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Renata Valadão Bittar – Medicina Unit / P6 1 Resumão de Patologia – UC 17 TROMBOSE VENOSA E TROMBOEMBOLISMO PULMONAR A hemostasia normal consiste em uma série de processos regulados que mantêm o sangue em estado fluido, sem coágulos, nos vasos normais, formando ao mesmo tempo e rapidamente um tampão hemostático, localizado no sítio de lesão vascular. A contraparte patológica da hemostasia é a trombose, a formação de coágulo sanguíneo (trombo) dentro de vasos intactos. Tanto a hemostasia como a trombose envolvem três elementos: parede vascular, plaquetas e cascata de coagulação. A, Após lesão vascular, fatores neuro-humorais locais induzem vasoconstrição transitória. B, Plaquetas ligam os receptores de glicoproteína Ib (GpIb) ao fator de von Willebrand (fvW) na matriz extracelular (MEC) exposta e são ativadas, sofrendo alteração de forma e liberação de grânulos. A adenosina difosfato liberada (ADP) e o tromboxano A2 (TxA2) induzem a agregação plaquetária adicional pela ligação de receptores Gp IIb-IIIa ao fibrinogênio. Essa agregação plaquetária preenche o defeito vascular, formando o tampão hemostático primário. C, Ativação local da cascata de coagulação (envolvendo fator tecidual e fosfolipídeos plaquetários) resulta na polimerização de fibrina, “cimentando” as plaquetas em um tampão hemostático secundário, que é maior e mais estável que o tampão primário e contém hemácias e leucócitos capturados. D, Mecanismos contrarregulatórios, como liberação de t-PA (ativador de plasminogênio tecidual, um produto fibrinolítico) e trombomodulina (que interfere na cascata de coagulação), limitam o processo hemostático ao local da lesão. Renata Valadão Bittar – Medicina Unit / P6 2 Trombose é o processo patológico caracterizado pela solidificação do sangue dentro dos vasos ou do coração, em indivíduo vivo. Trombo é a massa sólida formada pela coagulação do sangue. Coágulo, por outro lado, significa massa não estruturada de sangue fora dos vasos ou do coração (p. ex., sangramento dentro da cavidade peritoneal) ou formada por coagulação após a morte (com a parada da circulação, o sangue tende a coagular-se no interior do coração e dos vasos). Os trombos podem ser venosos ou arteriais. Os venosos são formados primariamente por hemácias presas em uma rede de fibrina, além de algumas plaquetas, e formam-se em áreas de estase após ativação do sistema de coagulação. Os trombos arterias contêm principalmente plaquetas, possuem relativamente pouca fibrina e formam-se em locais com lesão endotelial e fluxo sanguíneo de alta velocidade. Renata Valadão Bittar – Medicina Unit / P6 3 Trombose resulta de ativação patológica do processo normal da coagulação sanguínea, que pode ocorrer quando existe: ( 1) lesão endotelial, fator que sozinho pode iniciar a trombose; (2) alteração do fluxo sanguíneo; (3) hipercoagulabilidade do sangue (considerada a clássica tríade de Virchow). Lesão Endotelial A lesão endotelial é uma causa importante de trombose, particularmente no coração e nas artérias, onde as altas taxas de fluxo poderiam, por outro lado, prevenir a coagulação impedindo a adesão plaquetária ou diluindo os fatores de coagulação. São exemplos de trombose relacionada a dano endotelial: a formação de trombos nas câmaras cardíacas após infarto do miocárdio, sobre placas ulceradas em artérias ateroscleróticas ou em locais de lesão vascular traumática ou inflamatória (vasculite). A franca perda de endotélio expõe a MEC subendotelial (levando à adesão plaquetária), libera fator tecidual e reduz a produção local de PGI2 e de ativadores de plasminogênio. Note-se, porém, que o endotélio não precisa ser desnudado ou rompido fisicamente para contribuir para o desenvolvimento de trombose; qualquer perturbação do equilíbrio dinâmico dos efeitos protrombóticos do endotélio pode influenciar localmente a coagulação. Assim, o endotélio disfuncional elabora maiores quantidades de fatores pró-coagulantes (p. ex., moléculas de adesão plaquetária, fator tecidual, PAI) e sintetiza menores quantidades de moléculas anticoagulantes (p. ex., trombomodulina, PGI2, t-PA). A disfunção endotelial pode ser induzida por uma variedade de agressões, incluindo hipertensão, fluxo sanguíneo turbulento, produtos bacterianos, lesão por radiação, anormalidades metabólicas, como homocistinúria e hipercolesterolemia, e por toxinas absorvidas da fumaça de cigarro. Fluxo Sanguíneo Anormal A turbulência contribui para trombose arterial e cardíaca por causar lesão ou disfunção endotelial, e também por formar contracorrentes e bolsas locais de estase. A estase é um fator importante no desenvolvimento de trombos venosos. Sob condições normais de fluxo sanguíneo laminar normal, plaquetas (e outras células sanguíneas) são encontradas principalmente no centro do lúmen do vaso, separadas do endotélio por uma camada plasmática em movimento lento. Em contrapartida, estase e fluxo sanguíneo turbulento (caótico) têm os seguintes efeitos deletérios: • Ambos promovem a ativação das células endoteliais e au- mentam a atividade pró-coagulante, em parte por meio de alterações induzidas pelo fluxo na expressão genética endotelial. • A estase permite que plaquetas e leucócitos entrem em contato com o endotélio quando o fluxo é lento. • A estase também torna lenta a eliminação dos fatores de coagulação ativados e impede o influxo de inibidores de fator de coagulação. O fluxo sanguíneo turbulento e estático contribui para a trombose em uma série de quadros clínicos. Placas ateroscleróticas ulceradas não apenas expõem a MEC subendotelial, mas também causam turbulência. Dilatações aórticas e arteriais anormais, chamadas aneurismas, criam estase local e, consequentemente, um local fértil para trombose (Capítulo 9). O infarto agudo do miocárdio resulta em não contração focal do miocárdio. O remodelamento ventricular após infarto mais remoto pode levar à formação de um aneurisma. Em ambos os casos, os trombos murais cardíacos formam-se mais facilmente em decorrência de estase sanguínea local (Capítulo 10). A estenose da valva mitral (p. ex., após doença cardíaca reumática) resulta em dilatação atrial. Em conjunto com a fibrilação atrial, um átrio dilatado é um local de estase profunda, bem como uma localização primária para o desenvolvimento de trombos. As síndromes de hiperviscosidade (como policitemia) (Capítulo 11) aumentam a resistência ao fluxo e causam estase dos pequenos vasos; as hemácias deformadas da anemia falciforme (Capítulo 11) causam oclusões vasculares, e a estase resultante também predispõe à trombose. Hipercoagulabilidade É infrequente a contribuição da hipercoagulabilidade para a trombose arterial ou intracardíaca, mas é um importante fator de risco subjacente para trombose venosa. É definida livremente como qualquer alteração das vias de coagulação que predisponha as pessoas afetadas à trombose, e pode ser dividida em desordens primárias (genéticas) e secundárias (adquiridas) (Tabela 3-2). A hipercoagulabilidade primária (herdada) com mais frequência é causada por mutações no fator V e nos genes da protrombina: • Aproximadamente 2-15% dos brancos são portadores de uma mutação específica do fator V (chamada mutação de Leiden, segundo a cidade holandesa onde foi descrita pela primeira vez). A mutação altera um resíduo de aminoácido no fator V e o torna resistente à proteína C. Assim é perdido Renata Valadão Bittar – Medicina Unit / P6 4 um importante mecanismo antitrombótico.Os heterozigotos são portadores de um risco cinco vezes maior de trombose venosa, tendo os homozigotos um risco 50 vezes maior. • A substituição de um único nucleotídeo (G para A) na região não traduzida 39 do gene da protrombina é um alelo bas- tante comum (encontrado em 1-2% da população geral). Essa variante resulta em aumento da transcrição de protrombina e está associada a um risco quase três vezes maior de tromboses venosas. • Os estados hipercoaguláveis primários menos comuns in- cluem deficiências herdadas de anticoagulantes, como anti- trombina III, proteína C ou proteína S; os pacientes afetados tipicamente apresentam trombose venosa e tromboembolis- mo recorrente na adolescência ou no início da vida adulta. Os trombos são significativos por causarem obstrução de artérias e veias podendo dar origem a êmbolos. O efeito de maior importância clínica dependerá do local da trombose. Assim, embora os trombos venosos possam causar congestão e edema nos leitos vasculares distais a uma obstrução, eles são mais preocupantes por seu potencial para embolizar para os pulmões e causar óbito. Por outro lado, embora os trombos arteriais possam embolizar e causar infarto tecidual, sua tendência a obstruir os vasos (p. ex., nos vasos coronarianos e cerebrais) é consideravelmente mais importante. Trombose Venosa (Flebotrombose) A maior parte dos trombos venosos ocorre nas veias superficiais ou profundas da perna. Os trombos venosos superficiais normalmente surgem no sistema safeno, em especial no quadro de varicosidades; raramente embolizam, mas podem ser dolorosos e causar congestão local e edema decorrentes do fluxo de saída venoso comprometido, predispondo a pele sobrejacente ao desenvolvimento de infecções e úlceras varicosas. As tromboses venosas profundas (“TVPs”) nas veias maiores da perna, no joelho ou acima dele (p. ex., veias poplítea, femoral e ilíaca), são mais sérias pela propensão a embolizar. Embora tais TVPs possam causar dor local e edema, a obstrução venosa com frequência é envolvida por canais colaterais. Consequentemente, as TVPs são totalmente assintomáticas em cerca de 50% dos pacientes e Renata Valadão Bittar – Medicina Unit / P6 5 reconhecidas somente depois de terem embolizado para os pulmões. As TVPs da extremidade inferior estão associadas à es- tase e aos estados hipercoaguláveis, descritos anteriormente (Tabela 3-2); assim, são fatores predisponentes comuns a insuficiência cardíaca congestiva, o repouso e a imobilização no leito; os dois últimos fatores reduzem a ação de ordenha dos músculos da perna e, portanto, tornam lento o retorno venoso. Trauma, cirurgia e queimaduras não apenas imobilizam um paciente, mas também estão associados a lesão vascular, liberação de procoagulante, aumento da síntese hepática dos fatores de coagulação e redução da produção de t-PA. Muitos fatores contribuem para a diátese trombótica da gravidez; além da infusão do líquido amniótico potencial na circulação no momento do parto, a pressão produzida pelo aumento de tamanho do feto e do útero pode produzir estase nas veias das pernas, e a gravidez tardia e o período pós-parto estão associados à hipercoagulabilidade. A liberação de pró- -coagulante associada a tumor é em grande parte responsável pelo aumento de risco dos fenômenos tromboembólicos observados nos cânceres disseminados, o que algumas vezes é referido como tromboflebite migratória pela tendência a envolver vários leitos venosos diferentes ou como síndrome de Trousseau, segundo Armand Trousseau, que descreveu a desordem e por ela foi acometido. Independentemente do quadro clínico específico, o risco de TVP é maior em pessoas com mais de 50 anos. Embora muitas condições predisponentes de trombose sejam bem reconhecidas, o fenômeno permanece imprevisível. Ocorre com alta frequência angustiante em pessoas deambulatórias e sob outros aspectos saudáveis, sem provocação aparente ou anormalidade de base. De forma igualmente importante, a trombose assintomática (e presumivelmente a subsequente resolução) ocorre consideravelmente com mais frequência do que em geral se estima. Um êmbolo é uma massa sólida, líquida ou gasosa que é transportada pelo sangue para um local distante de seu ponto de origem. A vasta maioria dos êmbolos deriva de um trombo desalojado — daí o termo tromboembolismo. Tipos menos comuns de êmbolos são as gotículas de gordura, bolhas de ar ou nitrogênio, debris ateroscleróticos (êmbolos de colesterol), fragmentos tumorais, pedacinhos de medula óssea e líquido amniótico. Inevitavelmente, os êmbolos se alojam em vasos muito pequenos para permitir a sua passagem, resultando em oclusão vascular parcial ou completa; dependendo do local de origem, os êmbolos podem se alojar em qualquer parte da árvore vascular. A consequência primária da embolização sistêmica é a necrose isquêmica (infarto) dos tecidos a jusante, enquanto a embolização na circulação pulmonar leva a hipóxia, hipotensão e insuficiência cardíaca direita. Tromboembolismo Pulmonar A incidência da embolia pulmonar é de 2-4 por 1.000 pacientes hospitalizados. Embora a taxa de êmbolo pulmonar (EP) fatal tenha diminuído de 6% para 2% no último quarto de século, a embolia pulmonar ainda causa cerca de 200.000 mortes ao ano nos Estados Unidos. Em mais de 95% dos casos, os êmbolos venosos originam-se de trombos nas veias profundas da perna proximais à fossa poplítea; é incomum a embolização dos trombos da porção inferior da perna. Os trombos fragmentados decorrentes de TVPs são transportados através de canais progressivamente maiores e, em geral, atravessam o lado direito do coração antes de pararem na vasculatura pulmonar. Dependendo do tamanho, a EP pode ocluir a principal artéria pulmonar, alojar-se na bifurcação das artérias pulmonares direita e esquerda (êmbolo em sela) ou passar para o interior de arteríolas menores, ramificantes (Fig. 3-15). Com frequência, ocorrem múltiplos êmbolos, sequencialmente ou como uma saraivada de êmbolos menores provenientes de um trombo único e maior; um paciente que teve um êmbolo pulmonar está em grande risco de ter mais trombos. Raramente um êmbolo atravessa um defeito atrial ou ventricular e entra na circulação sistêmica (embolia paradoxal). Uma discussão mais completa da EP é encontrada no Capítulo 12; as principais características clínicas e patológicas são as seguintes: • A maioria dos êmbolos pulmonares (60-80%) é de êmbolos pequenos e clinicamente silenciosa. Com o tempo, eles se submetem a organização e passam a se incorporar à parede vascular; em alguns casos, a organização dos tromboêmbolos deixa para trás redes fibrosas de ligação. • Na outra extremidade do espectro, um êmbolo grande que bloqueia uma grande artéria pulmonar pode causar morte súbita. Renata Valadão Bittar – Medicina Unit / P6 6 • A obstrução embólica das artérias de tamanho médio e a subsequente ruptura de capilares que se tornaram anóxicos podem causar hemorragia pulmonar. Tal embolização normalmente não causa infarto pulmonar, uma vez que a área também recebe sangue através de circulação bronquial intacta (circulação dual). Entretanto, um êmbolo semelhante no quadro de insuficiência cardíaca do lado esquerdo (e perfusão diminuída da artéria bronquial) pode levar a infarto pulmonar. • A embolia para pequenos ramos pulmonares nas terminações arteriolares normalmente causa infarto. • Múltiplos êmbolos, que ocorrem com o tempo, podem causar hipertensão pulmonar e insuficiência ventricular direita (cor pulmonale). No trombo venoso, a cor é vermelha, pois aí predominam hemácias.No trombo arterial canalizado (com luzes vasculares neoformadas e tortuosas), predomina o azul, pois há abundantes fibras colágenas. A área destacada no retângulo e detalhada nas fotos a seguir mostra a aderência do trombo vermelho à parede da veia. A natureza lamelar do trombo chama a atenção. Na região de aderência já está havendo organização do trombo, com deposição de colágeno, que aparece em azul, contrastando com as áreas ainda não organizadas. Renata Valadão Bittar – Medicina Unit / P6 7 Parede da veia Como na artéria, há três camadas, adventícia, média e íntima. Aqui a íntima não aparece devido ao trombo. A camada média é mais fina que a da artéria e as fibras musculares lisas (em vermelho) são intercaladas por fibras colágenas (em azul). Não se observam as membranas elásticas interna ou externa. Renata Valadão Bittar – Medicina Unit / P6 8 Trombo venoso recente. Área de adesão à parede. O trombo é parietal, isto é, aderido à veia em só um trecho (cerca da metade da circunferência). É um trombo vermelho, constituído principalmente por hemácias, e tem estrutura lamelar, refletindo a deposição de hemácias e fibrina em camadas sucessivas. A região da adesão tem Renata Valadão Bittar – Medicina Unit / P6 9 tom mais claro, que decorre da degeneração das hemácias e substituição pelas células da organização do trombo. TROMBO RECENTE (Hemácias e fibrina) TROMBO EM ORGANIZAÇÃO (as células da parede do vaso estão invadindo o trombo) TROMBO RECANALIZADO (neovascularização) Renata Valadão Bittar – Medicina Unit / P6 10 Congestão de arteríolas e vênulas por causa da obstrução à passagem do sangue pelo êmbolo pulmonar Na microscopia é visualizado o coágulo sanguíneo, composto predominantemente por eritrócitos, não aderidos a parede do vaso, de modo a indicar que a o trombo na imagem tenha sido formado em outra região e embolizado pela corrente sanguínea. Podem ser visualizados também focos hemorrágicos que surgem devido à fragilidade da parde vascular após a estagnação do êmbolo. E-êmbolo / H–hemorragia / P–parede vascular Renata Valadão Bittar – Medicina Unit / P6 11 TROMBOSE VENOSA CEREBRAL A trombose venosa cerebral (TVC) é uma doença cerebrovascular pouco conhecida, com múltiplas manifestações clínicas e muitas vezes subdiagnosticada. Embora relativamente rara, é uma das principais causas de AVC em jovens e mulheres e está associada a um bom prognóstico quando tratada precocemente. A TVC acomete o seio sagital superior em 72% a 92% dos casos e seios laterais em 38% a 70%, geralmente com progressão da trombose de um sistema venoso para outro(s), determinando congestão venosa e edema cerebral vasogênico difuso ou focal. A trombose pode progredir para as veias cerebrais superficiais ou profundas, culminando com infartos venosos hemorrágicos. Ao contrário do que ocorre no AVCI, a cefaléia, difusa ou localizada, é o sintoma mais freqüente na TVC (70% a 91%). Geralmente é intensa e pode se acompanhar de défices focais (34% a 79%), papiledema (50%), diplopia, embassamento visual, convulsões e alterações da consciência, ambas em 26% a 63%. Os sintomas podem progredir em 48 horas em 28% a 54% dos casos, mas em 25% a 30% há evolução em período superior a 30 dias, muitas vezes como síndrome pseudotumoral. O diagnóstico da TVC pode ser suspeitado com a tomografia de crânio contrastada, porém a ressonância magnética (RM) de crânio com angioressonância venosa é o método diagnóstico de eleição, pois permite a visualização dos trombos venosos. O método padrão ouro ainda é a angiografia cerebral digital que só é solicitada na suspeita de falso-negativo à RM, como na TVC só de veias corticais. Entre as causas de TVC, destacam-se a gravidez e o puerpério, medicamentos (anticoncepcionais orais, danazol), síndrome antifosfolípide primária, trombofilias hereditárias (deficiências de proteínas C e S, de antitrombina III, fator V de Leiden, mutação 20210 G®A do gene da protrombina) e infecções para-meníngeas. Preconiza-se o tratamento anticoagulante com heparina endovenosa, seguida de anticoagulação oral (6 meses ou mais, dependendo da etiologia). FATORES DE RISCO Infecção (parenquimatosa cerebral, meníngea, mastoides, seios paranasais) Gravidez ou puerpério Neurocirurgia Trauma Punção lombar Como complicação pós-colocação de cateter de jugular Uso de drogas (ACO, L-asparaginase, reposição hormonal, tamoxifeno...) Neoplasias com invasão ou compressão das vias de drenagem Conforme a evolução, pode ser necessário o uso de corticóides (cefaléia, piora clínica) e de anticonvulsivantes. O prognóstico pós-tratamento é relativamente favorável, com seqüelas graves em torno de 14% e mortalidade de 6% a 15%. MICROSCOPIA O substrato histopatológico das TVC, independente do fator etiológico que a precipitou, será muito semelhante ou idêntico, permitindo descrevê-lo aqui. A obstrução de um seio venoso da dura-máter é a mais grave, por provocar infarto hemorrágico, pois ocorre estase no território drenado pelo seio, desencadeando hiperemia passiva, necrose e infiltração hemorrágica, especialmente na substância cinzenta, por ser a mais vascularizada. Ao exame macroscópico, o segmento venoso afetado encontra-se levemente ingurgitado, com conteúdo palpável e pouco consistente. O acometimento parenquimatoso determina o aparecimento de zonas edemaciadas, associadas a graus variáveis de necrose tecidual hemorrágica. O trombo que determina o distúrbio circulatório no território correspondente à drenagem afetada caracteriza-se geralmente por estase ("trombo vermelho"), constituída por uma rede de fibrina com conglomerados plaquetários nos pontos nodais, retendo em suas malhas leucócitos e hemácias. O trombo passa paulatinamente a sofrer os fenômenos patológicos previsíveis de fibrose e retração, passando da organização à lise do material trombótico com recanalizacão venosa variável. Destaca-se a degradação do conteúdo de hemoglobina que varia de acordo com a idade do trombo, tornando- Renata Valadão Bittar – Medicina Unit / P6 12 se relevante pela possível interferência na detecção da TVC por imagem. A exceção a este padrão é a trombose venosa séptica, mais comum no seio cavernoso, que, além dos elementos básicos já mencionados, também contém microrganismos e infiltrado de células inflamatórias. Tromboses venosas cerebrais podem ser assépticas ou sépticas. As assépticas decorrem das causas de trombose estudadas na Patologia Geral (tríade de Virchow): 1. lesão do endotélio, p. ex. em casos de trauma crânio-encefálico (aqui freqüentemente com trombose séptica); 2. lentidão ou turbilhonamento do fluxo, p. ex. na insuficiência cardíaca congestiva; 3. hipercoagulabilidade do sangue, p. ex.: o na desidratação, especialmente na infância, no verão, por diarréia; o gravidez e puerpério; o uso de anticoncepcionais orais; o doenças hematológicas como anemia falciforme e policitemia; o estados pós-cirúrgicos com aumento da tromboplastina circulante. A trombose séptica (tromboflebite) dos seios venosos da dura-máter é uma complicação de otites médias e mastoidites purulentas, já que pequenas veias que drenam o osso temporal são tributáriasdo seio transverso. Sinusites frontais ou infecções da pele da face, nariz e lábios podem causar tromboflebite do seio sagital superior ou do seio cavernoso. A trombose do seio sagital superior é mais freqüentemente asséptica e causa infarto hemorrágico de um ou ambos hemisférios cerebrais nas proximidades do seio. O infarto pode ser assimétrico. O trombo pode organizar-se e recanalizar-se. Se houver sobrevida, o tecido necrótico é reabsorvido, restando cicatriz gliótica ferruginosa. Clinicamente, há mono- ou diplegia crural e aumento da pressão intracraniana. A trombose do seio cavernoso é geralmente secundária a infecção na região central da face (olhos, nariz ou seios paranasais). Há trombose das veias faciais e oftálmicas, uni-ou bilateral, com intenso edema dos tecidos orbitários, proptose, hemorragias retinianas e paresia dos músculos oculares. O tratamento baseia-se em antibioticoterapia. Pode haver regressão do quadro após a recanalização do trombo. A trombose da veia de Galeno, do seio reto ou das veias cerebrais internas é rara, mais freqüente em crianças, podendo ser séptica ou asséptica. É sempre fatal. Causa infarto hemorrágico da porção central do cérebro, incluindo os centros semi-ovais (i.e. a substância branca profunda dos hemisférios), núcleos da base e tálamos. Trombose do seio longitudinal superior. Os hemisférios cerebrais mostram infarto hemorrágico não só do córtex próximo ao seio mas da parte profunda do hemisfério, incluindo os tálamos e parte dos núcleos da base. Isto sugere que a trombose estendeu-se ao seio reto, onde desemboca a veia de Galeno (veia cerebral magna), que drena a porção central do cérebro. Êmbolo séptico Renata Valadão Bittar – Medicina Unit / P6 13 Êmbolo séptico – centro necrótico(seta amarela),borda calcificada(cabeça de seta vermelha),infiltrado inflamatório(setas azuis) e fibrose(seta preta) . Centro necrótico(seta preta),borda calcificada(cabeça de seta amarela),infiltrado inflamatório(círculo preto) presença de deposição de fibras(seta azul). Renata Valadão Bittar – Medicina Unit / P6 14 ÚLCERA PÉPTICA ETIOPATOGÊNESE COMPLICAÇÕES Hemorragia Perfuração – 5% dos casos Estenoses e deformações Malignização QUADRO CLÍNICO Renata Valadão Bittar – Medicina Unit / P6 15 ÚLCERA DUODENAL Mais prevalente Mais frequente em homens Aumento da agressão Associação com H. pylori Níveis elevados de secreção gástrica de ácido e pepsinogênio Esvaziamento gástrico mais rápido Aine’s Fumo Fatores genéticos ÚLCERA GÁSTRICA • Mais comum na curvatura menor, na região da incisura angular • Associa-se com alterações anatômicas e funcionais da mucosa gástrica • Redução das defesas focais (Diminuição da resistência da mucosa) • Associação com H. Pylori • Redução do fluxo sanguíneo local • Aine’s • Refluxo de conteúdo duodenal ÚLCERA PÉPTICA MACROSCOPIA: Variam em profundidade: erosões superficiais até erosões profundas que penetram na mucosa Úlceras agudas são redondas e com menos de 1cm de diâmetro A base da úlcera é frequentemente corada de marrom a preto pela digestão ácida do sangue extravasado e pode estar associada a inflamação transmural ÚLCERAS DE ESTRESSE AGUDAS: qualquer parte do estômago ÚLCERAS PÉTICAS: injúria crônica CICLO VITAL: Renata Valadão Bittar – Medicina Unit / P6 16 CLASSIFICAÇÃO DE SAKITA – ÚLCERAS PÉPTICAS (endoscopia) A (de “Active”) – Ativa H (“healing”) - em cicatrização S (“Scar”) - Cicatriz A superfície da úlcera é revestida por exsudato fibrino-purulento originado do tecido de granulação logo abaixo. Deste derivam fibroblastos que produzem colágeno, resultando na fibrose do fundo da úlcera. A quantidade de células inflamatórias no tecido fibroso diminui da superfície para a profundidade, enquanto que a quantidade de fibras colágenas aumenta. Renata Valadão Bittar – Medicina Unit / P6 17 Renata Valadão Bittar – Medicina Unit / P6 18 LEIOMIOMA - São os tumores benignos que surgem das células musculares lisas do miométrio. - Neoplasias benignas do músculo liso. - Devido à sua firmeza, eles são frequentemente referenciados clinicamente como FIBROIDES. - Leiomiomas uterinos ou fibroides. - São os tumores benignos MAIS COMUM em MULHERES. - Acomete 30 a 50% das mulheres em idade reprodutiva. - Consideravelmente mais comum em negras. - Tumores são MONOCLONAIS e estão associados a várias ANORMALIDADES CROMOSSOMAIS diferentes e recorrentes, incluindo REARRANJOS DOS CROMOSSOMOS 6 e 12, que também são encontrados em uma variedade de outras neoplasias benignas, como PÓLIPOS e LIPOMAS ENDOMETRIAIS. - A maioria dos leiomiomas apresenta cariótipo normal, mas aproximadamente 40% possuem uma do anormalidade cromossômica simples. - Vários subgrupos citogenéticos foram reconhecidos: uma translocação equilibrada entre os cromossomos 12 e 14, deleções parciais do braço longo do cromossomo 7, trissomia do 12 e reorganizações de 6p, 3q e 10q. - As reorganizações do 12q14 e 6p envolvendo os genes HMGIC e HMGIY, respectivamente, também estão implicadas em uma variedade de outras neoplasias benignas. - Os dois genes codificam fatores de ligação a DNA intimamente relacionados que regulam a estrutura da cromatina. - Estrogênios e, possivelmente, contraceptivos orais, estimulam o crescimento de leiomiomas. - Em contrapartida, esses tumores encolhem na pós- menopausa. MACROSCOPIA - Massas firmes branco-acinzentadas, arredondadas e nitidamente circunscritas, com superfície de corte em espiral. - O padrão espiralado característicos dos feixes de músculo liso ao corte geralmente torna estas lesões facilmente identificáveis pela macroscopia. - Podem ocorrer isoladamente, mas mais frequentemente múltiplos tumores são disseminados dentro do útero, variando desde pequenos nódulos até tumores grandes que podem diminuir o útero. - Apenas raramente envolvem os ligamentos uterinos, o segmento uterino inferior ou colo uterino. - Alguns se inserem dentro do miométrio (intramurais), enquanto outros podem estar diretamente abaixo do endométrio (submucosos) ou diretamente abaixo da serosa (subserosos). - Nos tumores subserosos, eles podem estender-se para fora em pedúnculos atenuados e até mesmo tornar-se ligados aos órgãos circundantes, de onde podem desenvolver um suprimento de sangue (LEIOMIOMAS PARASITAS). MICROSCOPIA - Feixes espiralados de células musculares lisas que imitam a aparência do miométrio normal. - Geralmente, as células musculares individuais têm tamanho e forma homogêneos, possuem o núcleo oval característico e processos citoplasmáticos bipolares longos e finos. - As mitoses são escassas. - Variantes benignas de leiomioma incluem tumores atípicos ou bizarros (simplásticos) com atipia nuclear e células gigantes, e leiomiomas celulares. Ambos apresentam um baixo índice mitótico. - Uma variante extremamente rara, o leiomioma metastatizante benigno, consiste em umtumor uterino que se estende para os vasos e migra para outros locais, mais comumente o pulmão. Outra variante, a leiomiomatose peritoneal disseminada, é manifestada como pequenos nódulos múltiplos no peritônio. Ambas são consideradas benignas apesar de seu comportamento incomum. - Focos de fibrose, calcificação e amolecimento degenerativo podem estar presentes. - Tumores grandes podem desenvolver áreas de amolecimento amarelo-acastanhadas a vermelhas (degeneração avermelhada). - No leiomioma, a celularidade (quantidade de núcleos por unidade de área) é um pouco maior e o arranjo em feixes mais nítido (os feixes se cruzam às vezes em ângulo reto) que no miométrio normal. A boa delimitação do tumor e a ausência de invasão dos tecidos vizinhos sugerem benignidade. Também não há atipias, mitoses ou necrose. Renata Valadão Bittar – Medicina Unit / P6 19 Renata Valadão Bittar – Medicina Unit / P6 20 ASPECTOS CLÍNICOS - Geralmente são assintomáticos, sendo descobertos incidentalmente no exame ginecológico de rotina. - O sinal presente mais comum é a MENORRAGIA ou HIPERMENORREIA, com ou sem METRORRAGIA. - Os sintomas mais importantes são sangramento anormal, compressão da bexiga (frequência urinária), dor súbita se ocorrer interrupção do fluxo sanguíneo e prejuízo da fertilidade. - Leiomiomas grandes podem ser palpados pela mulher acometida ou produzir sensação de arrasto. - A transformação de leiomioma em leiomiossarcoma é extremamente rara. - A presença de lesões múltiplas não aumenta o risco de malignidade. - Miomas em gestantes aumentam a frequência de abortos espontâneos, má apresentação fetal, inércia uterina e hemorragia pós-parto. Renata Valadão Bittar – Medicina Unit / P6 21 ADENOMIOSE - Crescimento da camada basal do endométrio para dentro do miométrio. - Ninhos de estromas endometrial, glândulas ou ambos são encontrados profundamente no miométrio interpostos entre os feixes musculares. - A presença aberrante de tecido endometrial induz hipertrofia reativa do miométrio, resultando em útero globular alargado, muitas vezes com parede uterina espessada. - Ninhos endometriais funcionais no interior do miométrio produzindo cistos hemorrágicos na parede uterina. - Como as glândulas na adenomiose derivam da camada basal do endométrio, elas não passam por sangramento cíclico. - No entanto, adenomiose acentuada pode produzir menorragia, dismenorreia e dor pélvica antes do início da menstruação. Renata Valadão Bittar – Medicina Unit / P6 22 Renata Valadão Bittar – Medicina Unit / P6 23 PÓLIPO ENDOMETRIAL - Lesões sésseis, geralmente hemisféricas, variam de 0,5- 3cm de diâmetro. - Geralmente são grandes e pedunculados - Massas exofíticas de tamanho variável que projetam para a cavidade endometrial. - Pólipos maiores podem se projetar da mucosa do endométrio para dentro da cavidade uterina. - Assintomáticos ou causar sangramento anormal (intramenstrual, menometrorragia ou na pós-menopausa) se sofrerem ulceração ou necrose. MICROSCOPIA - Pólipos com endométrio semelhante ao basal, muitas vezes com pequenas artérias musculares. - Algumas glândulas têm arquitetura normal do endométrio, mas mais frequentemente são cisticamente dilatadas. - Geralmente as glândulas e no interior dos pólipos são hiperplásicas ou atróficas, mas ocasionalmente podem apresentar alterações secretoras (pólipos funcionais). - Pólipos hiperplásicos podem se desenvolver em associação à hiperplasia endometrial generalizada e são sensíveis ao efeito do crescimento do estrógeno, mas exibem pouca ou nenhuma resposta à progesterona. - Pólipos atróficos, que em grande parte ocorrem nas mulheres em pós-menopausa, mais provavelmente representam atrofia de um pólipo hiperplásico. - Raramente, adenocarcinomas surgem no interior de pólipos endometriais. - As células do estroma são MONOCLONAIS, geralmente com um rearranjo da região cromossômica 6p21, envolvendo o GENE HMGIY, e constituem, assim, o COMPONENTE NEOPLÁSICO DO PÓLIPO. - Embora os pólipos endometriais possam ocorrer em qualquer idade, eles são mais comumente detectados em torno da época da menopausa. - Importância clínica sangramento uterino anormal e, mais importante, o risco (porém raro) de originar um câncer. Renata Valadão Bittar – Medicina Unit / P6 24 PÓLIPOS ATRÓFICOS PÓLIPOS HIPERPLÁSICOS Renata Valadão Bittar – Medicina Unit / P6 25 HIPERPLASIA ENDOMETRIAL Importante causa de sangramento anormal Aumento da proliferação de glândulas endometriais em relação ao estroma PATOGÊNESE: inativação do gene supressor de tumor PTEN gera mais síntese proteica e proliferação celular É potencialmente maligno Tem relação com carcinoma endometrial Está associado a estimulação estrogênica prolongada CAUSAS: obesidade, menopausa, doença ovariana policística, terapia de reposição estrogênica, dentre outras. Sua patogenia está relacionada também à do adenocarcinoma: + de 20% das hiperplasias endometriais apresentam alteração no gene PTEN 30-80% dos adenocarcinomas apresentam alteração no mesmo gene MACROSCOPIA: O endométrio encontra-se difusamente espessado, frequentemente com crescimento polipoide, às vezes contendo cistos. MORFOLOGIA: 4 tipos; Típica, autolimitada e com pouca relação com o câncer do endométrio; Atípica, considerada precursora do adenocarcinoma endometrial. Ambas são divididas em simples e complexas. Hiperplasia simples sem atipia ♥ Discreto aumento na razão glândulas para estroma; glândulas de vários tamanhos e formas irregulares com dilatações císticas. Só Estroma abundante. 1% progride para adenocarcinoma Hiperplasia simples com atipia ♥ É rara, tem aspecto simples, porem ocorre atipia citológica no interior das células epiteliais glandulares. A célula perde a polaridade, núcleo vesicular e nucléolos proeminentes. 8% evolui para adenocarcinoma Hiperplasia complexa sem atipia ♥ ↑ número e ↑ tamanho das glândulas. Ocorre acentuada aglomeração glandular e ramificação das glândulas ♥ As células epiteliais permanecem citologicamente normais. ♥ 3% evolui para adenocarcinoma Hiperplasia complexa com atipia ♥ A distinção de um câncer de endométrio pode não ser possível sem uma histerectomia. ♥ 23-48% das mulheres que tem esse diagnostico, apresentam carcinoma quando realizada a biopsia. A- Hiperplasia simples sem atipia B- Hiperplasia complexa sem atipia Renata Valadão Bittar – Medicina Unit / P6 26 C- Hiperplasia complexa com atipia D- Ampliação da complexa com atipia Transformação cística glandular Renata Valadão Bittar – Medicina Unit / P6 27 ADENOCARCINOMA ENDOMETRIAL Câncer invasivo mais comum do trato genital feminino Principalmente mulheres na pós-menopausa (55-65 anos) PATOGÊNESE:Classificado em Tipo I e Tipo II Tipo I Tipo mais comum (80%) Consiste em glândulas endometriais proliferativas bem diferenciadas e miméticas Carcinoma endometrioide Surge no contexto de hiperplasia endometrial e também está associada a DM, HAS e infertilidade Causado por várias alterações genéticas moleculares (PTEN, PIK3CA, KRAS, Instabilidade de Microssatélite, β-catenina e p53) MORFOLOGIA: Macroscopia Pode ser um tumor polipoide localizado ou um tumor difuso envolvendo a superfície endometrial Disseminação: há invasão direta do miométrio e pode haver extensão para estruturas periuterinas por continuidade direta e para linfonodos regionais nos estágios tardios Metástase: pulmões, fígado, ossos e outros órgãos Microscopia Podem ser classificados em três etapas GRAU 1: Bem diferenciado, crescimento sólido (<5%) GRAU 2: Moderadamente diferenciado, crescimento parcialmente sólido (<50%) GRAU 3: Pouco diferenciado, crescimento parcialmente sólido (>50%) A – Adenocarcinoma endometrial de apresentação como massa ulcerada no fundo uterino B – Adenocarcinoma endometrioide grau 1 (diferente de Hiperplasia devido a ausência de estroma interposto) Renata Valadão Bittar – Medicina Unit / P6 28 C – Adenocarcinoma endometrioide grau 2 D – Adenocarcinoma endometrioide grau 3 PATOGÊNESE: Tipo II Ocorre uma década mais tarde que o tipo I Surgem no contexto de atrofia endometrial Pouco diferenciados, representam 15% dos carcinomas endometriais Subtipo + comum: adenocarcinoma seroso (relacionado à mutação do gene p53) Supostamente começa como uma neoplasia epitelial superficial que se estende para estruturas glandulares adjacentes (EIC) e, mais tarde, invade o estroma endometrial Frequentemente já se apresentam com metástase no momento do diagnóstico MORFOLOGIA: Úteros pequenos e atróficos Tumores grandes e volumosos ou profundamente invasivos para o miométrio Apresenta invasão identificável do estroma Lesões invasivas podem apresentar-se de 2 formas: Padrão de crescimento papilar: células com atipia citológica acentuada (elevada razão núcleo/citoplasma, figuras mitóticas atípicas, heterocromasia e nucléolos proeminentes) Padrão de crescimento predominantemente glandular: distingue-se do carcinoma não- endometrioide pela acentuada atipia citológica C – Carcinoma seroso do endométrio, com formação de papilas e marcada atipia citológica Renata Valadão Bittar – Medicina Unit / P6 29 A - Carcinoma intraepitelial endometrial, exibindo células malignas (seta) B- Expressão intensa e difusa de p53, detectada por imuno-histoquímica, no carcinoma intraepitelial endometrial C-Carcinoma seroso do endométrio com padrão de crescimento papilar, c/ células malignas com acentuada atipia D- Como na lesão anterior, existe um acúmulo de proteína p53 no núcleo. CLÍNICA: Tipo I e II Pode permanecer assintomático por um tempo, mas costuma cursar com sangramento vaginal irregular ou na pós-menopausa com leucorréia excessiva Aumento do útero: pode ser ausente no início Diagnóstico estabelecido por biópsia ou curetagem e exame histológico do tecido Prognóstico dependente do estágio clínico, sendo o prognóstico do tipo I muito melhor que o do tipo II
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