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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS ECN 052 – História do Pensamento Econômico Nome: Conrado Pereira Neison Gonçalves Luan Carlos Mateus Ferreira Willian S. Jevons e Léon Walras: O Caráter e a Natureza no Estudo da Economia Para William Stanley Jevons (1835-82) o conjunto formador da Economia Política como ciência seria a inter-relação metodologicamente estatística entre conceitos aparentemente simples como a utilidade, a riqueza, o valor, a mercadoria, o trabalho, a terra e o capital. A natureza e o caráter do estudo da economia poderia ser considerado como fundamentalmente atrelado ao estudo das ciências físicas, geométricas e estatísticas (embora destacasse as limitações da aplicação desta última na economia devido à própria carência de dados e compreensões a respeito das relações comerciais da época) tomando quase como certa, a certeza de que Economia é uma ciência exata. Admitindo o uso pleno do Utilitarismo formulado por Jeremy Bentham relaciona todo seu arcabouço teórico a partir de métodos herméticos, que embora inexatos, poderiam ser aproximados pela observação, dedução e indução de fatos formadores de hipóteses que poderiam ou não corroborar um resultado esperado. Na Ciência da Economia Política, para Jevons, as conclusões, por carência de exatidão como nas ciências naturais, tenderiam a possuir mais uma base dedutiva, ainda que fosse indutiva de maneira geral. Mas o eixo central da análise de Jevons em sua obra intitulada “A Teoria da Economia Política” (1871) em relação ao caráter e à natureza do estudo econômico é, nas palavras de Jevons, “a mecânica da utilidade e do interesse individual” (p.37) onde deveriam ser tentadas análises quantitativas de sentimentos e onde os impulsos promotores do dinamismo econômico e social (oferta e demanda) partiriam sempre, e jamais de outra forma, da necessidade dos indivíduos em maximizar o prazer e diminuir o sofrimento. Sendo seu trabalho absoluta e inteiramente baseado no “cálculo do prazer e do sofrimento” (p 38) desenvolvido nos capítulos posteriores como Utilidade Total e Utilidade Marginal. Em termos gerais, o que é fundamental na concepção metodológica a respeito da ciência econômica em Jevons é que ele demarca uma ruptura da percepção da ciência econômica que passa a ser percebida de forma condicionada a aspectos filosóficos como a ética. História e política não são questões relevantes para compreensão da economia já que ela pode ser tratada como ciência assim como a física e matemática. É isso que Jevons defende e há uma importância muito grande nesse argumento. Isso não significa que Jevons não leva em conta outros aspectos. Ele está interessado em entender qual é a natureza psicológica do homem, mas está interessado em entender isso de maneira quantificada e lógica. Nesse sentido ele leva várias ideias sobre a natureza humana de autores diferentes, mas caminha em uma direção parecida com a de William Petty em que qualquer coisa poderia ser expressa em números através da linguagem matemática. Marie-Ésprit Léon Walras (1834-1910) esteve de alguma maneira preocupado em discutir se a economia é uma ciência moral ou uma ciência natural. Na seção II de seu texto Walrás cuida mais da parte analítica e na seção I dá dimensões mais amplas utilizadas para que haja uma colocação de um arcabouço de ideias. As ideias de Walrás foram colocadas em perspectiva com a economia clássica tomando como base a tradição francesa. O problema geral está em discutir a economia natural e a economia moral e chegar em conclusões a respeito disso. Walrás trata também sobre a produção. A análise do equilíbrio geral foi pensada sobre o preço dos fatores de produção. A teoria do valor adquire aspectos mais complexos. Fazendo isso, Walrás não tem uma análise bem-sucedida sobre a teoria da produção, mas suas ideias foram desenvolvidas por outros autores. Walrás propõe uma teoria moderna da produtividade marginal tratando de custos de substituição. Isso serve para pensarmos também em outro autor chamado Marshall. A doutrina da utilidade marginal para Walrás vai se ramificar em duas parte. Em 1874 ele publica textos sobre a troca e em 1877 textos sobre a produção. Compreender a sua trajetória é complexo, pois é necessário fazer um estudo da tradição francesa. Ele utiliza as ideias de outros autores como Jean Baptiste Say. A ideia de equilíbrio é muito importante para Walrás e para a escola francesa. Outra ideia importante é a da utilidade como fundamento do valor que está na obra de Walrás. Além disso, na obra desse autor temos a importância da figura do empresário que vem das discussões feitas pelas teorias francesas. O empresário não está tão presente em Jevons e Menger apesar desse último fazer algumas colocações a respeito. Para falarmos de Walrás temos que pensar também na tradição francesa. Em relação caráter do método adequado ao estudo da economia, Walras inicia o seu texto querendo com a definição de ciência, do seu caráter e do seu objetivo. Porém, antes, esboça primeiramente uma definição sobre Economia Política. Citando e refutando o método de Adam Smith e sua concepção sobre do que é a Economia Política, dizendo que é uma definição incompleta. Logo depois cita Jean-Baptiste Say, mas diz que é inexata. Walras está em busca da verdadeira ciência natural e para isso ele vai definir ciência, arte e a moral. Primeiramente, para Walras a ciência observa e explica os fatos que podem ser naturais, ou seja, ciência pura, científica (de fenômenos independentes da vontade humana) e os fatos humanitários que se subdividem em industriais e morais (como a propriedade e suas relações de troca). Essa moral é uma relação entre as pessoas, sobre o papel de cada uma e qual será sua posição na sociedade. Ele julga a ciência, a arte e a moral, como, respectivamente, verdadeira, útil, e a justa (no sentido jurídico, seja institucionalizado ou não). Na análise de Walras riqueza relaciona-se com a escassez, e esta, por último, tem uma utilidade e um limite quantitativo. Uma coisa só tem utilidade se tiver uma finalidade qualquer que possa suprir uma necessidade ou satisfação. Mas certos objetos, certas coisas são ilimitadas, sem um prazo para sê-lo, porém sendo bastante útil (por exemplo, o ar, que é bastante útil porém é ilimitado). Segundo o autor: “ Isso quer dizer que a raridade é a relação entre a utilidade e a quantidade, ou a utilidade contida na unidade de quantidade. ” (p.20). Posteriormente, Walras faz uma relação: a indústria diz respeito apenas à riqueza social. Nos fatos naturais, que é entre “coisas” e “coisas”, existe um valor de troca, uma grandeza avaliável, como por exemplo o dinheiro e os metais raros (coisas por coisas, sem utilidade intrínseca nas mesmas), o valor aumenta com a escassez, como dito anteriormente, e não a sua riqueza. Já nos fatos humanitários industriais, o que é estudado é a própria indústria (coisas naturais em coisas úteis), como o próprio nome diz. E nos fatos humanitários morais é a propriedade (troca entre coisas utilizáveis). Existia, nos clássicos, uma necessidade de definir riqueza pelo seu valor de troca para que a economia política pura pudesse restringir a teoria da riqueza social. Walras critica o uso dessa linguagem para ciência econômica. Ele vai utilizar e defender uma linguagem hermeticamente matemática, aproximando as suas análises sobre economia à um método racional que de acordo com suas concepções “ constroem,a priori, todos os andaimes de seus teoremas e de suas demonstrações.” [...] “ A Economia Política Pura deve tomar da experiência tipos de troca, de oferta [...]. Desses tipos reais deve abstrair, por definição, tipos ideais e raciocinar sobre estes últimos[...]. Teremos assim, em um mercado ideal, preços ideias[...]. ” (p.51) Walrás está entre Jevons e Menger e próximo de ambos pois ele, assim como Jevons, se baseia pesadamente na matemática tornando-a a base para sua discussão. Além disso, assim como também Jevons o fez, Walrás se baseia no hedonismo. Jevons diz de prazer e sofrimento. Walrás não utiliza os mesmos termos, mas se baseia neles em sua obra. Em relação a Menger, Walrás consegue evitar os erros que Jevons fez no sentido de traduzir muito diretamente valores subjetivos de um bem em um mercado competitivo. O preço não é um indicativo tão direto dos valores subjetivos de um bem para Walrás. Para Jevons o preço tem uma conexão direta com valores subjetivos. Walrás tem mais cuidado com relação aos preços assim como Menger o fez. Walrás trata de numerário em seu texto, ou seja, uma unidade de conta e não trata de uma mercadoria específica. O dinheiro seria uma mercadoria, seja ele de papel ou ouro. A formação de preços se dá entre uma mercadoria e outra. Não existe uma mercadoria neutra já que poderia haver demanda sobre o dinheiro. Walrás reconhece isso e usa o expediente para contornar o problema. O problema do preço é, ao mesmo tempo, refletir sobre o problema do dinheiro na economia. Willian S. Jevons, Carl Menger e Léon Walras: O Conceito de Utilidade Segundo Jevons, a utilidade marginal seria a única forma possível de se dar caráter científico a economia. Ele definia ainda que todo valor dependia da utilidade e nada mais. Com isso, valor significava troca ou preço, rejeitando a ideia do valor ser proveniente do trabalho, dizendo assim que a teoria da utilidade poderia se tornar teoria dos preços, ambos chegando a uma ideia de equilíbrio. Dito isto, Jevons definiu Utilidade Marginal como o máximo de satisfação ao consumir um bem. Menger, diferentemente de Jevons, diferencia valor de uso e valor de troca. Para ele, um bem ter valor de troca necessariamente precisa ter valor de uso, mas, o contrário não é verdadeiro. Isso define a utilidade (valor de uso). Os preços para Menger são definidos pela oferta e demanda. Quando um produto for utilizado para consumo, será um bem e terá apenas valor de uso. Quando esse produto for para o comercio, será uma mercadoria e terá valor de uso e de troca. Ele distingue ainda bens de ordem inferior (utilizados na produção) e bens de ordem superior (utilizados no consumo final). De acordo com Walras, coisas que tem utilidade e raridade, são: apropriáveis, valiosas, permutáveis e multiplicáveis industrialmente. O valor de troca está associado à riqueza social e é determinado pela raridade da mercadoria. Isso implica dizer que, a relação que cada autor dava entre Utilidade e Preços ou Valor de Troca, era diferente. Para Jevons a Utilidade era único fator determinante dos preços. Para Menger a utilidade era necessária para existir valor de troca, mas esse era definido por oferta e demanda. Já para Walras, o que definia isso era a raridade. Belo Horizonte, 03 de novembro de 2016
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