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Gerenciamento De Recursos Hidricos (123)

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Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.7, n.1, p.47-52, mar. 2013 47
1
Recursos hídricos, usos e contradições na bacia do Rio Paraíba
2 3
Ivonete Berto Menino e Janeide Albuquerque Cavalcanti
1
Trabalho apresentado como parte da disciplina Tópicos Avançados de Irrigação do curso de Pós Graduação em Recursos Naturais da 
2
UFCG, Campina Grande-PB. Av. Aprígio Veloso, 882, Bodocongó, CEP, 28109-970. Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da 
Paraíba, EMEPA-PB, pesquisadora, doutoranda em Recursos Naturais, pela Universidade Federal de Campina Grande, Av. Aprígio 
3
Veloso, 882, Bodocongó, CEP, 28109-970, Campina Grande-PB. E-mail: Professora, Centro de Ciências Jurídicas e Sociais - UFCG, 
Campus Sousa, PB, MSc em Ciência da Computação. Rua Sinfrônio Nazaré, 38, Centro, CEP 58.800-240, Sousa-PB. E-mail: 
janeide@gmail.com
Resumo – O crescimento da população humana nas áreas de influência das bacias hidrográficas e a exploração agrícola 
desordenada vêm causando exaustão dos recursos naturais e ariscos aos ecossistemas, economia e saúde pública. O objetivo 
deste estudo é abordar a política de recursos hídricos, potencial, usos e contradições da Bacia do Rio Paraíba. Fez-se 
levantamento bibliográfico e documental do município de Monteiro, PB, e na Agência Executiva de Gestão das Águas do 
Estado da Paraíba - AESA/PB dos procedimentos técnicos adotados para a gestão política de recursos hídricos do 
município, monitoramento e concessão das outorgas. Foram aplicados 52 questionários estruturados, entrevistas abertas 
gravadas, observação direta e interações sociais junto aos moradores ribeirinhos e associações comunitárias para o 
reconhecimento do arranjo socioambiental estabelecido na área. Para 76% dos entrevistados, a bacia do Rio Paraíba 
apresenta potencial econômico, social e agrícola para o desenvolvimento de diversos atividades que compõem a cadeia 
produtiva da região. Foi constatado que o produtor faz uso de 83% dos recursos hídricos para o abastecimento humano e 
animal, e 17% para o uso agrícola. O alto uso dos recursos hídricos na bacia do Rio Paraíba e sua escassez requerem que os 
mananciais sejam constantemente monitorados e adotados planejamento racional e gestão do uso para evitar colapso no 
fornecimento de água.
Palavras-chave: recurso hídrico, uso da água, planejamento racional, bacia hidrográfica, ecossistema, outorga.
Water resources, uses and contradictions in basin of Paraíba River 
Abstract – The growth of the human population in the areas of hydrographic basins and agricultural exploration been 
causing depletion of natural resources and risks in ecosystems, in economy and public health. The objective of this study is 
to address the water resources policy, potential, uses and contradictions of the Paraiba River Basin. It was done a survey 
bibliographical and documentary of Monteiro municipality, PB, and in Executive Agency of Water Management in the State 
of Paraíba – EASA/PB on the technical procedures adopted for the water resources management policy of the municipality, 
monitoring and granting of grants. Fifty-two structured questionnaires were administrated, recorded open interviews, direct 
observation and social interactions with riverine dwellers and community Associations to the recognition of the 
socioenvironmental arrangement established in area. For 76% of respondents, the basin of Paraíba River presents potential 
economic, social and agricultural for the development of various activities that comprise the production chain in the region. 
It was found that the producer uses 83% of water resources for human and animal supply, and 17% for agricultural use. The 
high use of water resources in basin of Rio Paraíba and its scarcity require that the water sources are monitored constantly 
and adopted rational planning and use management to avoid collapse of the water supply.
Keywords: water resource, water use, rational planning, hydrography basin, ecosystem, grant.
Introdução
Os problemas crescentes relacionados com o uso dos 
recursos hídricos dizem respeito à adequação entre a 
demanda e a oferta de água. O crescimento da população 
humana nas áreas de influência das bacias hidrográficas, 
juntamente com a exploração desordenada, tem trazido 
diversos problemas, notadamente a exaustão dos recursos 
naturais e a diminuição da qualidade ambiental, com riscos à 
integridade dos ecossistemas, à economia e à saúde pública. 
A água doce, um bem finito, está cada vez mais escassa, não 
somente por ser um elemento imprescindível à vida, mas 
também fator condicionante do desenvolvimento econômico 
e do bem estar social. Sua disponibilidade no planeta 
corresponde a 2,5%, e está relacionada com a sobrevivência 
dos seres vivos que aqui habitam, para atender suas 
necessidades básicas e vitais. Daí a crescente preocupação 
com os problemas nos domínios dos recursos hídricos, 
principalmente no que se refere aos desafios relacionados 
com a escassez, a poluição e a contaminação das águas, entre 
outros, que podem cada vez mais condicionar o desejável 
desenvolvimento socioeconômico do país. 
O uso dos recursos hídricos da bacia do Paraíba, além do 
consumo humano e animal que são as prioridades de 
primeira grandeza abrangem diversificados tipos de 
exploração com culturas de subsistência, fruticultura, 
aquicultura e atividades de exploração mineraria da pedra 
calcária e extração de areia no leito e margens do rio, todos 
com rendimentos econômicos satisfatórios, porém, com 
riscos de degradação dos seus recursos naturais. Essas 
atividades, por vezes, são contraditórias e conflitantes com a 
sustentabilidade, pois por um lado surge o desenvolvimento 
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econômico da região, com melhoria na qualidade de vida, e 
por outro lado, a degradação ambiental com poluição e 
exaustão dos corpos hídricos.
Um dos difíceis problemas que essa bacia enfrenta para 
sua gestão é a escassez hídrica, decorrente da crescente 
demanda, uso desordenado e irregularidades climáticas. 
Para enfrentar estes desafios a Lei Federal nº 9.433/1997, 
conhecida como Lei das Águas, instituiu a Política Nacional 
de Recursos Hídricos (PNRH), e criou o Sistema Nacional de 
Gerenciamento de Recursos Hídricos com o intuito de 
assegurar à atual e às futuras gerações água em qualidade e 
disponibilidade suficientes através da utilização racional e 
integrada, da prevenção e da defesa dos recursos hídricos 
contra eventos hidrológicos críticos e a Lei Estadual nº 
6.608/1996 (PERH), que juntas instituiu a Política Nacional 
e Estadual de Recursos Hídricos, respectivamente; e o 
decreto nº 19.258/97 que dispõe sobre o controle técnico das 
obras e serviços de oferta hídrica (PARAÍBA, 1997), entre 
outras legislações. Além da implementação do Comitê 
Estadual de Bacias Hidrográficas com a adoção de modelos 
de gestão dos recursos hídricos que integram os princípios e 
a visão sistêmica e integrada dos elementos que compõe o 
meio ambiente tendo a bacia hidrográfica como unidade de 
planejamento e gestão, de forma participativa e 
descentralizada, como forma adequada de tomada de decisão 
na administração da água voltados para o uso humano e 
atividades agrícolas. O presente trabalho teve como objetivo 
principal abordar a política de Recursos Hídricos, potencial, 
usos e contradições da Bacia do Rio Paraíba. 
Material e Métodos
A área de estudo contempla a Bacia Hidrográfica do Rio 
Paraíba do Norte, o qual é totalmente paraibano e perfaz uma 
extensão de 300 km. Nasce na Serra Jabitacá, no Município 
de Monteiro, com o nome de rio do Meio, sendo sua mais alta 
vertente originária do Pico da Bolandeira,a uma altitude 
2
1.079 metros. Sua bacia corresponde a 18.000 km e 
representa 32% da área territorial do estado, que tem mais de 
60% de suas fronteiras constituídas de divisores de águas, 
sendo que o contorno sul quase reproduz em escala maior a 
bacia do Rio Paraíba, que deu o nome ao Estado (Silva, 
2010). Encontra-se subdividida nas sub-bacias: do Taperoá, 
Alto, Médio e Baixo curso do Rio Paraíba (Araújo et al., 
2009), conforme ilustrado na Figura 1.
Segundo a classificação de Köppen, o clima da bacia é do 
tipo Bsh (semiárido quente), cuja precipitação média situa-
se na faixa de 489,6 mm anuais para a série de 2003 a 2012 
(AESA, 2012), sendo consideradas muito baixas, o que 
favorece a uma estação seca que pode se prolongar por 11 
meses. As médias de temperatura nunca são inferiores a 24 
ºC, sendo a mínima de 18 ºC e a máxima de 32 ºC. 
Inicialmente para o estudo de caso foi feito um 
levantamento bibliográfico e documental do município 
seguido de um levantamento junto a Agência Executiva de 
Gestão das Águas do Estado da Paraíba (AESA-PB) dos 
procedimentos técnicos adotados para a gestão da política de 
recursos hídricos do município, monitoramento e concessão 
das outorgas. Para complementação e validação do estudo 
de caso, criou-se um banco de dados, através da aplicação de 
52 questionários estruturados, entrevistas abertas gravadas, 
observação direta e interações sociais junto aos moradores 
ribeirinhos e associações comunitárias, no intuito de 
compreender como esses grupos sociais estão organizados 
para o processo de gestão participativa dos recursos hídricos, 
uso do solo e finalmente o reconhecimento do arranjo 
socioambiental estabelecido na área. 
Os dados de categorização foram submetidos à análise 
estatística descritiva (distribuição de frequência, 
porcentagem, média). As análises foram realizadas de 
acordo com Gomes (1985) e Zimmermann (2004), 
utilizando o programa SPSS – Statistical Package for the 
Social Sciences, versão 10.0 para Windows. 
Figura 1. Localização da Bacia do Rio Paraíba do Norte. 
Fonte: Araújo et al. (2009).
Resultados e Discussão
A bacia do Rio Paraíba apresenta clima ameno, com rios 
de caráter em sua maioria intermitentes, desde a nascente até 
sua foz. De acordo com a Tabela 1, o potencial 
econômico é de 42,3%, sendo a pecuária a principal 
fonte de renda com71,2%, seguida da agricultura com 
28,8%. Observou-se que 51,9% dos moradores vivem 
em condição de moradia boa, demonstrando o potencial 
socioeconômico da Bacia do Rio Paraíba para o 
desenvolvimento da região. Entretanto, práticas 
educativas de preservação ambiental devem ser 
implementadas uma vez que apenas 21,2% e 15,4% 
preservam a mata ciliar e nascentes, respectivamente, e 
71,2% usam agrotóxicos. No que se refere à exploração 
agrícola foram citados as culturas oleaginosas (algodão e 
mamona); a cultura de subsistência no período chuvoso 
(milho, feijão e batata doce), e fruticultura (banana, manga, 
goiaba, abacaxi, caju); as olerícolas (tomate, pimentão, 
coentro, cebolinha, repolho). Na Figura 2 observa-se a 
-2
-4
-6
-8
-10
-12
-14
-16
-18
L
a
ti
tu
d
e
Longitude
-48 -44 -42 -38-40 -36-46
SbrT SbbP
SbaP
SbmP
SbrT - Sub-bacia do Rio Taperoá
SbbP - Sub-bacia do baixo Paraíba
SbmP - Sub-bacia do médio Paraíba
SbaP - Sub-bacia do alto Paraíba 
Legenda:
49Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.7, n.1, p.47-52, mar. 2013 
Figura 2. Exploração de culturas de subsistência às margens 
do Rio Paraíba, no período chuvoso.
Tabela 1. Frequências relativas e absolutas dos moradores 
entrevistados na bacia do Rio Paraíba.
Produção Agrícola
Comercializa 
Não comercializa 
Fontes renda
Agricultura
Pecuária
Preservação da mata ciliar
Preserva 
Não preserva
Uso de Agrotóxicos
Usa 
Não usa 
Preservação de Nascentes
Preserva
Não preserva
Condições de Moradia
Boa
Precária
Variáveis n (%)
22
30
15
37
11
41
37
15
8
44
27
25
Total 52
42,3
57,7
28,8
71,2
21,2
78,8
71,2
28,8
15,4
84,6
51,9
48,1
100,0
exploração de culturas de subsistência às margens do Rio 
Paraíba, no período chuvoso.
Na parte sul ocorre às explorações de piscicultura, 
carcinocultura e plantações de cana-de-açúcar. Observa-se 
ainda, uma crescente especulação imobiliária com extinção 
de manguezais, mata atlântica e matas de restingas. 
Tais atividades, sem a eficiente gestão dos recursos 
ambientais favorecem a sua degradação com possível 
colapso de água. Conforme confrontado com relato do 
Comitê de Bacias Hidrográficas (CBH, 2004), nas margens 
do rio, onde havia árvores de grande porte, a agropecuária as 
eliminou, contribuindo para o assoreamento do rio e a 
compactação do solo pelo pisoteio do gado, cuja 
consequência é a gradativa diminuição da vazão de água no 
leito do rio (Figura 3). Tais práticas agropecuárias têm sido 
responsáveis pelo processo de degradação ambiental e 
diminuição das nascentes que alimentam a Bacia do rio 
Paraíba. Não obstante, são práticas culturais arraigadas ao 
imaginário sertanejo, que dificultam a solução dos 
problemas socioambientais. 
Ocorrem diversos conflitos socioambientais, seja pela 
grande vocação leiteira da bacia favorecendo a poluição das 
águas pelo lançamento de esgotos e efluentes das indústrias 
locais e regionais; seja pela exploração de areia, destruição 
das áreas de preservação permanentes e matas ciliares, uso 
indevido do solo, inexistência de planejamento da irrigação 
agrícola e uso de agrotóxico, deixando as áreas totalmente 
degradadas. Das constatações in loco, o pequeno produtor 
faz uso de 83 % dos recursos hídricos para o abastecimento 
humano e animal, e 17% para o uso agrícola, validando essas 
atividades já citadas pelo (PARAÍBA, 2006). 
A ausência de planejamento e gestão dessas atividades 
contrapõe a Lei nº 6.608, de 02 de julho de 1996, que institui 
a Política Estadual de Recursos Hídricos (PERH), em seu 
capítulo 1, que trata da gestão em seus objetivos e princípios 
básicos, na seção II, deixando bem claras as seguintes 
proposições: i) O acesso aos recursos hídricos é direito de 
todos e objetiva atender às necessidades essenciais da 
sobrevivência humana; ii) Os recursos hídricos são um bem 
público, de valor econômico, cuja utilização deve ser 
tarifada; iii) A bacia hidrográfica é a unidade básica físico-
territorial de planejamento e gerenciamento dos recursos 
hídricos; iv) O gerenciamento dos recursos hídricos far-se-á 
de forma participativa e integrada, considerando os aspectos 
quantitativos e qualitativos desses recursos e as diferentes 
Fonte: Pesquisa de campo
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B
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M
e
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in
o
I.
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fases do ciclo hidrológico; v) O aproveitamento dos recursos 
hídricos deverá ser feito racionalmente, de forma a garantir o 
desenvolvimento e a preservação do meio ambiente; vi) O 
aproveitamento e o gerenciamento dos recursos hídricos 
serão utilizados como instrumento de combate aos efeitos 
adversos da poluição, da seca e do assoreamento 
(PARAÍBA, 1996).
Diante dos diversos conflitos ambientais que essa bacia 
enfrenta, provenientes do mau uso dos recursos hídricos 
associados à escassez das chuvas que faz com que a maior 
parte de seus rios e córregos sejam intermitentes ou 
temporários, inclusive, os dois principais afluentes do açude 
Epitácio Pessoa, o Rio Taperoá e o Rio Paraíba no seu alto 
curso, torna-se imperiosa a implementação deuma gestão 
participativa e descentralizada, visando atender as 
populações ribeirinhas e minimizar os conflitos gerados por 
todos. 
Para estes conflitos e contradições, Derani (2002) apud 
Brito (2008) enfoca que “o desenvolvimento sustentável 
implica, então, no ideal de um desenvolvimento harmônico 
da economia e da ecologia que devem ser ajustados numa 
correlação de valores onde o máximo econômico reflita 
igualmente um máximo ecológico”.
Portanto, serão necessárias mudanças no estilo de vida e 
padrões de consumo atual para que a sobrevivência e a 
qualidade de vida das gerações futuras não sejam 
comprometidas. Nesse sentido, a gestão dos recursos 
hídricos propõe à humanidade questões éticas, políticas e 
econômicas essenciais, visto que os conflitos por água quase 
sempre estão relacionados à gestão dos recursos hídricos. 
Quanto à outorga, a implementação dos direitos de uso é um 
ato administrativo pelo qual a autoridade outorgante concede 
ao outorgado o direito de uso dos recursos hídricos, por prazo 
determinado e de acordo com os termos e condições 
preestabelecidas. A outorga não representa alienação 
(venda) das águas, posto que são inalienáveis. A outorga 
visa dar garantia quanto à disponibilidade de água, assumida 
como insumo básico de processo produtivo (Machado, 
2001). 
Na bacia do Rio Paraíba, a outorga vem sendo solicitada 
pelos usuários dos recursos hídricos para diversos fins como 
irrigação, aquicultura e comercio, com prioridade para o 
abastecimento humano das cidades de Campina Grande, 
Pocinhos, Boqueirão, Queimadas, Caturité, Riacho de Santo 
Antônio e dos distritos de Galante e São José da Mata. 
Destaca-se também, os constantes abastecimentos, através 
de carros-pipas, a vários outros centros populacionais 
menores, rurais e urbanos, por ocasião da seca ou quando os 
seus mananciais se encontram exauridos. Nesse contexto, 
Silva Júnior (2010) relata que a vazão de água bruta retirada 
para essa finalidade, estimada pela Companhia de Água e 
Esgotos da Paraíba (CAGEPA), oscilava em torno de 1,0 
m³/s, antes do racionamento. Segundo dados da AESA 
(2010), na bacia do Rio Paraíba, foram cadastrados 1.495 
usuários em 2010, expedidas 775 outorgas e 103 encontram-
se em processamento. Dessas 775 outorgas expedidas, 215 
destinam-se ao abastecimento humano, 281 à irrigação, 104 
à indústria, 85 ao comércio, 82 à aquicultura, 7 lazer, e uma 
para lançamento de efluentes. O maior uso dos recursos 
hídricos ocorre nas sub-bacias do baixo e médio Rio Paraíba 
com 73,03% e 38,71%, respectivamente (Tabela 2). Para 
todas essas concessões é importante salientar que, a 
suspensão da outorga não gera direito à indenização aos 
outorgados e seu prazo máximo de concessão é de 35 anos, 
sendo também passível de renovação. Para concessão da 
outorga deverá ser averiguada a necessidade do estudo de 
impacto ambiental. Se o estudo se faz necessário, a outorga 
só deverá ser concedida após a sua execução (Machado, 
2001). A primeira concessão da outorga tem a duração de um 
ano. 
De acordo com o artigo 12, da Lei 9.433/97 estão sujeitos 
à outorga os seguintes usos: I – derivação e captação de 
parcela da água existente em um corpo de água para 
Figura 3. Assoreamento do leito do Rio Paraíba próximo ao 
Município de Natuba e Umbuzeiro, respectivamente.
I.
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I.
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51Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.7, n.1, p.47-52, mar. 2013 
Tabela 2. Outorgas emitidas em 2010, por tipo de uso, em cada sub-bacia do Rio Paraíba. 
Fonte: AESA-PB, 2010
Conclusões
1. Em razão do alto uso dos recursos hídricos na bacia e 
sua escassez, os mananciais devem ser constantemente 
monitorados e adotados o planejamento racional e gestão do 
uso para evitar colapso no fornecimento de água. 
2. É imprescindível a adoção constante da outorga a qual 
se constitui num eficiente instrumento de controle, 
fiscalização e sustentabilidade dos recursos hídricos. 
Referências
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outorga/Outorga.pdf>. Acesso em: 30 maio 2010.
consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo 
de processo produtivo; II - extração de água de aquífero 
subterrâneo para consumo final ou insumo de processo 
produtivo; III - lançamento em corpo de água de esgotos e 
demais resíduos líquidos ou gasosos, tratados ou não, com o 
fim de sua diluição, transporte ou disposição final; IV - 
aproveitamento de potenciais hidrelétricos; V – outros usos 
que alterem o regime, a quantidade e qualidade da água 
existente em um corpo de água.
Estão sujeitos à outorga não somente os usos decorrentes 
da extração e derivação da água, mas também os decorrentes 
da utilização dos cursos e corpos d'água como assimiladores 
de efluentes. A citada lei, em seu artigo 12, §1º, também 
enumera os usos que não dependem de outorga, quais sejam: 
os que se destinam ao abastecimento de pequenos núcleos 
rurais, as derivações, captações e acumulações de água, são 
os que têm uma vazão de até 2000 L/hora, como também os 
lançamentos de efluentes considerados insignificantes.
Usos
Sub-bacia do 
Alto Paraíba
Sub-bacia do 
Médio Paraíba
Sub-bacia do
 Baixo Paraíba
Sub-bacia do
 Rio Taperoá
Total %
Abastecimento humano
Aquicultura
Comercial
Industrial
Irrigação
Lazer
Lançamento de efluentes
52
4
0
2
75
2
0
11
5
1
1
12
0
0
126
72
83
95
184
5
1
26
1
1
6
10
0
0
215
82
85
104
281
7
1
27,74
10,58
10,97
13,42
36,26
0,90
0,13
135
 (17,42%)
30
 (3,87%)
566 
(73,03%)
44 
(5,68%)
775
(100,00%) 
Total
52 Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.7, n.1, p.47-52, mar. 2013 
PARAÍBA. Lei Estadual n° 6.308, de 02 de Julho de 1996. 
Institui a políticaEstadual de Recursos Hídricos. Disponível 
em: <http://WWW.aesa.pb.gov.br/legislacao/lei6544.php>. 
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resumo executivo & atlas” PERH –PB. Secretaria de Estado 
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