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IMUNIDADE TRIBUTÁRIA
Ao lado dos princípios tributários, as imunidades também se caracterizam como limitações ao poder de tributar em benefício do cidadão contra a atividade de cobrança realizada pelo poder público.
A imunidade tributária tem como objetivo preservar valores políticos, religiosos, sociais e éticos, colocando a salvo de tributação certas situações e pessoas.
CONCEITO
O professor Paulo de Barros Carvalho traz o seguinte conceito de imunidade:
“A classe finita e imediatamente determinável de normas jurídicas, contidas no texto da Constituição Federal, que estabelecem de modo expresso a incompetência das pessoas políticas de direito interno, para expedir regras instituidoras de tributos que alcancem situações específicas e suficientemente caracterizadas.”
Na conceituação deste instituto encontramos muitos doutrinadores que definem a imunidade como não-incidência constitucionalmente qualificada. Isso significa que a Constituição afasta o poder de tributar dos entes políticos para proteger determinados sujeitos e objetos.
Em termos mais simples quando falamos que uma determinada pessoa está imune àquela doença, estamos dizendo que ela está protegida contra esta moléstia, não corre o risco de vir a contrai-la. Fazendo um paralelo com a imunidade tributária, quando falamos que determinada situação está imune, estamos a dizer que está protegida contra o poder de tributar do Estado, não corre o risco de ser tributada.
Ex. Em situações normais, o IPVA é cobrado de quem possui a propriedade de veículo automotor. Entretanto, se o veículo pertencer à instituição religiosa, a Constituição Federal concede imunidade para afastar a incidência dos impostos para templos e entidades de qualquer culto (art. 150, VI, “b”, CF) e, portanto, fica impedida a cobrança desse imposto.
CLASSIFICAÇÃO DAS IMUNIDADES
I – QUANTO AO MODO DE INCIDÊNCIA
A – Subjetivas: em razão das pessoas, observando as condições do sujeito ex. imunidade religiosa (art. 150, VI, “b”, CF) que desonera a pessoa instituição religiosa do pagamento de impostos
B – Objetivas: em razão dos objetos, observando especificidades do objeto diante da regra tributária. Assim, recaem sobre fatos, bens ou situações. Ex. Imunidade cultural (art. 150, VI, “d”, CF) retirando a incidência de impostos sobre os livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão.
II – QUANTO A PRODUÇÃO DE EFEITOS
A – Condicionais (não auto-aplicáveis): dependem de norma complementar para que tenha eficácia. Depende de uma norma que deverá estipular os requisitos necessários para caracterização da imunidade. Ex. imunidade recíproca (é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir impostos sobre o patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros) tem aplicação direta da CF.
B – Incondicionais (auto-aplicáveis): não dependem de lei complementar e estão prontas a produzir efeitos de imediato. Ex. imunidades de instituições (art. 150, VI,”c”, CF) necessitam do cumprimento de requisitos previstos no CTN para sua aplicação. Não aplica diretamente a CF, precisa cumprir os requisitos do CTN para viabilizar a imunidade.
III – QUANTO À AMPLITUDE
A –Específicas: desoneração de apenas alguns tributos em situações pontuais. ex. a não incidência de imposto territorial rural (ITR) sobre as pequenas glebas rurais, estampada no art. 153, § 3º, II, CF; imposto de produtos industrializados destinados ao exterior, ICMS sobre mercadorias destinadas ao exterior, ICMS sobre operações de destino de petróleo e seus derivados e energia elétrica a outros Estados, impostos sobre a transferência de imóveis desapropriados para reforma agrária, etc.
B - Genéricas: vedam todas as pessoas políticas a cobrarem os impostos sobre patrimônio, renda ou serviços das entidades. A saber:
1 – Imunidade recíprocas as pessoas políticas: “sem prejuízo de outras garantias ao contribuinte, é vedado à União, Estados e Distrito Federal e aos Municípios instituir imposto sobre patrimônio, renda e serviços uns dos outros (art. 150, VI, “a”, CF).
Justifica-se com o argumento de que se fosse permitida a tributação mútua entre pessoas políticas, o equilíbrio federativo e a autonomia destas entidades estariam comprometidos.
Observe-se que a imunidade apenas alcançará os impostos, não existindo impedimento para a cobrança das demais espécies tributárias. A razão para essa limitação é bem simples, nos impostos se busca onerar “manifestações de riquezas”.
Essa desoneração também será estendida para alcançar as Autarquias e Fundações Públicas instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados às finalidades da instituição ou, ao menos, dela decorrerem.
Porém, afasta-se a imunidade tributária das pessoas jurídicas de direito público que fazem a exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário (art. 150, § 3º, CF).
A lógica é bem simples: a imunidade visa proteger o patrimônio, renda e serviços que possam colaborar com a realização de toda estrutura administrativa na prestação de serviços públicos. NOVAIS, Rafael. Direito Tributário Facilitado.
2 – Templos de qualquer culto
É a imunidade que protege o culto, os bens e as atividades relacionados com suas finalidades essenciais. Art. 150, VI, “b”, CF.
O Estado brasileiro, apesar de laico (não tem religião oficial) – art. 19, I, CF – encara nas religiões um direito fundamental do cidadão em cultivar dogmas que tragam respostas à própria existência humana, zelando pela proteção aos locais de culto e suas liturgias (art. 5º, VI, CF).
Logo, com o intuito de proteger o direito à liberdade religiosa, foi estabelecida a imunidade em relação aos impostos, não somente aos templos em si, na sua acepção espacial, mas às atividades inerentes às finalidades daqueles (inclusive sobre a renda auferida por meio de oferendas ou sobre a propriedade do imóvel locado).
Dessa maneira, o constituinte buscou empreender a isenção do Estado em face da liberdade religiosa, impondo-lhe respeito e abstinência a qualquer sorte de interferência – incluindo-se a tributária – no âmbito de atividades religiosas.
3 – Imunidade dos Partidos Políticos 
Os partidos políticos, como meio de exercício da democracia, simbolizam a liberdade de escolha oferecida aos cidadãos para elegerem seus dirigentes e representantes. Neste sentido, há várias disposições constitucionais, envolvendo mais que a liberdade de votar, mas a própria liberdade de opinião (art. 14, caput, e art. 5º, IV e IX, CF).
A Constituição Federal, que fora elaborada e outorgada justamente por estes representantes do povo, filiados a seus respectivos partidos políticos, recebeu a preocupação de dizimar a hipótese de interferência estatal por meio de eventual política tributária, mais precisamente do Chefe do Executivo sobre os partidos rivais ao seu.
Restou vedada, portanto, a incidência de impostos sobre os Partidos Políticos e suas fundações, sendo caso de imunidade genérica.
4 – Entidades Sindicais de Trabalhadores
A imunidade das entidades sindicais dos trabalhadores encontra guarida no art. 150, VI, “c” , CF. 
Os valores do trabalho e emprego são mencionados sucessivas vezes na Constituição Federal, mostrando a preocupação desta com a disciplina laboral e seus desdobramentos.
Assim, a imunidade tributária nesse caso se promove como sinal verde aos trabalhadores para se organizarem na luta por melhores condições de trabalho, direito que lhes é assegurado como fundamental, sem que sejam oprimidos por impostos, por exemplo, sobre a sua renda auferida pouco a pouco pela contribuição individual de cada um.
5 – Instituições de Educação e Assistência Social
Com a crise do Estado do bem estar social, os Estados reconheceram sua incapacidade de subsidiar com exclusividade os serviços essenciais à sua população, mudando a postura centralizadora e transferindo encargos a terceiros.
Destaca-se nossaConstituição Federal, apelidada de Cidadã, que trouxe a previsão de vários direitos sociais e garantias aos cidadãos sem, entretanto, estipular dotações orçamentárias plausíveis a financiar tais instrumentos, o que foi objeto de críticas por vários estudiosos.
Diante de tal fato, foi aberta uma possibilidade de cooperação por parte da iniciativa privada (filantrópica), que embora não tivesse que pagar impostos, dada sua imunidade tributária, desincumbiria o Estado do ônus de promover financeiramente os mesmos serviços.
Assim, veda-se a cobrança de tributos sobre as entidades educacionais sem fins lucrativos, como uma forma de incentivo a tão importante iniciativa, que diminui o ônus estatal de promover o progresso sócio-cultural de seu povo.
6 – Entidades de Assistência Social
Aplica-se a esta imunidade as mesmas premissas da anterior, já que como a educação é dever do Estado a promoção da assistência social.
Desta forma, se determinado ente privado se oferece a ajudar filantropicamente o cumprimento deste dever estatal, o mínimo que o Estado poderia fazer seria não cobrar impostos sobre aquele, pois se são os impostos a receita a ser aplicada nessa mesma incumbência, não faria sentido sua incidência.
Novamente aduz-se o interesse proativo do Estado na consecução dos fins sociais e alcance dos seus objetivos, instituindo a desoneração de encargos tributários aos interessados em ajudar, desde que sem interesse lucrativo e cumpridos os requisitos do art. 14, CTN.
7 – Imunidade dos jornais, livros, periódicos e o papel destinado a sua impressão
Determina a Constituição ser vedado às pessoas políticas instituírem impostos sobre livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão (art. 150, VI, “d”, CF).
Qualquer forma de desestímulo, seja pela tributação em si ou pelo encarecimento dos produtos ao consumidor final, à liberdade de comunicação, de pensamento, à expressão artística, cultural e científica, ao acesso à informação e a difusão da cultura e educação, seria reprovável.
Para estimular os agentes econômicos na difusão de informação e conhecimento, o constituinte os privilegiou da desoneração tributária incidente sobre os próprios bens (por isso objetiva) ou o papel destinado à sua impressão, diminuindo o preço final e abrindo às mais diversas classes o acesso a seus conteúdos. 
DESONERAÇÃO TRIBUTÁRIA
Utiliza-se o termo desoneração tributária para referir-se ao conjunto de incentivos ou regimes fiscais específicos para produtos ou operações, viabilizando redução da carga fiscal de produtos, operações ou um conjunto de atividades sujeitos à tributação.
É comum alguns leigos nomearem algumas situações de desoneração como se fossem imunidades. Entretanto, trata-se de ciosas bem distintas.
A imunidade, sempre oriunda de regra constitucional, determina a incompetência do Poder Público para instituir regras tributárias que alcancem situações específicas. Abaixo, indicaremos situações de desoneração:
ISENÇÃO – é um favor legal, consubstanciado na dispensa de pagamento de tributo devido, isto é, a autoridade legislativa desobriga o sujeito passivo da obrigação tributária de pagar o tributo. Noutras palavras, os entes tributantes ou federativos não poderão instituir impostos sobre patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros.
ANISTIA – É o perdão da falta cometida pelo infrator de deveres tributários e da penalidade a ele imposta por ter desobedecido uma ordem legal.
REMISSÃO – é o perdão legal do débito tributário ou dispensa legal de pagamento de valor superveniente.
NÃO-INCIDÊNCIA – o acontecimento da vida não corresponde à descrição legal. Se não está previsto em lei, não surge a obrigação de pagar tributo. 
IMUNIDADE – regra constitucional que estabelece expressamente a incompetência da pessoa jurídica de direito público interna para expedir regras instituidoras de tributos que alcancem situações específicas.

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