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10. defeito do negócio jurídico

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8.3.6. DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO
No sentido mencionado na lei, defeito significa vício na manifestação do consentimento ou um vício social, fazendo com que o negócio jurídico se torne anulável. 
Espécies:
a) ERRO OU IGNORÂNCIA
É a falsa ideia da realidade. O agente engana-se sozinho. Deve ser substancial,
escusável e real. O erro pode ser:
a.1.) substancial ou essencial: é aquele que recai sobre as circunstâncias e aspectos relevantes do negócio jurídico. Há de ser a causa determinante, ou seja, se conhecida a realidade, o negócio não seria celebrado (art. 139, CC). O erro essencial pode ser classificado em:
a.1.1) erro sobre a natureza do negócio (error in negotio): uma das partes manifesta a sua vontade
pretendendo e supondo celebrar determinado negócio jurídico e, na verdade, realiza outro diferente.
a.1.2) erro sobre o objeto principal da declaração (error in corpore): erro sobre a identidade do objeto. A manifestação de vontade recai sobre objeto diverso daquele que a parte tinha em mente.
a.1.3) erro sobre algumas da qualidades essenciais do objeto principal (error in qualitae): o motivo determinante do negócio é a suposição de que o objeto possui determinada qualidade que, posteriormente, verifica-se não possuir.
a.1.4) erro quanto à identidade ou à qualidade da pessoa (error in persona) (art. 139, II, 2ª parte, CC).
a.1.5) erro de direito (error juris): falso conhecimento, ignorância ou interpretação errônea da norma jurídica.
a.2) acidental: refere-se a circunstâncias secundárias, ou de menos importância. Isto é, se conhecida a realidade, mesmo assim, o negócio seria celebrado.
a.3) falso motivo: erro sobre os motivos. O motivo do negócio, isto é, as razões psicológicas que levam a pessoa a realizá-lo não precisam ser mencionadas pelas partes. São as ideias, as causas subjetivas, interiores, consideradas acidentais e sem relevância para o negócio jurídico. Assim, o falso motivo somente vicia a manifestação de vontade quando expresso como razão determinante (art. 140, CC).
a.4) transmissão errônea da vontade: neste caso, o negócio jurídico será anulado nas mesmas hipóteses em que a manifestação da vontade também o é (art. 141, CC).
a.5) convalescimento do erro: princípio da conservação dos negócios jurídicos – o erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da vontade real do manifestante (art. 144, CC).
b) DOLO
É o artifício ou expediente astucioso empregado para induzir alguém a praticar um ato que o prejudique e aproveite ao autor do dolo ou terceiro. Consiste em manobras maliciosas levadas a efeito por uma das partes a fim de conseguir da outra uma emissão de vontade que lhe traga proveito ou a terceiro (PEREIRA, p. 332). Espécies de dolo:
b.1) principal(como causa determinante da declaração de vontade vicia o negócio jurídico – art. 145, CC) e acidental (quando a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo – art. 146, CC).
b.2) dolus bonus (tolerável; não possui gravidade suficiente para viciar a manifestação de vontade) e dolus mallus(intolerável; tem o fim de ludibriar).
b.3) positivo(comissivo; ações maliciosas) e negativo(omissivo; comportamentos maliciosos).
b.4) dolo de terceiro (somente anula o ato se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento – art. 148, CC).
b.5) da própria parte (de quem efetivamente declarou a sua vontade) ou do representante (só obriga o representado até a importância do proveito que teve. Contudo, no caso de representante convencional ou voluntário, a responsabilidade de ambos é solidária – art. 149, CC).
b.6) unilateral(exercido por apenas uma das partes) e bilateral(exercido por todas as partes envolvidas na relação jurídica – art. 150, CC).
b.7) dolo de aproveitamento (a parte se aproveita de situação de premente necessidade ou da inexperiência da outra para auferir lucros exagerados, manifestamente desproporcionais à natureza do negócio jurídico – art. 157, CC).
c) COAÇÃO
Ameaça ou pressão injusta exercida sobre um indivíduo para forçá-lo, contra a sua vontade, a praticar um ato ou realizar um negócio. O que caracteriza a coação é o emprego de violência psicológica para viciar a vontade da parte.
c.1) Espécies
c.1.1) absoluta ou física (vis absoluta)e relativa ou moral (vis compulsiva).
c.1.2) principal(causa determinante do negócio) e acidental(refere-se às condições da avença; sem ela o negócio se realiza, mas em condições menos desfavoráveis à vítima. Acarreta na obrigação de reparar o dano e não causa a anulação do negócio jurídico).
c.2) Requisitos: deve ser a causa determinante do ato, injusta, grave, dizer respeito a dano atual ou iminente e constituir ameaça de prejuízo à pessoa ou seus bens (a vítima ou sua família)(art. 151, CC).
c.3) Coação exercida por terceiros: responde solidariamente por perdas e danos (art. 154, CC).
d) ESTADO DE PERIGO
Situação de extrema necessidade que conduz uma pessoa a celebrar negócio jurídico em que assume obrigação desproporcional e excessiva (art. 156, CC).
d.1) Requisitos:
d.1.1) situação de extrema necessidade.
d.1.2) Iminência de dano atual ou grave.
d.1.3) Nexo de causalidade entre a declaração e o perigo de grave dano.
d.1.4) A ameaça do dano recai sobre a própria vítima ou pessoa de sua família.
d.1.5) Conhecimento do perigo pela parte contrária.
d.1.6) Assunção de obrigação excessivamente onerosa.
e) LESÃO
É o prejuízo resultante da enorme desproporção existente entre as prestações de um contrato no momento de sua celebração, determinada por premente necessidade ou inexperiência de uma das partes. Acarreta na ruptura do equilíbrio contratual na fase de formação do negócio (art. 157, CC).
f) FRAUDE CONTRA CREDORES
Este instituto, no atual diploma civil, é o único que se caracteriza como sendo um vício social (ao lado da simulação, conforme se demonstrará a seguir), enquanto os demais apresentados acima são vícios de consentimento. Na fraude contra credores a vontade é manifestada com a intenção de prejudicar terceiros (art. 158, CC). Com isso, o devedor desfalca o seu patrimônio para se tornar insolvente, com o intuito e prejudicar os seus credores (GONÇALVES, p. 349).
8.1.4. INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO
Trata-se dos negócios jurídicos que não produzem efeitos os desejados pelas partes, ensejando a sua nulidade ou anulabilidade, de acordo com a gravidade da mácula que possuem.
a) Negócios jurídicos nulos ou nulidade: “é a sanção imposta pela lei aos negócios jurídicos realizados sem a observância dos requisitos essenciais, impedindo-os de produzir os efeitos que lhes são próprios.” (GONÇALVES, p. 350). A nulidade está relacionada com a desobediência a comandos de ordem pública. Observa-se que ela não pode ser sanada pela confirmação ou validada, (art. 169, CC), nem suprida pelo juiz. Assim, ela deve ser pronunciada de ofício pelo juiz (art. 168, § ún., CC), e seus efeitos são extunc. Pode ser alegada por qualquer interessado, em nome próprio, inclusive pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir (art. 168, CC). Desta forma, os negócios jurídicos nulos acabam por não produzir nenhum efeito. a.1) Hipóteses de nulidade: art. 166 e 167, CC.
a.2) Conversão do negócio jurídico nulo: se tal espécie contiver os requisitos de outro, subsistirá este quanto ao fim a que visavam as partes. Assim, permite supor que o teriam querido se houvessem previsto a nulidade (art. 170, CC). Isto significa que, “observados certos requisitos, se transforme um negócio jurídico, em princípio nulo, em outro, para propiciar a consecução do resultado prático que as partes visavam com ele alcançar. Assim, por exemplo, poder-se-á transformar um contrato de compra e venda, nulo por defeito de forma, em compromisso de compra e venda ou a aceitação intempestiva em proposta.” (GONÇALVES, p. 357).
b) Negócios jurídicos anuláveis ouanulabilidade: é a sanção imposta pela lei aos negócios jurídicos realizados com ofensa aos interesses particulares de pessoas que o legislador pretendeu proteger. O negócio jurídico anulável pode ser considerado válido (art. 172, CC) se o interessado se conformar com os seus defeitos e não o atacar nos prazos legais ou os convalidar (GONÇALVES, p. 353). Por esta razão, a anulabilidade pode ser suprida pelo juiz, a requerimento das partes (art. 168, § ún., CC), não podendo ser pronunciada de ofício, devendo necessariamente ser alegada pela parte prejudicada (art. 177, CC) e antes de julgada por sentença. Assim, o seu efeito é ex nunc. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleiteá-la, este será de dois anos, a contar da data da conclusão do ato (art. 179, CC).
b.1) Hipóteses de anulabilidade: art. 171, CC.
c) Simulação: é uma declaração falsa da verdade, visando aparentar negócio jurídico diverso do efetivamente desejado pelas partes. Trata-se de um vício social, pois objetiva ludibriar terceiros ou violar a lei (art. 167, CC).
c.1) Hipóteses de simulação: art. 167, CC.

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