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Vício Redibitório Arts. 441 a 446 do CC Conceito de Vício Redibitório “São defeitos ocultos que diminuem o valor ou prejudicam a utilização da coisa recebida por força de um contrato comutativo.” Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona Os vícios redibitários serão sempre OCULTOS, ou seja, são vícios não aparecentes. Se for aparentes não será vício redibitório. “Um defeito oculto de que é portadora a coisa objeto de contrato comutativo, que a torna imprópria ao uso a que se destina, ou lhe prejudica sensivelmente o valor.” Caio Mário “São os defeitos que desvalorizam a coisa ou a tornam imprópria para uso” Vício redibitório x erro O erro, expressa uma equivocada representação da realidade, uma opinião não verdadeira a respeito do negócio, do seu objeto ou da pessoa com quem trava a relação jurídica. Já no vício redibitório, se o adquirente por força de uma compra e vendo, por exemplo, recebe a coisa com defeito oculto que lhe diminui o valor ou prejudica a sua utilização, poderá rejeitá-la, redibindo o contrato, ou, se preferir, exigir o abatimento no preço. Ex: Alguém adquire um relógio que funciona perfeitamente, mas não é de ouro, como o adquirente imaginava (e somente por essa circunstância comprou), trata-se de erro quanto à qualidade essencial do objeto. Se, no entanto, o relógio é mesmo de ouro, mas não funciona por causa do defeito de uma peça interna, a hipótese é de vício redibitório. Elementos caracterizadores do vício redibitório ① Existência de um contrato comutativo (espécie de contrato oneroso) ou doação onerosa (imposição de incumbência); ② Um defeito oculto existente no momento da tradição; ③ Que os defeitos existem no momento da celebração do contrato e que perdurem até o momento da reclamação; ④ Que os defeitos sejam desconhecdios do adquirente; (os anúncios de “vende-se no estado em que se encontra”objetiva alertar para o não direito do vício redibitório). ⑤ Defeito Grave - diminuição do valor econômico ou prejuízo à adequada utilização da coisa; Defeito Grave Os vícios e defeitos ocultos devem ser tais a ponto de tornar a coisa inepta ao uso a que é destinada, ou importar em diminuir-lhe notavelmente o seu valor. Não ocorre tal circunstância, se a coisa for unicamente menos excelente, menos bela, menos agradável ou se trata de ausência de alguma qualidade. Consequências do vício redibitório (art. 441 e 442) – Ações edilícias Resolução do Contrato É a solução mais drástica; alienatário, propõe ação requerendo o desfazimento do contrato e a devolução do preço pago, podendo ainda, requerer perdar e danos; A resolução do contrato é o último caminho a ser percorrido. Segundo a doutrina majoritária, se o vício for insignificantes ou ínfimo e não prejudicar as finalidades do contrato não cabe sequer o pedido de abatimento no preço. Abatimento/desconto do preço É a solução mais branda; Art. 443 do CC “Se o alienante conhecia o vício ou defeito oculto da coisa, deverá restituir o que recebeu com perdas e danos, mas, se não o conhecia, apenas restituirá o valor recebido, mais as desepsas do contrato." Tem relação com o princípio da boa-fé objetiva; Se o alienante SABIA DO VÍCIO: pagará o prejuízo + perdas e danos; Se o alienante NÃO SABIA DO VÍCIO: apenas restituirá o prejuízo Vícios Redibitórios Prazos Decadenciais: • Regra (art. 445): Bem Móvel 30 dias da data da entrega Bem Imóvel: 1 ano efetiva • Ação rebibitóriaResolução do Contrato • Ação EstimatórioAbatimento no preço Bem Móvel: 15 dias se já estava na Bem Imovel: 6 meses posse • Exceção (art. 445 §1º): Bem Móvel: 180 dias da data da Bem Imóvel: 1 ano ciência Após a tradição * Aplica-se as doações onerosas (com encargos) Hipóteses de descabimento das ações edilícias I) Coisas vendidas conjuntamente (art. 503): Só a coisa defeituosa pose ser rstituída e o seu valor deduzido do preço, salvo se formarem um todo inseparável; II) Inadimplemento contratual: A entrega de coisa diversa da contratada não configura vício redibitório, mas inadimplemento contratual Vícios redibitórios e o Código de Defesa do Consumidor “A lei consumerista não cuida de diferenciar os vícios aparentes dos redibitórios, consagrando, todavia, um eficaz sistema protetivo, que irá tutelar os dieireito da parte hipossuficiente na relação de consumo, independetemente da natureza do defeito em tela.” Da evicção (arts. 447 a 457 do CC) Conceito de evicção “Consiste a evicção na perda, pelo adquirente (evicto), da posse ou propriedade da coisa transferida, por força de uma sentença judicial ou ato administrativo que reconheceu o direito anterior de terceiro, denominado evictor”. Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona “A evicção pode ser conceituada como sendo a perda da coisa diante uma decisão judicial ou de um ato administrativo que se atribui a terceiros.” Flávio Tartuce Vício Redibitório X Evicção Ambos, tanto o vício redibitório quanto a evicção, são institutos jurídicos que têm a finalidade de resguardar ou garantir o adquirente de determinada coisa em contratos translativos da posse ou da propriedade, inclusive nas doações onerosas. Dos envolvidos na evicção Exemplo: Requisitos da Evicção ① Aquisição de um bem; ② Perda da posso ou da propriedade; ③ Prolação de sentença judicial ou execução de ato administrativo; Aquisição de um bem a) Contratos Onerosos b) Hasta Pública: (art. 447 do CC) Perda da posse ou da propriedade É necessário a perda da posse daquilo que legitimamente se transferiu ao evicto, para que este possa fazer valer o seu direito contra o alienante. Alienante - (aquele que transfere a coisa viciada) Adquirente (evicto) - aquele que perde a coisa adquirida. Terceiro (evictor) – aquele que tem decisão judicial ou apreensão a seu favor Tício (alienante) Mévio (evicto ou adquirente) Mévio (evicto ou adquirente) Prolação de sentença judicial ou execução de ato administrativo A evicção decorre de uma sentença judicial, que reconhece direito anterior de terceiro sobre a coisa. * Todavia, há entendimentos que dizem nada impedir que a perda do bem se dê por força de um ato administrativo (apreensão policial). Direitos do evicto Será uma pretensão, tipicamente indenizatória, em face do alienante. A indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir; A indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção; As custas judiciais e os honorários do advogado por ele constituído. Da perda da evicção Entretanto, vale notar que, seja totalou parcial, o preço a ser restituído será o valor da coisa, na época em que se evenceu (se perdeu), e proporcional ao desfalque sofrido no caso da evicção parcial (páragrafo único do art. 450 do CC). Da evicção e autonomia de vontade A evição poderá, sofrer EXTENSÃO ou RETRATAÇÃO, podendo, até mesmo, ser SUPRIMIDA, nos termos do art. 448 do CC. “Podem as partes, por cláusula EXPRESSA, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção”. Tem que ser cláusula expressa; Regra: Não pode o evicto pleitear compensação de dano conscientemente sofrido. Se sabia, pois, que a coisa era alheia ou litigiosa, não deveria contratar. Exceção: (art. 449) Mesmo tendo a cláusula de exclusão da evicção, poderá o evicto pleitear, ao menos, o valor pago, quando não sabia da evicção, ou sabendo dela, não assumiu o risco, mas não terá direito a indenização ou benfeitorias. “Se o adquirente sabe do vício, que macula o direito do alienante, relativamente ao objeto que lhe é transmitido, e exclui, a responsabilidade de quem alienou a essa mesma coisa, é claro que o adquirente está adquirindo bem litigioso. Nesse caso, o contrato apresenta-se com natureza aleatória, pois, ocorrendo a evicção, nada poderá o adquirente reclamar do alienante." Evicção e benfeitorias Benfeitorias é: “a obre realizada pelo homem, na estrutura da coisa principal, com o propósito de conservá-la, melhorá-la ou embelezá-la”. Benfeitorias Necessárias: é necessária para a utilização do bem, ex: trocar o telhado quebrado de uma casa; Benfeitorias Úteis: é feita para facilitar o uso do bem, ex: construção de um novo acesso da garagem; Benfeitorias Voluptuárias: é feita para mero embelezamento do lar, ex: jardim de inverno. Evicção e denunciação a lide Em regra: A denunciação a lide deve existir sempre (do evito para com o alienante) no momento da ação da evicção – art. 125, I do CPC Exceção: A doutrina tem admito a denunciação em momento posterior. Arras ou sinal (arts. 417 a 420) “As arras ou sinal vêm a ser a quantia paga em dinheiro, ou outra coisa móvel, em regra fungível, dada por um dos contraentes ao outro, a fim de concluir o contrato, e, excepcionalmente, assegurar o fiel cumprimento da obrigação.” Maria Helena Diniz Características das arras ① Só têm cabimento em contrato bilateral; ② É um pacto acessório que depende da existência de um contrato principal; ③ Exigem a entrega de dinheiro ou coisa fungível; ④ Destinam-se a confirmar o ato negocial ou a assegurar o seu cumprimento, prevenindo a possibilidade de arrependimento pelo receio da pena e a eventual indenização; ⑤ A entrega deve ser feita por um dos contraente ao outro; Confirmatória s Penintenciais Espécie de Arras Arras confirmatórias (arts. 417 a 419 do CC) “As arras confirmatórias consistem, portanto, na entrega de uma soma em dinheiro ou outra coisa móvel fungível (que pode ser substituída), feita por uma parte à outra, em sinal de firmeza do contrato e como garantia de que será cumprido, visando impedir, assim, o arrependimento de qualquer das partes." • Arras confirmatórias As arras confirmatórias, por óbvio, confirmam o contrato, tornando-o obrigatório, fazendo-o lei entre as partes, não sendo mais lícito a qualquer contraente rescindir o negócio unilateralmente, pois firmaram a presunção de que o contrato se formou. Para antecipar o pagamento O Valor entregue como sinal, será tido como adiantamento do preço e, portanto, abatido do valor principal. Confirmação do contrato Arras confirmatórias Determinação prévia das perdas e danos Antecipação do pagamento do preço Determinação prévia de perdas e danos Art. 418 do CC: “Se a parte que deu as arras não executar o contrato, poderá a outra tê-lo por desfeito, retendo-as; se a inexecução for de quem recebeu as arras, poderá quem as deu haver o contrato por desfeito, e exigir sua devolução mais o que equivalente, com atualização monetária..." Essa indenização terá como base o prejuízo da parte inocente; A parte inocente pode requerer indenização suplementar, se provar prejuízo (art. 419); A parte inocente pode também exigir a execução do contrato (art. 419); Se o contrato vier a se impossibilitar sem que haja culpa dos contraentes, restituir-se-ão as arras, por não sobreviver a causa de sua retenção. Arras penitenciárias Art. 420 do CC: “Se no contrato for estipuado o direito de arrependimento para qualquer das partes, as arras ou sinal terão função unicamente indenizatória. Neste caso, quem as deu perdê-las-á em benefício da outra parte; e quem as recebeu devolvê-las-á, mais o equivalente. Em ambos os casos não haverá direito a indenização suplementar.” “As arras penitenciária seriam, portanto, uma indenização das perdas e danos pré- fixadas, logo, se quem as deu desistir do negócio, perdê-las-á, e, se quem as recebeu for o desistentes, deverá devolvê-las em dobro." - As arras são um meio de arrependimento; • Não confundir arras com multa penintencial, pois esta tem o objetivo de garantir a efetividade do negócio, enquanto as arras têm por objetivo permitir que ele se desfaça, prevenindo a possibilidade de retratação pelo receio da pena. Possibilidades de mera restituição da arras Se ambos os contraentes se arrependerem do negócio ou houver inadimplemente de ambos; Se não puder verificar quem se arrependeu primeiro; Se o inadimplmente se der por vontade alheia das partes (força maior); Se o contrato for rescindo de comum acordo entre as partes; Se, por justo motivo, um dos contraentes se recusar a cumprir o contrato; Cláusula rebus sic stantibus e teoria da imprevisão (arts. 478 a 480) Cláusula rebus sic stantibus (Estando assim as coisas) “é invocado quando um acontecimento superveniente e impresvisível torna excessivamente onerosa a prestação imposta a uma das partes, em face da outra que, em geral, se enriquece à sua custa ilitamente.” Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona Teoria da imprevisão “Consiste no reconhecimento de que a ocorrência de acontecimentos novos, imprevisíveis pelas partes e a elas não imputáveis, com impacto sobre a base econômica ou a execução do contrato, admitiria a sua resolução ou revisão, para ajustá-lo às circunstâncias supervenientes.” Para os contratos de execução continuada ou de trato sucessivo; De médio ou longo prazo; Execução diferida (aquela em que a execução não se dá de um só jeito); Teoria da Imprevisão - É a teoria que permite redicutir os preceitos contidos em uma relação contratual, em face da ocorrência de acontecimentos novos; Cláusula Rebus Sic Stantibus - Precede a teoria da imprevisão; - É a aplicação da teoria da imprevisão Elementos para aplicabilidade da teoria da imprevisão a. Superveniência de cirscunstiancia imprevisível; b. Alteração da base econômica objetiva do contrato; c. Onerosidade excessiva Revisibilidade do contrato Art 317: “Qaundo, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execuçnao,poderá o juiz corrigi- lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valro real da prestação.” Art. 479: “A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar equitativamente as condições do contrato." Enunciado 367 do Conselho da Justiça: Em observância ao princípio da conservação do contrato, nas ações que tenham por objeto a resolução do pacto por excessiva onerosidade, pode o juiz modificá-lo equitativamente, desde que ouvida a parte autora, respeitada a sua vontade e observado o contraditório.
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