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Resumo do Texto de Barth

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Barth, Fredrik."A Análise da Cultura nas Sociedades Complexas". In: O Guru, o iniciador e outras variações antropológicas. (org) Lask, Tomke. Rio, Contracapa, 2000. (pp. 107-139)
Nesse ensaio Barth traz para a discussão conceitos antropológicos fundamentais como o de cultura e sociedade. Uma de suas críticas foca-se na visão holística de tais termos, em especial da escola estruturalista quando enfatiza padrões lógicos passíveis de abstração que supostamente apreendem o que é verdadeiramente importante nas formas. “O uso que costumamos fazer do termo cultura torna-se ainda mais equivocado por incorrer na profunda imprecisão de referir-se simultaneamente a (uma soma total de) padrões observávies e às bases ideais desses padrões, abrindo portas para a recorrente falácia de construir de maneira equívoca a descrição como explicação. Por fim, nossa avaliação da cultura está marcada pela ambivalência: por um lado, nós a vemos como algo imensamente intrincado, com enorme quantidade de detalhes que o etnógrafo competente deve demonstrar ter apreendido; por outro há um ideal de ousadia para abstrair e relevar a essência subjacente a eles” (PG 108). Barth visa desconstruir a idéia de cultura como “um corpus unificado de símbolos e significados interpretados de maneira definitiva” (PG 110) 
“Somos levados a suprimir os sinais de incoerência e de multiculturalismo encontrados, tomando-os como aspectos não essenciais decorrentes da modernização, apesar de sabermos que não há cultura que não seja um conglomerado de resultante de acréscimos diversificados.” (PG109) 
Barth relaciona a visão holísta com a escola funcionalista e o estruturalismo com a construção de isomorfismos e inversões. 
Levando em consideração tais críticas, o autor preconiza um olhar sob cultura que leve em consideração sua totalidade e que seja capaz de abstrair tanto o seu funcionamento quanto suas “controvérsias”. Um dos argumentos que leva Barth a tal perspectiva é a consideração de que a realidade das pessoas é composta de construções culturais (visão simbólica de cultura) sendo necessário explorar empiricamente o grau de padronização e a diversidade de fontes desses padrões. “Precisamos desenvolver outros modelos que permitam apreender de modo mais direto e preciso as características observadas, sem um filtro que negue tudo aquilo aparentemente inadequado” (PG 113) 
Barth analisa a religião Bali-hisduísta, tradição simbólica mais significativa no norte de Bali, e caracteriza sua variabilidade local a partir das diversas expressões que aparecem na realidade. Reforça que “vários padrões altamente significativos para a vida dos balineses, só podem compreendidos por meio identificação de algum nexo entre causas e conexões independentes afetando as condições objetivas da vida das pessoas. Dadas essas condições objetivas, as pessoas se vêem diante de fatos sobre os quais tentam elaborar uma construção cultural, mas que em si próprio não são produtos dessas construções” (PG 117) “o mundo material é moldado pela magia, pela virtude e pelo mal, tanto quanto pelo trabalho e pelas causas físicas” (PG 125) 
Ao abordar as diferentes autoridades presentes na vida social balinesa, Barth propõe que o antropólogo deve esperar da realidade uma multiplicidade de padrões parciais, “que interferem uns sobre os outros, e se estabelecem em diferentes graus nas diferentes localidades e nos diferentes campos; e que devemos duvidar de toda afirmação de coerência, salvo quando tiver sido devidamente demonstrada” (PG 120) 
O autor também discorre das diferentes religiões presentes em Bali, como o islamismo, o Bali Aga e até o modernismo de inspiração ocidental. 
“Nossa tarefa mais geral como antropólogo que se propõe a estudar as sociedades complexas deve ser explorar a interdependência dos elementos de tais conglomerados... Ao analisar o pluralismo cultural em algumas áreas do Oriente Médio, considerei esclarecedor pensar em termos de correntes (streams) de tradições culturais, cada uma delas exibindo uma agregação empírica de certos elementos e formando conjuntos de características coexistentes que tendem a persistir ao longo do tempo, ainda que na vida das populações locais e regionais várias desses correntes possam misturar-se. Tal modelo envolvendo diferentes correntes de tradições culturais não implica nenhuma suposição predefinida sobre o que mantém juntos os elementos de cada tradição coexistente – afinal, é exatamente isso que estamos tentando descobrir – nem expectativas alguma de que todas elas tenham características homólogas e dinâmicas básicas semelhantes. Elas podem ser constituídas e reproduzir-se de diferentes maneiras. O principal critério é que cada tradição mostre um certo grau de coerência ao longo do tempo, e que possa ser reconhecida nos vários contextos em que coexiste com outras em diferentes comunidades e regiões” (Pg 123/124) 
“A atividade social é uma atividade contínua de produção do mundo; abstrair princípios gerais não é a melhor maneira de explicar as formas da cultura. É melhor nos perguntarmos de que os padrões específicos de que observamos são evidências. Devemos perguntar que tipo de consistência encontramos em cada padrão específico, e por que essa forma se desenvolveu justamente aí. A ausência de ordem não requer explicação; antes, é a tendência a formação de uma ordem parcial que precisa ser explicada, esclarecendo quais as causas eficientes específicas em jogo.” (PG126) Dessa forma, a proposta é que se análise as várias correntes encontradas tomando cada uma delas como um universo do discurso, (i) caracterizando seus padrões mais destacados, (ii) mostrando como ela se produz e reproduz e como mantém suas fronteiras, e (iii) descobrir o que permite que haja uma coerência, deixando em aberto para descobrir como e em que grau os seus conteúdos ideativos chegam a formar um sistema lógico. Deve-se também identificar os processos sociais pelos quais essas correntes se misturam, causam interferência, distorções e mesmo fusões. 
A intenção de Barth é descobrir e mapear as formas significativas de coerência na cultura, não através de formas e configurações (acho que estrutura), “e sim pela identificação de processos sociais e pela observação empírica de suas conseqüências, isto é, pela elaboração de modelos do seu modo de operar. Devemos ser capazes de identificar as partes envolvidas nos discursos que se dão, e o ‘segmento do processo do mundo infinito e sem sentido sobre os quais elas conferem significado e sentido’” (PG 127/128) 
Ele destaca quatro noções de cultura que podem abarcar uma nova perspectiva sobre a questão: 
1. “O significado é uma relação entre uma configuração ou signo e um observador, e não alguma coisa sacramentada em uma expressão cultural particular. Criar significado requer o ato de conferi-lo... precisamos ligar um fragmento de cultura e um determinado ator à constelação particular de experiências, conhecimentos e orientações desse ator” (PG 128). Entender corretamente um significado é ter prestar muita atenção ao contexto, à práxis, à intenção comunicativa e à interpretação.
2. “A cultura é distributiva, compartilhada por alguns e não por outros... as estruturas mais significativas da cultura – ou seja, aquelas que mais conseqüências sistemáticas têm para os atos e relação das pessoas – talvez não estejam em suas formas, mas sim em sua distribuição e padrões de não-compartilhamento” (Pg 128) “O produto coletivo não é apenas o resultado da agregação temporária de uma cultura que encontra-se diferencialmente distribuída: é algo que também reproduz, na tradição, o caráter distributivo da cultura” (???? Preciso entender melhor) (PG 135) “Observar atentamente a distribuição da cultura mostra de que maneira ela anima a vida social e gera construções culturais complexas. Isso leva a uma sociologia do conhecimento que pode esclarecer a produção e reprodução culturais em um mundo complexo e heterogêneo” (PG 136)
3. “Os atores estão (sempre e essencialmente) posicionados” – asdiferentes posições constituem a conversação dentro da comunidade, onde as pessoas interpretam e compartilham suas experiências e conseguem entender melhor suas próprias vidas e de outras pessoas. Leva-se em conta que os indivíduos não possuem uma consciência e um horizonte que abranja a totalidade da sociedade, das instituições e das forças que as atingem. “Contudo, de alguma maneira, ao vários horizontes limitados das pessoas se ligam e se sobrepõe, produzindo um mundo maior que o agregado de suas respectivas práxis gera, mas que ninguém consegue visualizar. A tarefa do antropólogo ainda é mostrar como isso se dá, e mapear esse mundo maior que surge” (PG 137) “Poderia dizer que casa pessoa está “posicionada” em virtude de um padrão singular formado pela reunião, nessa pessoa, de partes de diversas correntes culturais, bem como em função de suas experiências particulares. Para construir a dinâmica interna de cada uma dessas correntes, separamos certos aspectos da pessoa e os ligamos a partes de outras pessoas, formando organizações e tradições englobantes; mas a maneira pela qual as partes estão diferentemente incrustadas em pessoas complexas continua a ser fundamental. A noção de “posicionamento” oferece uma maneira de juntar novamente o que nós desmontamos e de relacionar as pessoas as múltiplas tradições que elas adotam e que as impulsionam” (PG138)
4. “Eventos são o resultado do jogo entre causalidade material e a interação social, e consequentemente sempre se distanciam das intenções dos atores individuais... precisamos incorporar ao nosso modelo de produção da cultura uma visão dinâmica da experiência como resultado da interpretação de eventos por indivíduos, bem como uma visão dinâmica da criatividade como resultado da luta dos atores para vencer a resistência do mundo” (PG 129
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Usu%C3%A1rio:AltCtrlDel/Espaco_de_estudos/Fredrik_Barth2
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