituto de Letras da UFRGS
Sérgio de Moura Menuzzi
Beatriz Cerisara Gil
Equipe da Escola Especial para Surdos Frei
Pacífico
Luciane Zanetti dos Santos
Jaqueline Pagote Ruas
Coordenação do Projeto de Extensão
“Escrita da Língua de Sinais”
Fernando Henrique Fogaça Carneiro
Ilustrações da Capa
Wafaa Ayyad
(Disponível livremente na Internet por meio
da plataforma DeviantArt)
Catalogação na publicação. Bibliotecária Josiene da Silva Niesciur CRB 10/2256
C289e
Carneiro, Fernando Henrique Fogaça
Escrita da Língua de Sinais : elementos introdutórios /
Fernando Henrique Fogaça Carneiro. -- 1. ed. -- Porto Alegre :
UFRGS, 2017.
58 p. : il.
ISBN 978-85-9489-083-2
1. ESCRITA DA LÍNGUA DE SINAIS. I. Título.
CDU 81’221.24
CDD 419
Este trabalho está licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0
Internacional. Para ver uma cópia desta licença, visite http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/.
Apresentação
A presente obra é fruto de um projeto de extensão financiado pelo povo brasileiro por
meio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. As informações aqui apresentadas são
baseadas nos estudos de Valerie Sutton e o sistema SignWriting desenvolvido pela autora,
principalmente da sua obra “Lessons in SignWriting”, considerada um cânone do código.
Também foram levados em consideração os estudos de linguistas como William Stokoe e Lucinda
Ferreira-Brito, bem como a emblemática obra sobre SignWriting no Brasil de Madson Barreto e
Raquel Barreto.
A partir deste material, espero que a Escrita da Língua de Sinais seja difundida e
compreendida, em especial nas escolas de surdos, oferecendo a possibilidade de alfabetização
em LIBRAS para estes alunos bilíngues. Dessa forma, creio que outras possibilidades possam
surgir a partir do entendimento de que o surdo também tem uma forma de registrar suas ideias
em um papel, contribuindo para seu processo de alfabetização e letramento, tanto em LIBRAS
como em língua portuguesa.
Por fim, cabe ressaltar que esse trabalho só foi possível com o apoio da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul e seus diferentes órgãos, com a concordância da Pró-Reitoria de
Extensão, bem como a cedência de minhas horas de trabalho pela Pró-Reitoria de Gestão de
Pessoas e o Núcleo de Inclusão e Acessibilidade, atualmente o local de exercício dos Tradutores
e Intérpretes de Língua de Sinais, cargo que exerço nesta mesma instituição. Além disso, também
agradeço ao Instituto de Letras, unidade em que estou lotado, pelo aceite dado à realização da
ação de extensão “Escrita da Língua de Sinais”. A todos esses, meu muito obrigado.
Fernando Henrique Fogaça Carneiro
Lista de Figuras
Figura 1 – DanceWriting ................................................................................................................ 10
Figura 2 – Primeiros sinais em SignWriting ................................................................................... 10
Figura 3 – Configurações de Mão da LSCB (dividida em duas páginas) ........................................ 13
Figura 4 – Segunda-feira, terça-feira e quarta-feira: diferentes CM ............................................ 17
Figura 5 – Números em ASL .......................................................................................................... 18
Figura 6 – Cavalo e coelho: diferentes OM ................................................................................... 25
Figura 7 – Planos anatômicos: Coronal, Sagital e Transversal, respectivamente. ........................ 26
Figura 8 – Orientação da Mão (Plano da Parede) ......................................................................... 26
Figura 9 – Orientação da Mão (Plano do Chão) ............................................................................ 27
Figura 10 – Dedos voltados para o centro do corpo ..................................................................... 27
Figura 11 – Grafias corretas e incorretas em relação ao posicionamento das mãos ................... 33
Figura 12 – Perguntar e pesquisar: diferentes movimentos ........................................................ 35
Figura 13 – Possíveis movimentos do sinal de “apoiar” ............................................................... 36
Figura 14 – Exceções à regra do centro do sinal ........................................................................... 36
Figura 15 – Um dos planos diagonais ........................................................................................... 40
Figura 16 – Sábado e aprender: diferentes locações .................................................................... 45
Figura 17 – Articulações da mão ................................................................................................... 47
Figura 18 – Sinais com movimentos dos dedos ............................................................................ 48
Lista de Quadros
Quadro 1 – Categorias do Parâmetro Movimento da LSCB (dividido em duas páginas) ............. 14
Quadro 2 – Pontos de Articulação da LSCB ................................................................................... 15
Quadro 3 – Relação entre a LS e a ELS .......................................................................................... 16
Quadro 4 – Sinais com contato “encostar” ................................................................................... 29
Quadro 5 – Sinais que não exigem o símbolo do contato “encostar” .......................................... 30
Quadro 6 – Sinais com o contato “escovar” ................................................................................. 30
Quadro 7 – Sinais com contato “esfregar” .................................................................................... 31
Quadro 8 – Sinais com o contato “bater” ..................................................................................... 31
Quadro 9 – Sinais com o contato “pegar” ..................................................................................... 31
Quadro 10 – Sinais com contato “intercalar” ............................................................................... 32
Quadro 11 – Símbolos de superfície ............................................................................................. 32
Quadro 12 – Movimentos retilíneos com setas simples ............................................................... 37
Quadro 13 – Movimentos curvos com setas simples ................................................................... 37
Quadro 14 – Sinais com setas simples .......................................................................................... 38
Quadro 15 – Movimentos retilíneos com setas duplas ................................................................38
Quadro 16 – Movimentos curvos com setas duplas ..................................................................... 39
Quadro 17 – Sinais com setas duplas ............................................................................................ 39
Quadro 18 – Sinais com movimentos nos planos diagonais ......................................................... 41
Quadro 19 – Sinais envolvendo movimentos laterais................................................................... 41
Quadro 20 – Sinais envolvendo movimentos de pulso ................................................................. 42
Quadro 21 – Movimento do antebraço ........................................................................................ 42
Quadro 22 – Símbolos de movimentos circulares da mão e do pulso .......................................... 43
Quadro 23 – Sinais que precisam de símbolos de locação ........................................................... 46
Quadro 24 – Sinais com símbolos de dinâmica ............................................................................. 49
Sumário
1 HISTÓRIA ................................................................................................................... 9
2 RELAÇÃO ENTRE A LIBRAS E A ELS ............................................................................. 13
3 CONFIGURAÇÕES DE MÃO (CM) ............................................................................... 17
3.1 Indicador ........................................................................................................................... 18
3.2 Indicador e médio ............................................................................................................. 19
3.3 Indicador, Médio e Polegar ............................................................................................... 19
3.4 Quatro dedos..................................................................................................................... 20
3.5 Cinco dedos ....................................................................................................................... 20
3.6 Mínimo e Polegar .............................................................................................................. 21
3.7 Anelar e Polegar ................................................................................................................ 22
3.8 Médio e Polegar ................................................................................................................ 23
3.9 Indicador e Polegar ........................................................................................................... 23
3.10 Polegar ............................................................................................................................... 24
4 ORIENTAÇÃO DA MÃO (OM) .................................................................................... 25
5 TIPOS DE CONTATO .................................................................................................. 29
6 MOVIMENTO DA MÃO, DO PULSO E DO ANTEBRAÇO ............................................... 35
6.1 Setas simples: plano transversal ....................................................................................... 36
6.2 Setas duplas: plano coronal .............................................................................................. 38
6.3 Nem transversal, nem coronal: os planos diagonais ........................................................ 40
6.4 Movimentos para os lados ................................................................................................ 41
6.5 Movimento de pulso ......................................................................................................... 41
6.6 Movimentos do antebraço ................................................................................................ 42
6.7 Movimentos circulares ...................................................................................................... 43
7 LOCAÇÃO (L) ............................................................................................................. 45
8 MOVIMENTO DOS DEDOS ......................................................................................... 47
9 DINÂMICA DO MOVIMENTO ..................................................................................... 49
10 EXPRESSÕES NÃO MANUAIS (ENM) ........................................................................... 51
10.1 Cabeça ............................................................................................................................... 51
10.2 Região dos olhos ................................................................................................................ 52
10.3 Bochechas e respiração ..................................................................................................... 52
10.4 Região da boca .................................................................................................................. 53
10.5 Língua e dentes .................................................................................................................. 54
10.6 Torso .................................................................................................................................. 54
10.7 Pontuação .......................................................................................................................... 55
11 BIBLIOGRAFIA SUGERIDA .......................................................................................... 57
REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 59
Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 9
1 História
Dada a quantidade de pesquisas, cursos, disciplinas e eventos envolvendo assuntos como
a alfabetização e o letramento de crianças, parece ser inegável a importância conferida à
aquisição dos processos de leitura e escrita para o desenvolvimento da linguagem humana. Ao
lançarmos olhar sobre os surdos e os estudos que vêm sendo desenvolvidos nas áreas da
educação e da linguística, nos deparamos com uma problemática sobre esses processos: a
aquisição da língua escrita. Os surdos, sujeitos considerados inerentemente bilíngues (KARNOPP,
2004), cuja língua tem percepção visual e expressão espacial (QUADROS; KARNOPP, 2004),
apresentam, segundo estudos de Quadros e Cruz (2011), processos de aquisição da linguagem
equivalentes, porém diferentes em função da modalidade de sua língua natural, e
consequentemente uma forma diferente de aquisição da linguagem escrita.
Aliadas a essa preocupação em relação ao desenvolvimento da criança surda, também
estão as questões comunicacional e histórica. Stumpf e Wanderley (2016), no trabalho
emblematicamente intitulado “Quem fala português, escreve em português. Quem fala inglês,
escreve em inglês. E os surdos: em que língua escrevem?”, problematizam a ausência de uma
escrita da língua de sinais e pontuam algumas implicações dessa falta. Uma das questões
levantadas pelas autoras é a exigência do encontro presencial ou “ao vivo” para a expressão por
meio da língua de sinais entre dois ou mais interlocutores – exceto nos casos de
videoconferência, tecnologia que circula há poucas décadas na sociedade.
A pesquisadora Marianne Rossi Stumpf, reconhecida por ser a primeira surda a se
interessar pela Escrita da Língua de Sinais (ELS), em sua tese de doutoramento, menciona que,
por conta dessa necessidade dos encontros presenciais, não era possível gerar registros
históricos que fossem capazes de perpetuar narrativas e saberes advindos do povo surdo
(STUMPF,2005). Além disso, afirma que, por a língua de sinais ser a primeira língua do surdo,
matriz de referência para o desenvolvimento da sua linguagem, haveria um “salto” no ensino da
10 Capítulo 1 – História
escrita da sua segunda língua, a língua oral vigente em seu país. Não ocorreria uma transposição
da escrita de língua de sinais para a escrita da língua oral, apenas a ausência dessa primeira.
Preocupados com essas situações, diz Stumpf (2005), muitos sistemas de escrita da língua
de sinais foram criados. A autora cita cinco deles: a notação de Stokoe, a notação de François
Neve, o Hamnosys, o sistema D’Sign e o sistema SignWriting. Além destes, destaca-se o sistema
ELiS, desenvolvido por uma pesquisadora brasileira na Universidade Federal de Santa Catarina
(BARROS, 2008).
Para Stumpf (2005), dentre os sistemas de escrita de língua de sinais, o que mais se
sobressaiu por sua clareza e fidelidade foi o SignWriting. Criado em 1974 pela pesquisadora
norte-americana Valerie Sutton, a pedido do pesquisador Lars Von der Lieth, da Universidade de
Copenhagen (SUTTON, [2007?]), trata-se de uma modificação a partir do sistema que tinha o
objetivo de escrever passos de dança chamado DanceWriting, também criado pela mesma
pesquisadora, ilustrado na Figura 1. A partir desse momento, relata Sutton ([2007?], on-line),
muitas pesquisas ocorreram e provocaram mudanças na forma como o SignWriting havia sido
inicialmente concebido: “[...] basicamente o DanceWriting da cintura para cima, com algumas
mudanças.”1, conforme a Figura 2.
Figura 1 – DanceWriting
Fonte: Sutton ([2007?], on-line).
Figura 2 – Primeiros sinais em SignWriting
Fonte: Sutton ([2007?], on-line).
Com o tempo, novos elementos foram sendo incorporados até que o SignWriting
chegasse ao ponto em que hoje se encontra (SUTTON, [2007?]). Pesquisas aos poucos foram
1 Tradução nossa. No original: “[...] basically DanceWriting from the waist up, with a few differences.”.
Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 11
surgindo e, no Brasil, foi inicialmente explorado pela pesquisadora surda Marianne Stumpf em
sua tese de doutoramento, intitulada “Aprendizagem de escrita de língua de sinais pelo sistema
SignWriting: línguas de sinais no papel e no computador”. Além do trabalho de Stumpf (2005),
também se destaca, no Rio Grande do Sul, a dissertação de Érika Vanessa de Lima Silva (2013),
voltada para a investigação de narrativas de professores de surdos sobre a ELS. A nível nacional,
destaca-se a obra de Barreto e Barreto (ano), a qual foi muito utilizada para a construção deste
material aqui apresentado.
Enfim, vistos o histórico do SignWriting e as pesquisas desenvolvidas até o momento no
país, pode-se entender que se trata de uma ferramenta pouco explorada, muito recente, porém
muito potente. Inspirados por essa potência, muitas práticas envolvendo a ELS foram realizadas
em escolas de surdos, dentre as quais destaco a ocorrida na Escola Especial para Surdos Frei
Pacífico, divulgada no evento local XIV Seminário da Comunicação, em 2017. Segundo os
professores dessa instituição, a ELS é utilizada com crianças desde a educação infantil até o
ensino fundamental final e tem funcionado como importante ferramenta, capaz de permitir a
expressão dos alunos em LIBRAS por outros meios que não o espacial.
Diante desse panorama, vê-se a importância que a ELS parece assumir com o passar dos
anos, relevante o suficiente para figurar nos cursos de Letras-Libras como disciplina obrigatória.
A partir disso, intuo que a ELS tem assumido uma outra posição com o passar dos anos,
“caminhando” das margens do conjunto de saberes constituído pela comunidade surda em
direção ao seu centro; vive em um momento de ruptura, potencialmente importante na sua
história no Brasil.
Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 13
2 Relação entre a LIBRAS e a ELS
Na obra de Quadros e Karnopp (2004), encontramos informações linguísticas da LIBRAS,
inclusive os parâmetros2 fonológicos dessa língua: configuração, locação (ou ponto de
articulação), movimento, orientação e expressões não manuais. Tais parâmetros também são
chamados de “pares mínimos” e equivalem aos fonemas das línguas orais, cujo agrupamento
conforma morfemas (QUADROS; KARNOPP, 2004).
Os primeiros estudos sobre os parâmetros fonológicos publicados no Brasil são
usualmente referenciados à pesquisadora Lucinda Ferreira-Brito (1990, 1995), professora
adjunta da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Em artigo publicado em 1990, a autora
pontua que as configurações de mão presentes na então Língua de Sinais dos Centros Urbanos
Brasileiros (LSCB) são as seguintes:
Figura 3 – Configurações de Mão da LSCB (dividida em duas páginas)
2 Conforme Battison (1978), baseado em uma conversa com a pesquisadora Ursula Bellugi, passou-se a utilizar o
termo “parâmetros” (no original, primes) para evitar eventuais confusões com “fonema” – usualmente vinculado
às línguas orais. Já antes disso, evitou-se o uso do termo “quiremas”, inicialmente utilizado por William Stokoe
(1960), por não ser considerado um termo politicamente interessante para expressar a equivalência das línguas
de sinais em relação às línguas orais, importante pauta da época.
14 Capítulo 2 – Relação entre a LIBRAS e a ELS
Fonte: Ferreira Brito (1990, p. 24), construídos a partir da obra de Klima e Bellugi (1979).
Já o movimento, foi classificado em diferentes categorias. No mesmo documento,
constam os seguintes pontos:
Quadro 1 – Categorias do Parâmetro Movimento da LSCB (dividido em duas páginas)
TIPO
Contorno ou Forma Geométrica
– retilíneo
– helicoidal
– circular
– semicircular
– sinuoso
– angular
– pontual
Interação
– alternado
– de aproximação
– de separação
– de inserção
– cruzado
Contato
– de ligação
– de agarrar
– de deslizamento
– de toque (início, final, duplo)
– de esfregar
– de riscar
– de escovar ou pincelar
Torcedura do Pulso
– rotação (p/dir. e p/esq.)
– com refreamento (p/direita ou
p/esquerda)
Dobramento do pulso
DIRECIONALIDADE
Direcional
– unidirecional:
(para cima)
(para baixo)
(para direita)
(para esquerda)
(para dentro)
(para fora)
(para o centro)
(para lateral inferior esquerda)
(para lateral inferior direita)
(para lateral superior esquerda)
(para lateral superior direita)
(para específico ponto referencial)
– bidirecional:
(p/cima e baixo)
(p/esqueda e direita) [sic]
(p/dentro e fora)
(p/laterais opostas superior
direita e inferior esquerda)
– multidirecional
Não-Direcional
MANEIRA
Qualidade, Tensão e Velocidade
– contínuo
– de retenção
– refreado
FREQÜÊNCIA [sic]
Repetição
– simples
– repetido
Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 15
– para cima ('supinate')
– para baixo ('pronate')
Interno das Mãos
– abertura simultânea/gradativa
– fechamento simult./gradativo
– curvamento simult./alternado
– dobramento simult./alternado
Fonte: Ferreira Brito (1990, p. 33), adaptado para fins de diagramação.
De acordo com esse mesmo documento, também foram mapeadas as locações da LSCB,
expostas em um quadro, apresentado a seguir:
Quadro 2 – Pontos de Articulação da LSCB
Espaço Neutro
Cabeça
Rosto Inteiro
Topo da cabeça
Parte superior do rosto
Testa
Lado (esquerdo e/ou direito)
da testa
Olhos
Lado (esquerdo e/ou direito)
do olho
Nariz
Centro
Embaixo
Lado direito e/ou esquerdo
Parte inferiordo rosto
Queixo
Boca
Sob o queixo
Face
Centro
Lado
Orelha
Pescoço
Centro
Lado esquerdo e/ou direito
Torso
Busto (Lado esquerdo,
direito ou centro)
Estômago
Cintura
Ombro
Braço
Parte superior do braço
Cotovelo
Parte interna do antebraço
Parte externa do antebraço
Parte interna do pulso
Parte externa do pulso
Mão
Costas
Palma
Lateral
Fonte: Ferreira Brito (1990, p. 40), adaptado para fins de diagramação.
Esses foram os três parâmetros abordados por Ferreira Brito (1990), possivelmente em
decorrência do trabalho de Stokoe (2010), o qual descreveu apenas esses três “quiremas”.
Pesquisas posteriores ao do pesquisador estadunidense acabaram incluindo novos parâmetros à
esse conjunto: a orientação da mão e as expressões não manuais. Sobre esse primeiro, destaca-
se a obra de Battison (1974), a qual já propõe a incorporação de ambas, orientação e expressões
não manuais, no mote. Contudo, esta última foi mais explorada por Baker-Shenk (1983) em sua
tese, sendo uma das autoras mais reconhecidas por suas contribuições nessa área.
No decorrer desta apostila, ver-se-á que a ELS contempla todos esses parâmetros e outros
elementos que possivelmente foram sendo incorporados à língua com o passar do tempo,
mostrando de forma clara cada um deles por meio de símbolos específicos. Mesmo contendo
16 Capítulo 2 – Relação entre a LIBRAS e a ELS
todos os parâmetros das línguas de sinais, o sistema SignWriting apresenta uma organização
ligeiramente diferenciada, com um pouco mais de detalhamento em relação a cada parâmetro,
quais sejam: configuração de mão, orientação de mão, tipo de contato, locação, movimento da
mão, movimento dos dedos, dinâmica do movimento, pontuação e expressões não manuais. Esta
organização está exposta no Quadro 3 em forma de esquema.
Quadro 3 – Relação entre a LS e a ELS
Língua de Sinais Escrita da Língua de Sinais
Configuração de Mão Configuração de Mão
Movimento Dinâmica do Movimento
Movimento da Mão
Movimento do Antebraço
Movimento do Pulso
Movimento dos Dedos
Tipo de Contato
Locação (ou Ponto de Articulação) Articulação na cabeça
Articulação no corpo
Articulação no espaço neutro
Articulação nos braços
Orientação da Mão Mãos paralelas ao plano coronal
Mãos paralelas ao plano transversal
Expressões Não Manuais Movimento da Bochecha
Movimento da Cabeça
Movimento da Cintura
Movimento da Língua
Movimento da Testa
Movimento das Sobrancelhas
Movimento do Nariz
Movimento do Queixo
Movimento dos Cílios e das Pálpebras
Movimento dos Lábios
Movimento dos Ombros
Olhar
Outras Expressões Corporais
Pontuação
Respiração
Fonte: Elaborado pelo autor.
A apostila está dividida em capítulos, cada um apresentando um desses agrupamentos do
SignWriting. Breves discussões sobre cada um desses conjuntos serão feitas a cada seção.
Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 17
3 Configurações de Mão (CM)
Tanto Stokoe (2010) quanto Quadros e Karnopp (2004), obras de referência na área da
linguística da língua de sinais e da LIBRAS, respectivamente, não apresentam uma definição clara
do conceito de Configuração de Mão (CM). Contudo, é usual encararmos esse parâmetro como
o formato que as mãos e os dedos assumem na composição de um morfema em língua de sinais.
Utilizando estratégia análoga à de Quadros e Karnopp (2004), apresento a seguir um exemplo de
sinais que possuem todos os parâmetros idênticos, exceto a CM, a fim de ilustrar tal “quirema”.
Figura 4 – Segunda-feira, terça-feira e quarta-feira: diferentes CM
Fonte: Dicionário Gaúcho da Língua de Sinais (FUNDAÇÃO..., 2010, p. 79; 87; 94), adaptado.
Conforme Kyle e Woll (2000), a CM varia para cada LS e pode ser adaptada de acordo com
os sinais utilizados pela língua local. Por exemplo, na língua de sinais japonesa são mais
frequentemente utilizadas configurações de mão que não são usuais na LIBRAS, por isso na lista
de CM da língua de sinais japonesa podem constar algumas que não estão presentes na LIBRAS
e, consequentemente, não são usualmente vistas na ELS. Caso uma nova configuração de mão
18 Capítulo 3 – Configuração de Mão (CM)
seja introduzida, um novo símbolo deve também ser implantado na ELS para atender à mudança.
Assim, a ELS é adaptável e está em constante mudança, assim como a LS ou qualquer outra língua.
Segundo o sistema SignWriting, as configurações de mão estão divididas em 10 grupos,
cada um representado pela CM dos números de 1 até 10 da American Sign Language (ASL),
apresentados na Figura 5. A imensa quantidade de CM já registradas no SignWriting deve-se ao
vasto número de CM utilizadas nas diferentes línguas de sinais, ou mesmo as que podem vir a
ser utilizadas, mostrando uma “base” que pode servir para a elaboração de novas CM.
Figura 5 – Números em ASL3
Fonte: Sítio eletrônico “American Sign Language” (AMERICAN..., 2017, on-line).
Veja a tabela com as CM registradas no portal SignPuddle (SUTTON, 2017) e apresente
um exemplo de sinal que possui a configuração correspondente. Note que algumas dessas CM
que são ditas alofônicas, ou seja, são CMs tão próximas que são consideradas como se fossem
iguais, de forma que a utilização de uma ou outra não altera o significado do sinal (BARRETO;
BARRETO, 2010).
Para essa atividade, desconsidere outros parâmetros, como a orientação da mão, focando
apenas nas configurações de mão apresentadas. Note que algumas células estão em cinza: estas
são as presentes no software brasileiro SW-Edit (TORCHELSEN; COSTA, 2002). Cabe destacar que
todas as imagens são padronizadas e se encontram à disposição no portal SignPuddle (SUTTON,
2017).
3.1 Indicador
CM Sinal CM Sinal CM Sinal
3 O número 0 não constitui um grupo de CM do SignWriting.
Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 19
3.2 Indicador e médio
CM Sinal CM Sinal CM Sinal
3.3 Indicador, Médio e Polegar
CM Sinal CM Sinal CM Sinal
20 Capítulo 3 – Configuração de Mão (CM)
3.4 Quatro dedos
CM Sinal CM Sinal CM Sinal
3.5 Cinco dedos
CM Sinal CM Sinal CM Sinal
Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 21
3.6 Mínimo e Polegar
CM Sinal CM Sinal CM Sinal
22 Capítulo 3 – Configuração de Mão (CM)
3.7 Anelar e Polegar
CM Sinal CM Sinal CM Sinal
Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 23
3.8 Médio e Polegar
CM Sinal CM Sinal CM Sinal3.9 Indicador e Polegar
CM Sinal CM Sinal CM Sinal
24 Capítulo 3 – Configuração de Mão (CM)
3.10 Polegar
CM Sinal CM Sinal CM Sinal
Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 25
4 Orientação da Mão (OM)
Novamente, não há uma descrição específica sobre o significado de OM, mas entende-se
como o lado para o qual a palma da mão está direcionada. Da mesma forma que no capítulo
anterior, vejamos exemplos de sinais que se diferenciam somente pela OM.
Figura 6 – Cavalo e coelho: diferentes OM
Fonte: Dicionário Gaúcho da Língua de Sinais (FUNDAÇÃO..., 2010, p. 20-21), adaptado.
Na ELS, a OM pode ser transcrita de diferentes perspectivas. Sutton (2014) menciona
duas: a receptiva e a expressiva. A receptiva é escrita em relação ao que se enxerga de outras
pessoas sinalizando, ou seja, vinculada à sinalização do outro. Já a expressiva é escrita em relação
à própria sinalização, isto é, o que eu vejo enquanto sinalizo. Convencionou-se a utilização da
perspectiva expressiva, sendo possível a utilização da perspectiva receptiva em alguns casos –
por exemplo, na transcrição de um vídeo sinalizado por outra pessoa.
A questão da perspectiva faz-se importante quando tratamos da OM, pois a criadora do
SignWriting baseou-se nos planos anatômicos do corpo humano, quais sejam, plano sagital (ou
mediano), plano coronal (ou frontal) e plano transversal (ou horizontal). Tais espaços são
mostrados na Figura 7, a seguir.
26 Capítulo 4 – Orientação da Mão (OM)
Figura 7 – Planos anatômicos: Coronal, Sagital e Transversal, respectivamente.
Fonte: Portal what-when-how (ORGANIZATION..., 2012, on-line).
As OMs, no SignWriting, são separadas em dois grupos, referentes a diferentes planos: o
plano do chão e o plano da parede (SUTTON, 2014). Em qualquer um dos casos, a palma da mão
é escrita em branco (ou transparente), enquanto o dorso da mão é escrito em preto. Para os
lados da mão, preenche-se parcialmente a CM, conforme imagem a seguir.
Figura 8 – Orientação da Mão (Plano da Parede)
Fonte: Sutton (2014, p. 14-15), adaptado.
Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 27
A Figura 8 mostra CMs e OMs referentes ao plano da parede, ou seja, paralelo ao plano
coronal. Note que, por estarmos utilizando a perspectiva expressiva, sempre escreveremos em
relação ao sinalizante, olhando de trás para frente. No caso de adoção da perspectiva receptiva,
deve-se inverter essa ordem, observando de frente para trás.
Quando se trabalha com o plano do chão, ou seja, aquele paralelo ao plano transversal,
deixa-se um espaço na articulação proximal da mão. Veja a Figura 9:
Figura 9 – Orientação da Mão (Plano do Chão)
Fonte: Sutton (2014, p. 31), adaptado.
Nesse caso, a visão é sempre vista de cima para baixo, independente do tipo de
perspectiva (receptiva ou expressiva), no qual os dedos são desenhados de acordo com o que
está sendo visto. Muitas vezes, quando os dedos estão para frente ou para trás, podem existir
dúvidas sobre a grafia destes. Para evitar tais ambiguidades, convencionou-se que os dedos
devem sempre ser escritos voltados para o plano sagital do corpo, caso ilustrado na Figura 10.
Figura 10 – Dedos voltados para o centro do corpo
Fonte: Sutton (2014, p. 44).
Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 29
5 Tipos de Contato
Os tipos de contato podem ser considerados como dentro do parâmetro “Movimento”
da LS. Contudo, são parte importante da ELS por mostrar como o contato deve ser feito entre as
partes do corpo (mãos, dedos, peito etc.) durante a execução de um sinal. Na ELS, como mostra
Sutton (2014), temos seis tipos de contato:
a) Encostar ( )
b) Escovar ( )
c) Esfregar ( )
d) Bater ( )
e) Pegar ( )
f) Intercalar ( )
O contato “encostar” é escrito com um asterisco. Nesse contato, há um toque gentil entre
as partes do corpo envolvidas. Dois símbolos de “encostar” significam a realização desse contato
repetidamente, intercalando entre aproximação e afastamento. Em geral, todos os tipos de
contato podem ser repetidos, colocando até dois símbolos no sinal escrito, significando a
repetição da ação. Exemplos de sinais com tipo de contato “encostar”:
Quadro 4 – Sinais com contato “encostar”
Casa Combinar Contato
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos símbolos padrão.
30 Capítulo 5 – Tipo de Contato
Uma questão importante do contato “encostar”, mencionado por Sutton (2014), é que
em alguns casos não é necessária a sua colocação no sinal. Exemplos disso são os sinais de
“Celular/Telefone”, “Descobrir/Encontrar” e “Desculpa”, que podem ser escritos da maneira
exposta a seguir4:
Quadro 5 – Sinais que não exigem o símbolo do contato “encostar”
Celular/Telefone Descobrir/Encontrar Desculpa
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos símbolos padrão.
O contato “escovar” é escrito com um círculo com um ponto preto no centro. Nesse
contato, temos um toque de esfregar que sai da superfície de contato logo em seguida. Exemplos
de sinais com tipo de contato “escovar”:
Quadro 6 – Sinais com o contato “escovar”
Perguntar Escrever Caderno
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos símbolos padrão.
O contato “esfregar” é escrito como um espiral. Nesse contato, temos um toque de
esfregar que não sai da superfície. Caso não haja setas que mostrem o movimento da mão, o
contato “esfregar” deve ser feito em círculos. Exemplos de sinais com o contato “esfregar”:
4 Importante destacar que a ELS permite muitas formas de escrita de um mesmo sinal, por isso as grafias expostas
no Quadro 5 não podem nem devem ser consideradas “as corretas”. Em qualquer caso, pode-se colocar o
símbolo de contato “encostar”, mesmo que não pareça ser algo obrigatório.
Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 31
Quadro 7 – Sinais com contato “esfregar”
Prazer Pesquisar Falso
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos símbolos padrão.
O contato “bater” é escrito com traços horizontais e verticais, formando um ‘jogo da
velha’. Nesse contato temos um impacto forte com a superfície. Exemplos de sinais com o
contato “bater”:
Quadro 8 – Sinais com o contato “bater”
Pagar Soco Susto
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos símbolos padrão.
O contato “pegar” é escrito com um sinal positivo. Nesse contato a mão literalmente pega
a outra mão, a roupa ou outra parte do corpo. Exemplos de sinais com o contato “pegar”:
Quadro 9 – Sinais com o contato “pegar”
Carne Maravilha Presencial
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos símbolos padrão.
O contato “intercalar” é representado por duas barras verticais, englobando algum outro
tipo de contato – mais comumente o de “encostar”. Nesse contato uma parte do corpo atravessa
a outra, geralmente entre os dedos. Exemplos de sinais com o contato “intercalar”:
32 Capítulo 5 – Tipo de Contato
Quadro 10 – Sinais com contato “intercalar”
Bilinguismo Intervalo Voltar
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos símbolos padrão.
Há também alguns símbolos complementares que podem ser muitoúteis na expressão
clara de onde o contato, caso haja, deve acontecer. São os símbolos de superfície, e eles mostram
em qual posição, seja no plano coronal ou no transversal, deve ocorrer o contato.
Quadro 11 – Símbolos de superfície
Símbolo(s) Significado Símbolo(s) Significado
Sobre a superfície
(Plano transversal)
Sob a superfície
(Plano transversal)
No lado esquerdo da
superfície
(Plano transversal)
No lado direito da
superfície
(Plano transversal)
A frente da superfície
(Plano coronal)
Atrás da superfície
(Plano coronal)
No lado esquerdo da
superfície (Plano
coronal)
No lado direito da
superfície (Plano
coronal)
Entre duas
superfícies
horizontais (Plano
transversal)
Entre duas
superfícies verticais
(Plano transversal)
Entre duas
superfícies
horizontais (Plano
coronal)
Entre duas
superfícies verticais
(Plano coronal)
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos símbolos padrão.
Por fim, vale ressaltar que não há uma posição considerada correta para colocar os
símbolos de contato, eles apenas devem figurar próximos ao local onde ocorrem, tanto quanto
possível. Contudo, Sutton (2014) afirma que há uma posição correta de posicionar as mãos que
apresentam contato: próximas umas das outras. Segundo a autora, isso facilita o entendimento
Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 33
do sinal grafado. A seguir, apresento uma tabela com sinais em ASL grafados corretamente, junto
de seus correspondentes incorretos, respectivamente.
Figura 11 – Grafias corretas e incorretas em relação ao posicionamento das mãos
Fonte: Sutton (2014, p. 195).
Independente dos significados dos sinais, podemos analisar cada um deles, verificando os
motivos pelos quais são considerados (in)corretos. No primeiro sinal, seu correspondente está
incorreto porque as CMs estão afastadas, quando deveriam estar próximas. Lembrando da regra
de ouro: quando há contato, as CMs devem sempre estar próximas.
No segundo sinal, vê-se situação semelhante, e também que houve a supressão do
símbolo de contato “encostar” na grafia considerada correta. Isso porque, dada a proximidade
das CMs, não foi necessário expressar que ambas deveriam se encostar. Contudo, não seria
considerado errado de o símbolo estivesse presente, desde que posicionado em outro lugar
próximo, sem ser entre as CMs.
34 Capítulo 5 – Tipo de Contato
Outros casos semelhantes ocorrem nas demais linhas, mostrando que, mesmo em casos
nos quais há mais de um tipo de movimento (terceira e quinta linhas), deve-se respeitar a regra
de ouro.
Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 35
6 Movimento da mão, do pulso e do antebraço
Assim como o próprio nome diz, movimento se refere à movimentação o sinal no espaço.
A seguir, vemos alguns sinais com parâmetros iguais, exceto pelo movimento.
Figura 12 – Perguntar e pesquisar: diferentes movimentos
Fonte: Dicionário Gaúcho da Língua de Sinais (FUNDAÇÃO..., 2010, p. 74), adaptado.
A maioria dos sinais apresenta movimentação das mãos ou antebraços. Na ELS, esses
movimentos são mostrados por meio de setas. Estas setas percorrem todos os planos possíveis:
paralelo ao plano coronal, paralelo ao plano sagital etc. Antes de vermos as diferentes setas
existentes, cabe citar a importância do que Sutton (2014) chama de centro do sinal.
Para a autora (SUTTON, 2014), todo sinal possui um centro. No caso de contato entre as
mãos ou o corpo, o centro se encontra nesse contato; no caso de sinais no espaço neutro, fica
no centro da mão (caso o sinal seja feito com apenas uma mãos) ou entre as mãos (caso sejam
utilizadas ambas as mãos). As setas de movimento, salvo raras exceções, começam (ou
terminam) apontadas para o centro do sinal. Vejamos um exemplo do sinal de “apoiar” as
possíveis posições de um movimento das mãos.
36 Capítulo 6 – Movimento da mão, do pulso e do antebraço
Figura 13 – Possíveis movimentos do sinal de “apoiar”
Fonte: Sutton (2014, p. 199), adaptado.
As mencionadas exceções englobam sinais nos quais a seta posicionada no mesmo
esquema da Figura 12 atrapalharia a compreensão do sinal, pois ficaria por cima de algum outro
símbolo. Alguns exemplos seriam os sinais de “Bom” e “Pedir”, retratados na Figura 13.
Figura 14 – Exceções à regra do centro do sinal
Bom Pedir
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos símbolos padrão.
Vemos que as setas não estão nem começando e nem terminando no centro do sinal, que
seria o local do contato. Contudo, isso não seria possível, porque as setas ficariam sobre o
símbolo da cabeça, e isso causaria ambiguidades no entendimento. Essas exceções ocorrem
geralmente quando utilizamos as setas simples, com apenas um traço, as quais significam
movimentos paralelos ao plano transversal (plano do chão).
6.1 Setas simples: plano transversal
Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 37
Os movimentos paralelos ao plano transversal podem ser retilíneos ou curvos, fazendo
trajetos específicos, aproximando-se ou afastando-se do corpo. No caso de movimentos
retilíneos, basta utilizarmos setas simples, sem a necessidade de indicar se estamos ou não nos
aproximando/distanciando do corpo. A presença de três setas, iguais ou alternadas, representa
um movimento repetitivo.
Quadro 12 – Movimentos retilíneos com setas simples
Símbolo(s) Significado Símbolo(s) Significado
Movimento único,
para frente ou para
trás, com diferentes
intensidades
Movimentos
repetitivos
alternados, para
frente e para trás
Movimento em cruz
paralelo ao plano
transversal
Diferentes
movimentos (em “n”,
zigue-zague,
quadrado...)
Movimentos
repetitivos, para
frente ou para trás
Movimentos pra
frente com
movimentação do
braço ou tremendo
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos símbolos padrão.
As setas apresentadas estão todas preenchidas de preto. Nesse caso, representam a
movimentação da mão direita. Caso estivessem vazias ou pintadas de branco, representariam os
movimentos da mão esquerda. Se estivessem abertas, envolveriam ambas as mãos. Essa regra
vale para todos os tipos de movimento: branco para a mão esquerda, preto para a mão direita,
vazio para ambas as mãos (em contato).
Os movimentos curvos são um pouco mais elaborados no caso das movimentações
paralelas ao plano transversal, pois precisam indicar se está se aproximando ou se distanciando
do corpo. Sempre que a movimentação for em direção ao corpo, o risco será mais grosso. O
contrário vale para o distanciamento do corpo, no qual as setas vão ficando mais finas.
Quadro 13 – Movimentos curvos com setas simples
Símbolo(s) Significado Símbolo(s) Significado
38 Capítulo 6 – Movimento da mão, do pulso e do antebraço
Movimento curvo em
formato de parábola,
afastando-se ou
aproximando-se do
corpo
Movimentos curvos
paralelos ao plano
transversal
Movimento curvo
“quicando”,
afastando-se ou
aproximando-se do
corpo
Movimento curvo
sob ou sobre o braço,
afastando-se ou
aproximando-se
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos símbolos padrão.
Vejamos exemplos de sinais que utilizam setas simples em sua composição.
Quadro 14 – Sinais com setas simples
Sinal Significado Sinal Significado
Antes
Forte (intensidade)
Oceania
Quem?
Ajudar (a você)
Ir (deslocamento)
Fonte:Elaborado pelo autor a partir dos símbolos padrão.
6.2 Setas duplas: plano coronal
As setas duplas mostram movimentos paralelos ao plano coronal (plano da parede), ou
seja, para cima e para baixo. Vejamos algumas delas.
Quadro 15 – Movimentos retilíneos com setas duplas
Símbolo(s) Significado Símbolo(s) Significado
Movimento único,
para cima ou para
Movimentos
repetitivos
Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 39
baixo, com diferentes
intensidades
alternados, para
frente e para trás
Movimentos
repetitivos, para
frente ou para trás
Diferentes
movimentos (em “n”,
zigue-zague,
quadrado...)
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos símbolos padrão.
Vejamos alguns movimentos curvos com setas duplas.
Quadro 16 – Movimentos curvos com setas duplas
Símbolo(s) Significado Símbolo(s) Significado
Movimento curvo em
formatos circulares
Diferentes formatos
curvos
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos símbolos padrão.
Assim como nos movimentos com seta simples, podem ser utilizadas setas pretas, brancas
ou vazias, cujo significado é análogo. Vejamos alguns exemplos de sinais com esses diferentes
tipos de setas.
Quadro 17 – Sinais com setas duplas
Sinal Significado Sinal Significado
Abelha
Aluno / Criança
Campeonato
Marcar (com um X)
Paz
Português (língua)
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos símbolos padrão.
40 Capítulo 6 – Movimento da mão, do pulso e do antebraço
Perceba que, assim como na LS é indiferente qual mão é a ativa e qual é a passiva (seja
esquerda, seja direita), na ELS também há essa não distinção. Sendo assim, é possível encontrar
diferentes escritas para um mesmo sinal. Muitos dos sinais registrados nesse documento estão
baseados na sinalização de canhotos em função de essa ser minha mão dominante, contudo não
há problema algum em realizar uma escrita destra, desde que sejam respeitadas as regras
apresentadas até o momento, principalmente a da cor das setas.
6.3 Nem transversal, nem coronal: os planos diagonais
Às vezes, precisamos realizar movimentos para frente e para cima, ou para frente e para
baixo etc. Para isso, existem as setas situadas no plano diagonal, e consistem em setas duplas
com uma marcação em seu interior, quais sejam, um círculo preto para indicar movimentos para
trás e para baixo; um traço para indicar movimentos para frente e para cima; uma área pintada
próxima à cabeça da seta para indicar movimentos para trás e para cima; uma área pintada
próxima ao início da seta para indicar movimentos para frente a para baixo. Vejamos uma
ilustração dos dois primeiros tipos de situação.
Figura 15 – Um dos planos diagonais
Fonte: Sutton (2014, p. 126).
Os outros casos citados anteriormente estão em outro plano diagonal. Ao contrário do
exposto na Figura 14, este começa de cima e vai até o chão. Vale lembrar que, em todos os casos,
segue a convenção sobre as cabeças das setas: preta para mão direita, branca para mão esquerda
e traçada para ambas as mãos. Abaixo estão exemplos de sinais utilizando esse tipo de
movimento.
Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 41
Quadro 18 – Sinais com movimentos nos planos diagonais
Sinal Significado Sinal Significado
Avião
(Deus) Abençoar-me
(Deus) Abençoar-te
Assembleia
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos símbolos padrão.
6.4 Movimentos para os lados
Ambas as setas podem se movimentar para os lados (esquerda e direita). Por isso, é
importante destacar que esses movimentos laterais podem ser escritos com qualquer uma das
setas, simples ou duplas. Vejamos alguns exemplos, todos corretos:
Quadro 19 – Sinais envolvendo movimentos laterais
Sinal Significado Sinal Significado
Até Menor
Reais (dinheiro)
Tentação
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos símbolos padrão.
6.5 Movimento de pulso
Estipulados os movimentos paralelos aos planos do chão (transversal) e da parede
(coronal) realizados pela mão, podemos utilizar a mesma lógica para representar os movimentos
42 Capítulo 6 – Movimento da mão, do pulso e do antebraço
feitos por outras articulações do corpo humano. Uma delas é o pulso, o qual pode se movimentar
para frente (flexão), para trás (extensão), lateralmente para dentro (desvio radial) e lateralmente
para fora (desvio ulnar). Nesse caso, adicionamos uma barra simples antes das setas de
movimentos. Veja exemplos:
Quadro 20 – Sinais envolvendo movimentos de pulso
Sinal Significado Sinal Significado
Cinema
É
Não
Sim
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos símbolos padrão.
As regras apresentadas até o momento se aplicam ao movimento de pulso: cor das setas,
arbitrariedade quando ao uso de setas simples ou duplas para movimentos laterais etc.
Lembrando que alguns desses movimentos podem parecer provenientes do antebraço, o qual
naturalmente se mexe junto no momento da execução do movimento. Entretanto, atentemos
para o fato de que os movimentos em geral não são puramente de uma articulação ou outra,
mas atrelados a um conjunto de elementos que, propositalmente ou não, funcionam em
sincronia para a execução do movimento. Nosso objetivo, aqui, é identificar a articulação
predominante no movimento, registrando de forma e ser o mais claro e intuitivo para a leitura.
6.6 Movimentos do antebraço
Os movimentos com o antebraço são representados por barras próximas às CMs. Eles
podem ocorrer paralelos ao plano transversal ou ao coronal. Para tal, aplicam-se as mesmas
regras: linha simples para antebraços paralelos ao plano do chão; linha dupla para antebraços
paralelos ao plano da parede. É possível, ainda, realizar movimentos de mão e de antebraço
simultaneamente, juntando-se ambos os símbolos de movimento. Veja exemplos de cada caso:
Quadro 21 – Movimento do antebraço
Sinal Significado Sinal Significado
Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 43
Árvore
Converter / Transpor
Bilinguismo
Educação Física
Língua
Mar
Promoção
Prova (exame)
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos símbolos padrão.
6.7 Movimentos circulares
Existem quatro tipos básicos de movimentos circulares: movimentos da mão referente ao
plano coronal ou ao plano transversal; movimento do pulso referente ao plano transversal ou ao
plano sagital. Cada um possui símbolos próprios, apresentados a seguir.
Quadro 22 – Símbolos de movimentos circulares da mão e do pulso
Símbolo(s) Significado Símbolo(s) Significado
Movimento circular
da mão, referente ao
plano coronal
Movimento circular
do pulso, referente
ao plano sagital
Movimento circular
da mão, referente ao
plano transversal
Movimento circular
do pulso, referente
ao plano coronal
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos símbolos padrão.
Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 45
7 Locação (L)
A locação, ou ponto de articulação, faz menção ao local onde o sinal é realizado. Vejamos
exemplos de sinais com mesmos parâmetros, mas somente com locação diferente.
Figura 16 – Sábado e aprender: diferentes locações
Fonte: Dicionário Gaúcho da Língua de Sinais (FUNDAÇÃO..., 2010, p. 11; 86), adaptado.
Por padrão, o sinal ocorre no “espaço neutro”, logo a frente do torso do sinalizador,
sempre acima da cintura.Em alguns casos o sinal é realizado em outras partes do corpo, como
rosto, braços, peito, pescoço etc. Nesses casos, é preciso indicar esses locais com símbolos
próprios. O SignWriting possui agrupamentos com as Locações, que serão apresentadas a seguir,
juntamente com as Expressões não manuais vinculadas a estas, apresentadas no capítulo 10. São
eles:
Símbolo(s) Significado Símbolo(s) Significado
Cabeça
Pontos da cabeça
46 Capítulo 7 – Locação (L)
Cabelo
Pescoço
Sobrancelha
Testa
Orelhas
Nariz
Boca
Atrás da cabeça
Cabeça (visão de
cima com ombros)
Cabeça (visão de cima
com nariz)
Braços
Ombros/Peito/Cintura
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos símbolos padrão.
Vejamos alguns exemplos de sinais que precisam dessa identificação de locação para
serem compreendidos:
Quadro 23 – Sinais que precisam de símbolos de locação
Corpo Aranha Acusar-te
Representar Não pode Maravilha
Esperar Óculos Silêncio
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos símbolos padrão.
Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 47
8 Movimento dos Dedos
Além dos movimentos e mãos e braços, temos também os movimentos de dedos. Para
que possamos entender melhor cada movimento, vamos ver um pouco da anatomia da mão.
Cada dedo (exceto o polegar) possui três articulações: distal, medial e proximal, conforme
imagem a seguir:
Figura 17 – Articulações da mão
Fonte: Elaborado pelo autor a partir de uma imagem de domínio público.
Vejamos, então, os tipos de movimento de dedos existentes na ELS:
Articulação medial abre ( )
Articulação medial fecha ( )
Articulação proximal abre ( )
Articulação proximal fecha ( )
48 Capítulo 8 – Movimento dos Dedos
Articulação proximal abre e fecha ( )
Articulação proximal abre e fecha alternadamente ( )
Além desses, também existem outros símbolos complementares de movimento dos
dedos, os quais expressam movimentações graduais ou pouco comuns.
Articulação proximal abre/fecha gradualmente ( )
Articulação medial abre/fecha gradualmente ( )
Articulação proximal abre e/ou fecha lateralmente, como uma tesoura ( )
Vejamos alguns exemplos de sinais que utilizam os símbolos mostrados até o momento.
Figura 18 – Sinais com movimentos dos dedos
Explicar Assunto/Título Acordar
Querido Observar Coisas
Animais Igual Bom
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos símbolos padrão.
No caso do polegar, considera-se que os símbolos de “abrir/fechar a articulação medial”
funcionam como “abrir/fechar articulação distal”, visto que este dedo não possui tal articulação
mencionada.
Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 49
9 Dinâmica do Movimento
Dependendo do sinal, algumas dinâmicas devem ser aplicadas, como a diferenciação do
sinal “hoje” e “agora”, ou como marcação de intensidade, como em “demorado” ou “muito
demorado”. Temos pelo oito tipos de dinâmicas na ELS até o momento. Veja:
Movimento simultâneo ( )
Movimento alternado ( )
Movimento intercalado ( )
Movimento lento ( )
Movimento rápido ( )
Movimento tenso ( )
Movimento relaxado ( )
Movimento gradual ( )
Quadro 24 – Sinais com símbolos de dinâmica
Crescente Brincar Computador
Construir Rápido Amar (muito)
50 Capítulo 10 – Expressões não manuais (ENM)
Desenvolvimento
(inicialmente lento e
depois rápido)
Palavra Preguiça
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos símbolos padrão.
Importante mencionar que, por convenção, sempre que forem expressos classificadores,
a mão dominante deve vir acompanhada de um símbolo de tensão, a fim de marcar esse fato.
Fora esse caso, vemos que muitas vezes os símbolos de dinâmica são suprimidos. Contudo,
devem ser amplamente utilizados em narrativas, próximas ao que realmente é sinalizado
presencialmente, visto que suas ações dão vida à sinalização, mostrando elementos importantes
de um discurso, como a cadência.
Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 51
10 Expressões não manuais (ENM)
Expressões faciais também podem ser escritas na ELS. Alguns autores gostam de escrever
expressões faciais no máximo de sinais possíveis, enquanto alguns preferem utilizar apenas para
não prejudicar o significado do sinal. O importante é manter a clareza da narrativa. Expressões
faciais são mais frequentemente utilizadas ao transcrevermos classificadores. Elas são facilmente
identificadas, pois sua escrita é pautada na visualidade.
Da mesma forma, expressões corporais também podem ser escritas. Posição do tronco,
posição dos ombros, posição dos braços, posição da cabeça. Também são utilizados
principalmente em narrativas e na transcrição de classificadores. Vejamos, nas seções que
seguem, cada uma dessas expressões. Em função do grande volume de elementos, não serão
apresentados exemplos. Todos estes foram organizados por mim a partir dos sinais padrão.
10.1 Cabeça
Símbolo(s) Significado Símbolo(s) Significado
Cabeça
Pontos da cabeça
Movimento da
cabeça (Plano da
parede)
Movimento da
cabeça (Plano do
chão)
Cabeça torcendo
Nariz torcendo
Movimento curvo
(Plano da parede)
Movimento curvo
(Plano do chão)
52 Capítulo 10 – Expressões não manuais (ENM)
Cabeça girando
Posição da cabeça
(Plano da parede)
Posição da cabeça
(diagonal)
10.2 Região dos olhos
Símbolo(s) Significado Símbolo(s) Significado
Diferentes posições
de sobrancelha
Testa enrugada
Testa contraída
Olhos cerrados
Olhos fechados
Olhos piscam uma
vez
Olhos piscam
repetidas vezes
Olhos parcialmente
fechados
Olhos arregalados
Olhos abrindo
lentamente
Olhos piscam
enquanto ficam
parcialmente
fechados
Cílios
Cílios para baixo
Cílios se movem
repetidas vezes para
cima e para baixo
Direção do olhar,
para cima e para
baixo
Direção do olhar,
para frente e para
trás
Olhar virando (Plano
coronal)
Olhar virando (Plano
transversal)
10.3 Bochechas e respiração
Símbolo(s) Significado Símbolo(s) Significado
Bochechas inflam
Bochechas neutras
Bochechas sugadas
Bochechas
tensionadas
Nariz contraído
Nariz treme
Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 53
Nariz enrugado
Expiração
Inspiração
10.4 Região da boca
Símbolo(s) Significado Símbolo(s) Significado
Boca fechada, para
frente
Boca fechada,
contraída
Sorriso
Sorriso tensionado
nas laterais
Sorriso aberto
Expressão de tristeza
Expressão de tristeza
tensionada nas
laterais
Expressão de tristeza
aberta
Boca em “O”
Boca em “O” para
frente
Boca em “O”
tensionada
Boca neutra,
levemente aberta
Boca neutra,
levemente aberta e
tensionada
Boca em elipse
Boca em formato
quadrado
Boca em formato
quadrado tensionada
Boca em formato de
retângulo
Beijo
Beijo para frente
Beijo tensionado
Boca tensionada
Boca tensionada para
frente
Boca tensionada para
trás
Lábios para dentroLábio inferior sobre o
superior
Lábio superior sobre
o inferior
Boca delineada
Laterais enrugadas
Laterais enrugadas
repetidamente
54 Capítulo 10 – Expressões não manuais (ENM)
10.5 Língua e dentes
Símbolo(s) Significado Símbolo(s) Significado
Língua para fora,
projetada para frente
Língua para cima,
encostando nos
lábios
Língua entre os
lábios
Língua no céu da
boca
Língua para cima
Língua na bochecha
Língua para fora,
horizontal
Língua ao centro,
dentro da boca
Dentes à mostra
Dentes à mostra,
movendo-se
Mordendo a língua
Mordendo a língua,
movendo-se
Dentes mordendo os
lábios
Dentes mordendo os
lábios, movendo-se
Dentes mordendo os
lábios por dentro da
boca
Queixo para cima e
para baixo
Queixo ara frente e
para trás
Expressão radiante
10.6 Torso
Símbolo(s) Significado Símbolo(s) Significado
Ombros neutros Ombros para cima
Ombros para baixo
Apenas um ombro
para cima ou para
baixo
Ombros para cima e
para baixo,
alternados
Clavículas para cima
e para baixo
Clavículas para frente
e para trás
Ombros se inclinam
para frente/trás e
peito para o lado
oposto
Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 55
Peito se inclina para
frente/trás e ombros
para o lado oposto
Movimento giratório
dos ombros (Plano
coronal)
Movimento giratório
dos ombros (Plano
transversal)
Membros superiores
se inclinam para
frente e para trás, a
partir do quadril
10.7 Pontuação
Símbolo(s) Significado Símbolo(s) Significado
Pausa (vírgula) Pausa breve
Pausa lenta Pausa abrupta
Ponto final Ponto final breve
Ponto final lento Ponto final abruto
Dois pontos Ponto-e-vírgula
Parênteses
Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 57
11 Bibliografia sugerida
As duas principais obras que auxiliaram na construção desta apostila foram o manual
escrito por Valerie Sutton em 1974 (SUTTON, 2014) e também o livro Escrita de Sinais sem
mistérios de Madson Barreto e Raquel Barreto (2012), que é uma livre interpretação detalhada
e adaptada para a LIBRAS do manual de Sutton. A primeira obra está atualmente na 4ª edição,
publicada em 2014 e disponível gratuitamente on-line em inglês (verificar as referências).
Também está disponível on-line uma versão em português dessa mesma obra numa versão
parcialmente traduzida por Marianne Stumpf e colaboradores (facilmente localizável em algum
buscador). A segunda obra pode ser adquirida no sítio eletrônico dos autores:
<http://www.librasescrita.com.br>.
Escrita da Língua de Sinais: elementos introdutórios 59
Referências
BARRETO, Madson; BARRETO, Raquel. Escrita de Sinais sem mistérios. Belo Horizonte: Edição
do autor, 2012.
FERREIRA BRITO, Lucinda. Uma abordagem fonológica dos sinais em LSCB. Espaço, Rio de
Janeiro, v. 1, n. 1, p. 20-43, 1990.
FERREIRA BRITO, Lucinda. Por uma gramática das línguas de sinais. Rio de Janeiro: Tempo
Brasileiro, 1995.
FUNDAÇÃO DE ARTICULAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA PESSOAS
COM DEFICIÊNCIA E ALTAS HABILIDADES NO RIO GRANDE DO SUL. Dicionário gaúcho da Língua
de Sinais. Porto Alegre: FADERS, 2010. Disponível em:
<http://www.portaldeacessibilidade.rs.gov.br/uploads/Dicionario_Libras_CAS_FADERS1.pdf>.
Acesso em: 13 set. 2017.
KARNOPP, Lodenir Becker. Língua de sinais na educação de surdos. In: THOMA, Adriana da
Silva; LOPES, Maura Corcini (Org.). A invenção da surdez: cultura, alteridade, identidade e
diferença no campo da educação. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2004. p. 103-113.
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