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AULA+2+PRINCIPIOLOGIA+DO+DIREITO+CONTRATUAL

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© Duarte Design, Inc. 2009 1
PRINCIPIOLOGIA DO 
DIREITO CONTRATUAL
Prof. Wesley Monteiro
Os princípios representam, antes de qualquer coisa, regras dotadas 
de um alto grau de abstração, sedimentadas em nível 
hierarquicamente superior às demais normas, tendo como missão 
precípua orientar a aplicação da legislação vigente, dando-lhe 
significado legitimador e validade jurídica.
“Princípios, por sua vez, encontram-se em um nível superior de 
abstração, sendo igual e hierarquicamente superiores, dentro da 
compreensão do ordenamento jurídico como uma pirâmide 
normativa, e se eles não permitem uma subsunção direta de fatos, isso 
se dá indiretamente, colocando regras sob o seu raio de abrangência”
Willis Santiago Guerra Filho
Em matéria contratual, é crucial que o estudo dos princípios
norteadores do direito civil assuma conotação bem mais elástica do
que a conhecida abordagem clássica do direito civil individualista
(visão egoística presente no Código Civil de 1916), permitindo,
assim, que os princípios contratuais sejam focalizados em alinho
com a ordem constitucional vigente, sobretudo pela presença
reguladora do princípio da dignidade da pessoa humana aplicável às
relações contratuais.
Assim, o Direito Civil contemporâneo desprendeu-se daquele estágio
de direitos absolutos, individualistas e perpétuos, para migrar para o
campo solidário e social, tal qual espelhado pela Carta Magna de
1988.
PRINCÍPIOS DO DIREITO CONTRATUAL
O princípio da autonomia da vontade ou do
consensualismo;
O princípio da força obrigatória do contrato
(“pacta sunt servanda”);
O princípio da relatividade subjetiva dos efeitos
do contrato;
O princípio da função social do contrato;
O princípio da boa-fé objetiva;
O princípio constitucional da dignidade da pessoa humana encontra-
se assentado no art. 1º, inciso III, da Lei Fundamental, refletindo,
mercê de sua previsão constitucional, um dos pilares da República e
do Estado Democrático de Direito, associado que está ao objetivo
fundamental de erradicação da pobreza e da marginalização em
nosso país.
Dimana da disposição constitucional em alusão, verbis, que:
“Art.1o. A República Federativa do Brasil, formada pela
união indissolúvel do Estados, dos Municípios e do Distrito
Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e
tem como fundamentos:
III – a dignidade da pessoa humana”
PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
”a noção jurídica de dignidade traduz um valor fundamental de 
respeito à existência humana, segundo as suas possibilidades e 
expectativas, patrimoniais e afetivas, indispensáveis à sua 
realização pessoal e à busca da felicidade”
Pablo Stolze
Assim, sob a ótica da ordem constitucional vigente ao se reconhecer
como fundamento da República e do Estado Democrático de Direito
o princípio da dignidade da pessoa humana, significa dizer que o
ordenamento jurídico reconhece na dignidade pessoal a
prerrogativa que tem todo ser humano ao respeito como pessoa, não
se admitindo, sob qualquer hipótese, a degradação do homem, seja
pela ação estatal, de terceiros ou de si mesmo, eis que nesse último
caso o princípio da liberdade individual encontra limites no
postulado da dignidade da pessoa humana.
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A autonomia da vontade se funda, baseia-se, na 
liberdade contratual dos contratantes, deste modo, 
consiste no poder de estipular livremente, como melhor 
convier as partes, mediante um acordo de vontades, 
disciplinar seus interesses, sempre respeitando as 
normas cogentes.
PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA VONTADE OU DO 
CONSENSUALISMO
LIBERDADE CONTRATUAL X LIBERDADE DE CONTRATAR
A liberdade de contratar é a faculdade de realizar ou não
determinado contrato com determinada pessoa, manifesta-se no
plano pessoal, alude à escolha de celebração ou não do contrato.
A liberdade contratual é a possibilidade de estabelecer o
conteúdo do contrato, ou seja, a determinação do conteúdo, de
suas cláusulas, sempre em consonância com o ordenamento
jurídico e a liberdade de criação de contratos atípicos.
SUBDIVISÃO DO PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA 
VONTADE
A ideia de que as pessoas podem se abster de contratar,
hodiernamente, sofre algumas limitações, verbi gratia,
quando a obrigação de contratar emerge de lei, como no
caso do seguro obrigatório.
É possível, ainda, quanto à liberdade de contratar, que em
determinadas situações, não haja liberdade de escolher o
outro contratante, por exemplo, nos serviços públicos sob
regime de monopólio, nos quais, os contratantes diante
dos serviços prestados pelas empresas concessionárias de
serviço público, podem não ter escolha para contratar.
EXCEÇÕES Necessário atentar que a liberdade contratual não 
é absoluta, nem ilimitada, uma vez que é restringida 
pela SUPREMACIA DA ORDEM PÚBLICA, a qual 
veda acordos que lhe seja contrários, bem como 
contrariem os bons costumes, de forma que o 
interesse coletivo quando em conflito com o dos 
contratantes, se sobreponha à vontade deles.
PABLO STOLZE e RODOLFO PAMPLONA FILHO
Com o advento do liberalismo, o princípio da autonomia da 
vontade, ganhou mais visibilidade. 
E colocam sob a mesma égide a AUTONOMIA DA 
VONTADE e o CONSENSUALISMO, uma vez que na 
atualidade, segundo os autores, é imperativo o 
reconhecimento pragmático da sinonímia de tais 
princípios, sob a idéia geral da liberdade de contratar.
MARIA HELENA DINIZ 
PRINCÍPIO DO CONSENSUALISMO X AUTONOMIA DA 
VONTADE
...simples acordo de duas ou mais vontades basta para 
gerar o contrato válido, [...], não se exige, em regra, 
qualquer forma especial para a formação do vínculo 
contratual. Embora alguns contratos, por serem solenes, 
tenham sua validez condicionada à observância de certas 
formalidades estabelecidas em lei, a maioria deles é 
consensual, já que o mero consentimento tem o condão de 
criá-los, sendo suficiente para sua perfeição e validade. 
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PRINCÍPIO DA FORÇA OBRIGATÓRIA DO CONTRATO
O princípio da obrigatoriedade da convenção rege-se pelo brocardo
jurídico pacta sunt servanda, o qual significa que o contrato, desde
que preencha os requisitos legais, ou seja, seja válido, faz lei entre as
partes contratantes.
De tal instituto jurídico se infere que as estipulações ou cláusulas,
constantes do contrato devem ser fielmente adimplidas, uma vez
que os contratos possuem força vinculante entre as partes, sob pena
do patrimônio do inadimplente responder pelo não cumprimento
das avenças.
Mesmo com a moderna limitação de tal princípio, o que 
fora acordado no momento da concepção do contrato 
permanece imutável. 
Ressalta-se que a intangibilidade perecerá diante dos 
pressupostos oriundos da teoria da imprevisão ou mesmo 
da onerosidade excessiva para uma das partes, uma vez 
que a imutabilidade do contrato reside tão-somente se as 
circunstancias originais de sua criação se mantiverem no 
tempo de sua execução, caso contrário, o contrato será 
passível de revisão judicial, e até mesmo, de resolução.
“EM ATENÇÃO AO PRINCÍPIO DA CONSERVAÇÃO DOS NEGÓCIOS 
JURÍDICOS, O ART. 478 DO CÓDIGO CIVIL DE 2002 DEVERÁ 
CONDUZIR,SEMPRE QUE POSSÍVEL, À REVISÃO JUDICIAL DOS 
CONTRATOS E NÃO À RESOLUÇÃO CONTRATUAL”
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. REVISÃO
CONTRATUAL.POSSIBILIDADE. CAPITALIZAÇÃO DE JUROS. AUSÊNCIA DE
PACTUAÇÃO. SÚMULA5/STJ.1. A jurisprudência do STJ pacificou-se no sentido de
que, aplicável o Código de Defesa do Consumidor aos casos que envolvem relação
de consumo, é permitida a revisão das cláusulas contratuais
pactuadas, diante do fato de que o princípio do pacta
sunt servanda vem sofrendo mitigações, mormente ante
os princípios da boa-fé objetiva,da função social dos
contratos e do dirigismo contratual. A jurisprudência desta eg.
Corte pacificou-se no sentido de que a cobrança da capitalizaçãomensal de juros
é admitida nos contratos bancários celebrados a partir da edição da Medida
Provisória nº 1.963-17/2000, reeditada sob o nº 2.170-36/2001, qual seja,
31/3/2000, desde que expressamente pactuada. Na hipótese em concreto, não
há pactuação expressa acerca do referido encargo,razão pela qual se aplica o
enunciado da Súmula 5/STJ.3. Agravo regimental não provido. (32884 SC
2011/0183203-9, Relator: Ministro RAUL ARAÚJO, Data de Julgamento:
17/11/2011, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 01/02/2012)
PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE SUBJETIVA DOS EFEITOS DO 
CONTRATO
Segundo esse princípio o contrato não aproveita nem
prejudica terceiros estranhos a relação obrigacional, haja
vista vincular exclusivamente as partes contratantes.
Imperioso notar que, como o contrato, em regra, é fruto da
livre manifestação da vontade dos contratantes, é lógico
que apenas a elas vincule. Ademais, ninguém se submeterá
a uma relação contratual, a não ser que a lei o imponha ou
a própria pessoa assim deseje.
A ocorrência dos efeitos dos contratos apenas entre as 
partes contratantes NÃO É ABSOLUTA, tendo como 
exceções as seguintes situações: da estipulação em favor 
de terceiro e do contrato com pessoa a declarar. 
Nas hipóteses elencadas, as pessoas sofrem efeitos de 
contratos dos quais não participaram de sua criação. 
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SÍLVIO VENOSA
Não deixamos de lado, contudo, a noção de que, sendo o 
contrato um bem tangível, tem ele repercussões reflexas, 
as quais, ainda que indiretamente, tocam terceiros, há 
outras vontades que podem ter participado da avença e 
não se isentam de determinados efeitos indiretos do 
contrato, como no caso de contrato firmado por 
representante. Também aquele que redige o contrato, ou 
aconselha a parte a firmá-lo, pode vir a ser chamado por 
via reflexa para os efeitos do negócio. FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO E 
EQUIVALÊNCIA MATERIAL
FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO
• Neste momento é importante ressaltar in loco que a
função social do contrato traduz conceito
sobremaneira amplo, aberto e indeterminado,
impossível de se delimitar logo no primeiro momento.
O elemento socialidade denota que no confronto
entre o individual e o geral quem deve prevalecer é o
interesse comum.
Segundo o Prof. Eugênio 
Kruchewsky ...
• A função social do contrato, pois, é criada para
fornecer coerência ao sistema jurídico, de modo
que as operações econômicas sejam inspiradas
no alcance do bem estar social. Seria inútil
prever a função social da propriedade sem
transbordá-la para o contrato que a transfere.
Lendo o professor Pablo Stolze 
podemos perceber que...
• Ele pontua claramente o motivo pelo qual a função
social passou a ser observada concretamente
asseverando que a partir do momento em que o
Estado passou a adotar uma postura mais
intervencionista e abandona o papel de mero
expectador das relações econômicas a função social
passou a ter contornos mais específicos
• “Ainda que o vocábulo social sempre apresente
esta tendência de nos levar a crer tratar-se de
figura de concepção filosófica-socialista, deve
ser esclarecido tal equívoco. Não se trata, sem
sombra de dúvida, de se estar caminhado no
sentido de transformar a propriedade em
patrimônio coletivo da humanidade, mas tão
apenas de subordinar a propriedade privada aos
interesses sociais, através desta idéia-princípio,
a um só tempo antiga e atual, denominada
‘doutrina da função social’”
Giselda Maria Fernandes Novaes Hironaka. Direito 
Civil _ Estudos. Editora Del Rey – BH, 2000.
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Citação do nosso Pablo Stolze...
• HUMBERTO THEODORO JR., citando o competente
professor curitibano PAULO NALIN, na busca por
delimitar as suas bases de intelecção, lembra-nos,
com acerto, que a função social manifestar-se-ia em
dois níveis1:
• a) intrínseco – o contrato visto como relação
jurídica entre as partes negociais, impondo-se o
respeito à lealdade negocial e à boa fé objetiva,
buscando-se uma equivalência material entre os
contratantes;
• b) extrínseco – o contrato em face da
coletividade, ou seja, visto sob o aspecto de seu
impacto eficacial na sociedade em que fora
celebrado.
• O Código Civil de 1916 ignorou a função social
do contrato até mesmo porque quando da
elaboração do projeto em 1899 vivia-se em uma
sociedade de economia rudimentar, pós-
escravocata e engatinhando na República. Por
isso percebíamos a nítida posição materialista
do CC1916 que pouco de se preocupava com
os valores essenciais da pessoa humana. A
visão era individualista, patriarcal e
conservadora da sociedade da época.
Esse princípio nos faz relembrar os defeitos da lesão e do
estado de perigo nos negócios jurídicos, estampados na
Parte Geral do Código Civil, para introduzir na moderna
sistemática dos contratos o elemento de equilíbrio das
obrigações que traduza justiça e equidade do contrato,
como forma de permitir que estipulações contratuais
visivelmente desproporcionais que porventura possam
impor opressão econômica através do contrato ou
representar mecanismo de ganho excessivo de uma parte
em face da outra sejam alvo de anulabilidade do contrato.
BOA FÉ OBJETIVA EM BOA FÉ OBJETIVA EM 
MATÉRIA CONTRATUAL
BOA FÉ OBJETIVA
• Ao lado da função social dos contratos, a boa-fé
objetiva procura valorizar a conduta de lealdade dos
contratantes em todas as fases contratuais (art. 422
do novo Código Civil - função de integração da boa-
fé).
• Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar,
assim na conclusão do contrato, como em sua
execução, os princípios de probidade e boa-fé.
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BOA FÉ OBJETIVA
• É uma diretriz principiológica de fundo ético e
espectro eficacial jurídico. A boa-fé se traduz em um
princípio de substrato moral que ganhou contornos e
matiz de natureza jurídica cogente.
BOA-FÉ OBJETIVA 
X
BOA-FÉ SUBJETIVA
BOA-FÉ SUBJETIVA
É uma situação psicológica, um estado de ânimo ou de
espírito do agente que realiza determinado ato ou vivencia
dada situação, sem ter ciência do vício que a inquina. Ex.
Possuidor de boa fé.
BOA-FÉ OBJETIVA
Conceito jurídico indeterminado que consiste em uma
verdadeira regra de comportamento, de fundo ético e
exigibilidade jurídica.
A boa-fé objetiva se apresenta como um 
princípio geral que estabelece um roteiro a ser 
seguido nos negócios jurídicos, incluindo 
normas de condutas que devem ser seguidas 
pelas partes, ou, por outro lado, restringindo o 
exercício de direitos subjetivos, ou, ainda, como 
um modo hermenêutico das declarações de 
vontades das partes de um negocio, em cada 
caso concreto.
Além das finalidades interpretativa, integradora e
delimitadora de direitos subjetivos, o princípio
da boa-fé objetiva ainda tem a função constitutiva
(normativa) de deveres anexos ou de proteção,
implícitos em qualquer contrato.
• RELAÇÃO OBRIGACIONAL:
• (FONTE PRIMORDIAL DE
OBRIGAÇÕES)
• a) dever jurídico principal:
prestação de DAR, FAZER ou
NÃO FAZER;
• b) deveres jurídicos anexos ou
satelitários (decorrentes da BOA-
FÉ OBJETIVA): lealdade e
confiança, assistência, informação,
confidencialidade ou sigilo etc.
Contrato 
válido
• Conforme preleciona Pablo Stolze e Rodolfo
Pamplona a doutrina tem destacado as
seguintes funções da boa-fé objetiva:
• Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona
Filho
• Novo Curso de Direito Civil –
Teoria Geral dos Contratos
• Tem como base legal o
art. 113 do CC:
• “Os negócios jurídicos
devem ser
interpretados conforme
a boa fé e os usos do
lugar de sua
celebração.”
FUNÇÃO 
INTERPRETATIVA 
E DE 
COLMATAÇÃO
É assim esse princípio um referencial hermenêutico para que 
se possa extrair da norma o sentido moralmente mais 
recomendável e socialmente mais útil.
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• Para Judith Martins Costa o princípio da boa-féobjetiva desempenha uma “função otimizadora” do
comportamento contratual, quer pela imposição de
deveres gerais de conduta, como o de informação
e cooperação intersubjetiva, quer como cânone de
interpretação e integração do contrato “consoante
a função econômico-social que concretamente é
chamado a realizar”.
• Citação de Marcos Ehrhardt Jr.
• REVISÃO CONTRATUAL – A Busca Pelo
Equilíbrio Negocial Diante da Mudança de
Circustâncias.
• Editora jusPODIVM
Esse princípio serve ainda como suporte de colmatação 
uma vez que serve para orientar o magistrado em caso 
de integração de lacunas
• Nesse sentido Humberto Theodoro Jr. Citado 
pelos profs. Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona
• “Nos tempos atuais, prevalece o princípio de que
todos os contratos são de boa fé, já que não
existem mais , no direito civil, formas sacramentais
para a declaração de vontade nos negócios
jurídicos patrimoniais, mesmo quando a lei
considera um contrato como solene. O intérprete,
portanto, em todo e qualquer contrato, tem de se
preocupar mais com o ‘espírito’ das convenções do
que com sua ‘letra’.
• O princípio da boa fé atua como fundamento
normativo e não propriamente fático de alguns
deveres que podemos elencar mesmo não
sendo uma enumeração taxativa.
Função criadora de deveres jurídicos 
anexos ou de proteção
• São considerados deveres
anexos gerais da relação
contratual. A lealdade é
definida como a fidelidade
ao compromisso assumido.
A confiança é vista no
sentido de crença na
probidade moral de outrem.
Esses dois elementos
podem ser vistos inclusive
em alguns contratos verbais
onde os contratantes
utilizam a expressão : “dar a
palavra”.
Nesse sentido...
• A idéia de lealdade infere o estabelecimento de
relações calcadas na transparência e
enunciação da verdade, com a correspondência
entre a vontade manifesta e a conduta
praticada, bem como omissões dolosas _ o que
se relaciona também com o dever anexo de
informação _ para que seja firmado um elo de
segurança jurídica calcada na confiança das
partes que pretendem contratar, com a
explicitação, a mais clara possível, dos direitos e
deveres de cada um.
• Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona Filho
• Novo Curso de Direito Civil – Teoria Geral
dos Contratos
• Dever de cooperação
mútua. Assim os
contratantes devem
colaborar para o correto
adimplemento da
prestação contratada
principal em toda a sua
extensão.
• Ex: Não dificultar o
pagamento por parte do
devedor ou o
recebimento do crédito,
por parte do credor (suj.
ativo da relação
obrigacional).
Assistência
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• É obrigação moral 
e jurídica de 
comunicar a outra 
parte todas as 
características e 
circunstâncias do 
negócio, do objeto 
contratual. Assim, 
não basta apenas 
a intenção de 
bem informar uma 
vez que todo o 
comportamento 
do sujeito tem de 
ser
• pautado nesse 
sentido
INFORMAÇÃO
EXEMPLO citado Profs. Pablo e Rodolfo
• Imagine-se que BONFIM fosse até uma
determinada concessionária adquirir um veículo.
Lá chegando, é recebido por um simpático
gerente que o convence das qualidades do
veículo que tanto deseja. Em dado momento do
diálogo, o pretenso comprador indaga a respeito
da revenda do automóvel, ao que é
imediatamente interrompido pelo vendedor:
“Este veículo é facilmente revendido. A
depreciação mínima”. O negócio então é
fechado. Três meses depois, entretanto,
BONFIM é surpreendido com a notícia de que o
seu carro havia saído de linha, razão pelo qual
sofreu devalorização de 50%.
Caso o gerente já soubesse do fim da 
produção do veículo...
• A sua omissão dolosa poderia gerar a anulação
do contrato, provando-se que sem ela o
negócio não teria sido celebrado, a teor do art.
147 do CC. Nesse caso a quebra do dever ético
de informação, em nítida violação à boa fé
objetiva, mesma na fase de elaboração do
negócio, repercutiria no âmbito de validade do
contrato pactuado.
E se ele não soubesse que o 
veículo sairia de linha?
• Não poderemos falar em silêncio intencional,
elemento caracterizador da omissão dolosa
prevista no art. 147 do CC. Mas, ainda assim,
embora tenha celebrado um contrato
aparentemente perfeito (todos elementos do
negócio jurídico perfeito), constata-se que
houve violação a um dever anexo de
informação, derivado da boa fé objetiva.
• Porque para a configuração de quebra desse
princípio, não se exige a configuração
específica de dolo ou culpa. Ademais, era
obrigação da própria empresa revendedora,
atuante no mercado de consumo, dispor de
todas as informações a respeito dos bens que
comercializa. Trata-se portanto de
RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA.
NESSE SENTIDO...
• ENUNCIADO 24 DAS JORNADAS DE DIREITO 
CIVIL DA JUSTIÇA FEDERAL (www.cjf.gov.br).
• “Em virtude do princípio da boa fé, positivado 
no art. 422, a violação dos deveres anexos 
constitui espécie de inadimplemento, 
independentemente de culpa”
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• Tem toda a relação
com o direito da
personalidade.
• Assim, mesmo quando
não consignado a
cláusula de sigilo e
confidencialidade é
forçoso convir que a
boa-fé objetiva impõe
que se observe o dever
de sigilo e
confidencilidade entre
ambas.
• Função para evitar a
“tirania dos direitos” pois
pelo princípio da boa-fé
visa-se evitar o exercício
abusivo dos direitos
subjetivos. Esse dever
diz que não se pode
mais reconhecer
legitimidade ou e dar
espaço as “cláusulas
leoninas ou abusivas.
Função 
Delimitadora
Do exercício
De direitos 
subjetivos

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