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Transtornos alimentares na adolescência Profa. Ms. Flávia de Oliveira “As experiências próprias do processo de constituição psíquica se encontram entrelaçadas com o processo de construção identitária de um sujeito” (BARBAROI, 2010) Adolescência • A adolescência é produto da interação de complexos fatores. • Demanda uma verdadeira e singular exigência de trabalho psíquico. • Reconhecer a importância do cenário social como fonte de influência • Singularidade e peculiaridade da história de cada adolescente • As alterações físicas decorrentes desse período provocam alterações no comportamento (BLOS, 1998). Adolescência • O modo de viver hoje está marcado por uma subjetividade fragmentada, ou seja, não há espaço para o diferente, para a singularidade; • Prevalece uma homogeneidade padronizadora, que se utiliza de modelos (estereotipados) a serem seguidos. • O sujeito está a todo o momento representando um papel de uma personagem. (BIRMAN, 1999) Identidade ??? Ser superficial, fragmentado, individualista Primazia do exibicionismo Preencher o vazio Birman (1999) Sociedade Pós-moderna • Inseguranças • Incertezas • Enfraquecimento das estruturas sociais • Instabilidade • Angústia “ O adolescente do século XXI, além de enfrentar todas as mudanças biológicas e psicológicas inerentes ao processo do adolescer, tem que se deparar e buscar processar psiquicamente uma gama de exigências que estão carregadas de especificidades próprias da cultura atual.” (MACEDO; GOBBI; WASCHBURGER, 2004) Alimentação na adolescência A alimentação é um aspecto tão importante na adolescência quanto na infância: • Contribui para criar e manter bons hábitos alimentares para toda a vida, • Satisfaz as necessidades nutricionais, propiciando peso e desenvolvimento adequados de massa óssea e muscular, intensos nesse período. Transtornos Alimentares • Mais comuns em sociedades desenvolvidas • Mulheres (90%) jovens (14 a 18a) • Prevalência: 1 a 3% em adolescentes e adultos jovens • Alta taxa de mortalidade (12 X maior que em mulheres jovens na população normal da mesma faixa etária e 2X maior que em outros transtornos psiquiátricos) pelas complicações clínicas associadas • Prognóstico ruim. Índices de cronificação, recaídas são altos Transtornos Alimentares • A inadequação de dietas é mais comum entre adolescentes do que em qualquer outro segmento da população. • Fatores sociais, influências sócio-culturais, pressões da mídia e a busca incessante por um padrão de corpo ideal associado às realizações e felicidade estão entre as causas das alterações da percepção da imagem corporal. Transtornos Alimentares • Em alguns casos, devido à preocupação excessiva com o tamanho e a aparência física, este processo pode se tornar patológico, manifestando-se sob a forma de transtornos psiquiátricos que levam ao excesso (obesidade, compulsão alimentar) ou o déficit nutricional (como a bulimia e a anorexia) Transtornos Alimentares • O adolescente pode mudar seus hábitos alimentares devido à influência dos amigos , para contrariar os pais, pelo aumento do poder de compra, pela influência da mídia, etc. • Um comportamento preocupante é a “mania” de fazer “regimes” de restrição alimentar, existente especialmente entre as adolescentes do sexo feminino. Consequências... • Pode acarretar carências nutricionais. • Nutrientes importantes acabam sendo consumidos abaixo das necessidades. Ex: o ferro, cálcio, vitaminas, e até o consumo energético pode ficar comprometido, prejudicando o desenvolvimento. • Além disso, essas “manias” de “regimes” de restrição alimentar podem ser o início de problemas mais graves, devidos à baixa auto-aceitação do adolescente, como anorexia e bulimia nervosa. Políticas Públicas • Política Nacional de Alimentação e Nutrição – PNAN (1999) • Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional : SISVAN (1990) • Política Nacional de Promoção da Saúde (2006) - NASF’s - Programa Saúde na Escola – PSE - Programa Peso Saudável Bulimia e Anorexia Bulimia e Anorexia • Manifestações que fazem parte das ditas patologias contemporâneas. • Estão vinculados a uma escassez da capacidade de simbolização e de elaboração psíquica. (LEMOS, 2005) O desenvolvimento infantil • Papel da mãe: além dos cuidados com a amamentação. • Ligação e simbolização : mãe – filho • Deslocamento para o próprio corpo daquilo que, de forma passiva (criança sofreu por parte dos pais e em especial da mãe) = saber de que maneira as experiências da futura anoréxica com a mãe foram marcadas pelo investimento narcísico e ambivalente desta • Haveria uma relação íntima entre o sofrimento e o gozo. O desenvolvimento infantil • Impossibilidade do eu confrontar-se com a necessária ressignificação do narcisismo imposto pelo reconhecimento da castração • A comida : um objeto de dependência em uma organização psíquica na qual o objeto é mantido no externo, protegendo assim o sujeito de se deparar com seu vazio e desamparo interno. • Os transtornos alimentares representam uma modalidade de padecimento psíquico O desenvolvimento infantil “ É apenas por meio dos cuidados e do investimento libidinal de um outro, que o ego do infante irá se constituir e passar a um estádio de maior organização, ou seja, da fase autoerótica ao narcisismo.” Gaspar (2010) Anorexia Anorexia • Anorexia Nervosa – do grego “an” (ausência) “orexis” (apetite), podendo significar aversão à comida, enjôo ou inapetência • Preocupação exagerada com o peso corporal, que pode levar a problemas psiquiátricos graves • Ao olhar-se ao espelho, a pessoa vê-se de uma forma distorcida • A pessoa deixa praticamente de comer, isto é, apesar destas pessoas estarem extremamente magras, vêem-se obesas e usam roupas largas, e com medo de engordar ainda mais, jejuam e vomitam, usam laxantes e diuréticos. Anorexia • Perda de peso sem causa médica aparente, • Redução da quantidade de alimentos ingeridos, têm comportamentos ritualizados à refeição (separam toda a comida no prato), • Não assumem a fome, • Tornam-se mais críticos e menos tolerantes, • Praticam exercício físico exageradamente, • Só comem produtos magros ou de baixo valor calórico, • Acham-se sempre gordos e possuem um extremo autocontrole Anorexia • Ilusão de completude, onipotência e de autossuficiência, como se ela mesmo se bastasse e não precisasse de alimento. • “a anoréxica anseia pela fusão narcisista com um ideal com o qual alcançaria a perfeição, a completude, a eternidade, a eliminação de todas as falhas e diferenças” Scazufca e Berlinck (2004) Bulimia • Normalmente aparece depois da anorexia, ou seja, a bulimia é resultante muitas vezes da anorexia. • Consiste em não conseguir deixar de comer determinadas coisas, principalmente alimentos bastante calóricos, mas ter medo de engordar. • Estas pessoas ingerem estes alimentos e vomitando- os logo a seguir, ficando com o desejo realizado. Bulimia • Apresenta desculpas para ir a casa de banho depois das refeições, • Grande variação de humor, • Comem freqüentemente de forma exagerada e compulsiva. • A bulimia estaria mais próxima da neurose, uma vez que, no ato de vomitar, seria demonstrada uma vivência de culpa. Scazufca e Berlinck (2004) Atendimento Atuação da Enfermagem Enfermagem na prevenção da anorexia nervosa • Levar em consideração que a adolescente tem dificuldade em dizer o que está sentindo ou pensando, portanto, será importante acomunicação extraverbal. • Atuar com conjunto com a família • Avaliação de enfermagem completa, incluindo exames biológicos, psicológicos e socioculturais completos • Importante que o profissional auxilie os familiares a criar habilidades para assistir o paciente, dar apoio e impor limites ao mesmo, quando necessário. Enfermagem na prevenção da anorexia nervosa • Incluir familiares na avaliação e no processo de planejamento do tratamento, assim como é necessário avaliar a família como sistema e o impacto do transtorno alimentar, além de iniciar terapia de grupo para mobilizar o apoio social e reforçar respostas adaptadas. • Articulação interinstitucional, da interdisciplinaridade, da instrumentalidade de ações de capacitação e mobilização para a construção de práticas emancipatórias e da transversalidade do compromisso com a promoção à saúde do adolescente nos inúmeros espaços de atuação Referências • BIRMAN. J. Mal-estar na atualidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999. • BLOS, P. Adolescência: uma Interpretação Psicanalítica. São Paulo: Martins Fontes, 1998. • BRUSSET, B. Anorexia mental e bulimia do ponto de vista de sua gênese. In: URRIBARRI, R. (Org). Anorexia e bulimia. São Paulo: Escuta, 1999, p. 51-60. • MACEDO, M. M. K.; GOBBI, A. S.; WASCHBURGER, E. M. P. O corpo na adolescência: território de enlaces e desenlaces. In: MACEDO, M. M. K. (Org.). Adolescência e Psicanálise: intersecções possíveis. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2004, p. 85- 111. • SCAZUFCA, A. C. M.; BERLINCK, M. T. Sobre o tratamento psicoterapêutico da anorexia e da bulimia. In: CARDOSO, M. R. (Org.). Limites. São Paulo: Escuta, 2004, p. 89-106
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