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Estruturas com Apoios Elásticos 1. Definição: Apoio em mola (equivalente ao apoio do 1 gênero): Suponhamos uma viga apoiada em um apoio A, do 2 gênero, e em um ponto B de outra viga CD. O ponto B será um apoio elástico, pois absorve uma reação de apoio em função de um deslocamento na direção da força absorvida. O esquema estrutural da viga AB é: A mola fica definida pela constante k que representa a razão entre a força aplicada na mola e o deslocamento nela produzido pela força, razão que é constante, já que estamos no regime elástico. Para conhecermos a constante, basta aplicarmos na estrutura que funciona como apoio, no caso a viga CD, uma força F no ponto B e calcularmos seu deslocamento neste ponto. A constante de mola vale: k = F / . Engaste elástico: Suponhamos uma viga sobre colunas. Se a rigidez das colunas for baixa, ela tenderá a funcionar mais como bi- apoiada, mas, se a rigidez de uma das colunas tender a uma rigidez infinita, ela funcionará como apoiada e engastada. Se a rigidez do apoio se situar entre os dois limites dos exemplos anteriores, o apoio oferecerá algum impedimento à livre rotação, aparecendo uma reação M, associada a uma rotação , tendo em vista que não existe rigidez suficiente para impedir totalmente a rotação. Esse vínculo é chamado engaste elástico e é definido pela constante K de engastamento elástico, que vale: K = M / . Por exemplo, para o cálculo da haste AB do quadro da figura seguinte, podemos analisá-la isoladamente a partir do esquema estático dela resultante, sendo a constante K de engastamento elástico obtida pela razão entre o momento M aplicado na estrutura e a rotação que ele provoca no nó B. Observação: O apoio elástico equivalente ao apoio do 2 gênero é resultante da associação de duas molas consideradas em direções perpendiculares. 2. Trabalho virtual de deformação dos apoios elásticos: Mola: W virtual mola = F . = F . F / k Como nas aplicações usuais, os trabalhos virtuais de deformação vêm multiplicados por EJbásico. Assim: EJb W virtual mola = EJb . F . F / k Engaste elástico: W virtual engaste = M . = M . M / K EJb W virtual engaste = EJb . M . M / K 3. Cálculo de deslocamentos em estruturas isostáticas com apoios elásticos: Para calcular deslocamentos, basta acrescentar aos termos até aqui considerados, no cálculo dos EJb , tantas vezes as parcelas EJb . F . F / k e EJb . M . M / K quantas forem as molas e engastes elásticos da estrutura. Exemplo: Calcular a rotação relativa das tangentes à elástica em B, o deslocamento vertical de C e a rotação da tangente à elástica em A. Considerar EJ=105 kNm2; K=105 mkN/rad e k = 104 kN/m. O sistema estático equivalente é: a) Cálculo da rotação relativa em B: EJb . = M . M ds + EJb . F . F / k + EJb . M . M / K EJb . = (1/3) x 4 x 40 x 1 – (1/6) x 6 x 240 x (5 + 1) + + (105/104) x 40 x (1/4) - (105/105) x 240 x 2,5 = = -1887,0 = -18,87 x 10-3 radianos (aqui não tem sentido a ser indicado) b) Cálculo do deslocamento vertical de C: C = FC/k = 40 / 10 4 = 0,004 m = 0,4 mm (para baixo) c) Cálculo da rotação de A: A = FA/K = 240 / 10 5 = 2,4 x 10-3 rad (sentido horário) 4. Resolução de estruturas hiperestáticas: Vamos aplicar o conceito de cálculo de deslocamentos em estruturas isostáticas com apoios elásticos para resolver estruturas hiperestáticas. Exemplo 1: Obter o DMF para a viga da figura seguinte. Dados: EJb = 106 kNm2; K = 105 mkN/rad; k = 105 kN/m O sistema estático equivalente é: Adotaremos o seguinte Sistema Principal: Diagramas M0 e M1 no Sistema Principal Cálculo dos termos EJb.: EJb10 = -(1/3) x 8 x 80 x 1 –(106/105) x 40 x (1/8) = -263,3 EJb11 = (1/3) x 8 x 1 x 1 + (106/105) x (1/8) x (1/8) + + (106/105) x 1 x 1 = 12,83 Equação de compatibilidade: -263,3 + 12,83 X1 = 0 Assim: X1 = 263,3 / 12,83 = 20,5 Diagrama de Momentos Fletores Final: Observação: A partir das expressões k = F/ e K = M/, podemos calcular o VA = 37,4 / 10 5 = 0,374 mm (para baixo) e a rotação da tangente B = 20,5 / 10 5 = 2,05 x 10-4 radianos (sentido anti-horário). Exemplo 2: Uma viga de fundação de um edifício alto apresenta o esquema estrutural e os carregamentos indicados na figura. Determinar os diagramas de momentos fletores e de esforços cortantes, bem como os recalques nos pontos A, B e C. Dados: EJ = 1,35 x 105 kNm2; K = 105 mkN/rad; k1=k3=k4= 1,5 x 105 kN/m; k2 =1,2 x 105 kN/m Solução: Sistema Principal e Hiperestáticos: Diagramas M0, M1 e M2 no Sistema Principal: Cálculos dos termos EJb.: EJb.ij = Mi . Mj ds + EJb . Ri . Rj / k + EJb . Mi . Mj / K EJb.10 = -(1/3) x 3 x 22,5 x 1 – (1/3) x 4 x 40 x 1 – - (1,35x105/(1,5x105)) x (630 x (1/3) + 440 x (1/4)) + + (1,35x105/(1,2x105)) x 770 x (7/12) = 141,48 EJb.20 = -(1/3) x 4 x 40 x 1 - (1,35x105/(1,2x105)) x 770 x x (1/4) + (1,35x105/(1,5x105)) x 440 x (1/4) = -170,90 EJb.11 = (1/3) x 3 x 1 x 1 + (1/3) x 4 x 1 x 1 + + (1,35x105/(1,5x105)) x ((1/3)x(1/3) + (1/4)x(1/4)) + + (1,35x105/(1,2x105)) x (7/12) x (7/12) EJb.12 = EJb.21 = (1/6) x 4 x 1 x 1 – (1.35/1,2) x (7/12) x (1/4) – (1.35/1,5) x (1/4) x (1/4) = 0,45 EJb.22 = (1/3) x 4 x 1 x 1 + (1,35/1,2) x (1/4) x (1/4) + + (1.35/1,5) x (1/4) x (1/4) + (1,35/1,0) x 1 x 1 = 2,81 Cálculo dos hiperestáticos: 141,48 + 2,87X1 + 0,45X2 = 0 -179,90 + 0,45X1 + 2,81X2 = 0 Resolvendo: X1 = -60,35 kNm X2 = 70,50 kNm Diagramas de Momento Fletor e de Esforço Cortante Finais: Recalques em A, B e C: A = 650,1 / (1,5 x 105) = 0,0043 m = 4,3 mm () B = 717,2 / (1,2 x 105) = 0,0060 m = 6,0 mm () C= 472,7 / (1,5 x 105) = 0,0032 m = 3,2 mm () Representação dos Recalques: Exemplo 3: Determinar os esforços normais nas barras da treliça da figura, considerando A = 68,75 cm2 e E = 2,1 x 108 kN/m2 em todas as barras e k = 2,4 x 105 kN/m. O Sistema Principal e os estados E0 e E1 são representados Na figura seguinte. Os cálculos intermediários para a determinação dos coeficientes ij estão apresentados numa tabela que resume as operações necessárias. EA = 2,1 x 108 x 68,75 x 10-4 = 1,444 x 106 kN 10 =(-240 – 1202 )/1,444 x 106 = -2,838 x 10-4 m 11 =(1/2,4 x 105) + (9 + 62 )/1,444 x 106 = 1,628 x 10-5 A equação para cálculo de X1 é: 1,628 x 10-5 X1 = 2,838 x 10-4 m X1 = 17,434 kN. Os esforços finais estão mostrados em negrito na tabela. Cálculo de deslocamentos em estruturas hiperestáticas: Caso de carregamento externo: Seja a estrutura da figura, para a qual desejamos, por exemplo, calcular o deslocamento da seção m na direção . A aplicação do PTV fornece: A partir de um sistema principal qualquer, podemos escrever: Analisando os coeficientes de X1 e X2: Os coeficientes de X1 e X2 são iguais a 0, por serem equações do sistema de compatibilidade elástica para determinação dos hiperestáticos X1 e X2. A expressão anterior se reduz para: Na expressão anterior, M, N e Q são os esforços atuantes na estrutura hiperestática provocados pelo carregamento externo e M0, N0 e Q0 são os esforçosatuantes no sistema principal isostático quando aplicamos um carregamento virtual P =1. Por meio de um tratamento algébrico análogo ao adotado, poderíamos também obter: Na expressão, M, N e Q são os esforços atuantes na estrutura hiperestática provocados pelo carregamento virtual e M0, N0 e Q0 são os esforços atuantes no sistema principal isostático quando aplicamos o carregamento externo. Peter Pasternak anunciou o teorema da redução: “Para se calcular deslocamentos em estruturas hiperestáticas empregando-se o PTV, um dos carregamentos deve se tomado na estrutura hiperestática, podendo o outro ser tomado num sistema principal isostático qualquer que dela se obtenha.” Obs: Podemos verificar diagramas solicitantes obtidos para uma estrutura hiperestática, pois basta considerar o diagrama obtido do carregamento externo e aplicar o carregamento virtual num sistema principal isostático necessário à obtenção de um deslocamento cujo valor conhecemos a priori, como por exemplo a rotação num engaste ou o deslocamento linear de um apoio do 2 gênero, valores que sabemos serem nulos. Exemplo 1: Calcular o deslocamento vertical na seção central da viga bi-engastada. EJ = -(1/2) x l x l/4 x (ql2/12) + (1/3) x l x (1+0,5x0,5) x x (l/4) x (ql2/8) = ql4/384 Resposta: = ql4/(384EJ) Para a atuação do carregamento virtual, poderíamos ter, indiferentemente, trabalhado com qualquer um dos sistemas principais da figura abaixo: Exemplo 2: Calcular o deslocamento horizontal da barra CD do pórtico da figura seguinte. Dado: EJC = 10 4 kNm2 EJC CD = (1/3) x 3 x 3 x (-0,82 + 3,27/2) = 2,45 CD = 2,45 x 10 -4 m = 0,245 mm Se trabalhássemos com qualquer outro sistema principal, chegaríamos evidentemente ao mesmo resultado. Suponhamos o sistema principal da figura abaixo: EJC CD = (1/3) x 3 x 3 x (4,09 + 3,27/2) – (1/3) x 3 x 3 x x 9 + (1/3) x 3 x 3 x 4,09 = 2,45 CD = 0,245 mm Exemplo 3: Verificar a correção do DMF devido ao carregamento externo representado na figura do exemplo 2. Calculemos, por exemplo, o deslocamento horizontal do engaste A, que sabemos a priori ser nulo. Sendo M o diagrama na estrutura hiperestática indicado no problema 2 e o diagrama M0 no SP escolhido o indicado na figura abaixo, temos: EJC =(1/3)x3x3x(3,27 – 0,82/2) + (1/2)x3x3x(3,27 + 4,09) - (2/3)x3x3x9 + (1/3)x3x3x4,09 = 8,58 +33,12 – 54,00 + 12,27 = -0,03 = -0.000003 m 0 Caso de variação de temperatura: Se a estrutura de figura estiver submetida à variação de temperatura indicada, o deslocamento da seção m na direção , por ela provocado, valerá: A partir de desenvolvimento apresentado no item anterior, temos: Como, para uma variação de temperatura temos M0 = N0 = = Q0 = 0, a expressão se reduz para: Podemos calcular deslocamentos em estruturas hiperestáticas sem ser necessário conhecer os diagramas solicitantes que esta variação de temperatura introduz na estrutura dada. Podemos, também, trabalhar com o carregamento virtual atuando na estrutura isostática, o que é útil quando já conhecemos os diagramas solicitantes na estrutura hiperestática devidos à variação de temperatura. Partindo da equação I e levando em conta que: Obtemos: Identificados os coeficientes de X1 e X2 como as duas equações de compatibilidade elástica para resolução da estrutura hiperestática, seus valores serão nulos e ficamos com: A expressão anterior permite calcular deslocamentos, devidos a variações de temperatura, trabalhando com o carregamento virtual num sistema principal isostático e com as variações de temperatura na estrutura hiperestática. Exemplo 1: Calcular a rotação da tangente à elástica em B devida a uma diminuição uniforme de temperatura de 30 C. Supondo que o diagrama na estrutura hiperestática já é conhecido, consideraremos o carregamento virtual num sistema principal isostático. Desprezando a contribuição do esforço cortante e do esforço normal (quadro plano) e sabendo que ti = te = tg, temos: Diagrama M (já conhecido) Exemplo 2: Calcular o deslocamento vertical da seção central da estrutura da próxima figura, que tem = 10-5/C e cuja seção transversal, constante, é um retângulo de 0,4 m de altura, se suas fibras externas forem resfriadas de 10 C e as internas aquecidas de 30 C em relação à temperatura do dia de sua execução. Aqui vamos trabalhar com o carregamento virtual na estrutura hiperestática, já que não conhecemos os diagramas solicitantes devidos à variação de temperatura. Resposta: A seção central sobe, então, 0,98 cm Caso de recalques de apoio: Seja a estrutura da figura submetida aos recalques de apoio indicados, para a qual queremos calcular, por exemplo, o deslocamento da seção m na direção . A partir do carregamento virtual representado na figura anterior, temos, empregando o PTV: Por procedimento análogo ao adotado para a variação de temperatura, podemos mostrar que o segundo membro da igualdade acima é nulo e ficamos, então, com: Esta última expressão permite calcular deslocamentos em estruturas hiperestáticas, trabalhando com o carregamento virtual na estrutura hiperestática, sendo necessário calcular as reações de apoio R. Podemos, também, trabalhar com o carregamento virtual num sistema principal isostático, ficando a ação dos recalques na estrutura hiperestática, obtendo-se, de forma análoga à adotada no caso de variação de temperatura: Na expressão acima, os termos com barra superior se referem a um sistema isostático e M, N e Q são esforços na estrutura hiperestática dada provocados pelos recalques. Esta última expressão pode verificar diagramas obtidos em estruturas hiperestáticas para recalques de apoio, sendo o procedimento igual ao adotado nos casos de carregamento externo e de variação de temperatura. Exemplo 1: Calcular, para o quadro abaixo, o deslocamento vertical da seção central provocado pelos recalques indicados dos apoios A e B. Como as reações de apoio para o carregamento virtual, tomado na estrutura hiperestática, já são conhecidas (exemplo 2 de variação de temperatura), podemos escrever: 1 x - 0,5 x 0,02 – (3/16) x 0,01 – (3/16) x 0,03 = 0 = 0,0175 m = 1,75 cm () Exercício proposto: Calcular o deslocamento horizontal do ponto D para: a) o carregamento dado; b) uma variação de temperatura de ti = +20 C e te = -20 C; c) um recalque vertical de 2 cm no apoio A(). Considerar: a) hiperestático(s) em B; b) H = 40 cm (altura da seção retangular); c) EJ = 2,0 x 105 kN/m2. Respostas: a) 0,3 cm (); b) 0,156 cm (); c) 0,75 cm (). Considerar primeiro o carregamento virtual na estrutura hiperestática e depois o carregamento real na estrutura hiperestática.
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