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01 João Vicente Mendes Santana C U R S O T É C N I C O E M A Q U I C U LT U R A Conceito e história da pesca INTRODUÇÃO À PESCA E À AQUICULTURA Coordenadora da Produção dos Materias Vera Lucia do Amaral Coordenador de Edição Ary Sergio Braga Olinisky Coordenadora de Revisão Giovana Paiva de Oliveira Design Gráfi co Ivana Lima Diagramação Elizabeth da Silva Ferreira Ivana Lima José Antonio Bezerra Junior Mariana Araújo de Brito Arte e ilustração Adauto Harley Carolina Costa Heinkel Huguenin Leonardo dos Santos Feitoza Revisão Tipográfi ca Adriana Rodrigues Gomes Nouraide Queiroz Margareth Pereira Dias Design Instrucional Janio Gustavo Barbosa Luciane Almeida Mascarenhas de Andrade Jeremias Alves de Araújo Silva José Correia Torres Neto Revisão de Linguagem Maria Aparecida da S. Fernandes Trindade Revisão das Normas da ABNT Verônica Pinheiro da Silva Adaptação para o Módulo Matemático Joacy Guilherme de Almeida Ferreira Filho EQUIPE SEDIS | UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN Projeto Gráfi co Secretaria de Educação a Distância – SEDIS Governo Federal Ministério da Educação Você ve rá por aqu i... Objetivos 1 Introdução à pesca e à aquicultura A01 Caro aluno, seja bem-vindo ao mundo da pesca e da aquicultura. Quero convidá-aro aluno seja bem vindo ao mundo da pesca e da aquicultura Quero convidálo a conhecer comigo esses importantes segmentos da economia brasileira. Tenho certeza de que poderemos aprender muito juntos e que isso o ajudará a ser um profi ssional de sucesso na profi ssão que você escolheu. Antes, porém, é muito importante você conhecer a relevância desta disciplina no seu curso. A disciplina Introdução à pesca e à aquicultura apresentará as primeiras impressões do mundo da pesca e da aquicultura para você. Nesta primeira aula, vamos estudar os principais conceitos presentes no segmento pesqueiro e aquícola, suas principais características e um pouco de sua história e sua evolução e assim você terá uma visão geral da área na qual você está se inserindo. Fique atento! Ao fazer as atividades e pesquisas solicitadas, você estará tendo contato com documentos, textos e discussões fundamentais para a sua formação e crescimento como profi ssional da área. Para ser um bom profi ssional, muito mais do que os professores ou o material didático disponível, é a sua atitude que vai fazer a diferença. Bons estudos! Conhecer o conceito de pesca. Identifi car, com base no conceito de pesca, as principais características dessa atividade. Compreender as transformações ocorridas na pesca ao longo do tempo. 1Praticando... 2 Introdução à pesca e à aquicultura A01 Para começo de conversa... Afi nal, o que é Pesca? 1. Se considerarmos a pesca como uma atividade, como você responderia às seguintes questões: a) Qual o objetivo dessa atividade? Eu tenho certeza de que você sabe defi nir com as suas palavras o que é pesca, mas vamos tentar construir juntos esse conceito. Iremos iniciar a nossa aula com uma série de questões para você refl etir sobre o objetivo, a função e o produto dessa atividade. Decreto-lei 3 Introdução à pesca e à aquicultura A01 Esta legislação está disponível em: <http://www.planalto. gov.br/ccivil/decreto- lei/Del0221.htm>. b) Onde essa atividade é praticada? c) Alguém é dono dos produtos que serão obtidos nessa atividade? Quem? Podemos dizer, de uma forma simplifi cada, que pesca é uma atividade extrativista cujo objetivo é capturar ou coletar o pescado e é praticada em um ambiente aquático. Para melhor entendimento, leia o Código de Pesca Brasileiro que está no Decreto-lei Nº 221 , de 28 de fevereiro de 1967. 2. A partir dessas perguntas, você já poderia escrever uma defi nição do que é pesca? Pesca é 2Praticando... 4 Introdução à pesca e à aquicultura A01 a) E pescaria, é a mesma coisa que pesca? O que você acha? ( ) sim ( ) não b) Por quê? Muitas vezes, utilizamos os termos pesca e pescaria como sinônimos, mas é preciso fazer uma diferença entre esses dois termos. O termo pesca representa a própria ação de pescar, enquanto o termo pescaria é tudo que envolve a ação de pescar: aparatos, indústria, ambiente, enfi m, tudo o que representa um conjunto de fatores presentes numa pescaria. Calma, vamos exemplifi car. Assim, você vai compreender melhor. Imagine alguém pescando sardinha. O ato da captura da sardinha você chama de pesca, enquanto a pescaria é o conjunto: o barco e seus equipamentos, os apetrechos de pesca, o ecossistema da sardinha, etc. E agora, compreendeu melhor? 3Praticando... 5 Introdução à pesca e à aquicultura A01 1. Para entender melhor os conceitos apresentados até então e se familiarizar com termos que serão muito utilizados em nossa disciplina, procure, no dicionário, o signifi cado das seguintes palavras: a) Extrativista b) Pescado c) “Apetrechos de pesca” d) “Petrechos de pesca” e) Ecossistema 2. Agora, procure conceituar a palavra pesca, fazendo isso a partir de leituras na legislação federal ou estadual. Isso quer dizer que você terá que procurar as leis que defi nem o que é pesca no seu Estado. Portanto, além da legislação federal citada no exercício anterior, você deverá procurar no site ofi cial do governo do seu Estado, qual o órgão responsável pelas políticas pesqueiras. Pesca comercial e pesca de subsistência Seguindo adiante... Na atividade da pesca, encontramos diferentes situações. Muitas pessoas têm a atividade da pesca como a única forma de sustentar a si e a sua família, outras sobrevivem não só da pesca, mas também de outras atividades, como agricultura e pecuária. 4Praticando... 6 Introdução à pesca e à aquicultura A01 Quando a prática da atividade pesqueira é realizada apenas para o consumo da produção pelo pescador e sua família, chamamos essa prática de pesca de subsistência. Nos casos em que as pessoas vendem o produto da sua pescaria ou pelo menos parte dessa produção para remunerar o seu trabalho, mesmo que a outra parte seja utilizada para o consumo familiar, chamamos essa prática de pesca comercial. a) Observe as fi guras abaixo e descreva as principais diferenças encontradas nos dois tipos de pescaria. b) Agora, defi na, com suas palavras, o que é pescaria comercial. c) Agora, defi na, com suas palavras, o que é pescaria de subsistência. 7 Introdução à pesca e à aquicultura A01 E como tudo começou? Bom, você já está começando a compreender melhor alguns conceitos importantes do setor pesqueiro, mas você já parou para pensar como surgiu a pesca, onde essa atividade começou? Desde os primórdios o homem luta pela sua sobrevivência. No início, habitava as cavernas e era nômade, pois precisava sair em busca de alimentos. As origens da atividade pesqueira praticada pelo homem confundem-se com a sua própria história e, antes mesmo da agricultura, o homem já praticava a pesca ao extrair moluscos marinhos para a sua alimentação. Na sua luta pela sobrevivência, o homem desenvolveu instrumentos que facilitassem sua coleta de pescado, o anzol. Estima-se, aproximadamente, de 30 a 40 mil anos atrás a utilização do anzol pelo homem. Acredita-se que os primeiros anzóis foram de madeira. Figura 1 – Primeiros anzóis de madeira As redes de pesca vieram logo em seguida e tanto o anzol quanto a rede de pesca já eram utilizados no fi m da pré-história. É claro que esses instrumentos de pesca não eram semelhantes aos que utilizamos hoje, assim como os locais onde o homem pescava. As pescarias se davam nos pequenos lagos, pois o homem só iniciou suas pescarias no oceano a partir da época do Império Romano. Foi nesse período que o peixe se tornou um alimento nobre. Esse fato estabeleceu as pescarias oceânicas. 5Praticando...8 Introdução à pesca e à aquicultura A01 Mas com o aumento do consumo de peixes pelas pessoas daquela época, as embarcações começaram a ter que se deslocar para lugares mais longe da comunidade, então como fariam para conservar o peixe, o que eles faziam para o peixe não chegar estragado? Nessa época, os gregos e os egípcios já conservavam o peixe com o sal, além disso, os romanos introduziram a prática do uso de azeite na conserva do peixe. Com o tempo, já na Idade Média, os produtos pesqueiros começaram a ser utilizados como moeda de troca pelos senhores feudais e camponeses. Nessa época, não só o peixe, mas o óleo extraído do peixe e a fabricação de redes para pescaria tornaram- se um negócio, assim podemos pensar que o agronegócio do peixe pode ter iniciado nesse tempo. Na disciplina “Empreendedorismo no Agronegócio”, você verá com mais detalhes o conceito de “agronegócio” e a sua relação com as atividades do profi ssional técnico em pesca/aquicultura. Agora, um desafi o: você sabe para que se utiliza, atualmente, o óleo do peixe? No fi nal da aula, você confere se acertou, certo? Continuando... No século VII d.C., a atividade da pesca e o consumo de pescado, principalmente de peixe, já eram comuns na sociedade européia. Dessa forma, a utilização de equipamentos mais efi cientes na prática das pescarias já era uma necessidade, pois com o aumento da demanda por pescado era necessário ir pescar mais distante e capturar não só 6Praticando... 9 Introdução à pesca e à aquicultura A01 peixes, mas mamíferos como as baleias, e crustáceos como as lagostas, já que tanto as populações rurais como a aristocracia queriam consumir mais pescados. Um dos peixes mais famosos e que tem a sua história de pescaria ligada à nossa história de consumo de pescado é o bacalhau. A história do bacalhau é milenar, pois existem registros de processamento do bacalhau já no século IX, realizado na Noruega e Islândia, e os Vikings são considerados os pioneiros no consumo e processamento desse peixe. Os Vikings, como não conheciam o sal, preparavam o bacalhau para secar ao ar livre até que perdessem peso e fi cassem com apenas a quinta parte do peso original, assim a carne fi cava bastante dura e era consumida durante as longas viagens oceânicas realizadas por eles. A utilização do sal antes da secagem do bacalhau foi utilizada pelos bascos, que já conheciam o sal e, no século X, já comercializavam o bacalhau curado, salgado e seco, pois o mesmo era salgado e depois secado ao ar livre para melhor manter a qualidade. Procure, no dicionário, o signifi cado das seguintes palavras. Você também pode pesquisar na internet, no seguinte site: <http://pt.wikipedia.org/wiki>. 1. Aristocracia 2. Vikings E a pesca no Brasil, como foi no início? No início, a pesca no Brasil era praticada pelos índios e foram eles que apresentaram aos portugueses muitas das técnicas de captura da época. Os índios pescavam principalmente em rios e em áreas mais reservadas dos estuários. A partir das técnicas 10 Introdução à pesca e à aquicultura A01 de pesca utilizadas pelos índios, os europeus e os escravos africanos adaptaram ou modifi caram essas técnicas. As principais técnicas utilizadas pelos índios eram as fl echas, um tipo de anzol preso à linha feita com fi bra vegetal e a utilização do timbó. Os currais de pesca também já eram utilizados naquela época. É bom lembrar que essas técnicas ainda são utilizadas hoje, porém com a agregação de novas técnicas e de tecnologias que hoje temos disponíveis. A pesca da baleia também foi um segmento importante. Além da carne para o consumo humano, o óleo era o principal produto dessa pescaria. O óleo da baleia era utilizado principalmente para construção das ruas e das casas, como liga para as massas utilizadas nas construções dos imóveis e para ceras que eram utilizadas na confecção de velas. Baleia Mais informações você pode conseguir nos sites <http:// www.gforum.tv/ board/1075/220309/ mamiferos-da-letra-b. html> e <http:// pt.wikipedia.org/wiki/ Balea%C3% A7%C3%A3o>. 7Praticando... 11 Introdução à pesca e à aquicultura A01 Vamos aumentar nosso vocabulário? Procure, no dicionário, o signifi cado dessas palavras, mas você também pode encontrar na Internet, no site <http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%A1gina_principal> fazer essa pesquisa. 1. Baleia 2. Arpão 3. Fibra vegetal 4. Estuário 12 Introdução à pesca e à aquicultura A01 Evolução das pescarias Vimos, resumidamente, aspectos gerais de como eram as pescarias no mundo e no Brasil em séculos passados, mas, com o aumento da demanda por pescado,tornou-se necessária a evolução do conjunto de conhecimentos para se conseguir suprir essa demanda, o que signifi ca pescar em locais mais distantes e em outros ambientes. Como ocorreu a evolução das pescarias? A evolução das pescarias veio, na maioria das vezes, acompanhada da evolução das técnicas de outros setores produtivos. Ou seja, as novas tecnologias produzidas pelo homem para outros segmentos da sociedade acabaram sendo incorporadas e/ou adaptadas ao segmento da pesca. É evidente que outras ciências evoluíram mais que as ciências pesqueiras, mas você deve levar em conta as características do segmento pesqueiro. A Revolução Industrial, bem como as pesquisas utilizadas nas duas grandes Guerras Mundiais, nos séculos XIX e XX, respectivamente, trouxeram para a sociedade a aplicação dessas pesquisas em segmentos econômicos importantes, dentre eles o segmento pesqueiro. Com o passar dos anos, a agregação de tecnologia de áreas como mecânica, eletrônica, química, telecomunicação, informática, dentre outras vem colaborando fi rmemente nos processos de captura, construção naval, máquinas e equipamentos utilizados a bordo das embarcações pesqueiras, navegação, artes de pesca, métodos de conservação do pescado, entre outros. Mas como foi que tudo isso aconteceu? Como vimos anteriormente, a pesca, nos primórdios, começou com a coleta de moluscos, depois foram introduzidos os primeiros instrumentos, como pedras, lanças, arpões e fl echas. 13 Introdução à pesca e à aquicultura A01 Dessa forma, podemos imaginar que a utilização do anzol foi uma revolução para essa atividade. Os historiadores apontam que há 30 mil anos o anzol já era utilizado pelo homem. Dessa forma, o homem passou a confeccionar anzol a partir de dentes e garras de animais, espinhos vegetais, ossos de peixes e de outros animais e até de pedra. Só muito depois o metal passou a ser utilizado para confeccionar anzol. O homem, para se proteger do frio, da chuva, dos animais e de outras intempéries precisou confeccionar vestimentas, mas como foi que isso aconteceu? O homem aprendeu que poderia utilizar as fi bras de alguns vegetais para confeccionar fi os e depois tecer esses fi os para virar tecido. 14 Introdução à pesca e à aquicultura A01 É claro que as peles dos animais foram as nossas primeiras vestimentas, mas o que tem isso a ver com pesca? É que o fi o que era utilizado para a confecção das vestimentas foi o mesmo para confeccionar as redes de pesca cujo maior uso era como armadilhas e, depois, serviram para amarrar os anzóis que eram utilizados nas pescarias de linha de mão. As redes de pesca eram utilizadas mais como armadilhas, da mesma forma que ainda utilizamos hoje o curral de pesca. Elas atuavam para aprisionar os peixes e não para emalhá-los. A rede de pesca, da forma como conhecemos hoje, só surgiu muito tempo depois. As principais fi bras utilizadas na confecção dos fi os eram obtidas a partir da fi bra do sisal e algodão, mas outros vegetais também eram utilizados. 15 Introdução à pesca e à aquicultura A01 E como seria a qualidade desses anzóis, desses fi os e consequentemente dessas redes de pesca?Você está correto. Como tudo era construído rusticamente, o tempo de utilização dos mesmos era muito reduzido. As fi bras apodreciam rapidamente e, dessa forma, a resistência do fi o ao esforço fi cava comprometida. Os anzóis também perdiam rapidamente a resistência, pois o contato com a água os tornava mais frágeis. Com a Revolução Industrial, surge a máquina a vapor, que logo depois seria utilizada nas embarcações. Com isso, as embarcações não dependem mais apenas de remos e velas e, dessa forma, passam a navegar mais distantes da costa e mais rapidamente, além disso, podem mecanizar equipamentos de auxílio à pesca, como os guinchos podem lançar e recolher, mais rápido, redes e linhas de pesca. Ainda nessa época, novas técnicas de pesca são introduzidas, novos materiais que confeccionam artes de pesca são utilizados e novos métodos de conservação de alimentos através da tecnologia da utilização do frio controlado são inseridos no processo das pescarias. Isso faz com que a indústria pesqueira comece a se consolidar como um segmento econômico importante para a sociedade. Outra fase importante na evolução da pesca foi a utilização da tecnologia na área militar naval. Muitas pesquisas que geraram tecnologia, principalmente durante a Segunda Grande Guerra Mundial, foram transferidas para o meio civil e utilizadas por vários segmentos econômicos. No caso da pesca, a tecnologia utilizada pelos navios para detectar submarinos foi a mesma para detectar cardumes. O uso do radar para localizar as tropas inimigas foi adaptado para dar maior segurança durante a navegação; as novas tecnologias de telecomunicação também passaram a ser usadas pelas embarcações, sendo o satélite também transferido para o setor civil, com as embarcações usando-o para a sua própria localização durante a navegação como também para a marcação de importantes áreas de pesca. Outra importante área que contribuiu e contribui é a área de química. Na pesca, a substituição das fi bras naturais pelas fi bras sintéticas foram fundamentais para consolidar a utilização das atuais artes de pesca, a utilização dos polímeros para a fabricação dos fi os para as redes de pesca e para as linhas, bem como os tratamentos químicos utilizados nos metais que estão presentes nas artes de pesca contribuem com uma maior resistência e durabilidade desses apetrechos de pesca. 8Praticando... 16 Introdução à pesca e à aquicultura A01 Pesquise em sítios de busca da Internet sobre os temas seguintes e faça um resumo sobre cada um deles. Segue como sugestão, alguns endereços na Internet, onde você poderá realizar suas pesquisas. <http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_Industrial>; <http://www.cena.usp.br/irradiacao/conservacao.htm>; <http://pt.wikipedia.org/wiki/Fibra_sint%C3%A9tica>. 1. Revolução Industrial 2. Utilização da tecnologia do frio na conservação dos alimentos 3. Surgimento da fi bra sintética Bem, estamos concluindo nosso primeiro encontro. Espero que você tenha gostado. Faço uma sugestão: planeje o seu tempo de estudo, pois assim terá as condições necessárias para estudar com calma e realizar os exercícios propostos, além de ler mais sobre o assunto em outras fontes. 17 Introdução à pesca e à aquicultura A01 Respondendo ao desafi o (atividade 5) E então, vamos ver se você acertou? Atualmente, o óleo de peixe é utilizado, principalmente, como medicamento e é adicionado às farinhas que compõem algumas das rações animais. Leituras complementares Além dos endereços na Internet, disponibilizados ao longo desta aula, você também poderá obter mais informações sobre esse tema, consultando a seguinte referência: SILVA, L. G. Os pescadores na história do Brasil. Recife: VOZES, 1988. (Colônia e Império, 1). Esse livro relata como era a vida dos pescadores brasileiros durante a Colônia e o Império. Fique atento quanto à tecnologia de pesca que era utilizada nessa época. Nesta primeira aula você estudou o conceito de pesca, viu que a pesca é uma atividade extrativista e um importante segmento econômico que gera emprego, trabalho e renda. Você estudou também que o homem já praticava a pesca mesmo antes da agricultura e que com o passar dos séculos as pescarias começaram a fi car mais distantes da costa, necessitando, com isso, do aprimoramento das embarcações, dos materiais de pesca e das técnicas de conservação do pescado a bordo. Com a revolução industrial, novas tecnologias foram incorporadas à atividade, como a introdução de materiais sintéticos na confecção dos apetrechos e das novas tecnologias de captura. Você também foi convidado a pesquisar muitos conceitos, o que deverá contribuir para a sua familiarização com um vocabulário que fará parte das nossas aulas, daqui para frente, bem como das demais disciplinas do Curso e, principalmente, no exercício da sua futura profi ssão. Autoavaliação 18 Introdução à pesca e à aquicultura A01 Este é o momento de você fazer uma avaliação dos assuntos que abordamos nesta aula. Qualquer dúvida consulte os exercícios anteriores e os sites que indicamos. 1. Qual o conceito e as principais características da pesca? 2. Com suas palavras, faça uma abordagem da evolução da pesca, desde os primórdios até os nossos dias. 3. Caracterize como a pesca é praticada na sua região (tipos de embarcações, espécies capturadas, número de pescadores, etc). Referências AFONSO-DIAS, Manuel. Breves notas sobre a história da pesca. Disponível em: <http:// w3.ualg.pt/~madias/docencia/paq/BrevesNotasHistoriaPesca.pdf>. Acesso em: 10 out. 2008. BRASIL. Casa Civil. Subchefi a para Assuntos Jurídicos. Decreto-Lei nº 221, de 28 de fevereiro de 1967. Dispõe sobre a proteção e estímulos à pesca e dá outras providências. Brasília, 1967. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil/decreto- lei/Del0221.htm>. Acesso em: 19 nov. 2008. HISTÓRIA DO ANZOL. Disponível em: <http://www.marlinnegro.na-web.net/pre_historia. htm>. Acesso em: 12 out. 2008. HISTÓRIA DA PESCA. A pesca desde a pré-história. Disponível em: <http://www. vaprapesca.com.br/Brasil/Links/hist_pesca.htm>. Acesso em: 11 out. 2008. SILVA, Luis Geraldo da (Org.). Os pescadores na história do Brasil. Recife: VOZES, 1988. (Colônia e Império, 1). 19 Introdução à pesca e à aquicultura A01 Anotações 20 Introdução à pesca e à aquicultura A01 Anotações 02 João Vicente Mendes Santana C U R S O T É C N I C O E M A Q U I C U LT U R A A pesca no Brasil e no mundo – principais locais de captura INTRODUÇÃO À PESCA E À AQUICULTURA Coordenadora da Produção dos Materias Vera Lucia do Amaral Coordenador de Edição Ary Sergio Braga Olinisky Coordenadora de Revisão Giovana Paiva de Oliveira Design Gráfi co Ivana Lima Diagramação Elizabeth da Silva Ferreira Ivana Lima José Antonio Bezerra Junior Mariana Araújo de Brito Arte e ilustração Adauto Harley Carolina Costa Heinkel Huguenin Leonardo dos Santos Feitoza Revisão Tipográfi ca Adriana Rodrigues Gomes Margareth Pereira Dias Nouraide Queiroz Design Instrucional Janio Gustavo Barbosa Jeremias Alves de Araújo Silva José Correia Torres Neto Luciane Almeida Mascarenhas de Andrade Revisão de Linguagem Maria Aparecida da S. Fernandes Trindade Revisão das Normas da ABNT Verônica Pinheiro da Silva Adaptação para o Módulo Matemático Joacy Guilherme de Almeida Ferreira Filho EQUIPE SEDIS | UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN Projeto Gráfi co Secretaria de Educação a Distância – SEDIS Governo Federal Ministério da Educação Você ve rá por aqu i... Objetivos 1 Introdução à pesca e à aquicultura A02 Nesta aula, faremos uma grande viagem pelos oceanos, aprendendo conceitos importantes sobre a água, seus nutrientes e a sua importância para a atividade da pesca. Você também irá conheceros principais locais de pesca no Brasil e no mundo, identifi cando as principais espécies capturadas pela pesca comercial. Suba a bordo e vamos começar! Conhecer os conceitos envolvendo os estoques pesqueiros. Entender a importância dos nutrientes das águas e as suas importâncias nas pescarias. Identifi car as principais características e os principais locais onde a pesca é praticada no Brasil. Identificar algumas espécies de recursos pesqueiros capturados pela pesca comercial no Brasil. 2 Introdução à pesca e à aquicultura A02 Para começo de conversa... Vamos ler o texto abaixo: Viva a diferença! (adaptado de Lígia Barreto) Reomédio trabalhava numa empresa de pesca há vários anos. Sempre foi um funcionário sério, dedicado e cumpridor de suas obrigações. Nunca chegava atrasado. Por isso mesmo estava na instituição, sem ter recebido uma única reclamação. Certo dia, ele foi até seu chefe fazer uma queixa: – Senhor Gerente, tenho trabalhado durante anos nesta empresa com toda dedicação, só que me sinto um tanto injustiçado. Fiquei sabendo que o Felizberto, que tem o mesmo cargo que eu, está aqui há somente três meses e já será promovido?... O Gerente, fi ngindo não ouvi-lo disse: – Foi bom você ter vindo aqui. Tenho um problema para resolver e você poderá me ajudar. Estou querendo oferecer frutas no café da manhã ecológico deste mês. Aqui próximo tem um mercadinho que tem uma boa variedade de frutas. Por favor, vá até lá e verifi que se eles têm abacaxi. Reomédio sem entender direito, saiu da sala e, imediatamente, foi cumprir a missão. Em cinco minutos estava de volta. 3 Introdução à pesca e à aquicultura A02 – E aí Reomédio? Perguntou o Gerente. – Verifi quei, como o senhor me pediu e eles têm abacaxi sim... – Quanto custa? Perguntou o gerente – Aaahh, isso eu não perguntei...Respondeu Reomédio O Gerente pergunta novamente: – Eles têm abacaxi para atender todo nosso pessoal?? – Também não perguntei isto...diz Reomédio – Há alguma fruta que possa substituir o abacaxi? – Não sei... Muito bem, Reomédio. Sente-se ali naquela cadeira e aguarde um pouco. O Gerente pegou o telefone e mandou chamar o novato Felizberto. Deu a ele a mesma orientação que ao Reomédio. Em 30 minutos, Felizberto voltou. – E então? Indagou o Gerente. – Eles têm abacaxi, sim. O estoque é sufi ciente para todo nosso pessoal aqui e, se o senhor preferir, tem também laranja, mamão, banana e melão. O abacaxi custa R$ 2,00 a unidade; a laranja é R$ 10,00 o cento, já descascada; o mamão e a banana são R$1,00 o quilo; e o melão japonês é R$0,80. Porém, como eu disse que a compra seria em grande quantidade, eles nos concederão um desconto de 5% e ainda manda deixar. Peguei o número do telefone do supervisor de vendas e conforme sua decisão, posso fazer o pedido, explicou Felizberto. Agradecendo pelas informações, o Gerente o dispensou-o. Voltou-se para Reomédio, que permanecia sentado e perguntou-lhe: – Reomédio, o que foi mesmo que você estava me dizendo? – Nada, patrão. Esqueça. Com licença... E Reomédio deixou a sala. “Se não nos esforçarmos para fazer o melhor, mesmo em tarefas que possam parecer simples, jamais nos serão confi adas tarefas de maior importância.” “Todas as vezes que fazemos o uso correto e amplo da informação, criamos a oportunidade de imprimir a nossa marca pessoal.” Vocês podem e devem se destacar, até nas coisas mais simples, como Felizberto. Portanto, VIVA A DIFERENÇA!!! SEJA A DIFERENÇA!!! FAÇA A DIFERENÇA!!! Durante nosso curso, deveremos buscar não apenas conhecimentos técnicos, mas também a formação pessoal, do caráter e fortalecer nossas habilidades Responda aqui 1Praticando... 4 Introdução à pesca e à aquicultura A02 Introdução A importância das pescarias para um País não se mede apenas pela sua contribuição para a economia, mas deve atender ao fato de serem os recursos e os produtos pesqueiros componentes fundamentais de trabalho e da segurança alimentar. As características biológicas devem constituir a base fundamental para a conservação e gestão dos recursos pesqueiros, não menosprezando os efeitos sociais, econômicos, institucionais ou ambientais. Assim, se um recurso biológico renovável for bem gerido, a sua duração seria praticamente ilimitada, ao contrário do que sucede com os recursos minerais. Descreva quais são, em sua opinião, as principais funções dos oceanos e sua importância para compreensão das pescarias? 5 Introdução à pesca e à aquicultura A02 Seguindo adiante... Na primeira aula, você aprendeu algumas defi nições, pôde identifi car as principais características da pesca e compreender suas principais transformações ocorridas nos últimos tempos. Iremos agora iniciar a nossa aula com uma série de conceitos necessários para entendimento de como funciona a atividade de pesca. Alguns conceitos importantes O Brasil possui uma grande faixa oceânica para aproveitar, pois a nossa costa tem mais de 7.000km de comprimento (linha reta), entre o extremo norte (foz do Rio Oiapoque/ AP) e o extremo sul do país (Arroio Chuí/RS). Inicialmente, é necessário se familiarizar com alguns termos técnicos empregados quando o assunto são as pescarias. Mar territorial Devido à importância e às riquezas do mar, todo país marítimo preocupa-se em garantir para si uma parte do mar que banha o seu território. Essa parte do mar chama-se mar territorial e compreende uma faixa de 12 milhas marítimas de largura, medidas a partir da linha de baixo mar do litoral continental. A partir daí, temos águas internacionais, que não pertencem a nenhum país. É reconhecido aos navios de todas as nacionalidades o direito de passagem inocente no mar territorial, desde que não seja prejudicial à paz, ou à segurança do país, devendo ser contínua e rápida. A passagem inocente poderá compreender o parar e fundear, mas apenas na medida em que tais procedimentos constituam incidentes comuns de navegação, ou seja, por motivo de força ou por difi culdade grave, ou ainda, para prestar auxílio a pessoas, navios e aeronaves em perigo ou difi culdade grave. Zona contígua É a faixa que se estende de 12 a 24 milhas marítimas, contadas a partir das linhas de base que servem para medir o mar territorial. Nesta zona, o país poderá tomar as medidas de fi scalização necessárias para evitar as infrações às leis e aos regulamentos alfadengários, fi scais, de imigração ou sanitários no seu território ou no seu mar territorial. Zona econômica exclusiva - ZEE Zona econômica exclusiva é aquela onde cada nação possui direitos exclusivos sobre os recursos de suas águas oceânicas. Está localizada entre 0 e 200 milhas da costa litorânea. Compreende uma faixa que se estende das 12 às 200 milhas marítimas, contadas a partir das linhas de base que servem para medir a largura do mar territorial. Nesta zona, o país tem direitos para fi ns de exploração, aproveitamento, conservação 6 Introdução à pesca e à aquicultura A02 e gestão de recursos naturais, vivos ou não vivos, das águas sobrejacentes ao leito do mar, e seu subsolo, e no que se refere a outras atividades com vistas à exploração e ao aproveitamento da zona para fi ns econômicos. O Brasil, no exercício de sua jurisdição, tem o direito exclusivo de regulamentar a investigação científi ca marinha, a proteção e preservação do meio marítimo, bem como a construção, operação e uso de todos os tipos de ilhas artifi ciais, instalações e estruturas. As defi nições acima se encontram na lei LEI Nº 8.617, de 4 de janeiro de 1993. Figura 1 – limites do mar territorial, zona contígua e zona econômica exclusiva. Relevo submarino O relevo submarino é subdividido em quatro partes: Plataforma continental, Talude, Região pelágica e Região abissal. Plataforma continental A plataforma continentalpode ser defi nida como a continuação do continente, mesmo submerso. Sua profundidade média é de 0 a 200 m, o que signifi ca que a luz solar infi ltra-se na água, gerando condições propícias à atividade biológica e ocasionando uma grande importância econômica para a atividade da pesca. Há também, na plataforma continental, a ocorrência de petróleo. (CMIO, 1999). Fo nt e: < ht tp s: // w w w .m ar .m il. br /d hn /d hn /i nd ex .h tm l> . A ce ss o em : 1 1 n ov . 2 0 0 9 . 7 Introdução à pesca e à aquicultura A02 Essa plataforma é a continuação natural do relevo continental. Compreende o leito e o subsolo nas áreas submarinas que se estendem em toda a extensão do prolongamento natural do seu território terrestre, onde a partir das planícies litorâneas (praias) inclina-se suavemente sob o mar, até o bordo exterior da margem continental ou até uma distância de duzentas milhas marítimas das linhas de base. Seus limites estão além do seu mar territorial entre o ponto zero (zero de altitude e zero de profundidade), exatamente no contato mar-terra, e a cota de 200 metros de profundidade. No Brasil, a largura da plataforma continental é variável, possuindo média inferior a 90 km. No litoral do Amazonas e do Pará é extensa, apresentando maior largura na foz do rio Amazonas; depois se estreita no litoral do Nordeste e novamente se alarga a partir do Espírito Santo. A plataforma continental possui extraordinária fonte de recursos alimentares devido às matérias nutritivas que procedem dos continentes e à presença da luz solar que possibilitam o desenvolvimento da vida vegetal e animal. Área caracterizada pelo intenso processo de acumulação, onde se concentra a exploração econômica dos oceanos, como a pesca industrial, a extração do sal e a produção de petróleo. O Brasil exerce direitos de soberania sobre a plataforma continental, para efeitos de exploração dos recursos naturais minerais e outros não vivos do leito do mar e subsolo. Na plataforma continental, o Brasil tem o direito exclusivo de regulamentar a investigação científi ca marinha, proteção e preservação do meio marinho. Talude Desnível abrupto de 2 a 3 km de profundidade. É o fi m do continente. Está situado entre a borda marítima da plataforma continental e as profundezas oceânicas, formando um desnível abrupto da ordem de 200 a 2.000m, onde se localizam os canhões submarinos, que são vales profundos e de paredes abruptas. Caracteriza-se pelo predomínio de formas acidentadas, geralmente em declive, estendendo-se por cerca de 9% dos fundos oceânicos. Constitui o verdadeiro limite dos oceanos. Região pelágica É o relevo submarino propriamente dito, com planícies, montanhas e depressões. É constituída pelas bacias oceânicas e as cristas ou dorsais oceânicas, sendo que o início dessa região é o limite inferior do talude continental se estendendo por 2.000 a 5.000m. As bacias oceânicas são constituídas por extensas planícies, divididas entre si por cordilheiras submarinas, as quais formam as cristas ou dorsais oceânicas. É a região dominante dos fundos dos mares, ocupando 80% da superfície oceânica e tem forma de um grande planalto submerso. Nessa região surgem as ilhas oceânicas de Trindade e o grupo Martim Vaz, o arquipélago Fernando de Noronha e a grande cordilheira denominada Dorsal Atlântica. 8 Introdução à pesca e à aquicultura A02 Região abissal Quando ocorre aparece junto ao talude. É a região dos abismos submarinos ou fossas submarinas, depressões longas e estreitas que chegam a alcançar mais de 10 km de profundidade. As fossas estão localizadas perto dos continentes e das ilhas, nas proximidades do talude continental e abrangem apenas 1% da área dos fundos dos oceanos. É a porção menos conhecida do relevo marinho e ocupa apenas 3.4% da área total dos oceanos. Figura 2 – Descrição do relevo submarino. O plâncton O plâncton representa o conjunto de todos os seres vivos fl utuantes que são levados pelas correntezas marinhas. Eles não possuem órgãos de locomoção e, quando os têm, são rudimentares. Existem duas categorias de seres planctônicos: o zooplâncton e o fi toplâncton: Fitoplâncton – é constituído pelos produtores, ou seja, os seres autotrófi cos, que desempenham um grande papel na cadeia alimentar marinha. As algas são os principais representantes dessa categoria. São os microorganismos de origem vegetal e precisam de nutrientes para seu crescimento. Fo nt e: < ht tp s: // w w w .m ar .m il. br /d hn /d hn /i nd ex .h tm l> . A ce ss o em : 1 1 n ov . 2 0 0 9 . Responda aqui 2Praticando... 9 Introdução à pesca e à aquicultura A02 Para entender melhor os conceitos apresentados e se familiarizar com termos que serão muito utilizados em nossa disciplina, procure no dicionário ou internet o signifi cado da palavra: “Nutriente”: Depois, apresente um exemplo em que os nutrientes foram importantes na produtividade de organismos vegetais ou animais. Zooplâncton – é constituído por organismos heterotrófi cos, como microcrustáceos, larvas de peixe, protozoários, insetos, pequenos anelídeos e até caravelas. São os microorganismos de origem animal. Fonte: <http://www.portalbrasil.net/educacao_seresvivos_biosfera.htm>. Acesso em: 7 jan. 2010. 10 Introdução à pesca e à aquicultura A02 Correntes oceânicas As correntes são geradas pelo efeito de rotação da Terra, o vento, a forma das bacias oceânicas, e são responsáveis por manter os oceanos em constante movimento, transportando grandes massas d’água, com distintas temperaturas, densidades e salinidades, de uma região para outra, produzindo uma suavização nos climas das localidades próximas às zonas costeiras. O mar é uma fonte de produção de vapor d’água, o qual não só vai tornar úmida a atmosfera local ou costeira, como também é transportado a regiões afastadas do oceano, permitindo a formação de precipitação no interior dos continentes. A distribuição mundial das correntes oceânicas revela uma correlação entre as circulações oceânicas e atmosféricas nas baixas e médias latitudes. No hemisfério norte a circulação é horária, acontecendo o contrário no hemisfério sul. Como resultado da maioria das circulações superfi ciais, ocorre o transporte de água fria para o Equador ao longo das margens lestes dos oceanos e água quente para os polos, ao longo das margens localizadas a oeste. No oceano existem duas áreas principais de dispersão: a equatorial, onde se formam as correntes quentes e que se deslocam para as áreas de altas latitudes e as polares, onde se formam as correntes frias e se deslocam para as baixas latitudes. As correntes marítimas que atingem o Brasil se originam da corrente quente Sul- Equatorial, a qual se forma no Golfo da Guiné, na África e desloca-se em direção ao Brasil. Ao atingir o Nordeste brasileiro, a corrente se bifurca dando origem à corrente das Guianas e à corrente do Brasil. A corrente da Guiana se direciona para oeste, banhando o nordeste e norte do Brasil e atingindo o mar das Antilhas, enquanto a corrente do Brasil se desloca no sentido sul. 11 Introdução à pesca e à aquicultura A02 Figura 3 – Distribuição das correntes oceânicas no oceano Atlântico. Fonte: <https://www.mar.mil.br/dhn/dhn/index.html>. Acesso em: 11 nov. 2009. Ressurgência A ressurgência é o nome dado ao fenômeno provocado por uma corrente de água fria, que se desloca em um nível profundo, e que ao chegar à costa afl ora e se aquece, resultante tanto dos raios solares, como da corrente de água. A corrente é rica em nutrientes, fazendo parte da cadeia alimentar de animais microscópicos, que por sua vez servem de alimento para outros maiores. A ressurgência fazcom que os nutrientes vão para a superfície e também fi quem em todas as camadas da água. Responda aqui 3Praticando... 12 Introdução à pesca e à aquicultura A02 Corrente do Brasil A corrente Equatorial Sul divide-se entre 7° e 17° sul dependendo da estação do ano, escoando para sudoeste paralela à costa do Brasil até a costa do Uruguai a cerca de 35°S, já com o nome de corrente do Brasil, onde se confronta com a corrente das Malvinas. Neste ponto de convergência, as duas correntes correm para leste incorporando-se à corrente do Atlântico Sul. A direção prevalecente é sul/sudoeste durante todo o ano, mas a sua velocidade e seus limites apresentam variações mais acentuadas que a maioria das grandes correntes. Corrente das Malvinas A corrente Falkland ou das Malvinas é originada pela corrente do Cabo Horns na parte norte da passagem de Drake. Ao passar pelo estreito, a corrente desvia para o norte, passando entre o continente e as Ilhas Falkland ou Malvinas e acompanha a costa da América do Sul até confrontar-se com a corrente do Brasil, perto da latitude de 36° S, próxima à desembocadura da bacia de La Plata. Por que os oceanos podem infl uenciar ecossistemas e o clima de todo o planeta? 13 Introdução à pesca e à aquicultura A02 Mais alguns conceitos... Para entender um pouco mais sobre produção pesqueira, é importante conhecermos alguns indicadores que infl uenciam, de forma direta ou indireta, essa produção. Biomassa Peso de um indivíduo ou de um grupo de indivíduos contemporâneos de um manancial ou estoque. Captura em peso A captura em peso corresponde à biomassa do manancial ou estoque retirado pela pesca, e não corresponde necessariamente ao peso desembarcado. A diferença entre os dois valores (captura em peso e desembarque) ocorre em grande parte às rejeições ao mar de parte do que foi capturado, seja em função do preço, qualidade, difi culdades de espaço ou questões legais. Descarte é o nome atribuído a uma parte da fauna acompanhante que, segundo os pescadores e armadores, não têm viabilidade econômica. (DIAS NETO; MARRUL FILHO, 2003). Captura em número Número de indivíduos capturados. Estoque ou manancial pesqueiro Conjunto dos sobreviventes ou porção disponível de um recurso pesqueiro, num certo instante ou período de tempo. Pode referir-se à biomassa ou ao número de indivíduos. (DIAS NETO; MARRUL FILHO, 2003). Espécie alvo É aquela que se pretende capturar com uma determinada arte de pesca. No entanto, nem todas as espécies que são capturadas são espécies alvo. Entre as demais espécies capturadas existem as espécies acessórias que embora não sendo espécies alvo, são retidas no petrechos (= fauna acompanhante ou “by catch”) e as rejeições (espécies jogadas fora = lixo). O valor de mercado e o tipo de arte de pesca têm um papel fundamental nessa decisão, pois uma espécie com um valor elevado é geralmente alvo. Responda aqui 4Praticando... 14 Introdução à pesca e à aquicultura A02 O ambiente marinho – nutrientes na água e as correntes oceânicas A FAO (Food and Agriculture Organization – Organização para a Agricultura e Alimentação) é um órgão das Nações Unidas responsável pelo monitoramento e avaliação dos progressos da pesca global. É uma organização especializada, ela foi criada em 1943 em um encontro governamental em Hot Springs, EUA, por 44 representantes governamentais e está ligada à ONU, pois na Carta das Nações Unidas de 1945 em seus artigos 57 e 63 autoriza a vinculação das várias entidades especializadas, desde que atuem sobre o campo econômico, social, cultural e educacional. Com o passar dos anos, a degradação ambiental, neste caso específi co o esgotamento dos recursos marinhos, sucedeu-se alguns acordos internacionais visando a proteção dos oceanos. A Convenção das Nações Unidas para o Direito do Mar, realizada em 1982, na cidade de Montego Bay- Jamaica é um marco para o Direito do Mar. Os acordos instituídos entraram em vigor apenas em 16 de novembro de 1994. Pesquisar no site <www.fao.org> as principais funções e diretrizes da FAO. 5Praticando... 15 Introdução à pesca e à aquicultura A02 Veja mais informações consultando: COMISSÃO MUNDIAL INDEPENDENTE SOBRE OS OCEANOS - CMIO. O oceano... nosso futuro: relatório da comissão mundial independente sobre os oceanos. Rio de janeiro: Comissão Nacional Independente sobre os Oceanos. 1999. 248p. Disponível em: <http://www.mdn.gov.pt/NR/rdonlyres/22D2295A-838A-4B05-B176- 1CC8D6BD1DAB/0/Relatorio_Oceanos.pdf>. Acesso em: 11 nov. 2009. Os mares, numa visão global, constituem uma área contínua, isto é, não se pode falar em fronteiras nos oceanos. Esta afi rmativa é aplicável às suas distintas zonas, ambientes e recursos. Mesmo assim, é indiscutível a existência de variados ecossistemas e estoques de recursos pesqueiros. Entretanto, suas fronteiras não dependem do arbítrio do homem, mas tão somente de suas características intrínsecas. Você já pesquisou o signifi cado da palavra “nutriente”. Os principais nutrientes presentes na água do mar são: nitrogênio, fósforo, sódio, potássio, cálcio, zinco e magnésio. Agora, pesquise sobre o papel e a importância de cada um deles. Nitrogênio: Fósforo: Sódio: 16 Introdução à pesca e à aquicultura A02 Potássio: Cálcio: Zinco: Magnésio: As zonas costeiras, desde as bacias hidrográfi cas até o limite da plataforma, formam um ambiente densamente povoado, muito dinâmico e de grande complexidade. Esse ambiente é afetado tanto pelos processos naturais como pelas transformações causadas pelo homem. A gestão dessas zonas exige uma profunda compreensão dos fenômenos físicos, químicos e biológicos que infl uenciam a morfologia, a erosão e a evolução desses ecossistemas. (CMIO, 1999). De toda a área dos oceanos, apenas 10% é produtiva. Dessa área produtiva, somente 9,9% correspondem às plataformas continentais e 0,1% às zonas de ressurgências, também contíguas à costa. Os 90% restantes são quase absolutamente desérticos. Conclui-se que as áreas costeiras são 5 vezes mais produtivas que o oceano no seu todo e que as áreas de ressurgência são em média 50 vezes mais produtivas, podendo alcançar produtividade 75 vezes maiores que a do oceano. 17 Introdução à pesca e à aquicultura A02 A maior parte da produção pesqueira se dá dentro das 200 milhas próximas da terra (ZEE), o que torna os recursos pesqueiros muito suscetíveis aos efeitos das atividades humanas. O oceano tropical compreende a 50% da área total de águas oceânicas globais e 30% da área total das plataformas continentais. Apesar disso, é responsável por apenas 16% da produção pesqueira global. A fi gura 4 evidencia que a produtividade primária (número de organismos autotrófi cos por área ou volume) do hemisfério Norte é superior à do hemisfério Sul, o que explica o fato do Atlântico Norte ser bem mais produtivo, em termos de pesca, que o Atlântico Sul. As áreas mais escuras são àquelas de maior presença de nutrientes, consequentemente, mais fi to/zooplâncton e, portanto, maiores pescarias. Figura 4 – Visão global da distribuição geográfi ca da produção primária (fi toplâncton) dos oceanos, representada pelas áreas sombreadas Fonte: FAO (1994 apud CADDY; GRIFFITHS, 1996). 6Praticando... 18 Introdução à pesca e à aquicultura A02 Identifi car as principais zonas de maior produtividade primária no mundo (verifi car as áreas mais escuras na fi gura 4), tendo como base os textos sobre nutrientes e ressurgência. Com base nos textos anteriores, responda as afirmativas abaixo assinalando V, quando verdadeira ou F de falso. [ ] A FAO é um órgão das Nações Unidas responsável pelo monitoramento e avaliação dos progressos da pesca global. [ ] A base da cadeia alimentar marinhaé uma comunidade de organismos microscópicos chamada plâncton. [ ] A distribuição e a abundância de comunidades de fitoplâncton dependem de um conjunto de variáveis, como a luz, a temperatura e o nível de nutrientes existentes na água. [ ] As áreas mais produtivas de todos os mares tendem a situar-se em águas oceânicas. [ ] 90% da região oceânica são quase absolutamente desérticas. [ ] A produtividade primária do hemisfério Sul é superior à do hemisfério Norte, o que explica o fato de o Atlântico Sul ser bem mais produtivo, em termos de pesca, que o Atlântico Norte. 19 Introdução à pesca e à aquicultura A02 Pescaria no litoral oeste da América do Sul O recente relatório sobre o setor de frutos do mar na América Latina é o segundo relatório anual a ser publicado pela Glitnir a respeito do mercado da América Latina e o fi nal de uma série de sete planejados para 2007. Esse material está disponível em www.glitnir.is/seafood. Dados fornecidos por esse relatório: -- A pesca total referente às nações da América Latina contabilizou 17,1 milhões MT (metric tons/toneladas métricas) em 2005, (17,7% da pesca mundial) com Peru e Chile se destacando como as principais nações produtoras de 82% do volume total. -- Em 2006, a pesca argentina cresceu 24% em relação ao ano anterior, atingindo 1,1 milhão de MT, sendo os maiores contribuidores para isso a lula e o camarão argentino vermelho. -- O merlúcio é a espécie mais importante da Argentina com a pesca total atingindo 354 mil MT em 2006, uma redução de 2,3% cento em relação ao ano anterior. -- O Peru é o segundo maior produtor do mundo de pescados com aproximadamente um terço da produção mundial e 41% das exportações internacionais em 2006. -- O consumo anual de pescados nos países analisados é maior no Peru (20,0 kg por pessoa), seguido de Chile (16,5 kg), Argentina (6,5 kg) e Brasil (6,0 kg). -- As espécies oceânicas são parte signifi cativa da pesca peruana, sendo mais usadas no setor de frutos do mar. A espécie mais importante é a anchova. Desde 2002, somente a anchova pode ser usada em pescados. O uso de sardinhas, carapaus e cavalas está restrito ao consumo humano direto. -- Em 2006, o Peru exportou 97% de pescados e 96% da produção de óleo de peixe. 41% das exportações foram para a China, 16% para a Alemanha e 13 % para o Japão. A demanda por pescados, especialmente na China e na Europa, deve aumentar ainda mais nos próximos anos com uma necessidade cada vez maior de uma alimentação saudável. 7Praticando... 20 Introdução à pesca e à aquicultura A02 Por que será que o Peru é um dos maiores produtores de pescado do mundo? Com base no que você aprendeu até aqui, procure responder a essa pergunta. Utilize o fórum em sala para dar sua opinião e conhecer as respostas dos seus colegas. Estatísticas da FAO Existem diferentes formas de visualizar os dados de captura a partir das estatísticas da FAO. Uma das possíveis vias é através do gráfi co de capturas em função da latitude (ver fi gura abaixo), que documenta a importância relativa das pescarias de peixes. Para se fazer uma interpretação correta deste gráfi co deve-se compreender as principais características e implicações dos padrões representados. Apenas estão incluídos os peixes cujo registro de captura se reporta à espécie e para os quais estão disponíveis os limites de latitude. As capturas FAO utilizadas incluem 504 espécies de peixes ósseos e correspondem à média dos dados disponíveis nos últimos 5 anos. Este ponto é importante uma vez que as capturas FAO também são baseadas e registradas as pescarias ilegais ou não registradas, nas quais não são identifi cadas as espécies de cerca de 50% das capturas mundiais, especialmente nas latitudes baixas (zona tropical). Se estes aspectos fossem considerados, teríamos uma saliência nas latitudes compreendidas entre 20°N e 20°S, ao contrário do que se verifi ca neste gráfi co cujo o máximo ocorre entre 60°-30°N. Espera-se que no futuro o desenvolvimento da base de coleta de dados possibilite obter-se um gráfi co mais correto que revele a importância real das espécies tropicais nas pescas mundiais. Fonte: FAO Capturas médias anuais por espécie (t* 106) La ti tu de ( S o u N ) [spp. = 504] [Capturas = 63.4 t * 106] Equador N S 0 0 45 45 2 4 6 8 10 8Praticando... 21 Introdução à pesca e à aquicultura A02 Figura 5 – Comparação da produção entre os hemisférios Note e Sul. Fonte: FAO (2002). Segundo a fi gura acima, qual hemisfério é mais representativo em relação às capturas de pescado no mundo? Quais as possíveis causas? Consulte também a fi gura 4. BRASIL Região Norte Região Sudeste Região Nordeste Região Sul C. das Malvinas C. do Brasil C. C. Norte do Brasil Cabo Orange Convergência Subtropical C. Sul Equatorial 200m 22 Introdução à pesca e à aquicultura A02 As correntes e as pescarias no litoral brasileiro A produtividade da região Norte é incrementada em função do rio Amazonas. Este despeja um grande volume de água doce, com elevada quantidade de material de origem terrestre em suspensão, a qual ao se depositar sobre a plataforma continental da foz daquele rio, faz com que a costa dos estados do Pará e Amapá apresente alta produtividade, especialmente de comunidades do fundo do mar. A região Nordeste, por sua vez, dada a predominância das características da Corrente do Brasil, apresenta baixa produtividade de recursos pesqueiros. Nas regiões Sudeste e Sul, a infl uência da massa de água da Corrente das Malvinas, a ocorrência de ressurgências ou a penetração da Água Central do Atlântico Sul – ACAS, possibilitam uma maior abundância de pescado, especialmente até a altura de Cabo Frio. As ressurgências ocorrem em decorrência da combinação de fatores como mudanças na direção da Corrente do Brasil, topografi a de fundo e efeito dos ventos predominantes na área (GEOBRASIL, 2002, p. 132-133). Objetivando suprir lacunas de conhecimento sobre o potencial de recursos em toda a Zona econômica exclusiva (ZEE), o Programa “Avaliação do Potencial Sustentável de Recursos Vivos na Zona Econômica Exclusiva” - Programa REVIZEE resultou do detalhamento da meta principal a ser alcançada pelo IV Plano Setorial para os Recursos do Mar (PSRM), que vigorou no período 1994/1998. O V PSRM, com vigência para o período de 1999 a 2003, manteve o Programa como linha de “pesquisa prioritária”, em suas estratégias de ação (CIRM, 1999). A coordenação de sua execução, a cargo do Ministério do Meio Ambiente (MMA) teve como estratégia básica o envolvimento da comunidade científi ca nacional, especializada em pesquisa oceanográfi ca e pesqueira, atuando de forma multidisciplinar e integrada. Figura 6 – Correntes marítimas do costa brasileira Fo nt e: M at su ur a (1 9 9 5 ). Milhões de toneladas China Peru Japão Estados Unidos Chile Indonésia Federação Russa Índia Tailândia Noruega Islândia Filipinas 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 1,9 2,0 2,7 2,9 4,0 4,1 4,3 4,7 5,0 10,7 17,0 23 Introdução à pesca e à aquicultura A02 Espécies principais capturadas O debate sobre o uso sustentável do meio ambiente marinho e de seus recursos, frente à diversidade da biota marinha, leva, forçosamente, à necessidade dos envolvidos terem que se familiarizar com toda uma série de aspectos técnicos, especialmente, no que diz respeito aos recursos vivos, sua biologia e seu entorno. É importante destacar que a reprodução e o crescimento dos indivíduos, garantia de renovação dos estoques, impõe limites ao tamanho dos estoques capturáveis. A mobilidade dos organismos aquáticos, a distribuição geográfi ca das populações, a extensão da área onde há ocorrência da pesca e devárias espécies em um mesmo ambiente fazem com que a pescaria comercial, geralmente dirigida a uma determinada espécie-alvo, termine por impactar as demais espécies, o que difi culta os estudos de avaliação dos estoques e dos efeitos da pesca sobre eles. No mundo Dentre os países com maior produção marítima e continental da pesca de captura (extrativa) mundial, no ano de 2000, em ordem decrescente, destacam-se: China, Peru, Japão, Estados Unidos, Chile, Indonésia, Federação Russa, Índia, Tailândia, Noruega, Islândia e Filipinas. O Brasil, em relação à produção total mundial de pescado, fi cou em torno do 24º lugar, o que tem sido motivo de comparações. Figura 7 – Principais países produtores da pesca de captura marinha e continental, no ano de 2000 Fo nt e: F AO ( 2 0 0 2 ). Biota Conjunto de seres animais e vegetais de uma região. Espécies mais capturadas (milhões de Toneladas em 1998) 4,5 4 3,5 3 2,5 2 1,5 0,5 1 0 4 2,6 2,1 2 1,9 1,9 1,7 1,2 P es ca da Al as ka A re nq ue At lâ nt ic o A nc ho va Ja po ne sa C av al a C hi le C av al a C hu b A tu m S ki pj ac k A nc ho ve ta B ac al ha u At lâ nt ic o 24 Introdução à pesca e à aquicultura A02 É relevante acrescentar, ainda, que apesar do significativo número de espécies identifi cadas nos desembarques, grande parte da produção é obtida da captura de um reduzido número delas. Do total de 186 espécies pelágicas capturadas entre 1950 e 1994, 50% da média dos desembarques foram representados por sete espécies: anchoveta, arenque do Atlântico, sardinha japonesa, sardinha chilena, estornino, capelán e jurel chileno. Quanto às espécies demersais, as duas principais espécies foram: pescada (Colin) do Alasca e o bacalhau do Atlântico. Figura 8 – Principais espécies capturadas na pesca marinha mundial, no ano de 2000 Fonte: FAO (2002). No Brasil Em todas as regiões do Brasil banhadas pelo mar há espécies de peixes cuja sobrevivência está ameaçada, afi rma um livro sobre pesca artesanal publicado pelo PNUD e pelo IBAMA (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis). O problema é mais grave no Sul, onde 32% dos 142 tipos de peixes marinhos aproveitados pela pesca artesanal têm risco de não conseguir se reproduzir. Os dados do livro, intitulado “Nas redes da pesca artesanal” e lançado no fi nal do ano de 2007, são de 2005. No Sudeste, 29% das 191 espécies ligadas à pesca artesanal estão ameaçadas, ou seja, estão sendo capturadas numa intensidade que ameaça a desova e capturas futuras. No Nordeste, região brasileira com maior diversidade de peixes marinhos pescados artesanalmente, o risco ronda 13% das 253 espécies. No Norte, estão em perigo 3% das 74 variedades de pescados marinhos. A situação, avalia o estudo, está ligada a fatores como extração excessiva pela pesca industrial e artesanal, poluição das águas, aumento desordenado do turismo, especulação imobiliária e desapropriação de terras dos pescadores. 25 Introdução à pesca e à aquicultura A02 Região Norte Os principais recursos explotados pela pesca artesanal na Região Norte são, em ordem decrescente de importância, os peixes ósseos, crustáceos, moluscos e peixes elasmobrânquios (tubarões e raias). A classifi cação dos desembarques por habitat dos recursos indica, por sua vez, que entre 50% e 70% da produção é de origem demersal e entre 10% e 20% é de origem pelágica. Destacam-se atualmente como principais espécies de peixes desembarcadas a pescada amarela Cynoscion acoupa, as sardas, cavalas e bonitos (Scombridae), os bagres (Ariidae), incluindo a gurijuba Arius spp., uritinga Arius proops e o bandeirado Bagre spp., a corvina Micropogonias furnieri e outras espécies de cações. Espécies também importantes são as tainhas Mugil spp., pargo Lutjanus purpureus e a piramutaba Brachyplatystoma vaillantii. Espécies de maior importância antes de 1990, como a piramutaba, as tainhas e o xaréu Caranx hippos, apresentam uma importância reduzida no período mais recente. Por outro lado, os desembarques de espécies como a pescada amarela, os bagres gurijuba, uritinga e bandeirado, pargo, cações e peixes pelágicos da família Scombridae se tornaram mais expressivos a partir da segunda metade dos anos 90. Entre os crustáceos, o caranguejo-uçá Ucides cordatus, o camarão-rosa Farfantepenaeus spp., o camarão-branco Litopenaeus schimitti, o camarão-sete-barbas Xiphopenaeus kroyeri e as lagostas são as espécies mais importantes. Fonte: Vasconcelos et al (2005, p. 8). Região Nordeste Os principais recursos explotados na Região Nordeste são peixes ósseos e crustáceos, sendo muito pequena a contribuição de peixes elasmobrânquios e moluscos. Grande parte dos desembarques são recursos demersais, apesar de ser evidente uma maior importância dos pelágicos quando comparado à Região Norte. Dentre os principais recursos artesanais desembarcados em 2002 destacam-se a guaiúba Ocyurus chrysurus, tainhas Mugil spp. e peixes das famílias Clupeidae (sardinhas), Scombridae (sardas, bonitos e cavalas), Hemiramphidae (agulha), Lutjanidae (cioba) e Scianidae (corvina e pescadas). Entre os invertebrados destacam-se o camarão-sete-barbas Xiphopenaeus kroyeri, lagostas Panulirus spp., caranguejo-uçá Ucides cordatus, e outros camarões da família Penaeidae. Os dados apontam algumas mudanças signifi cativas na composição dos desembarques, como o aumento da produção de camarão-sete-barbas, sardinhas e espada, Trichiurus lepturus, desde meados dos anos 90. 26 Introdução à pesca e à aquicultura A02 Os estoques de lagosta estão sob elevado nível de sobrepesca e têm apresentado uma diminuição dos rendimentos desde meados dos anos 90. As duas principais espécies de Lutjanidae, a guaiúba Ocyurus chrysurus e o pargo piranga Rhomboplites aurorubens, estão sendo intensamente explotadas ou sobre-explotadas em algumas regiões do Nordeste. Outros lutjanídeos importantes como Lutjanus jocu e L. vivanus estão submetidos aos níveis ideais de explotação, enquanto L. analis e L. synagris estão moderadamente sobre-explotados. Os desembarques totais de badejos e garoupas mostram tendência decrescente. Com exceção dos pargos L. jocu e L. vivanus, e das cavalas, Scomberomorus spp., todas as demais são classifi cadas como sobre-explotadas ou ameaçadas de sobre-explotação”. Fonte: Vasconcelos et al (2005, p. 12). Região Sudeste Os peixes ósseos são os principais recursos explotados na Região Sudeste, sendo a contribuição de peixes elasmobrânquios e invertebrados muito reduzida. Grande parte da produção pesqueira do Sudeste é composta de recursos pelágicos, o que a difere das demais regiões do Brasil onde a produção é predominantemente demersal. Houve, entretanto uma diminuição contínua na importância de espécies pelágicas que passam de 66% do total desembarcado em 1980 para 32% em 2002. Esta mudança foi devido, principalmente, a marcante diminuição das capturas de importantes estoques pelágicos como as manjubas, sardinha, cavalinha e outros Scombridae. Dentre os principais recursos artesanais desembarcados em 2002 destacam- se o peixe-porco Balistes capriscus, o dourado Coryphaena hippurus, manjubas (Engraulididadae, principalmente, Anchoviella lepidentostole), tainhas Mugil spp. e corvina Micropogonias furnieri. Entre os crustáceos o camarão-sete-barbas Xiphopenaeus kroyeri é atualmente o recurso dominante nos desembarques. Entre os invertebrados as principais mudanças foram a redução dos desembarques dos camarões Artemesia longinaris, Litopenaeus schimitt, Xyphopenaeus kroyeri e lulas (Teuthoidea). A anchoíta é um recurso com potencial pesqueiro na região,embora permaneça ainda inexplorado assim como na Região Sul. (VASCONCELOS et al, 2005, p. 14-15). Os peixes ósseos adaptaram-se a quase todos os ambientes aquáticos. Seu esqueleto é formado por crânio, coluna vertebral e por um conjunto de ossos que sustentam as duas extremidades anteriores ou barbatanas peitorais e as duas extremidades posteriores ou barbatanas pélvicas. Além disso, possuem uma barbatana dorsal (situada na parte superior do corpo), uma anal (na parte inferior) e uma caudal (no extremo posterior do corpo). Fonte: <http://www.klickeducacao.com.br/2006/conteudo/pagina/0,6313,POR-883-4432-,00.html>. Acesso em: 7 jan. 2010. 9Praticando... 27 Introdução à pesca e à aquicultura A02 Região Sul Os principais recursos artesanais na Região Sul são peixes ósseos, seguidos dos crustáceos e dos elasmobrânquios. A importância dos moluscos é muito reduzida e vem diminuindo ao longo do tempo. Atualmente, os principais recursos pesqueiros artesanais são a corvina Micropogonias furnieri, a manjuba (Engraulididae), enchova Pomatomus saltatrix, castanha Umbrina canosai, tainhas Mugil spp., camarão-sete-barbas Xiphopenaeus kroyeri e o camarão-rosa Farfantepenaeus paulensis. Fonte: Vasconcelos et al (2005, p. 17). Nos textos acima, você obteve informações sobre a pesca nas principais regiões do país. Agora, procure a colônia de pescadores do seu município e se informe sobre as principais espécies capturadas em sua região, no contexto atual. Leituras complementares Para saber mais sobre os assuntos estudados nesta aula, você pode consultar a seguinte bibliografi a: BRASIL. MMA. Programa REVIZEE: avaliação do potencial sustentável de recursos vivos na zona econômica exclusiva: relatório executivo / MMA, Secretaria de Qualidade Ambiental. Brasília: MMA, 2006. 28 Introdução à pesca e à aquicultura A02 KERSTEN, Ignácio Mendez. A ONU e um panorama da pesca mundial. Revista Âmbito Jurídico, Rio Grande, n. 36, 2 jan. 2007. Disponível em: <http://www.ambito-juridico. com.br/pdfsGerados/artigos/1621.pdf>. Acesso em: 11 nov. 2009. COSTA, A. L. Nas redes da pesca artesanal. Brasília: IBAMA/PNUD, 2007. 308p. DIAS NETO, José; MARRUL FILHO, Simão. Síntese da situação da pesca extrativa marinha no Brasil. Brasília: IBAMA/DIFAP/CGREP, 2003. 53 p. As indicações acima abordam de forma bastante abrangente a temática da pesca no Brasil, e devem ser tidas como referência nas suas leituras ao longo do curso. Nesta aula, você estudou algumas espécies capturadas no mundo e no Brasil. Viu também que os aparelhos utilizados no ambiente marinho ou de água doce, em áreas rasas ou de grandes profundidades, capturam diversos tipos de organismos na superfície ou no fundo do mar, peixes individuais ou cardumes. Você teve acesso a informações sobre a importância dos oceanos para a vida na terra e como esses podem infl uenciar ecossistemas e o clima de todo o planeta. Aprendeu também os conceitos necessários para entendimento de como funciona a atividade de pesca, o relevo submarino e as áreas jurisdicionais. A pesquisa realizada sobre alguns conceitos deverá contribuir para a sua familiarização com um vocabulário que fará parte das nossas aulas, daqui para frente, bem como nas demais disciplinas do curso, e, principalmente, no exercício da sua futura profi ssão. Este é o momento de você fazer uma avaliação dos assuntos que abordamos nesta aula. Qualquer dúvida consulte os exercícios anteriores e as bibliografi as indicadas. 1. Qual a largura do mar territorial brasileiro? 29 Introdução à pesca e à aquicultura A02 2. Qual a largura da zona econômica exclusiva a partir da linha da costa? 3. Quais as causas da ressurgência e como ela afeta as zonas de pesca no mundo? 4. Por que o Peru tem a maior produção de pescado das Américas? 5. As proximidades da ilha de Marajó é uma das áreas escuras da fi gura 4. Por quê essa área tem alta produtividade primária? 6. Faça um resumo dos principais espécies de pescado capturadas no mundo. 7. A pescada do Alasca é a espécie mais capturada no mundo. Justifi que de acordo com a fi gura 4. 8. Caracterize as principais espécies capturadas no Brasil por região. 9. Qual o nome das duas correntes quentes que banham o litoral do Brasil e como elas interferem da produção pesqueira? 10. Qual a importância da corrente das Malvinas nas áreas de pesca das regiões Sul e Sudeste do Brasil? Referências BRASIL. MMA. Programa REVIZEE: avaliação do potencial sustentável de recursos vivos na zona econômica exclusiva: relatório executivo / MMA, Secretaria de Qualidade Ambiental. Brasília: MMA, 2006. COMISSÃO MUNDIAL INDEPENDENTE SOBRE OS OCEANOS - CMIO. O oceano... nosso futuro: relatório da comissão mundial independente sobre os oceanos. Rio de janeiro: Comissão Nacional Independente sobre os Oceanos. 1999. 248p. Disponível em: <http://www.mdn.gov.pt/NR/rdonlyres/22D2295A-838A-4B05-B176- 1CC8D6BD1DAB/0/Relatorio_Oceanos.pdf>. Acesso em: 11 nov. 2009. COSTA, A. L. Nas redes da pesca artesanal. Brasília: IBAMA/PNUD, 2007. 308p. DIAS NETO, José; MARRUL FILHO, Simão. Síntese da situação da pesca extrativa marinha no Brasil. Brasília: IBAMA/DIFAP/CGREP, 2003. 53 p. Anotações 30 Introdução à pesca e à aquicultura A02 GEO-BRASIL 2002. O estado dos recursos pesqueiros: pesca extrativa e aquicultura. O estado do meio ambiente no Brasil. Disponível em: <www.ibama.gov.br/rec_pesqueiros/ download.php?id_download=46>. Acesso em: 11 nov. 2009. VASCONCELOS, M. et al. Relatório integrado: diagnóstico da pesca artesanal no Brasil como subsídio para o fortalecimento institucional da Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca – versão preliminar Anotações 31 Introdução à pesca e à aquicultura A02 Anotações 32 Introdução à pesca e à aquicultura A02 03 João Vicente Mendes Santana C U R S O T É C N I C O E M A Q U I C U LT U R A Tipos e Métodos de Pesca – Parte 1 INTRODUÇÃO À PESCA E À AQUICULTURA Coordenadora da Produção dos Materias Vera Lucia do Amaral Coordenador de Edição Ary Sergio Braga Olinisky Coordenadora de Revisão Giovana Paiva de Oliveira Design Gráfi co Ivana Lima Diagramação Elizabeth da Silva Ferreira Ivana Lima José Antonio Bezerra Junior Mariana Araújo de Brito Arte e ilustração Adauto Harley Carolina Costa Heinkel Huguenin Leonardo dos Santos Feitoza Revisão Tipográfi ca Adriana Rodrigues Gomes Margareth Pereira Dias Nouraide Queiroz Design Instrucional Janio Gustavo Barbosa Jeremias Alves de Araújo Silva José Correia Torres Neto Luciane Almeida Mascarenhas de Andrade Revisão de Linguagem Maria Aparecida da S. Fernandes Trindade Revisão das Normas da ABNT Verônica Pinheiro da Silva Adaptação para o Módulo Matemático Joacy Guilherme de Almeida Ferreira Filho EQUIPE SEDIS | UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN Projeto Gráfi co Secretaria de Educação a Distância – SEDIS Governo Federal Ministério da Educação Você ve rá por aqu i... Objetivos 1 Introdução à pesca e à aquicultura A03 Estamos de volta para mais uma viagem pelo mundo da pesca e da aquicultura. Hoje, veremos que a criação do Código de Pesca Responsável permitiu observar o interesse dos envolvidos para conservar e utilizar racionalmente os recursos pesqueiros, além de buscar a consciência social e ambiental. Você já reparou que há uma grande variedade de artes de pesca na sua região? Imagine um país com as dimensões continentais do Brasil, com a diversidade de tipos e artes de pesca... Agora, pense que isso ocorre em todo o mundo e, devido a essa grande diferença, a FAO – Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação – propôs, em 1990, uma sistematização das artes de pesca, agrupando-as em elementos fundamentaisde construção, com a fi nalidade de implantar um sistema de ordenação pesqueira efi caz. Os aparelhos são utilizados no ambiente marinho ou nos ambientes de água doce, em áreas rasas ou de grandes profundidades e capturam diversos tipos de organismos na superfície ou no fundo, peixes em pouca quantidade ou cardumes. Tenho certeza de que poderemos, juntos, aprender muito e que isso ajudará você a ser profi ssional de sucesso na profi ssão que escolheu. Antes, porém, é muito importante conhecer os objetivos desta aula. Identificar os principais tipos e métodos de pesca realizados no mundo pela classifi cação da FAO- ISSCFG. Identificar os principais tipos e métodos de pesca realizados na região em que o curso está ocorrendo. Identifi car algumas das principais espécies de recursos pesqueiros capturadas por diferentes artes de pesca. 2 Introdução à pesca e à aquicultura A03 Para começo de conversa... Estrelas do mar Um homem estava caminhando ao pôr do sol em uma praia deserta mexicana. À medida que caminhava, começou a avistar outro homem à distância. Ao se aproximar do nativo, notou que ele se inclinava, apanhando algo e atirando na água. Repetidamente, continuava jogando coisas no mar. Ao se aproximar ainda mais, nosso amigo notou que o homem estava apanhando estrelas do mar que haviam sido levadas para a praia e, uma de cada vez, as estava lançando de volta à água. Nosso amigo fi cou intrigado. Aproximou-se do homem e disse: - Boa tarde, amigo. Estava tentando adivinhar o que você está fazendo. - Estou devolvendo estas estrelas do mar ao oceano. Você sabe, a maré está baixa e todas as estrelas do mar foram trazidas para a praia. Se eu não as lançar de volta ao mar, elas morrerão por falta de oxigênio. - Entendo, respondeu o homem, mas deve haver milhares de estrelas do mar nesta praia. Provavelmente, você não será capaz de apanhar todas elas. É que são muitas, simplesmente. Você percebe que provavelmente isso está acontecendo em centenas de praias acima e abaixo desta costa? Vê que não fará diferença alguma? O nativo sorriu, curvou-se, apanhou outra estrela do mar e, ao arremessá-la de volta ao mar, replicou: - Fez diferença para aquela. Pense em como suas ações - mesmo que pequenas - realizadas antes, durante e após esta disciplina poderão contribuir para sua formação profi ssional. Todos a bordo e vamos zarpar! (Jack Canfi eld e Mark Hansen - Canja de galinha para a alma). Disponível em: <ftp://ftp.fao. org/docrep/ fao/005/v9878s/ v9878s00. pdf>. O Código de Conduta para uma Pesca Responsável 3 Introdução à pesca e à aquicultura A03 Introdução Desde a antiguidade, a pesca constitui uma importante fonte de alimentos para a humanidade, proporcionando emprego e benefícios econômicos aos que se dedicam a essa atividade. Antes se considerava que a riqueza dos recursos aquáticos fosse um dom ilimitado da natureza. Devido à crescente demanda mundial de produtos pesqueiros, as pescarias mundiais se desenvolveram de forma rápida com auxílios de inovações tecnológicas, tanto dos materiais de pesca como nos instrumentos eletrônicos e equipamentos de convés. Vimos, na primeira aula, que as comunidades pesqueiras desenvolvem atividades artesanais ou industriais para subsistência ou venda. Dessas condições derivam alguns problemas, como a dependência de intermediários, o escasso fi nanciamento disponível e a diminuição das capturas por causa da crescente contaminação das águas e, principalmente, do uso de artes de pesca inadequadas. Os peixes, como qualquer ser vivo, nascem, crescem, reproduzem e morrem. Então, se capturarmos os peixes antes que tenham suas crias pela primeira vez, estará se evitando a reprodução, e o recurso pesqueiro diminuirá. Por essa razão, devemos conhecer as artes de pesca e seu uso devido. O Código de Conduta para uma Pesca Responsável apontou alguns mecanismos necessários para a sustentabilidade da atividade, que devem ser cumpridas por todos os atores da cadeia produtiva: pescadores, atravessadores, exportadores e consumidores. Nesse sentido, a fi nalidade desta aula é possibilitar uma maior compreensão sobre os conceitos e métodos mais importantes empregados nas pescarias mundiais. As habilidades e conhecimentos que você, aluno, adquire ao cursar esta matéria permitem- no apropriar-se dos diferentes métodos de pesca utilizados na sua região. 4 Introdução à pesca e à aquicultura A03 Código de conduta para a pesca responsável O desenvolvimento dos conhecimentos e a evolução das pescarias mostraram ao homem que os recursos aquáticos são renováveis limitados e têm que se submeter a uma ordenação adequada, caso se queira que sua contribuição para o bem estar nutricional, econômico e social da crescente população mundial seja sustentável. A pesca é uma importante fonte de alimentos, emprego, lazer para as populações de todo o mundo e deveria ser conduzida de forma responsável. O Código de Conduta para uma Pesca Responsável estabelece princípios e normas internacionais para a aplicação de práticas responsáveis com vistas a assegurar a conservação e a gestão dos recursos vivos aquáticos, respeitando o ecossistema e a biodiversidade. Esse Código é voluntário, apesar de algumas partes estarem baseadas em normas pertinentes ao Direito Internacional, incluídas aquelas mostradas de maneira clara na Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, de 10 de dezembro de 1982. A criação do Código de Pesca Responsável permitiu observar o interesse dos pescadores, técnicos, armadores e empresários para conservar e utilizar racionalmente os recursos pesqueiros. Os diversos esforços realizados buscam a consciência social e ambiental. Vejamos alguns trechos desse Código: ... 8.5. Seletividade 8.5.1 Os Estados deveriam exigir que artes, métodos e práticas de pesca sejam, na medida do possível, sufi cientemente seletivos para minimizar os desperdícios, as rejeições, as capturas de espécies objeto de pesca, tanto espécies de peixe como de outras espécies, e os efeitos sobre as espécies associadas ou dependentes e que a fi nalidade dos regulamentos correspondentes não se desvirtuem por artifícios técnicos. Neste sentido, os pescadores deveriam cooperar no desenvolvimento de artes e métodos de pesca seletivos. 1Praticando... 5 Introdução à pesca e à aquicultura A03 O que é seletividade? É o padrão de exploração de uma arte de pesca; é a fração de indivíduos de um dado tamanho disponível à arte que irá capturar. Também é designada por recrutamento parcial. 1. Após ler o item 8.5.1 acima do Código de Conduta para uma Pesca Responsável, responda às seguintes questões: a) Que tipo de pescaria é mais importante na região onde você mora (ou do curso)? b) Essa(s) pescaria(s) captura principalmente que tipo de pescado (espécie alvo)? c) Além desse(s) pescado(s)-alvo, que outras espécies são capturadas? d) Há algum tipo de pescado que é capturado e é rejeitado? Caso afi rmativo, ele é jogado de volta à água vivo ou morto? 6 Introdução à pesca e à aquicultura A03 2. Após ler os itens 8.5.2 e 8.5.3 a seguir do Código de Conduta, responda à seguinte questão: há restrições na legislação para a principal pescaria (espécie alvo) na região onde você mora (ou do curso)? Pesquise no site do IBAMA <http://www.ibama.gov.br/recursos-pesqueiros/documentos/ portarias/> e da SEAP/PR <http://tuna.seap.gov.br/seap/html/ Legisla%C3%A7%C3%A3o/Legislacao.html#>. 8.5.2 Com o objetivo de melhorar a seletividade, os Estados, ao elaborarem as suas leis e regulamentos, deveriam ter em conta as diversas artes, métodos e estratégias de pesca seletivas disponíveis pela indústria. 8.5.3 Os Estados e as instituições competentes deveriam colaborar no desenvolvimento de metodologias uniformes para a investigação
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