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12/02/2015 1 TEORIA GERAL DOS CONTRATOS Wesley Monteiro – DIREITO CIVIL III Introdução Inegavelmente, o contrato representou, desde as civilizações mais remotas, um instrumento indispensável para garantir o bem-estar do homem. Por óbvio, o contrato surgiu com a própria vida em sociedade, e tal como o homem, originariamente de forma extremamente simples e rudimentar, como o escambo em sociedades tribais, sendo que sua evolução jurídica, que se iniciou na Grécia Antiga e que foi adequadamente aprofundado e sistematizado pelo Direito Romano nas Institutas de Justiniano, acompanhou a evolução da vida social, passando pelo inevitável declínio da Idade Média sem perder importância no Direito Canônico, e obtendo resgate devido no Direito Moderno. Conceituação Na visão clássica de Caio Mário da Silva Pereira o “contrato é um acordo de vontades, na conformidade com a lei, e com a finalidade de adquirir, resguardar, transferir, conservar, modificar ou extinguir direitos” (Instituições de Direito Civil, V.III, , 8ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 1990) e na não menos tradicional lição do mestre Orlando Gomes, o “contrato é assim, o negócio jurídico bilateral, ou plurilateral, que sujeita as partes à observância de conduta idônea à satisfação dos interesses que regularam”, e ainda, “contrato é todo acordo de vontades destinado a constituir uma relação jurídica de natureza patrimonial e dotado de eficácia obrigacional” (Contratos, 12ª ed./6ª tiragem. Rio de Janeiro. Forense. 1993). Conceituação No entanto, sob a moderna ordem constitucional vigente, o contrato aparece mais socializado e regido por boa-fé objetiva em sua estrutura, por exemplo, consoante conceito de Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho, para quem o contrato é o “negócio jurídico por meio do qual as partes declarantes, limitadas pelos princípios da função social e boa-fé objetiva, autodisciplinam os efeitos patrimoniais que pretendem atingir, segundo a autonomia de suas próprias vontades” (Novo Curso de Direito Civil – V 4, T. I, 2ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2006). Conceituação Maria Helena Diniz destaca que o contrato “é o acordo de duas ou mais vontades, na conformidade da ordem jurídica, destinado a estabelecer uma regulamentação de interesses entre as partes, com o escopo de adquirir, modificar ou extinguir relações jurídicas de natureza patrimonial” (“Curso de Direito Civil Brasileiro – V. 3 – Teoria das Obrigações Contratuais e Extracontratuais” – 24ª ed., São Paulo: Saraiva, 2008, p. 14/16), destacando a renomada jurista que da noção de contrato podem ser extraídos dois elementos, sendo um deles o elemento “estrutural”, decorrente da justaposição de duas ou mais vontades antagônicas, e outro denominado de “funcional”, que encerra a composição desses interesses para constituir, modificar ou extinguir obrigações de cunho patrimonial. Distinção entre o negócio e o instrumento e seu conteúdo Na prática, a idéia de contrato é utilizada em acepções distintas, ora para designar o negócio jurídico gerador de obrigações, ora para designar o instrumento em que se formaliza o acordo de vontades. No plano teórico, contudo, por contrato devemos entender apenas o negócio jurídico propriamente entendido por acordo de vontades provido de força jurígena, ou seja, capaz de criar direitos ou obrigações, ao passo que sua materialização em escrito público ou particular, ou ainda por comunicação verbal ou mímica, deve ser tido como sendo o instrumento contratual. Esse instrumento contratual que todos nós conhecemos, normalmente é composto de duas partes, denominadas de PREÂMBULO e CONTEXTO. O preâmbulo apresenta as partes contratantes e indica a natureza do negócio jurídico, ao passo que o contexto encerra todas as cláusulas que contém as disposições contratuais específicas. 12/02/2015 2 Evolução O contrato, como instrumento determinante da autonomia da vontade está em transformação. Se no passado era visto como fato gerador de um vínculo obrigacional absoluto com força de lei entre os contratantes, sobretudo com o pensamento iluminista que elevou a figura do homem ao topo do Direito, culminando com o Código de Napoleão, fazendo contaminar todo o enfoque jurídico moderno dado ao contrato até o fim do Século XIX. Mais recentemente, após a Revolução Industrial, aquela força vinculante e obrigatória intransponível foi gradativamente cedendo espaço a uma interpretação jurídica menos antropocêntrica e bem mais social, sobretudo com a contribuição do pensamento jurídico germânico materializado no famoso Código Civil Alemão.
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