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Renata Bittar MEDICINA UNIT MIOMÉTRIO NORMAL O miométrio é a camada mais espessa do útero, sendo formado por feixes de fibras musculares lisas separadas por tecido conjuntivo. As fibras musculares formam feixes que estão dispostos em três camadas: interna (longitudinal), média (circular, que contém grande quantidade de vasos sanguíneos, chamada de estrato vascular) e externa (longitudinal). Vários modelos para a disposição dessas camadas têm sido propostos, e o mais aceito é a da mola de relógio, onde cada uma começaria na região do colo do útero e se dirigiria para cada tuba uterina, ou para o fundo do útero. Isso explicaria o fato de que no segmento inferior os estratos musculares encontram-se paralelos e no corpo e no fundo formam uma rede tridimensional. Possui 3 camadas mal definidas de músculo liso. A camada central é espessa, com fibras musculares organizadas circularmente e abundantes vasos sanguíneos = ESTRATO VASCULAR. As camadas externa e interna possuem fibras musculares organizadas longitudinal ou obliquamente. Durante a gestação, as células musculares sofrem hiperplasia (aumento do número de células) e hipertrofia (aumento do tamanho das células). A inibição da contração do miométrio durante a gestação é controlada pela RELAXINA, um hormônio peptídico produzido pelo ovário e pela placenta. A contração do miométrio durante o parto está sob controle da OCITOCINA, um hormônio peptídico secretado pelo hipotálamo e liberado pela neurohipófise. Quando o útero se estreita em direção da cérvix, o tecido muscular diminui e é substituído por tecido conjuntivo contendo fibras elásticas e somente um pequeno número de fibras musculares lisas dispersas. O tamanho e o número de células musculares lisas estão relacionados ao nível de estrógeno. As células musculares são maiores e mais numerosas durante a gravidez, quando é produzida uma grande quantidade de estrógeno; elas são menores depois do término da menstruação, quando pouco estrógeno está sendo produzido. Quando o estrógeno está ausente, o músculo do miométrio se atrofia, algumas células sucumbindo para apoptose. Apesar de a maior parte do aumento do tamanho do útero durante a gravidez estar relacionada à hipertrofia das células musculares lisas, a população de células musculares lisas também aumenta, sugerindo que também ocorre hiperplasia. Entretanto, não foi esclarecido se o aumento do número de células resulta somente da divisão das células musculares lisas ou também da diferenciação de células indiferenciadas em fibras musculares lisas. O estímulo sexual causa contrações moderadas do útero. Durante a menstruação, em algumas mulheres a contração pode ser dolorosa. Poderosas contrações rítmicas do útero grávido durante o trabalho de parto expelem do útero o feto e, mais tarde, a placenta. O processo das contrações uterinas durante o trabalho de parto é causado por ações hormonais: Renata Bittar MEDICINA UNIT LEIOMIOMA - São os tumores benignos que surgem das células musculares lisas do miométrio. - Neoplasias benignas do músculo liso. - Devido à sua firmeza, eles são frequentemente referenciados clinicamente como FIBROIDES. - Leiomiomas uterinos ou fibroides. - São os tumores benignos MAIS COMUM em MULHERES. - Acomete 30 a 50% das mulheres em idade reprodutiva. - Consideravelmente mais comum em negras. - Tumores são MONOCLONAIS e estão associados a várias ANORMALIDADES CROMOSSOMAIS diferentes e recorrentes, incluindo REARRANJOS DOS CROMOSSOMOS 6 e 12, que também são encontrados em uma variedade de outras neoplasias benignas, como PÓLIPOS e LIPOMAS ENDOMETRIAIS. - A maioria dos leiomiomas apresenta cariótipo normal, mas aproximadamente 40% possuem uma do anormalidade cromossômica simples. - Vários subgrupos citogenéticos foram reconhecidos: uma translocação equilibrada entre os cromossomos 12 e 14, deleções parciais do braço longo do cromossomo 7, trissomia do 12 e reorganizações de 6p, 3q e 10q. - As reorganizações do 12q14 e 6p envolvendo os genes HMGIC e HMGIY, respectivamente, também estão implicadas em uma variedade de outras neoplasias benignas. - Os dois genes codificam fatores de ligação a DNA intimamente relacionados que regulam a estrutura da cromatina. - Estrogênios e, possivelmente, contraceptivos orais, estimulam o crescimento de leiomiomas. - Em contrapartida, esses tumores encolhem na pós- menopausa. MACROSCOPIA - Massas firmes branco-acinzentadas, arredondadas e nitidamente circunscritas, com superfície de corte em espiral. - O padrão espiralado característicos dos feixes de músculo liso ao corte geralmente torna estas lesões facilmente identificáveis pela macroscopia. - Podem ocorrer isoladamente, mas mais frequentemente múltiplos tumores são disseminados dentro do útero, variando desde pequenos nódulos até tumores grandes que podem diminuir o útero. - Apenas raramente envolvem os ligamentos uterinos, o segmento uterino inferior ou colo uterino. - Alguns se inserem dentro do miométrio (intramurais), enquanto outros podem estar diretamente abaixo do endométrio (submucosos) ou diretamente abaixo da serosa (subserosos). - Nos tumores subserosos, eles podem estender-se para fora em pedúnculos atenuados e até mesmo tornar-se ligados aos órgãos circundantes, de onde podem desenvolver um suprimento de sangue (LEIOMIOMAS PARASITAS). MICROSCOPIA - Feixes espiralados de células musculares lisas que imitam a aparência do miométrio normal. - Geralmente, as células musculares individuais têm tamanho e forma homogêneos, possuem o núcleo oval característico e processos citoplasmáticos bipolares longos e finos. - As mitoses são escassas. - Variantes benignas de leiomioma incluem tumores atípicos ou bizarros (simplásticos) com atipia nuclear e células gigantes, e leiomiomas celulares. Ambos apresentam um baixo índice mitótico. - Uma variante extremamente rara, o leiomioma metastatizante benigno, consiste em um tumor uterino que se estende para os vasos e migra para outros locais, mais comumente o pulmão. Outra variante, a leiomiomatose peritoneal disseminada, é manifestada como pequenos nódulos múltiplos no peritônio. Ambas são consideradas benignas apesar de seu comportamento incomum. - Focos de fibrose, calcificação e amolecimento degenerativo podem estar presentes. - Tumores grandes podem desenvolver áreas de amolecimento amarelo-acastanhadas a vermelhas (degeneração avermelhada). - No leiomioma, a celularidade (quantidade de núcleos por unidade de área) é um pouco maior e o arranjo em feixes mais nítido (os feixes se cruzam às vezes em ângulo reto) que no miométrio normal. A boa delimitação do tumor e a ausência de invasão dos tecidos vizinhos sugerem benignidade. Também não há atipias, mitoses ou necrose. Renata Bittar MEDICINA UNIT ASPECTOS CLÍNICOS - Geralmente são assintomáticos, sendo descobertos incidentalmente no exame ginecológico de rotina. - O sinal presente mais comum é a MENORRAGIA ou HIPERMENORREIA, com ou sem METRORRAGIA. - Os sintomas mais importantes são sangramento anormal, compressão da bexiga (frequência urinária), dor súbita se ocorrer interrupção do fluxo sanguíneo e prejuízo da fertilidade. - Leiomiomas grandes podem ser palpados pela mulher acometida ou produzir sensação de arrasto. - A transformação de leiomioma em leiomiossarcoma éextremamente rara. - A presença de lesões múltiplas não aumenta o risco de malignidade. - Miomas em gestantes aumentam a frequência de abortos espontâneos, má apresentação fetal, inércia uterina e hemorragia pós-parto. Renata Bittar MEDICINA UNIT ADENOMIOSE - Crescimento da camada basal do endométrio para dentro do miométrio. - Ninhos de estromas endometrial, glândulas ou ambos são encontrados profundamente no miométrio interpostos entre os feixes musculares. - A presença aberrante de tecido endometrial induz hipertrofia reativa do miométrio, resultando em útero globular alargado, muitas vezes com parede uterina espessada. - Ninhos endometriais funcionais no interior do miométrio produzindo cistos hemorrágicos na parede uterina. - Como as glândulas na adenomiose derivam da camada basal do endométrio, elas não passam por sangramento cíclico. - No entanto, adenomiose acentuada pode produzir menorragia, dismenorreia e dor pélvica antes do início da menstruação. Renata Bittar MEDICINA UNIT PÓLIPOS ENDOMETRIAIS - Lesões sésseis, geralmente hemisféricas, variam de 0,5- 3cm de diâmetro. - Geralmente são grandes e pedunculados - Massas exofíticas de tamanho variável que projetam para a cavidade endometrial. - Pólipos maiores podem se projetar da mucosa do endométrio para dentro da cavidade uterina. - Assintomáticos ou causar sangramento anormal (intramenstrual, menometrorragia ou na pós-menopausa) se sofrerem ulceração ou necrose. MICROSCOPIA - Pólipos com endométrio semelhante ao basal, muitas vezes com pequenas artérias musculares. - Algumas glândulas têm arquitetura normal do endométrio, mas mais frequentemente são cisticamente dilatadas. - Geralmente as glândulas e no interior dos pólipos são hiperplásicas ou atróficas, mas ocasionalmente podem apresentar alterações secretoras (pólipos funcionais). - Pólipos hiperplásicos podem se desenvolver em associação à hiperplasia endometrial generalizada e são sensíveis ao efeito do crescimento do estrógeno, mas exibem pouca ou nenhuma resposta à progesterona. - Pólipos atróficos, que em grande parte ocorrem nas mulheres em pós-menopausa, mais provavelmente representam atrofia de um pólipo hiperplásico. - Raramente, adenocarcinomas surgem no interior de pólipos endometriais. - As células do estroma são MONOCLONAIS, geralmente com um rearranjo da região cromossômica 6p21, envolvendo o GENE HMGIY, e constituem, assim, o COMPONENTE NEOPLÁSICO DO PÓLIPO. - Embora os pólipos endometriais possam ocorrer em qualquer idade, eles são mais comumente detectados em torno da época da menopausa. - Importância clínica sangramento uterino anormal e, mais importante, o risco (porém raro) de originar um câncer.
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