Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

Prévia do material em texto

UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA
Curso: História
PROST, ANTOINE. Doze lições sobre história; Capítulo V; Tradução: Guilherme 
João de Freitas – Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2008.
Antoine Prost é um historiador francês dedicado, de modo geral, aos
estudos da sociedade francesa no século XX, abordando as variáveis: grupos
sociais, mentalidades e instituições. Doutor em ciências sociais e história ele possui
diversos trabalhos sobre a história da educação e do trabalho. O livro Doze lições
sobre história revela conceitos e técnicas da história e do historiador, sob a
perspectiva do autor.
A história, em sua essência, tem características semelhantes à sociologia.
Ambas estudam o homem na sociedade, bem como, sua cultura, política e afins.
Porém, um fator importante que distingue as duas ciências, e se não for levado em
conta existirá o equívoco, é o tempo. A sociologia estuda o homem de forma
atemporal, pois o objeto de estudo é exclusivamente o comportamento do homem
na sociedade. Em contrapartida, a história vai além, estuda o homem de acordo com
o tempo. Dessa maneira, a história se caracteriza pelo aspecto dimensional
diacrônico, ou seja, necessita da evolução do tempo para a compreensão, enquanto
a sociologia é sincrônica. Entretanto, segundo Antoine, o tempo da história não é o
tempo do relógio que se divide em milimétricas unidades iguais; ele é condicional a
cada situação. O tempo social, por exemplo, é um tempo referencial de uma
sociedade e consequentemente não pode ser usado como base temporal para
outros grupos sociais. Por outro lado, é importante que se tenha um tempo unificado
para que haja coerência nos acontecimentos narrados. Essa unificação dá-se a
partir da era cristã em que o nascimento de Cristo inicia uma nova maneira de
contagem do tempo. A expansão desse tempo ocorre através dos impérios coloniais,
já no século XI, resultando na mudança de entendimento do tempo circular para uma
forma linear com datas descritas antes de Cristo (a.C.) e depois de Cristo (d.C). Para
a construção da história universal e permitir uma harmonização entre os calendários
romano e judaico, foi preciso inserir na era Cristã os diversos tempos cíclicos que
até então eram representados por reinados, impérios e eras. Na nova era os cristãos
acreditavam que o fim do mundo era também o único fim do tempo, e que Deus era
o comandante do tempo. 
Com o Renascimento e o Humanismo a visão do tempo também passou por
modificações, pois, ao contrário da cristandade, o tempo nunca se repete e cada
momento é único. Além disso, dividiram o tempo em períodos, na qual a Antiguidade
era, por excelência, um modelo destruído pela chamada Idade Média. A princípio a
modernidade queria recuperar o nível da antiguidade e mais tarde no século XVI
ultrapassá-lo. A história é o passear entre o presente e os diversos tempos do
passado, em que o historiador busca referências e cria uma estrutura, excluindo a
teleologia da sua narrativa, além de conseguir fazer previsões baseadas no presente
e passado. Prost diz que a história e a memória estão em posições opostas, uma
vez que a memória busca reviver e traz consigo uma carga afetiva, enquanto a
história objetiva, ao contrário de reviver, compreender.
Quanto ao trabalho do historiador, o autor divide em cronologia e
periodização. A ordem cronológica deve ser cuidadosamente desenvolvida e
detalhada. A periodização, por sua vez, são os recortes da história em períodos, e
sobretudo a identificação de rupturas e continuidade. O autor expõe as vantagens e
desvantagens da divisão da história em períodos; sendo vantajoso, por exemplo, o
acesso às fontes escritas, os gêneros de documentações e os lugares, de um
determinado período. Uma das desvantagens é a generalização dos elementos em
um único período sendo que nem todos seguem o mesmo padrão evolutivo. 
De acordo com o autor, o tempo é o grande personagem da história; tudo
deve estar de acordo com ele e respeitar os seus critérios. Para fazer história, é
preciso colocá-lo em ordem, classificá-lo cronologicamente e estruturá-lo em
períodos. Assim como Paul Veyne coloca o homem como o protagonista da narrativa
histórica 1, Antoine Prost define o tempo como o ator principal da história. 
1 Paul Veyne (historiador e arqueólogo francês) no livro Como se escreve a história, 1998, capítulo 1. Em
resposta ao questionamento: o que faz realmente um historiador? “Os historiadores narram fatos reais que
têm o homem como ator”.

Mais conteúdos dessa disciplina